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Disciplina: Legislação Penal Especial

Professor: Paulo Henrique Fuller


Aula: 03 | Data: 14/05/2019

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

LEI DE EXECUÇÃO PENAL


2. Remição – artigos 126 a 129 da LEP
2.1 Disposições gerais
2.2 Revogação dos dias remidos – art. 127 da LEP

LEI DE EXECUÇÃO PENAL

2. Remição – artigos 126 a 129 da LEP

2.1 Disposições gerais

São hipóteses de remição por:

a) Trabalho: a cada 3 dias de trabalho = 1 dia de remição;


b) Estudo: 12 horas de estudo divididas em 3 dias = 1 dia de remição;

“Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou


semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo
de execução da pena.
§ 1º A contagem de tempo referida no caput será feita à razão de:
I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar -
atividade de ensino fundamental, médio, inclusive profissionalizante,
ou superior, ou ainda de requalificação profissional - divididas, no
mínimo, em 3 (três) dias;
II - 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho”.

É possível cumular a remição pelo trabalho com o estudo, devendo o juiz compatibilizar tais horários:

“Art. 126 (...)


§3º Para fins de cumulação dos casos de remição, as horas diárias de
trabalho e de estudo serão definidas de forma a se compatibilizarem”.

Obs.: a conclusão de uma etapa de ensino gera o ganho de 1/3 dos dias remidos (bônus de conclusão de curso).
Ex.: o preso conclui o ensino médio durante o cumprimento da pena. O bônus incidirá sobre os dias remidos pelo
estudo (não alcança os dias remidos pelo trabalho):

“Art. 126 (...)


§5º O tempo a remir em função das horas de estudo será acrescido de
1/3 (um terço) no caso de conclusão do ensino fundamental, médio ou
superior durante o cumprimento da pena, desde que certificada pelo
órgão competente do sistema de educação”.

Magistratura e MP Estadual
CARREIRAS JURÍDICAS
Damásio Educacional
Ex.: 270 dias (por trabalho/estudo) e obteve 180 dias de remição, sendo 90 dias obtidos pelo trabalho e 90 dias
pelo estudo. A base de cálculo para o bônus de conclusão de curso recairá apenas sobre os 90 dias remidos em
função do estudo – o preso terá mais 30 dias remidos.

ATENÇÃO: a remição pelo trabalho possui uma restrição: o preso terá direito à remição se estiver cumprindo pena
em regime fechado e semiaberto (art. 126, caput do LEP):

“Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou


semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo
de execução da pena”.

Obs.: em regime aberto, o trabalho não gera direito à remição, pois em tal regime o trabalho figura como condição
(art. 114, I da LEP); assim, o trabalho nesse regime não gera premiação (remição).

“Art. 114. Somente poderá ingressar no regime aberto o condenado


que:
I - estiver trabalhando ou comprovar a possibilidade de fazê-lo
imediatamente;”.

A súmula 562 do STJ dispõe que:

“Súmula 562 - É possível a remição de parte do tempo de execução da


pena quando o condenado, em regime fechado ou semiaberto,
desempenha atividade laborativa, ainda que extramuros”.

Portanto, não importa o local onde o preso exerce o trabalho (se intra ou extramuros), mas o regime de
cumprimento de pena (fechado ou semiaberto).

O estudo gera remição em qualquer regime de cumprimento de pena e até mesmo no livramento condicional, de
acordo com o art. 126, §6º da LEP:

“Art. 126 (...)


6º O condenado que cumpre pena em regime aberto ou semiaberto e
o que usufrui liberdade condicional poderão remir, pela frequência a
curso de ensino regular ou de educação profissional, parte do tempo
de execução da pena ou do período de prova, observado o disposto no
inciso I do § 1o deste artigo”.

REMIÇÃO – art. 126 da LEP


TRABALHO ESTUDO
Ocorre apenas no regime Em todos os regimes
fechado e semiaberto
Possível bônus de conclusão

2.2 Revogação dos dias remidos – art. 127 da LEP

A falta grave poderá revogar/gerar a perda de até 1/3 do tempo remido, segundo art. 127 da LEP:

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“Art. 127. Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 (um
terço) do tempo remido, observado o disposto no art. 57,
recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar”.

As faltas graves estão previstas nos artigos 50 e 52 da LEP:

“Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de


liberdade que:
I - incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a
disciplina;
II - fugir;
III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a
integridade física de outrem;
IV - provocar acidente de trabalho;
V - descumprir, no regime aberto, as condições impostas;
VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39,
desta Lei.
VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de
rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou
com o ambiente externo. (...)

Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta
grave e, quando ocasione subversão da ordem ou disciplina internas,
sujeita o preso provisório, ou condenado, sem prejuízo da sanção
penal, ao regime disciplinar diferenciado, com as seguintes
características:
I - duração máxima de trezentos e sessenta dias, sem prejuízo de
repetição da sanção por nova falta grave de mesma espécie, até o
limite de um sexto da pena aplicada;
II - recolhimento em cela individual;
III - visitas semanais de duas pessoas, sem contar as crianças, com
duração de duas horas;
IV - o preso terá direito à saída da cela por 2 horas diárias para banho
de sol”.

Obs.: o STJ entende que a posse de componentes de celular ou rádio também tipifica a falta grave do art. 50, VII da
LEP (por interpretação extensiva).

A perda pode variar de 1 dia a 1/3 dos dias remidos a depender da gravidade da falta cometida (não se trata de
fração fixa).

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