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Combinadas
As pílulas combinadas agem bloqueando a ovulação. Os progestagênios, em
associação aos estrogênios, impedem o pico do hormônio luteinizante (LH), que é
responsável pela ovulação . Este efeito é chamado de bloqueio gonadotrófico, e é o
principal mecanismo de ação das pílulas. Existem ainda efeitos acessórios que também
atuam dificultando a concepção, como a mudança do muco cervical, que torna mais difícil a
ascensão dos espermatozóides, a diminuição dos movimentos das trompas e a
transformação inadequada do endométrio. Todos estes efeitos ocorrem com o uso de
qualquer contraceptivo combinado, determinando sua eficácia.
Minipílulas ou progestogênio
● Espessamento do muco cervical impedindo, portanto, a progressão do
espermatozoide.
● Redução da motilidade tubária.
● Inibição da proliferação endometrial, determinando hipotrofia ou atrofia.
● Algumas preparações podem promover a inibição da ovulação, dependendo da dose
e tipo do progestagênio. A resposta ovariana com o uso das PSPs varia muito entre
as mulheres, ocorrendo ovulação entre 14% e 84% dos ciclos. A pílula contendo
desogestrel 75 mcg/dia suprime a ovulação em quase todos os ciclos (97%)
Anel vaginal
O principal mecanismo pelo qual o anel vaginal exerce sua função é a inibição da ovulação.
O etonogestrel age suprimindo a maturação folicular e a ovulação. Inibe o eixo
hipotálamo-hipófise-ovariano pela retroalimentação negativa provocada pela presença do
hormônio exógeno. Um mecanismo secundário, mas de importância na ação
anticoncepcional, é a alteração do muco cervical, que se torna mais espesso e desfavorável
à penetração dos espermatozóides. Outras modificações foram observadas, como a
diminuição da espessura endometrial pelo uso do anel vaginal, mas parece que este efeito
tem pouca relevância quanto ao efeito anticoncepcional.
Adesivo transdérmico
O mecanismo de ação é igual ao de todos os anticoncepcionais hormonais combinados:
inibição das gonadotrofinas e, consequentemente, da ovulação. O progestagênio inibe
predominantemente a secreção de LH, bloqueando o pico necessário para a ovulação. Já o
estrogênio age predominantemente sobre o FSH, impedindo o desenvolvimento folicular e a
emergência do folículo dominante. Mesmo havendo algum recrutamento folicular, a ação
sobre o LH garantirá a eficácia contraceptiva. O estrogênio apresenta duas outras funções:
estabilizar o endométrio, evitando a descamação irregular (spotting), e potencializar a ação
do progestagênio, através do aumento dos receptores intracelulares para este hormônio.
Assim, apenas uma mínima dose de estrogênio é necessária para manter a eficácia dos
anticoncepcionais combinados. Como o efeito progestacional é predominante nos
anticoncepcionais combinados, o endométrio, o muco cervical e a função tubária refletem
este estímulo: o endométrio é atrófico, não receptivo à nidação, o muco cervical é espesso
e hostil à ascensão dos espermatozóides e o transporte tubário do óvulo é prejudicado.
Todas estas ações aumentam a eficácia contraceptiva
Progestogênio isolado.
O mecanismo de ação do AMP-D (acetato de medroxiprogesterona de depósito) é diferente
dos outros métodos contendo apenas progestagênio, pois além de alterar a espessura
endometrial e espessar o muco cervical, bloqueia o pico do hormônio luteinizante (LH)
evitando a ovulação. Após a sua descontinuação, a ovulação retorna em 14 semanas, mas
pode demorar até 18 meses. Em comparação aos métodos hormonais combinados, o
AMP-D apresenta menor impacto nos níveis do hormônio folículo-estimulante (FSH). Por
este motivo, em um terço das usuárias de AMP-D, os níveis de estradiol permanecem
inalterados, com valores semelhantes aos da fase folicular, de aproximadamente de 40 a 50
pg/mL. Por este motivo, sintomas vasomotores como ondas de calor e atrofia vaginal são
incomuns em usuárias deste método.
O AMP-D não é um sistema de “liberação sustentada” como os implantes de progestogênio;
sua ação se baseia em picos maiores do progestagênio para inibir a ovulação e espessar o
muco cervical.
O início da ação contraceptiva do AMP-D ocorre dentro de 24 horas após a injeção e é
mantida por até 14 semanas, determinando uma margem de proteção se houver uma
demora na aplicação da injeção, tipicamente aplicada a cada 12 semanas. Se houver um
atraso na aplicação maior que 14 semanas, deve-se questionar à mulher se houve relações
desprotegidas, para avaliar a necessidade do uso de contracepção de emergência.
Sugere-se também obter informações sobre o período em que foi aplicada a primeira
injeção, pois há associação entre a aplicação do AMP-D em fases precoces da gestação e
aumento da mortalidade neonatal.6 A primeira injeção deve ser aplicada nos primeiros cinco
dias do ciclo menstrual. O AMP-D 150 mg pode ser aplicado intramuscular nos músculos
deltóide ou glúteo; a área não deve ser massageada após a aplicação.5 Os efeitos do
AMP-D demoram de seis a oito meses para desaparecer após a última injeção, e o
clearance é mais lento em mulheres com sobrepeso. Aproximadamente metade das
mulheres que descontinuam o uso do AMP-D apresentam retorno dos ciclos menstruais
normais após seis meses da última injeção, mas em até 25% pode demorar até um ano
para o restabelecimento do padrão normal. Esta demora deve ser levada em consideração
e discutida com a mulher na escolha do método
Combinado
O mecanismo de ação contraceptiva é o mesmo dos demais contraceptivos hormonais. O
progestagênio age em nível central (hipotálamo e hipófise) inibindo a produção e liberação
do LH, impedindo assim a ovulação. Atua também na diminuição da motilidade tubária, no
aumento da espessura do muco cervical dificultando a ascensão dos
espermatozoides e na indução da atrofia endometrial, tornando o endométrio hostil a
implantação. FSH, impedindo o crescimento folicular. Além disso, ajuda a estabilizar o
endométrio, proporcionando ciclos menstruais previsíveis
DIU hormonal
● muco cervical espesso e hostil à penetração do espermatozoide, inibindo a sua
motilidade no colo, no endométrio e nas tubas uterinas, prevenindo a fertilização.
● alta concentração de levonorgestrel no endométrio, impedindo a resposta ao
estradiol circulante.
O DIU hormonal atua por meio da liberação constante e dosada de um hormônio chamado
levonorgestrel (um tipo de progesterona) dentro do útero. Assim, a progesterona provoca uma
certa alteração no muco cervical, na motilidade (movimento autônomo) das tubas uterinas e no
endométrio (tecido que reveste o útero).
Com isso, o DIU impede a entrada dos espermatozoides no útero, provoca atrofia do endométrio
e dificulta a implantação do embrião. Ele não impede a ovulação de ocorrer.
Implante contraceptivo
O implanon funciona de duas maneiras
● Impedindo a liberação do óvulo do ovário; e
● Alterando a secreção do colo do útero e dificultando a entrada dos espermatozoides
no útero.
Anticoncepção de emergência
Esclarecer os mecanismos de ação que levam aos efeitos anticoncepcionais da
contracepção de emergência (CE) é fundamental para desconstruir o mito do “efeito
abortivo” divulgado por segmentos religiosos. O mecanismo de ação varia de acordo com o
momento do ciclo menstrual em que a contracepção de emergência é administrada:
● Se na primeira fase do ciclo, antes do pico do LH (hormônio luteinizante), a CE
altera o crescimento folicular, impedindo ou retardando a ovulação por muitos dias.A
ovulação é impedida ou adiada em 85% dos casos; não havendo contato dos
gametas feminino e masculino.11
● Se administrado na segunda fase do ciclo menstrual, após ocorrida a ovulação, a CE
atua por meio destes mecanismos para impedir a fecundação: Alteração do
transporte dos espermatozoides e do óvulo pela Trompas de Falópio, modificando o
muco cervical tornando-o hostil à espermomigração e interferindo na capacitação
espermática.
Não há qualquer evidência científica de que a CE exerça efeitos após a fecundação dos
gametas. Não há nenhuma sustentação que a CE seja um método que resulte em aborto
B – Ainda não há riscos demonstrados para o feto, para a mulher ou para a evolução da
gestação nesses casos quando usados acidentalmente durante a gravidez.
C – Ainda não há riscos demonstrados para o feto, para a mulher ou para a evolução da
gestação nesses casos quando usados acidentalmente durante a gravidez, MAS ainda
não está definida a relação entre o uso do acetato de medroxiprogesterona na gravidez e os
efeitos sobre o feto.
* Anticoncepcionais com dose menor ou igual a 35 mcg de etinilestradiol.
Em resumo.
Partindo dessa premissa, observe que o ponto mais importante para realizar as
indicações de anticoncepcionais é a história clínica detalhada da paciente. Com
isso, é possível avaliar a presença de eventos trombóticos, sangramentos alterados,
entre outros.
Adesivo transdérmico
Contraindicações semelhantes aos demais anticoncepcionais hormonais combinados:
● Contraindicação absoluta
○ História de trombose venosa profunda ou embolia pulmonar.
○ Mutações trombogênicas conhecidas (mutação do fator V Leiden; mutação
do gene da protrombina; deficiência de proteína S, proteína C ou
antitrombina).
○ Cirurgia de grande porte com imobilização prolongada prevista ou
recente.
○ História de Acidente Vascular Encefálico
○ Doença valvular cardíaca complicada (aumento do risco de fenômenos
tromboembólicos).
○ Doença cardíaca isquêmica atual ou passada.
○ Fatores de risco cardiovascular
○ Doença hepática ativa ou tumor hepático
○ Carcinoma de mama ativo ou recente
○ Enxaqueca com aura
● Relativas
○ Doença biliar ativa ou colestase secundária ao uso de contraceptivos
hormonais combinados
○ Uso de medicações que aumentam o metabolismo das enzimas hepáticas.
Anticoncepção intrauterina
O que orientar?
● A eficácia do método depende da usuária;
● Não protege contra doenças sexualmente transmissíveis (IST);
● AOC: tomar uma dose diariamente, se possível sempre no mesmo horário.
○ Iniciar nova cartela no dia certo.
○ Iniciar o AOC no meio do ciclo menstrual não é contraindicado, mas pode
provocar alterações menstruais naquele ciclo;
● Minipílula: tomar uma dose diariamente, se possível sempre no mesmo horário,
sem interrupções.
○ É um método com boa eficácia associado à amamentação.
Se Após Gestação:
● Amamentando de forma exclusiva ou não, +6 Semanas Pós Parto: iniciar a
minipílula a qualquer momento se há certeza razoável de que não está grávida.
Método de apoio por sete dias. Em geral, os AOCs não são usados em mulheres
nos primeiros seis meses do pós-parto que estejam amamentando.
● Após aborto (espontâneo ou não): Imediamente. Se iniciar nos sete dias depois
de aborto, não necessita de método de apoio. Se mais que sete dias, iniciar desde
que haja certeza razoável de que a mulher não está grávida
● Não amamentando:
● 1) para início de AOC: pode iniciar o uso de AOC em qualquer momento
após o 21º dia do pós-parto, desde que com certeza razoável de que não
está grávida;
● 2) Para início de minipílula: se menos de quatro semanas do parto,
começar a qualquer momento (sem necessidade de método de apoio) – não
é um método muito eficaz para mulheres que não estão amamentando
Anticoncepcionais Injetável
Como Utilizar
● Pode iniciar a qualquer momento, desde que não grávida. Utilizar método de
apoio por sete dias
● O AI trimestral pode ser adiantado ou atrasado em até duas semanas;
● Independentemente do atraso, ela deve retornar para a próxima injeção.
● Se o atraso foi maior do que duas semanas, ela deve abster-se de fazer
sexo ou utilizar método de apoio até que receba uma injeção.
● Poderá tomar pílulas de AHE se o atraso foi maior do que duas semanas
e ela tenha feito sexo desprotegido nos últimos cinco dias.
● Se o atraso for de mais de duas semanas, poderá receber a injeção
seguinte se: houver certeza que não está grávida (ela não fez sexo nas
duas semanas após o período em que ela deveria ter recebido sua última
injeção ou utilizou método de apoio ou tomou AHE depois de ter feito
sexo desprotegido nas duas semanas após o período em que ela deveria
ter tomado sua última injeção); ou se ela estiver em amamentação de
forma exclusiva ou quase e deu à luz há menos de seis meses.
● Ela precisará de método de apoio nos primeiros sete dias após a injeção.
● Se a usuária estiver mais que duas semanas atrasada e não atender aos
critérios citados, medidas adicionais (como o teste rápido para gravidez)
poderão ser tomadas para que se tenha certeza razoável de que ela não
está grávida.
● o AI mensal pode ser adiantado ou atrasado em até 7 dias
● Se atrasar mais de sete dias, poderá receber a injeção seguinte se:
houver certeza que não está grávida (ela não fez sexo nas duas
semanas após o período em que deveria ter recebido sua última injeção
ou utilizou método de apoio ou tomou AHE depois de ter feito sexo
desprotegido nas duas semanas após o período em que ela deveria ter
tomado sua última injeção).
● Ela precisará de método de apoio nos primeiros sete dias após a
injeção.
● Se a usuária estiver mais que sete dias atrasada e não atender aos
critérios acima, medidas adicionais (como o teste rápido para gravidez)
poderão ser tomadas para que se tenha certeza razoável de que ela
não está grávida
O Que Orientar?
Para maior eficácia, é importante aplicar no intervalo correto
● No caso do AI trimestral, o retorno a fertilidade é gradual, mas pode
apresentar alguma demora
● Não protege contra IST’s
Após Gestação:
● Amamentando de forma exclusiva ou quase ou parcialmente para AI
trimestral: se não houve retorno da menstruação, iniciar a qualquer momento
se há certeza razoável de que não está grávida. Método de apoio por 7 dias.
● Amamentando de forma exclusiva ou quase ou parcialmente para AI mensal:
atrase a primeira injeção até completar seis semanas depois do parto ou
quando o leite não for mais o alimento principal do bebê – o que ocorrer
primeiro
● Após aborto (espontâneo ou não): imediatamente. Se mais que sete dias,
iniciar desde que haja certeza razoável de que não está grávida (método de
apoio por sete dias)
● Se não amamentando: Para ambos quando mais de quatro semanas do parto
GABARITO: A
(UFES) São situações clínicas com contraindicações absolutas (categoria 4) aos
anticoncepcionais hormonais combinados, de acordo com o critério médico de elegibilidade
da Organização Mundial da Saúde (OMS):
(USP RP) Homem trans, 32 anos, hipertenso, comparece para consulta de rotina em UBS.
Refere se relacionar sexualmente com homem cisgênero, e atualmente está em uso regular
de contraceptivo oral combinado (COC) contendo levonorgestrel (0,15mg) + etinilestradiol
(0,03mg) para controle de sangramento vaginal volumoso. Refere ter iniciado o uso de
testosterona em outro serviço há 2 meses. Exame físico: sem lesões ou achados anormais
ao exame da genitália. Qual a melhor conduta neste momento?
GABARITO: C
GABARITO: D
(IAMSPE) O índice de Pearl é utilizado para avaliar a eficácia dos vários métodos de
anticoncepção. Em relação a esse índice, assinale a alternativa correta.
GIRÃO, Manoel João Batista C. Ginecologia 2a ed.Editora Manole, 2019. E-book. ISBN
9788520460764.