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Análise do Comportamento Aplicada à Saúde:

ênfase clínica e ênfase educacional

Aconselhamento, Terapia Comportamental e


Grupos Educativos: perdas e luto

Profa. Alessandra de Andrade Lopes


Unesp/Bauru – Faculdade de Ciências
Departamento de Psicologia
aalopes@fc.unesp.br
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO Perspectiva Filosófica - Behaviorismo Radical

Indivíduo: é produto de sua história FiloGênica e OntoGênica


BEHAVIORISMO RADICAL

(Visão de Homem Skinneriana)

Comportamento: produto da interação


Organismo Ambiente
(Todorov, 1988)

Ambiente: interno e externo em interação e de mesma natureza


(física e material)
Ambiente interno: biológico e histórico
Ambiente externo : social/cultural e físico
(Visão de mundo Skinneriana)
Perspectiva Teórico - Metodológica
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO
Análise do Comportamento Aplicada
BEHAVIORISMO RADICAL

• Análise funcional comportamental


Identificação e descrição de variáveis
das quais um comportamento é função.

Skinner, 1953/1981

• Análise de contingências

• Controle aversivo e comportamentos de


enfrentamento
ANÁLISE FUNCIONAL COMPORTAMENTAL DESCRITIVA
(não experimental) DE COMPORTAMENTOS DE ENFRENTAMENTO

(Sturmey, 1997)

MODELO CLÍNICO  MODELO EXPERIMENTAL

BEHAVIORISMO RADICAL

“Em clínica, estamos interessados em investigar a história passada e os


comportamentos da vida diária e explicá-los. Não temos experimentos
sobre os mesmos. No entanto, a interpretação é o melhor que podemos
fazer. Nos pautamos pela ética e metodologia de trabalho”.

KERBAUY (1996)
ENFRENTAMENTO…
1- Comportamento Operante:
pensamentos, sentimentos e atitudes
sob controle de contingências aversivas

2- Comportamentos emitidos na presença ou


iminência de estimulações aversivas

3- Antecedentes específicos e contextuais


Análise funcional descritiva
de comportamentos do luto
e de enfrentamento
EVENTOS DE CONTEXTO
VIDA E DO LUTO

PASSO 3.4

RESPOSTA DE
ENFRENTAMENTO EVENTOS SUBSEQUENTES
EVENTOS ESTRESSANTES
o que faz, pensa ou relata sentir
que produz subsequentes
PASSO 3.1
PASSO 3.3
PASSO 3.2
... Reflexões sobre vida e morte,
perdas e luto...

▪ Formação pessoal
✓Concepções, idéias, valores e crenças à respeito de vida,
morte, perda e do luto

▪ Formação Profissional
✓Ênfase em uma formação técnica;
Ênfase na cura o paciente;

✓Onipotência versus Impotência
✓limites, culpa e fracasso.
-
Reflexões sobre vida/morte, perdas e luto ...
Como respondemos,
lidamos,
enfrentamos
situações
difíceis/aversivas,
relacionadas à
morte, a perdas e ao
luto?
O que pensamos, sentimos e expressamos de
modo público, quando estamos diante de
situações de perdas?
O que o nós profissionais da saúde, psicólogos
podemos fazer diante destas situações?

1. Identificar e analisar sua história de perdas;

2. Identificar os reservas de enfrentamento


disponíveis (pessoais e situacionais);

3. Compreender a respeito do processo de luto;

4. Praticar o luto (cumprir tarefas);

1. Identificar dificuldades e buscar ajuda.


A morte ou iminência de morte:
formação e práticas profissionais

1. A perdas passadas
2. À própria morte
3. A perdas futuras
Relatos de profissionais da saúde...
“Eu trabalho com perdas (...)
E isso como ser humano é difícil pra gente.
É muito difícil você estar com uma pessoa e ir perdendo”

“Como é difícil! (...) É difícil porque você fica


sem muita coisa pra fazer”

“Quando você sai da faculdade, o conhecimento teórico, técnico, se


você não tem todos ali na cabeça, na hora, você vai num livro,
sempre encontra. Agora, depois que você saiu, onde você vai
encontrar estrutura interna? Experiência para ver uma lágrima
escorrer? Olha é uma coisa tão simples ver uma lágrima escorrer,
mas é a coisa mais difícil de lidar porque não tem livro que diga
que palavra usar nessa hora”
Relato...
“Olha, é complicado porque a gente que dá a
notícia pra família quando a paciente vai a
óbito. É difícil falar porque parece que está
sendo com alguém de sua família, né? Você
tem que saber dividir muito. Às vezes, você fica
pensando -Meu Deus, já pensou se... olha, está
aí, a gente não pode fazer nada, está indo.
Então, você se coloca, já pensou se fosse meu
pai?! minha mãe?!... Eu pelo menos penso
assim. E a maioria do pessoal que trabalha aqui
– os auxiliares, os enfermeiros – também
pensam assim. E é difícil”.
... Reflexões sobre vida e morte,

O que lhe ocorre, em termos de


pensamentos, sentimentos e atitudes,
quando eu falo a palavra VIDA/VIVER.
perdas e luto...

•saúde
•felicidade/alegria
•natureza
•família
•trabalho
•amor
... Reflexões sobre vida e morte,
O que lhe ocorre, em termos de
sentimentos, pensamentos e atitudes,
quando eu falo a palavra
perdas e luto...

MORTE/MORRER.
•fim
•solidão
•saudade
•dor
•lágrima/choro
•tristeza
•funeral/velório
... Reflexões sobre vida e morte,
O que lhe ocorre, em termos de
pensamentos, sentimentos e atitudes,
quando eu falo a palavra
perdas e luto...

PERDA/PERDER.
- tristeza
- depressão
- sofrimento
- ausência
- saudade
- dor
- solidão
- morte
- dificuldade
... Reflexões sobre vida e morte, O que lhe ocorre, em termos de
pensamentos, sentimentos e atitudes,
quando eu falo a palavra
LUTO/ENLUTAR.
perdas e luto...

- tristeza
- choro
- escuro
- funeral
- (re)adaptação
- recolhimento social
- depressão
- solidão
- desânimo
- vontade de morrer
- não aceitação
- roupa preta
MORTE/MORRER: Finitude
Universal - Irreversível – Intransferível - Pessoal
Vida e Morte como um contínuo
CONSCIÊNCIA: capacidade de
descrever contingências aversivas e
possibilidades de ampliar repertórios
comportamentais

“Não existem
fins sem começos e
começos sem fins”

Fins e começos...
R. N. Remen (1998)
Luto/Enlutar: universal, pessoal,
intransferível, mas tem um fim.
Aconselhamento no Luto

Terapia Comportamental no Luto

Grupos Educativos sobre Vida,


Morte, Perdas e Luto
Luto e Luto complicado
Luto complicado é caracterizado por eventos que se tornaram
crônicos, exagerados ou retardados: permanência e consequências

Sentimentos, pensamentos, atitudes e sensações fisiológicas


já identificadas em estudos com pessoas enlutadas

Sentimentos: tristeza, raiva, culpa, irritabilidade, solidão, fadiga,


desamparo, choque, anseio, emancipação, alívio, estarrecimento etc.

Pensamentos: descrença, confusão, preocupação, alucinação, sensação


da presença.

Atitudes: ficar aéreo, isolamento social, sonhos, evitação, choro, suspiro,


chamar e procurar pela pessoa, visitar lugares e carregar objetos.

Sensações fisiológicas: ausência de apetite, vazio no estômago, perto no


peito, nó na garganta, hipersensibilidade ao barulho, falta de ar, fraqueza
muscular, falta de energia e boca seca.
Avaliação do Luto
Worden, capítulo 2
- Mediadores para avaliação do Luto -

Mediador 1: quem era a pessoa que morreu


Mediador 2: natureza do vínculo
Mediador 3: como a pessoa morreu
Mediador 4: antecedentes históricos
Mediador 5: variáveis de pessoais
Mediador 6: variáveis sociais
Mediador 7: variáveis situacionais (estressores
concorrentes)
Aconselhamento no Luto
(individual e grupal)

Objetivo: facilitar a compreensão da realidade (ele morreu) e promover o


enfrentamento da realidade, inicialmente por meio da expressão de
pensamentos e sentimentos.

O Aconselhamento no luto frequentemente pode ser realizado após 24 horas


do falecimento. Situações especiais de contato anterior com o enlutado.

Duração: de 1 a 10 sessões

Recursos técnicos de abordagem/intervenção: dia da morte, retrospectiva


dos fatos, rotina de vida após a morte, relacionamento com a pessoa falecida
(ênfase nas Tarefas 1 e 2).
Terapia Comportamental no Luto
(individual e grupal)

Objetivo: identificar tarefas não cumpridas; facilitar a compreensão da


realidade (ele morreu); promover a expressão de pensamentos e
sentimentos (preciso falar sobre isso); identificar e avaliar a ausência
do outro em sua vida/rotina; facilitar o adeus adequado (despedida,
saudade); facilitar o enfrentamento direcionado ao projeto de vida na
ausência de...; minimizar aversivos e ampliar repertório de produção de
reforçadores positivos na ausência de...

Duração e local: de 12 a 48 sessões.

Recursos técnicos de abordagem e de intervenção: dia da morte,


retrospectiva dos fatos, rotina de vida após a morte, relacionamento
com a pessoa falecida, ênfase nas Tarefas não cumpridas, vivências,
visitas em domicílio.
Grupos educativos:
reflexões sobre a vida e morte,
perdas e luto

Objetivo: Identificar e discutir questões à respeito de nossas


atitudes, nossos pensamentos e de nossos sentimentos
frente à Morte, a Situações de Perdas e de Luto.
Enfim... frente a Vida e a Profissão

▪Grupos de profissionais formação inicial


▪Grupos de profissionais em formação continuada/em serviço
De 10 a 12 encontros – Recursos técnicos de intervenção –
vivências e dinâmicas
O Luto

Os estágios: As fases:
Negação, Raiva, Barganha, Torpor, Anseio, Desorganização
Depressão” e Confusão, Reorganização
“Aceitação”
(Kübler Ross, 1969/1998) (Parkes, 1970; Bowlby, 1980)

Tarefas do Luto
(Worden, 1998/2013)

1. Tarefa I: Aceitar a realidade da perda

2. Tarefa II: Expressar a dor da perda

3. Tarefa III: Ajustar-se à ausência da pessoa

4. Tarefa IV: Dar continuidade a sua vida


Luto – perspectiva comportamental

Luto
- conjunto de respostas operantes:
- pensamentos, sentimentos e atitudes
que produzem consequências positivas ou não

O que estabelece o valor reforçador positivo ou negativo da


emissão desta classe de respostas (luto) é identificado
como a “motivação do luto”.

Motivação do Luto: causa morte, idade, história de perdas e


enfrentamento; atitudes, pensamentos e sentimentos
frente a vida e a morte; e principalmente a história de
relacionamento com o ente falecido.
Entrevista Clínica Inicial do Luto
3 a 4 sessões

Objetivos
Identificar a queixa principal do enlutado, por meio do relato:

1- da história de perdas e de enfrentamento do paciente;


2- comportamentos frente a vida e a morte;
3- causa e condições do falecimento;
4- da história de relacionamento enlutado e falecido.
Exercícios Terapêuticos
- Tarefas e Vivências -
Concepções sobre vida/viver- morte/morrer-
perda/perder – luto/enlutar

Perdas passadas A própria morte


✓ Identidade
✓ História de perdas
✓ Objetos e fotos ✓ O dia da minha morte
✓ História do falecido
✓ Rituais de despedida
✓ Carta ao morto
✓ Culpas e
Enfrentamento Perdas futuras
✓ A Boa Morte
✓ Relacionamentos afetivos
✓ A Despedida ✓ Convite a um
acompanhante
✓ Carta de despedida
Não se morre mais
como antigamente...
(Philipe Àries, 1977
Maranhão, 1985)

O antigo

◼ Influência de novas
tecnologias na área da
medicina, alterando
valores sociais e
culturais

O atual
Rituais de Despedida
Velórios
Funerais
Enterros
auxiliam no processo de luto
(Tarefa 1) e no controle da
consternação.
Preparação para morte
Seguro de vida

Testamento

Reminiscências
(lembranças,
revisão da vida)
Vivencia deMorte
(crianças e jovens de 1 a 12 anos)
Separação
Reversibilidade
Associada à velhice
Associada a doenças
Personificada
Irreversível
Universal
Pessoal

(Chiattone, 1996)
Vivência de Morte (adultos)

A morte como organizadora do tempo;


A morte como punição;
A morte como transição;
A morte como perda.

(em Bee, 1997)


PERDA: impotência , culpa e fracasso

PUNIÇÃO POSITIVA E NEGATIVA


Luto

Atitudes, pensamentos e
sentimentos: AUSÊNCIA

MOMENTO após um rompimento ou


separação: morte ou não

PROCESSO: o que acontece com a


pessoa na ausência de alguém ou
algo estimado?

Experiência pessoal, social e


situacional
Aconselhamento no Luto,
Terapia Comportamental no Luto e
Grupos Educativos

Aspectos importantes

1- Interação positiva com o


terapeuta ou profissional da saúde
(conselheiro, terapeuta e coordenador como ambiente
reforçador positivo)

2- Manter o efeito da
interação profissional-paciente entre as sessões e os
encontros: tarefas e recordatórios/lembrancinhas
Caracterização das sessões

▪Acolhimento à
demanda espontânea
▪Abordagem diretiva
▪ Objetivos focais
▪Avaliações frequentes
Habilidades interpessoais importantes do Conselheiro no
Luto, Terapeutas e Coordenadores de grupos educativos
Silvares e Gongora, 1998

▪Escuta ativa (atenção e controle emocional );


▪Empatia;
▪Elaborar formas criativas de solucionar problemas ou situações
menos convencionais;
▪Controlar expressões e gestos preconceituosos;
▪Parafrasear e resumir, buscando a compreensão da necessidade
do paciente;
▪Fazer e responder perguntas;
▪Operacionalizar ;
▪Promover a expressão de opiniões, valores, crenças e sentimentos;
▪Conduzir e manter controle da sessão: começo, meio e fim.
Habilidades interpessoais do psicólogo na
entrevista Silvares e Gongora, 1998

1. Empatia (escuta ativa,


2. Controle de Gestos e expressões
3. Fazer e responder a perguntas (assertividade)
4. Parafrasear
5. Resumir/sumariar
6. Refletir sentimentos
7. Operacionalizar
8. Manter a sequência
9. Controlar a entrevista
Sessões individuais e grupais

▪Avaliação da sessão anterior;


▪ Acolhimento à demanda espontânea;
▪Atividade mobilizadora/de sensibilização ou
dessensibilização;
▪Análise funcional como objeto de
intervenção;
▪Encerramento e Tarefas.
Perguntas frequentes
depois das leituras e aulas
sobre Luto
Perguntas frequentes:

1- O que é o luto?

• O luto é um período, um momento de reorganização da vida de


alguém (enlutado) pela ausência de outro – alguém.

• O luto começa, por um rompimento de um vínculo afetivo – um


relacionamento que afeta que é percebido, importante (positivo ou
negativo).

• O luto como por uma separação física ou iminência de separação, por


diferentes motivos: morte, viagem, divorcio, término de
relacionamento/namoro.

• O luto pode ser antecipatório: na iminência da perda, que vai


acontecer, que está acontecendo.

• Podemos viver o luto do próprio morrer. Ou o luto por saber que o


outro viverá sua ausência em breve.
Perguntas frequentes:

2- Como o Luto pode ser caracterizado?

• Com base nos estudos de Worden, o luto será


caraterizado por meio de mediadores.

• Segundo Worden existem diferentes eventos


mediadores, sendo que o principal deles é o
relacionamento entre o enlutado e o falecido ou entre os
enlutados.

• Outros elementos: enfrentamento do ambiente social,


causa morte, idade, momentos da despedida,
dependentes, história e enfrentamento em situações de
perdas.
Perguntas frequentes:

3- Importância dos mediadores?

• Importância: explorar as queixas e histórico


relacionado às queixas, compreendendo as
relações estabelecidas entre o falecido e
enlutado ou entre enlutados.

• Ajudam na descrição das Tarefas do Luto


para aquele enlutado.
Perguntas frequentes:

4- Como identificar a fase do luto?

• Proposta da disciplina é a ênfase sobre as Tarefas do


Luto e não sobre as Fases.

• As Fases contribuem para uma descrição comparativa,


entre o que as mesmas indicam e o que aparece na fala
do enlutado: negação, revolta, barganha, depressão e
aceitação (K. Ross).

• As Tarefas anunciam o caminho/trajetória de intervenção


– Tarefas de enfrentamento: despedir-se, falar sobre isso,
ponderar, projetar sua vida na ausência de...
Perguntas frequentes:

5- Como compreender o processo de Enfrentamento no processo do Luto?

Todo Enfrentamento é funcional - foi estabelecido e é mantido por suas


consequências, sendo estas consequências também estabelecidas e
mantidas por contingências outras que influenciam no valor reforçador da
emissão de respostas de enfrentamento - motivação ou operações
estabelecedoras no contexto da ênfase clínica do psicólogo.

No luto também podemos fazer coisas - agimos e pensamos- para minimizar


os sentimentos de ausência. Este pensar e agir diante de eventos aversivos
é nomeado de Tarefas do Luto.

A cada Tarefa do Luto temos também uma


Tarefa de Enfrentamento!
Perguntas frequentes:

6- Existem melhores enfrentadores e piores


enfrentadores? NÃO. Existem adaptações psicossociais
mais ou menos favoráveis para o enfrentamento no
Luto.

• A ênfase do enfrentamento é sobre sua


funcionalidade. Compreendemos a funcionalidade
do enfrentamento no Luto: produzindo reforçadores
negativos que minimizam sofrimento (favorável);
mantendo e ampliando reforçadores positivos (mais
favorável); e mesmo produzindo mais aversivos
(menos favoráveis), dependendo dos mediadores
envolvidos.
Perguntas frequentes:

7- Como conduzir a Tarefa 1 - Aceitação, em


função da religião, espiritualidade e crenças
dos enlutados?

• Tarefa 1: Aceitação da Ausência


Queixa: Negar a morte e negar a ausência -
o morrer
Perguntas frequentes:

8- Como ajudar o enlutado a cumprir a Tarefa 1?

Com aproximações sucessivas da realidade


do fato:
• rituais de despedida podem ajudar;
• o que teria dito, feito se pudesse mudar
algo?;
• qual seria o melhor modo de partir, deixar o
enlutado e como foi de fato (morrer ideal e
real).
Perguntas frequentes:

9- Quais são os limites da Religião para ajudar na Tarefa 1?

• Possibilidade de reencontro (variável de contexto) aumenta


valor reforçador para emissão das seguintes respostas de
enfrentamento – vamos nos encontrar...

• Consequência do comportamento de acreditar que logo ou


um dia estarão juntos: minimiza sentimentos negativos
relacionados a ausência e tristeza. E projeta o presente na
ausência de... Favorável

• Por outro lado, pode aumentar o valor reforçador da


consequência de resposta de isolamento, espera,
estagnação, desinteresse por coisas do dia a dia. Menos
Favorável
Perguntas frequentes:

11- Como auxiliar na Tarefa 2?

• O momento do encontro terapeuta e enlutado


deve favorecer, em especial a Tarefa 2 –
expressar os sentimentos em relação a perda
e falar sobre isso;
• O ambiente (setting) terapêutico deve
favorecer a emissão de comportamentos que
não ocorrem com frequência no dia a dia do
enlutado. Interação terapeuta e enlutado.
Perguntas frequentes:

12- Como auxiliar na Tarefa 3 – reorganização da vida na


ausência de...?
• Ponderação X Compensação
• Ponderar é descrever aspectos inevitáveis - negativos e
positivos do dia a dia na ausência de... Coisas que
acontecerão e que são boas e ruins no presente.

✓ Como era e como está a vida do enlutado na ausência do


falecido(a)?
✓ Quais foram as coisas boas das quais se lembra e as
coisas difíceis vividas e compartilhadas.
✓ O que pode ser findado, terminado e o que não quer que
seja findado.
Perguntas frequentes:

13- As Tarefas podem exceder o setting


terapêutico?

• AC – Setting terapêutico é ampliado.


Podemos explorar e intervir em ambiente
externo (familiar, social/ trabalho, escola,
lazer), sempre pautados por objetivos
terapêuticos específicos.
Perguntas frequentes:

14- Como o terapeuta irá se ajustar às


diferentes culturas e vivências do
luto/enlutado?

• Sempre o terapeuta deverá entender o luto


na perspectiva do enlutado. Conhecer
como ele vive o luto, é condição
precorrente da intervenção do terapeuta.

• Também é importante estudar sobre


diferentes culturas do viver e morrer.
Perguntas frequentes:

15- Como é o Luto da Própria Morte?

Luto antecipatório da pessoa e seus


familiares. As tarefas são as mesmas.
Condução mais difícil do ponto de vista da
aceitação do fato, sem de fato acontecer.
Acontecendo.... Morrendo....Porém qualifica-
se como a morte facilitadora do luto.
Perguntas frequentes:

16- Manter quarto intacto do falecido. Qual a


intervenção?

Se há concordância : este será o espaço


acordado para o casal viver o projeto de vida
na ausência de...

Se não há concordância: diálogo sobre as


diferenças no viver o luto. A queixa é o modo
como cada um vive o luto.
Perguntas frequentes:
• 17- O sucesso ou fracasso no cumprimento das Tarefas do
Luto podem produzir ou aumentar a culpabilização do
enlutado?

• Por princípio, Não. Por que as tarefas não são etapas a serem
cumpridas uma a uma, com premiação certa de sair do luto e
não sofrer mais, esquecer a dor e o ente querido. “Cumprir
Tarefas” significa Viver o Luto se expondo às Tarefas, a todas
as consequências - mais ou menos aceitas, mais ou menos
toleráveis e positivas.

• Interromper a Terapia do Luto, por ex, não é um resultado de


fracasso. Pelo contrário, pode indicar o esgotamento de
possibilidades para manter-se no exercício das Tarefas e até
mesmo indicar o final do luto. As tarefas tão indicam
prevenção de lutos complicados.
Estudo de Caso
UNESP/ Bauru - FC – Departamento de Psicologia
Disciplina: Análise do Comportamento Aplicada à Saúde/2018
Docente responsável: Alessandra de Andrade Lopes
Nome do aluno: Número do Caso:

EXERCÍCIO INDIVIDUAL: Estudo de Caso


Com base na leitura dos textos de Worden (em especial, Capítulos 2 e 3) e nas
discussões em sala de aula, desenvolva o Estudo de Caso, respondendo às questões
que seguem:

1- Após leitura do resumo do Caso:

1.1- identifique a queixa principal do enlutado, ou seja, qual seria a mais intensa fonte
de estímulos que produz sofrimento ao paciente, incômodo, dificuldade (presente ou
iminente);

1.2- registre as hipóteses funcionais relacionadas à queixa, ou seja, porque isso está
acontecendo com o enlutado e quais aspectos ou eventos (ambiente histórico e social)
poderiam estar relacionados ao estabelecimento e manutenção da queixa?

1.3- elabore cinco perguntas que você poderia fazer à pessoa ou às pessoas
envolvidas no Caso, de acordo, com suas hipóteses funcionais.
2- Pensando nos três primeiros atendimentos com a pessoa enlutada e
envolvidos, faça um planejamento geral destas sessões, respondendo às
seguintes questões:

2.1- diante da queixa identificada, inicialmente, quais seriam os objetivos


terapêuticos gerais (onde você avalia que o paciente pode chegar)?;

2.2- quais seriam os primeiros procedimentos de intervenção a serem


aplicados, de acordo com o Caso? Por exemplo: a primeira sessão você faria
individual e depois envolveria outras pessoas?; como seria seu acolhimento?o
que você abordaria inicialmente?; seria aplicada algum tipo de técnica
relacionada às tarefas do luto?

2.3- para o referido Caso, quais seria as habilidades terapêuticas essenciais


para a condução destas sessões? Cite duas habilidades e justifique.

2.4- quais os critérios de avaliação das sessões desenvolvidas (interação


psicólogo e enlutado);

2.5- o caso exige outros encaminhamentos?


3- AVALIAÇÃO FINAL: Indique e registre
quais poderiam ser suas dificuldades na
condução de todo o processo da
Terapia do Luto (avaliação pessoal).
Estudo de Caso: História 18

H. Tem nove anos de idade e é filho único. Seu pai morreu


repentinamente de ataque cardíaco há três meses e, desde
então, ele tem pesadelos. A mãe H. contou que no dia em
que o pai morreu H. teve uma discussão com ele, antes de ir
para a escola. H. não fala sobre a morte do pai.

A mãe de H. tem conversar com ele, mas H. fala pouco. A


professora observou que H. tem se isolado das pessoas na
escola e que não demostra mais interesse pelos estudos.

Worden, W. Aconselhamento do Luto e Terapia do luto.


Editora Roca, 4ª. edição, 2013.
QUEIXA (S) iniciais:

1. Pesadelos com o pai;


2. Mudança de comportamento do menino
observada pela professora na escola:
isolamento social na escola e desinteresse
pelos estudos;
3. Não quer falar com as pessoas da família
sobre a morte do pai.
HIPÓTESES FUNCIONAIS – relacionadas às
queixas

• Pesadelos, isolamento social na escola e em família

• HF1: culpa relacionada a discussão que teve com o


pai antes de sua morte e de não ter tido a
oportunidade de se desculpar (iria fazer, mas não
deu tempo)
• HF2: O pai - fonte direta ou exclusiva de
reforçadores positivo para ele (provedor de muitos
reforçadores positivos – e que neste momento, para
ele foram perdidos).
PERGUNTAS QUE PODEM AJUDAR A TESTAR AS
HIPÓTESES FUNCIONAIS RELACIONADAS ÀS
QUEIXAS:

1- Hoje o que mais incomodado você?


2- Depois da morte de seu pai, o mais tem incomodado
você, algo que não sai de seus pensamentos...
2- Como tem sido seus dias de escola? Com quem vc fica
nos momentos livres... O que tem feito e pensado na
escola?
3- O que mudou na rotina da escola, depois da morte de
seu pai?
4- Algo aconteceu que para você foi marcante que não
consegue esquecer?
6- Como era o dia a dia de convivência com seu pai?
História de Luto – 1

Há 12 semanas, o marido de M. faleceu.


M tem 58 anos e seu marido tinha 33 anos. O marido de M. saiu de
casa para uma viagem de trabalho e dias depois foi encontrado
morto, dentro do próprio carro. Causa morte: ataque cardíaco. M. foi
ao funeral na cidade de origem do marido, mas não pode ver o corpo,
pois o caixão precisou ficar fechado. Até agora não consegue
acreditar na morte do marido. M. chora o tempo todo e espera que ele
retorne para casa.
Worden, 2009
Noturno 2016:
História de Luto – 2

Viúva há 6 meses, mulher de 75 anos está doente em um


asilo. Sente-se triste e perdida sem seu marido. Tem
filhos mas estão morando longe e sente-se sozinha. Tem
desejo forte de desistir de tudo e de morrer para juntar-
se ao marido. Nada mais tem sentido em sua vida e
sempre diz a equipe da clínica onde está morando
agora: “deixem-me sozinha, deixem- me morrer”.
Worden, 2009

Noturno 2016:
História de Luto – História 3

Mulher de 38 anos, solteira, há 3 meses soube que seu


padrasto morreu subitamente de ataque cardíaco. Ele era
alcoolista e entrou em sua vida quando você tinha 3 anos de
idade. Desde esta época o padrasto abusou física e
sexualmente de M. até aos 17 anos. M. saiu de casa da mãe e
do padrasto com 17 anos. M ficou feliz ao saber que o padrasto
havia morrido, pois finalmente ele sairia de sua vida. M. tem do
padrasto somente lembranças negativas. Desde que soube da
morte do padrasto M. tem sonhado com ele. No sonho o
padrasto está abraçando-a. M. não consegue entender o sonho
e fica muito incomodada. Depois do sonho não consegue
dormir. Além disso, esta perturbação no sono tem trazido a M.
prejuízos no seu desempenho no trabalho.
Worden, 2009
História de Luto – 4

M tem 51 anos e é solteira. A mãe de M. faleceu há


alguns meses. M e a mãe sempre viveram juntas e
tinham relacionamento muito próximo, porém
ambivalente. M. cuidou da mãe durante todo o período
de sua doença, incluindo nos períodos de
hospitalização. A mãe de M. não era pessoa fácil. Nos
últimos tempos, M disse a mãe que se ela não entrasse
nos eixo iria colocá-la em uma clínica de repouso. Na
verdade M. não teria feito isso, mas agora sente-se
culpada por ter dito, um dia, isso a mãe.
Worden, 2009
História de Luto – 5

H. Tem 29 anos e dois filhos (um menino de 3 anos e


uma menina de 5 anos). Sua esposa faleceu de câncer
há quatro meses. H. era casado há 6 anos, está
sofrendo muito e quer fazer algo para que sua dor seja
eliminada. H. acredita que se casasse novamente tudo
ficaria melhor para ele e para as crianças. H. tem saiu
com algumas mulheres, mas sempre volta deprimido.

Worden, 2009
História de Luto – 6

Nos últimos 3 anos, M. perdeu sua mãe, pai, um


irmão e um amigo. Todas estas perdas deixaram
M. entorpecida. Quando M. sente-se entorpecida,
tem sentimentos de ansiedade, palpitações e
tristeza. Estes sintomas tem aumentado nos
últimos meses. M. procurou sua médica que disse
que tudo isso está associado com estresse e
ansiedade e com a história de perdas. A médica
aconselhou M. a procurar um terapeuta do luto.
Worden, 2009
História de Luto – 7

O filho de M. morreu de leucemia com 8 anos de idade.


M. está se adaptando à perda, mas teme que com o
passar do tempo possa esquecer alguns detalhes da
vida de seu filho, bem como do tempo que passou com
ele. Para evitar isso M. mantem o quarto intacto,
exatamente como estava quando o filho morreu. O
marido de M. é contra manter o quarto do filho falecido.
O marido quer desmanchar o quarto, mantendo algumas
coisas do filho, mas utilizar o quarto para outra utilidade
da família. Os dois tem discutido muito sobre isso.
Worden, 2009
História de Luto – 8

A mãe de M. faleceu há um ano atrás e o pai de M.


cometeu suicídio aos 78 anos, 7 meses, com um tiro
na cabeça. Segundo M., seu pai se quer deixou uma
mensagem, explicando sua atitude. O pai de M.
morava em outra cidade, mas M. falava com ele
frequentemente por telefone. M. achava que seu pai
estava ajustando-se a perda da mãe. Após a morte
do pai M. fica irritada com facilidade e segundo seu
marido também tem uma fala lacônica,
principalmente com ele (fala pausada com grandes
períodos de silêncio). O marido de M. está perdendo
a paciência com isso e disse que vai embora.
Worden, 2009
História de Luto – História 9

O filho de M. morreu no hospital após ter vivido apenas


3 meses. Após 15 meses ainda M. sente-se deprimida.
M. já participou de um grupo de pais enlutados e não
gostou. M. tem raiva de seu marido porque ele não
estava no momento da morte do filho. M reclama que
seu marido, atualmente, dá mais atenção aos outros
filhos do que para ela. M. foi abandonada pelo pai
quando tinha 5 anos de idade. M. sonha com o filho
morto dizendo: “você não me deu uma chance”.

Worden, 2009
História de Luto – 10

H. perdeu a esposa há 10 meses. A esposa morreu de câncer. H. tem


3 filhos, uma menina de 14 anos, um menino de 11 anos e outro
menino de 6 anos. H. acreditava que depois da morte da esposa
seus filhos se uniriam, mas não foi assim. Sua filha está
incomodada por que tem que fazer todas as tarefas da casa e cuidar
dos irmãos. A filha, cansada, tem ido mal na escola e prefere
passear no shopping, ao invés de ficar em casa ou na escola. O filho
de 11 anos fica a maior parte do tempo fora de casa, para não sofrer
os mandos da irmã mais velha. O filho de 6 anos não entende
claramente o que aconteceu e sente-se abandonado. O filho mais
novo não participou do funeral. Ainda sonha com a mãe todas as
noites. Passa muito tempo na TV e não tem amigos na escola. A
professora indicou aconselhamento familiar.
Worden, 2009
História de Luto – 11

O irmão de M. faleceu há 6 meses de AIDS. M. cuidou do


irmão desde criança, desde que a mãe faleceu. O
companheiro de seu irmão ajudou a cuidar dele nos
últimos 18 meses de sua vida. Ultimamente M. liga para
o cunhado para falar sobre o irmão. O cunhado não
querer falar sobre este assunto com M. e está
incomodado com os telefonemas da cunhada. M. sente-
se sozinha no luto: seu marido não quer falar sobre este
assunto e tampouco o cunhado. M. chora muito e não
quer seguir em frente, relata o marido. Tanto o cunhado
quanto o marido gostavam muito do irmão de M., mas
não suportam o luto dela. Worden, 2009
História de Luto – 12

H. tem 20 anos e mora com a mãe. O pai de H cometeu suicídio há


três na garagem de casa. Causa morte: asfixia com monóxido de
carbono. A mãe de H. e ele tem sentimentos confusos, ora sentem
raiva e ora culpa. A mãe de H. disse que se o pai não tivesse
morrido, o mataria agora por ter feito isso com a família. H. está
deprimido e bebe bastante. Sua mãe está preocupada com H.
porque está bebendo bastante. H. diz que beber o faz sentir-se
melhor. Worden, 2009
[Ausência]
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus
braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Carlos Drummond de Andrade


Vida e morte
Morte e vida
Dizem por aí que a vida não vale a pena,
E desesperadamente dão lhe um fim.
Dizem por aí que a morte não é digna,
E levam à exaustão, o desejo eterno e insano de viver.
Se a morte não vale à pena, a vida também não!
Vida e morte... uma não tem sentido sem a outra.
Vida sem morte é viver sem um fim.
Morte sem vida é realmente o Fim!
Tudo que não termina,
Não se transforma e
Pode nunca ter começado.
Alessandra de Andrade Lopes

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