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SOCIOLOGIA DO FUTEBOL

Inserção e racismo: O negro no futebol brasileiro

As origens do futebol são muito antigas. O esporte era chamado de tsu-chu, que em chinês, significa
(tsu) uma "bola recheada feita de couro" (chu). O esporte foi criado para fins de treinamento militar, na
dinastia Xia (Império da China), em 2197 a.C. O futebol como conhecemos hoje foi criado na Inglaterra em
1863 e, historicamente, é uma importante opção de lazer à população mundial, especialmente a brasileira.
Porém, em meados de 1894, quando o futebol chegou ao Brasil através de estudantes de classe alta, que
voltavam do Reino Unido com bolas e chuteiras na bagagem, o futebol era praticado apenas em clubes de
engenheiros e técnicos ingleses. O futebol era um esporte elitista. Os negros e demais cidadãos pobres
brasileiros não eram aceitos nos grandes clubes.

Em 1917, a “lei do amadorismo” foi publicada no Diário Oficial do Rio de Janeiro. Tratava-se
do início do racismo no futebol, uma “proibição velada aos negros”. A lei do amadorismo dizia o seguinte:

“ Não poderão ser registrados nos clubes de futebol os que vivam de profissão
braçal […] Aqueles que exerçam profissão humilhante que lhes permitam
recebimento de gorjetas, os analfabetos e os que embora tendo profissão
estejam, a juízo do Conselho Superior, abaixo do nível moral exigido. ”
Contudo, foi através da classe operária, composta pelos trabalhadores
das indústrias, que o futebol começou a se democratizar. Alguns diretores
dessas fábricas investiam recursos para que seus funcionários pudessem
ingressar em clubes esportivos e recebessem benefícios por isso. Os primeiros
jogadores negros a se destacarem foram Miguel do Carmo da Ponte Preta e
Francisco Carregal do Bangu. Como surgiram em fábricas, esses clubes não
impunham restrições raciais como os clubes elitistas. Nessa época, apenas
quatro décadas haviam se passado desde a abolição da escravidão.
A profissionalização e a crescente popularidade do futebol também impulsionaram mudanças na
legislação brasileira para a inclusão da população negra na prática do esporte. Na Constituição Federal de
1988, foi estabelecido que é o dever do Estado promover práticas esportivas como um direito
fundamental. A prática do futebol se tornou um direito do povo brasileiro. O Estatuto de Defesa do Torcedor,
abordando aspectos sociais do esporte, foi promulgado somente em 2003. Nele, está previsto que o
torcedor não deve portar cartazes nem entoar cânticos discriminatórios. A pena é a impossibilidade de
ingresso do torcedor no recinto esportivo, ou, se já estiver dentro, seu afastamento imediato. Adicionalmente,
podem ser aplicadas outras sanções administrativas, civis ou penais, conforme apropriado.
Apenas em 2004, mais de 100 anos depois da chegada no futebol no Brasil, a FIFA introduziu em
seu Código de Ética, proibindo discriminação étnica, racial, cultural, política e religiosa. Em 2020, esse
código foi atualizado para estabelecer multas e interrupção de práticas esportivas como consequências
por violações. Apesar das denúncias de racismo no futebol enfrentadas por Vini Jr., a punição ao clube
somente foi aplicada após 10 denúncias.
ABAIXO VEMOS OS TRÊS TIPOS DE RACISMO ESTUDASOS PELA SOCIOLOGIA

Racismo individual – Diz respeito às violências que são estruturadas no nível das relações entre os
sujeitos. Aqui ele se manifesta por meio das ofensas verbais, agressões físicas, etc.
Racismo institucional – Desigualdades nos modos como as instituições públicas e privadas se relacionam
com os sujeitos. Diz o modo como uma pessoa negra é tratada ao entrar em um Shopping Center, por
exemplo.
Racismo estrutural – Este é o racismo que está impregnado em toda a estrutura social. Sendo assim, ele
pode ser observado em uma torcida de futebol, no sistema de justiça, nos meios de comunicação, nas
novelas, na política econômica, acesso à educação, serviços de saúde, infraestrutura de transporte, etc.

1) Na sua opinião, por que ainda existe racismo no futebol?


2) Dê três sugestões para acabar com o racismo no futebol.
3) O racismo que vemos no futebol é do tipo individual, institucional ou estrutural?
Explique.

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