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Tutor: Dr. Rúben Martins Discente: Sara Nunes Data: Outubro de 2018
1. IDENTIFICAÇÃO
2. MOTIVO DE INTERNAMENTO
Doente sem queixas até ao dia 26/10, altura em que iniciou um quadro sintomático
caracterizado por dor abdominal difusa/quadrantes inferiores (doente apontou com o dedo),
sem irradiação, acompanhada por mal-estar geral, distensão abdominal, principalmente pós-
prandial, obstipação, náuseas e vómitos “esverdeados” (sic). Após 2 dias de evolução do
quadro e sem melhoria sintomática, o doente decidiu dirigir-se ao SU a 28/10, uma vez que a
dor “era muito forte” (sic) e limitante, interferindo com as suas atividades de vida diárias.
O doente refere a ocorrência prévia de 5 episódios semelhantes, em que o primeiro episódio
ocorreu há cerca de 1 ano (novembro de 2017), tendo-se dirigido ao Centro de Saúde de
Albufeira, onde lhe foi receitado um medicamento, com o qual se sentiu melhor.
Posteriormente, teve mais 4 episódios com duração de 2-3 dias, que resolveram
espontaneamente sem necessidade de recorrer aos cuidados de saúde.
Atualmente, nega febre, alteração da coloração das escleróticas, pele, urina e fezes, azia,
dispepsia, hematemeses, astenia, perda de apetite ou perda ponderal. Refere uma evolução
favorável do estado clínico desde o internamento, com melhoria da dor.
4. ANTECEDENTES PESSOAIS
1
Transfusões: nega
Alergias: nega
PNV: atualizado ?
5. ANTECEDENTES FAMILIARES
2
7. REVISÃO POR SISTEMAS
3
8. EXAME OBJETIVO
Dentição completa.
Lábios corados e húmidos, simétricos, sem lesões. Mucosa orofaríngea sem
alteração da coloração ou lesões visíveis. Gengivas sem hiperemia e lesões.
Boca
Úvula e língua centradas. Sem cianose central. Sem candidíase oral, hiperemia
ou rinorreia posterior. Sem alterações do palato e amígdalas. Sem cianose
central, desidratação, arco palatino elevado, estomatite angular.
Pescoço Inspeção: conformação normal, mobilidade conservada. Sem tumefações,
lesões ou cicatrizes. Sem ingurgitamento jugular.
Palpação: pulso carotídeo rítmico, amplitude normal. Traqueia centrada e
móvel durante a deglutição. Glândulas salivares não aumentadas de volume.
Sem adenomegalias nas cadeias cervicais e supra-claviculares. Glândula
4
tiroideia não palpável. Sem frémitos.
Auscultação: sem alterações na auscultação carotídea ou tiroideia.
Inspeção: Presença de cateter periférico na mão direita. Tórax simétrico, com
conformação normal. Sem aranhas vasculares, petéquias ou equimoses.
Movimentos respiratórios toraco-abdominais síncronos, simétricos e sem
recurso a músculos acessórios da respiração.
Palpação: frémitos não palpáveis. Expansibilidade torácica simétrica e com
amplitude mantida. Não são palpáveis tumefações, massas ou zonas dolorosas.
Tórax Ressonância vocal simétrica. Choque de ponta no 5º espaço intercostal.
Percussão: som claro pulmonar em todos os campos pulmonares. Macicez ao
nível das áreas cardíaca e hepática à inspiração.
Auscultação Cardíaca: S1 e S2 presentes, rítmicos, de intensidade normal, sem
sopros audíveis.
Auscultação Pulmonar: MV mantido e simétrico em todos os campos
pulmonares, sem ruídos adventícios. Sem tempo expiratório prolongado.
9. RESUMO
5
Doente do sexo masculino, 32 anos, raça negra, casado, a viver em Faro desde à 4 anos,
independente nas atividades de vida diárias, sem patologias ou antecedentes familiares
relevantes, dirige-se ao SU por quadro de evolução de 1 ano, caracterizado por episódios de
dor abdominal difusa/quadrantes inferiores, sem irradiação, associada a mal-estar geral,
distensão abdominal, obstipação, náuseas e vómitos biliares. Refere a ocorrência de 4
episódios anteriores, com duração de 2-3 dias, que resolveram espontaneamente. Nega febre,
alteração da coloração das escleróticas, pele, urina e fezes, pirose, dispepsia, hematemeses,
astenia, perda de apetite ou perda ponderal.
Sem hábitos de consumo. Sem cirurgias ou internamentos anteriores.
Ao exame objetivo, no D3 de observação/internamento, apresenta-se calmo e colaborante,
orientado e com um bom estado geral, normocardico (64bpm), eupneico (17cpm) e apirético.
Apresenta um abdómen globoso e timpânico em todos os quadrantes, sem hérnias ou massas
visíveis. Ruídos hidroaéreos normoativos. Sem defesa à palpação superficial ou profunda, com
Sinal de Blumberg e Murphy vesicular ausentes, e sem massas ou organomegalias palpáveis.
OBSTRUÇÃO INTESTINAL
Ocorre quando o fluxo intraluminal é interrompido, podendo ser funcional ou mecânica
(parcial ou completa). Intestino delgado (hérnias/aderências, neoplasias, litíase biliar) ou colon
(neoplasia, volvo, megacólon, diverticulite - SII); funcional ou mecânica; extrínseco, intrínseco
(parede) ou lúmen.
Sintomas: dor abdominal (quadrantes inferiores: ++ periumbilical), distensão e obstipação.
Náuseas e vómitos (++colon proximal)
1. Grosso ou delgado? Grosso, pois a dor parece ser mais nos quadrantes inferiores, com dor
constante. Se no delgado: a dor é nos quadrantes superiores, há menos distensão. Delgado
mais comum (75%).
2. Funcional ou mecânica? Mecânica, pois na funcional não existem movimentos intestinais
e a dor é menor.
3. Obstrução simples/ança cega/estrangulada? Simples ou ança cega. Na estrangulada há
compromisso da irrigação sanguínea e dor peritoneal muito bem localizada + febre.
Fatores de risco:
6
- Cancro colorectal
- Cirurgia prévia
- Resseção colorectal
- Inflamação intestinal repetitiva
- Hérnias da parede abdominal
- Alterações anatómicas ou fisiológicas do colon
(++cólon) + Primeiro sintoma em 30% dos casos - Sem anorexia, perda ponderal
+ Sinais de obstrução intestinal
+ Principal causa de obstrução intestinal
- Sem cirurgias prévias
Aderências/ aguda (75%)
Hérnia encarcerada + Sintomas de obstrução intestinal - Sem hérnias visíveis ao exame físico
- Principalmente no intestino delgado
Estreitamento por + Sintomas de obstrução intestinal - Raro
DII (diverticulite) - Sem antecedentes/sintomas de DII
FUNCIONAL - Comum em doentes hospitalizados,
+ Dor abdominal
Obstrução pseudo- acamados, uso de narcóticos
colonica (Sindrome + Distensão abdominal generalizada - Desconforto (sem dor)
de Ogilvie) – + Náuseas e vómitos (pouco volumosos)
dilatação aguda + Timpanismo com movimentos intestinais
sem obstrução
mecânica + Obstipação/diarreia
7
EXAME INVESTIGAÇÃO RESULTADOS
Hemograma
- Anemia
Formula leucocitária
- Infeção/inflamação com leucocitose
Plaquetas
Análises
PCR; VS Estado inflamatório agudo ou crónico
sanguíneas
Acidose metabólica e aumento
Lactatos/Gasometria
lactatos: se isquemia
Ionograma (K+; Na+;
Desequilíbrio eletrolítico
Cl-)
Creatinina; BUN Avaliação função renal (desidratação)
Etiologia da obstrução (neoplasia,
Colonoscopia
divertículos)
Volvo sigmoide:
- Ansa dilatada sem haustras, do QID
QSE
- Colon distendido
- Etiologia da obstrução - Sinal de “grãos de café”
- Diagnóstico de volvo (apenas em 60% - Sinal de Frimann-Dahl
Raio x abdominal dos doentes) - Sinal de “bird beak” se uso de enema
(uso de enema de de contraste
contraste –
- Descartar complicações: perfuração - Sem ar no recto
gastrografina)
(pneumoperitoneu, presença de Volvo cego:
Imagiologia lieuido livre) - Ansa dilatada com haustras, do QID
epigastro/QSE
- Cólon colapsado e delgado
distendido
Volvo sigmoide:
TC abdominal - Sinal de Whirpool: rotação à volta da
(uso de enema de - Etiologia da obstrução mesentérica
contraste – - Diagnóstico de volvo Volvo transverso:
gastrografina) - Sinal de Whirpool: rotação à volta da
mesentérica
8
14. MONITORIZAÇÃO E PLANO TERAPÊUTICO
MONITORIZAÇÃO/SEGUIMENTO
Internamento obrigatório
Monitorização parâmetros vitais (FC, FR, TºC, TA): deteção de isquemia (principal
complicação), sepsis
Cuidados de suporte: dieta zero, aspiração nasogástrica, fluidos IV (cloreto de sódio
0,9%)
Reposição de eletrólitos (se necessário): hiponatrémia e hipocaliemia devido aos
vómitos
PLANO TERAPÊUTICO
Objetivo: reduzir o volvo e prevenir recorrência.
VOLVO SIGMÓIDE
1) Destorção endoscópica (bem-sucedida 75 a 95%): sigmoidoscópio flexível + colocação
de tubo rectal para manter descompressão. Se visualização de mucosa necrosada,
ulcerada ou sangue escuro, realizar de imediato cirurgia.
2) Cirurgia eletiva (sigmoidectomia): devido ao alto risco de recidiva (40%) –
procedimento de Hartmann se deteção de intestino necrosado.
Cirurgia exploratória sem tentativa de descompressão endoscópica: se sinais de
gangrena/perfuração
PROGNÓSTICO
Mortalidade: <10%: sem complicações; 11-60%: se gangrena
Recorrência: 60% se não resolução cirúrgica
SEGUIMENTO
9
Sinal de grão de café Sinal de Frimann-Dahl
10