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Disciplina: Peças Cíveis do MP

Professor: Eduardo Francisco


Aula: 04 | Data: 23/03/2019

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

PETIÇÃO INICIAL
1. Execução
1.1. Espécies
1.2. Partes
1.3. Competência
1.4. Requisitos
1.5. Inicial

PETIÇÃO INICIAL

1. Execução:

1.1. Espécies:

A execução divide-se em: execução de título judicial ou execução de título extrajudicial.

Execução de título judicial (cumprimento de sentença) Execução de título extrajudicial


Pode ser fase ou processo autônomo Processo autônomo
Livro I – 513 e seguintes Código de Processo Civil – CPC. Livro II – 771 e seguintes CPC.

O artigo 139, incido IV do Código de Processo Civil prevê a possibilidade de utilização de meios executivos atípicos
também para obrigações pecuniárias.

IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais


ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de
ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação
pecuniária;

1.2. Partes na execução:

São partes na execução: executado e exequente.

O exequente e pode ser o credor, seus sucessores e também o MP quando a Lei prevê.

Já o executado na maioria das vezes é o devedor, mas pode ser também o responsável ou sucessor.

Art. 778. Pode promover a execução forçada o credor a quem a lei


confere título executivo.
§ 1o Podem promover a execução forçada ou nela prosseguir, em
sucessão ao exequente originário:
I - o Ministério Público, nos casos previstos em lei;

SENTENÇA CÍVEL E PEÇAS DO MP


CARREIRAS JURÍDICAS
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II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por
morte deste, lhes for transmitido o direito resultante do título
executivo;
III - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe
for transferido por ato entre vivos;
IV - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional.
§ 2o A sucessão prevista no §1o independe de consentimento do
executado.

Art. 779. A execução pode ser promovida contra:


I - o devedor, reconhecido como tal no título executivo;
II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor;
III - o novo devedor que assumiu, com o consentimento do credor, a
obrigação resultante do título executivo;
IV - o fiador do débito constante em título extrajudicial;
V - o responsável titular do bem vinculado por garantia real ao
pagamento do débito;
VI - o responsável tributário, assim definido em lei.

A Constituição Federal – CF – no artigo 71, parágrafo 3º determina que as decisões nos Tribunais de Contas que
imputem débito ou determinem multa são título extrajudicial. No passado o MP executava essas decisões do
Tribunal de Contas, mas o STJ decidiu que o MP não tem legitimidade ativa. Quem pode mover essa execução é a
pessoa jurídica de direito público credora.

1.3. Competência:

Quanto a competência: no cumprimento de sentença regra do 516, do CPC; na execução de título extrajudicial
regras do artigo 781, CPC.

Segundo o artigo 781, do CPC, pode-se mover a ação de execução no domicílio do executado ou no foro dos bens
que serão atingidos ou no local do ato ou fato que deu origem ao título.

Art. 781. A execução fundada em título extrajudicial será processada


perante o juízo competente, observando-se o seguinte:
I - a execução poderá ser proposta no foro de domicílio do executado,
de eleição constante do título ou, ainda, de situação dos bens a ela
sujeitos;
II - tendo mais de um domicílio, o executado poderá ser demandado
no foro de qualquer deles;
III - sendo incerto ou desconhecido o domicílio do executado, a
execução poderá ser proposta no lugar onde for encontrado ou no
foro de domicílio do exequente;
IV - havendo mais de um devedor, com diferentes domicílios, a
execução será proposta no foro de qualquer deles, à escolha do
exequente;
V - a execução poderá ser proposta no foro do lugar em que se praticou
o ato ou em que ocorreu o fato que deu origem ao título, mesmo que
nele não mais resida o executado.

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A Lei ao invés de ir adiante ela fica presa à questão do domicílio do réu.

A Lei não disse, mas é necessário dizer que também é possível que seja ajuizada a execução no foro de eleição.

1.4. Requisitos:

São requisitos para qualquer execução:

a. Título executivo

Lembrar que o Termo de Ajustamento de Conduta – TAC – é título.

b. Obrigação certa, líquida e exigível.

1.5. Inicial:

A inicial, na execução, é uma das peças mais curtas.

Os requisitos para a inicial de execução estão nos artigos 798 e 799, CPC.

Art. 798. Ao propor a execução, incumbe ao exequente:


I - instruir a petição inicial com:
a) o título executivo extrajudicial;
b) o demonstrativo do débito atualizado até a data de propositura da
ação, quando se tratar de execução por quantia certa;
c) a prova de que se verificou a condição ou ocorreu o termo, se for o
caso;
d) a prova, se for o caso, de que adimpliu a contraprestação que lhe
corresponde ou que lhe assegura o cumprimento, se o executado não
for obrigado a satisfazer a sua prestação senão mediante a
contraprestação do exequente;
II - indicar:
a) a espécie de execução de sua preferência, quando por mais de um
modo puder ser realizada;
b) os nomes completos do exequente e do executado e seus números
de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional
da Pessoa Jurídica;
c) os bens suscetíveis de penhora, sempre que possível.
Parágrafo único. O demonstrativo do débito deverá conter:
I - o índice de correção monetária adotado;
II - a taxa de juros aplicada;
III - os termos inicial e final de incidência do índice de correção
monetária e da taxa de juros utilizados;
IV - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;
V - a especificação de desconto obrigatório realizado.

Art. 799. Incumbe ainda ao exequente:

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I - requerer a intimação do credor pignoratício, hipotecário, anticrético
ou fiduciário, quando a penhora recair sobre bens gravados por
penhor, hipoteca, anticrese ou alienação fiduciária;
II - requerer a intimação do titular de usufruto, uso ou habitação,
quando a penhora recair sobre bem gravado por usufruto, uso ou
habitação;
III - requerer a intimação do promitente comprador, quando a penhora
recair sobre bem em relação ao qual haja promessa de compra e venda
registrada;
IV - requerer a intimação do promitente vendedor, quando a penhora
recair sobre direito aquisitivo derivado de promessa de compra e
venda registrada;
V - requerer a intimação do superficiário, enfiteuta ou concessionário,
em caso de direito de superfície, enfiteuse, concessão de uso especial
para fins de moradia ou concessão de direito real de uso, quando a
penhora recair sobre imóvel submetido ao regime do direito de
superfície, enfiteuse ou concessão;
VI - requerer a intimação do proprietário de terreno com regime de
direito de superfície, enfiteuse, concessão de uso especial para fins de
moradia ou concessão de direito real de uso, quando a penhora recair
sobre direitos do superficiário, do enfiteuta ou do concessionário;
VII - requerer a intimação da sociedade, no caso de penhora de quota
social ou de ação de sociedade anônima fechada, para o fim previsto
no art. 876, § 7o;
VIII - pleitear, se for o caso, medidas urgentes;
IX - proceder à averbação em registro público do ato de propositura
da execução e dos atos de constrição realizados, para conhecimento
de terceiros.
X - requerer a intimação do titular da construção-base, bem como, se
for o caso, do titular de lajes anteriores, quando a penhora recair sobre
o direito real de laje; (Incluído pela Lei nº 13.465, de
2017)
XI - requerer a intimação do titular das lajes, quando a penhora recair
sobre a construção-base. (Incluído pela Lei nº 13.465, de
2017)

Deve-se ater ao fato de que a inicial deve:

a. Indicar a espécie de execução;

Se a execução for: de entrega de coisa – 806 a 813; obrigação de fazer ou não fazer – 814 a 823; obrigação de
quantia certa – 824 e seguintes.

Para cumular execução é necessário que: o devedor seja o mesmo, a competência seja o mesmo e o procedimento
também seja o mesmo. Os títulos podem ser diferentes, desde que sejam iguais os devedores, procedimento e
competência. Não pode, portanto, cumular obrigações de naturezas diferentes.

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No caso de obrigação de não fazer, perceba que depende dos efeitos do inadimplemento. Se permanentes os
efeitos, basta forçar o devedor a desfazer (pode ter multa e perdas e danos). Exemplo: não poderia construir,
manda demolir. Se os efeitos do inadimplemento, todavia, forem instantâneos, não cabe execução específica, só
cabe perdas e danos. Exemplo: TAC proíbe o ingresso de menores em bar, o bar deixa entrar criança, deve ser o bar
condenado a pagar perdas e danos e, eventual multa, prevista no TAC por descumprimento.

b. Qualificar as partes, inclusive com o CPF;

c. Indicar os bens que pretende atingir; e

d. Pode requerer medidas urgentes.

São documentos obrigatórios para instruir a inicial:

a. Título executivo;

b. Prova de que é exigível a obrigação (vencimento, condição, contraprestação);

c. Quando envolve pagamento de quantias é indispensável planilha de cálculo (que a Lei chama de
demonstrativo do débito).

A citação na execução pode ser feita por todas as formas (correio, edital, hora certa, oficial ou até eletrônica, se
regulamentada). Havia proibição de citação por Correio no CPC antigo. Hoje, não há mais.

Exemplo de inicial:

 Endereçamento:

“Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ....”

 Qualificação das partes:

“O Ministério Público do Estado de..., através do Promotor de Justiça que esta subscreve, em exercício nesta
Comarca e no uso de suas atribuições legais, conferidas pelo artigo 129, inciso III da CF e no artigo 25, inciso IV, da
Lei nº 8.25/93, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com amparo no incluso Termo de
Ajustamento de Conduta, propor a presente

Ação de execução por obrigação de fazer (com fundamento nos artigos 814 e seguintes do CPC combinado com o
artigo 5º, parágrafo 6º da Lei nº 7.347/85)

Em face de..., pessoa... com sede na Rua..., com supedâneo nas razões fáticas e jurídicas a seguir expostas.”

 Fatos:

Se resume ao fato de que há título jurídico executável que obriga o sujeito a realizar determinada conduta (de fazer,
não fazer ou pagar quantia).

“No dia... a Executada firmou TAC, obrigando-se a... no prazo de...

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Ocorre que já passou o prazo e a executada não cumpriu sua obrigação.”

 Fundamentos jurídicos:

Menção aos artigos que embasam a execução, demonstrando, segundo a Lei, que o título é executável.

“Tendo em vista que o TAC é título executivo extrajudicial nos termos do artigo... e foi esse descumprido, necessária
a presente ação para que haja cumprimento da obrigação, por parte da Executada.”

Em inicial de execução não se usa jurisprudência.

 Pedidos:

“Isso posto, requer:

1. Seja recebida e processada a presente Execução, citando -se a Executada para cumprir a obrigação no prazo
fixado (não superior a 10 dias);

2. Seja fixada multa diária para eventual atraso no cumprimento da obrigação.

3. Após satisfeita a obrigação requer a imposição do pagamento das perdas e danos decorrentes do
inadimplemento.

4. Esclarece que a execução da multa prevista no TAC será feita em outra ação, com procedimento próprio.

Termos em que, pede deferimento.”

 Data e local;

 Nome e assinatura.

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