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Alunas: Amanda Gonçalves, Isabella Zoca

Mundo do trabalho e suas repercussões


No conto Herege, Johnny era o funcionário que toda fábrica gostaria de
ter, sempre foi elogiado, pois, seu serviço era exercido de forma exemplar,
trabalhava todas as horas como se fosse uma máquina. Todavia não se
esperava menos, pois nascera dentro de uma fábrica na qual a sua mãe
trabalhava. Mesmo recebendo elogios Johnny não se importava, pois seu
trabalho havia se tornado monótono e alienado, e por isso não era mais de seu
agrado. Sua infância foi roubada, visto que precisava trabalhar para ajudar no
sustento de sua família. Durante toda a sua vida teve diversos empregos
diferentes que o exploravam.
A expressão da questão social é dada pelo conflito entre capital e
trabalho, assim, o que se observa no conto é a manifestação da expressão no
cotidiano da vida social, através da pobreza, desemprego, discriminação,
dificuldade a acesso a saúde, à educação e nesse caso principalmente a
violação dos direitos das crianças.
A relação que se entende é de que o modo de produção capitalista
requer a valorização do capital, por meio do trabalho, para que isso aconteça, é
necessário que a massa se visualize como concorrente e esteja apta a vender
sua força de trabalho como única forma de subsistência. Por meio da
exploração da classe trabalhadora os capitalistas aumentam seus lucros, as
custas: da liberdade dos trabalhadores, se apropriando do seu tempo para
além da necessidade de subsistência, para satisfazer as necessidades do
capital; dos recursos naturais em decorrência de sua alta produção destrutiva;
e das condições de vida da classe trabalhadora que diante dos níveis de
desemprego se sujeitam a péssimas condições de trabalho (FONTES, 2017).
A alienação para Marx é uma situação típica que acontece no
capitalismo, em que as pessoas são apartadas dos bens que elas mesmas
produzem, quanto mais o trabalhador produz as riquezas, mais pobre ele irá
ficar, pois o trabalhador torna-se uma mercadoria barata, valorizando os
objetos e na mesma proporção consequentemente desvalorizando o trabalho
do homem, sua vida passa a medir-se pelo que ele possui de objeto, e não
pelo que ele é.
Já o documentário propõe uma reflexão a partir do poder que o dinheiro
tem na vida das pessoas, a ponto de tirar a sua liberdade. Esta é uma situação
na qual as sociedades e os governos não sabem lidar. Assim como o lixo é
excluído, essas pessoas também são.
O trabalho produz riquezas para os ricos, e pobreza e miséria para os
trabalhadores, Marx mostra que:

É evidente que o trabalho produz maravilhas para


os ricos, mas produz miséria e escassez para o
trabalhador. Produz palácios, mas choupanas para o
trabalhador. Produz beleza, mas invalidez e deformidade
para o trabalhador. Substitui o trabalho por máquinas,
mas obriga uma parte dos trabalhadores a um trabalho
cruel e transforma os outros em máquinas. Produz
inteligência, mas também produz estupidez e cretinice
para os trabalhadores. (Marx, 1993, p. 93).

A criação da propriedade privada é uma forma visceral de alienação,


pois estão ligadas e se expressam como um fenômeno geral em que a
liberdade do indivíduo é totalmente ilusória, eles não reconhecem os
mecanismos que controlam suas próprias relações.
Considera-se então, que a relação entre o capital avançado, trabalho e a
alienação, promove a coisificação do mundo, a reprodução do fetichismo da
mercadoria que é uma das características do capitalismo, e passa a dominar
todas as esferas da vida social, sempre gerando cada vez mais mazelas,
pobrezas e vulnerabilidades.

Em conclusão, o conto "Herege" e as reflexões baseadas nas teorias de


Karl Marx proporcionam uma profunda análise sobre as repercussões do
mundo do trabalho. A narrativa de Johnny, exemplar trabalhador nascido em
meio a uma realidade alienante, ressoa com as preocupações de Marx sobre a
alienação no contexto capitalista. A exploração e a desumanização do
trabalhador, evidenciadas no conto, refletem a lógica do capital, onde a busca
incessante por lucro frequentemente resulta na perda de significado e propósito
no trabalho.

A expressão da questão social no conto transcende o ambiente fabril e


abrange aspectos amplos da vida social, destacando a pobreza, o
desemprego, a discriminação e a violação dos direitos fundamentais. A citação
de Marx sublinha a dicotomia entre a produção de riqueza para os privilegiados
e a criação de miséria para a classe trabalhadora, uma realidade que persiste
nas estruturas econômicas contemporâneas.

A propriedade privada, como apontado por Marx, contribui para a


alienação ao limitar a liberdade do indivíduo, transformando as relações sociais
em mecanismos de controle. O documentário, ao abordar o poder do dinheiro
na vida das pessoas, amplifica a narrativa, destacando como a alienação se
estende para além do local de trabalho, afetando a liberdade e a inclusão
social.

Assim, a coisificação do mundo e a reprodução do fetichismo da


mercadoria, características do capitalismo avançado, geram não apenas
desigualdades econômicas, mas também perpetuam mazelas, pobreza e
vulnerabilidades em diversas esferas da sociedade. Diante disso, as reflexões
apresentadas apontam para a necessidade contínua de repensar as estruturas
sociais e econômicas, visando uma abordagem mais equitativa e humana para
o mundo do trabalho.
Referências:
FONTES, Virginia. Capitalismo, crises e conjuntura. Serviço Social e
Sociedade, São Paulo, n. 130, p. 409-425, 2017. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/sssoc/a/D6NmRJcx4Z98gmSSp4cCwLy/?
format=pdf&lang=pt

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