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LIVRO: VULNERABILIDADE CRITÉRIO PARA ADEQUAÇÃO PROCEDIMENTAL


AUTOR: Júlio Camargo de Azevedo

 VULNERABILIDADE:
 Principais noções
→ Vulnerabilidade natural: seria aquele inerente a todos os seres
humanos, ligada a perspectiva biológica, tendo em vista que somos
mortais e sofremos, além de convivermos com outras espécies.
→ Vulnerabilidade Social: na própria convivência social se tem riscos,
baseando-se nas relações humanas, que por diversas vezes são
prejudiciais.
 Premissas epistemológicas
→ Multiculturalismo: paradigma no qual se insere os estados onde
convivem voluntária ou involuntariamente diferentes culturas, povos e
nações. Nessa perspectiva é importante que o Estado garanta o respeito
a diversidade das minorias e grupos vulneráveis. Para assegurar a
coesão social no interior de um Estado multicultural o autor apresenta 4
modelos de espaço multicultural:
 Modelo liberal clássico: acredita no universalismo dos direitos
civis, separação do público e privado, baseado em uma
democracia formal.
 Modelo liberal multicultural: que enfraquece essa barreira entre
o público e privado, mas valoriza a autonomia dos indivíduos
para que se possa valorizar as suas culturas.
 Modelo multicultural maximalista: busca uma justaposição de
espaços monoculturais, além de se opor a separação entre
público e privado.
 Modelo multicultural emancipador: não fecha os olhos para os
conflitos que surgem da diversidade cultural que permeia a
sociedade, mas privilegia este espaço para a denúncia de
contradições da cultura hegemônica, apontando para uma
descrição, as multiplicidades culturais presentes no mundo, e
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para um projeto formação de base cívica para a convivência


dessas diferentes culturas).
→ Igualdade material distributiva: que trabalha a perspectiva da
distribuição igualitária de renda. O autor aponta que em países de
democracia tardia e grande desigualdade social, as políticas
distributivas acabam por fortalecer a desigualdade social entre o grupo
hegemônico e os excluídos, por serem aplicadas de forma isolada,
fazendo com que os excluídos são cada vez mais inferiorizados.
→ Teorias do reconhecimento: o autor aponta que é necessário haver
políticas de reconhecimento, no qual visem reconhecer que há
diferenças históricas e indenitárias, para que dessa forma haja a
superação de exclusão e subordinação institucionalmente adotados. O
autor ainda profere que é “imprescindível a perseguição de uma
igualdade que reconheça as diferenças e uma diferença que não
reproduza a desigualdade.
 Conceito: “a situação de predisposição a um risco ostentada por um sujeito ou
grupo, a qual, em razão de determinantes históricas, sociais e culturais,
favorece uma condição específica de violação de direitos humanos,
reprodutora de situações de desrespeito, subjugação, assimetria de poder ou
diminuição da cidadania, ofendendo a existência digna.
 Elementos tipificadores
→ Elemento estruturante: é a condição de vulnerabilidade que agrega em
si o ponto chave de união entre as diversas vulnerabilidades que clama
por respeito frente ao grupo majoritário, estando ligado a noção de
igualdade a partir da diferença. Age como elemento de validação de um
grupo ou individuo como vulnerável.
→ Elementos distintivos: qualifica a situação de fragilidade dos
indivíduos, como por exemplo a idade, o gênero, a raça, a sexualidade,
estado físico, mental, entre outros.
 Características
→ Construtividade: a vulnerabilidade é algo construído historicamente e
socioculturamente, de forma a excluir determinados grupos e pessoas.
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→ Reversibilidade: apesar de ser construída, a vulnerabilidade não é algo


estático, uma pessoa não vai ser sempre vulnerável, ela pode sair dessa
condição através de prevenção dessa vulnerabilidade, assim como
através de medidas afirmativas que promova a inversão da lógica de
marginalização.
→ Transitividade: a vulnerabilidade é dinâmica por conta das relações
sociais, ela muda no tempo e espaço.
→ Interssecionalidade: é o poder de influência que um elemento distintivo
tem sobre outros. O autor cita o exemplo da idade que pode influencia
no grau de vulnerabilidade de alguém que tenha deficiência intelectual.
 Classificação
→ Socioeconômica: que está vinculada a má distribuição de recursos
sociais, bens, necessitando do combater através de políticas
redistributivas.
→ Sociocultural: associa-se as dimensões culturais, históricas ou
indenitárias em uma busca por reconhecimento de suas diferenças
nestes aspectos e assim haja mudanças.
 Espécies de vulnerabilidade
→ Vulnerabilidade etária: relaciona-se com os efeitos que a idade
sobrepõe as pessoas e trabalham especialmente sob o aspecto das
pessoas em desenvolvimento (crianças, adolescente e jovens) e no
aspecto do envelhecimento (idosos).
→ Vulnerabilidade étnica-racial: advém da fragilidade por conta da etnia e
da raça, como exemplo os negros, as comunidades tradicionais e as
minorias étnicas.
→ Vulnerabilidade biopsíquica: relaciona-se com a deficiência física,
intelectual, sensorial e as barreiras físicas impostas as essas pessoas
pela sociedade majoritária.
→ Vulnerabilidade de gênero: exclusão que se dá pela hierarquia entre os
sexos, devido a uma sociedade patriarcal.
 Distinções terminológicas
→ Minoria: constitui questão de fato e é necessárias duas características, a
objetiva (retratada por grupos de pessoas com etnia, religião, língua
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diferente da sociedade, além da diferença da quantidade de pessoas


entre esses grupos com o grupo hegemônico, posição de dominância
entre este e aquele), e o subjetivo retratado pela vontade das pessoas
desses grupos minoritários em manter as suas diferenças.
→ Hipossuficiência: a pessoa necessita de ajuda de terceiros para
conseguir suprir suas necessidades econômicas.
→ Vitimização: pressupõe que houve um prejuízo para a pessoas, seja ele
material, moral, estético ou existencial.
→ Hipervulnerabilidade: é a junção de vários elementos distintivos, como
a pobreza, raça, orientação sexual, etc...

REFERÊNCIAS
AZEVEDO, Júlio. Vulnerabilidade: critério para a adequação procedimental. Belo
Horizonte: CEI, 2021.

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