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Eu substancial: aquilo que você é mesmo. Algo que você realmente é. Ele é o aspecto
cognitivo da identidade transcendental. O eu substancial é uma parte do caráter, que se
identifica àquilo que Kant chamava de “identidade transcendental”. É aquilo que você é
mesmo e que só se fecha no instante da sua morte, quando mais nenhuma transformação
é possível e você conhece a sua forma fixa.
Ciência: Ela é uma referência às partes da realidade que não são acessíveis à nossa
experiência, que não podem ser conhecidas diretamente, mas que de algum modo
existem. Nenhuma ciência estuda objetos concretos. Por definição, elas só podem
estudar seleções de aspectos.
Subjetivismo cartesiano: segundo o qual a única certeza que podemos ter é da nossa
subjetividade — tudo o mais seria duvidoso. Evidentemente essa prioridade do sujeito
é um engano, porque o primeiro o sujeito tem de estar no mundo para depois pensar
nele. A prioridade do sujeito existe apenas no pensamento e para o pensamento. O
pensamento é o que próprio pensamento pode conhecer melhor, mas pensamento não
é conhecimento. É apenas um artifício onde nos apoiamos para conhecer. Nós
acabamos de ver que existem muitas coisas que podemos conhecer sem pensá-las.
Inteligibilidade: por si mesma tem a ver com unidade e evidentemente com a unidade da
consciência. Entender algo é saber o que aquilo pode significar para você no contexto
da sua vida, assim como na sua existência social e histórica.
Linguagem humana: a linguagem humana tem este poder de desencadear efeitos sobre
as pessoas sem a referência ao objeto de que elas estão falando, onde certas palavras já
estão imantadas de uma aura emocional por si mesmas.
Amor (distinção entre as experiências mais diversas associadas a esses termos - sexo,
desejo e amor):
Pedofilia: É uma atração que se tem por determinada situação biológica do objeto
desejado e não pelo próprio objeto. Não é amor de maneira alguma, mas apenas uma
necessidade interna do imaginário. Pedofilia é fetichismo e não amor.
Círculo de latência: perceber qualquer coisa, qualquer ente, não é só perceber a sua
presença física, mas um certo potencial de ação que está contido nele e que o diferencia
dos demais. Portanto, a percepção da essência de um objeto é imediata e dada no
primeiro objeto daquela espécie que você viu – também é claro que você pode se
equivocar às vezes. Essas primeiras percepções estão ricas de sugestões, pois você
percebe as coisas, os entes, não apenas como presenças, mas como possibilidades de
ação que estão implícitas nele e que fazem com que ele seja o que é. Essa percepção
antecipativa está sempre presente em tudo o que percebemos
Percepção: toda percepção está carregada de uma antecipação – que não está só na
nossa mente, mas ela é sugerida pela própria forma do objeto que você está percebendo.
torção da nossa atenção desde a mecânica da linguagem e do pensamento para o objeto.
Definição: Fato social (Durkheim): “fato social é aquilo que ninguém decidiu”
Fato social: aquilo que simplesmente acontece e não depende da vontade de ninguém.
Linguagem da realidade: que falam de coisas que o povo vivenciou, que ele conhece –
que falem da realidade ao invés de criar essa eloquência pomposa e vazia
Vocabulário técnico: tentará, para cada ato ou nuance de percepção, dar um nome
diferente.
Linguagem de reflexão: Para se trazer o objeto e torná-lo presente, por exemplo, numa
aula, você precisa de uma série de artifícios verbais que não existem na linguagem
corrente – e isso é a linguagem da reflexão, que significa dobrar-se novamente sobre
alguma coisa que já esteve diante de sua atenção, ou seja, tal coisa já passou pela minha
atenção e me debruço novamente sobre aquilo para trazer a minha atenção de volta. “Eu
quero saber realmente como a coisa é”.
Refletir: o refletir é voltar àquela experiência e permitir que ela fale e buscar que o seu
pensamento expresse o que se passou realmente.
Leitura de filosofia: rastrear desde a forma verbal que o autor lhe entregou até a
experiência que ele teve e que justifica que ele diga o que está dizendo. Se você não fez
esse rastreamento, realmente não entendeu nada do livro de filosofia – que não é uma
simples leitura, pois é como uma partitura: tem que ser executado. Em geral, o modo
que as pessoas leem um livro de filosofia é como um surdo lendo partitura: ele capta
uma estrutura, uma ordem, mas não a referência à uma coisa; tem o signo e o
significado, mas não tem referência.
Desaculturado: bastante acima da sua esfera cultural e percebia coisas que os outros não
percebiam e assim ele abria portas para que percebessem também.
Camadas da PERSONALIDADE: pode ser vista ao mesmo tempo como uma estrutura
da PERSONALIDADE e como uma psicologia evolutiva, que são elementos que vão se
incorporando na PERSONALIDADE, mas que no fim estão todos lá – e que, a cada
momento também estão lá como possibilidades, como potências que podem ser ativas
no instante seguinte, portanto elas nunca estão ausentes. É claro que cada camada é pré-
condição para a seguinte, pois se o sujeito não passou por aquilo ele não pode ir para a
seguinte, ainda que ele possa vislumbrar essa possibilidade para adiante. Essas camadas
não são uma distinção meramente teórica que foi feita a posteriori, mas correspondem à
etapas da experiência real que não podem ser saltadas porque cada uma exige a anterior
(página 39). toda a estrutura da PERSONALIDADE já está dada na teoria das camadas,
porque é assim que as PERSONALIDADEs se formam pela aquisição de novos
círculos de percepção pela mudança do eixo de interesse. Até certo ponto esta mudança
é impelida pelo próprio desenvolvimento natural físico, pois se você está crescendo,
você vai passando de uma esfera de interesses para a outra. A partir do momento onde
você já dominou os movimentos elementares, onde o lidar com o mundo exterior já não
é mais um problema fundamental para você, quando o atarraxar da rosca já deixou de
ser um problema já faz um tempo, então é natural que você passe para outra esfera de
ação, que é a ação da comunicação: você tenta agir sobre os seres humanos ou interagir
com outros seres humanos.
(página 78).
Grade descritiva do estado presente do indivíduo sob o ponto de vista das várias
camadas:
2- segundo lugar, você verá o domínio que este indivíduo tem do ambiente físico em
torno: a sua força, habilidade, os recursos de que dispõe, etc
3- terceiro lugar, o indivíduo terá uma linguagem – que é o conjunto de meios que ele
tem para penetrar nos vários ambientes sociais, para poder se fazer compreender ou
confundir, e assim por diante.
4- quarto lugar, você verá o tônus emocional da pessoa: é uma pessoa triste, ou alegre, é
um deprimido, é um obsessivo – todas as qualidades que nós costumamos chamar de
psicológicas estão na camada quatro.
8- Exigência ética mais profunda: “O que estou fazendo aqui? Quem sou eu? A minha
vida faz algum sentido? Confronto com a sua própria verdade, é uma meditação da
morte, é o confronto com a morte, é um confronto anterior à hora da morte, com a
consciência da morte e não com a morte propriamente dita. (página 66)
Reconhecimento imediato: é o maior patrimônio que o ser humano tem, pois consiste
em estar num mundo real que, por si, é portador do conhecimento – tudo o que chega
até você é conhecimento
Domínio da linguagem: você domina a linguagem na medida em que ela seja dominada
pela realidade que ela expressa, em vez de ela se deixar levar pelo seu próprio
mecanismo, quer dizer, tornar dizível o indizível – quanto do indizível? Só aquele
pedacinho que você necessita, porque o resto todo mundo já sabe. Antes de aprender a
se comunicar, de poder atuar no meio verbal humano, você teve que ter um certo
domínio da sua presença física, do mundo exterior, senão você não conseguiria nem
falar (página 43).
Saber: em primeiro lugar, é saber algo que os outros não sabem. Segundo, saber é saber
alguma coisa que você não consegue explicar (página 45).
Paralaxe cognitiva: que é algo que acontece em alto nível intelectual, mas pode chegar
ao ponto da loucura total, onde o indivíduo não entende nada do que ele está falando
porque não tem referência ao objeto (página 46).
Psicopata: que não é um doente mental, mas ao contrário, é uma pessoa mentalmente
normal, mas moral e emocionalmente desprovida de sentimentos morais, a pessoa não
tem consciência moral (página 63). Pode ser comprovado em laboratório, consiste em
tomar uma pessoa comum e, ao exibir cenas comoventes, as áreas do cérebro que são
afetadas são as áreas emocionais, e no psicopata é o contrário, são as áreas linguísticas,
pois o sujeito apreende a emoção como um código e não como uma vivência real. Isso
não quer dizer que o psicopata desconheça emoções, mas que ele a conhece melhor do
que outros porque ele a domina linguisticamente. Portanto, ele não sente a emoção, mas
sabe produzi-la – evidentemente são pessoas perigosas.
Histérico: Primeiro o sujeito se guia pelo que ouve do outro e depois começa a se guiar
pelo que ouve de si mesmo, onde o sujeito fala e se persuade pelo que falou – isso já é
histeria. O histérico vive de um auto-fingimento, não acreditando no que vê, no que
percebe, no que sente, mas no que ele diz. Por exemplo, se um histérico disser: “Eu
estou paralisado!”, ele não consegue mais se mover. Mas se você chegar e der dois
tapas nele, ele sai correndo. Histeria é uma autopersuasão deslocada da situação. Isso
pode se tornar tão permanente, que a pessoa passa a viver naquele seu mundo
imaginário. Quando a histeria provoca um desajuste entre a situação imediata do
sujeito, todo mundo percebe. Mas quando é um desajuste cívico, passa despercebido
porque estão todos desajustados (página 63). Distinção importantíssima: o sujeito que
aceita sabendo que está fingindo – “Não posso falar disso, senão eles me prendem
também..” – ou o indivíduo que acaba se tornando incapaz de perceber que tudo é uma
farsa, pois ele se convence de que nada está acontecendo – aí ele entrou na
sintomatologia histérica (página 64).
Discurso inventivo: se não existe uma ameaça física, e só existe apenas a indução
permanente, a repetição do discurso, etc., e não se trata da repetição doutrinal – e isto é
importante! – e por isso sou contra o uso da palavra “doutrinação”, pois quando se faz
uma doutrinação, há um discurso fixo, obrigatório, oficial e ele é repetido. O que
acontece em países como o Brasil e, em partes, nos EUA, não é isso, pois o discurso
oficial chega até você sobre mil versões diferentes e de maneira que, até para se
perceber que estão dizendo a mesma coisa, leva algum tempo (página 64). Em segundo
lugar, ele não chega com ameaças, mas com prêmios – a satisfação sexual, por
exemplo, “todos teremos a liberdade sexual e todos terão prazer”, além da recompensa
da aceitação, “todos irão gostar de você, pois é como a gente”, podendo ainda obter
vantagens financeiras (página 65).
Neurose: a definição de neurose do Dr. Juan Alfredo César Müller: a neurose é uma
mentira esquecida e na qual você ainda acredita (página 65).
Neurose induzida: mudar a sua conduta sem passar pela esfera do discurso, sem
discutir, mas [consiste] só em sugerir que o indivíduo faça certas coisas, que as
experimente. Quando o sujeito as experimenta, ele está mudado. Neurotizante, porque o
sujeito mudou e não sabe o que mudou (página 65).
Classes falantes: Aqueles que tem acesso à internet, jornal ou estação de rádio e podem
dar a sua opinião em público (página 67)
Etapa: etapa como a situação objetiva na qual o sujeito está (página 75). Todas as etapas
estão presentes para nós ao mesmo tempo, apenas não se manifestam todas de uma vez.
Camada: camada como aquilo em que psicologicamente ele está (página 75).