Você está na página 1de 4

Direito Penal II – prática

27/02/2023
Caso: resolução
Coautoria alternativa: exclui uma execução conjunta – problemático porque a autoria está
fundada num acordo comum e porque o sujeito tem de agir. art.26, nº3
A não controla os atos que resultam na morte de B, a ação é relevante, mas não ocorre no
momento. – Sobre o angulo subjetivo A é o principal responsável, mas no angulo objetivo será
C e D.
F aprova e concorda, moralmente apoia, mas na fase em que já existe o corpo morto. É
relevante para a morte de B? não.
1. Começamos pelo D, tendo sido este quem efetua a ação que violou o bem jurídico vida.
D realizou todos os elementos subjetivos e objetivos. – art.131º
2. Ele demonstra deposição séria para realizar o plano, cumpre o plano ao ficar na entrada
principal da igreja. O que C teria feito se B surgisse na entrada principal? Não sabemos.
Há motivos para crer que cumpriria o plano, mas ninguém consegue dizer se realmente
dispararia. O que ele fez foi meter-se armado onde deveria estar e podemos supor que
ele realizar o plano, mas qual a conduta de C que deve ser analisado? Colocar-se à porta
disposto a realizar todos os elementos do plano, é uma conduta de coautoria?
- Identificar a controvérsia, a lei portuguesa exige que o coautor tenha uma ação direta. Ou o seu
contributo é apenas de cúmplice?
Teoria do domínio do facto: ver
A coautoria ou instigação? Instigador vs coautor – relativo ao controlo: o instigador é aquele
que cria uma vontade criminosa cúmplice reforça uma ideia que já existe, mas o autor mediato
tem mais controlo quanto ao sucesso do seu plano. O instigador tem mais riscos no seu plano,
mas o autor mediato diminui esses riscos ao controlar o dominado, é como se fosse um objeto.
No dia em que a vida B entra na zona de perigo real, A nada fez além de praticar atos da sua
vida. Ele foi relevante e essencial, mas ele só fez na fase preparatória. O fundamental é o
controle sobre a execução do crime.
Interpretação literal: A não tinha controle sobre C e D quando estava em Cascais, essa
interpretação literal é importante, mas não suficiente para coautoria ou instigador.
Meter as outras!!

29/02/2024
A distinção entre o autor mediato e instigação – C era instigador, A autor mediato: ofensa à
integridade física qualificada
Já havia um plano que colocava em risco a vida da vítima, C não criou este plano, mas C não
apenas reforçou psicologicamente essa vontade existente, como potencializou os riscos a que a
vítima estava submetida. – Alargamento da instigação
Aqui C adiciona uma nova dimensão de desvalor, um novo grau de ilicitude surge por conta
deste.
Duas possibilidades:
- podemos observar este facto como um todo, um projeto fragmentado, mas que no fundo é um
projeto criminoso que no fundo mete em risco a integridade física de B, quando C atuou…
- outros autores dividem este caso em dois momentos, eventualmente haveria uma instigação à
ofensa à integridade física qualificada com uma cumplicidade com a ofensa à integridade física
simples e resolver-se-ia por concurso de crimes.

05/03/2024
Todas as formas de coautoria (acabar resumos).
2 caso:
Na coautoria – há um processo entre duas pessoas, porém as duas pessoas tomam parte direta
na ação.
Instigação –
Na autoria mediata – um dos interlocutores instrumentaliza a vontade e transforma uma pessoa
de carne e osso em uma arma: este processo está instrumentalizado a instrumentalizar, esta uma
forma de autoria própria. O autor mediato pratica uma ação por intermédio de outrem.
1 problema – distinguir entre autoria mediata e instigação: é uma instigação neste caso
Problema fundamental – determinar se o chefe era também instigador ou cúmplice na forma de
auxílio moral: 2 possibilidades
1- Teoria sintética: Entender o facto principal como um todo ou um conjunto e sofre
alterações, então temos de entender este processo comunicacional complexo que se deu
em 2 etapas. Temos de verificar se houve uma adição nova de desvalor, se aquele
projeto ficou a partir da participação do homem de trás mais perigoso, o que aconteceu,
existe a instigação à ofensa da integridade física.

2- Separar as unidades e o sujeito só pode ser instigador daquela parcela nova que ele cria
no mundo, se havia alguém já com a intenção de realizar aquele facto eu sou
responsável só pela parte em que instigo.
Imaginem o roubo é um complexo porque nasce da soma de duas unidades de desvalor que são
o furto e a coação (ofensa à integridade física). Alguém pratica a subtração e o outro a coação,
por norma.
Variante I: Quando A chega para realizar o seu projeto B realizava uma agressão a D há uma
cumplicidade por parte de A há uma ofensa à integridade física por parte de B que ainda não se
iniciou até ao momento em que entra na casa de banho. Como a participação é sempre acessória
ela precisa de um facto principal doloso e ilícito aqui, contudo B embora tivesse uma motivação
criminosa atua licitamente, embora atue tipicamente, mas incide na legitima defesa de terceiros
do colega D, C realiza o seu plano de agredir B, mas C fica impune.
Variante II: Inversão do caso principal, existe uma sub-instigação: instiga a menos, A quer que
o funcionário morra, A não vê chances de evitar a realização daquele projeto. – DIMINUIÇÃO
DO RISCO. A função do direito penal é proteger bens jurídicos, logo não faz sentido proibir
condutas que diminuem o risco do bem jurídico, logo devem ser lícitas. Então aqui temos um
caso em que seria tirada a responsabilidade do sub-instigador, visto este tentar passar o risco da
vida para apenas um risco de ofensa corporal. – Mudança de bem jurídico.
Variante IV: não há uma diminuição de um risco, mas sim a criação de um novo risco, embora
possa dizer-se no final eu o património vale menos que o corpo, que o bem corporal, existe
ainda assim a criação de um risco. – CRIAÇÃO DE UM NOVO RISCO.
Variante V: execução menos grave do facto, mas motivada por uma ideia de tornar mais
eficiente a ação.

2 problemas:
1- Instigação em cadeia ou instigação em instigação: por vezes neste processo
comunicacional há um intermediário nem sempre este processo é um processo bilateral
e direto. Essas outras pessoas podem ser ou não meros intermediários que transportam
uma mensagem ou podem elas próprias fazerem parte do processo de convencimento.
Ex: o sujeito A decide cometer um crime, porem não tem tempo de detalhar todos os
aspetos, portanto ele contrata um outro sujeito e diz olha tenho tal projeto e quero que
ele seja levado a cabo e me auxilie, convence este sujeito a realizar este facto, mas este
acha que não consegue sozinho e por isso contrata 2 pessoas para o fazerem. –
Consideração de todos os que participam neste processo ou teremos de dizer que o
instigador é apenas aquele que tem uma relação direta a instigar?

2- Tentativa de instigação
07/03/2024
Art.22 º do cp – início da ação do autor
O direito penal só se interessa por atos que tem uma relação próxima à danificação do bem
jurídico, enquanto tal ato não existir estamos no âmbito dos atos preparatórios. A mera tentativa
de influenciar alguém a um projeto criminoso é punível? A opção portuguesa – as formas de
autoria no art.26º são 3 ou 4 dependendo de acharmos a instigação uma forma de autoria. Aqui
não temos nenhuma informação do legislador relativamente ao início da atividade criminosa,
mas condiciona a punição na instigação ao início da execução pelo instigado, exige uma
exteriorização por parte daquele que foi destinatário, não basta a mera comunicação ou o
próprio encontro, se o instigado não der início ele próprio, art.22º, tão pouco o instigador será
punido. Considera um mau cidadão aquele que instiga os outros, mas se a execução não for
sucedida, não será punido. Regra geral não punimos, pode ser ressalvado na parte especial.
O caminho do legislador alemão é outro, no paragrafo 30ºdecidiu punir autonomamente a
tentativa de instigação com base no dispositivo da tentativa. – vai ser punido por crime tentado.
É um caso de instigação, porém punível A para além do art.26º ao 30º antecipa a punibilidade
para a tentativa de instigação.
O STJ português adotou outro crime para chegar à mesma solução do ordenamento jurídico
alemão que pune a tentativa de instigação.
STJ -
Em todas as formas de comparticipação criminosa em que há interação humana surge o
problema de saber quando começa a ação. Há uma interação humana, o início da execução da
instigação é quando o instigador começa o processo de instigação, a execução se inicia quando
o processo de convencimento se encerra e a solução mais restritiva – é preciso que o plano
venha ao mundo por parte do instigado.
A solução global na doutrina diz que só será possível o início da execução quando o destinatário
da instigação começar o seu plano – generalização da solução legal para a instigação. (art.26/4º)
SRJ – dá nota de equiparar a autoria mediata e a instigação.
Ocorre que a doutrina dominante defende a teoria individual – alguma divergência – para a
autoria individual é preciso que o autor individual exterioze alguma to que ponha o bem jurídico
em risco.

Você também pode gostar