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GUIA DAS PRINCIPAIS

COMPLICAÇÕES EM FIOS
ÍNDICE

1 Edição 31/01/23
ORIENTAÇÃO INICIAL
INTRODUÇÃO
COMO ATUAR EM CADA CASO?
1 - FIO SUPERFICIAL
2 - TRAJETO SUPERFICIAL
3 - REAÇÃO INFLAMATÓRIA / GRANULOMA
4 - MIGRAÇÃO
5 - ATRITO / INFECÇÃO
6 - EXTRUSÃO
7 - EQUIMOSE / HEMATOMA
8 - LESÃO ARTERIAL
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ORIENTAÇÃO INICIAL

O conteúdo deste Guia é baseado em literatura científica e principalmente em


minha experiência de mais de 9 anos com Fios.

Ao longo da minha carreira tive intercorrências e complicações com fios e isso


permitiu a escrever esse trabalho para ajudar os colegas a melhorarem sua
prática, contribuir na resolução e, principalmente, na prevenção de complicações.

Todas as fotos postadas são referentes a casos próprios ou de colegas,


devidamente autorizadas para publicação científica, em que estivemos envolvidas
para ajudar na resolução dos mesmos.

As fotos foram autorizadas apenas para uso educacional não sendo permitida a
replicação nem divulgação das mesmas, estando protegidas sob a Lei Geral de
Proteção de Dados (LGPD) vigente.

Dra Fernanda Sulzbach

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INTRODUÇÃO
O índice de complicações com fios é baixo, menos do 0,5%.
Sabemos que a maioria das complicações está relacionada a prática inadequada
das técnicas ou más indicações e não ao produto em si.
Aqui no Guia Prático vou abordar de forma objetiva as principais complicações,
como abordar e principalmente como evitar, pois mais de 95% delas são evitáveis.
A curva de aprendizado é um determinante importante nas complicações com
fios, como em qualquer técnica.
A boa prática e formação constante diminuem o risco de complicações e melhora
os resultados.
Com fios, especificamente, existem detalhes que uma boa sistemática, uma
padronização na hora do procedimento evita a maioria das complicações.

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INTRODUÇÃO
A indicação correta do procedimento, também evita muitos incômodos e
complicações. Pacientes com certas características devem ser evitados como por
exemplo: pacientes com face muito pesada, pacientes com flacidez severa ou aqueles
com pele muito fina ou subcutâneo insuficiente.
Os pacientes candidatos a esse tratamento são:
❑ Consistência dérmica preservada
❑ Flacidez leve a moderada
❑ Tecido subcutâneo suficiente
❑ Trofismo muscular preservado
❑ Pacientes que não querem ou não podem fazer cirurgia
❑ Expectativas reais do procedimento

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INTRODUÇÃO
Uma avaliação minuciosa do paciente é importante para que possamos identificar
fatores de risco, medicações em uso e alinhar as expectativas.

Pacientes em que devemos evitar de realizar o procedimento:


❖ Pacientes com história de quelóide – examinar paciente
❖ Doenças Auto Imune – em doença ativa
❖ Infecções Ativas na área de tratamento
❖ Expectativa do paciente

Trabalhar a expectativa é importante lembrar que os fios não trazem resultados


cirúrgicos. O paciente deve ser bem informado dos possíveis resultados e durabilidade
do tratamento.

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INTRODUÇÃO
Existem pacientes que devemos ter cuidados, mas podemos realizar o
procedimento.
Estão neste grupo:

1. Alérgicos: pacientes com muita atopia ,neste caso pode se fazer uso de
antialérgicos via oral antes do procedimento. No geral não há problemas ou
intercorrências relatadas em artigos científicos.

2. Doenças Sistêmicas: as doenças como diabetes e HAS devem estar


controladas. Pacientes com glicemia alterada tem mais risco de granuloma com fios
de tração de PLLA.

3. Tabagistas: pacientes tabagistas pesados também tem maior risco de


granuloma com fios de tração de PLLA.

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INTRODUÇÃO
4. Pele Envelhecida ou Fina: nestes caso devemos cuidar pois o fio pode ficar
visível. Aconselhamos bioestimular previamente com equipamentos ou produtos
injetáveis.

5. Anti-agregante Plaquetário: pode ser interrompido ou não. Como o


procedimento geralmente não causa grandes sangramentos não há necessidade de
interrupção do mesmo ficando a critério do profissional.

6. Herpes: pacientes com histórico de herpes e que vamos trabalhar próximo a


região de lábios, é aconselhável profilaxia .

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COMO ATUAR EM CADA CASO?

TABAGISTAS E
ALÉRGICOS: PREDSIM
DIABÉTICOS: TRAUMEEL
40MG , 30 MINUTOS
ANTES OU NO DIA DO
ANTES
PROCEDIMENTO

FOTOENVELHECIMENTO:
HERPES : PROFILAXIA
LASER,
VALACICLOVIR 500MG
RADIOFREQUÊNCIA,
12/12 H - 07 DIAS
PEELINGS

ANTIAGREGANTE: PODE QUELÓIDE: TRAUMEEL


PARAR 2 A 3 DIAS ANTES OU GLICIRRIZA GLABRA

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COMO ATUAR EM CADA CASO?

TRAUMEEL
Utilizado em processos inflamatórios, edema pós -traumático. Em edemas em geral.
Dose: 1 comprimido ou 10 gotas de 8/8 horas por 10 dias.

GLICIRRIZA GLABRA
Antibacteriana , anti-inflamatória.
Dose: 150mg 2x ao dia. Iniciar 10 dias antes e continuar 30 dias depois.
Pela dificuldade de adesão ao tratamento com esse esquema, seria mais prudente por
segurança do paciente, evitar a aplicação de fios de tração/sustentação nestes casos.

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FIO SUPERFICIAL

01
FIO SUPERFICIAL
CAUSA: plano de aplicação superficial e fio
posicionado muito medial.
Nesta região mais medial não há subcutâneo e
é uma área ligamentar.

TRATAMENTO: tentar a retirada sempre é o


melhor. Neste caso o uso de pinças finas ou
agulha de crochê.
Como abordado no Manual Prático de Fios e
no Curso, as tecnologias não são mais opção
para o tratamento.

COMO EVITAR: realizar pontos


de entrada sempre mais
laterais e utilizar fios delicados
e curtos, como 30G-25mm. No
Manual de Fios e Cursos
presenciais abordo diferentes
técnicas de aplicação.
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FIO SUPERFICIAL
(Ponta Superficial)

CAUSA: porção distal do fio muito próxima à


região do sulco. Essas áreas são de mobilidade
intensa, propiciam a migração do fio.

TRATAMENTO: retirada da ponta do fio. Faz


uma incisão com lâmina 11 e retira a ponta.

COMO EVITAR: Evitar posicionar a porção


distal do fio próximo ao sulco, deixar pelo
menos 1cm de segurança, conforme a
marcação da régua do Manual Prático.

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FIO SUPERFICIAL
(Ponta Superficial)

COMO SOLUCIONAR: Retirada da ponta, e


após deixar microporado o local por pelo
menos 3 dias.

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TRAJETO SUPERFICIAL

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TRAJETO SUPERFICIAL

CAUSA: Fio passado na derme, em plano


incorreto.

TRATAMENTO: massagem vigorosa para soltar


as garras da derme.
Caso não resolva, está indicada a subcisão.
Procurar resolver já nos primeiros 10 dias.

COMO EVITAR: aplicar em plano adequado.


Requer prática, por isso os cursos são muito
importantes.

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TRAJETO SUPERFICIAL

CAUSA: Fio passado na derme, em plano


incorreto.

TRATAMENTO: tentar a retirada. Neste caso


conseguiu se resolver com a aplicação de
preenchedor que camuflou o fio.

COMO EVITAR: aplicar em plano adequado.


Requer prática, por isso os cursos são muito
importantes.

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REAÇÃO INFLAMATÓRIA /
GRANULOMA

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REAÇÃO
INFLAMATÓRIA/GRANULOMA

CAUSA: ponta do fio em contato com a derme.


Fio em contato com a derme gera reação
inflamatória e granuloma.

TRATAMENTO: retirada da ponta. Abertura


com lâmina 11 e retirada.
Neste caso pode ainda associar antibiótico
como cefadroxil de 12/12h por 7 dias.

COMO EVITAR: sempre empurrar bem a


tesoura contra a pele para cortar o fio. Nos
vídeos de procedimentos do curso sempre
reforço esse ponto.

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REAÇÃO
INFLAMATÓRIA/GRANULOMA

CAUSA: ponta do fio em contato com a derme.


Neste caso foi um fio parafuso que foi mal
introduzido, ficando uma ponta externa que foi
cortada.

TRATAMENTO: tentar a retirada sempre é o


melhor. Neste caso o uso de pinças finas ou
agulha de crochê.
Como abordado no Manual Prático de Fios e
no Curso, as tecnologias não são mais opção
para o tratamento.

COMO EVITAR: sempre retirar esse fio e passar


um outro. Ao cortar esta ponta, ela fica em
contato com derme e pode provocar reação
inflamatória.

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REAÇÃO
INFLAMATÓRIA/GRANULOMA

CAUSA: ponta do fio em contato com a derme.


Neste caso foi realizado o fio sem toxina
prévia.

TRATAMENTO: tentar a retirada sempre é o


melhor. Neste caso o uso de pinças finas ou
agulha de crochê.
Como abordado no Manual Prático de Fios e
no Curso, as tecnologias não são mais opção
para o tratamento.

COMO EVITAR: aplicar a toxina de 7 a 15 dias


antes do fio.

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MIGRAÇÃO

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MIGRAÇÃO

CAUSA: ponta do fio em contato com a derme.


Neste caso foi um fio parafuso que foi mal
introduzido, ficando uma ponta externa que foi
cortada.

TRATAMENTO: micropore em toda a extensão


dos fios para reposicionar.

Manter por 7 dias.

COMO EVITAR: Não manipular, realizar


massagem ou drenagem por 30 dias. Reforçar
as orientações pós fio.

Na plataforma disponibilizo esse material em


“biblioteca de documentos e termos de
consentimento.”
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MIGRAÇÃO

Paciente após 15 dias do tratamento.

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ATRITO / INFECÇÃO

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ATRITO / INFECÇÃO

CAUSA: Mobilização do fio e atrito pelo uso do


capacete, levando a um processo inflamatório
e infecção.

TRATAMENTO: retirada do fio e antibiótico.

Cefadroxil 500MG de 12/12h por 10 dias.

COMO EVITAR: após essa complicação, incluí


nos cuidados.

Evitar uso de capacete e bonés por pelo menos


7 dias após o fio em supercílio.
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INFECÇÃO

CAUSA: contaminação no procedimento ou


pós procedimento.

TRATAMENTO: retirada do fio e antibiótico.

Cefadroxil 500MG de 12/12h por 10 dias.

COMO EVITAR: uso de material estéril para


fios de tração. E no pós- procedimento o uso
do curativo evita a contaminação.

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INFECÇÃO

CAUSA: técnica com nó com fio de pouca


maleabilidade.

TRATAMENTO: desfazer o nó ou retirar o fio,


dependendo do caso.

Cefadroxil 500mg a 1G de 12/12h por 10 dias.

COMO EVITAR: as técnicas com nó não são


indicadas com fios muito espessos e de pouca
maleabilidade, pois a ponta do fio fica em
contato com a derme e leva à reação
inflamatória
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INFECÇÃO

PACIENTE COM 24 HORAS DE EVOLUÇÃO.

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INFECÇÃO - OUTROS ESQUEMAS
TERAPÊUTICOS

❑ DOXICILINA 100MG, DE 12/12H POR 7 DIAS, INFECÇÕES LEVES A MODERADAS


❑ CIPROFLOXACINO 500MG, DE 12/12H + CLINDAMICINA 100MG, 6/6H, POR TEMPO
INDETERMINADO (ATÉ RESOLUÇÃO DO PROCESSO INFECCIOSO), PARA INFECÇÕES
GRAVES DA PELE E MULTIRRESISTENTES. ASSOCIAR PROTETOR GÁSTRICO DURANTE O
PERÍODO DE TRATAMENTO.

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EXTRUSÃO

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EXTRUSÃO
CAUSA: manipulação excessiva do paciente ou
plano incorreto.

O fio sempre procura o caminho mais fácil para


extruir.

TRATAMENTO: Retirada do fio.

COMO EVITAR: curativo por pelo menos 4


dias, orientações de pós-procedimento ao
paciente e plano correto de aplicação,
subcutâneo.

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ORIENTAÇÕES PARA O PACIENTE
PÓS- PROCEDIMENTO

➔ Tomar a medicação conforme prescrito.

➔ Manter a cabeça elevada pelas 3 primeiras noites.

➔ Lavar e secar o rosto com cuidado, sem esfregar (15 dias).

➔ Passar maquiagem, barbear-se e lavar os cabelos com cuidado (15 dias).

➔ Evitar a luz do sol direta e não realizar bronzeamento artificial (2


semanas).

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ORIENTAÇÕES PARA O PACIENTE

➔ Evitar esportes, particularmente esportes que envolvam contato físico e


força (2 semanas).

➔ Não usar saunas (3 semanas).

➔ Evitar procedimentos odontológicos (4 semanas).

➔ Evitar movimentos faciais excessivos ao mastigar, conversar, bocejar... (2


semanas).

➔ Evitar uso do fio dental por 7 dias.

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ORIENTAÇÕES PARA O PACIENTE

➔ Nos primeiros dias, haverá pregueamento dos tecidos, mas, em média, de 7


a 15 dias o tecido vai se acomodando, conforme grau de flacidez inicial.
Dependendo do grau de flacidez até 30 dias para acomodação total.

➔ Evite tomar chimarrão nos 3 primeiros dias.

➔ Não ingerir alimentos duros nos 3 primeiros dias.


➔ Pacientes submetidos a técnicas com fios de sustentação em supercílio
devem evitar o uso de bonés e capacetes por, pelo menos, 10 dias.

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EQUIMOSE/HEMATOMA

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EQUIMOSE
CAUSA: trauma vascular na aplicação de fios
lisos em pálpebras inferiores.

TRATAMENTO:

• Tópicos: Heparina sódica - trombofob gel;


• Traumeel oral;
• LED, luz pulsada, fotoage.

COMO EVITAR:
• Botão anestésico com vasoconstritor para
aplicação dos fios;
• Realizar o procedimento com calma,
mantendo o plano de aplicação.
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HEMATOMA
CAUSA: : trauma vascular na aplicação de fios
lisos em pálpebras inferiores, formando uma
coleção.

TRATAMENTO:
• Drenagem
• Tópicos: Heparina sódica - trombofob gel;
• Traumeel oral;
• LED, luz pulsada, fotoage.

COMO EVITAR:
• Botão anestésico com vasoconstritor para
aplicação dos fios;
• Realizar o procedimento com calma,
mantendo o plano de aplicação.
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EQUIMOSE / HEMATOMA

OBSERVAÇÃO

Hoje a maioria das empresas tem em seus portifólios os fios canulados 30G,
denominados Eyes, como alternativa para evitar equimoses e hematomas.

Considero a cânula 30G equivalente a uma agulha 30G e não vejo vantagem no
uso com esse propósito, além de ter um custo maior.

Porém cada profissional deve utilizar o fio que se sinta mais seguro e confortável
para aplicar.

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LESÃO ARTERIAL

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LESÃO LATERAL
CAUSA: fio canulado espiculado 19G x 38mm
aplicado em plano profundo.

Utilizado também fio muito espesso para


região.

TRATAMENTO:

Avaliação com vascular. Retirada do fio

COMO EVITAR: aplicação em subcutâneo


superficial e indicado nesta região os fios
canulados 21G – 60mm ou fios biagulhados.

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LESÃO ARTERIAL

No ultrassom imagem em azul são os fios de PDO transfixando a parede


arterial levando a um pseudoaneurisma. Em vermelho a artéria
temporal ramo frontal.
CONCLUSÃO

A maioria das complicações com fios não são graves e podem ser resolvidas, sem danos
permanentes ao paciente.

Complicações graves, como a lesão arterial descrita, são extremamente raras, com
apenas 3 casos relatados no mundo.

Precisamos ainda considerar que, embora tenha aumentado o número de


procedimentos realizados , o índice de complicações ainda é baixo.

Podemos concluir que mais de 90% das complicações podem ser evitadas com uma boa
indicação e técnicas adequadas. Somente estudo e o aperfeiçoamento contínuo evitam
as complicações em qualquer procedimento estético.

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