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ESCOLA DE ENFERMAGEM SÃO CAMILO DE LÉLLIS

MÓDULO 3
UNIDADE DE TERAPIA
INTENSIVA (UTI ADULTO)

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UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA (UTI ADULTO)

HISTÓRIA DA UTI

A história do surgimento das


UTIs remete ao início do século XX
quando foram criadas as chamadas
“salas de recuperação” para onde os
pacientes eram levados após alguma
neurocirurgia no Hospital Johns
Hopkins (EUA).

Em 1854, a Inglaterra, a França e a Turquia declararam guerra à Rússia,


a chamada Guerra da Criméia. Visto que muitos soldados feridos estavam
morrendo no Hospital Barrack, na Turquia, Florence foi convocada pelo
governo inglês para liderar um grupo de voluntárias que atenderia os soldados
feridos. Ao deparar-se com as condições precárias de atendimento e higiene,
Florence institui um dos princípios básicos da moderna terapia intensiva,
separando os pacientes mais graves e colocando-os em uma situação que
favorecia o cuidado por meio da observação constante (NIGHTINGALE, 1946;
LINO; SILVA, 2003).
Embora a intervenção baseada na observação contínua do paciente tenha
iniciado com Florence, as UTIs, como são conhecidas atualmente, tiveram
origem na década de 1950, com a evolução dos avanços tecnológicos na área
da saúde.
Outro fator a ser destacado é a instrumentalização da assistência: uso
de raio X para o diagnóstico de injúria pulmonar, suporte de oxigênio em
concentrações elevadas, inicialmente de modo não invasivo e em seguida,
invasivo, uso de sonda gástrica para hidratação e alimentação e
antibioticoterapia. Com o descobrimento de fármacos anestésicos e
antibióticos, o aprimoramento de técnicas cirúrgicas e o desenvolvimento de
equipamentos que permitiam oferecer um suporte ventilatório aos pacientes
com insuficiência no sistema respiratório, surgiram as primeiras unidades de
atenção aos pacientes graves, como as unidades de choque, de queimados e
neurocirúrgicas nos Estados Unidos e as salas de observação na Dinamarca
(SILVA; ARAÚJO; PUGGINA, 2009).
No Brasil só começaram a ser implantadas na década de 70,
primeiramente no hospital Sírio Libanês em São Paulo com apenas dez leitos
(1971) , Em seguida se aprimoraram e expandiram por todo o país na década
seguinte.

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 DEFINIÇÕES

 Centro de Terapia Intensiva (CTI): o


agrupamento, numa mesma área
física, de mais de uma Unidade de
Terapia Intensiva.

 Unidade de Terapia Intensiva (UTI): Unidade complexa dotada


de sistema de monitorização contínua que admite pacientes
potencialmente graves ou com descompensação de um ou mais
sistemas orgânicos e que com o suporte e tratamento intensivos
tenham possibilidade de se recuperar

 Unidade de Terapia Intensiva Adulto (UTI-A): destinada à


assistência a pacientes com idade acima de 14 ou acima de 18
anos, sendo este critério definido de acordo com as rotinas
hospitalares internas.

 Unidade de Terapia Intensiva Especializada: aquela destinada


à assistência a pacientes selecionados por tipo de doença, como
as UTI Coronarianas, UTI Neurológica, entre outras.

 Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI-N): destinada à


assistência a pacientes com idade de 0 a 28 dias.

 Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTI-P): destinada à


assistência a pacientes com idade de 29 dias a 14 ou 18 anos,
sendo este limite definido de acordo com as rotinas hospitalares
internas.

 Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica Mista (UTI-Pm): UTI


destinada à assistência a pacientes recém-nascidos e pediátricos
numa mesma sala, porém havendo separação física entre os
ambientes de UTI Pediátrica e UTI Neonatal.

 Unidade de Tratamento Semi-Intensivo (Unidade Semi-


Intensiva): constitui-se de um conjunto de elementos
funcionalmente agrupados, destinado ao atendimento de
pacientes, preferencialmente oriundos da UTI, que requeiram
cuidados de enfermagem intensivos e observação contínua, sob
supervisão e acompanhamento médico, este último não
necessariamente contínuo, porém linear.

 Paciente Grave: paciente com comprometimento de um ou mais


dos principais sistemas fisiológicos, com perda de sua auto-
regulação, necessitando de assistência contínua.

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 Serviço de Tratamento Intensivo Móvel: que constitui-se de um


conjunto de elementos funcionalmente agrupados e uma frota de
veículos devidamente projetados e equipados, destinados a
garantir suporte avançado de vida durante o transporte de
pacientes graves ou de risco, no atendimento de emergência pré-
hospitalar e no transporte inter-hospitalar

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 INFRAESTRUTURA DA UTI

 Toda UTI deve ocupar área física própria, de acesso restrito,


possuir acesso fácil às unidades correlacionadas (Centro Cirúrgico,
Emergência, Unidade Semi-intensiva). Quanto ao ambiente, as UTIs
devem possuir no mínimo:

 Área Coletiva de Tratamento com boxers


 Quarto de Isolamento com banheiro
 Posto/Área de Serviços de Enfermagem.
 Área para Prescrição Médica.
 Sala de utilidades
 Sala de espera para acompanhantes e visitantes (anexo à unidade)
 Laboratório ("in loco"ou no laboratório central)
 Sala administrativa
 Rouparia
 Depósito de material de limpeza
 Depósito de equipamentos e materiais
 Copa
 Sanitário para público (sala de espera)
 Banheiros para pacientes
 Sanitários com vestiários para funcionários
 Sala de estar para funcionários

 RECURSOS FÍSICOS

 Cada leito de UTI Adulto deve possuir, no mínimo, os seguintes


equipamentos e materiais:

 Cama hospitalar com ajuste de posição, grades laterais e rodízios;


 Equipamento para ressuscitação manual do tipo balão auto-inflável, com
reservatório e máscara facial: 01(um) por leito, com reserva operacional
de 01 (um) para cada 02 (dois) leitos;
 Estetoscópio;
 Conjunto para nebulização;
 Quatro (04) equipamentos para infusão contínua e controlada de fluidos
(“bomba de infusão”), com reserva operacional de 01 (um) equipamento
para cada 03 (três) leitos:
 Fita métrica;
 Equipamentos e materiais que permitam monitorização contínua de:
a) Frequência respiratória;
b) Oximetria de pulso;
c) Frequência cardíaca;

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d) Cardioscopia;
e) Temperatura;
f) Pressão arterial não-invasiva.
 Cada leito deve dispor de instalações de gases com: oxigênio, ar
comprimido e vácuo clínico.

 Cada UTI Adulto deve dispor, no mínimo, de:

 Materiais para punção lombar;


 Materiais para drenagem liquórica em sistema fechado;
 Oftalmoscópio;
 Otoscópio;
 Negatoscópio;
 Máscara facial que permite diferentes concentrações de Oxigênio: 01
(uma) para cada 02 (dois) leitos;
 Materiais para aspiração traqueal em sistemas aberto e fechado;
 Aspirador a vácuo portátil;
 Equipamento para mensurar pressão de balonete de tubo/cânula
endotraqueal (“cuffômetro”);
 Ventilômetro portátil;
 Capnógrafo: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos;
 Ventilador pulmonar mecânico microprocessado: 01 (um) para cada 02
(dois) leitos, com reserva operacional de 01 (um) equipamento para
cada 05 (cinco) leitos, devendo dispor, cada equipamento de, no
mínimo, 02 (dois) circuitos completos,
 Equipamento para ventilação pulmonar mecânica não invasiva: 01(um)
para cada 10 (dez) leitos, quando o ventilador pulmonar mecânico
microprocessado não possuir recursos para realizar a modalidade de
ventilação não invasiva;
 Materiais de interface facial para ventilação pulmonar não invasiva 01
(um) conjunto para cada 05 (cinco) leitos;
 Relógios e calendários posicionados de forma a permitir visualização em
todos os leitos.
 Refrigerador com temperatura interna de uso exclusivo para guarda de
medicamentos, com monitorização e registro de temperatura.

 RECURSOS HUMANOS

 Médico Responsável Técnico com título de especialista em Medicina


Intensiva
 Enfermeiro coordenador especialista em terapia intensiva ou em outra
especialidade relacionada à assistência ao paciente grave
 Fisioterapeuta coordenador especialista em terapia intensiva ou em
outra especialidade relacionada à assistência ao paciente grave

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 Médico diarista/rotineiro: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração,


nos turnos matutino e vespertino, com título de especialista em Medicina
Intensiva para atuação em UTI Adulto
 Médicos plantonistas: no mínimo 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou
fração, em cada turno
 Enfermeiros assistenciais: no mínimo 01 (um) para cada 10 (dez) leitos
ou fração, em cada turno
 Fisioterapeutas: no mínimo 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração,
nos turnos matutino, vespertino e noturno
 Técnicos de enfermagem: no mínimo 01 (um) para cada 02 (dois) leitos
em cada turno
 Auxiliares administrativos: no mínimo 01 (um) exclusivo da unidade;
 Funcionários exclusivos para serviço de limpeza da unidade, em cada
turno.

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ADMISSÃO NA UTI

 REGULAÇÃO DE LEITOS E CRITÉRIOS DE ADMISSÃO

CRITÉRIOS DE ADMISSÃO NA UTI

Quem e quando admitir?

Pacientes com quadro clínico agudo ou crônico agudizado reversível que


se beneficiem de monitorização e tratamento intensivos, que não o poderiam
receber na enfermaria. Estes pacientes geralmente apresentam falência da
função de um ou mais órgãos e devem ser admitidos antes da lesão estar
instalada em caráter de irreversibilidade.

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MODELO DE PRIORIDADES

Prioridade 1: Criticamente doentes, instáveis,


necessitando de monitorização e tratamento
intensivos que não podem ser oferecidos fora
da UTI. Entre os suportes necessários estão
incluídos o ventilatório, hemodinâmico (uso de
drogas vasoativas) etc. Pacientes em
Prioridade 1 geralmente não possuem limites
a terapêutica a ser recebida.

Exemplos: politraumatizados, insuficiência


respiratória aguda, choque hemodinâmico.

Prioridade 2: Estes pacientes requerem


monitorização intensiva e podem
potencialmente demandar intervenção
imediata. Geralmente não há limitação
terapêutica estipulada para estes
pacientes.

Exemplos: pacientes com doenças crônicas


agudizadas.

Prioridade 3: Estes pacientes instáveis são


doentes críticos, porém a probabilidade de
recuperação é reduzida devido à doença de
base ou gravidade da doença atual. Eles
podem se beneficiar da terapia intensiva para
aliviar o quadro agudo, mas pode haver algum
grau de limitação de esforços.

Exemplos: choque séptico em paciente com


neoplasia maligna metastática.

Prioridade 4: São pacientes que geralmente não têm


indicação de admissão em UTI. Os casos devem ser
analisados individualmente e em algumas situações
pode ocorrer a internação. Eles podem ser
classificados em duas categorias:

A. Pouco ou nenhum benefício em receber cuidados


intensivos devido à baixa complexidade de sua
condição (estão muito bem para beneficiar de
cuidados intensivos).

Exemplos: cirurgia vascular periférica, cetoacidose diabética estável.

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B. Pacientes em condições terminais e irreversíveis em morte iminente (muito


graves para se beneficiar da UTI).

Exemplos: estado vegetativo persistente, diretivas antecipadas.

MODELO DE CONDIÇÕES ESPECÍFICAS OU PATOLOGIAS


DETERMINADAS APROPRIADAS PARA ADMISSÃO À UTI

 Infarto Agudo do Miocárdio com complicações;


 Choque cardiogênico;
 Arritmias complexas, requerendo
monitorização contínua e intervenção;
 Insuficiência cardíaca congestiva aguda com
insuficiência respiratória e/ou requerendo
suporte hemodinâmico;
 Emergências hipertensivas;
 Angina instável, particularmente com arrtimias,
instabilidade hemodinâmica e dor torácica
persistente;
 Parada Cárdio-Respiratória (PCR)
 Insuficiência respiratória aguda necessitando de suporte ventilatório;
 Embolia pulmonar com instabilidade hemodinâmica;
 Insuficiência respiratória com necessidade de intubação imediata.
 Doenças vascular cerebral aguda com alteração no nível de consciência;
 Coma metabólico, tóxico ou anóxico;
 Hemorragia intracraniana com risco de herniação;
 Hemorragia subaracnóide aguda;
 Meningite com alteração do estado mental ou comprometimento
respiratório;
 Distúrbio do SNC ou doenças
neuromusculares com deterioração
neurológica ou de função pulmonar;
 Pacientes de pós-operatório
necessitando de monitorização
hemodinâmica e suporte ventilatório ou
cuidados intensivos;
 Cetoacidose diabética complicada com
instabilidade hemodinâmica, alteração
mental, insuficiência respiratória ou
acidose grave;

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 PROCESSO DE ADMISSÃO DO PACIENTE CRÍTICO

Processo de admissão do paciente crítico

 O que é a admissão?

Definição: É a entrada e permanência do paciente no hospital, por


determinado período. Tem por objetivos facilitar a adaptação do
paciente ao ambiente hospitalar, proporcionar conforto e segurança.

 MATERIAL NECESSÁRIO
 01 Sistema a vácuo para aspiração (montado e testado)
 01 Cama hospitalar / KIT de roupas de cama
 01 Estetoscópio; Termometro; glicosímetro
 01 Monitor Multiparâmetros com cabos de monitorização não invasiva
 01 Ventilador pulmonar mecânico (montado e testado)
 01 Suporte de soro
 04 Equipamentos para infusão contínua e controlada de fluidos ("bomba
de infusão")
 01 Dispositivo bolsa-válvula máscara (ambú)
 Máscara de venturi, com diferentes concentrações O2
 Carrinho de emergência próximo ao leito de admissão

KIT de admissão contendo:: 01 Agulha 13 x 4,5; 01 Agulha 25 x 7; 01


Agulha 40 x 12; 01 SF 0,9% 500 mL; 05 Eletrodos; 01 Equipo de BIC; 01
Equipo Macrogotas; 01 pacote de gazes estéreis; 01 Jelco 18; 01 Jelco
20; 01 Jelco 22; 01 Seringa 1 mL; 01 Seringa 10mL; 01 Seringa 20 mL;
01 sonda de aspiração traqueal; 01 Torneirinha; 01 Tira para glicemia;
fita adesiva branca; fita hipoalergênica; esparadrapo.

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E AGORA? COMO PROCEDER?

DESCRIÇÃO DA ADMISSÃO NA UTI PELA EQUIPE DE ENFERMAGEM

AGENTE AÇÃO
 Recebe informações referente
ao paciente pelo enfermeiro da
unidade transferidora tomando
conhecimento adequado do
motivo da internação e seu
grau estabilidade/instabilidade;
ENFERMEIRO  Delega equipe de enfermagem
responsável pela recepção do
paciente
 Recebe o prontuário, exames
de imagens,medicações das 24
horas.
 Informa ao paciente(se
possível) sobre a permanência
e orientações do setor;
 Verificar se o paciente e/ou
acompanhante apresenta
alguma dúvida em relação a
sua internação e orientá-lo, se
possível
 Orientar o paciente e/ou
acompanhante em relação à
localização das instalações
sanitárias, horário das
refeições, nome do médico e
da enfermeira de plantão, se
possível.
 Realizar sistematização da
assistência de
enfermagem(SAE).
 Registrar o paciente no censo
do setor
 Comunicar ao Serviço de
Nutrição e Dietética (SND) a
dieta prescrita para o paciente
admitido
 Solicitar o laboratório em caso
de exames de urgência.
 Providenciar placa de
identificação do paciente e
colocá-la na cabeceira do leito
 Realiza o registro de admissão
no prontuário do paciente

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TÉCNICO DE ENFERMAGEM  Prepara o leito e verifica o


funcionamento dos
equipamentos
 Recepciona o paciente junto
com equipe multiprofissional;
 Confere a identificação do
paciente e o transfere para o
leito
 Posiciona o paciente no leito
monitorizando-o
(eletrocardiograma, pressão
arterial, saturação de O2)
 Verifica sinais vitais
 Desclampear drenos, equipos
de soluções, sondas, ou outros
dispositivos, se houver.
 Efetuar cuidados necessários
(acesso venoso,
medicamentos, oxigenoterapia
coleta de SWAB e outros),
conforme prescrição de
enfermagem e/ou solicitação
médica.
 Deixar o paciente confortável
no leito.
 Realizar as anotações no
prontuário do paciente

MONITORIZAÇÃO HEMODINÂMICA NÃO INVASIVA

Os sinais vitais indicam a condição hemodinâmica de uma


pessoa. A observação rigorosa destes parâmetros fornece excelentes
parâmetros para intervenções rápidas e eficientes, no intuito de se
conseguir o retorno à condição basal do cliente. Em terapia intensiva, a
avaliação hemodinâmica não-invasiva é um objetivo a ser alcançado,
pois, pelas condições que levam a internação nesta unidade, geralmente
instabilidade hemodinâmica grave, os parâmetros vitais são importantes
indicadores da resposta orgânica à terapêutica oferecida.

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Para a realização da monitorização hemodinâmica básica recomenda-se


como componentes os seguintes parâmetros: Frequência Cardíaca (FC),
diurese, ECG contínuo, Saturação Arterial de Oxigênio (SpO2),
PAM(Pressão arterial média) não-invasiva, Frequência Respiratória (FR),
e temperatura. Alguns monitores ainda apresentam variáveis como PAM
invasiva e PVC(Pressão venosa central).

 Variáveis do monitor multiparamétrico

 MONITORIZAÇÃO CARDÍACA (CONTÌNUA)

Frequência Cardíaca

O valor considerado normal para um individ ́ uo adulto varia


de 60 a 100 bpm. Essa frequência é contabilizada pelo
número de pulsações sentidas preferencialmente na artéria
radial. Ao verificar a frequência , o ritmo e a força dos
batimentos também devem ser avaliados.

No ambiente da UTI , os monitores multiparamétricos revelam o valor


numé- rico da FC e o traçado eletrocardiográfico . Esses monitores permitem
que os profissionais de saúde realizem a programação de va lores mínimos e
máximos aceitáveis; quando esses valores não são atingidos , um alarme
dispara, permitindo que as intervenções sejam mais rapidamente realizadas.

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Eletrocardiograma(ECG)

Eletrocardiograma contínuo(ECG) é considerado o método padrão -ouro


para o diagnóstico de arritmias, distúrbios hidreletrolíticos e quadros
isquêmicos. Para que a monitoração eletrocar diográfica ocorra de maneira
eficiente, a pele deve ser preparada e a equipe de enfermagem deve estar
atenta ao posicionamento dos eletrodos, que devem ser colocados de forma
adequada a fim de evitar a leitura incorreta realizada pelo monitor.

 Posicionamento dos eletrodos

Oximetria de Pulso

Trata-se de um método não invasivo


utilizado para a monitoração contiń ua da
saturação de oxigênio periférica (SpO2). Sua
medida é feita por meio de um sen sor que
possui uma fonte de luz e um fotodetector,
geralmente colocado na extremidade dos dedos.
O fotodetector recebe as ondas de luz emitidas
pela fonte e é realizado um cálculo das ondas
absorvidas pela hemoglobina, resultando no
valor da saturação . Esse método é bastante efetivo na
detecção precoce das quedas de oxigenação . Espera-se
que, em ar ambiente, a SpO2 seja de 95 a 100%. Alguns
fatores podem influenciar na medição , como luz ambiente,
posicionamento do sensor , movimentação e agitação do

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paciente, baixa perfus ão periférica, uso de esmalte e edema.

Frequência respiratória

A FR é avaliada por meio da contagem dos


movimentos respiratórios no perio
́ do de um minuto , além da
profundidade, do ritmo e das caracteriś ticas da respir ação.
O valor normal da FR é de 12 a 20 irpm.

Pressão arterial não invasiva(PANI)

A pressão arterial é a medida resultante da pressão exercida pelo


sangue arterial sobre os vasos periféricos. A pressão arterial sistólica (PAS)
corresponde à pressão no final da sístole e está relacionada ao volume
sistólico ventricular esquerdo , à velocidade de ejeção do sangue e à
elasticidade da parede da aorta . Já a pressão arterial di astólica (PAD) diz
respeito ao relaxamento do ventrić ulo e influencia- da pela resistência periférica
e frequência cardia ́ ca.

A pressão arterial média é um parâmetro muito utilizado no cotidiano da terapia


intensiva, sendo útil para o manejo da terapia medicamentosa com fármacos
vasoativos e no controle da manutenção de perfusão dos órgãos e tecidos. O
cálculo da PAM pode ser realizado da seguinte maneira:

O valor normal esperado de PAS é de 100 a 140 mmHg; o de PAD, de


60 a 90 mmHg; e o de PAM, entre 70 e 105 mmHg.

CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO PROCESSO DE MONITORIZAÇÃO


HEMODINAMICA NÃO INVASIVA

 Higienizar as mãos;

 Verificar se área de colocação dos eletrodos está limpa e sem pelos;

 Realizar tricotomia nos locais de colocação dos eletrodos, se


necessário;

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 Posicionar eletrodos nos locais corretos;

 Certificar-se do funcionamento adequado do monitor;

 Verificar se os parâmetros de alarme estão ajustados, e se este está


funcionando;

 Observar a integridade da pele no local de colocação dos eletrodos;

 Manter o paciente e os familiares orientados quanto aos procedimentos;

 Anotar no prontuário do paciente valores encontrados, conforme rotina


de horário da instituição de saúde;

 Realizar a retirada dos eletrodos durante banho no leito;

 Realizar desinfecção o monitor antes e após o uso em cada paciente;

 Atentar aos pacientes passíveis de desfibrilação/cardioversão com os


eletrodos RA e LL por concidirem com os locais de colocação das pás.
Recomenda-se afastar os eletrodos das áreas;

 Manter paciente confortável;

 Se as extremidades do paciente estiverem frias, procure aquecê-las,


pois a hipoperfusão provoca interferências na leitura do oximetro;

 Remover esmalte das unhas do paciente;

 Alternar o local de posicionamento do sensor de 2/2horas ou conforme


rotina institucional, a fim de evitar lesões de pele;

 Atentar para risco de desenvolver LPP;

 Atentar para edemas;

 Atentar para nível de consciência;

 Atentar para contraindicações na


colocação do manguito da PA.

 Observar local e tipo de sensor adequado


(comumente dedos, pavilhão auricular, e
palma da mão geralmente em crianças).

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DISPOSITIVOS INVASIVOS

PRINCIPAIS DISPOSITIVOS INVASIVOS UTILIZADOS NA TERAPIA


INTENSIVA

INTRODUÇÃO

Ao longo dos anos, a enfermagem em


terapia intensiva integrou diversos
recursos e inovações tecnológicas de
forma consistente, correta e segura ao
sistema de cuidado, bem como
alicerçou a sua prática nos
conhecimentos científico, legal e ético.
Nesse contexto, marcado por alto grau
de incorporação tecnológica, a equipe
de enfermagem foi instigada a evoluir
suas habilidades interpessoais e
intelectuais, no que refere
principalmente aos dispositivos
invasivos(sondas, tubos, drenos,etc.)
tendo em vista que os pacientes em estado grave apresentam curso clínico
altamente instável, com elevado risco de morte, e por isso demandam uma
cuidadosa monitorização e controle das suas funções vitais por parte de toda a
equipe multiprofissional.

 VIAS AÉREAS ARTIFICIAIS

São utilizadas em situações clínicas que


cursam com insuficiência respiratória aguda ou
crônica agudizada, uma via aérea artificial (tubo
endotraqueal nasal e oral, tubo de
traqueostomia), com adequado suporte
ventilatório invasivo, otimiza a troca gasosa à
medida que se mantém a ventilação alveolar e a administração de oxigênio em
pacientes que não mais conseguem respirar satisfatoriamente e de forma
espontânea.

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A via aérea artificial mais comumente utilizada


para o manejo em curto prazo é a intubação
endotraqueal. Esse procedimento é feito pela
inserção de um tubo endotraqueal (TET) na
traqueia por via oral.
É indicado para manutenção das vias aéreas ,
controle de secreções, oxigenação e ventilação. É
útil em casos de colocação de emergência na inserção por via orotraqueal e
requer insuflação do balonete (cuff)para manter a estabilidade dentro da
traqueia. Fornece oxigênio a 100% pelo TE.

Um tubo de traqueostomia é o método de longo prazo


preferido de manutenção das vias aéreas em pacientes
intubados por mais de 21 dias ou em situações de
obstrução das vias aéreas superiores ou tentativas
fracassadas de intubação . Esses tubos são inseridos por
um procedimento de traqueotomia.
O tubo de traqueostomia oferece menos resistência ao
fluxo de ar , tornando a respiração mais fácil . A remoção
das secreções também é menos difícil , o conforto do
paciente é maior , e o desmame ventilatório é mais bem -
sucedido. O tubo de traqueostomia também requer
insuflação do cuff para sua estabilidade.

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CUIDADOS DE ENFERMAGEM AO PACIENTE SUBMETIDO A IOT


Momento do cuidado Ações preventivas da extubação
de enfermagem acidental
 Avaliar o estado geral do
paciente antes do banho no
leito.
 Checar nível de sedação e
analgesia.
 Aproximar o ventilador
mecânico (VM) do leito.
 Checar a fixação e a
estabilidade do dispositivo
BANHO NO LEITO ventilatório.
 Verificar a pressão do cuff.
 Manter o tubo apoiado por um
dos membros da equipe,
diferente do executor da
técnica do banho.
 Mobilizar o dispositivo
ventilatório com cuidado para
a limpeza da cavidade oral
com solução de clorexidina
0,12%, e sempre auxiliado por
outro colega.
 Soltar o circuito do VM do
suporte ou manter as
traqueias do respirador
apoiadas, com uma margem
de segurança, durante a
higiene do corpo; mudar o
paciente para o decúbito
lateral em que se encontra o
VM .

 Investigar nível de
consciência e colaboração do
paciente para, quando
possível, garantir um meio
efetivo de comunicação.
 Checar a fixação e a
estabilidade do dispositivo
ventilatório.
 Aproximar o VM do leito do
paciente.
 Soltar os circuitos do VM do
suporte.
 Abaixar a cabeceira.
 Elevar o mais precocemente a
cabeceira.
MUDANÇA DE DECÚBITO  Fixar os circuitos no suporte

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do VM com folga para que,


caso ocorra deslocamento do
paciente no leito, o dispositivo
ventilatório não sofra tração
do circuito.
 Atentar para que as traqueias
do VM não fiquem presas às
grades laterais da cama.

 Investigar nível de
consciência e colaboração do
paciente para, quando
possível, garantir um meio
efetivo de comunicação.
 Garantir adequada sedação
e/ou analgesia pré-transporte
conforme os protocolos
clínicos da unidade.
 Realizar transferência do
paciente do leito para a maca
com o auxílio de pelo menos
três funcionários.
 Checar a fixação e posição do
dispositivo ventilatório,
TRANSPORTE DO PACIENTE adaptando ao leito o
respirador transporte, o
reanimador de Muller ou o
dispositivo bolsa-válvula
juntamente com o torpedo de
oxigênio.
 Transferir todos os sistemas
de monitorização para o
monitor da UTI de imediato e
trocar o respirador de
transporte, o reanimador de
Muller ou o dispositivo bolsa-
válvula pelo VM do setor,
avaliando a adaptação do
paciente por 5 minutos.

 Checar nível de sedação e


analgesia.
 Investigar nível de
consciência e colaboração,
garantindo um meio efetivo de
comunicação.
PROCEDIMENTOS NO LEITO  Checar a fixação e a
estabilidade do dispositivo
ventilatorio

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 Evitar o tracionamento do
dispositivo ventilatorio com
os circuitos do VM durante o
posicionamento do paciente
para exames diagnósticos,
como radiografia de tórax,
broncoscopia, endoscopia
digestiva alta e baixa,
toracocentese, toracotomia,
dentre outros.

 Checar nível de sedação e


colaboração do paciente
e, quando necessário, pedir
ajuda para manter o tubo
estabilizado.
 Posicionar o paciente em
decúbito dorsal elevado e
avaliar a insuflação do cuff.
 Manter o guia do balonete
lateralizado e visível.
 Retirar o dispositivo de
fixação oral de tubo
endotraqueal.
 Caso necessite do auxílio de
tesoura ao se dispor de
cadarço para fixação, tomar
cuidado para não cortar o
TROCA DE FIXAÇÃO balonete piloto do cuff.
 Manter uma das mãos no
tubo endotraqueal e esta
apoiada no mento do
paciente, com a finalidade de
não perder o ponto de apoio
durante o procedimento.
 Inspecionar a cavidade oral e
promover adequada higiene
com solução de clorexidina
0,12%, além de fazer retoque
na barba, caso necessário.
 Limpar, secar e remover
quaisquer resíduos oleosos
da pele do paciente antes de
aplicar um novo dispositivo de
fixação oral de tubo
endotraqueal.
 Respeitar o posicionamento
centralizado do tubo
orotraqueal e a sua
numeração no nível da

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comissura labial do paciente.

SONDAS GÁSTRICAS E NASOENTÉRICAS

Prerrogativa do cuidado de
enfermagem, a sondagem gástrica
consiste na inserção de uma sonda
através do nariz ou da boca do
paciente até o estômago,
representando um método importante
para o diagnóstico e o tratamento de
lesões gastrintestinais e
multissistêmicas.

Já a sondagem nasoenterica caracteriza-se pela


progressão da sonda até o duodeno, almejando-se
que a sua ponta passe pelo piloro e progrida até a
porção distal do duodeno ou, ainda, até a porção
proximal do jejuno.

Essas sondas consistem em tubos de poliuretano ou


silicone, de diversos calibres,comprimentos e número
de lumens.

A escolha do tipo ideal da sonda varia com a idade do paciente e


indicação precisa da sondagem.Usualmente, sondas menos calibrosas são
indicadas unicamente para alimentação, enquanto as mais grossas podem
ser empregadas para descomprimir o estômago, realizar lavagem,
promover o esvaziamento gástrico de líquidos ou gases, controlar o
sangramento gastrintestinal alto, monitorar o pH gástrico, como também
podem ter o propósito de administrar medicamentos, alimentos e soluções.

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CUIDADOS DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM SNG/SNE

 Confirmação radiológica (no caso sonda nasoenterica) – liberação


médica ;
 Manter a cabeceira do paciente elevada em 45° ;
 Verificar o posicionamento do cateter enteral através da ausculta
abdominal(se SNG) e visualização da marcação no cateter;
 Validade da dieta enteral: 180 minutos a partir do recebimento na
unidade;
 Os frascos de dieta enteral não poderão ficar estocados nas unidades
de internação;
 Os frascos de dieta enteral deverão ser encaminhados junto ao cliente,
em situações de transferência intra-hospitalar;
 A infusão deverá ser interrompida durante o transporte intra-hospitalar e
durante a realização de procedimentos que requeiram cabeceira
abaixada;
 O Serviço de Nutrição e Dietética (SND) deverá ser comunicado quando
o cliente tiver indicação da interrupção temporária da dieta (exames,
perioperatório, vômitos, extubação recente e outros)
 Os frascos de dieta estarão identificados com o nome completo do
cliente, volume, período de infusão e tipo de dieta;
 Instalar a dieta enteral, preferencialmente em bomba de infusão;
 Identificar o equipo e trocá-lo a cada 24h ou conforme rotina hospitalar;
 Avaliar a capacidade do cliente tolerar a dieta, observar a presença de
distensão abdominal, náuseas, vômitos e diarreia e comunicar o
médico/nutricionista mediante alterações
 A equipe de enfermagem, ao administrar medicamentos pelo cateter
enteral em uso para dietas, deverá clampar o equipo da dieta durante a
administração e lavar o cateter com 20 ml de água filtrada, antes e após
a administração e só após retornar o fluxo da dieta
 Administrar água filtrada conforme prescrição médica
 Desligar a dieta, pelo menos, 15 minutos antes de realizar
procedimentos que estimulem os reflexos de tosse e de vômito, e em
situações que necessitem abaixar a cabeceira da cama, como por
exemplo, o banho no leito
 Higienizar a cavidade bucal conforme protocolo institucional

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SONDAS VESICAIS DE DEMORA (SVD)

O cateterismo vesical consiste na


introdução de uma sonda ou cateter na
bexiga através da uretra ou por via
suprapúbica, sendo considerado de
alívio quando se objetiva unicamente o
esvaziamento vesical, com a
subsequente retirada da sonda; ou
cateterismo de demora quando se
almeja garantir a drenagem contínua da urina durante horas ou dias.

Como um procedimento que possui finalidades terapêutica e diagnóstica, as


principais indicações da sondagem vesical de demora consistem :

 Controle rigoroso do volume urinário em pacientes clinicamente


instáveis;
 Cirurgias com tempo superiora 3 horas ou que exijam monitorização
hemodinâmica avançada;
 Pós-operatórios de cirurgias urológicas ou ginecológicas perineais;
 Em casos de obstrução urinária crônica;
 Distúrbios urodinâmicos neurogênicos (bexiga neurogênica);
 Irrigação vesical
 Assistência paliativa na qual o cateterismo possa proporcionar
melhor conforto.

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CUIDADOS DE ENFERMAGEM DURANTE MANUSEIO DO CATETER


VESICAL DE DEMORA

 Após a inserção, fixar o cateter de modo seguro e que não permita


tração ou movimentação;
 Manter o sistema de drenagem fechado e estéril;
 Não desconectar o cateter ou tubo de drenagem, exceto se a
irrigação for necessária ;
 Trocar todo o sistema quando ocorrer desconexão, quebra da
técnica asséptica ou vazamento;
 Para exame de urina, coletar pequena amostra através de aspiração
de urina com agulha estéril após desinfecção do dispositivo de coleta
levar a amostra imediatamente ao laboratório para cultura;
 Manter o fluxo de urina desobstruído ;
 Esvaziar a bolsa coletora regularmente, utilizando recipiente coletor
individual e evitar contato do tubo de drenagem com o recipiente
coletor ;
 Manter sempre a bolsa coletora abaixo do nível da bexiga ;
 Realizar a higiene rotineira do meato e sempre que necessário .

ACESSO VENOSO CENTRAL

Definição

O acesso venoso central é obtido pela inserção de um dispositivo


intravascular em veias profundas (subclávia, jugular, femoral) com finalidade
terapêutica. O estabelecimento de critérios de indicação e de diretrizes para a
implantação, a manutenção e a remoção do cateter venoso central (CVC) são
importantes para prevenir eventos adversos à saúde do cliente, dentre os
quais, destaca-se as infecções de corrente sanguínea

Indicações para implantação do CVC

 Impossibilidade de acesso venoso periférico (rede venosa prejudicada,


edema, esvaziamento ganglionar de membro, entre outros);
 Impossibilidade de acesso venoso central por inserção periférica (PICC)
– 1° opção para pediatria; 
 Indicação de cirurgia de grande porte (neurocirurgias, cirurgias
cardíacas);
 Necessidade de monitorização hemodinâmica (medida de pressão
venosa central, pressão intracardíaca direita, pressão arterial pulmonar,
entre outras);
 Indicação de terapia dialítica;
 Necessidade de solução glicosada em concentração maior que 10,0%
(por tempo prolongado); Nutrição parenteral; aminas vasoativas;

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soluções irritantes / vesicantes e/ou antibioticoterapia quando previsto


mais de uma dose;
 Indicação de infusão venosa por tempo superior a 7 dias.

Contraindicações para implantação do CVC

 Clientes com discrasia sanguínea (relativa) - avaliar risco / benefício;


 Clientes com alterações anatômicas e/ou estruturais que interfiram na
progressão do cateter.

Complicações relacionadas ao CVC


 Pneumotórax;
 Hemotórax;
 Quilotórax;
 Infecção local;
 Tromboflebite;
 Endocardite;
 Ruptura;
 Sepse;
Os cateteres venosos geralmente são padronizados, quanto ao tipo, calibre e
indicação:

TIPO DE CATETER CALIBRE INDICAÇÃO


(FR - FRENCH)

Infantil Adulto

Cateter venoso central 4 Fr 7 Fr Acesso venoso central para


duplo-lúmen infusão de soluções.

Cateter venoso central 5 Fr 5 Fr Acesso venoso central para


mono-lúmen infusão de soluções.

Cateter venoso central - 11,5 Fr Acesso venoso central em


duplo-lúmen (Shilley) adultos, para realização de
hemodiálise e cirurgia cardíaca.

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Os cateteres mais comumente utilizados são os de calibre 3-5 Fr para


recém-nascidos, 5-7 Fr para lactentes e 7-12 Fr para crianças maiores e
adultos. O comprimento do cateter deve ser determinado pela profundidade de
inserção em relação aos pontos de referência anatômicos do cliente.

 O cateter deve conter o menor número de lúmens necessário, pois o risco de


infecção aumenta proporcionalmente ao número de lúmens.

 Conectar os dispositivos multivias o mais proximal possível da inserção do


CVC.

 A implantação do cateter venoso central será por meio de técnica de estéril;

 As veias a serem selecionadas por ordem de prioridade de inserção, serão:

RESPONSABILIDADES

Médico:

 Prescrever a implantação do CVC e os medicamentos que serão utilizados


durante o procedimento;
 Solicitar o kit de acesso venoso central
 Solicitar exame radiográfico e analisar o posicionamento do cateter;
 Prescrever as soluções/medicamentos que serão infundidas pelo CVC;
 Avaliar diariamente a necessidade da manutenção de uso do CVC;
 Prescrever a remoção do CVC e, se necessário, hemocultura e coleta da
ponta do cateter para análise microbiológica, caso haja suspeita de processo
infeccioso sistêmico e local.

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Enfermeiro:

Prescrever os cuidados de enfermagem quanto a administração de


medicamentos, curativos e troca do sistema infusional;
 Avaliar o sítio de inserção do CVC, diariamente, e registrar os achados na
ficha de acompanhamento;
Realizar coleta de amostra de sangue e administração de nutrição parenteral
e de hemocomponentes pelo CVC;
 Remover o CVC, quando indicado pelo médico;
 Capacitar a equipe de enfermagem para os cuidados com a manutenção do
CVC e troca dos sistemas de infusional;
 Supervisionar a equipe ao cumprimento das prescrições;
 Realizar curativo de CVC diariamente se curativo simples, e a cada 5-7 dias
se filme transparente.

Técnico de Enfermagem:

 Reunir os materiais para a implantação do CVC;


 Auxiliar o médico no procedimento de implantação do CVC;
 Implementar os cuidados prescritos pelo enfermeiro.

MATERIAL PARA INSERÇÃO DO CATETER

Material da paramentação médica:

 Avental estéril
 Luva cirúrgica
 Máscara
 Touca
 Escova com solução antisséptica

Material para implantação do CVC

 Cateter mono- lúmen (5,0 Fr) ou duplo-lúmen (7,0 Fr )


 01 Escova de clorexidina
 01 Pacote de gaze
 04 Seringa de 10mL
 01 Seringa de 20mL
 01 Agulha 40x12
 02 Agulha 13x4,5
 01 Soro fisiológico 0,9% 250mL frasco
 01 Clorexidina alcoólica 0,5% almotolia
 01 Conector de sistema fechado

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 02 Curativo transparente com borda reforçada estéril 10x12 cm


 01 Torneira 3 vias (three way)
 02 Equipo macrogotas
 01 Fio sutura mononylon 3-0
 01 Lâmina de bisturi nº 11
 01 Lidocaína 2% sem vaso de 5ml
 01 Agulha 25x7
 01 Seringa de 5ml

PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO – INSERÇÃO DE CVC


Descrição dos Procedimentos Justificativas
1. Explicar o procedimento a ser Diminuir a ansiedade e favorecer a
realizado e a sua finalidade ao paciente colaboração da criança e do familiar.
e/ou responsável e realizar o exame
físico específico (escolha da veia a ser
puncionada e o calibre do dispositivo de
punção).
2. Colocar o paciente posicionado em Facilitar a execução do procedimento
decúbito dorsal com as clavículas
alinhadas, se possível em
trendelemburg, e expor o local de
punção.
3. Monitorizar o paciente com o Observar os parâmetros clínicos.
oxímetro de pulso e ECG
(eletrocardiograma), quando necessário.
4. Paramentar-se com os EPI – Promover proteção individual
Equipamentos de Proteção Individual
(gorro, máscara cirúrgica e óculos
protetor), o profissional responsável e o
auxiliar
5. Realizar a higienização cirúrgica das Reduzir a transmissão de microrganismos.
mãos, conforme o procedimento
operacional padrão “Higienização
cirúrgica das mãos”.
6. Vestir o avental cirúrgico esterilizado, Manter procedimento asséptico.
com a ajuda de um profissional
circulante. O profissional auxiliar
também deverá vestir o avental
cirúrgico.
7. Calçar as luvas esterilizadas. Promover proteção individual e manter o
procedimento asséptico.
8. Solicitar ao profissional circulante Manter a luva do profissional responsável
para abrir a bandeja e colocar o restante esterilizada, assim como disponibilizar
dos materiais sobre ela, sem contaminá- todo material para o procedimento.
los.

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9. Separar os materiais cortantes dos Promover segurança durante a execução


não cortantes. do procedimento.
10. Preencher a luz do cateter com soro Evitar embolismo.
fisiológico 0,9%.
11. Fazer a antissepsia ampliada do local Remover a flora transitória e reduzir a
que será puncionado com clorexidina flora residente.
alcoólica 0,5% .
12. Colocar o campo esterilizado com a Maximizar área estéril.
fenestra sobre o local selecionado para
ser puncionado e os demais campos
cobrindo todo o corpo do paciente.
13.Identificar as estruturas anatômicas Evitar punção inadvertida
14. Fazer anestesia local com lidocaína a Evitar dor e desconforto no paciente.
2% sem vasoconstrictor na pele e no
trajeto de punção.
15. Inserir na pele a agulha conectada a Certificar a punção correta da veia.
seringa de 5 ml, com o bisel voltado para
cima com aspiração constante do
embolo da seringa (pressão negativa). A
punção venosa é feita com agulha pouco
calibrosa e o fluxo de sangue deve ser
contínuo
16. Através da agulha, inserir o fio-guia e Executar a técnica.
retirar a agulha.
18. O dilatador é retirado e o cateter Executar a técnica
passado por sobre o fio-guia, que é
retirado após o cateter atingir a posição
desejada.
19. Fixar o cateter à pele do cliente, Executar a técnica
através de sutura, e realizar curativo
oclusivo com gaze estéril e fita adesiva.
20. Manter o CVC salinizado ou sob a Executar a técnica
infusão de uma solução isotônica, para
manter veia, até a confirmação do
posicionamento do cateter pelo RX.
21. Realizar raios X para confirmar o Evitar eventos adversos.
posicionamento e liberar para uso.

CUIDADOS DE ENFERMAGEM COM CATETER VENOSO CENTRAL

 Realizar o curativo do sítio de inserção do CVC com técnica asséptica,


utilizar de preferência soro fisiológico 0,9% para a limpeza e clorexidina
alcoólica 0,5% para antissepsia do sítio de inserção do CVC.
 Realizar a troca do curativo, após o banho, respeitando o aprazamento
de acordo com o tipo de cobertura utilizado. Curativo com gazes - a
cada 24 horas, ou antes, se sujo ou solto

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 Curativo com filme transparente de poliuretano esterilizado - a cada 7


dias, ou antes, se sujo ou solto
 Identificar o curativo/fixação com data e nome do responsável à caneta
 Proteger o curativo durante o banho.
 Avaliar o local de inserção do cateter venoso diariamente, por meio de
inspeção (edema, sangramento, secreção, hematoma) e de palpação
(sensibilidade, calor e drenagem de secreção) para detecção de sinais
flogísticos. Registrar os achados em impresso próprio ou no formulário
de anotações de enfermagem.
 Lavar o lúmen do cateter (flushing) antes, entre e após a administração
de medicamentos, sangue e nutrição parenteral com soro fisiológico.
 Utilizar conectores de sistema fechado em cada extremidade do CVC.
 Utilizar vias exclusivas do CVC para a administração de nutrição
parenteral e hemocomponentes
 Trocar os equipos de infusão, respeitando o aprazamento instituído
 Identificar o equipo com data, horário e nome do responsável, logo
abaixo da ampola de gotejamento
 Descartar o equipo que for contaminado acidentalmente, durante a sua
manipulação
 Trocar os conectores (three way) e extensores em conjunto com o
equipo.
 Realizar a desinfecção dos conectores (three way) com álcool 70%, por
meio de fricção vigorosa, no mínimo, com três movimentos rotatórios,
utilizando gaze limpa ou sache, antes de administrar fluidos ou de
coletar sangue

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Distúrbios do equilíbrio hídrico

A água é um elemento essencial à homeostase corporal ,


correspondendo a cerca de 50 a 60% do peso corporal. Ela está distribuída nos
seguintes compartimentos:

• Líquido intracelular : cerca de


40% do peso corporal.

• Liq
́ uido extracelular : cerca de
20% do peso corporal, dividida em
5% no meio intersticial e 15% no
meio intravascular.

Disfunções do metabolismo corporal (seja pela redução ou excesso )


podem levar a um desequilib
́ rio destes percentuais de distribuição hid
́ rica no
organismo, podendo provocar distúrbios do equilib ́ rio hid
́ rico , seja
desidratação, edema ou intoxicação hid
́ rica.

A ocorrência desses distúrbios nas unidades de terapia intensiva é constante ,


tanto pela gravidade das patologias quanto pelos procedimentos terapêutico s
instituídos. Mudanças mínimas nas concentrações normais , se não
reconhecidas e tratadas , podem trazer graves prejuízos ao paciente , como
arritmias, edema cerebral , convulsões, entre outros , interferindo diretamente
nos iń dices de morbimortalidad e. A equipe de enfermagem possui um papel
primordial na detecção precoce desses distúrbios, pois a intervenção imediata
garante o restabelecimento dos parâmetros vitais do paciente.

PRINCIPAIS CAUSAS DOS DISTÚRBIOS DO EQUILÍBRIO HÍDRICO


Distúrbios do Desidratação Edema Intoxicação
equilíbrio hídrico hídrica
DEFINIÇÃO Diminuição na Aumento da Aumento da
quantidade total de presença de quantidade de
água corpórea , com água no espaço água total
hiper, iso ou intersticial (o corporal,
hipotonicidade dos valor de água causando
fluidos orgânicos neste espaço é aumento da
cerca de 5% do quantidade de
peso corpóreo ) solvente em
ou intracelular relação aos
solutos orgânicos
ETIOLOGIA Perdas As disfunções Causada pela
gastrintestinais hepáticas, excessiva
(diarreia, vômitos, cardíacas e ingestão de água

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aspiração gás trica) renais são as em um individ


́ uo
geniturinárias mais comuns com baixa diurese
(poliúria, doença de
Addison, diabetes,
terapia com
diuréticos),
tegumentares
(sudorese
abundante,
queimaduras) e por
ingestão insuficiente
de água
SINAIS E SINTOMAS Sede (aparece com Sensação de precoces:
a perda de 2% do peso no náuseas, astenia,
peso corporal) membro diminuição do
afetado débito urinário e
 Precoces: Aumento do aumento ponderal
mucosas e pele diâmetro tardios: convulsão
secas, oligúria e regional e coma
diminuição da presença de
elasticidade cutânea cacifo
;

 Tardios:
taquicardia,
hipotensão postural,
pulso filiforme ,
obnubilação, febre,
coma, choque
hipovolêmico Morte
CUIDADOS DE Classificar o grau da Avaliar o grau investigar
ENFERMAGEM desidratação: leve, de edemas possíveis
moderada ou grave periféricos presenças de
repor o volume segundo suas edemas
perdido segundo localizações periféricos ou
prescrição médica Administrar pulmonares
repor os sais de diuréticos realizar balanço
acordo com a segundo hídrico
necessidade do prescrição Administrar
paciente e segundo médica realizar manitol segundo
prescrição médica balanço hídrico prescrição médica
realizar balanço
hídrico

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DISTÚRBIOS DO EQUILÍBRIO ELETROLÍTICO

PRINCIPAIS DISTÚRBIOS ELETROLÍTICOS


Distúrbio Definição Etiologia Sinais e Cuidados de
eletrolítico sintomas enfermagem
Hiponatremia Taxa de Pode ser Confusão Na hiponatremia
sódio causada por mental, por redução de
abaixo de deficiência de alterações de Na+, repor sódio
135 mEq/l sódio, por personalidade, conforme
no LEC diluição pelo coma, oligúria. prescrição médica.
excesso de
água ou por
estes fatores
combinados
Hipernatremia Taxa de Casos em que Mucosas secas, Realizar balanço
sódio a perda de sede, hipotonia hídrico
acima de água é maior muscular, Orientar na
145 meq/l do que a de câimbras, ingestão de dieta
no LEC sódio (diarreia, tremor, hipossódica Avaliar
vômitos, confusão alterações do
diabetes, mental, hiper- comportamento,
febre, reflexia, como agitação ,
hiperventilaçã alucinações e desorientação e
o, etc.) febre. letargia
Reposição Observar sede
insuficiente relacionada com
das perdas outros sinais
hídricas clínicos
Administração
de excesso de
soluto
Hipocalemia ou Taxa de Perdas Fadiga, Realizar
Hipopotassemia potássio gastrintestinai anorexia, eletrocardiograma
sérico s (vômitos, câimbras, para rastrear
inferior a aspiração motilidade possíveis
3,5 mEq/l gástrica, intestinal alterações de
diarreia), diminuída, traçado
ileostomia vômitos, Repor potássio por
Recente e uso náuseas, via oral (dieta,
de diuréticos parestesias e xarope) ou por via
tiazídicos disritmias intravenosa
Suspender uso de
laxativos e
diuréticos se
necessário
conforme
prescrição médica
Coletar amostra de
sangue para dosar
níveis de potássio

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com periodicidade
Hipercalemia ou Taxa de Iatrogenias Fraqueza Realizar
hiperpotassemia potássio função renal muscular eletrocardiograma
sérico alterada. Alterações do de controle com
superior a trato periodicidade
5,5 mEq/l gastrointestinal, Monitorização
como náuseas cardíaca contínua ,
e cólicas se necessário
distúrbios da
condução
cardíaca
Hipocalcemia Taxa Osteoporose, Tetania, Monitoramento das
sérica de hipoparatireoid sensações de vias aéreas
cálcio ismo, pós- formigamento Atentar para nível
abaixo de paratireoidecto nas pontas dos de consciência e
8,5 mg/dl mia, dedos, na boca convulsões
pancreatite, e nos pés e Atentar para risco
insuficiência sinais de de quedas
renal, Trousseau e
insuficiência Chevostek
de vitamina D
Hipercalcemia Taxa Tumores Fraqueza Monitoramento
sérica de malignos muscular, cardíaco contínuo
cálcio Hiperparatireoi descoordenaçã Controle do pulso
acima de dismo o, confusão quanto a quaisquer
10,5 mg/dl mental, anormalidades
anorexia, Atenção durante a
náuseas, administração de
constipação e digitálicos
parada
cardíaca

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DISTÚRBIOS ÁCIDO-BASE

Os desequilíbrios de ácidos e bases são frequentemente observados em


pacientes críticos,como resultado de alterações respiratórias e metabólicas
relacionadas a doenças, distúrbios hidroeletrolíticos, distúrbios renais,
intervenções e tratamentos como ventilação mecânica, infusões de
medicamentos diversificados(sedativos,opióides,antiácidos, diuréticos), entre
outros.

Os níveis de ácidos e bases no organismo são fundamentais para a


manutenção do pH(concentração do íon hidrogênio no plasma) em limites
compatíveis com os processos vitais. Os sistemas pulmonar e renal são
responsáveis pela eliminação do hidrogênio (H+) produzido durante o
metabolismo celular.

O íon hidrogênio(H+) é uma substância ácida responsável por acelerar o


processo metabólico das nossas células, após ser utilizado é excretado de
duas formas através do pulmão(respiração) e rins(urina):

41
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Já o íon bicarbonato(HCO3-) é
a base mais comumente encontrada
no sangue humano e sua
concentração é regulada pelos rins.
Quando o pH do nosso sangue está
muito ácido, um dos mecanismos do
nosso organismo é liberar o
bicarbonato na corrente sanguinea
afim de manter um equilibrio (acido-
base) e o corpo funcione em perfeita
homeostasia.

42
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 Baseado na escala anterior, consideramos fisiológico o SANGUE que


está entre as faixas de pH entre 7,35 a 7,45.

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Resumindo...

 Condições evidenciadas pela gasometria arterial anormal

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45
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INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA

Introdução

A disfunção respiratória é uma das situações crit́ icas mais comuns com
necessidade de internação em UTI . A falência de um dos componentes
primários do sistema respiratório , seja da troca gasosa na membrana
alveolocapilar ou da bomba ven - tilatória, pode resultar em quadro de
insuficiência com necessidade de suporte ventilatório para manutenção das
trocas e redução do trabalho respiratório.

Definição

A insuficiência respiratória (IR) é uma condição clínica na qual o sistema


respiratório não consegue manter os valores da pressão arterial de oxigênio
(PaO2) ou da pressão arterial de gás carbônico (PaCO2) nos limites de
normalidade para dada demanda metabólica

Classificação

 Tipo I ou hipoxêmica
 Tipo II ou hipercápnica.
 Mista

 Insuficiência Respiratória tipo I ou (hipoxêmica): É caracterizada


pela redução dos níveis de oxigênio, levando a hipoxemia (PaO2 < 60
mmHg). Geralmente os distúbios fisiopatológicos responsáveis por este
tipo de IRA são: pneumonias, edema pulmonar, embolia pulmonar,
quase afogamento, DPOC em exacerbação ,asma grave ,pneumotórax,
obstrução de vias aéreas(corpo estranho), derrame pleural, pnemotorax,
hemotórax, etc.

 Insuficiência Respiratória tipo II ou (hipercapnica): ocorre aumento


do niv́ el de gás carbônico (PaCO2 > 50 mmHg) em razão da falência

46
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ventilatória, existe em situações em que não há comprometimento


pulmonar, como nas doenças neuromusculares (Síndrome de Guillian-
Barré, miastenia gravis) e na depressão do centro
respiratório(sedativos, anestésicos), malformações da caixa
torácica,DPOC, etc.

 Insuficiência Respiratória mista: Quando há hipoxemia grave


associada a retenção de CO2. O paciente apresenta a soma do quadro
casual, sintomático da hipercapnia + hipoxemia.

Quadro clínico geral da Insuficiência Respiratória

 Dispneia
 Taquipneia
 Manifestações neurológicas
 Cianose
 Coma
 Morte

 Sinais e sintomas da hipoxemia: IRa tipo I


 Taquipnéia
 Dispnéia
 Taquicardia
 Hipertensão
 Agitação
 Sonolência
 Convulsões
 Bradicardia
 Coma
 PCR
 Cianose

 Sinais e sintomas da hipercapnia: IRa tipo II


 Sudorese
 Dispnéia
 Fadiga
 Taquicardia
 Confusão mental
 Coma
 PCR

47
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Diagnóstico
Quadro clinico
Exames de imagem : RX de tórax
Exames laboratoriais: Gasometria arterial

Tratamento

 O tratamento da insuficiência respiratória


envolve suporte ventilatório invasivo ou não
invasivo e manutenção das vias
aéreas(aspiração), além do acompanhamento
da evolução do paciente . O ajuste de
parâmetros ventilatórios é guiado pela avaliaçã o
clínica e por exames laboratoriais , como a
gasometria arterial.

OXIGENOTERAPIA NÃO INVASIVA

A oxigenoterapia consiste na administração de O2 numa concentração


de pressão superior à encontrada na atmosfera ambiental para corrigir e
atenuar deficiência de O2 ou hipóxia, aplicada tanto em situações clínicas
agudas quanto crônicas.

A razão mais comum para a utilização da oxigenoterapia é a


insuficiência respiratória aguda (IRpA), em que há impossibilidade do
sistema respiratório manter os valores da pressão arterial de oxigênio
(PaO2) e/ou da pressão arterial de gás carbônico (PaCO2)

O principal objetivo da oxigenoterapia é aumentar a quantidade de O2


carreado no sangue pelas hemoglobinas até o tecido, ou seja, visa-se
reverter o quadro de hipóxia tecidual, que se caracteriza pela diminuição
dos níveis de O2 existentes nos tecidos e órgãos, não havendo O2
suficiente para realização das funções metabólicas normais, ocasionando a
morte celular.

Principais indicações:

 Situações de hipoxemia:
 PaO2 ‹ 60mmHg e SatO2 ‹ 90% em ar ambiente e repouso
 SatO2 < 88% durante exercícios ou sono em cardiopatas ou
pneumopatas
 Parada Cardiorrespiratória
 Redução do trabalho cardiopulmonar excessivo

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 Intoxicação por gases (CO)


 Traumatismos graves
 Angina instável
 Recuperaçãopós-anestésica (procedimentos
cirúrgicos)
 Insuficiência respiratória aguda ou crônica
agudizada)
 Insuficiência cardíaca congestiva (ICC)
 Apneia obstrutiva do sono

Sistemas de administração para realização da oferta de O2 suplementar:


sistema de baixo fluxo, sistema de alto fluxo e nebulização

A forma de administração da oxigenoterapia irá depender de diversos


fatores, dentre eles: se o paciente é respirador oral ou nasal, do fluxo
necessário a ser ofertado, do grau de desconforto respiratório do paciente, da
gravidade da hipoxemia, da necessidade ou não de umidificação e,
principalmente, deve-se levar em consideração a tolerância do paciente.

Para garantir uma oferta adequada de O2, deve-se, inicialmente, posicionar


o paciente de maneira correta, o mais reto possível, na posição supino, com a
cabeceira elevada à 45-60º, o mais confortável possível

Após o posicionamento, deve-se atentar à patência de vias aéreas. É de


suma importância para o sucesso na oxigenoterapia, a via aérea do paciente
esteja pérvia, ou seja, sem obstruções, como secreções. Por isso, antes
mesmo da oferta de O2 ou do aumento do fluxo ofertado ao paciente, deve-se
realizar a higienização das vias aéreas, seguidas pela aspiração da via aérea,
se necessário.Faz-se necessário o uso da umidificação.

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 Sistemas de baixo fluxo

 Cateter Nasal ou nasofaingeo

Dispositivo constituído por um tubo plástico fino, no qual em sua extremidade


distal há diversos orifícios pelos quais o O2 é entregue à traqueia do paciente.
Esse cateter deve ser introduzido na cavidade nasal a uma distância
equivalente ao comprimento entre o nariz e o lóbulo da orelha.

Vantagens: Barato, fácil de adquirir, não dificulta a fala e a deglutição.

Desvantagens: Deve ser removido e substituído a cada 8 horas, permite um


fluxo de 1-5 L/min, irritação da nasofaringe, náuseas e vômitos.

 Cateter tipo óculos ou cânula nasal

Dispositivo constituído por um tubo plástico com duas saídas de ar que


devem ser colocadas nas narinas do paciente, para oferta de O2. FiO2 ofertada
de 24% a 40%.

Vantagens: confortável por longos períodos de tempo, não impede a fala, a tosse

Vantagens: É leve e bem tolerada e não interfere com a fala e a alimentação.

Desvantagens: permite um fluxo de O2 de 1 a 5 L/min, utilizado apenas por


pacientes que são respiradores nasais, pode causar irritação de mucosa nasal

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quando ofertados fluxos maiores, ressecamento, dermatites e até sangramento


nasal.

 Máscara facial simples

Dispositivo de oferta de oxigênio através de uma máscara conectada a um


umidificador através de um circuito. FiO2 ofertada de 40% a 60%.

Vantagens: abrange nariz e boca, podendo ser utilizado nos pacientes


respiradores nasais e orais, permite fluxos mais altos de 4 a 15L/min, sendo
que na literatura visa-se utilizar essa máscara com um fluxo até 8 L/min

Desvantagens: dificulta fala, deglutição e expectoração, sensação de


claustrofobia, requer um correto posicionamento e fixação

 Máscara de traqueostomia

Interface que consiste em uma máscara que deve ser posicionada


diretamente sobre a traqueostomia do paciente. Essa máscara é conectada ao
umidificador através de um circuito.

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Vantagens: Dispositivo de baixo fluxo(6/8 l/min) utilizado para pacientes


traqueostomizados,concentração de 40 a 60%, não causa desconforto para
o paciente.

Desvantagens: requer uma adequada fixação da máscara na direção da


traqueostomia, correta higienização da interface, pode ocasionar úlcera por
pressão na região da fixação da máscara, requer umidificação contínua.

 Máscara com Reservatório

Consiste em uma máscara acoplada diretamente a uma bolsa inflável.


Deve ser utilizada quando for necessário oferta de fluxos de 7 a 10 L/min (FiO2
60% a 100%).

Máscara sem reinalação,


que possui uma válvula
unidirecional entre a máscara e a
bolsa inflável, na qual permite a
passagem apenas de O2 em um
único sentido, do reservatório à
máscara, impedindo assim, a
passagem de CO2 para a bolsa
inflável, e consequentemente a
reinalação de CO2. Esta máscara
permite uma FiO2 de 60 a 100% e
deve-se haver um fluxo suficiente
para evitar o colapso do
reservatório;

Máscara com reinalação parcial, que não


possui a válvula unidirecional, portanto, há uma
mistura de gases (O2 e CO2) no reservatório
havendo a reinalação de CO2 pelo paciente. A
máscara permite uma FiO2 de 60 a 80%, e faz-se
necessário um fluxo de O2 adequado para esvaziar
somente um terço do seu conteúdo no reservatório.

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 Sistema de alto fluxo

 Máscara de Venturi

Único sistema de alto fluxo que permite fornecer concentrações


controladas de oxigênio (FiO2 conhecidas que variam de 24 a 50%. Além
disso, esse dispositivo requer uma umidificação, devido à entrega de altos
fluxos de O2 diretamente na traqueia do paciente.

A cor do dispositivo reflete a concentração de oxigênio

Vantagens: É leve e bem tolerada pelo paciente. Protege contra dosagens


nocivas de oxigênio

Desvantagens: Desloca-se facilmente, dificulta a fala e impossibilita o paciente


durante alimentação por via oral.

 Sistema de nebulização ou aerossolterapia

 Administração via inalatória de fármacos na forma de


aerossol
 Geralmente realizada através do ar comprimido
 Fluxo de ar (fluxômetro) deverá ser suficiente para
produzir névoa( 5 a 6L/min)

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Finalidade
 Umidificar o ar inspirado
 Oferecer aporte de oxigênio
 Fluidificar secreções
 Administrar medicamentos

O sistema de nebulização pode ser acoplado:

 Máscara de Venturi
 Máscara de TQT
 Aparelho de ventilação não-invasiva (BIPAP)
 Ventiladores mecânicos (final do ramo da conexão em Y)

 Efeitos dos oxigênio

Efeitos Benéficos

Sabe-se que o uso da oxigenoterapia acarreta diversos efeitos positivos,


dentre eles :

 Melhora da troca gasosa pulmonar;


 Melhora do débito cardíaco;
 Diminuição da resistência arterial pulmonar;
 Diminuição do trabalho da musculatura cardíaca.

Efeitos Deletérios

Além dos efeitos positivos, a oxigenoterapia pode ocasionar diversos


efeitos deletérios, sendo por isso, considerado um medicamento. Dependendo
do tempo e da concentração de O2 inadequados, que o paciente ficará
exposto, poderá acarretar alterações no Sistema Nervoso Central, Respiratório
e Cardiovascular

Os principais efeitos deletérios ocasionados pelo uso inadequado da


oxigenoterapia são:

 Toxicidade pulmonar:
 Depressão do sistema respiratório
 Atelectasias por absorção
 Diminuição do surfactante pulmonar

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VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA E NÃO INVASIVA

 BREVE HISTÓRICO DA VENTILAÇÃO MECÂNICA(VM)

A história da ventilação mecânica (VM) teve


início a partir da década de 1920, quando Philip
Drinker conduziu experimentos para o
desenvolvimento de um suporte ventilatório .
Embora séculos antes já fossem descritas
insuflações rí tmicas em pulmões de animais
através de um tubo ins erido na traqueia , foi no
início da década de 1950 que a epidemia de
poliomielite possibilitou que a invenção de Drinker
se popularizasse . O “pulmão de aço” , como ficou posteriormente conhecido o
primeiro ventilador mecânico utilizado , consistia basicamente em um tanque
em que o paciente era inserido ; em seu interior , a alternância de pressão
positiva e negativa permitia a respiração do paci ente, demonstrando a
efetividade do suporte ventilatório

Algum tempo depois, a ventilação mecânica com pressão positiva mostrou -


se superior e, assim, foi desenvolvido um novo aparato para o manejo desses
pacientes. O uso de pressão positiva mostrou ainda algumas vantagens diante
do aumento de resistência das vias aéreas e da redução da complacência
pulmonar. O desenvolvimento de novos equipamentos e o avanço na intubação
traqueal difundiram seu uso . Na década de 1960, com a determinação da
concentração de gases sanguíneos por Thomas Petty , o potencial da VM com
pressão positiva na melhora da oxigenação foi finalmente reconhecido.

DEFINIÇÃO

A ventilação mecânica é compreendida como a


manutenção da oxigenação e/ou da ventilação dos
pacientes de maneira artificial até que estes estejam
capacitados a reassumi-las. É utilizada como forma de
aumentar a oferta de O2 tendo como finalidade:

 Garantir troca gasosa adequada;


 Corrigir a hipoxemia e a acidose respiratória associada à hipercapnia;
 Aliviar o trabalho da musculatura respiratória , reduzindo o desconforto
respiratório;
 Reverter ou evitar a fadiga da musculatura cardiorespiratória;
 Estado mental, Glasgow <8
 PCR

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 Permitir a aplicação de terapêuticas específicas que requeiram


administração de anestésicos e bloqueadores neuromusculares

A inadequada troca dos gases oxigênio e carbônico leva à incapacidade


do organismo em manter os valores de pressão arterial de oxigênio
(PaO2) e de gás carbônico (PaCO2) para determinada demanda
metabólica, levando à insuficiência respiratória.

Efeitos adversos da ventilação mecânica

 Barotrauma
 Alterações hemodinâmicas e cardiológicas: hipotensão,
alterações de ritmo
 Aumento da pressão intra-abdominal: alterações gastrintestinais,
renais, hepáticas etc.
 Redução dos mecanismos de higiene bronquial (tosse e cílios)
 Aumento do risco de infecção
 Efeitos neurológicos: aumento da pressão intracraniana, redução
da perfusão cerebral
 Complicações psicológicas: estresse, insegurança, ansiedade,
tremores

CLASSIFICAÇÃO DA VENTILAÇÃO MECÂNICA

Atualmente, o suporte ventilatório é classificado em dois grandes grupos :


ventilação mecânica invasiva (VMI) e ventilação mecânica não invasiva (VMNI).
A diferença entre os dois tipos é a forma de administração da pressão positiva ,
que utiliza uma prótese introduzida na via aérea, no caso da ventilação
invasiva, ou de uma interface e não invasiva.

VNI VMI

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INDICAÇÕES DA VENTILAÇÃO MECÂNICA

A VMI está indicada em casos de:

 Hipoventilação e apneia;
 Insuficiência respiratória e hipoxemia refratária a oxigenoterapia;
 Falência mecânica do aparelho respiratório;
 Aumento do trabalho muscular respiratório e fadiga muscular;
 Reanimação por parada cardiorrespiratória.

A VNI está indicada em casos de:

 Exacerbação da DPOC
 Exacerbação da asma
 Edema agudo de pulmão
 Pós extubação

 Para entender bem como funciona a ventilação mecânica, é


fundamental conhecer as quatro fases do ciclo respiratório:

Fase Mudança da
inspiratória fase inspiratória
para expiratória

Mudança da Fase
fase expiratória expiratória
para
inspiratória

1. FASE INSPIRATÓRIA: O Ventilador insufla os pulmões do doente, ou seja , é


a entrada do ar nos pulmões. No final esta pode prolongar-se (pausa
inspiratória) melhora das trocas gasosas.
2. CICLAGEM:Mudança da fase inspiratória para expiratória. O ventilador
interrompe a fase inspiratória, iniciando a fase expiratória.
3. FASE EXPIRATÓRIA: De forma passiva o ventilador permite o esvaziamento
dos pulmões,ou seja, é a saída do ar dos pulmões para o aparelho.
Mantendo uma pressão expiratória final(PEEP).
4. DISPARO:Mudança da fase expiratória para inspiratória, há uma
interrupção da fase expiratória, iniciando a fase inspiratória (novo ciclo)

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 PARÂMETROS VENTILATÓRIOS

 PARÂMETROS: PRESSÃO INSPIRATÓRIA E EXPIRATÓRIA

PRESSÃO INSPIRATÓRIA PRESSÃO POSITIVA EXPIRATÓRIA


FINAL (PEEP)
É a pressão utilizada para
enviar o gás para dentro dos É pressão positiva ao final da
pulmões. Promove a expansão expiração. Também pode ser utilizada
e/ou reexpansão das vias para evitar, minimizar ou reverter os
aéreas colapsadas colapsos alveolares. Comumente, o
valor ajustado é 5cm/H2O, porém
pode ser aumenta para melhorar a
oxigenação

 PARÂMETROS: TEMPO INSPIRATÓRIO E EXPIRATÓRIO

TEMPO INSPIRATÓRIO TEMPO EXPIRATÓRIO

É o período de tempo em que


será enviada a pressão para os
pulmões. Deve ser ajustada É o tempo utilizado para realizar a
conforme a idade: saída do ar dos pulmões

 Neonato: 0,5s
 Pediatria: 0,8 a 1s
 Adulto: 1,0 a 1,5s

Relação I:E (é a consequência dos ajustes do tempo inspiratório e


expiratório, sendo a mais fisiológica 1:2;1:3)

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 PARÂMETROS: VOLUME CORRENTE

VOLUME CORRENTE

É a quantidade de ar inspirado ou expirado durante um ciclo respiratório.


O volume corrente pode ser calculado através do peso do paciente
(aproximadamente 6 a 8ml/Kg)

 PARÂMETROS: FRAÇÃO INSPIRADA DE OXIGÊNIO( FiO2)

FiO2

É a fração inspirada de oxigênio em uma mistura de gás. Inicialmente a


FiO2 pode ser aumentada, para atingir uma PaO2(Pressão parcial de
oxigênio) ≥ 60mmHg, porém deve ser reduzida para evitar os danos
relacionados a toxicidade do O2.

 PARÂMETROS: FLUXO INSPIRATÓRIO

FLUXO INSPIRATÓRIO

É a velocidade com que a mistura gasosa é administrada pelo ventilador


durante a inspiração.

PARÂMETROS: FREQUÊNCIA
FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA

Número de ciclos respiratórios (inspiração e


expiração) por minuto.
Sempre que possível à frequência ajustada deve
ser próxima da frequência normal para a idade.

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PARÂMETROS: SENSIBILIDADE
SENSIBILIDADE

É um parâmetro que determina a intensidade do esforço inspiratório


necessário para disparar o ventilador. Pode ser por pressão ou fluxo.

PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DA VM

Ao combinar esses parâmetros, podemos identificar princípios importantes de


funcionamento do aparelho de ventilação :

A quantidade de ar entregue pode ser DISPARADO pelo tempo, pressão ou


fluxo.

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 Disparo pelo tempo

O ventilador determina o início da inspiração por um critério de


tempo, estipulado através do comando frequência respiratória.
Nesse caso o paciente não tem “drive respiratório”.

Exemplo: Sedação

 Disparo por pressão


O início da inspiração é ativado pela alteração da pressão(cmH2O) que o
paciente realiza. Neste caso deve ser feito o ajuste do parâmetro
“sensibilidade”.

 Disparo por fluxo


O início da inspiração é ativado pelo fluxo(l/min) que o paciente realiza.
Neste caso também deve ser feito o ajuste do parâmetro “sensibilidade).

PRINCIPAIS MODALIDADES VENTILATÓRIAS


(Modos como o ventilador pode operar)

A ventilação mecânica invasiva pode ser utilizada em 3 modalidades


principais de funcionamento:

 Assisto/controlada
 SIMV
 Pressão de suporte

Cada modalidade pode operar com volume controlado e/ou pressão


controlada

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Volume controlado:Determinamos o volume de ar e o fluxo que entrará nos


pulmões, a pressão gerada é consequência dessa quantidade de volume.

Pressão controlada: Determinamos o quanto de pressão inspiratória e o


tempo que esta pressão ficará dentro dos pulmões.

 Modalidade Assisto/Controlada

 O que é?

É uma modalidade na qual os ciclos ventilatórios são disparados e/ou ciclados


pelo ventilador. Quando o disparo é realizado pelo aparelho(através da
frequência respiratória pré-determinada), o modo é controlado. Quando o
disparo é realizado pelo paciente, o modo é assisto/controlado.

 Indicação

É indicado em situações em que o paciente tenha um esforço inspiratório,


contudo com uma musculatura respiratória incapaz de realizar todo o trabalho
respiratório para manter uma ventilação adequada.

 Possíveis reações

Existe a possibilidade de assincronia paciente/ventilador devido ao fato que o


paciente pode alterar a frequência respiratória programada, mas não o quanto
de ar entra nos pulmões, pois este depende dos parâmetros ajustados.

 Modalidade SIMV (Ventilação sincronizada mandatória intermitente)

 O que é?

Esse modo permite que o ventilador aplique os ciclos mandatórios pré-


determinados em sincronia com o esforço inspiratório do paciente. Se o
paciente não disparar o ciclo, será disparado pelo ventilador.

 Indicação
O paciente tem um drive respiratório, mas não consegue sustentar durante
todo o período de ventilação espontânea,às vezes necessita do auxílio do
respirador.

 Possíveis reações

Como o paciente participa mais da ventilação, leva uma menos ocorrência da


atrofia da musculatura respiratória.

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Os efeitos cardiovasculares da ventilação mecânica são menos evidentes no


SIMV que no modo A/C( assisto/controlada).

 Modalidade Pressão de Suporte(PS)

 O que é?
Todos os ciclos respiratórios são espontâneos, ou seja, disparados e
ciclados pelo paciente. O ventilador assiste a ventilação mecânica, através
de uma pressão positiva pré-determinada durante a inspiração.
Comumente uma modalidade utilizada em processo de extubação.

 Indicação
Indicada para pacientes que possuem drive respiratório, e que tenha uma
musculatura conservada.

 Possíveis reações
Preserva a musculatura respiratória, porém pode levar a hipoventilação,
fadiga muscular.

 CUIDADOS DE ENFERMAGEM AO PACIENTE SUBMETIDO À VM


 Realizar controle de SSVV 2/2 horas, controle de volume urinário,
avaliar nível de consciência;
 Observar padrão respiratório:anotar parâmetros do
ventilador(modalidade,FiO2,Volume corrente,frequência
respiratória, Peep e pressão de suporte)
 Observar perfusão periférica e monitorizar oximetria
 Manter decúbito a 45 graus, fixar a cânula endotraqueal com
cadarço próprio, e anotar o número da rima, rodiziando o local de
fixação.
 Realizar higiene oral 3X dia com solução própria
 Realizar as trocas de fixação pelo menos 1Xdia(durante o banho)
 Sempre fixar cânula endotraqueal ao centro da boca,colocar gazes
para proteção da pele.
 Explicar todos os procedimentos ao paciente e familiares
 Desenvolver um método de comunicação para que o paciente
opine sobre seus cuidados.
 Verificar a colocação do TET , verificando se a marca no final do
tubo está posicionada conforme registrado no momento da
entubação, para impedir o deslizamento para baixo ou para fora do
alinhamento apropriado acima da carina.
 Garantir que o TET esteja fixado de forma segura para evitar a
extubação acidental

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 Mudar o paciente de decúbito , para evitar lesões de pele e


pneumonia associada a ventilação mecânica.
 Proporcionar higiene oral e buscar por lesões de pele ao redor da
via aérea , para evitar a pneumonia associada à ventilação
mecânica (PAVM)
 Manter um ventilador manual (ambú) à beira do leito em todos os
mo- mentos para utilizar no suporte ao paciente em caso de
problema elétrico ou no ventilador

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PRINCIPAIS DROGAS UTILIZADAS EM UTI

Princípios que norteiam a administração de medicamentos

A administração deve ser realizada com eficiência , segurança e


responsabilidade, para alcançar os objetivos da terapêutica implementada e ,
dessa forma, melhoria no quadro clínico do cliente . Para tanto, deve-se ter
conhecimento de alguns dados desse processo:

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 ANTIARRÍTMICOS

 Amiodarona
Um agente antiarrítmico, utilizado no tratamento das
arritmias ventriculares e de taquiarritmias
ventriculares com repercussão hemodinâmica
refratárias a outros tratamentos.

 Reações adversas:
 Hipotensão arterial.
 Parada cardiorrespiratória.
 Choque cardiogênico
 Insuficiência cardíaca congestiva.
 Bradicardia.
 Taquiarritmias ventriculares.
 Bloqueio atrioventricular.

 Intervenções de enfermagem:
 No inić io da terapia ou durante o ajuste da
dose, deve-se monitorar a pressão
arterial, frequência cardia
́ ca e ritmo cardia
́ co.
 Diante de qualquer alteração , a equipe médica deverá ser avisada
imediatamente.
 As soluções de amiodarona preparadas em bolsas de PVC e infundidas
em equipos do mesmo material têm perda significativa do fármaco ,
cerca de 40% ao longo de 12 horas.

 Lidocaína

Anestésico sistêmico e tópico ,antiarrítmico. Usado


para suprimir a irritabilidade ventricular , reduz a
automaticidade e eleva o limiar de fibrilação ventricular.
Trata também a taquicardia ventricular sem pulso.

 Reações adversas:
 Arritmias cardíacas.
 Hipotensão arterial
 Bradicardia.
 Convulsão.
 Tremor.
 Letargia.
 Sonolência
 Parestesias.

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 Assistolia.

 Intervenções de enfermagem:
 Monitoração contínua de ECG e de PA.
 Monitoração contínua da velocidade de infusão.
 Manter próximo do leito carro de emergência.

 ANALGÉSICOS

 Tramadol

Analgésico de ação central . Liga-se a


receptores opioides , inibe as receptações
de serotonina e noradrenalina no SNC.
Uso IV ou VO.

 Reações adversas:
 Sudorese.
 Vasodilatação.
 Tontura.
 Cefaleia.
 Sonolência.
 Constipação intestinal.
 Sensação de mal-estar generalizado em infusão rápida.

 Intervenções de enfermagem:
 Monitorar, antes e após a administração, a PA e a função ventilatória.

 Morfina

Analgésico opioide utilizado para dor intensa, sedação


pré-anestésica, controle da dor associada ao IAM.

 Reações adversas
 Agitação psicomotora.
 Ansiedade.
 Elevação da frequência cardíaca.
 Elevação ou redução da pressão arterial.
 Dispneia.
 Sedação.
 Sonolência.
 Sudorese.
 Tontura.

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 Palpitações.
 Inquietação.
 Tremores.
 Dependência.

 Intervenções de enfermagem:
 Monitoração da função ventilatória (frequência e profundidade).
 Monitoração do ritmo e da frequência cardíaca.
 Na administração intramuscular, utilizar preferencialmente a região
glútea.
 Orientar para que o cliente mude de decúbito lentamente para minimizar
a hipotensão postural

 Fentanila
Analgésico narcótico que se caracteriza por possuir
as propriedades de rápido inić io de ação e curta
duração.

 Reações adversas:
 Depressão ventilatória e apneia
 Rigidez muscular.
 Bradicardia.
 Hipotensão arterial.
 Arritmias ventriculares.
 Sedação
 Distensão abdominal.

 Intervenções de enfermagem:
 Monitoração contínua para reações de hipersensibilidade, como
convulsões e/ou arritmias cardíacas.
 Monitoração da função ventilatória

 SEDATIVOS

 Midazolam

Benzodiazepínico frequentemente utilizado em UTI para sedação em


clientes acoplados em ventilação mecânica , e, graças a sua propriedade de
propor- cionar amnésia , também utilizado para procedimentos invasivos e
traumáticos, como, por exemplo, intubação endotraqueal, cardioversão elétrica,
endoscopia digestiva, broncoscopia e outros.

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 Reações adversas:
 Arritmias cardia
́ cas.
 Laringoespasmo.
 Redução da PA.
 Depressão ventilatória e apneia(em casos de dose
elevada ou administração rápida).
 Náuseas.
 Êmese.

 Intervenção de enfermagem:
 A administração intravenosa deve ser executada lentamente, sob
supervisão médica e com materiais e equipamentos de suporte à mão.
 Monitorizar SpO2 e sinais vitais

 Propofol

Emulsão lipídica que atua como sedativo e hipnotico


de ação breve.

 Reações adversas:
 Acidose respiratória.
 Bradicardia.
 Hipotensão arterial.
 Convulsões.
 Depressão ventilatória e apneia.
 Edema pulmonar.
 Tonturas.
 Êmese.

 Intervenções de enfermagem:
 Antes e durante a administração , deve-se próximo ao leito material e
equipamento de reanimação cardiorrespiratória.
 Administrar lentamente, observando as reações do cliente.
 Administrar em via exclusiva (a solução lipídica favorece a proliferaç ão
rápida de microrganismos).
 A administração da solução deve ser concluída em até 12 horas após
aberto o frasco.
 O equipo de infusão e o volume residual do frasco que não utilizados
devem ser descartados

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 DROGAS VASOATIVAS(DVAS)

 Dobutamina

Agonista β-adrenérgico. É uma catecolamina sintética que


possui efeito inotrópico, pouco cronotrópico e vasodilatador
com dose -dependente. Aumenta a contratilidade do miocárdio
por estimulação β-adrenérgica, não ativa receptores
dopaminérgicos, não liberando noradrenalina . É de grande
importância na terapêutica da insuficiência cardíaca congestiva
e em situações de baixo débito cardia
́ co . Melhora o fluxo
coronariano com consequente au - mento da oferta de oxigênio
ao miocárdio. A elevação da dose aumenta a FC , aumentando
o consumo de oxigênio pelo miocárdio.

 Reações adversas:
 Angina.
 Flebite.
 Cefaleia.
 Elevação da PA sistólica.
 Hipocalemia.

 Intervenções de enfermagem:
 Monitoração contínuada PA e frequência cardíaca.
 Monitoração cuidados da velocidade de infusão.
 O fármaco é incompatível com soluções alcalinas , devendo ser
administrado preferencialmente em via exclusiva , evitando-se também o
flush.
 Em casos de infusão por acesso venoso periférico , observação
constante do local de punção para prevenir o extravasamento local.
 Intensificar mudança de decúbito.

 Dopamina

Agonista β-adrenérgico. É um vasopressor , catecola- mina natural


precursora imediata da noradrenalina . Segundo fármaco no tratamento da
bradicardia sin - tomática. Utilizada para aumentar a PA refratária à reposição
de fluidos . Aumenta o fluxo nas artérias esplênicas em particular da artéria
mesentérica, aumenta o fluxo renal melhorando a filtração glomerular e ,
consequentemente, aumentando a diurese e a excreção de sódio . Corrige o
distúrbio hemodinâmico no choque . Pode causar taquiarritmias e

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vasoconstrição excessiva. O início da ação é rápido e dura cerca de 10 minutos


após interrupção da infusão.

 Reações adversas:
 Arritmias cardíacas.
 Taquicardia.
 Angina.
 Hipotensão arterial.
 Vasoconstrição.
 Dispneia.
 Bradicardia.
 Hipertensão arterial.
 Náuseas e êmese.
 Palpitação.
 Redução do débito urinário.

 Intervenções de enfermagem:
 Monitoração contínua da PA e ECG
 Se possível, monitoração do débito urinário e balanço hídrico.
 Observar constantemente a coloração e a temperatura das
extremidades.
 Monitoração cuidados da velocidade de infusão.
 Intensificar mudança de decúbito.
 Não infundir junto com bicarbonato de sódio.

 Noradrenalina

Estimulante cardíaco e vasopressor . Potente ação vasoconstritora que atua


nas artérias e veias . Afeta os receptores alfa ou beta-adrenérgicos. Aumenta o
consumo de oxigênio pelo miocárdio pelo aumento da PA . e da FC . Indicada
para aumento da PA em casos de hipotensão (primeira escolha no choque
séptico)

 Reações adversas:
 Bradicardia.
 Hipertensão arterial.
 Cefaleia.
 Redução do débito urinário.
 Cianose de extremidades.
 Flebite.

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 Intervenções de enfermagem:
 Monitoração contínua de PA e do ECG.
 Monitoração do débito urinário.
 Droga fotossensível
 Administrar em via exclusiva.
 Não interromper a infusão da droga.
 Monitoração cuidados da velocidade de infusão(BIC)
 Observação constante de coloração e de temperatura de extremidades.
 Intensificar mudança de decúbito.
 Quando em infusão por acesso venoso periférico , observar
constantemente o local de punção , pois o extravasamento pode
ocasionar necrose tecidual

 Adrenalina

Fármaco de ação simpaticomimética, vasopressora, broncodilatadora,


inotrópica. Utilizada no broncoespasmo, anafilaxia e parada cardíaca.

 Reações adversas:
 Arritmias ventriculares.
 Hemorragia subaracnóidea ou cerebral.
 Hipertensão arterial.
 Angina.
 Obstrução da artéria central da retina.
 Oligúria.
 Convulsão.
 Depressão do sistema nervoso central.
 Cefaleia.

 Intervenções de enfermagem:
 Monitoração contínua de ECG e PA.
 Monitoração da função ventilatória.
 Monitoração do débito urinário.
 Em infusão contin ́ ua , monitorar a velocidade
de infusão, utilizando via exclusiva.
 Pode ser administrada por via EV,IM,SC, e
intracardíaca de acordo com a indicação
médica
 Proteção da luz (fotossensivel)
 Não infundir com bicarbonato de
sódio(precipitação com solução alcalina)

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 Nitroprussiato de sódio

Vasodilatador de ação direta principalmente sobre as


veias. Utilizado na hipertensão grave refratária a out ros
fármacos. Possui ação direta na musculatura lisa dos
vasos sanguin ́ eos , causando vasodilatação e
consequente redução da resistência vascular e queda
da pressão arterial . Reduzindo então as pressões
venosa pulmonar e sistêmica.

 Reações adversas:
 Aumento da frequência cardíaca.
 Sudorese.
 Tontura.
 Náuseas e êmese.
 Cefaleia.
 Irritação.
 Hipotensão arterial.
 Natriurese.

 Intervenções de enfermagem:
 Deve ser diluído prioritariamente em SG 5%
 Não interromper a infusão subitamente(efeito rebote)
 Fotossensível
 Monitorar SSVV e BH
 Administrar em BIC
 Infusão em AVP e CVC
 Desprezar em caso de coloração marrom escura, azulada ou alaranjada.

 Nitroglicerina
Vasodilatador coronariano, antianginoso
inicial em clientes com provável do r
torácica isquêmica . Produz
vasodilatação das artérias e veias ,
aumentando a oferta de oxigênio ao
miocárdio.

 Reações adversas:

 Hipotensão arterial.
 Taquicardia.
 Palpitações.
 Síncope.

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 Cefaleia.
 Hipotensão

 Intervenções de enfermagem:
 Diluir o fármaco em solução de glicose a 5%.
 Utilizar frascos e equipos de infusão isentos de PVC para evitar a
adsorção do fármaco.
 Monitoração contínua de PA e de FC

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SUPORTE NUTRICIONAL

INTRODUÇÃO

Diante dos índices alarmantes de 40 a 60% de casos de desnutrição


hospitalar, esse é um tópico que desperta grande atenção à necessidade de
monitoramento da equipe multiprofissional em diversos países da América
Latina.

No Brasil, o estudo do Inquérito


Brasileiro de Avaliação Nutricional
Hospitalar (Ibranutri) revelou
prevalência de 48,1% de casos de
desnutrição em 4.000 pacientes
hospitalizados, observando,
também, que o risco triplicava
naqueles com mais de 15 dias de
internação.

O déficit proteico-calórico é uma das características do paciente crítico


pelo alto gasto de energia, em decorrência da acentuada resposta inflamatória,
expondo-o a maior risco para infecções e retardo na cicatrização. Ainda, são
necessários cuidados de enfermagem mais complexos em virtude do longo
período de hospitalização.

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A atuação da equipe de enfermagem é


considerada de grande importância pelo fato de
ser um dos profissionais que permanece o
tempo todo ao lado do paciente, permitindo
fornecer uma ampla variedade de informações
que auxiliarão no planejamento de cuidados
multiprofissional.

O suporte e a manutenção nutricionais constituem uma estratégia


essencial que deve ser utilizada pela equipe de enfermagem a fim de detectar
os riscos da má nutrição, minimizar complicações, garantir qualidade no
cuidado e segurança nos processos assistenciais, além de auxiliar na redução
do tempo de internação e do custo hospitalar

INDICAÇÕES DA TERAPIA NUTRICIONAL

A identificação dos sinais iniciais de desnutrição e


o início da TN nas primeiras 12 a 48 horas da admissão
deverão ocorrer precocemente, com o objetivo de promover o ganho do peso
e a preservação do funcionamento do trato gastrointestinal, prevenindo o risco
de infecções por translocação bacteriana e aumento da desnutrição intra-
hospitalar.

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TIPOS DE TERAPIA NUTRICIONAL

 Nutrição Enteral (NE)

A terapia nutricional enteral (TNE) tem sido reconhecida por apresentar um


maior vantagem em relação à p arenteral na medida em que mantém o fluxo
sanguíneo mesentérico e a microbiota intestinal mais equilibrada , ajuda na
preservação da estrutura e função dos int estinos, do fig ́ ado e da imuni dade,
permite utilização mais eficiente d os nutrientes com menor risco de infecção e
de complicações metabólicas e apresenta menor custo.

 Principais indicações da terapia nutricional enteral

 Lesões do sistema nervoso central (acidente vascular, traumatismo


craniano)
 Ventilação mecânica
 Sedação
 Anorexia
 Desnutrição
 Depressão grave
 Doença de Alzheimer, demência
 Caquexia cardíaca

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 Câncer
 Trauma
 Cirurgias
 Grandes queimaduras
 Pancreatite
 Disfagia

 Pode ser administrada pelas vias:

 Oral: caracterizada pela ingestão através da boca.


É o método mais natural e desejável a pacientes com
bom nível de consciência e possibilidade de uso do
trato gastrointestinal. A nutrição oral especializada
consiste na utilização de suplementos associados à
alimentação diária para complementar e prevenir ou
corrigir deficiências nutricionais.

 Nasogástrica : sonda inserida no nariz


até o estômago;

 Nasoenteral(nasoduodenal): sonda
locada na segunda porção do duodeno ,
para pacientes com alto risco de
aspiração, refluxo, retardo no
esvaziamento gá strico, náuseas e
vômitos;

 Gastrostomia ou Jejunostomia: sondas que são colocadas por


procedimento cirúrgico ou endoscópico no estômago ou jejuno e
exteriorizadas através da parede abdominal, permitindo a via de acesso
para a alimentação.

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 Nutrição parenteral (NP)

Nas situações em que a NE é insuficiente ou inadequada para atingir as


necessidades calórico-proteicas, recomenda-se outro tipo de terapia conhecida
como nutrição parenteral (NP), essa é uma opção segura aos pacient es
impossibilitados de utilizar o trato gastrointestinal , durante 7 a 10 dias, que
apresentam perda de peso superior a 10% e são impossibilitados de to lerar a
NE).

A solução da NP deve ser estéril e apirogênica , acondicionada em


recipiente de vidro ou plástico . É destinada à administraçã o intravenosa
exclusiva em pacientes desnutridos ou não , em regime hospitalar, ambulatorial

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ou domiciliar . Visa a síntese ou


manutenção dos tecidos , órgãos ou
sistemas e pode ser utilizada como terapia
exclusiva ou de apoio , dependendo
basicamente da capacidade fisiológica de
digestão e absorção de cada paciente.

 Principais indicações da terapia nutricional parenteral (TNP)


 Intolerância à dieta enteral (incapacidade de atingir metas nutricionais
por distensão abdominal,
 resíduo gástrico elevado, vômito, diarreia)
 Obstrução intestinal (suspeita ou confirmada)
 Íleo paralítico
 Pancreatite severa
 Doença inflamatória intestinal
 Fístula intestinal de alto débito
 Síndrome do intestino curto
 Problemas psicológicos (anorexia, depressão grave, paciente refuta
passagem de sonda nasoenteral)
 Desnutrição severa
 Sangramento gastrointestinal ativo
 Varizes no esôfago
 Repouso intestinal por suspeita de perfuração
 Anorexia relacionada ao HIV/má absorção

 As VIAS DE ACESSO utilizadas para a administração da


alimentação parenteral são a PERIFÉRICA E A CENTRAL

 Periférica: podem ser somente oferecidas soluções hipo -


osmolares,hipoconcentradas e as gorduras, é indicado quando há
previsão de uso por até 15 dias.

 Central: há infusão de soluções


hipertônicas de glicose e proteínas ,
vitaminas, entre outros, sendo mais
indicado quando a terapia tem previsão
superior a 15 dias.

Estipulada a via de administração, a solução pode ser instalada,


respeitando-se sempre as condições estabelecidas quanto ao volume e às
calorias por meio da velocidade do gotejamento ou infusão.

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 Cuidados de enfermagem e acompanhamento da alimentação pela


via oral(VO)

 Observar condições clínicas do paciente: dispneia, refluxo


gastroesofágico, broncoaspiração, pneumonia aspirativa, uso de suporte
terapêutico (uso prolongado de intubação orotraqueal, traqueostomia
etc.);
 Observar rebaixamento do nível de consciência, histórico de tosse,
engasgos, sensação de estase de alimento;
 Verificar uso anterior de medicamentos que possam potencializar a
disfagia, como por exemplo benzodiazepínicos, haloperidol,
corticosteroides, entre outros;
 Acompanhar aspecto, volume, textura e temperatura dos alimentos
durante a oferta alimentar, assim como a aceitação alimentar e o tempo
gasto para ingestão;
 Posicionar corretamente a cabeceira da cama auxilia na proteção da via
aérea, proporcionando conforto durante a oferta alimentar;
 Acompanhar o padrão respiratório e a necessidade de aspiração das
vias aéreas;
 Verificar a aceitação alimentar, a consistência prescrita e o volume de
aceitação;
 Registrar a ingestão alimentar, enfatizando boa aceitação da dieta
oferecida ou não.

 Cuidados na terapia nutricional enteral(NE) e terapia nutricional


parenteral(NP):

 Cuidados no período que antecede a instalação da NE e da NP


recomenda-se:

 Verificar se a dieta enteral será


administrada de forma contínua ou
intermitente. Na NP, verificar se será por
via central ou por via periférica.

81
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 Checar o posicionamento da sonda enteral ou


sonda de gastrostomia pelo número de
demarcação em sua extensão ou comprimento;
 Conferir os dados no momento do recebimento
do frasco da NE/NP, verificando nome do
paciente, número do leito, nome/composição e
volume total da solução, data e horário de
preparo, velocidade de administração, nome e número do Conselho
profissional do responsável técnico pelo processo. No caso de NP,
observar as condições de temperatura para sua conservação;
 Disponibilizar bombas infusoras para pacientes em uso de NE no
sistema contínuo;
 Verificar se a bomba infusora encontra-se com a memória “zerada”,
considerando todas as informações contidas a partir da instalação do
frasco;
 Administrar a NE/NP em temperatura ambiente, controlando a vazão de
acordo com a prescrição médica;

 Cuidados durante a administração da nutrição enteral(NE) e da


nutrição parenteral(NP):

 Avaliar sistematicamente a posição da sonda/cateter em todas as


situações em que houver manipulação do dispositivo, como durante a
irrigação, a instalação da NE/ NP, entre outros;
 Avaliar, frequentemente, o local de fixação da sonda/cateter, observando
sinais como hiperemia, lesão ou extravasamento da solução e realizar
troca periódica da fixação, conforme protocolo institucional;
 Designar uma via exclusiva para administração da NP, se houver
utilização de um cateter de múltiplo lúmen;
 Realizar a irrigação da sonda enteral em intervalos de 6 horas(ou
conforme prescrição médica) no sistema contínuo ou antes e após a
administração da dieta, na forma intermitente;
 No caso da NP, a irrigação deve ocorrer nos intervalos da troca da
bolsa, com solução fisiológica a 0,9%, conforme protocolo institucional;
 Realizar troca dos materiais acessórios, como os equipos a cada novo
frasco ou no vencimento da dieta enteral, conforme protocolo
institucional;
 Promover troca de curativo peri-sonda de gastrostomia com gaze estéril
e solução fisiológica a 0,9% diariamente e sempre que necessário;

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 Monitorar as vias de administração da sonda de gastrostomia. Nas


situações em que a sonda de gastrostomia apresentar balonete (cuff)
em uma das vias, este não deverá ser manipulado. Essa via geralmente
possui uma coloração diferenciada, sem tampa semelhante a uma
sonda de Foley. A manipulação indevida poderá provocar rompimento
do balonete, com tracionamento e extravasamento da dieta fora da
câmara gástrica, com risco de peritonite;
 Monitorar sinais de granuloma (hipergranulação), que ocorre quando há
uma extensa resposta inflamatória em virtude da própria sonda, seu
movimento ou grande quantidade de secreção local. Nesse caso,
recomenda-se manter a pele limpa e seca ao redor da gastrostomia,
utilizando placas de proteção.
 Promover troca de curativo oclusivo para cateteres intravenosos, com
gaze estéril fixada por adesivo hipoalergênico ou filme transparente
semi-impermeável, ou fixador para cateter(no caso periféricos)
 Utilizar solução fisiológica a 0,9% para remoção de resíduos de sangue
e antisséptico. Trocar o curativo sempre que houver necessidade, na
vigência de umidade ou sujidade; no caso de curativos com película
transparente, a troca deve ser realizada a cada 5 a 7 dias e, naqueles
ocluídos com gaze, a cada 48 horas ou de acordo com o protocolo
institucional.
 Realizar monitoramento e registro de dados, como infusão da NE/NP,
controle balanço hídrico. Em muitas instituições hospitalares, os
controles de balanço hídrico podem variar a cada 2 horas, como, por
exemplo, nas unidades de terapia intensiva, e a cada 6 horas nos
setores menos críticos;

 Principais complicações da nutrição enteral(NE):


 Obstrução do acesso enteral
 Irritação nasofaríngea/nasolabial
 Deslocamento da sonda enteral
 Irritação da pele e escoriação ao redor da ostomia
 Alto volume residual gástrico
 Obstipação
 Diarreia
 Hiperglicemia
 Pneumonia aspirativa

 Principais complicações da nutrição parenteral(NP)


 Pneumotórax
 Hemotórax
 Trombose venosa
 Deslocamento do cateter
 Entupimento do cateter

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 Extravazamento da NP
 Infecção do cateter
 Contaminação da fórmula
 Hiperglicemia
 Hipoglicemia(terapia insulínica adjunta a NPT)

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HUMANIZAÇÃO NA UTI

INTRODUÇÃO

O grande desafio da atenção


em saúde sempre foi humanizar a
relação entre os profissionais e o
ser humano enfermo, que se
encontra em um momento complexo
da vida por causa de sua condição
ou estado.
A evolução cientifica e
técnica da atenção ao paciente
critico melhorou de forma
significativa a pratica medica e a sobrevida, mas esse progresso nao se viu
acompanhado da mesma forma em seus aspectos humanos. Em muitas
ocasiões, as características organizacionais e arquitetônicas da unidade de
terapia intensiva (UTI) faz deste local um ambiente hostil para os pacientes e
suas famílias, e ate mesmo para os próprios profissionais.

Os pacientes, em situação dolorosa pela perda da


saúde, encontram-se vulneráveis física e
emocionalmente; as famílias são relegadas a um
segundo plano; e os profissionais, desapontados e
desmotivados, apresentam níveis de desgaste
profissional superiores a 50%. Por essas razões,
cuidar de todas as partes que compõem o sistema
(pacientes, familiares e profissionais) é algo
extremamente importante, pois o equilíbrio desse
sistema depende do bem-estar de todos os
envolvidos.

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Consiste em tomar consciência de si mesmo:


é um importante compromisso pessoal para melhorar
a realidade, nossas relações e o entorno a partir de
cada pessoa.
O cuidado requer competência,
individualidade, emoção, solidariedade, sensibilidade
e ética. Implica grandes dons de comunicação e
habilidades de relacionamento: empatia, escuta
ativa, respeito e compaixão.
Humanizar também significa personalizar a assistência ao escutar o que
os pacientes e familiares necessitam, não o que nós pensamos que eles
necessitam, e transformar isso em um processo clínico em que a atitude seja
fundamental. Os sistemas de saúde estarão humanizados no momento em que
estiverem a serviço de todas as pessoas: pacientes, familiares e profissionais.

NECESSIDADES PACIENTES E FAMILIARES

A entrada de um paciente em uma UTI costuma ser um acontecimento


dramático, tanto para o doente como para seus familiares. Os pacientes
apresentam diferentes sintomas, tanto físicos como psicológicos, e novas
necessidades decorrentes do momento de crise que vivenciam.
Almejar o bem-estar do paciente deveria ser um objetivo tão primordial
quanto desejar sua cura, e ainda mais importante, caso esta última não seja
possível. A própria doença gera mal-estar e dor
nos pacientes, e, se a isso somarmos as
intervenções que lhes são realizadas, muitas delas
dolorosas – as técnicas, os implantes de
dispositivos, a imobilização etc. –, é evidente que
esse mal-estar tende a aumentar. Além da dor
física, não podemos ignorar nem subestimar o
sofrimento psicológico. Qualquer doença produz
incerteza,medo e angústia, que podem acarretar
mais sofrimento que a própria dor física.

Aliviar o mal-estar psicológico provavelmente


exigirá dos profissionais de saúde de terapia
intensiva uma mudança na forma de trabalho, que
já está sendo implantada em diversas unidades.
Essa mudança deve evitar que a entrada na UTI
pressuponha uma ruptura com os laços familiares e
com a vida exterior do paciente, devendo favorecer
a manutenção de sua autonomia na medida do

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possível e de sua dignidade sempre.

Os membros do círculo familiar


apresentam alta prevalência de
estresse pós-traumático, ansiedade e
depressão.
As necessidades da família são
cognitivas (necessidade de receber
informação clara sobre o processo de
seu ente querido), emocionais (consequência da tristeza por causa da doença),
sociais (necessidade de manter relações com amigos para receber apoio
emocional) e práticas (aspectos ambientais que podem melhorar o bem-estar
durante a permanência do paciente).

 Os pacientes mostram
maior satisfação com uma
organização das visitas mais
flexível e adaptada a suas
próprias necessidades e às dos
membros de sua família.

 O contato com os familiares é considerado uma das intervenções não


farmacológicas mais efetivas na prevenção do delirium, sendo usado
como recurso em diversas unidades. A presença da família agrega um
suporte emocional e uma sensação de segurança insubstituível, e essa
sensação de proteção e segurança é maior diante de qualquer
procedimento que gere medo.

87
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 Algumas UTIs elaboram estratégias e implemetaram medidas que


atendam as principais necessidades físicas e psicológicas dos pacientes
de UTI:
PRINCIPAIS NECESSIDADES FÍSICAS E PSICOLÓGICAS DOS PACIENTES DE UTI
Causas físicas
Por que os pacientes de UTI sofrem? Como tentar solucionar o sofrimento?
DOR  Verificar frequentemente as escalas de
dor (EVA, escala de Campbell etc.)
 Fazer ajustes na analgesia, evitando picos
e alterações
 Oferecer tratamento não farmacológico
da dor: apoio emocional,
acompanhamento
 Associar a analgesia a qualquer técnica
invasiva ou não invasiva
 Ajustar a analgesia à duração do
procedimento e às necessidades do
paciente (avaliar a repetição de doses ou
o seu aumento)
SEDE  Refrescar a boca com frequência e
otimizar a soroterapia, se a ingesta não
for viável
 Evitar beber diante dos pacientes; não
deixar torneiras abertas ou bebidas à
vista
CALOR/FRIO  Verificar com frequência essas sensações
e aliviar o calor ou agasalhar se o
ambiente estiver frio
 Verificar a temperatura corporal, dos
dedos das mãos e dos pés ,das orelhas e
do nariz, caso o paciente não esteja
consciente
RUÍDO  Favorecer o controle de decibéis nas UTI,
ajustando níveis sonoros dos alarmes e
atendendo-os com prontidão
 Oferecer maior atenção a esse aspecto,
especialmente no turno da noite (baixar o
tom das conversas, baixar o tom do
telefone etc.)
AUSÊNCIA DE DESCANSO NOTURNO  Promover controle do ruído e da luz e
diminuição das atividades sobre o
paciente
 Estimar o tratamento farmacológico:
intensificar a sedação em pacientes em
VM e ansiolíticos em pacientes não

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intubados (se não houver


contraindicação)
INCÔMODO/IMPOSSIBILIDADE DE  Limitar o uso de dispositivos mecânicos
MOBILIZAÇÃO de imobilização
 Promover alterações posturais frequentes
 Incentivar a deambulação, quando
possível
 Possibilitar caminhar em trajetos curtos,
caso as condições do paciente permita

IMPOSSIBILIDADE DE FALAR  Explicar ao paciente a causa de sua


impossibilidade de falar, assim como a
reversibilidade dessa situação.
 Disponibilizar outras opções que
permitam a ele se comunicar: papel e
lápis, ideogramas, painéis de
comunicação, lousas etc.

PRINCIPAIS NECESSIDADES FÍSICAS E PSICOLÓGICAS DOS PACIENTES DE UTI


Causas psicológicas
Por que os pacientes de UTI sofrem? Como tentar solucionar o sofrimento?
SOLIDÃO/ISOLAMENTO  Favorecer o acompanhamento
familiar todo o tempo que for
possível (UTI de portas abertas)
 Facilitar, conforme os devidos
regulamentos, meios de
entretenimento (rádios, livros,
periódicos, dispositivos
eletrônicos, TV etc.)
 Conversar com o paciente, se
as tarefas permitirem, e
oferecer disponibilidade
permanente.
VUNERABILIDADE/MEDO  Favorecer o contato físico e
verbal e qualquer sinal que faça
o paciente se sentir protegidoƒ
 Lembrar-se de que as
demonstrações de carinho, o
contato físico e o sorriso
possuem efeito terapêutico
 Informar, dialogar, tranquilizar o
paciente e seus familiares
PERDA DE IDENTIDADE  Referir-se sempre ao paciente
pelo seu nome (evitar chamá-lo
pelo número da cama)
 Apresentar-se ao paciente
 Dirigir-se ao paciente, não fazer
com que ele se sinta como um
problema a resolver, mas sim
como um ser humano com um
problema

89
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 Tratar o paciente de maneira


individualizada
 Interessar-se por sua vida prévia
PERDA DA DIGNIDADE  Evitar atuações que possam levar
o paciente a sentir que sua
dignidade foi agredida
 Cuidar dos detalhes: manter o
paciente coberto, o asseio íntimo
etc.
 Respeitar as crenças e a cultura
de cada paciente
 Facilitar a assistência religiosa,
caso o paciente ou a família
solicite
FALTA DE INTIMIDADE  Procurar boxes independentes,
evitar a exposição a “curiosos”
 Favorecer e respeitar a
intimidade nas visitas dos
familiares
DEPENDÊNCIA DE OUTROS E DE  Tentar favorecer a autonomia do
MÁQUINAS paciente sempre que possível
(asseio, comida etc.)
 Favorecer o envolvimento dos
familiares nos cuidados
 Explicar a função dos aparelhos e
dispositivos que o paciente
precisa e eliminar todos aqueles
que não sejam necessários
FALTA DE INFORMAÇÃO/INCERTERZA  Oferecer informação verídica,
sincera, cuidadosa e frequente
do processo patológico, da
situação atual, das opções
terapêuticas, das medidas a
serem tomadas e do curso
provável dos acontecimentos
 Utilizar uma linguagem sem
tecnicismos, adaptada ao nível
sociocultural do paciente
 Fugir do paternalismo
 Estar disponível para esclarecer
dúvidas ou repetir a informação
se for preciso
IMCOMPREENSÃO  Dedicar tempo ao diálogo com o
paciente
 Oferecer escuta ativa de suas
inquietações, dúvidas, medos
etc.
 Fazer com que o paciente sinta
que o profissional se importa
com ele

90
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SENSAÇÃO DE QUE O TEMPO NÃO PASSA  Tentar diferenciar os diversos


(O RELÓGIO NÃO AVANÇA) momentos do dia, mantendo o
ritmo vigília-sono (quartos com
luz natural)
 Favorecer o acompanhamento
familiar
 Facilitar meios de
entretenimento
 Avaliar a retirada dos relógios se
o paciente assim o desejar

NECESSIDADES DOS PROFISSIONAIS: O CUIDADO DE QUEM


CUIDA

Os profissionais de saúde
vivenciam o trabalho a partir de
uma perspectiva profundamente
vocacional. A entrega diária ao
serviço e ao auxílio à pessoa
doente exige grande
compromisso e envolvimento,
que proporcionam uma enorme
satisfação pessoal quando as
expectativas são alcançadas, o trabalho se desenvolve com qualidade,
os pacientes se curam, o sofrimento é evitado e goza-se o
reconhecimento merecido. Todavia, quando as coisas não vão bem, o
desgaste emocional é considerável. Quando esse desgaste coincide
com a ausência de cuidado da própria saúde e bem-estar surge a
chamada síndrome de Burnout ou, como também é conhecida, síndrome
do desgaste profissional.

91
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As consequências da síndrome são amplas, importantes e afetam a


saúde mental, a saúde física, a qualidade de vida e a eficácia profissional, além
de ter consequências diretas sobre as responsabilidades assistenciais.

Estudos evidenciam que as principais variáveis


relacionadas com a síndrome são: baixa satisfação
profissional, problemas de relacionamento e de
atribuição de funções entre os profissionais,
reconhecimento profissional insuficiente, desgaste
emocional elevado e grandes cargas de trabalho.

CONSEQUÊNCIAS DO ESGOTAMENTO EMOCIONAL


Consequências na saúde do profissional
 SINTOMAS FÍSICOS: cansaço, esgotamento, mal-estar geral, disfunção sexual,
alterações menstruais, cefaleias, enxaquecas, dores musculares, insônia,
distúrbios alimentares, problemas cardiovasculares e gastrintestinais,
disfunção imunológica e aumento da suscetibilidade a infecções;
 MANIFESTAÇÕES DE CONDUTA: vício em drogas, abuso de ansiolíticos,
alcoolismo, alterações de humor, irritabilidade, agressividade, falta de
concentração;
 PROBLEMAS EMOCIONAIS: esgotamento emocional, disforia, distanciamento
afetivo, ansiedade, depressão, culpa, solidão, frustração, impotência, apatia,
desconfiança, cinismo, hostilidade, distanciamento, baixa autoestima, desejos
de abandonar a profissão;
 DESAJUSTES SOCIAIS: atitudes negativas em relação à vida, descuido da vida
pessoal (familiar, conjugal e social).

CONSEQUÊNCIAS DO ESGOTAMENTO EMOCIONAL


Consequências nas responsabilidades assistenciais
 Insatisfação e deterioração do ambiente profissional: escassa participação
nas atividades do serviço, relações interprofissionais precárias, ironia,
sarcasmo, hostilidade;
 Diminuição da qualidade do trabalho e da produtividade: contato reduzido,
comportamento mais frio e distante com o paciente;
 Absenteísmo;
 Aumento da rotatividade;
 Acidentalidade;
 Abandono da profissão;

A sociedade e as organizações têm o dever moral, o imperativo ético e a


obrigação legal de “cuidar de seus cuidadores”, os quais estão expostos a
importantes sobrecargas físicas, emocionais e psicológicas decorrentes de sua

92
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dedicação e esforço. Para cumprir com essa obrigação, é necessário


determinar uma série de objetivos básicos e prioritários que nos orientem para
a execução de ações preventivas e terapêuticas.

NECESSIDADES DOS FAMILIARES NO AMBIENTE DE TERAPIA


INTENSIVA

A participação da família é essencial no cuidado, uma vez que o


isolamento social constitui fator de risco à saúde – especialmente para os
indivíduos mais dependentes,como crianças/adolescentes, idosos e aqueles
com doença crônica. Por essa razão, incentiva-se a permanência, dentro do
hospital, da ligação natural existente entre pacientes,familiares e redes de
apoio.

A presença da família durante a


hospitalização é de extrema importância,
pois viabiliza a transmissão de
tranquilidade, coragem, segurança e
força ao paciente. Estar próximo
significa, para o paciente, cuidar e dividir
o processo da doença e da internação e,
em alguns casos, o final da própria vida.
De fato, a presença dos familiares auxilia
na manutenção da identidade, ofertando
ao paciente segurança e proteção em uma situação de exposição, impotência e
insegurança.

É importante lembrar que,


frequentemente, a família sente-se sem
apoio e temerosa à beira do leito de um
familiar que está gravemente enfermo.
Tubos, curativos, fios e aparelhos, tão
habituais aos profissionais, são
amedrontadores e ameaçadores para os
familiares. A possibilidade de tocar no
paciente internado é desencadeadora de
medo e afastamento

Por isso, a família deve ser acolhida em seus


questionamentos, e os diálogos precisam ocorrer
diariamente, sem a necessidade de detalhamento
técnico – pelo contrário, com linguagem acessível.
Afinal, uma comunicação efetiva e afetiva minimiza
dificuldades e incertezas, diminui o nível de ansiedade
e fortalece o sentimento de segurança, facilitando e

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promovendo o bom relacionamento equipe-família-paciente.

Dentro da Política Nacional de Humanização, o acolhimento aos


familiares é parte essencial do processo de internação e do próprio
adoecimento. Dúvidas devem ser esclarecidas, e os medos e anseios
amenizados por meio de um atendimento que respeite as necessidades da
família.

A literatura internacional tem divulgado a importância dos efeitos do


design da UTI para a sua funcionalidade e para a segurança e o bem-estar dos
pacientes e de seus familiares. Por essa razão, as características de um
projeto de UTI devem priorizar, tanto quanto possível, a existência de:

 Privacidade pela disposição em quartos individuais;


 Tranquilidade ambiental, com redução máxima dos ruídos
desnecessários;
 Exposição à luz do dia;
 Prevenção de infecção;
 Uma área destinada à família;
 Política de horários livres de visita.

E importante reavaliar as acomodações dos familiares


nessas unidades, no sentido de haver salas contiguas,
onde os familiares possam se acomodar e compartilhar a
solidão e talvez se consolarem mutuamente; um local
onde possam contar com a presença de orientador
religioso, assistentes sociais, psicólogos, médicos e
enfermeiros que se coloquem a disposição para auxilia-
los em suas necessidades.

Embora pouco a pouco estejamos transformando as UTI em lugares


mais acolhedores em comparação com as do passado (espaços fechados, sem
janelas, estreitos, com visitas restritas), ainda há muito caminho a ser
percorrido. E, muitas vezes, não é necessário um grande investimento para se
alcançar os mesmos objetivos: oferecer mais qualidade e afetividade às
pessoas que fazem parte do sistema fará com que os processos sejam
conduzidos da melhor maneira possível e, provavelmente, com mais eficácia e
eficiência.

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PRINCIPAIS TERMOS UTILIZADOS EM ANOTAÇÕES DE ENFERMAGEM

-Abcesso: coleção de pus em cavidade anormal.

-Afagia: impossibilidade de deglutir.

-Afasia: perda da palavra falada, escrita ou mímica, por alterações nos centros
nervosos.

-Afonia: perda ou diminuição da voz por causas locais.

-Afecção: estado mórbido, enfermidade.

-Algesia: sensibilidade à dor.

-Algia: dor de origem subjetiva, sem lesão anatômica ou orgânica apreciável.

-Àlgico: relativo a dor, doloroso.

-Analgesia: perda da sensibilidade para a dor, conservando a sensibilidade tátil.

-Anasarca: edema generalizado.

-Anisocoria: desigualdade de diâmetro das pupilas.

-Anóxia: estado que resulta da insuficiência de oxigênio para satisfazer as


necessidades

normais dos tecidos.

-Antissepsia: conjunto de meios destinados a afastar ou destruir os germes


patogênicos e

impedir infecção.

-Anúria: supressão total da secreção urinária.

-Apatia: falta de sentimento ou interesse, indiferença, insensibilidade.

-Apirexia: falta de febre, cessação da febre.

-Apnéia: detenção temporária da respiração.

-Arritmia: irregularidade do ritmo cardíaco (número, intervalo e força das


batidas).

-Atrofia: diminuição adquirida do volume e do peso de um órgão que havia


alcançado seu

tamanho normal.

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-Bacteremia: presença de bactérias patogênicas no sangue.

-Bradicardia: pulsação lenta do coração (abaixo de 60bpm).

-Bradipnéia: respiração lenta.

-Bradisfigmia: lentidão anormal do pulso.

-Broncoespasmo: espasmo dos músculos bronquiais.

-Caquexia: estado mórbido caracterizado por magreza extrema, perda de peso,


sintomas de

debilidade e anemia.

-Cefaléia: dor de cabeça intensa e douradora.

-Cianose: coloração azul ou violácea da pele ou mucosa, devido a


hipoperfusão

-Clister: enema, injeção de líquido no intestino, pelo ânus.

-Coma: estado de estupor profundo com perda total ou quase total da


consciência, da sensibilidade e da motilidade voluntária.

-Consciência: estado geral que nos torna aptos a julgar, refletir e decidir.

-Desorientação: estado de confusão mental em que o indivíduo perde as


noções de lugar

-Hematêmese: vômito de sangue procedente das vias digestivas.

-Hematúria: presença de sangue na urina.

-Hemiplegia: paralisia de um lado do corpo.

-Hemoptise: expulsão pela boca de sangue procedente do aparelho


respiratório.

-Hipertermia: temperatura extraordinariamente elevada.

-Hipotermia: descida anormal da temperatura corporal.

-Hiperglicemia: aumento anormal no nível de glicose do sangue.

-Hipoglicemia: diminuição do nível normal de glicose do sangue.

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-Inter: prefixo que indica “entre”, “no meio” (ex: intercostal-entre duas costelas).

-Isocoria: igualdade no tamanho das pupilas.

-Isquemia: deficiência local e temporária de sangue.

-Laceração: dilaceração.

-Lipotímia: perda súbita dos movimentos, conservando-se a respiração e a


circulação; desmaio.

-Lombar: relativo a lombo, ou região que fica ao lado da espinha, sobre os rins,
entre o tórax e a bacia.

-Mácula: mancha; região da pele corada, plana.

-Melena: evacuação sanguínea, dejeção negra que recorda a consistência e a


cor de borra de café.

-Mioplegia: paralisia muscular.

-Mialgia: dor muscular.

-Midríase: dilatação da pupila.

-Miose: diminuição no diâmetro da pupila.

-Menoplegia: paralisia de um membro.

-Mucopurulento: que contém muco e pus.

-Neuralgia: dor viva e paroxística a seguir o trajeto de um nervo.

-Nictúria: emissão de urina mais abundante ou freqüente à noite que durante o


dia. Enurese noturna.

-Nistagmo: trêmulo espasmódico das pálpebras; oscilações do globo ocular em


torno de um de seus eixos.

-Odinofagia: deglutição dolorosa.

-Oligúria: secreção deficiente de urina.

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-Onicofagia: hábito mórbido de roer as unhas.

-Ortopnéia: dispnéia intensa que obriga o paciente a estar sentado ou em pé,


ou seja, com o tórax em posição perpendicular ao solo.

-Otorragia: hemorragia do ouvido.

-Paraplegia: paralisia de ambas extremidades inferiores do corpo.

-Paresia: paralisia incompleta ou parcial, debilidade de contração muscular;


desfalecimento.

-Parenteral: que se realiza por via distinta da digestiva ou intestinal.

-Pelve: bacia (anel ósseo em forma de bacia).

-Períneo: espaço compreendido entre o ânus e os órgãos genitais externos.

-Pirexia: Febre.

-Pirose: sensação de queimadura, de ardor que, partindo do estômago, se


estende ao longo do

esôfago e chega a faringe.

-Piúria: presença de pus na urina.

-Polaciúria: micção freqüente.

-Precordial: situado ou que ocorre diante do coração; epigástrio e superfície


anterior da parte inferior do tórax.

-Precordialgia: dor na região precordial.

-Prurido: coceira, comichão.

-Ptialismo: salivação exagerada.

-Regurgitação: retorno dos alimentos do estômago ou do esôfago á boca, sem


esforço de vômito.

-Ressecamento: obstipação, prisão de ventre habitual.

-Seborréia: secreção exagerada das glândulas sebáceas, especialmente do


couro cabeludo.

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-Sialorréia: fluxo exagerado da saliva; salivação.

-Síncope: desfalecimento, perda súbita dos sentidos.

-Taquicardia: aceleração das pulsações cardíacas, acima de 85bpm, no adulto.

-Taquipnéia: respiração acelerada, que se apresenta em condições fisiológicas


ou patológicas.

-Torpor: estado de sonolência, de apatia.

-Úlcera: solução de continuidade da pele, de mucosas, de serosas de órgãos,


coim perda de substância.

-Vasoconstrictor: diz-se do agente ou nervo que estreita o calibre dos vasos.

-Vasodilatador: diz-se do agente ou nervo que aumenta o calibre dos vasos.

-Vertigem: perda ou perturbação do equilíbrio, com sensação de instabilidade


do corpo e dos objetos circundantes.

-Vesical: referente à bexiga.

-Volemia: nome com que também se conhece a massa total do sangue.

-Xifóide: apêndice osteocartilaginoso que remata o esterno na parte inferior

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MÓDULO 3 UTI NEONATAL

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UTI NEONATAL

 Introdução

O período neonatal é definido como a


fase de vida do ser humano que vai desde
o nascimento até o 28º dia de vida,
sendo considerada como uma adaptação
da vida intra-uterina à extra-uterina, na qual ocorre um processo contínuo de
transformações anatômicas e fisiológicas.

Um estudo realizado pela Organização Mundial de Saúde(OMS) em


2012,evidenciou que 15 milhões de bebês nascem antes do tempo por ano no
mundo, sendo que mais de um milhão deles morrem dias após o parto. A
prematuridade é a segunda causa de morte de crianças com menos de cinco
anos de idade, ficando atrás somente da pneumonia. O Brasil e os Estados
Unidos estão entre os dez países com os maiores números de partos
prematuros. Aparecem em décimo lugar com 279 mil partos prematuros por
ano.

Esse nascimento precoce é uma agressão ao feto , pois provoca a


interrupção do desenvolvimento de órgãos , estrutural e funcionalmente . Com
os avanços da neonatologia e o incremento de recursos tecnológic os de ponta
nas unidades de terapia intensiva neonatais (UTIN), a sobrevida desse grupo
tem aumentado consideravelmente.

 Principais problemas da prematuridade

A clientela do recém-nascido pré -termo(RNPT) é mais vulnerável à


ocorrência de determinados distúrbios , devido à imaturidade anatômica e
funcional de vários órgãos e sistemas . Assim, estão mais vulneráveis a

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infecções, por imaturidade do sistema imunológico , problemas do trato


respiratório, danos neurológicos, auditivos, dentre outros.

 Estrutura e organização da UTIN

Ao serem planejadas a estrutura e a organização da UTI neonatal,


devem ser levados em conta os avanços tecnológicos disponíveis para o
cuidado do recém-nascido prematuro e a termo enfermo, isto é, de alto risco. O
enfoque do cuidado do neonato na UTI neonatal há muitos anos tem sido
voltado para intervenções que promovam a estabilização fisiológica do recém-
nascido, sem considerar o desenvolvimento cerebral que ainda está em
processo, principalmente nos prematuros extremos.

O ruído constante e súbito, bem como a iluminação intensa do ambiente,


os procedimentos dolorosos e o estresse, entre outros fatores, não favorecem
o desenvolvimento cerebral, ocular e auditivo desses neonatos. Todo o
planejamento e a organização da UTI neonatal, tal como a escolha dos
materiais e equipamentos, recursos humanos, bem como as instalações
físicas, devem levar em consideração que o cuidado do neonato,
principalmente do prematuro, é o enfoque neuroprotetor e que também venha a
apoiar o desenvolvimento neuropsicomotor desses pacientes. Além disso,
nesse planejamento deve-se ressaltar a necessidade de acomodação para os
pais, para que possam participar ativamente nos cuidados do filho, visto que
são os cuidadores primários do neonato enfermo e fazem parte da equipe
cuidadora.

A unidade de tratamento intensivo ou de cuidados intensivos destina-se


ao atendimento de pacientes graves ou de risco para morte, dispondo de
assistência médica e de enfermagem ininterruptas, com equipamentos
específicos próprios, recursos humanos especializados e acesso a outras
tecnologias destinadas a diagnóstico e terapêutica. No período neonatal,

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destina-se a portadores de instabilidade hemodinâmica, distúrbios metabólicos


graves, insuficiência respiratória, alterações das funções vitais; peso ao nascer
inferior a 1.200g; pacientes que necessitem de nutrição parenteral, cateterismo
central, cirurgias, entre outras indicações.

A estrutura do hospital em que será implantada a UTI neonatal deve ser


analisada para que se certifique da existência de todos os serviços técnicos e
humanos de apoio para atender às demandas de cuidado do recém-nascido
enfermo 24 horas por dia, tais como: laboratório clínico e patológico, centro
cirúrgico e obstétrico, setores de radiologia, ultrassonografia, farmácia,
ecocardiograma (ECG), ressonância magnética, gasometria, banco de sangue,
fisioterapeutas, fonoaudiólogos, assistente social e psicólogo.

 Planejamento da área física

A UTI Neonatal localiza-se próximo da unidade obstétrica e, nela, estão as


unidades de alto e de médio risco. Toda criança tem direito de ser
acompanhado por sua mãe, pai ou responsável durante todo o período de
internação. No caso do recém-nascido em UTIN também se aplica esse direito.
A permanência dos pais deve ser estimulada para que seja possível o
estabelecimento de vínculos afetivos entre eles. Também é estimulada a visita
dos avós em horário de visitas.

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 A unidade de alto risco deverá, no mínimo, dispor de:

RECURSOS FÍSICOS

 Sala de espera
 Banheiros
 Recepção/secretaria
 Vestiário/banheiros dos funcionários
 Copa/sala dos funcionários
 Sala de reuniões
 Sala da chefia de enfermagem/quarto de descanso
 Sala da chefia médica/quarto de descanso
 Lavabo
 Corredor interno
 Corredor externo
 Expurgo
 Sala de preparo/esterilização de material
 Lactário
 Área de recebimento
 Área de preparo e esterilização
 Armazenagem e distribuição
 Área para ordenha e coleta de leite
 Sala de cuidado intensivo
 Sala de cuidado semi-intensivo
 Sala de pré-alta
 Isolamento (antecâmara e expurgo, lavabo, ar-condicionado com
pressão negativa)
 Sala de armazenagem de equipamentos
 Sala de armazenamento de material

RECURSOS MATERIAIS

 Berços aquecidos para cuidados intensivos, incubadoras de parede


dupla e umidificadas
 Cadeira removível e confortável para realização do Método Canguru
 1 oxímetro, 1 monitor cardíaco e 1 ventilador mecânico por leito
 1 conjunto de CPAP nasal
 1 monitor de pressão não invasiva
 1 balão auto-inflável com reservatório e máscara por leito
 4 bombas de infusão por leito
 1 aparelho de fototerapia para cada 2 leitos

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 bandejas para procedimentos de sondagem, punções, drenagens e


acessos venosos
 balança eletrônica de incubadora
 1 capnógrafo para 10 leitos
 negatoscópio, oftalmoscópio e otoscópio
 1 termômetro digital e 1 estetoscópio por leito
 1 carrinho de emergência para reanimação neonatal
 1 geladeira para leite humano e outra para medicações
 Incubadora de transporte com oxigênio, ar comprimido, oxímetro e
bomba de infusão
 Relógios de parede visíveis para os leitos

RECURSOS HUMANOS

 1 (um) médico responsável técnico pela UTIN com certificado de


habilitação em Neonatologia
 1 (um) médico com jornada diária mínima de 4 (quatro) horas, com
certificado de habilitação em Neonatologia para cada 10 leitos
 1 (um) enfermeiro coordenador com jornada diária de 8 horas com
habilitação em neonatologia ou no mínimo 2 (dois) anos de
experiência profissional comprovada em terapia intensiva
pediátrica ou neonatal;

 1 (um) enfermeiro assistencial para cada 10 (dez) leitos ou fração,


em cada turno
 1 (um) fisioterapeuta exclusivo para cada 10 leitos ou fração, em cada
turno;
 1 (um) fisioterapeuta coordenador com, no mínimo, 2 anos de
experiência profissional comprovada em unidade terapia intensiva
pediátrica ou neonatal, com jornada diária mínima de 6 (seis) horas;
 técnicos de enfermagem, no mínimo, 1 (um) para cada 2 (dois)
leitos em cada turno;
 1 (um) funcionário exclusivo responsável pelo serviço de limpeza em
cada turno.
 1 (um) fonoaudiólogo disponível para a unidade;

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Admissão na UTIN

Critérios para admissão

Os critérios recomendados para admissão do recém-nascido na UTI neonatal


poderão variar de um hospital para outro. Mas sempre se deve levar em conta
condições que possam levar a uma transição não ótima da vida intrauterina,
que requerem observação e cuidado mais especializado. Fatores tanto pré-
natais quanto pós-parto que levem ao risco de uma transição problemática da
vida intrauterina para a extrauterina indicam a necessidade de admissão desse
neonato na UTI neonatal. Tais fatores são:

 Recém-nascidos com < 34 semanas de gestação


 Recém-nascidos com peso < 1.800 g
 Pequenos para a idade gestacional
 Grandes para a idade gestacional
 Infecções maternas
 Anormalidades metabólicas
 Traumatismo na hora do parto
 Sangramento materno no 3o trimestre de gravidez
 Anomalias congênitas que requeiram correção cirúrgica e observação
 Incompatibilidade de Rh
 Retardo no crescimento intrauterino
 Hipoglicemia
 Convulsões
 Uso materno de drogas ilícitas, como cocaína e heroína, entre outras
 Problemas respiratórios que requeiram oxigenoterapia e/ou ventilação
mecânica
 Apgar 5 no 5° minuto, ou 0 a 4 no 1° minuto com necessidade de
reanimação na sala de parto
 Arritmias cardíacas

 Material necessário

O material necessário para admissão de um recém-nascido de alto risco


deverá estar sempre pronto para uso e devidamente testado. Em alguns casos,
as admissões na UTI neonatal ocorrem em circunstâncias de emergência,
demandando um atendimento rápido e eficiente.

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 Equipamento

 Berço de calor radiante ou incubadora devidamente aquecido


 Balança
 Fonte de oxigênio e ar comprimido com fluxômetro e misturador
(blender)
 Fonte de aspiração
 Monitor cardíaco
 Esfigmomanômetro ou aparelho de pressão arterial com manguito
adequado ao peso e ao tamanho do recém-nascido
 Bomba de infusão venosa (de gotejamento e de seringa)
 Respirador artificial ou capacete de oxigênio ou CPAP nasal
 Oxímetro de pulso

 MATERIAL

 Material de intubação endotraqueal


 Fita métrica
 Material para coleta de sangue
 Material para punção venosa
 Fita de teste para glicemia capilar
 Estetoscópio neonatal e termômetro
 Material para cateterismo umbilical
 Vitamina K e eritromicina oftálmica
 Eletrodos para o monitor cardíaco
 Sensor para oxímetro de pulso

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DESCRIÇÃO DA ADMISSÃO DO RN DE ALTO RISCO


INTERVENÇÃO JUSTIFICATIVA
Colocação do paciente em berço de calor É importante manter o ambiente térmico
radiante ou incubadora estável para prevenir hipo ou hipertermia
e suas consequência
Recebimento do paciente na UTI neonatal; Prevenir hipoxemia e hipotermia ,
avaliação das condições gerais e prioridade manter estável o equilíbrio
do atendimento aos sistemas respiratório e hemodinâmico
cardíaco
Avaliação do padrão respiratório e Prevenir hipoxemia e suas consequências
administração de oxigênio, se necessário
Instalação do monitor cardíaco Avaliar o padrão cardíaco
Pesagem quando as condições permitirem Para cálculos de hidratação venosa,
aporte calórico e dosagem
medicamentosa
Mensuração do comprimento e dos Para analisar a simetria corporal e o
perímetros torácico e cefálico crescimento ponderal no decorrer da
internação.
Verificação dos sinais vitais: T, FR, FC e PA, a Para avaliação do sistema
cada 30 min até se estabilizarem; depois, cardiorrespiratório.
seguir a rotina da UTI
Avaliação da dor por meio de instrumento A dor não tratada provoca alterações
apropriado fisiológicas que podem agravar a
enfermidade e aumentar o estresse e
suas consequências
Verificação da glicemia periférica no ato da Devido ao estresse do parto e no caso de
admissão e de hora em hora nas 3 primeiras certas enfermidades maternas ou do
horas, espaçando o tempo de exame quando neonato, é importante o monitoramento
houver estabilidade da glicemia da glicose no sangue com frequência,
inicialmente para prevenir hipo- ou
hiperglicemia. Valores normais: 40 a 160
mg/dℓ
Punção de uma veia ou auxiliar na colocação Acesso venoso para administração de
de cateter umbilical líquidos e medicamentos
Coleta de amostras para exames Avaliar níveis de hemoglobina, eletrólitos
laboratoriais de acordo com a solicitação e bioquímica sanguínea, hemocultura e
médica exame de urina
Administração de medicamentos prescritos Se for indicada a administração de
antibióticos, é importante realizá-la o
quanto antes, para debelar o processo
infeccioso. Todas as medicações
intravenosas devem ser administradas via
bomba de infusão, para evitar infusão
rápida, o que pode levar a aumento
súbito do fluxo sanguíneo, podendo
ocasionar aumento do fluxo sanguíneo
para o cérebro, causando hemorragia

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intracraniana

Registro de admissão

 PONTOS CHAVES PARA O REGISTRO DE ADMISSÃO DO RN

 DATA
 HORA
 IDENTIFICAÇÃO
 HORA DO NASCIMENTO
 IG
 PESO
 DIAGNOSTICO/ MOTIVO INTERNAÇÃO
 PROCEDENCIA
 ATIVIDADE E REATIVIDADE
 COR DA PELE
 APGAR
 RESPIRAÇÃO
 PROCEDIMENTOS E ACOMODAÇÃO
 PELE/ ABDOME
 ELIMINAÇÕES
 VALORES SSVV
 ASSINATURA

MODELO DE ANOTAÇÃO DE ADMISSÃO DO RN

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NUTRIÇÃO DO RN

O período neonatal compreende os 28 primeiros dias da vida e é um


momento de grandes modificações e ajustes fisiológicos. A vida extrauterina,
logo no seu início, impõe ao Recém-Nascido (RN) a necessidade vital de
demonstrar sua capacidade de adaptação cardiocirculatória e respiratória. A
nutrição do RN tanto durante a vida intrauterina como no período pós-natal é
um dos mais importantes componentes da saúde e do desenvolvimento futuro
do indivíduo.

A maturação do trato gastrintestinal do RN só vai se dar em torno do


primeiro ano de vida, seja no RN prematuro ou a termo.Os prematuros, apesar
de apresentarem uma morfologia igual à do RN a termo , são funcionalmente
incompletos.

O reflexo de sucção no R N está presente a partir da


17ª semana de vida intrauterina, mas sua capacidade para
sugar-deglutir-respirar somente estará presente em torno
de 32 a 34 semanas, assim como o reflexo de reação ao
engasgo.

O estômago do RN te m capacidade para cerca de 90 ml ao nascimento.


Essa capacidade aumenta com o passar das semanas . O tempo de
esvaziamento do estômago leva em média 2 a 3h e a peristalse é rápida, por
isso o RN tem necessidade de mamar várias vezes.

Em geral, existem 3 escolhas aceitáveis de alimentação: o leite humano,


a fórmula do leite de vaca comercialmente preparado e o leite de vaca em pó
modificado. Essas opções oferecem difer enças psicológicas , financeiras e
nutricionais.

O aleitamento materno é considerado ideal para todos os RN e


recomendado exclusivamente nos primeiros 6 meses de vida. O leite materno
contém todos os nutrientes de que o RN necessita até esta idade.

ALIMENTAÇÃO DO RN PREMATURO

Antes de 36 a 37 semanas, o
RN precisa de atenção redobrada
quanto à alimentação e é muito
suscetível à aspiração , por ainda nã o
ter atingido maturidade suficiente para
coordenar seus mecanismos de
sucção e deglutição . As contrações
esofágicas também são
descoordenadas e o reflexo do
engasgo pode não estar presente.

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Com a deficiência do sistema de deglutição e respira ção, o RN não


consegue ingerir a quantidade de calorias e líquidos necessária ao seu
crescimento. O intestino do RN pode ser menos irrigado em virtude de hipoxia
sofrida no período perinatal , quando o sangue é desviado para irrigar órgãos
mais nobres como o cérebro e o coração . Com isso ocorre isquemia, levando à
lesão na parede intestinal. Esse conjunto pode levar o RN a perda de peso , ou
ganho de peso insatisfatório, e desnutrição.

VIAS E MÉ TODOS DE ADMINISTRAÇÃ O DE DIETAS

Vias: Oral, enteral mínima(trófica), parenteral, gastrostomia e


jejunostomia

Métodos: Gavagem intermitente, gavagem contínua, copinho,


alimentação por sucção.

A alimentação do RN pode ser progredida levando -se em consideração


sua estabilidade clínica e sinais de intolerância, tais como presença de:

 Resíduos biliosos, com grumos acastanhados e /ou presenç a de sangue


resíduos gástricos em quantidade acima de 30% do valor total do
volume prescrito
 Distensão abdominal
 Vômitos
 Irritabilidade
 Letargia
 Presença de sangue nas fezes visiv́ el ou oculto (catalase +)

 Gavagem simples

A gavagem simples ou alimentação intermitente é a forma mais comum


de alimentar os prematuros de baixo peso . Oferece menor risco, baixo custo e
é mais fisiológica, que mais se aproxima da alimentação normal
Deve-se aspirar o estômago antes de administrar a alimentação .
Havendo resid ́ uo até 30% do volume total da dieta , com aspecto de leite
digerido, deve ser reinjetado sob gravidade , e o volume medido diminuid ́ o da
dieta. Caso o conteúdo aspirado tenha caracteriś ticas como : bilioso, presença
de grumos, sangue ou castanho, deve ser comunicado ao médico.

 Sondagem oro/nasogástrica

Consiste no processo de introdução de uma sonda até o estômago


através da cavidade oral ou nasal. A cavidade oral é de primei ra escolha. A via
nasal é con traindicada em RNPT , pois compromete uma narina do bebê ,
aumentando a dificuldade para a entrada de ar na respiração , já que esta é
eminentemente nasal . Além disso , existe o risco de trauma da mucosa
nasofaríngea. Geralmente utiliza-se a sondagem nasogástrica quando o bebê

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necessita de estimulação oral pela equipe


de fonoaudiologia ou quando há algum
impedimento anatômico importante (fissura
palatal).

Materiais:

 Sonda gástrica curta números 6, 8 ou 10 F(French)


 Esparadrapo antialérgico ou tensoplast
 Estetoscópio clínico infantil
 Seringa de 3 ou 5 ml
 Água destilada

Procedimento:

1. Higienizar as mãos
2. Organizar o material
3. Posicionar o paciente em decúbito dorsal
4. Medir a extensão da sonda a ser introduzida : asa do nariz (se
nasogástrica) ou da comissura labial (se orogástrica) ao lóbulo da orelha, e
deste até o apêndice xifoide
5. Marcar a sonda , com tira de esparadrapo , amarrando a fixação sobre a
tira
6. Monitorar o RN com oximetria de pulso (durante o procedimento , o RN
pode ter estimulação do reflexo vagal , com ocorrência de bradicardia e
apneia)
7. Apoiar a cabeça do R N com a mão , levantando-a suavemente com
ligeira flexão
8. Introduzir a sonda pela cavidade oral, com movi- mentos precisos até a
medida prévia,
9. Aspirar o conteúdo gás trico utilizando seringa de 3 ml. Caso não haja
conteúdo, injetar 1 ml de ar com movimento único, auscultando ruid ́ o aéreo
com estetoscópio sobre a região epigástrica
10. Fixar a sonda
11. Colocar o RN em posição confortável
12. Recolher o material utilizado
13. Higienizar as mãos
14. Registrar

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 Sondagem transpilórica ou enteral

É a introdução de sonda /cateter em


duodeno ou jejuno VO ou nasal do RN . É
indicada em situações em que haja histórico
de refluxo importante, resíduo gástrico elevado e vômitos persistentes com uso
de sonda gástrica. No pós-operatório de cirurgias como atresia de esôfago, são
instaladas em sala operatória , passando pela anastomose realizada pelo
cirurgião. Seu uso predispõe ao risco de enterocolite necrosante e diarreia.
Geralmente utilizam-se sondas radiopacas, confeccionadas em material
flexível (silicone). Segue a mesma téc nica da sondagem oro /nasogástrica,
sendo que a medida modifica-se: asa do nariz (se nasogástrica ) ou da
comissura labial (se orogástrica ) ao lóbulo da orelha , deste até o apêndice
xifoide, seguindo até a cicatriz umbilical. A intenção é que a sonda migre para o
duodeno e jejuno com a peristalse.

 Gastróclise ou gotejamento contínuo

É uma alimentação enteral contínua através de


bomba de infusão e uma sonda introduzida via
oral ou nasogástrica. Este método está indicado
para os recém-nascidos que: não toleram a
gavagem simples intermitente; apresentam

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resíduo gástrico volumoso; são dependentes de prótese ventilatória; menores


de 1000 g; ou que não suportam volumes maiores de uma única vez.

 Gastrostomia e jejunostomia

São aberturas tempo rárias ou permanentes que rea lizam comunicação


direta de um órgão ou porção deste (gastrostomia – estômago, jejunostomia –
jejuno) com o meio externo, para que seja possível a introdução direta de
alimentos fluidos.
São realizadas na vigência de alguma incapacidade do RN em se
alimentar pela boca , seja por déficit neurológico ou malformações do tubo
digestivo que comprometam o processo de alimentação natural.

 Alimentação por sucção

Idealmente o bebê deve ser estimulado a sugar o seio materno . Na


impossibilidade de sugar ao seio (por imaturidade dos sistemas , prevenção de
perda de peso), usa-se o método finger feeding ou o bico artificial.

O finger(dedo) é
utilizado quando o RN
precisa ser treinado para a
transição de gavagem para
o seio materno, a fim de que
ele não perca o estímu lo de
sucção, além de fortalecer a
musculatura oral e seu
reflexo de coordenação.

 Copinho

Esta técnica é útil na transição


da gavagem para a VO quando é
necessária a complementação da
alimentação no peito , e também na
ausência da mãe temporariamente .A
utilização do copinho em vez do bico
artificial (mamadeira) é muito
importante, pois na introduçã o do bico
artificial o RN geralmente dá preferência
a este , pela facilidade de não precisar
se esforçar muito para a saída do leite.

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 Aleitamento materno

A importância atribuída ao leite humano deve-se ao seu valor nutricional


e imunológico para o recém-nascido; além disso, o aleitamento materno
promove benefícios psicológicos tanto para a mãe como para o filho,
contribuindo para o desenvolvimento do elo afetivo entre ambos. Atualmente,
recomenda-se que os neonatos sejam alimentados apenas por aleitamento
materno durante os 6 primeiros meses de vida e prossigam com o aleitamento
misto até os 2 anos de idade.

No recém-nascido enfermo a termo, a amamentação deve ser iniciada


assim que houver estabilidade das funções fisiológicas, e geralmente ocorre
sem muitas complicações. Nos prematuros, existe tendência a adiar a
oportunidade para que o recém-nascido seja amamentado. O fator
determinante para essa demora está relacionado com receio de que o
prematuro, por ser “muito pequeno”, não tenha energia suficiente para
estimular a apojadura e se canse muito.

Manter a produção de leite e


amamentar o neonato enfermo a termo ou
prematuro tardio e pré-termo pode ser um
desafio para a mãe e os cuidadores. Muitas
vezes, esse processo é longo e estressante,
principalmente nos casos de neonatos mais
enfermos. É comum, devido à disponibilidade
de bancos de leite, a falta de incentivo ou
promoção da ordenha e da amamentação
entre as mães nas UTIs neonatais.

Por esse motivo, algumas UTINs implementaram os Comitês de Apoio


ao Aleitamento Materno composto por um neonatologista, um consultor
internacional certificado em aleitamento materno, um gestor da unidade, um
fonoaudiólogo, um fisioterapeuta, um assistente social ou psicólogo,
enfermeiros da UTI neonatal e um nutricionista. Esse comitê elabora
estratégias que visam à participação da mãe no quesito aleitamento materno,
durante todo o processo de internamento do filho.

São funções do Comitê:

◗ Monitoramento de todas as mães da UTI neonatal com relação à evolução da


lactação e à amamentação

◗ Apoio e informação a todas as mães que desejam amamentar

◗ Preparação de normas e rotinas referentes ao aleitamento materno, ordenha


e armazenamento do leite materno

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◗ Participação nos programas de educação contínua e treinamento em


aleitamento materno e lactação

◗ Promoção de início precoce da alimentação com colostro da própria mãe

Algumas UTIs neonatais criaram um cartão


que é afixado no berço ou na incubadora do
neonato e que identifica que a mãe está
tirando leite para seu bebê

 Nutrição parenteral

O RN que não estiver apt o a receber


alimentação ente ral devido à sua condição
clínica pode necessitar de oferta de
nutrientes por via parenteral. Recomenda-se
que seja iniciada entre o 2º e 3º dias de vida,
a fim de garantir o crescimento , o
desenvolvimento e o reparo celular em
situações que causem grande consumo
energético, como na prematuridade.

 Indicações para nutrição parenteral (NP):

A nutrição parenteral é um modo de proporcionar parcial ou


completamente as necessidades nutricionais requeridas para promover um
crescimento adequado ao recém-nascido (RN) impossibilitado de tolerar a
alimentação enteral..

É indicada nos seguintes casos:


 Prematuro com peso < 1.500 g
 RN cirúrgico em que não será iniciada nutrição enteral entre 3 e 5 dias
 RN com patologias gastrintestinais que afetem a possibilidade da
nutrição enteral (sindrome do intestino curto, enterocolite, atresia intestinal)

 Vias de administração

 Cateteres periféricos: de preferência, devem-se utilizar veias calibrosas.


As concentrações de glicose não devem exceder 12,5%, e as de proteína não
devem estar acima de 2%.

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 Cateteres centrais são os mais indicados: PICC, Broviac®, veia umbilical


(CUC). Os cateteres centrais são indicados quando houver necessidade de
uma concentração de glicose > 12,5%, por tempo de nutrição parenteral maior
que 2 semanas.

 Cuidados na infusão da nutrição parenteral

 A infusão é contínua, não interromper a mesma na realização de


exames, procedimentos e outros;
 Realizar técnica asséptica durante preparo e instalação
 Dentro do serviço de enfermagem, a administração é privativa do
enfermeiro;
 A administração deve durar 24h e deve-se fazer o controle de trocas;
 Deve se eleger uma via para a infusão exclusiva da solução parenteral;

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 A solução parenteral deve ser infundida por fluxo controlado (em bomba
de infusão) de acordo com a prescrição médica (conferência diária da vazão
prescrita).
 Observar permeabilidade do acesso e presença de sinais flogísticos.

 Complicações

As complicações mais frequentes são as relacionadas com o cateter, como


infecção local, sepse, hemorragias, trombose e as complicações metabólicas
resultantes da capacidade metabólica limitada do RN ou da própria infusão e
composição das soluções, como hipo e hiperglicemia, distúrbios eletrolíticos e
vitamínicos.

PRINCIPAIS DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS NA NEONATOLOGIA

Taquipnéia transitória do recém-nascido

A taquipnéia transitória do recém-


nascido, também conhecida como
síndrome de pulmão úmido, ocorre
em virtude da retenção de líquido
nos pulmões do feto.
Quando o recém-nascido realiza os
primeiros movimentos respiratórios,
ocorre a entrada de ar nos pulmões
e, ao mesmo tempo, saída do
líquido que, na vida fetal, circulava
dentro dos pulmões. O líquido
presente no interstício e nos
alvéolos é absorvido pelo sistema
linfático pulmonar.
Quando não sai totalmente dos pulmões, esse líquido causa alterações
respiratórias, levando a diminuição da expansão pulmonar e aumento da
resistência das vias respiratórias.

A incidência desse problema é mais


comum entre recém-nascidos, a termo ou
perto do termo, que nascem de parto
cesariano, prematuro, de mães que
receberam sedação excessiva e que
apresentam sobrecarga de líquidos; ou
filhos de mães diabéticas; com cordão
umbilical clampeado > 45 segundos após

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o nascimento, asfixia perinatal, e com macrossomia. A absorção do líquido


pulmonar não eliminado após o nascimento é realizada pelo sistema linfático,
em geral em um intervalo de 12 a 72 horas.

Quadro clínico
 Gemidos expiratórios e cianose (ocorrem ocasionalmente)
 Taquipneia persistente sem dispneia (resolvendo-se em cerca de 5 dias)
 Retrações intercostais mínimas ou ausentes
 Ruídos respiratórios normais
 Respiração gemente e batimento das aletas nasais podem estar
presentes
 Processo resolve-se em 12 a 72 horas
 Saturação de oxigênio dentro dos parâmetros normais.

Diagnóstico

 Por meio do quadro clínico


 Radiografias do tórax
 Gasometria arterial

Tratamento
 Administração de oxigênio, se necessário, para manter PO2 arterial
dentro dos parâmetros de normalidade
 Manutenção do recém-nascido em jejum
 Manutenção da saturação de oxigênio entre igual ou acima 95%
 Manutenção da temperatura nos parâmetros normais (ambiente térmico
neutro), pois diminui a necessidade de oxigênio
 Hidratação intravenosa adequada para manter o equilíbrio hidreletrolítico

SÍNDROME DE DESCONFORTO RESPIRATÓRIO (DOENÇA DA


MEMBRANA HIALINA)

A síndrome de desconforto respiratório (doença


da membrana hialina) caracteriza-se por deficiência de
surfactante, que leva a um colapso progressivo dos
alvéolos (atelectasia pulmonar) – que tem como
consequências aumento da necessidade de oxigênio e
estresse respiratório, ocorrendo fadiga – e reduz a
perfusão nos pulmões.

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incidência é maior entre recém-nascidos prematuros, de 32 semanas de


gestação e peso de 1.500 g, mas pode ocorrer também em prematuros < 35
semanas de gestação. No recém-nascido pré-termo, os pulmões estão
anatomicamente e fisiologicamente imaturos. Esse fato reduz a ventilação, com
oxigenação e perfusão deficientes, resultando em hipoxemia e acidose
metabólica e culminando em falência respiratória progressiva. Outros fatores
contribuem para essa síndrome, mesmo entre recém-nascidos a termo, como
anoxia perinatal, parto cesariano eletivo não precedido de trabalho de parto,
hipotermia, diabetes gestacional e gestação gemelar, além de todos os outros
fatores que podem levar a hipoxia durante o nascimento, com redução da
produção de surfactante.

Prevenção de síndrome de desconforto respiratório


Como profilaxia da síndrome de desconforto respiratório, sugerem-se as
seguintes intervenções:

 Administração de glicocorticosteroides
(esteroides) no pré-natal, pois induzem a
maturidade pulmonar fetal, ocorrendo maior
ramificação das vias respiratórias e também
aumento da produção de surfactante. O resultado é
melhor em fetos < 32 semanas de gestação.
Devem ser administrados, preferencialmente, 24 a
48 horas antes do nascimento

 Manejo pré-natal para evitar situações que possam levar a redução da


circulação nos pulmões do feto ou neonato; na gestante: hipotensão, sedação
excessiva, hipoxia, estresse fetal sem realização do parto prontamente; no
neonato: se houver atraso na reanimação na sala de parto, hipoxia ou acidose
não corrigida, hipotermia, hipoglicemia e hipovolemia.

Quadro clínico

 Dispneia ou respiração superficial


 Imediatamente após o parto ou nas primeiras 6 horas ocorre
insuficiência respiratória, com piora progressiva nas primeiras 48 horas de vida
 Aumento progressivo da frequência respiratória >60 rpm
 Taquicardia
 Retrações esternais e intercostais
marcadas (decorrentes da diminuição da
complacência pulmonar)

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 Batimentos das aletas nasais (asas do nariz)


 Diminuição difusa do murmúrio vesicular
 Cianose central
 Gemido expiratório, com o recém-nascido em repouso (um reflexo da
passagem forçada do ar expirado pela glote parcialmente fechada)
 Ausculta pulmonar: diminuição dos ruídos
 Aumento progressivo dos requerimentos de oxigênio
 Episódios de apneia
 Palidez causada pela vasoconstrição periférica
 Edema intersticial e palpebral dentro das primeiras 24 horas (decorrente
da alteração da permeabilidade vascular)

Diagnóstico

 Quadro clínico
 Radiografia do tórax
 Gasometria arterial

Tratamento
O tratamento recomendado inclui:
 Redução da hipoxemia e diminuição do trabalho da respiração por meio
de ventilação mecânica assistida ou CPAP nasal
 Administração de surfactante
 Monitoramento da gasometria, correção de acidoses
 Manutenção da PaO2 em níveis normais
 Manutenção da temperatura corporal e sinais vitais dentro dos
parâmetros normais
 Manutenção do equilíbrio hidreletrolítico e glicose

PNEUMONIA

A pneumonia pode ser definida como infecção


do pulmão do feto ou do neonato, podendo ocorrer
ainda no ambiente uterino ou após o nascimento. A
pneumonia ocorre em 1% dos neonatos a termo e em
10% dos neonatos prematuros. O neonato prematuro
está mais suscetível a contrair a pneumonia devido à
imaturidade do seu sistema imunológico e à falta dos
anticorpos protetores maternos que ocorre no último
trimestre de gravidez.

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A pneumonia pode ser congênita, ainda no ambiente uterino, e estar


associada a fatores maternos, como:

 História materna de corioamnionite


 Ruptura de membrana prolongada (> 24 horas)
 Parto prolongado com a membrana intacta
 Infecção urinária.

Pneumonia neonatal:

◗ Ocorre após o nascimento (dias a semanas)


◗ Infecção hospitalar na própria UTI neonatal por meio de contaminação pelos
cuidadores.

QUADRO CLÍNICO

 Estresse respiratório (taquipneia, deterioração respiratória, aumento das


exigências de oxigênio, apneia, aumento de retrações, hipoxemia, aumento da
PCO2 arterial)
 Diminuição dos sons pulmonares unilateral ou bilateral
 Hipoglicemia
 Instabilidade térmica
 Radiografias típicas com infiltrações alveolares, peribrônquicas,
pulmões opacos.

DIAGNÓSTICO
 História clínica pré- e pós-natal
 Radiografias
 Culturas de aspirado endotraqueal e hemocultura
 Hemograma
 Cultura de urina

TRATAMENTO
 De acordo com o resultado do hemograma e das radiografias, deve-se
iniciar terapia antimicrobiana com antibiótico de longo espectro. Após os
resultados das culturas e do antibiograma, podem ser feitos os ajustes nos
tipos de antibiótico de acordo com a sensibilidade da bactéria; no caso de
infecção viral, deve-se iniciar administração de um antiviral; se a cultura for
positiva para fungo, deve-se iniciar administração de um antifúngico.

 É importante manter os cuidados de apoio, como controle térmico,


nutrição, oxigenoterapia e ventilação mecânica, se necessário, além do
cuidado com o desenvolvimento e o controle da dor.

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OXIGENOTERAPIA NA NEONATOLOGIA

Oxigenoterapia consiste na administração de


oxigênio com finalidade terapêutica. Para muitos
recém-nascidos, essa terapia é essencial para a
sobrevivência, como nos casos de certas patologias
cardiorrespiratórias. A administração suplementar
de oxigênio é indicada quando ocorre:

 Hipoxemia (diminuição dos níveis de


oxigênio no sangue arterial)
 Cianose (aparente quando a PaO2 está
entre 75 e 85%).

Apesar de seu efeito benéfico, o oxigênio também pode ser perigoso ao


afetar a síntese do surfactante e causar barotrauma. Esses efeitos se fazem
presentes na retina e nos pulmões, principalmente dos recém-nascidos
prematuros.
A administração de oxigênio deve seguir alguns critérios já
estabelecidos. A saturação sanguínea de oxigênio e a concentração do
oxigênio administrado devem ser monitoradas para evitar a administração
desnecessária de altas concentrações de oxigênio, que podem induzir
barotrauma, tanto nos recém-nascidos a termo como nos prematuros.

Os níveis de saturação de oxigênio recomendados de acordo com a


idade gestacional variam entre as UTIs neonatais. Apesar de ainda não haver
um consenso, a maioria dos neonatologistas recomendam as variáveis a
seguir:

Idade gestacional Saturação de O2


< 33 semanas 85 a 90%
33 a 37 semanas 90 a 94%
>37 semanas 94 a 97%

Todos os pacientes que estejam recebendo oxigênio, seja qual for o método
de administração, devem ser conectados ao oxímetro de pulso e avaliados
periodicamente por meio de gasometria, para estimativa dos níveis de oxigênio
no sangue.

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 Oxímetro de pulso
O oxímetro de pulso é um método não
invasivo que avalia a oxigenação dos tecidos
por meio de espectrometria infravermelha e
reflete a saturação de oxigênio da
hemoglobina. Nos neonatos, os eletrodos
devem ser colocados nas extremidades ou nos
dedos (superiores ou inferiores).

Para que a leitura da saturação seja acurada, a


frequência cardíaca registrada no oxímetro de
pulso deve ser similar à frequência cardíaca
mostrada no monitor cardiorrespiratório do
paciente. Movimento do paciente, edema,
vasoconstrição periférica, hipovolemia,
luminosidade do ambiente e superfície úmida
podem interferir nessa correlação.

 Principais técnicas de administração de oxigênio

 Cânula nasal
O oxigênio é administrado em sistema de baixo fluxo através
de um dispositivo de plástico ou silicone , composto por duas pontas
que se projetam em direção às narinas com
fluxo contin
́ uo , e umidificado . Normalmente o
fluxo não deve ultrapassar 1litro por minuto
(l/min), pois pode provocar irritação da mucosa
nasal e fariń gea , além de deglutição de ar .
Recomenda­se a utilização de um blender
(misturador de gases , se possiv́ el , com
aquecedor), pois haverá melhor controle da
administração de oxigênio.

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 Capacete, halo ou Oxihood

É um sistema composto por um recipiente cilíndrico de acrílico


transparente, com uma abertura para o pescoço do paciente e uma tampa
superior móvel para facilitar o acesso ao paciente. Permite ofertar FiO2 de até
100%, a partir de um blender ou da mistura de ar comprimido e oxigênio a
partir de uma fonte de gases. Apresenta-se em três tamanhos, com
capacidades de 8, 10 ou 12 l/min.

A cabeça do RN deve ser


posicionada dentro do halo , mantendo
livre o espaço entre o pescoço e o
capacete. Deve-se evitar retirar o RN do
capacete durante a terapia.

 Pressão positiva contínua nas vias respiratórias (continuous


positive airway pressure – CPAP nasal)

Consiste na administração de oxigêni o sob


pressão contínua por meio de dispositivos nasais
flexíveis (prongas), aumentando a capacidade
funcional residual pulmonar e reduzindo a resistência
vascular pulmonar, melhorando a oxigenação.

Esse método mantém pressão positiva nas vias


respiratórias durante a fase expiratória, possibilitando
distensão alveolar mais eficiente e prolongada . Evita atelectasia , melhora a
estabilidade da parede torácica, e reduz episódios de apneia.

 O2 circulante (Incubadora) - É um
método pouco utilizado devido as concentrações
indicadas pelos fabricantes não correspondem e
são necessários fluxos muito altos (mais de 10
L/min) para atingir uma FiO2 de 60% em 20 a 30
minutos. Qualquer abertura nas portas da
incubadora provoca uma queda rápida na FiO2 e
um tempo longo será necessário para atingir a
taxa desejada.

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 Intervenções de enfermagem no processo de oxigenoterapia no RN

 Mantenha zona termoneutra


 Mantenha a SpO2 dentro dos parâmetros de normalidade de acordo
com a idade gestacional.
 Mantenha mínimo manuseio
 Mantenha vias respiratórias pérvias
 Cheque parâmetros e SpO2 de hora em hora
 Faça rodízio do sensor oximetro de pulso
 Verifique sinais vitais de 2/2 hs ou de acordo com rotina hospitalar
 Administre oxigênio conforme prescrição médica
 Mantenha a mistura de O2 umidificada e aquecida
 Promova conforto e procure minimizar dor
 Observe e registre: Alterações no padrão respiratório
 Retrações intercostais
 Cianose
 Apneias
 Observar sinais gemência.

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AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA DO PACIENTE NA UTI

O cérebro e o sistema nervoso são


frequentemente comparados a um computador:
ambos dependem fortemente do conhecimento de
alguém do fun cionamento e da integração dos
diversos e intrincados circuitos internos. Os
computadores, assim como o sistema nervoso ,
funcionam para obter , analisar e transmitir
inumeráveis sinais e respostas para os destinatários
corretos. Inúmeros problemas podem levar o computador a colapsar, assim
como podem levar o ser humano a apresentar um comprometimento da função
neurológica, como um acidente vascular encefálico (AVE), convulsões e lesões
ou incidentes traumáticos . Entre as alterações mais comuns na UTI está a
alteração do nível de consciência que pode abranger desde a sonolência ao
coma. Portanto espera-se que uma equipe de enfermagem da unidade de
terapia intensiva tenha domínio do computador , bem como conhecimentos
sobre o sistema nervoso e os distú rbios neurológicos associados , a fim de
prever e detectar lesões cerebrais que podem ser irreversíveis ao paciente.

 PERFIL DOS PACIENTES DE UMA UTI NEUROLÓGICA

A UTI neurológica é uma estrutura


específica dedicada ao tratamento de
pacientes com as mais diversas
patologias, desde acidente vascular
cerebral (hemorrágicos ou
isquêmicos), traumatismos crânio
encefálicos e infecções no sistema
nervoso central (como meningite, por
exemplo).

 FINALIDADE DO EXAME NEUROLÓGICO

 Identificar disfunções presentes no sistema nervoso


 Determinar os efeitos das disfunções na vida diária
 Estabelecer o exame neurológico inicial do paciente e compará-lo a fim
de detectar alterações
 Detectar situações de risco de morte
 Fornecer subsídios para os diagnósticos de enfermagem

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 AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA

O nível de consciência é o comportamento contínuo do indivíduo entre o


sono e o despertar, o que expressa seu estado de alerta, sua reação de
despertar, sua capacidade de responder à estímulos.

Entre o estado de alerta normal e o coma existe uma série de estados


intermediários de consciência que representam distúrbios e lesões menores ou
maiores de estruturas responsáveis pela manutenção da consciência.

Nível de consciência
Nível de conciência Características
Estado de consciência ou alerta  Responde ativamente aos
estímulos com respostas
orientadas em tempo e espaço
Estado de letargia  Responde com respostas lentas
, podendo apresentar-se
confuso
Estado de obnubilação  Responde quando estimulado,
obedecendo a estímulos
simples.Normalmente
apresenta-se muito sonolento
Estado de torpor  Responde muito pouco a
estímulos verbais e ao estimulo
doloroso. Obtém-se abertura
dos olhos ou sons
incompreensíveis
Estado de coma  Ausência de consciência e da
capacidade de
despertar.Indivíduo encontra-se
completamente irresponsivo.

 COMA: Alteração patológica da consciência, resultante da disfunção ou


da lesão aguda cerebral; o paciente mantém os olhos fechados e não pode ser
despertado por quaisquer estímulos endógenos ou exógenos.

 Tipos de coma

 Neurológico: Decorre de patologias, como acidente vascular cerebral,


traumatismo crânio encefálico e tumores cerebrais

 Metabólico: ocorre devido à disfunção de uma patologia, como


diabetes, disfunção hepática e distúrbios nefróticos.

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 PRINCIPAIS ESCALAS DE AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA

 Escala de coma de Glasgow

A escala de coma de Glasgow (Glasgow coma score – GCS) foi desenvolvida


para avaliar o niv́ el de consciência de pacientes pós -TCE por meio de três
parâmetros: abertura ocular, melhor resposta motora e melhor resposta verbal .

Conforme os valores preestabelecidos, o avaliador atribui um valor a


cada parâmetro, e a soma dos três fornece o resultado final . O valor mínimo
atingido é de 3 pontos (pior estado neurológico ); o máximo, 15 pontos (estado
neurológico preservado).

Consideram-se valores < 8 comprometimento importante do nível de


consciência, exigindo intervenções , como estabelecimento de via aérea
definitiva. Pacientes afásicos e intubados devem receber pontuação 1 no item
resposta verbal;

Pacientes afásicos e intubados devem receber pontuação 1 no item


resposta verbal; pacientes com edema/hematoma intenso bipalpebral, a

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mesma pontuação no item abertura ocular . Se o paciente estiver sedado , a


GCS não deve ser utilizada.

 Escala de Ramsay

Em uma unidade de terapia intensiva é frequente a permanência de


pacientes sob sedação, para conseguir adequada prestação da assistência, a
fim de melhorar o prognóstico do paciente.

Várias são as situações nas quais os pacientes permanecem sedados


por períodos indeterminados, sendo necessário a avaliação constante e
individual de cada paciente.

A escala mais frequentemente utilizada para essa avaliação é a escala


de Ramsay. Por essa escala, é possível detectar o nível de sedação e a
necessidade de aumentar a dose dos medicamentos, prolongando a sedação,
ou permitir que o paciente fique consciente. A definição quanto à manutenção
ou não sedação é de responsabilidade da equipe médica que estiver
acompanhando o paciente.

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AVALIAÇÃO PUPILAR

A pupila em condição normal é redonda ,devem ter o mesmo tamanho e


reagir rapidamente à luz com constrição para proteger o olho . A análise das
pupilas e dos reflexos pupilares é fundamental na avaliação de pacientes em
coma. Pois quando uma pupila de repente se torna maior que a outra e com
reação mais lenta à luz , junto de alterações nos sinais vitais , pode indicar
alteração no lesão ou disfunção neurológica.

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ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC)

 Introdução

O acidente vascular cerebral (AVC) pode ser definido como uma


disfunção neurológica aguda de origem vascular, com sinais e sintomas
correspondentes às áreas cerebrais envolvidas, que podem iniciar-se em
questão de segundos a horas.Os dois tipos de AVC são o isquêmico (70 a 85%
dos casos) e o hemorrágico (15 a 30% dos casos).

O acidente vascular isquêmico (AVCI) é


causado pelo bloqueio do suprimento de sangue
no encéfalo, em razão de trombose ou presença
de êmbolos. A redução do fluxo de sangue leva à
diminuição de oxigênio e nutrientes ao tecido
cerebral irrigado pela artéria, causando isquemia e
morte tissular (infarto).

O acidente vascular cerebral hemorrágico (AVCH)


é causado pelo rompimento de um vaso cerebral, que
pode causar um hematoma, aumentando a pressão
no tecido adjacente e, como consequência,
diminuindo a circulação no local, o que pode levar à
morte tissular. No AVCH, pode haver invasão de
sangue no sistema liquórico, denominada hemorragia
subaracnoidea, que é comum quando ocorre ruptura
de um aneurisma cerebral.

 São fatores de risco para o AVC:

Idade avançada, consumo excessivo de álcool, doença das carótidas ou de


outras artérias, diabetes mellitus, dislipidemia, fatores hereditários,
coagulopatias, hipertensão arterial, infarto agudo do miocárdio, sedentarismo,
fumo, utilização de anticoagulantes ou de drogas ilícitas (cocaína, heroína etc.),
entre outros.

 Sinais e sintomas:

Os sintomas clás sicos incluem cefaleia intensa,hemiparesia, afasia e


hemianopsia (cegueira em metade do campo visual). ̀

 diagnóstico diferencial entre AVCH e AVCI na fase aguda é feito por


tomografia computadorizada de crânio, que deve ser realizada o mais

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rapidamente possível, uma vez que é fundamental para a determinação da


terapêutica a ser adotada.

 Tratamento específico AVCi

A trombólise endovenosa pode ser indicada , uma vez que o paciente


apresen- te um AVEI com sintomas neurológicos persistentes com inić io em até
4 horas e 30 minutos após o evento.

Os riscos e benefícios do tratamento devem ser


esclarecidos com participação dos familiares e
registrados no prontuário . O paciente deve estar em
leito intensivo , com monitoração cardiológica e
neurológica e dois acessos venosos calibrosos .
Procedimentos invasivos, como passagem de
cateteres e sondas, devem ser realizados
preferencialmente antes da infusão da droga, ou após 24 horas da infusão.

O medicamento de escolha deve ser o rt-PA


(alteplase), com 10% da dose ad-
ministrado em bolus em 1 minuto e o
volume restante em 1 hora, em bomba de
infusão contínua.

O paciente deve ser monitorado durante e após a infusão do


fibrinolítico para verificar a presença de efeitos colaterais . No
caso de piora clin ́ ica , deve-se diminuir ou interromper
imediatamente a infusão e repetir a TC . Após a infusão da
droga, deve-se repetir o exame entre 12 e 24 horas para
controle da evolução do quadro.

 Tratamento específico AVCh

A abordagem especif́ ica para o AVEH inclui medidas para diminuir a


expansão do hematoma e indicação cirúrgica , em alguns casos. A principal
medida para diminuir a expansão do hematoma é realizar o controle da PA ,
pois sabe -se que níveis elevados correlacionam -se diretamente com a
gravidade e o prognóstico da hemorragia intracerebral.

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O tratamento cirúrgico visa a retirar o sangue de


dentro do cérebro. Em alguns casos, coloca-se um
cateter(PIC) para avaliar a pressão intracraniana, que
aumenta por conta do edema cerebral após o
sangramento.

Nos casos de sangramento relacionados a distú rbios de coagulação ,


deve ser feita correção com o uso de plasma fresco congelad o ou vitamina K .
Outros possíveis tratamentos para reverter a anticoagulação incluem o uso dos
concentrados de protrombina ou de fator VII ativado.

O uso de medicação antiepiléptica pode ser recomendado para profilaxia


de crises convulsivas em pacientes com hemorragia cerebral.

 Assistência de enfermagem ao paciente acometido AVC

 Monitorar a ocorrência de confusão , mudanças no estado mental ,


queixas de tontura e síncope;
 Monitorar sinais vitais;
 Monitorar condição respiratória : frequência, ritmo e profundidade da
respiração;
 Posicionar cabeceira da cama igual ou acima de 30°;
 Manter normotermia;
 Monitorar tamanho, formato, simetria e reação das pupilas;
 Monitorar o niv́ el de consciência;
 Monitorar as caracteriś ticas da fala: presença de afasias;
 Monitorar a simetria facial;
 Monitorar queixas de cefaleia
 Monitorar a ocorrência de parestesias;
 Espaçar as atividades de enfermagem que possam aumentar a pressão
intracraniana;
 Monitorar parametros da PIC (na presença de cateter);
 Monitorar a quantidade e caracteriś ticas da drenagem do liq ́ uido
cerebroespinhal.

MORTE ENCEFÁLICA (ME)

Definição

Parada total e irreversível das funções encefálicas de causa conhecida e


constatada de modo indiscutível, caracterizada por coma aperceptivo, com
ausência de resposta motora supra-espinhal e apneia(Resolução 1480 –
CFM/97).

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A morte encefálica (ME) é definida como condição na qual há perda


irreversível das funções cerebrais, incluindo o tronco encefálico. As funções
pulmonares e cardiocirculatórias podem ser mantidas por meio de medidas de
suporte (ven- tilação mecânica, drogas vasoativas, aquecimento artificial) por
tempos invariá- veis após o aparecimento da morte encefálica.

 Aspectos fisiopatológicos

A ME dá origem à disfunção do centro vasomotor e à diminuição da


liberação de catecolaminas (adrenalina, noradrenalina, dopamina), com
consequente vasodilatação e diminuição da resistência vascular sistêmica .
Somado à desidratação secundária à poliúria e ao défi cit de hormônio
antidiurético vasopressina (AVP), esse quadro determina hipovolemia e
hipotensão, que são algumas das alterações mais frequentemente relatadas.
A perda completa dos mecanismos centrais de regulação da estabilidade
hemodinâmica pode ser encontrada até mesmo em pacientes com suporte
adequado de ventilação , correção hidroeletrolítica e suporte de drogas
convencionais da circulação.

 Etiologia
Entre as principais causas de morte encefálica no Brasil, estão:
Acidente vascular encefálico (AVE) isquêmico ou hemorrá gico – 47%;
Traumatismo cranioencefálico (TCE) – 39%;
Tumores intracranianos – 4%;
Outras causas, como encefalopatia anóxica – 10%.

 Avaliação
neurológica e quadro clínico

A verificação do quadro de morte encefálica deve seguir o protocolo de avalia-


ção clínica neurológica estabelecido e exames complementares . Inicialmente
devem ser descartadas as causas reversiv́ eis de coma capazes de mimetizar a
ME: hipotermia, choque, intoxicação por drogas e distúrbios metabólicos.

Os principais itens da avaliação clin


́ ica neurológica são :

 Reflexo pupilar
 Tamanho e reatividade pupilar :
espera-se encontrar midria
́ se bilateral
sem reflexo fotomotor

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 Reflexo corneano
 Ausência de fechamento palpebral e /ou
desvio conjugado dos olhos para cima

 Reflexo oculocefalógiro
 Explora-se com movimentos rápidos
de rotação da cabeça no sentido
horizontal e flexão e extensão do
pescoço: espera-se constatar
ausência do deslocamento ocular no
sentido contrário aos movimentos
realizados.

 Reflexo oculovestibular

 Instilação de solução fria no conduto auditivo :


ausência de desvio em direção ao estímulo.

 Reflexos cocleopalpebral , sucção e


mentoniano
 Ausência de reflexos faríngeos , de
deglutição e de tosse.

 Teste de apneia
 Ausência de movim entos ventilatórios e
manutenção de p CO2 em valor min ́ imo de
60 mmHg.

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 Exames complementares
Além da avaliação clínica neurológica protocolar , exames
complementares devem ser realizados para confirmação final do quadro de
ME.

Eletroencefalograma (EEG) : Demonstrar ausência de atividade elétrica


cerebral;

Angiografia : Medir o fluxo sanguíneo de quatro vasos encefálicos: demonstrar


a ausência de fluxo sanguíneo cerebral;

Ultrassonografia com Doppler craniano : Verificar a ausência de circulação


sanguínea em território das artérias carótidas . Quando disponível , substituir
angiografia cerebral com a vantagem de ser um exame não agressivo

 Desfecho diagnóstico

Uma vez diagnosticada a ME , o médico responsável deve esclarecer aos fami-


liares a irreversibilidade da situação . Nesse momento , poderá ocorrer a doa -
ção de órgãos e tecidos mediante a autorização dos familiares responsáveis
ou, até mesmo, a definição da suspensão da manutenção de algun s suportes
clínicos não mais necessários , ressaltando que o diagnóstico de ME é
considerado legalmente como morte do indivíduo.

 Assistência de enfermagem ao paciente com morte encefálIca (ME)

 Monitorar tamanho, formato, simetria e reação das pupilas;


 Monitorar tendências da escala de glasgow;
 Monitorar os sinais vitais: temperatura, pressão sanguínea, pulso e
respiração;
 Monitorar o estado respiratório: gasometria arterial, oximetria de pulso,
profundidade, padrão, frequência e esforço respiratório;
 Monitorar os reflexos da córnea;
 Monitorar reflexo de tosse e engasgo;
 Monitorar as características dos movimentos extraoculares;
 Realizar balanço hídrico;
 Monitorar estado de hidratação;
 Monitorar sinais vitais, em especial pressão arterial;
 Registrar arritmias cardíacas;
 Manter paciente aquecido e monitorar complicações clínicas da
hipotermia.

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ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA UNIDADE DE TRATAMENTO


INTENSIVO: QUEIMADOS

INTRODUÇÃO
Sabe-se que o número de
pessoas que sofrem queimaduras é
grande, seja nos países desenvolvidos
ou em desenvolvimento . Nos Estados
Unidos, cerca de 1,25 milhão de pessoas
sofrem algum tipo de queimadura por
ano, representando a quarta maior causa
de morte por trauma no país . Do total de
vítimas de aciden tes por queimaduras ,
51 mil necessitam de internação
hospitalar, 2.500 evoluem para óbito e
10 mil ficam com algum tipo de sequela.

No Brasil, a estimativa fica em torno de 1 milhão de acidentes por ano ,


dos quais cerca de 40 mil necessitam de internação e , em média , 2.500
evoluem para óbito.

Os acidentes mais comuns que causam queimaduras acontecem em


decorrência de chamas por álcool etílico e por escaldamento , causando lesões
mais profundas e menos extensas, sendo mais frequentes em individ ́ uos
adultos. Já o escaldamento por água fervente e líquidos quentes causa lesões
extensas, porém mais superficiais , e ocorrem frequentemente em crianças e
adolescentes.

DEFINIÇÃO

Queimaduras são lesões decorrentes de agente s capazes de produzir


calor em excesso (p.ex., agentes térmicos , químicos ou elétricos ). Quando
esses agentes entram em contato com os tecidos corporais , causam danos e
morte celular . O principal tecido atingido nas queimaduras é a pele e seus
anexos, mas podem ser atingidas também camadas mais profundas , como
tecido subcutâneo, músculos, tendões e ossos.

ETIOLOGIA
As queimaduras por agentes térmicos
ocorrem pela exposição a líquidos supera quecidos,
como água , óleo e líquidos inflamávei s.Embora os
líquidos quentes se jam os principais causadores de
queimaduras té rmicas, o frio também pode cau sar

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esse tipo de lesão . Além disso , o superaquecimento de agentes térmicos do


tipo sólido, como ferro, chapa de fogão e escapamento de motocicleta, também
pode causar lesões.

As queimaduras por agentes químicos são cau sadas pela exposição a


produtos, entre eles os ácidos (p.ex., ácido sulfúrico) e os á lcalis (como soda
cáustica).Em geral , as queimaduras químicas são pouco extensas, porém
profundas.

Já as queimaduras causadas por agentes


elétricos podem ocorrer por correntes de baixa (<
1.000 V) ou alta voltagem (> 1.000 V). As
queimaduras por alta voltagem podem causar
destruição do tecido no pon to de contato e
necrose maciça de estruturas profundas , além de
exposição das estruturas especializadas. Em
geral, são pouco extensas superficialmente , mas
muito graves em razão das camadas profundas
que são atingidas entre o ponto de entrada e o
ponto de said ́ a da corrente elétrica.

ASPECTOS FISIOPATOLÓGICOS

A queimadura rompe a integridade da pele e compromete suas funções


de proteção e manutenção da perda hid ́ rica e salina , podendo levar à
desidratação e prejudicar a manutenção da temperatura.
A resposta local à agressão térmica , química ou elétrica é o edema e o
eritema, causados por vasodilatação , aumento da permeabilidade capilar e
necrose.
Quando a queimadura atinge apenas uma pequena parte do corpo do
indivíduo, a resposta é som ente local ; entretanto, em pacientes com quei -
maduras extensas , a reação de aumento da permeabilidade capilar é
sistêmica.

CLASSIFICAÇÃO

A classificação das queimaduras pode ser feita de acordo com a


profundidade, em 1°, 2° e 3° graus, com a extensão ou com a gravidade, como
leve, moderada e grave.

 Quanto à profundidade

 As lesões de 1° grau são de espessura superficial e afetam somente a


epiderme. Em geral , são causadas por exposição excessiva ao sol e

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caracterizadas por eritema, dor e edema local. Normalmente evoluem de modo


espontâneo, com descamação da pele e resolução entre 4 e 6 dias.Nesse tipo
de lesão, a repercussão sistêmica é mínima.

 As queimaduras de 2° grau acometem a epiderme e a derme. Quando


as feridas são superficiais, caracterizam-se por eritema, edema, dor, lesões de
cor ró sea e úmida , com ou sem flictemas; entretanto, quando as feridas são
profundas, têm a base branca , aspecto seco e são indolores . Essas lesões
precisam de cuidados e tratamentos específicos e têm resolução entre 7 e 21
dias. A cicatrização desse tipo de lesão pode deixar sequelas , como discromia
ou cicatriz.

 Lesões de 3° grau acometem a epiderme , a derme e o subcutâneo ,


podendo atingir tendões , ligamentos, músculos e ossos . Elas se caracterizam
por lesões es branquiçadas ou enegrecidas , secas, e podem ter textura
coriácea. Em razão da profundidade , essas lesões sã o indolores , pois
acometem os nervos locais . Nesse tipo de queimadura , não há reepitelização
espontânea, sendo necessários trata mentos específicos como a enxertia de
pele.

 Quanto à extensao
̃

A extensão das queimaduras está relacionada com a su perfície corporal


queimada (SCQ). O cálculo da SCQ é feito com a regra dos nove , criada por
Wallace e Pulaski, que atribui a cada segmento corporal o valor 9 ou múltiplo
de 9. Ela é de fácil utilização e considera as diferenças em adultos , lactentes e
crianças.

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 Quanto à gravidade

As queimaduras podem ser classificadas em leves, moderadas e graves.

 São consideradas queimaduras leves as de 1° grau em qualquer


extensão; 2° grau com menos de 10% de SQC; 3° grau com menos de
2% de SCQ.
 Já as queimaduras de gravidade moderada acometem entre 10 e 20%
das lesões de 2° grau e entre 3 e 5% das queimaduras de 3° grau.
 Indivíduos com queimaduras graves podem apresentar mais do que
20% da SCQ de 2° grau e/ou mais que 10% de lesões de 3° grau, além
de queimaduras em regiões como face , pescoço, mão e genitália ,
consideradas especiais em razão de possíveis complicações

QUADRO CLÍNICO

Os pacientes queimados apresentam diversas alterações clínicas , como


lesões de pele , algia intensa, alterações emocionais relacionadas ao estresse
pós-traumático e hipermetabolismo , todas causadas pelas lesões térmicas e
redução da mobilidade pela dor e /ou rigidez articular e contratura de tecidos
moles e articulações.
A insuficiênc ia respiratória pode acontecer como complicação de
queimaduras nas vias aéreas , causadas por inalação de gases tóxicos ou
superaquecidos. Ela ocorre pela incapacidade dos pulmões em oxigenar

143
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suficientemente o sangue circulante nos


alvéolos, pois as lesões podem aumentar a
resistência das vias aéreas por obstrução
ou edema.
Pneumonia e broncopneumonia são
processos inflamatórios das estruturas
pulmonares decorrentes da ação de
agentes infecciosos. Esses agentes podem
chegar às estruturas pulmonares mediante
aspiração de conteúdo gástrico após perda
da consciência, inalação de fumaça tóxica ,
imobilização no leito.
O paciente com queimaduras pode ainda
apresentar alterações hemodinâmicas como
hipotensão, arritmias (incluindo parada
cardiorrespiratória) e choque , sendo este uma
condição clínica frequente . O choque
hipovolêmico ocorre em decorrência do déficit
de volume de liq́ uido circulante , causado pela
perda de plasma e sangue intravascular, e do
aumento da permeabilidade capilar , que causa
o sequestro do plasma para o espaço intersticial . O choque cardiogênico
também pode ocorrer em decorrência do funcionamento insuficiente da bomba
cardíaca pelas alterações volêmicas.
A sepse, a mais preocupante das complicações nos pacientes
queimados, pode ser causada por agentes gram-positivos ou negativos em
decorrência de contaminação das lesões ou dos dispositivos invasivos
inseridos no paciente.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico das queimaduras é feito por meio da avaliação clínica e


considera os aspectos já citados de profundidade, extensão e gravidade.
TRATAMENTO

O tratamento inicial visa a interromper o processo da queimadura, com a


remoção de roupas , joias e próteses, resfriamento local e proteção das lesões
com tecido limpo . Após esse atendimento , em geral em ambiente extra -
hospitalar, a víti ma deve ser encaminhada para receber atendimento
especializado.

No ambiente hospitalar , o atendimento é norteado pelo mnemônico


ABCDE, pelo qual é dada ênfase ao atendimento de priorid ades, visando

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primeiro às condições ameaçadoras da vida: manutenção das vias aéreas e da


estabilidade hemodinâmica, avaliação neurológica e tratamento das lesões.

O atendimento visa a manter as vias aéreas pérvias ,


realizando a suplementação de oxigênio em caso de
suspeita de intoxicação por dióxido de carbono ou na
presença de lesão de face . A intubação orotraque al está
indicada se houver alterações de nível de consciência
(escala de coma de Glasgow < 8), PaO2 < 60 e PaCO2 >
55, saturação < 90% e/ou edema importante de face ou
laringe.

Queimaduras circulares em tórax


devem ser avaliadas , sendo necessária a
realização de escarotomia se houver
limitação na expansibilidade pulmonar.

Nos casos de queimaduras elétricas,


recomenda-se a monitoração cardiá ca
contínua por 24 a 48 horas e coleta seriada
de enzimas CPK e CK-MB.

A punção de acesso venoso calibroso deve ser realizada , se possiv́ el ,


distante da área queimada ,8 e o acesso venoso central deve ser considerado
na impossibilidade de punções periférica.

É importante que seja feita uma estimativa da extensão da SCQ para


que se possa determinar o volume de fluidos endovenosos que devem ser
administrados.
O controle da diurese é importante para garant ir a reposição
volêmica ade quada; O uso da sonda vesical de demora (SVD) é
recomendado se a SCQ for > 20% em adultos e > 10% em
crianças.

O tratamento da dor é fundamental no aten dimento da


vítima de qu eimadura. Protocolos brasileiros sugerem utilizar
dipirona e morfina.
O cuidado com as lesões faz parte do atendimento ao paciente
queimado e , inicialmente, deve-se realizar a limpeza da ferida
com água corrente ou solu ção fisiológica aquecida . O uso dos
antissépticos é controverso, entretanto é recomendado por alguns
protocolos e guias de condutas . Quando a instituição opta por
usar o antisséptico , sugere-se a clorexidina degermante a 2% ou
sabão neutro.

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A limpeza da ferida tem o objetivo de remover sujidades e tecidos


desvitalizados soltos do leito da ferida . Recomenda-se a utilização de materiais
macios, como esponjas e gazes , tendo em mente a manutenção dos tecidos
viáveis.

Em pacientes com grandes queimaduras, que ficam internados em


serviços específi cos, os banhos podem ser realizados de diversas formas : de
aspersão, duchas de várias intensidades , tanques tipo banheira ou de
turbilhão, cadeiras especiais de banho e no leito.

Após a limpeza da ferida , devem ser feitos


curativos diários que podem ser abertos ou
fechados, utilizando substâncias com ou sem ação
antimicrobiana. A escolha do tipo de produto deve
considerar aspectos do paciente e da lesão
(profundidade, local, extensão, causa, mobilidade,
custo, conforto e dor).

No que diz respeito aos


produtos a serem utilizados, geralmente faz-se uso de
pomada a base de sulfadiazina de prata a 1%,
podendo ser usadas , também, associações entre
sulfato de neomicina e bacitracina.15 A sulfadiazina de
prata pode ser associada ao nitrato de cério e tem
ação fungicida, muito útil no tratamento das lesões.

O alginato de cálcio tem alta capacidade de absorção e pode ser muito


útil na fase inicial no tratamento de queimaduras de espe ssura parcial, quando
há exsudação em grande quantidade.

Além dos citados , recomenda-se utilizar produtos que consigam manter


o agente em contato com a lesão , como ataduras de tecido sintético (rayon),
gazes algodoadas e ataduras de crepe . Regiões de face e períneo devem ser
mantidas expostas, somente com a aplicação da pomada.

Para o tratamento das lesões de 2°


e 3° graus, pode ser necessária a
realização da enxertia de pele.
A condição de membros superiores
e inferiores deve ser determinada pela
avaliação dos pulsos e per fusão
periférica. Se reduzidos, deve-se cogitar
o desenvolvimento de síndrome

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compartimental. Para isso, é necessária a realização de fasciotomia.

Quanto às medicações , sugere-se administrar toxoide tetânico , bloqueador de


receptor de H2 (profilaxia de úlcera de estresse ) e heparina subcutânea (pro-
filaxia de tromboembolismo). Os antibióticos sistêmicos profiláticos devem ficar
restritos a lesões potencialmente colonizadas ou p ara quando há sinais de
infecção local ou sistêmica. Não é recomendado o uso de corticosteroides.

Assistência de enfermagem ao grande queimado

 Evitar uso de lençóis de textura grossa e mantê-los limpos e secos;


 Vestir paciente com roupas confortáveis;
 Realizar banho/higiene com sabonete apropriado;
 Aplicar curativo oclusivo com produto – conforme protocolo da
instituição;
 Examinar diariamente as lesões e documentá-las
 Proporcionar controle adequado da dor;
 Manter local da doação de pele limpo e livre de pressão;
 Realizar curativo diariamente ou conforme protocolo da instituição;
 Monitorar sinais de infecção;
 Instituir precauções designadas;
 Limitar número de visitas – se adequado;
 Pesar diariamente o paciente;
 Manter registro preciso de ingestão e eliminação; •
 Monitorar o estado de hidratação;
 Monitorar sinais vitais;
 Monitorar temperatura a cada duas horas;
 Adaptar a temperatura do ambiente às necessidades do paciente;
 Monitorar edema;
 Auxiliar o paciente a identificar sentimentos, com ansiedade, raiva ou
tristeza;
 Manter o acesso IV desobstruído;
 Instituir precauções de isolamento se necessário;
 Limpar as lesões com antimicrobiano conforme prescrito e se necessário

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ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA UNIDADE DE TRATAMENTO


INTENSIVO: CARDIOLOGIA

A UCO unidade especializada em doenças do coração,


principalmente aquelas decorrentes de deficiência de circulação coronariana
(Infarto e angina instável, por exemplo). Pode receber também pacientes após
o tratamento cirúrgico/hemodinâmico da insuficiência coronariana.

 PRINCIPAIS DOENÇAS CARDÍACAS ENCONTRADAS NA UCO

 INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA (ICC)

INTRODUÇÃO

Introdução As doenças cardiovasculares são as principais causas de


morbidade e mortalidade no Brasil e no mundo. As altas taxas devem-se ao
elevado número de fatores de risco , modificáveis e não modificáveis ,
relacionados a essas patologias . Entre as doenças , destaca-se a insuficiência
cardíaca (IC). A IC , por ser considerada a via final comum da maioria das
doenças cardíacas , possui alta morbidade e mortalidade . Segundo o
Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus), a IC foi
responsável por 243.266 internações em 2012, correspondendo a 2,2% de
todas as hospitalizações , além de ser responsável pela segunda maior c ausa
de internação entre adultos

DEFINIÇÃO:

É a incapacidade do coração de bombear sangue suficiente para


satisfazer às necessidades de oxigênio e nutrientes por parte dos tecidos.

CAUSAS

 Taxa metabólica aumentada


 Hipóxia e anemia
 Acidose (respiratória ou
metabólica)
 Anormalidades eletrolíticas
 Arritmias cardíacas
 Problemas primários –
miocardiopatias; endocardite
infecciosa
 Aterosclerose
 Cardiopatia valvar
 HAS; IAM

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INSUFICIÊNCIA CARDÍACA ESQUERDA


Ocorre uma falha do ventrículo esquerdo (VE) que o torna
incapaz de bombear todo o seu conteúdo para a rede arterial
periférica.

SINTOMAS

 Dispnéia aos esforços e ortopnéia


 Tosse
 Expectoração
 Edema pulmonar
 Cianose
 Fadiga
 Astenia
 Oligúria
 Estertores finos nas bases pulmonares
 Cardiomegalia, taquicardia, pulso alternante, arritmias, baixa reserva
 Confusão, dificuldade de concentração, cefaléia, insônia e ansiedade

INSUFICIÊNCIA CARDÍACA DIREITA


Ocorre uma falha do ventrículo direito (VD) que não
consegue ejetar o sangue para a circulação pulmonar.

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SINTOMAS

 Ingurgitamento jugular
 Hepatomegalia congestiva
 Edema de membros inferiores
 Ganho de peso
 Ascite
 Anorexia
 Náuseas
 Fraqueza

EXAMES DIAGNÓSTICOS: Em geral, o diagnóstico da insuficiência cardíaca é


realizado com base nos dados da anamnese e do exame clínico. Entretanto,
alguns exames são necessários para o diagnóstico diferencial e etiológico, a
quantificação da disfunção ventricular e a orientação da conduta terapêutica.
Os exames que devem ser imediatamente realizados à beira leito diante da
suspeita de IC descompensada são:

 Avaliação laboratorial: Hemograma, sódio, potásssio, ureia,


creatina,gasometria.

 Radiografia de tórax (RX): auxilia no diagnóstico diferencial e na


exclusão de doenças pulmonares.

 Eletrocardiograma (ECG): é inespecífico em relação à etiolo-gia da


disfunção ventricular. Entretanto, seus achados podem auxiliar no diagnóstico,
sugerindo algumas possíveis causas, como taquicardia e bradicardia (como
causa ou agravamento da IC)

 Ecocardiograma: é fundamental em pacientes com IC, visto que é um


exame prático, não invasivo e de baixo custo, em comparação a outros exames
mais avançados. Fornece informações precisas sobre possíveis alterações
anatômicas e funcionais do coração e sua provável etiologia.

TRATAMENTO:

 Nos episódios de descompensação da IC, os pacientes são internados,


é iniciada a terapêutica com diuréticos endovenosos, em geral, a furosemida,
com uma dose diária de até 230 mg, preferencialmente, em uso endovenoso
contínuo.
 Inicia-se o uso de medicamentos vasoativos, como dobutamina,
nitroprussiato de sódio, milrinona, ou levosimedan,durante 24 horas.

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 Na presença de insuficiência cardíaca avançada, na qual as medidas


terapêuticas implementadas não conseguiram oferecer uma qualidade de vida
aos pacientes, considera-se também a possibilidade de transplante cardíaco.

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE PORTADOR DE ICC

 Manter o paciente com a cabeceira elevada em repouso físico e


emocional
 Observar sinais e sintomas de diminuição da perfusão periférica: palidez
facial, pele fria e enchimento capilar retardado
 Avaliar frequentemente os sinais de piora da insuficiência ventricular
esquerda: dispneia, ortopneia e dispneia paroxística noturna
 Observar sinais clínicos que indiquem insuficiência ventricular direita:
edema, hepatomegalia, distensão jugular, ascite, debilidade, anorexia e
náuseas
 Observar sinais clínicos de edema agudo de pulmão: tosse e
quantidades variáveis de escarro espumoso esbranquiçado ou róseo, agitação,
ansiedade extrema, respiração ruidosa, sibilos inspiratórios e expiratórios,
cianose, sudorese profusa, veias cervicais distendidas, taquicardia e dor
precordial
 Observar sinais e sintomas de choque cardiogênico: pele fria, pegajosa
e úmida, palidez, apatia, hipotensão, pulsos fracos, irregulares e rápidos,
taquipneia e respiração superficial, cianose nos lábios e na base das unhas
 Monitoramento cardíaco contínuo e registro de, no mínimo, 2 em 2 horas
 Monitoramento da pa de 30 em 30 minutos ou menos, se o paciente
estiver instável
 Observar alterações no padrão respiratória
 Realizar a mudança de decúbito de 2 em 2 horas
 Realizar o registro exato da ingestão hídrica (volumes administrados por
via endovenosa, oral ou SNG), da excreção, registrar no balanço hídrico de 6
em 6 horas.

 INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO (IAM)

Segundo dados do DATASUS, cerca de


66.000 pessoas morrem todos os anos devido ao
infarto do coração em nosso país. Cerca de 60%
dos óbitos por infarto acontecem na primeira hora
após o início dos sintomas.

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FATORES DE RISCO

 Tabagismo
 Hipertensão arterial
 Colesterol alto
 Sobrepeso e obesidade
 Sedentarismo
 Diabetes Mellitus
 Idade: o risco aumenta para homens acima de 45 anos ou para
mulheres acima de 55 anos História familiar de DAC

SINTOMAS

O sintoma mais frequentemente identificado é a dor torácica, correspondendo a


cerca de 80% das queixas . Tipicamente, essa dor apresenta -se como uma
opressão do tórax, com irradiação para mandíbula, pescoço e braço esquerdo,
acompanhada por sintomas como ná usea, vômito, sudorese, palidez, cianose,
agitação e dispneia (denominados equivalentes isquêmicos).

Para uma adequada avaliação da DOR PRECORDIAL, sugere-se o uso do


mnemônico PQRST

O exame fiś ico deve ser realizado, porém, em geral, os dados são pouco
expressivos. Nos casos mais graves , observam-se sinais de instabilidade
hemodinâmica e choque, nos quais agitação, congestão pulmonar, pulsos finos
e sinais de má perfusão periférica tornam -se evidentes . A aferição dos sinais
vitais também deve ser realizada e pode -se encontrar taquicardia, taquipneia e
hipotensão.

DIAGNÓSTICO

 O ECG é o principal recurso diagnóstico para avaliação da IAM . É


considerado um exame padrão -ouro por haver facilidade em sua realização e
reprodução, por ser seguro e de baixo custo e, principalmente, por possuir
sensibilidade e especificidade para detectar o IAM . A acurácia diagnóstica de
um ECG anormal aumenta quando se dispõe de um traçado prévio para

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comparação. Deve ser realizado em até 10 minutos do início da dor e repetido


sempre que necessário.

 Marcadores bioquímicos de necros e miocárdica devem ser mensurados


em todos os pacientes com suspeita de IAM na admissão e repetidos pelo
menos uma vez , preferencialmente entre 9 e 12 horas após o início dos
sintomas. Os marcadores a serem dosados são : CPK, CK-MB, mioglobina e
troponinas.

 Exames gerais , como hemograma , eletrólitos, função renal , testes de


coagulação, entre outros , e complementares , como ecocardiograma , teste
ergométrico, cintilografia do miocárdio , angiotomografia de coronárias e
ressonância magnética nuclear, devem ser solicitados conforme a necessidade
e o quadro clínico.

TRATAMENTO

Esses pacientes devem ser encaminhados para a terapia intensiva (UTI)


e mantidos em repouso absoluto , com monitoração eletrocardiográfica
contínua, que deve ser mantida até 24 horas após a estabilização clin
́ ica , e
acesso venoso.

A suplementação de oxigênio deve ser ajust ada conforme valores de


saturação periférica e dados da gasometria arterial . A administração
desnecessária de oxigênio pode causar vasoconstrição sistêmica e ser
prejudicial.

A seguir , deve ser iniciada a administração de medicamentos para


controle dos sintomas e estabilização do quadro cliń ico , com foco na terapia
anti-isquêmica, antiplaquetária e anticoagulante.

A terapia anti -isquêmica consiste na administração de drogas para o


controle da dor precordial , inicialmente feita por meio da administração de
nitratos e opioides. A dor estimula o sistema simpático, aumentando o consumo
de oxigênio pelo miocárdio e predispondo a arritmia.

Os nitratos (nitroglicerina, mononitrato ou dinitrato de isossorbida )


podem ser administrados via oral , endovenosa (EV), sublingual ou
transdérmica.

A morfina e a meperidina podem ser utilizadas até al ivio da dor ou


surgimento de efeitos colaterais . O uso de ansiolit́ icos (benzodiazepínicos) é
questionado, pois não foram encontradas reais evidências de seus benefić ios
em pesquisas.

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A terapia antiplaquetária consiste na


administração de antiagregantes pla - quetários, em
especial o ácido acetilsalicílico (AAS).

COMPLICAÇÕES

Após o tratamento , o paciente deve ser monitorado quanto a possíveis


complicações, relacionadas tanto à patologia quanto ao tratamento instituído .
São possíveis eventos : sangramento associado ao uso de drogas
anticoagulantes/fibrinolíticos, reinfarto, angina, insuficiência cardíaca, arritmias,
pericardite, choque cardiogênico e parada cardiorrespiratória.

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE ACOMETIDO POR IAM

 Realizar avaliação da precordialgia e dos equivalentes isquêmicos ,


exame fiś ico e anamnese com foco na identificação de fatores de risco
cardiovascular e comorbidades;
 Supervisionar repouso absoluto no leito e jejum até definição da conduta
terapêutica e estabilização do quadro clínico;
 Realizar punção de dois acessos venosos calibrosos preferencialmente
em fos- sa antecubital;
 Observar resposta da dor após administração de nitratos e morfina ; •
monitorar resultados dos exames laboratoriais;
 Observar sinais de complicação do quadro clínico : desenvolvimento de
choque cardiogênico , arritmias, edema agudo de pulmão , parada
cardiorrespiratória, entre outros;
 Observar sinais adversos ao uso de medicamentos e efeitos colaterais
aos tratamentos instituídos;
 Manter um ambiente propício ao repouso e ao restabelecimento;
 Monitorar o ritmo e a frequência cardíaca;
 Monitorar saturação de oxigênio;
 Obter ECG de 12 derivações, conforme apropriado;

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ELETROCARDIOGRAMA(ECG) 12 DERIVAÇÕES

FISIOLOGIA DO IMPULSO NERVOSO

• ECG (Eletrocardiograma) é um
exame realizado pela enfermagem ou
pelo médico no qual é detectada a
atividade elétrica do coração.

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O ECG de 12 derivações é um recurso diagnóstico que ajuda a detectar


condições patológicas, principalmente angina e infarto agudo do miocárdio
(IAM). Esse exame oferece uma visão mais completa da atividade elétrica do
coração do que o traçado de ritmo e pode ser realizado para avaliar a função
ventricular. Os pacientes com outros distúrbios que afetam o sistema elétrico
do coração também podem ser beneficiados pelo ECG de 12 derivações.

O QUE SÃO DERIVAÇÕES?

Essas 12 perspectivas são obtidas aplicando-se os eletrodos nos


membros e no tórax do paciente. As derivações dos membros e as derivações
torácicas (ou precordiais) fornecem as informações obtidas dos diferentes
planos do coração.

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Cada derivação fornece informações diferentes:

 As seis derivações precordiais (ou V) – V1, V2, V3, V4, V5 e V6 –


fornecem informações sobre o plano horizontal do coração.

 As seis derivações dos membros(periféricas) – DI, DII, DIII, aVR, aVL e


aVF – fornecem informações sobre o plano frontal (vertical) do coração.

Colocação dos eletrodos precordiais

 Para registrar as 6 derivações precordiais (V1-V6), coloque os eletrodos


em áreas específicas da parede torácica anterior.

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 Para registrar as 6 derivações periféricas (D1,D2,D3, AVF,AVL,AVR),


coloque os eletrodos em áreas específicas dos membros periféricos.

REALIZANDO O EXAME DE ECG

MATERIAIS:

 EPI,s (gorro, máscara e luva


de procedimento).
 Eletrocardiógrafo
 Eletrodos/pás
 Papel toalha
 Gel condutor

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TÉCNICA DO PROCEDIMENTO

 Deve inicialmente explicar ao paciente cada etapa do processo


 O ambiente da sala deve estar com temperatura agradável
 O paciente deve estar descansado há pelo menos 10 minutos, sem ter
fumado há pelo menos 40 minutos, estar calmo
 Deve ser investigado quanto ao uso de remédios que esteja usando, ou
que costume usar esporadicamente
 Retirar acessórios de metal do paciente
 Posicionar o paciente em decúbito dorsal, palmas viradas para cima.
 Determinar a posição das derivações precordiais (V1 a V6) corretas;
 Em seguida é feita limpeza do local e colocado os eletrodos ou gel de
condução nos locais pré-determinados conectados aos cabos e ás
braçadeiras nos focos
 Às vezes é necessária uma tricotomia (corte dos pelos) em parte do
precórdio, principalmente em homens.
 Checar funcionamento do aparelho e verificar se os cabos estão
conectados corretamente
 É então registrado o eletrocardiograma de repouso
 Se necessário limpar gel do paciente
 Registrar no resultado do exame os dados do paciente: nome, data,
idade, leito e nome de quem realizou procedimento
 Realizar o registro de enfermagem

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BIBLIOGRAFIA

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Diário Oficial da União da República Federativa do Brasil. Brasília, 07 jul
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Parenteral. Diário Oficial da União da República Federativa do Brasil.
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