1-Interrupção antecipada da gestação : Existe um direito fundamental ao aborto? Levando em
consideração o artigo 5° (direito a vida)
O tema do aborto é bastante complexo e envolve diferentes perspectivas éticas, morais,
religiosas e legais. No Brasil, o aborto é tratado como um crime, com algumas exceções previstas em lei. No entanto, é importante entender que os direitos fundamentais, incluindo o direito à vida, são princípios consagrados na Constituição Federal brasileira. O artigo 5º da Constituição, que trata dos direitos e garantias fundamentais, estabelece, em seu inciso II, o direito à vida como um dos direitos invioláveis. Isso significa que o Estado tem o dever de proteger a vida desde a concepção até a morte natural. Nesse contexto, o aborto é considerado um ato que viola o direito à vida do feto. No entanto, é importante notar que o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu, em algumas situações específicas, a possibilidade de interrupção da gestação até o terceiro mês de gestação, sem que isso seja considerado crime. Essas situações incluem casos de gravidez resultante de estupro e de fetos anencéfalos. Nessas circunstâncias, o STF entende que há uma colisão de direitos fundamentais, e a interrupção da gestação nessas situações específicas é uma forma de proteger outros direitos fundamentais, como a dignidade da mulher e a saúde física e mental. Portanto, enquanto o direito à vida é um princípio fundamental na Constituição brasileira, o STF reconheceu que em situações excepcionais, como nos casos de estupro ou de fetos anencéfalos, outros direitos fundamentais também devem ser considerados, levando à possibilidade de interrupção da gestação nessas circunstâncias específicas.
2- Eutanásia: Existe um direito a própria morte? Levando em Consideração o artigo 5° (direito
a vida)
A eutanásia, que envolve a prática de encerrar intencionalmente a vida de uma pessoa
para aliviar seu sofrimento, é uma questão complexa e altamente debatida, especialmente em relação aos direitos fundamentais, como o direito à vida. O artigo 5º da Constituição Federal brasileira assegura o direito à vida como um direito inviolável. Isso significa que o Estado tem o dever de proteger a vida de todos os indivíduos, garantindo sua integridade física e moral. No contexto da eutanásia, o debate sobre o direito à própria morte é delicado. Embora a Constituição garanta o direito à vida, alguns argumentam que os indivíduos deveriam ter autonomia sobre suas próprias vidas, inclusive o direito de escolher quando e como morrer, especialmente em casos de doenças terminais ou sofrimento insuportável. No entanto, a legislação brasileira não reconhece o direito à eutanásia ou ao suicídio assistido. O Código Penal brasileiro criminaliza a prática de auxílio ao suicídio (artigo 122) e o homicídio, que inclui o ato de provocar a morte de outra pessoa, mesmo que seja a pedido desta (artigos 121 e seguintes). Portanto, embora exista um debate ético e moral sobre o direito à própria morte, especialmente em casos de sofrimento extremo, atualmente, no Brasil, não há reconhecimento legal do direito à eutanásia ou ao suicídio assistido. O direito à vida, conforme estabelecido na Constituição, continua sendo um princípio fundamental que deve ser protegido pelo Estado.
O Direito à Vida x Aborto de Anencéfalo: o aborto de feto versus Anencefalia na Corte Suprema do Brasil e a autorização do Aborto no Uruguai –Internacionalizando considerações jurídicas sobre a interrupção da vida