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Direito Penal no Japão

O Código Penal do Japão foi instituído em 1907 como Lei Número. 45. É um
dos seis códigos que formam a Constituição japonesa. É composto de duas
partes, uma geral e outra especial, como no direito penal brasileiro, sendo
que a parte especial consiste em um catálogo de crimes com os limites
mínimos e máximos das penas correspondentes, trazendo a pena de morte
em primeiro lugar. As fontes do direito no Japão são a constituição, a
legislação, os estatutos promulgados pela Dieta (único órgão legislativo do
Estado). O código penal japonês é conhecido mundialmente como sendo um
dos mais rígidos do planeta, sendo permitido penas perpétuas a até mesmo
penas de morte, ao contrário do Brasil onde esses tipos de penas são
proibidas. No código penal japonês são descritos 7 tipos de penas que são:
pena de morte , pena privativa de liberdade por trabalhos forçados, pena
privativa de liberdade, multa, prisão temporária e a multa menor sendo essas
as principais e como penas acessórias o confisco. No Brasil o código
penal adota a pena privativa de liberdade, a pena restritiva de direitos e a
multa.
No sistema penal japonês a maioridade penal se dá aos 20 anos, diferente do
Brasil que se dá aos 18 anos, porém no Japão a partir dos 18 anos já podem
ser condenados à morte caso tenham cometido algum delito que esteja
qualificado com a pena de morte.

Diferentemente do sistema penal brasileiro que pressupõe que a pessoa seja


inocente, ficando a cargo do Estado através do ministério público provar a
acusação, o sistema japonês pressupõe que o acusado é culpado e cabe a
ele ter que provar sua inocência.

Em relação às penas proibidas n o Japão se diferencia bastante do Brasil. No


Brasil as penas de morte (salvo em caso de guerra declarada),de caráter
perpétuo, trabalhos forçados, de banimento são proibidas, já no Japão é
permitido pena de morte e pena perpétua. Já se teve questionamentos sobre
a constitucionalidade da pena de morte em juízo, partindo do pressuposto de
que no artigo 36 da constituição japonesa as penas cruéis e de torturas são
proibidas, porém a Suprema Corte positivou a constitucionalidade da pena de
morte em 12 de março de 1948, sob a alegação de que a pena de morte não
estaria violando a constituição, pois, seria uma forma de prevenção trazendo
o bem estar para a sociedade através da segurança pública, e que a sua
forma de execução que é por enforcamento não se configuraria em ato cruel.
Dentre os crimes sujeitos à pena de morte estão o homicídio, o latrocínio
(roubo seguido de morte), o estupro seguido de morte, crime de traição
e conspiração, entre outros.

A forma de execução da pena de morte se dá por enforcamento, e só poderá


ser executada mediante autorização do Ministro da Justiça, caso ele não
autorize a pena deve ser suspensa, e no caso de autorização deverá ser
executada no prazo de 5 dias, na presença do promotor, seu assistente e de
um agente penitenciário.
A pena de morte embora seja bastante questionada, no Japão tal pena conta
com o apoio da população, de acordo com eles a ameaça de morte seria uma
forma de prevenção, pois, o indivíduo tem o instinto de preservar a sua
própria vida e com isso não cometeria crimes que colocaria a sua vida em
risco.

Apesar do Japão ser signatário de vários tratados internacionais de direitos


humanos, ele não ratificou o tratado que trata da abolição da pena de morte.

Nota-se uma grande disparidade entre o direito penal japonês e o direito


penal brasileiro, partindo do pressuposto que no Brasil não se admite pena de
morte, e que o bem maior do ser humano é a vida, mas não cabe aqui o
julgamento de qual é melhor ou pior, apenas que existem diferenças quando
comparado a outros países. Abaixo estão listadas algumas penas descritas
no código penal japonês.

“Art. 9º As principais penas são as penas de morte, prisão com trabalho, prisão
sem
trabalho, perpétua, multa, detenção e pequena multa, a apreensão de bens
será uma pena
complementar”

Prisão ou multa : crime de difamação, insulto é até três anos de prisão ou multa
até ¥500 mil
Detenção: o acusado fica detido por até 23 dias até a conclusão do processo
na promotoria. Depois disso, o promotor decide se vai oferecer a acusação. Em
caso afirmativo, o processo é encaminhado ao tribunal para julgamento e o
acusado vai para a casa de detenção (kouchisho). Se não, ele é liberado.
Casa de detenção (kouchisho)

Os réus que estão sendo julgados ou aguardando a data do julgamento ficam presos na
casa de detenção. Somente depois de anunciada a sentença, eles são encaminhados aos
presídios (keimusho), caso forem condenados. Nas casas de detenção não existem
atividades, ao contrário dos presídios, onde os detentos podem trabalhar e fazer cursos.
Um detento pode ser solto depois de cumprir dois terços da pena, caso tenha um bom
comportamento.

O promotor pode instaurar ou não o processo. Em caso afirmativo, o menor é levado a


julgamento como se fosse adulto no Tribunal de Justiça, onde é determinada a sentença.
- O menor pode ser condenado à morte. Mas se ele não tinha completado 18 anos de
idade quando cometeu o crime, a pena é automaticamente transformada em prisão
perpétua com trabalhos forçados.
- Se o infrator receber uma condenação de prisão perpétua com trabalhos forçados, com
menos de 18 anos na época do crime, a pena é reduzida para prisão de 10 a 15 anos com
trabalhos forçados.
- Se o crime cometido corresponder a uma pena acima de três anos, o menor recebe uma
condenação por período indeterminado, variando de 3 a 10 anos, ou pagamento de
multa, sem prisão

Homicídio
“Art. 199 A pessoa que matar outra sofrerá a pena de morte ou prisão
perpétua com trabalho ou por um tempo determinado de no mínimo 5
anos.”
Diferente da legislação brasileira, o Japão adota a pena de morte e a prisão
perpétua, o que mostra o grau de reprovação desse ato por parte da sociedade
e a importância da vida como bem jurídico.

Suicídio
“Art. 202. Uma pessoa que induz ou ajuda outra a cometer suicídio, Ou mata
seguindo
o pedido da vítima ou com o consentimento dela, será punido com prisão com
ou sem trabalho por não menos do que 6 meses, mas não mais que 7 anos.”
Esse artigo encontra-se no capítulo de homicídio e coloca o suicídio e
o homicídio com consentimento(Eutanásia) no mesmo patamar.

Pena de morte
A pena de morte é aplicada por meio do enforcamento pelas instituições
penais, depois de ter sua sentença confirmada pela Suprema Corte o indivíduo
condenado pode ser executado a qualquer momento e permanece na prisão
até que seja assinada a ordem de execução, há casos de condenados que
ficaram aguardando a execução por quase trinta anos e alguns morreram de
velhice. O Código Penal prevê a aplicação da pena de morte para 17 crimes,
mas na prática esse tipo de pena é aplicado apenas para os crimes contra a
vida e é apoiado por 85% da população japonesa segundo pesquisa realizada
pelo governo em 2010.

Sistema penitenciário
O país conta com um sistema penitenciário com condições dignas, sem
problemas de superlotação e com um regime disciplinar bastante rigoroso.
Parece haver o entendimento de que a prisão deve ter um caráter preventivo,
os detentos são preparados para reintegrarem-
se à sociedade, trabalham por salários reduzidos e cumprem programas de
capacitação

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