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Francisca Ferreira

Direito Fiscal das Empresa


• Manual Gustavo Lopes sobre IRC
• CIRC anotado, Rui Matos
• IVA – manual Sérgio Vasques
• Exame teórico-prático
Aula 22/09/2022
IRC – imposto sobre o rendimento das pessoas coletivas
As empresas devem pagar imposto? As sociedades antes não pagavam imposto porque só podia pagar
imposto quem tinha capacidade contributiva e as empresas não têm porque são intermediarias – quem te
capacidade contributiva são os sócios das pessoas coletivas. Mas o estado confere as empresas grande
proteção jurídica (dá-lhes responsabilidade limitada, p.ex) logo deviam pagar impostos – argumento
falacioso porque os imposto não assentam no beneficio (como acontece com as taxas), mas sim na
capacidade contributiva.
Os dois grandes argumentos são:
1. Motivo prático, psicológico, sociológico: o homem comum não iria perceber o porque das
empresas, que são ricas, não pagarem imposto. o estado disse que precisava de receita, logo onde
há receita tributamos.
2. Internacionalização da economia: podemos ter uma sociedade portuguesa que os sócios são
americanos. Se só tributarmos os sócios, o estado português não recebia receita. Lógica de
proteção das bases tributáveis das empresas internacionais.
Consequência: sim, existe IRC por estas duas razões.
O IRC é o imposto importante numa lógica político-fiscal – as empresas deslocalizam-se em função da taxa
de IRC (aqui são quase 30%): grande concorrência internacional fiscal. É o imposto em que há mais
benefício fiscal. Reduzir a carga de IRC seria bom em Portugal.
Taxa efetiva mínima de IRC para evitar concorrência desleal entre Estados.

Art.104º/2 CRP – o direito dos impostos é o ramo do direito que tem mais preceitos na constituição. Este
artigo vai balizar todo o IRC em concreto – o CIRC tem de obedecer ao preceito constitucional desse artigo
e as diretivas da EU sobre tributação de PC’s e aos princípios gerais da UE.
A tributação das empresas incide fundamentalmente sobre o rendimento real:

• Empresas: O IRC incide sobre todas as entidades coletivas (não individuais).


• Rendimento real: tem de se tributar o rendimento real =/ do rendimento normal. Significa que o
mandato para o legislador é criar um imposto que tribute a riqueza efetiva real, verdadeira, não
nominal, não aparente das empresas. O legislador tem de criar regras complexas sobre como isto se
concretiza. Isto é o lucro efetivo, o verdadeiro rendimento, o que a empresa ganhou.
• Fundamentalmente: significa que a base é o rendimento real, mas pode haver exceções. O código
pode criar exceções adequadas porque há outros valores, para alem do rendimento real, que o
justificam. Ex: o legislador pode criar uma solução que pode enfraquecer o rendimento real para

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evitar a evasão fiscal. Outros valores: simplicidade, praticabilidade, eficiência → prevalecem em
relação ao rendimento real.

Incidência subjetiva/ pessoal sobre os sujeitos


Residentes e não residentes – art.2º, em especial a alínea c). Os sujeitos passivos podem ser residentes em
Portugal ou não residentes em Portugal. Os residentes fiscais num pai são tributados sobre o rendimento
mundial e os não residentes fiscais, em princípio, não são tributados em Portugal, mas serão tributados em
Portugal em relação aos rendimentos obtidos em Portugal.
Quem é residente ou não residente? é residente quem tem sede ou direção efetiva em Portugal. A sede é a
sede estatutária (declarada no pacto ou estatuto). Quem não tem a sede é tributado em Portugal se tiver
aqui a direção efetiva. Uma entidade tem direção efetiva em Portugal quando as decisões de gestão/
estruturais/ de controlo/ atividade operacional sejam localizadas em Portugal (ex: reuniões de
administração) – os rendimentos são atraídos para Portugal.
O tema da sede efetiva dá discussão – grupos de empresas criam sociedades intermédias apenas para
localizarem nesses territórios lucro e pagarem menos impostos (ex: na Irlanda é 0). Na holanda, p.ex, não
basta a direção efetiva e a sede o que densifica o conceito de direção efetiva → se não preencher os
requisitos que holanda exige, não é considerado lá residente e o lucro é tributado em Portugal.
EU cria requisitos iguais para todos os Estados para não haver concorrência entre os Estados – a diretiva
está a correr.
Art.4º/1: os residentes em Portugal são tributados pelo lucro que obtém em Portugal e em qualquer parte
do mundo. Este artigo tem que ser lido com o art.54º-A que diz que uma empresa portuguese pode optar
se quer ser só tributada pelos rendimentos que obteve em Portugal e os que não obteve não são
tributados em Portugal se reunir os requisitos (ex: fábrica com sede em Portugal e outra em Espanha, pode
ser tributada só pelo lucro obtido em Portugal desde que em Espanha tenha uma tributação efetiva, que
não seja um país offshore, etc) → objetivo é evitar a dupla tributação (porque o rendimento também seria
tributado em Espanha).
Art.4º/2: as empresas que sejam não residentes fiscais em Portugal ficam sujeitas a IRC apenas aos
rendimentos considerados obtidos em Portugal. Empresa com sede e direção efetiva noutro pais, o estado
português não tributa, mas se essa empresa tiver um elemento de conexão com a lei interna, o estado
português só pode tributar essa riqueza (ex: sociedade espanhola compra um imóvel no porto e vende e
tem uma mais-valia; a sociedade não tem sede nem direção efetiva em Portugal, mas sim em Espanha; o
estado português não vai tributar a empresa espanhola, mas vai tributar sobre essa mais-valia). O nº3 tem
as situações em que os não residentes são tributados em Portugal. Alínea a) – empresa espanhola que
compra imóvel em França, Portugal não tributa; mas se comprar em Portugal, Portugal tributa.
Arts.87º/4.
Art.56º: apura o rendimento líquido dos não residentes. RB (art.4º) - deduções (art.56º) = RL; RL x taxa
(art.87º) = coleta. O art.56º determina como se apura as deduções à qual se aplica a taxa do art.87º.
No IRC cria-se uma figura que se chama estabelecimento estável.
Estabelecimento Estável

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Ex: o bankinter é um banco espanhol (sede e direção efetiva em Espanha). Eles decidiram vir para Portugal
através de uma licença. Em Portugal arrendam 10 imoveis, abrem agências, contratam pessoas, exercem a
atividade bancária. No entanto, eles podiam ter criado uma sociedade comercial (bankinter Portugal, SA –
sede e direção efetiva em Portuga, logo era residente e tributado em Portugal – filial) com sede aqui em
Portugal detida pelo bankinter de espanha, mas não o fizeram. Do ponto de vista jurídico-civil aquilo é
bankinter de espanha, mesmo estando cá em Portugal.
As PC’s são livres de se instalar noutro pais sob forma de sociedade. O bankinter veio para Portugal através
de um estabelecimento estável, eles tinham de pagar o mesmo imposto. um não residente que se
estabelece de forma estável, exercendo uma atividade comercial noutro pais de forma estável. Bankinter,
os rendimentos que estejam alocados/ relacionados com a tua operação em Portugal, vou autonomizá-los.
Deduzo os gastos que o bankinter suportou no exercício da sua atividade em Portugal e o que sobra é o
rendimento real imputável à atividade que exerce em Portugal e sobre isso recai IRC. Isto vai dar ao
mesmo que se fosse uma sociedade com sede e direção efetiva em Portugal.
Sob ponto de vista comercial é uma sociedade não residente em Portugal. Sob ponto de vista fiscal dá-se
personalidade tributária ao estabelecimento em que são incluídos os rendimentos relativos quela atividade
que paga imposto como se residente fosse.
Art.5º.
Se houver um tratado internacional que regule esta matéria de forma diferente que a lei nacional,
prevalece o direito internacional.
Qualquer instalação física em Portugal, note-se (com a leitura do artigo).
Ex: uma sapataria espanhola abre uma sapataria no porto, tem instalação fixa– tem um estabelecimento
estável (nº1).
O art.3º/1/c): o lucro imputável a estabelecimento estável em território português. É o mesmo que a
alínea a).
Este tema tem polémica nos Estados porque, quanto que até aos anos 80/90, um estabelecimento estável
tinha sempre uma instalação fixa, hoje temos negócios que em boa verdade não têm instalação fixa. Ex:
Google diz que não tem entidade em Portugal, paga 0, e não tem um estabelecimento estável em Portugal
porque não tem instalação fixa em Portugal. não tem sede nem direção efetiva em Portugal (não
residente), não tem rendimentos imputáveis em Portugal do art.4º e não é um estabelecimento estável em
Portugal. É necessário uniformizar este conceito porque, p.ex, isto para Portugal seria injusto. O mesmo
acontece com a Netflix porque não tem instalação física e a Zara online. Os negócios andam mais rápido
que o mundo jurídico.
O nº6 e o nº7 têm dois contratos subjacentes com os limites do estabelecimento estável. A lei vem afinal
quando existe ou não.
O nº7 diz que não há estabelecimento estável quando reunidos os requisitos → ex: contrato de agencia, o
agente é alguém que é independente (não é um funcionário, só recebe uma comissão por facilitar o
negócio) do seu cliente mas que vai promover as vendas ou compras do seu cliente (facilitador de
negócios) noutro país por conta do seu cliente que é português; pelo facto da empresa portuguesa ter um
agente independente que está a promover vendas em seu nome, a empresa não tem um estabelecimento
estável nesse outro pais por ter este agente logo não é residente em Itália. Ex: uma empresa alumínio
espanhola, quer vender no mercado português e contrata um agente que vai a Portugal e faz vendas
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(contrato entre o principal e o agente); o agente até pode ter uma instalação física em Portugal; a empresa
de alumínio tem um estabelecimento estável em Portugal? Não tem, desde que esse agente atue no
âmbito normal da sua atividade e suporte o risco empresarial.
O nº6 tem uma situação parecida, mas o agente não é independente. Ex: bancos suíços que não tem
instalações em Portugal (não tem sede nem direção efetiva), mas querem ganhar aqui clientes; eles têm
funcionários que residem na Suíça e vão angariar clientes em Portugal; eles não querem ser considerados
estabelecimento estável em Portugal logo não assinam contratos em Portugal senão havia um elemento de
conexão; o cliente português assina, manda em DHL e depois é assinado na Suíça. O agente espanhol é
como se fosse estabelecimento estável.
O rendimento estável é tributado relativo a Portugal. A incidência é proveitos que tenham conexão com
Portugal e estão associados com a atividade em Portugal. Só tributamos o lucro aqui gerado. O bankinter
só apresenta o balanço (tem o património daquela sociedade) da empresa bankinter de Portugal e Espanha
(a nível civil), mas sobre o ponto de vista fiscal tem que se fazer uma separação.
Aula 29/09/22
Incidência Objetiva/ real/ lucro/ rendimento – fala dos residentes
Na tributação dos residentes, qual é a base tributável/ incidência objetiva?
O art.3º repete o art.2º/a: os sujeitos passivos são as sociedades comerciais. No entanto há outras pessoas
coletivas que também estão sujeitas ao IRC (sociedades civis sob forma comercial, cooperativas, empresas
públicas, etc). sempre que a lei fiscal utiliza conceitos que são de outro ramo de direito (como as
enumeradas) vale, para o direito fiscal, aquilo que vale no ramo jurídico (11º/2 LGT) → sujeitos com
personalidade jurídica.
Art.2º/b): pode haver entidades sem personalidade jurídica (mas residentes em Portugal) que são
tributadas em IRC. Isto tem que ver com o realismo ou economicismo do direito fiscal (ele preocupa-se
mais com a riqueza económica do que a estrutura jurídica) – há uma realidade económica, mas sem
personalidade jurídica, que ganha dinheiro e o direito fiscal quer tributar isso. O art.2º/2 completa este
artigo: se antes do registo já atua, já é tributada em IRC, embora só tenha personalidade jurídica com o
registo (se já tem riqueza, já é tributado). Ex: sociedade de facto, sem personalidade jurídica, mas com
organização económica de facto que pagam imposto como se fosse uma sociedade – 2 amigos que criaram
de facto um novo ente e que não vão ser tributadas em IRS (exceção que está no artigo).
Art.3º: base tributável, rendimento de cada uma das entidades. Alínea a) – as entidades referidas no 2º/a)
são tributadas pelo lucro (escopo lucrativo). O mesmo acontece com as da alínea b) do art.2º - o IRC incide
sobre o lucro se essas entidades exercerem a título principal uma atividade de natureza agrícola, industrial
e comercial.
Art.3º/b): o IRC incide sobre o rendimento global das entidades do art.2º/a) e b) que não exerçam uma
atividade agrícola, industrial e comercial a título principal.
Art.3º/c): o IRC incide sobre o lucro – o estabelecimento estável é uma ficção fiscal (atribui personalidade
jurídica tributaria a uma empresa não residente em Portugal que se instala cá) – é tributado pelo lucro
imputado a atividade lucrativa que tem em Portugal.
O lucro é um conceito económico. O IRC incide sobre o rendimento real e este contrapõe-se ao
rendimento nominal/ normal. O diferencial anual entre os proveitos e gastos que uma entidade suporta

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para obter esses proveitos. LUCRO = PROVEITOS – GASTOS. Art.3º/2 tem a noção técnica e diz o mesmo
que o art.17º: o lucro fiscal é apurado pelo lucro contabilístico apurado pela contabilidade sujeito depois a
operações correções promovidas por esse lucro (o IRC tem uma remissão em bloco para a contabilidade
“lucro contabilístico”).
O art.3º/3 dá-nos informações sobre o apuramento do lucro do estabelecimento estável (nota no artigo:
obtidos na esfera da atividade em Portugal do seu estabelecimento; rendimentos com conexão com o
território português).
Art.3º/4: quem presta serviços está a realizar uma atividade comercial.
Ler art.55º sobre o estabelecimento estável!
Rendimento global – art.3º/1/b): é apurado de acordo com as regras do IRS. Ex: eu sou uma associação
sem intuito lucrativo (logo não há atividade comercial), como é o caso da AE, se tiver rendimento tem quer
ser tributado de acordo com as regras de cálculo do IRS. Ex: UCP não visa o lucro, a sua atividade é dirigida
à religião, mas é tributada. As entidades sem escopo lucrativo, se tiverem rendimentos, são tributadas de
acordo com as regras do IRS.
Transparência fiscal:

• O legislador fiscal é confrontado com um tema clássico que foi resolvido através do disposto do
art.6º, que é a transparência fiscal. Tem que ver com os sujeitos e com o cálculo da MC desses
sujeitos. Ex: em todas as atividades agrícola, industrial ou comercial, praticamente, o sujeito passivo
pode escolher entre ser tributado através de uma sociedade que constitui, sendo tributado em IRC,
ou exercer a atividade a título pessoal e ser tributado em IRS. Confusão do direito fiscal: vai-se
escolher a forma em que se paga menos imposto. A transparência fiscal diz que, em princípio, não
há problema e as pessoas organizam-se, então em sociedades. A transparência fiscal diz: “ok, eu
vou aceitar, no entanto, nalguns tipos d casos em que o elemento pessoal é determinante na
atividade, aqui não pagas IRS, mas sim IRC mesmo que sejas uma sociedade; vou-te neutralizar o
planeamento fiscal”. Portanto, temos sociedades comerciais, sujeitos passivos de IRC, mas que o
legislador diz que é muito pessoal e não aceita e ela tem de pagar IRS → aquela sociedade fiscal é
transparente, ou seja, não existe em termos fiscais. Temos sociedades por quotas que estão
abrangidas pelo instituto da transparência fiscal (nas situações em que o legislador considera limite,
há sociedade por quotas, mas ela não vai pagar IRC, mas sim IRS). Ex: Manuel tem sociedade por
quotas, não há transparência → tem o lucro de 1000; é tributado em IRC com taxa de 20%, logo é
tributado em 200 VS Manuel faz o mesmo café, mas é empresário em nome individual e exerce a
atividade em nome pessoal e tem um lucro de 1000 e é tributado em IRC (tributação progressiva
com taxa máxima de 50%), é tributado em 500. Entre uma e outra poupou 300. No primeiro caso o
dinheiro está na sociedade e não na pessoa e no segundo caso o dinheiro está na pessoa. No
primeiro caso, quando ele distribui os 800 e paga 25% o que dá 200 e assim da 400 → mas ele pode
decidir não distribuir os 800. Tipicamente ele quer poupar dinheiro – monte sociedade por quotas
porque poupa 300. Neste caso não há um elemento pessoal, mas sim comercial! Mas imaginemos
que é um advogado ou arquiteto ou médico? O arquiteto tanto pode exercer pessoalmente como
ter uma pequena empresa e exercer a sua atividade → aqui há um elemento pessoal (usam a
cabeça) logo sujeita a transparência.
• Uma sociedade civil não comercial, há parte pessoal → é pessoa coletiva, mas tem regime
aproximado ao IRS. Do art.6º/1 remeter para o nº4/a).
• Sociedades em que o elemento pessoal (civil, não comercial, de profissionais) é preponderante.
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• Art.6º/1/c): sociedades que não exercem uma atividade ativa, mas sim passiva, ou seja, de fruição
porque correm menos riscos. Remeter para o 6º/4/b). sociedade A compra 5 prédios, faz obras, dá
de arrendamento – exerce de forma ativa uma atividade imobiliária logo não é transparente VS
sociedade por quotas que compra um prédio já pronto para o seu sócio viver e compra mais uma
para o deter e até pode dar de arrendamento, mas não faz obras → rendimento de fruição, não
anda no mercado há procura de melhores opções logo são sociedades transparentes.
Sociedade transparente:
1. Tu apuras o lucro através das regras de IRS (determinação do lucro em função do IRS).
2. O pagamento do imposto é feito pelos sócios, em função da % do seu capital ou de outra regra que
a sociedade estabelece, na categoria B do IRS quer haja quer não haja distribuição de lucro.
Sociedade transparente tem 1000 de lucro, ela não para IRC, os 1000 vão ser pagos pelo sócio quer
chama o dinheiro a si quer não (quer seja distribuído o dinheiro quer não).
O art.6º/1: o lucro de 1000 é imputado aos sócios, INDEPENDENTMENTE DE DISTRIBUIÇÃO! O lucro faz-se
pelo IRC e o pagamento faz-se pelo IRS.
O legislador no nº5 vem esclarecer que uma sociedade cuja atividade é gerir as participações (domina
outras sociedades) → queriam que ela fosse uma sociedade transparente. O nº5 vem dizer que estas
sociedades não estão sujeitas a transparência fiscal.
Art.12º.
Isenções
Art.7º e 9º e SS: rendimentos não sujeitos =/ isentos. Ambas querem dizer que quer um quer outro não
pagam, mas em termos técnicos é diferente. Uma não sujeição é quando o legislador vai decidir e diz que o
primeiro momento do imposto, que é a sujeição, não existe (não há incidência subjetiva). Na isenção há
sujeição, estão sujeitos a imposto, mas num segundo momento, há uma norma que por razoes extrafiscais,
vai dizer “vais pagar 0”. Por regra, a sujeição ou não sujeição é mais instável e duradouro (há sempre
imposto sobre o jogo). A isenção é mais transitória porque depende de opções políticas.
A isenção é um benefício fiscal, que é um elemento essencial do imposto: o legislador diz que existe uma
razão extrafiscal que ele considera mais importante que a tributação. Taxa = 0%.
As isenções podem estar em inúmeros locais: códigos (IRC), num código de benefícios fiscais (estatuto dos
benefícios fiscais e código fiscal do investimento) ou em lei extravagante.
O benefício fiscal é uma ponderação feita pelo legislador – o Estado abdica da tributação.
Ex: povoamento no interior (política que o Estado define) – uma das formas é através da política fiscal,
colocando benefícios fiscais a quem para lá se desloca → objetivo extrafiscal onde se abdica da receita.
O IRC é o imposto em que o benefício fiscal tem efeito multiplicador – impacto económico.
Benefícios fiscais associados à natureza das pessoas
Estes sujeitos passivos, pela sua natureza, estão sujeitos, mas não vão pagar IRC – art.9º, 10º e 11º.
Art.9º: não pagam IRC:
a) Exceção: se o estado tem uma empresa pública, ela paga (ex: hospital público se tiver lucro).
b) Estado local, regional, municipal
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c) Segurança social
Art.10º/1: não fala do Estado, mas sim entidades privadas – não pagam IRC → Entidades privadas que
prossigam fins de natureza devem ser isentas, mas o estado tem de ter regras para filtrar a veracidade
desse interesse publico. Entidades privadas que prossigam fins públicos, não faz sentido pagar. mas o
estado quer garantir que isto na prática aconteça mesmo → criar requisitos nos artigos seguintes:
➔ Nº2: a isenção esta condicionada a uma autorização superveniente, não é um benefício
automático, mas sim sujeito a pedido.
➔ Nº3/a): “se tu exerces atividades fora do teu âmbito estatutário, os rendimentos aí são tributados.
Além disso tens de fazer exercício exclusivo e predominante das atividades que justificam o fim da
isenção”.
b): IPSS, pessoa muito rica dá-lhe donativo para construir o lar – demora 4 anos. Se não for para
fazer isso, é para tributar. OUVIR
c) os membros de direção que tinham salários de 300.000 e prestavam serviços de cabeleireiro à
fundação. OUVIR 21.28
➔ nº4: se uma fundação tem 2 atividades: lucrativa e filantrópica, a primeira paga e a segunda ao. Se
a atividade filantrópica não é exercida efetivamente e há interesse dos administradores, cai a
isenção.
OUVIR TUDO O RESTO
Aula 06/10/2022
A determinação da MC do IRC/ relação de dependência parcial/ apuramento do lucro fiscal
Hipótese comum: sociedade com por quotas ou anonima que exerce uma atividade empresarial
(económica, industrial e agrícola), residente fiscal em Portugal.
O IRC incide sobre o rendimento (104º CRP) e as sociedades comerciais têm de ser tributadas. O IRC ficou
com uma obrigação de no código se criar as regras operacionais para se apurar o lucro (como quantifico/
apuro) → tem de haver regras. O CIRC tinha uma opção inicial: ou criava ele próprio, no código, um
conjunto de regras complexas de quantificação detalhada de apuramento do lucro fiscal (com regras de
quantificação, determinação, fórmulas matemáticas) ou se visse que existia, no mundo jurídico, uma
realidade, ciência, técnica que já tinha esse propósito, invés de duplicar ou repetir, assumia para efeitos
fiscais o que dizia nesse ramo de direito. O legislador optou pela segunda hipótese, ou seja, aceitou/
incorporou as normas contabilísticas que existem para os efeitos das sociedades pois ter uma
contabilidade é obrigação das sociedades pois só assim se apura o lucro contabilístico (aquele que é
distribuído ao acionista para efeitos comerciais). 90% do apuramento do IRC é contabilidade – é uma
remissão em bloco para a contabilidade. Isto é a dependência do IRC face à contabilidade.
No entanto, o interesse fiscal pode ter divergências face ao interesse contabilístico. O primeiro é uma justa
e adequada tributação em igualdade dos rendimentos das sociedades. O segundo quer apuramento do
lucro contabilístico para efeitos de tutela dos credores (harmonia de interesses entre o credor e acionista).
As vezes há uma coincidência entre o fisco e estes dois entes. As vezes há divergência. O legislador diz que
o lucro contabilístico é tendencionalmente igual ao lucro fiscal, mas sempre que o interesse fiscal seja
diferente do lucro contabilístico, o legislador corrige o lucro contabilístico para tutela do interesse fiscal
(faz se uma correção à contabilidade). O lucro fiscal = lucro contabilístico + correcções fiscais ao lucro
contabilístico. Ex: a regra contabilística tem um determinado resultado; o legislador pensa “isto pode dar

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aso a uma evasão fiscal/ poupança fiscal que eu entendo q n deve existir”, então eu, legislador, altero,
pois, entendo que a norma contabilística tem um risco de evasão fiscal.
Fundamento da dependência: o motivo pelo qual o legislador optou por fazer o que foi mencionado acima
decorre do pp constitucional da capacidade contributiva (e assim todas as questões seriam passiveis de ser
sindicadas pelo tribunal constitucional) ou de razão pragmática de simplicidade/ eficiente? Atualmente é
pela segunda razão por que é mais simples apurar o IRC pela contabilidade do que criar um regime próprio.
➔ aceitação da contabilidade
➔ dependência parcial
Art.17º: o que é lucro para a contabilidade também é lucro para o direito fiscal, eventualmente corrigidos
nos termos deste Código → isto é a dependência parcial onde se fazem correções. “estou a aceitar a
contabilidade, as regras podem mudar, logo o lucro também muda” logo, o legislador tem o cuidado de
dizer o mesmo que diz a contabilidade nos seus parâmetros essenciais (art.20º) → este artigo tem uma
síntese do que diz a contabilidade. Ou seja, o lucro é, num ano, venda – proveitos (dá lucro ou prejuízos); o
legislador remete para a contabilidade; mas cautela no art.20º.
Da mesma forma, no art.23º tem “gastos e perdas” – conceito contabilístico, mas tem uma reflexão em
que o legislador diz que também aceita.
No art.21º e 24º “variações patrimoniais positivas e negativas” que também estão no artigo 17º. O
legislador aceitou estes termos da contabilidade, mas veio explicá-los.
No art.18º o legislador diz que a principal regra contabilística é o princípio da Periodização económica, mas
ele é tao importante que eu o replico, ou seja, explico com o mesmo conteúdo da contabilidade, mas faço
umas correcções depois mais à frente.
Artigo 17º/3: a contabilidade tem de estar definida na empresa para que se possa apurar o lucro fiscal.
A contabilidade tem 2 formas para apurar o lucro contabilístico:
➔ demonstração do resultado: num ano, eles fazem o somatório dos proveitos desse ano e deduzir o
somatório dos gastos desse ano o que vai dar o lucro ou o prejuízo. No art.20º o direito fiscal
replica o que é aqui dito através dos “ganhos e gastos”.
➔ Temos também as variações patrimoniais positivas (aumentam o rendimento) – variações
patrimoniais negativas (diminuem o rendimento). Isto é um conceito contabilístico, mas no art.21º
e 24º o direito fiscal explica. Variações patrimoniais são componentes positivas (variações positivas)
e negativas (variações negativas) do rendimento que uma sociedade incorre, mas que não estão
inscritas na demonstração do resultado (peça contabilística), mas sim numa outra rúbrica, isto é, no
capital próprio do balanço (que é outra peça contabilística).
Fórmula: somatório dos proveitos – somatório dos gastos + (variações positivas – variações negativas)
Art.20º: o que é proveito para a contabilidade, é proveito para o direito fiscal.
Art.23º/2: elenco simplificativo.
Sobre o art.23º há duas discussões que não estão fechadas:
➔ Documentação dos gastos: as empresas, na mira de pagar impostos, tem tendência de engordar os
gastos para pagarem menos impostos. UCP tem de tratar de um despedimento de um professor e
contrata um advogado para tratar disso. A UCP contrata um serviço externo, requer a prestação de
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serviços de um advogado por 10.000 euros. tem d haver uma fatura pelo serviço prestado
(documento que comprova o serviço que fez e o valor que praticou). A UCP diz que tem um gato e
prova—o com a fatura. Portanto um gasto de uma despesa que tem conexão com operação da UCP
e que esta documento com a fatura, esse ato é aceito. Quid iuris se o gasto é efetivo porque é
provado, mas não há fatura (ex: tenho o documento de pagamento, as peças processuais do
advogado, mas não tenho a fatura). No art.23º/3 o legislador tentou resolver: diz que tem de haver
documento. O nº4 diz que esse elemento comprovativo tem de ter determinados elementos. O nº6
diz que quando é obrigado fatura, o documento comprovativo tem mesmo de ser fatura. A fatura é
um requisito de prova de substância ou é algo que tem liberdade própria (se não entregar a fatura
tenho o ónus da prova de documentar de outra forma)? Entendia se que a fatura era uma inversão
da prova e não um requisito de substância. Hoje, a tendencial é que se não tens a fatura, não há
prova do gasto. Tens fatura deduzes, não tens fatura, não deduzes.
➔ Nexo de causalidade entre o gasto e o proveito: o BCP decidiu criar um operador de
telecomunicações. O BCP criou uma sociedade e meteu dinheiro e depois a meio diz que não é
rentável. Decidiram dar por terminado o empreendimento. Ele pós 10 milhões de euros. BCP diz
que é um gasto e quer abatê-los. Tem um gasto e não tem proveito – não há conexão. O fisco veio
dizer, atenção ao artigo 23º: são dedutíveis todos os gastos e perdas incorridos ou suportados pelo
sujeito passivo para obter ou garantir os rendimentos. O gasto tem de dar origem ao rendimento,
tem de haver uma conexão. Aqui não deu. A jurisprudência diz que este gasto pode ser deduzido –
há um risco empresarial, mas foi feito com o objetivo de obter proveitos empresariais. Ter “o
propósito de” é suficiente.

A TAP decide reformular os gabinetes dos administradores e fazer obras espetaculares. O fisco vem
perguntar “porque gastaste tanto dinheiro, usaste coisas de luxo, ainda por cima estás falido? Isto é
uma imoralidade”. Quer dizer, há uma conexão, mas há um excesso. Na vertente da aceitação da
contabilidade não há moralidade logo podia deduzir tudo, no entanto o legislador, na parcela de
pendencia parcial, pode dizer “se os gastos forem mais que 1% sob o volume do negócio, então não
aceita” (há uma correção para efeitos fiscais). A lei fiscal não aceita para efeitos fiscais um gasto
contabilístico e di-lo na lei (princípio da tipicidade). Se não disser, aceita. Se não houvesse esta
norma típica, este gasto seria aceite.

Se uma sociedade incorre num gasto que não se insere na sua logica empresarial (não no interesse
da sociedade, mas de terceiro), esse gasto não pode ser aceite porque não há conexão. Ex: senhora
com 3 sociedades de cabeleireiro; as cabeleireiras da soc1 iam trabalhar à soc2 quando era
necessário; a sociedade pagava as deslocações, horas extraordinárias, etc → a soc1 pagava um
salário a um trabalhador que ele fazia noutra sociedade e não na própria no interesse do acionista.
Este gasto não tem conexão direta ou indireta com os proveitos da sociedade 1. Temos um gasto/
perda no cabeleireiro 1 (custo de deslocação, horas extraordinárias) que era para o interesse do
socio e não da sociedade 1. Esse gasto não pode ser aceite.
Nota: art.23º bom tema de tese e mestrado.
Variações patrimoniais positivas e negativas – art.17º (art.20º e 23º): não refletidas naquele resultado,
determinados com base na contabilidade e eventualmente corrigidos nos termos deste Código. Art.21º: são
ainda componentes positivas do lucro tributável as variações patrimoniais positivas não refletidas no
resultado líquido do período de tributação, exceto… ex: uma sociedade tem mais 1 milhão de ativos, este
aumento não vai à demonstração de resultado – apesar de ter uma variação patrimonial positiva, ela está

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incluída no balanco logo não quero tributar. Enriquecimentos da sociedade que não passam pela
demonstração do resultado e o que legislador diz que não quer tributar (opções políticas). O art.24º
concorrem ainda para a formação do lucro tributável as variações patrimoniais negativas não refletidas no
resultado líquido do período de tributação (lucro tributável pela demonstração do resultado).
O legislador precisa bem o tem da anualidade do imposto. Apura se o lucro fiscal ano a ano e o
contabilístico também. Tem de haver regras de imputar os rendimentos e os gastos de um período ou
outro. Ex: passa a fatura dia 30/12 e paga a 2/01. É rendimento de dezembro ou de janeiro? As regras de
periodização/ anualização do rendimento para efeitos contabilísticos, valem também para o direito fiscal.
No entanto, para vincar esta regra, o art.18º vais como que replicar o que diz a contabilidade.
Os rendimentos (20º) e os gastos (23º) assim como as variações patrimoniais positivas e negativas, são
imputáveis ao período de tributação em que sejam obtidos ou suportados – significa que se regista um
rendimento e um gasto de acordo com um momento económico e não financeiro. Eu tenho um proveito
quando vendo e não quando recebo o preço para efeitos económicos e fiscais. O nº3 diz que explica o nº1.
É assim para evitar a gesta fiscal do imposto. Pode acontecer, p.ex, empresa imobiliária que só vendeu um
mega lote na comporta por 10 milhões e diz para só pagarem daqui a 1 ano, no momento da venda tenho
um proveito e pago o imposto sobre aquilo; naquele ano tem o proveito, não recebeu o dinheiro, mas não
interessa; chega a 31/12 é tributado.
Sobre as correções – dependência parcial:
As normas de ajuste têm fundamento fiscal ou fundamento contabilísticas.
Fundamentos fiscais: dizem que a lei fiscal não podem aceitar o planeamento fiscal/ evasão fiscal e,
portanto, diz que tem uma razão fiscal que não deixa aceitar gastos contabilísticos (ex: empresa contrata
offshore e paga para o estudo do mercado africano – sobre o ponto de vista contabilístico é um gasto; sob
o ponto fiscal, não se aceita; o mesmo acontecia sobre aquela questão da imoralidade fiscal e sobre a
moralidade contabilística – gastos de luxo, em termos fiscais não são aceites. Ex: empresa tem multa de
um funcionário, que a teve porque ia ter com o cliente; contabilisticamente é um gasto, fiscalmente não é).
A lei fiscal tem de ser concreta, clara especifica. Correções fiscais à contabilidade a nível dos gastos
(art.23º-A e ss). Há casos em que exige documentação acrescida, para além da fatura.
Fundamentos contabilísticos – acréscimo VS realização: hoje, a contabilidade, por tutela dos seus
interesses, considera que existe rendimento positvo ou negativo com a valorização ou desva dos ativos
independ da transmissão, realização ou verba. Ex: UCP tem um terreno ao lado que podia construir 10
apartamentos para estudantes; comprou o terro em 1970 e hoje em 2022 estamos no sitio mais caro;
comprou por 100.00 e hoje vale 100 milhoes; tenho um ativo q não vendi que vale mais que o meu valor
de compra. So há rend com a transmissão (so qd a católica vendesse o ativo é que teria rend, o ativo não
vendido não tem rend). No entanto, a lei contabilis impõe que a mera valorização dos ativos sem venda
gera um rend; a católica esta mais rica objetivamente e hoje a cont vem dizer que a valorização de ativos p
efts contabilistico gera um proveito contabilístico. Se gera isto, também gerava um proveito fiscal (rgra da
dependência) → mais valia potencial ou latente. No entanto, a lei fiscal pensa “será este ganho potencial o
momento justo para exigir o pagamento do imposto?” a lei fiscal diz que não, que não tributa ganhos
potenciais. Logo há normas de correçao a contabilidade paa mudar a noção de rend contabilístico para
dizer que os ganhos de justo valor ou as perdas de valor em principio não aceite em termos fiscais ainda
que aceites em termos contabilísticos. Por isso se diz no art.21º/b): norma de distruçao (não quero tributar
uma mais valia latente ainda que para a contabilidade seja um provito). 24º/1/b): ainda que expressas, não
vou tributar pq aquele rendimento contabilístico não tem consistência em termos fiscais, so terá quando
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Francisca Ferreira
vender, ou seja, realizar. Quando as variações estão expressas na demonstração do resultado, a
neutralização das mais valias potenciais ou latentes esta no art.18º/9: os ajustamentos de ganhos ou
perdos potenciais reconhecidos na contabilidade araves da demonstração de resultados, em termos fiscais
tiro essa perda e apenas sera rend ou gasto em termos fiscais no momento da venda. Isto é, este justo
valor positivo ou negativo, ainda que seja, para a contabilidade, um proveito ou um gasto, em fiscal, eu vou
neutralizar e so vai contar quando se aplicar o 18º/1 ou 3 (quando vender). A lei fiscal entende que so há
consistência para poder haver trivutaçao no momento em que se venda, se realiza, se transmite. A mera
desvalrizaçao ou valorização do ativo não tem imp. Mas o 18º/9 diz que há dois casos em que o justo valor
positivo ou ntivo tem tributçao: qd tal esteja previsto no código (produtos derivados diz isso) ou se
estivermos em presença de instrumentos financeiros (açoes) que se aplique juste valor em resultado um
preço …… e o suj pass não tem … (ou seja, se uma soc c participação de 5% sera tributado pelo justo valor
de inicio e fim do ano;a valorização ou desv de açoes cotadas de treining o justo valor ´incorporado m
termos contabilísticos e fiscias)
No art.18º/5: em termos fiscais, eu contratei um serviço de uma empresa deloit para valiar a empresa;
deloit passou a fatura; tenho gasto no momento em que paguei. Em termos contabilísticos, um trabalho da
deloit q tem um utilidade p empresa durante vários anos o gsto tem de ser repartido pelo período
tributário.
O mesmo acontece no nº8: método de contabilização que tem que ver não com rend realizados, vendidos
suportados mas sim valorizações.
A contabilidade tem de informar os seus acionistas da realidade atual, valorizações e desv, flutuações dos
valores das coisas e não apenas do que gastou la atras. É mais útil p um investidor saber que tem um stock
de açoes de empresa cujo valor de cotação é este do que comprou há uns anos atras.
Ouvir pergunta teste 33.43
Caso: quando a lei foi feita, diz se assim “há proveitos, gastos, gastos com regime especiais” e há uma
tabela que define os gastos e diz “se for um automovl o gasto é repartido em 4 anos) logo posso registar ¼
por ano do rasto. Aconteceu que ninguém tinha previsto um ativo que eram as pás eólicos que são muito
caros. O contribuinte assumiu que era 10 anos e levou 1/10 por anos (por ano levou 10 milhoes por anos,
custava 100 milhoes, note-se) pq n ta previsto na contabilidade. O fisco chegou la e disse que durava 100
anos logo tu em cada ano so podes levar 1 milhao a gasto. Pode o fisco corrigir ou aceitar o que diz a
contabilidade? Isto deve se resolver assim: dependência- em pp tudo o que é gato contabilístico ´tambem
fiscal. No entanto, dependência parcial- a lei fiscal pode destrocer atrves de uma norma de ajuste e se não
o diz, paciencia. (claro q a pa não dura 2 anos e ai a lei fiscal n podia aceitar, mas 10 anos já seria aceitável).
Estamos perante questões de tipicidade, se o legislador não clarificou, temos de aceitar totalmente a
dependência total.
90% não quer saber de nada disto. As empresas tem de registar todas as faturas, controlos mensais, dep
contabilístico, financeiro, faturçao, bla bla bla para efts contabilísticos e tbm fiscais – custos de
cumprimento muito grande. Estamos a por obg acessórias a empresas que estão ainda a começar, p.ex.isto
que o prof disse é bom p grandes empresas pq o custo marginal (p manter isto basicamente) é pouquinho.
A lei contabilística veio criar processos de contabilização mais simples: empresa pequena tem programa de
contabilidade mais simples. A lei fiscal diz o mesmo: as regras de apuramento do lucro fiscal para as
pequenas emprezsas pode ser simplificada. Podia se dizer que viola a constituição pq n tributa a cap
contributiva. O legislador diz q podes ser trivutdo pela contabilidade organizada ou optas pelo regime
simplificado (86-A e B do CIRS). Comm o regime simplificado o lucro apura-se com coeficientes (86-D):
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Francisca Ferreira
proveitos incorporados com contabilização (20º) e relativamente as perdas não tens de ter contabilização e
eu faço te um coeficiente de gastos.
Aula 13/10/22
Princípio geral da determinação da matéria colectável: IRC é um imposto anual em que a lei precisa de
analisar o imposto, a base tributável assenta na contabilidade (proveitos contabilísticos – gastos
contabilísticos), art.18º (proveitos e gastos são registados quando ocorridos e não no recebimento ou do
pagamento – mas sim momento da venda e prestação de serviços).
Princípio da anualidade do imposto: imposto anual, periódico, determina-se todos os anos. O art.8º é o
artigo inicial que o IRC paga se a 1 de janeiro/31 de dezembro. Há exceções – o nº2 permite que o imposto
seja anual, mas que não coincida com o ano civil, por opção dos contribuintes; o nº4 5 fala quando o ano
fiscal é inferior a um ano (empresa constituída em abril e fecha contas em dezembro ou extingue-se em
setembro). Tema das sociedades em liquidação → bom tema para tese. O nº10 fala das sociedades não
residentes: são tributadas só pelas conexões que têm com Portugal. O 9º diz que o facto tributário ocorre a
31/12.
Alterações fiscais ao lucro contabilístico (art.17º e 3º/2):
Lucro fiscal/ Matéria Coletável: é aquilo que depois, no apuramento do imposto, se aplica a taxa. A partir
daqui temos a coleta do imposto. Lucro fiscal x taxa = MC
Lucro fiscal = lucro contabilístico – correcções fiscais (distorções fiscais ao lucro contabilístico). Situações
em que o interesse fiscal justifica alterações ao lucro contabilístico e elas têm de estar tipificadas (princípio
da tipicidade e da legalidade). Depois temos as variações patrimoniais positivas e negativas (são normas de
ajuste).
Logo:
LF = LContabilísitico (proveitos – gastos) – correcções (+1000) (valores pat.+ e valores pat.-)
1000-7000 = 3000
Correções = 1000
Do 3º/2 remeter para o 23-A ao 45º.
Aceito o LC, mas vou corrigir – importa o princípio da tipicidade.
Correções
Realidade contabilística: dentro dos gastos contabilísticos (componentes que uma empresa suporta que
diminuem o LC e, portanto, diminuem o LF e o legislador fiscal, sendo cauteloso, tem receio que se
coloquem demasiados gastos para diminuir o imposto a pagar → a pessoa pode aumentar os gastos e
assim diminui a base tributável e o imposto a pagar) há uma distinção:
➔ Efetivos: associados a dinheiro – há uma movimentação em dinheiro.
➔ Estimados: não há movimentação em dinheiro.
UCP todos meses paga salários – gasto efetivo aquele de valor concludente e que corresponde a um
desembolso de dinheiro (gasto efetivo) sendo o valor do gasto o valor do salário, 3000 euros. Gastos
dos salários. OU UCP contrata empresa de segurança que paga 5000, também e um gasto efetivo.

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Francisca Ferreira
O quadro da sala de aula: em termos contabilísticos e fiscais, ele vai ser um bem que apoia a atividade da
UCP durante mais de um ano. A caneta não, daqui a 1 mês consome-se num período inferior a um ano.
Nós temos bens que duram mais que um ano → os quadros custaram 100.000. Podemos dizer que eles são
um gasto num ano em que foram comprados? Não, porque os quadros vão continuar na organização
durante mais que 1 ano logo temos de repartir o investimento. Ano 0 comprei muitos quadros e gastei 100
mil e depois diz que pagou ou não. Depois estima que os quadros vão durar durante 10 anos e que têm
uma utilização idêntica em cada ano. a UCP vai dizer que em cada ano, vai levar a gasto de exercício de
forma estimada 1/10 daqueles gastos. Se estimasse 20 anos, era 5000 euros por ano. o valor do gasto
imputado anualmente vai divergir consoante a estimativa → PRINCÍPIO GERAL DA AMORTIZAÇÃO e da
PEROPDIZAÇÃO.
Em termos contabilísticos temos o valor do investimento (100 mil), estimar o número de anos e estimar a
utilização (continuada, igual em cada ano ou então não – amortiza-se mais nos anos em que se leva mais a
gasto).
Em fiscal, os gastos estimados dão-se à evasão fiscal, ou seja, ao alisamento dos resultados. Ex: sou uma
empresa superlucrativa, UCP, a tentação dela é dizer que os quadros duram 2 anos – diminuem o prazo de
estimativa logo aumento o valor do gasto que vou deduzir em cada ano. Se fosse uma empresa pouco
lucrativa, dizia que os quadros duravam 50 anos ou nos anos em que tiver muitos lucros digo que os
quadros vão ser muito gastos; se tiver pouco lucro, digo que duram muitos anos.
Porque é que a contabilidade abre a porta a esta estimativa? Por causa da regra da anualização e os
investimentos tem de ser analisados. A cada ano tenho de levar os proveitos e gastos de cada ano e os
gastos eu tenho de estimá-los. O direito fiscal vai dizer que não aceita essa liberdade de conformação de
acordo com a estimativa – corrige a estimativa contabilística para evitar a evasão fiscal (aproveitamento
para pagar menos imposto).
A ideia para amortização vale para todos os gastos contabilísticos estimados.
Gastos efetivos – 23º-A
Estimados – 26º ao 45º
As principais correcções fiscais/ normas de ajuste (o DF ajusta a contabilidade); 90% do LF = LC; as normas
de ajuste são pontuais. A base é contabilística.
Amortização
Artigos 29º ao 34º: regras gerais que depois estão desenvolvidas no decreto regulamentar 25/2009,
principalmente na tabela.
Art.29º:
São aceites como gastos fiscais as amortizações do elemento do ativo sujeitos a deperecimento (a perda
de valor à medida que o tempo passa; se não perderam valor, não se faz amortização):
a) Os ativos fixos tangíveis e os ativos intangíveis (máquinas, marcas, matérias de escritório – ativos
que a sociedade tem utilizados durante mais que um exercício; se durasse mais que um ano não se
amortiza – não é um investimento, mas sim um gasto); Ex: o vinho em stock não perdem valor. Tem
de ser bens que suportem a atividade durante mais que um a<no e que perdem valor pela sua
natureza, daí falar-se em investimento.

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Francisca Ferreira
b) Os ativos biológicos não consumíveis e as propriedades de investimento contabilizados ao custo de
aquisição.
Para efeitos do disposto no número anterior consideram-se sujeitos a deperecimento os ativos que, com
caráter sistemático, sofram perdas de valor resultantes da sua utilização ou do decurso do tempo → pela
passagem do tempo, estragam-se.
Art.30º
O cálculo das depreciações e amortizações dos ativos em termos fiscais faz-se, em regra, pelo método da
linha reta, atendendo ao seu período de vida útil. Eu fixo um período de vida útil (os quadros vão durar 10
anos, estima-se e estima-se, além disso, que a sua perda de valor é em linha reta, isto é, mais ou menos a
mesma em cada ano). Há duas estimativas.
Decreto Regulamentar:
Em termos fiscais o que há são umas tabelas em que se vai definir por tipo de ativo a percentagem de
perda de valor em cada ano. Ou seja, o legislador fiscal diz que “eu vou impor que isto tem de ser
amortizado em termos fiscais em x anos e depois faço a amortização”. Enquanto a contabilidade tem uma
liberdade estimativa, em termos fiscais, dá-se essa estimativa (ex: comprei um carro por 100 mil, o carro é
de empresa; em termos de contabilidade digo que o carro vai durar 2 anos – consequência: leva no ano 1
leva 50 mil a gasto e no ano 2 leva 50 mil a gasto VS em termos fiscais o legislador vem dizer que +e 4 anos
(25% ano) logo só pode levar em cada ano 25 mil). Todo o investimento é levado a gasto. No ano 1 o
legislador diz que levou 50 mil pelo lucro contabilístico, mas eu (legislador fiscal) só aceito 25 mil logo vou
acrescer ao lucro os outros 25 mil. Temos uma tabela que leva a uma correção fiscal ao lucro contabilístico.
Art.31º
Quando vou amortizar o mesmo por cada anoa quota anual de depreciação ou amortização que pode ser
aceite como gasto do período de tributação determina-se aplicando as taxas de depreciação ou
amortização definidas no decreto regulamentar que estabelece o respetivo regime aos seguintes valores.
Em termos contabilísticos amortizas como bens entender, em termos fiscais levas a gasto o gasto estimado
consoantes esta tabela.
O carro amortiza-se em 4 anos. E no 5 ano, posso usar o carro? Contabilisticamente e fiscalmente vale 0 –
houve uma má estimativa. O carro no 5 ano já não tem vantagem fiscal, então as empresas vendem e
compram outro.
Fábrica e faço reparações grandes nas máquinas – o valor da grande reparação vai beneficiar durante
vários anos a fábrica. Logo essa reparação tem de ser levada a amortização também pois é um
investimento – art.29º/5.
Até agora falamos do método linear: o decreto impõe um número de anos e percentagem e em cada ano
leva-se cada valo. No entanto, o decreto permite que, se o contribuinte quiser, pode amortizar de forma
diferente (pode haver quotas decrescentes – possibilidade de o contribuinte amortizar mais no primeiro
ano, mais no segundo, mais no terceiro e mais no quarto – o valor total dá na mesma 100 mil). Motivos:
alguns negócios, nos primeiros anos, têm utilização mais intensiva e também por benefício fiscal. Um dos
benefícios ficais está no art.2º/2 do Estatuto dos Benefícios fiscais (“as amortizações aceleradas” – a
empresa, no primeiro ano, pode levar mais a gasto do que aquilo que deveria).

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Francisca Ferreira
Art.30º/2 =/ 30º1 (método da linha reta): os sujeitos passivos podem adotar pelo método das quotas
decrescentes. Do 30º/2 remeter para o 31º/4. Ex: comprei um carro top, chega o 3 ano e o carro tem
menor utilização; se quiser fazer serviço premium, tem mais utilização nos 2 primeiros anos. No 1 e 2 ano
poupas impostos e no 3 e 4 pagas mais – antecipação de poupança.
Ex: UCP compra um quadro e estima que dura 10 anos. Estamos no 4 ano. Aparece uma nova tecnologia, e
a UCP diz que aquele quadro já não é um bem funcional para a atividade OU há um incendio que tem
impacto na cadencia da amortização porque o quadro desaparece e ainda faltavam amortizar 6 anos.
Continua a amortizar? Carro, 4 anos; ao segundo ano a lei diz que só pode haver carros elétricos. Continuo
a amortizar? O que se deve fazer? Dizer que o quadro ou o carro valem 0 porque já não têm utilidade →
circunstâncias furtuitas que criam impacto no valor das coisas e na sua utilidade. Mas ainda faltavam anos
para amortizar, o que tenho de fazer? Apesar de faltar amortizar não sei quantos mil euros, isto como hoje
já não vale nada, ponho 0 → naquele ano em que fica< absoluto, eu tenho de fazer um gasto enorme para
zerar aquilo. Nesse ano, tenho de criar um gasto contabilístico que vale 0. Em termos fiscais isto é
perigoso. Artigo 31º-B: Podem ser aceites como gastos fiscais as perdas por imparidade em ativos não
correntes provenientes de causas anormais comprovadas, designadamente desastres, fenómenos naturais,
inovações técnicas excecionalmente rápidas ou alterações significativas, com efeito adverso, no contexto
legal. Nº2: o contribuinte tem de fazer um requerimento à AT e dizer que aquilo não vale nada. Tem que
haver informação acessória (obrigações acessórias) para ver se é um aproveitamento ou não → AT vem
verificar se houve o incêndio, p.ex. aquilo na contabilidade valia 50 e agora vale 0, meramente estimada,
sem fluxo financeiro. As pessoas as vezes abatem. UCCP tem 1 milhão de lucro, quer diminuir, diz que tem
um incendio e diz que perdeu 300 mil e quer abater e afinal não perdeu → o fisco tem de inspecionar
(obrigação acessória).
Artigos 26º e 28º: A Zara tem roupa e vende muito. Porque é que há saldos? Porque há nova estação e têm
de despachar a roupa que não venderam e vendem mais barato. E se não venderem? Eu tenho roupa que
está contabilizada por um determinado valor (camisola -15 euros) mas que, na verdade, vale 0 porque não
vou vender nunca mais. A empresa tem ativos para venda que já não os consegue vender, cujo valor de
mercado é inferior ao seu custo de aquisição → é uma estimativa. Temos uma empresa que, apos a
estação, tem um inventario de produtos para venda porque objetivamente ela sabe estimativamente eu
aquilo não vale nada. Temos aqui uma perda estimada – estimo que aquilo já não vale e o preço de venda
daquele stock é 0. Gasto estimado entre o preço do stock que me custou a camisola e o preço de venda
espectável. Estimativa de gastos que, em termos contabilístico, impera a verdade (stock de 5 milhões que
vale 0 e tem perda estimada de 5 milhões) → poder diminuir o lucro fiscal, aumentando artificialmente os
gastos estimados.
Art.28:
São dedutíveis no apuramento do lucro tributável as perdas por imparidade em inventários, reconhecidas no
mesmo período de tributação ou em períodos de tributação anteriores (eu reconheço em termos fiscais a perda contabilística se
considerares a perda do inventario este ano ou no ano anterior → vai aos teus resultados contabilísticos, lucro, se vais ser
penalizado então aceito em termos fiscais → identidade de reconhecimento em termos contabilísticos e fiscais; se contabilizas a
perda em stock, tens menos lucro e tens penalização contabilística, então eu aceito), até ao limite da diferença entre o
custo de aquisição ou de produção dos inventários e o respetivo valor realizável líquido referido à data do
balanço, quando este for inferior àquele → custo de produção 50; valor realizável líquido 10 – perda de 40.
Eu, Zara, em 2022, relativamente à coleção não vendida em 2022, vou criar uma perda fiscal estimada
entre o custo de aquisição das camisolas (100 mil) e o preço de venda estimada hoje (5 mil). 100 mil – 5
mil.
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Francisca Ferreira
O preço de venda estimado (nº2).
Imparidade de créditos ou créditos de cobrança duvidosos
Sou a superboock e vendi 10 milhões de cerveja a uma discoteca no algarve. A partir desse momento, a
superboock tem um proveito, o pagamento não interessa. No final de 20022 vai declarar um proveito de
10 milhões, mas ainda não lhe pagaram (o pagamento não é elemento de reconhecimento do crédito). No
ano de 2022 tem um proveito contabilístico e fiscal de 10 milhões. No entanto, a discoteca não pagou
porque as pessoas não foram para lá. O homem queria mandar a cerveja para trás e não podia. Até 2024 o
homem da discoteca não pagou – está em cobrança duvidosa.
A verdade é que em 2022 considerei um proveito contabilístico e fiscal → 18º/3/a) e 18/1→ chega-se ao
ano de 2024 e o cliente não paga. Em termos fiscais e contabilísticos, temos de anular a venda. Tens de
retirar esse proveito porque, comprovadamente, não recebeste o dinheiro. O receber ou não receber é
uma estimativa, mas tem de ser suportada em dados objetivos. Por justiça, o crédito incobrável tenho de
dizer que pagaste imposto por um proveito que não recebeste e eu, DF, tenho de corrigir isso, mas
também tenho de criar regras para evitar abusos. Ele pagou o imposto dos 10 milhões, no ano 2024 tem de
dizer “fisco, agora ao ano vou tirar 10 milhões do meu lucro fiscal porque eu não recebi”: o legislador criar
regrar perentórias para evitar abusos (moldar o imposto não sustentada numa estimativa).
Art.28º-B:
Nº1: Probabilidade de o devedor da discoteca não pagar = risco de incobrabilidade.
Gasto estimado com correspondência com a verdade – segurança jurídica.
Alínea c): Os créditos estejam em mora há mais de seis meses (passaram 6 meses da venda e a discoteca
não pagou – requisito objetivo) desde a data do respetivo vencimento e existam provas objetivas de
imparidade (o homem não pagou a mais pessoas, tem a discoteca fechada) e de terem sido efetuadas
diligências para o seu recebimento (mandei um email, carta, advogado) → 3 requisitos.
Nº2: o crédito está em mora, tenho provas e tenho diligencias de cobrança. Passaram 6 meses, só posso
cobrar 25%. Como posso levar 100%? Se puser o contencioso – onde se aplica o nº1/a) e b).
Não basta passar o tempo, tenho de ter garantias objetivas de cobrança. A lei fiscal quer provar que aquilo
é verdade.
Caso da superboock e discoteca → ele não pagou; meteu um processo de execução e insolvência. Em 2023
a superboock diz que vai criar um gasto fiscal de 10 milhões para eliminar o que se passou em 2022 (o
proveito) → imparidade: gasto fiscal que elimina o proveito. A superboock tem proveito de 10 milhões; a
taxa de imposto é 10%, paga 1 milhão; não pagou; em 2023 a superbock põe à discoteca um processo
“fisco, em 2023 eu tenho de ter um gasto estimado em termos fiscais de 10 milhões para eliminar aquele
proveito”. Supondo que ela tem um gasto de 10 milhoes, dá 0 (em 2022 paga 1 milhão, em 2023 paga
menos 1 milhão). Em 2024, o homem fez fortuna e pagou à suporbock as 10 milhões, o que faz a
superboock? Regista o rendimento – vai anular a impaaridade. Tinha um gasto estimado porque era
provável que ele não pagasse, ele pagou logo anulo o gasto estimado.
Art.28º-B/3: há certos créditos que podem estar em mora, mas que nunca são objeto de imparidades
(gasto fiscal estimado), porque não há cobrança duvidosa, ou seja, o devedor vai pagar. Ex: empresa de
construção civil que faz obras públicas e o Estado deve 1000 euros, a empresa não pode registar uma
imparidade porque o estado paga – não há risco de incobrabilidade; seguro de crédito, se a discoteca não

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Francisca Ferreira
pagar, a seguradora paga porque ela cobra o risco; empresas do grupo (c, d, e) – o continente vendeu ao
shopping, são do mesmo grupo que é a SONAE, logo não há risco.
Resumo de hoje: o direito fiscal parte do LC, mas tem de o corrigir quando a contabilidade não atende a
interesses fiscais. O direito fiscal cria do 26º ao 45º que diz que como são gastos estimados, vou corrigir a
contabilidade porque há uma propensão há evasão. A amortização tem que ver com bens de investimento
VS imparidades que tem que ver com stock, créditos ou gastos excecionais.
Aula 20/10/22
Aula dia 10 (online), 17, 24 e dia 1 e 8 que são feriados (8/12-online) – as 19.00
Regimes especiais de tributação em IRC
O IRC tributa o lucro das soc, parte do lucro contabilística, tem correções (gasto estimados nas imparidades
e amortizações) ditadas por interesses fiscais e apuro o lucro fiscal.
Existe outro conjunto de regras – regimes especiais: regras que vão criar diferenças face à contabilidade
que tem que ver com situações mal resolvidas pela contabilidade confrontadas com o IRC: eliminação da
dupla tributação dos lucros distribuídos, mais valias tributação especial, dedução de prejuízos fiscais,
tributação consolidada dos grupos.
Objetivo: a regra do IRC, na sua adesão inicial à contabilidade, vai gerar situações que não bate certo.
Artigos 46º, 51º, 52º, 69º.
Há mais 3 regimes.
Estes regimes têm uma preocupação fiscal constante que legitima que a lei fiscal se ocupe sobre o mesmo
e tem de dar o regime de menor tributação porque o regime de dependência parcial é regra solta (se não
houvesse estes institutos dava dupla tributação). Há uma razão de fundo e opção política: o legislador
pode, politicamente, aumentar ou diminuir os requisitos. Também se vê a competência entre os regimes
fiscais da EU.
Eliminação da dupla tributação económica dos lucros distribuídos
Sonae tem 200 empresas, decidiu por razoes de gestão, criar 200 sociedades comerciais autónomas que
estão numa relação de grupo/domínio. Temos um Sonae mãe que detém o continente, cada um tem 100
empresas, depois tem a nos que tem 100 empresas, etc… tudo em Portugal numa relação de 100%. Há
uma melhor gestão. No limite podia fazer uma Sonae e tudo estar entro de uma sociedade comercial.
O IRC, sem norma que regulasse isso, havia maior tributação no primeiro cenário do que no segundo. No
primeiro: o continente do colombo tem lucros e paga o seu IRC (100 milhões de lucro fiscal, 20% de IRC,
paga 20 milhões de imposto, vai distribuir para cima os 80 milhões para o continente era tributado em 20%
e dava 16 milhões e depois distribuía para a Sonae e era outra vez tributado em 20%. Se fosse no segundo
caso, pagava só os 20% e ficavam livre os 80 milhões. Ao haver cadeia de participações faz com que haja
dupla tributação. No primeiro caso temos ineficiência fiscal face as legitimas opções dos grupos se
associarem. Há que eliminar → regime de eliminação da 2xtributaçao: os lucros só devem ser tributados
quando são gerados numa atividade operacional (continente que vende iogurtes) e depois só deve ser
tributado quando for para uma pessoa singular (para o consumo), ou seja, quando passa para o sócio é
tributado em IRS. Os lucros devem ser tributados quando são gerados numa atividade operacional em IRC
e quando fluem no cimo da cadeira em IRS na pessoa singular. Se tributarmos, na primeira situação, a

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Francisca Ferreira
entrada e a saída, fica igual à segunda situação (onde só há uma sociedade – Sonae que tem as empresas
todas la dento). A tributação do lucro a funcionar em regra solta criaria uma dupla tributação porque
tributaria cada patamar de participação.
O IVA é uma diretiva da UE. O IRC não tem unificação da base tributária (Hungria, irlanda e polónia).
Algumas situações pontuais, dada a sua relevância e repercussão ao nível dos princípios da UE (4
liberdades), estão integradas em diretivas. Diretiva para que os lucros que fluam entres vários países, não
haja uma dupla tributação. Diretiva da eliminação da dupla tributação. Para evitar uma discriminação dos
grupos que se estendem pelos vários países que diz que se elimina a tributação dos lucros distribuídos
dentro da sociedade. Portugal “não faz sentido eu tratar melhor os não residentes do que os residentes,
logo vou dar aos residentes o mesmo regime que vou dar aos não residentes e aplicar esta diretiva).
Consequências:
➔ Há quem pense que isto é um benefício fiscal (interesse extrafiscal que quero protegeres) e não é.
Isto é uma razão fiscal porque as sociedades desdobradas eram mais tributadas. Não faz sentido
uma assimetria de imposto porque as pessoas iam criar mega sociedades (2º situação) porque o IRC
tributa cada sociedade. esta diretiva vem eliminar isso.
Artigo 51º: os lucros distribuídos do continente colombo para o holding (no base) não concorrem para a
determinação do lucro tributável do holding (continente sócio). As reservas são lucros de anos anteriores
não distribuídos que vão a reservas livres (reservas distribuíveis =/ reserva legal, que não podem ser
distribuídas). Não se consideram um proveito fiscal (os lucros e as reservas), desde que, ao mesmo tempo,
se verifique:
a) Tem de haver participação de 10% ou mais do capital
b) Tem de deter há mais de um ano esses 1% ou se detido há menos tempo tem de completar esse
prazo de detenção (ou seja, se detido há menos tempo, completar esse prazo)
c) O sujeito passivo não ser aplicado o regime da transparência fiscal (art.6º)
d) A soc que distribui tem de pagar IRC ou ter uma taxa pelo menos de 60% da taxa de IRC. Se tiver 0,
quando for distribuído, paga.
e) OUVIR 19.52
Este instituto pode-se dar a abusos – evitar tributações. Existe uma clausula anti abuso do 50º/13: desde
que se preencham todos os requisitos, eu legislador retiro te a eliminação da dupla tributação se houver
um abuso.
Instituto da infra tributação das mais valias (eu tenho um ativo (árvore) e ela dá-me todos os anos maças
(dividendos, lucros); as maças/ o rendimento são a frutificação do ativo que não destrói o ativo → a mais
valia é o rendimento que decorre da venda da madeira da árvore: destruo o ativo (nunca mais tenho
rendimento desse ativo) e alieno-o e eu tenho uma ineficiência económica → temos o ano 0, 1,3,4,5,6; no
ano 0 a arvore é pequena e vai crescendo até ao 6, que é o ano em que vendo. No ano 6 ela vale 1000. Na
mais valia tenho um rendimento que em termos económicos foi sendo gerado ao longo do tempo, mas
que só é tributado no ano em que vendo porque só se tributa na venda e não com a valorização do ativo
(facto tributário ocorre na venda). No ano 6 faço mais-valia de 1 milhão e pago imposto só nesse ano,
sendo o rendimento económico gerado ao longo dos anos. O sujeito passivo: “tens que vender a casa e
vais pagar só num ano o rendimento que foste gerando ao longo do ano” e ele não vende. Em termos
económicos eu quero vender, mas no sistema fiscal, uma vez que a tributação ocorre com a venda, o
sujeito passivo ou não vende, ou faz por fora o dinheiro, etc. A valorização de um ativo sem venda não é
um facto tributário (art.18). os impostos sobre o rendimento há sempre um regime fiscal especial para as
18
Francisca Ferreira
mais valias. Tenho de criar um instituto para corrigir esta assimetria, daí existir o regime das mais ou
menos valias. Lock-in efect. A lei fiscal cria um regime de menor tributação em função dos tipos de ativos:
as participações financeiras (ações e quotas) / partes sociais e outro regime para os demais ativos
(máquinas, marcas, automóveis – ativos tangíveis) → tem que haver regime especial de tributação
➔ Partes sociais 51º-C
A fonte legal já não é uma diretiva. Feito pelo legislador interno.
1. O continente gps vende por 500 milhões o continente colombo e receber uma mais-valia. Ao
vender liquidifica o ativo e não recebe mais dividendos. Continente holding, não concorrem
para a tributação do lucro, as mais valias que faças com as transmissões onerosas de 1100% do
continente colombo (é um proveito contabilista a venda, mas não é um proveito fiscal). MAIS
VALIAS REALIZADAS (VENDIDAS) e não as potenciais! Preenchidos os requisitos do 51/1, as mais
valias não são tributadas. Exclusão de tributação dos 2 tipos de rendimento (o dividendo- fruto
e a mais-valia- arvore). Não preciso ser um holding, pode ser o continente de colombo. Ex:
continente de Matosinhos que detém o colombo, vende o colombo, fica excluído de tributação
verificados os requisitos.
O legislador pode revogar isto. Ao passo que no de cima, como é diretiva, não pode revogar. O
legislador nacional pode fazer isto por causa da competência ou concorrência entre os vários
estados da união.
➔ Mais valias com as vendas de imoveis e máquinas e terrenos e viaturas e processos de fabrico, etc
Artigo 46 e SS
Mais valias realizadas – só há tributação com a venda/ os ganhos com a venda.
Ativos fixos tangíveis: empresa detém que servem de suporte para a sua atividade e têm natureza
física (máquina, cadeira, terreno, imoveis, carros) → não são para ser vendidos todos os anos. Ex:
os carros para vender que estão no stand não são ativos tangíveis, não são mais valias, mas sim o
produto; mas o administrador que tem o carro sim é mais-valia. A alienação onerosa de uma
patente gera uma mais-valia.
Regime fiscal do a): opção política, critério jurídico: tem que haver sempre um regime fiscal mais
favorável para as mais valias. As mais valias com alienação onerosa destes ativos/ ganho, é
tributado por metade com uma condição, que o produto da venda seja reinvestido num prazo
temporal na aquisição de novos ativos tangíveis, intangíveis, investimento. Ex: continente quer
vender o imóvel do continente colombo; mais-valia do ativo tangível fixo; ou é tributado a 100% ou
é tributado por metade com a condição de que o valor de venda seja reinvestido num novo
continente/ ativo/ suporte para a atividade → é tributado por metade se houver uma lógica de
substituição → incentivo a reinvestimento, modernização, melhorar a atividade produtiva. Artigo
48º - Exclusão parcial de tributação sujeita a uma condição temporal. Tens de deter o ativo pelo
menos 1 ano, se não quiseres reinvestir és tributado pela mais-valia, se quiseres nos 2 anos
seguidos fazemos desta forma (mais valia fica suspensa até haver o reinvestimento).
O que se tributa é o saldo (tributa-se o saldo no ano).
A mais valia é a diferença entre o preço de venda e o custo de aquisição. Ex: máquina comprada por 100 e
vendida por mil. Mais valia é de 900. Ao contrário é uma menos valia. Mas não é bem assim porque entram
2 fatores. A mais-valia não é calculada por esta mera diferença aritmética. É preciso incorporar variáveis:
1. Logica matemática – só se podem comprar o preço de venda de aquisição com o mesmo critério.
Nós temos a inflação: em 1970 comprem por 1 milhão e vendo agora por 1 milhão – não faço mias
valia? 1 milhão naquele período valia muito mais. Para comprar o preço de venda e de compra
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Francisca Ferreira
tenho de pegar no valor da aquisição e atualizá-lo ao tempo de hoje através de tabelas (1970x5 – 1
milhão em 1970 hoje é 5 milhões).
2. Logica contabilística: eu comprei um mercedes por 100 mil há 3 anos, agora vendo por 50 mil.
Parece que fiz menos valia, mas não → tenho que introduzir o tema da amortização. 100 mil, se
amortizar em 4 anos, o valor contabilístico no 4 ano é 25 mil. Se vendi por 50 mil, fiz uma mais-
valia. Se tiver uma imparidade que contei por 10 mil, tenho mais-valia de 40. Basicamente é saber
quanto é que vale na data da vende. Alguns bens não são amortizáveis (tem de estar sujeito a
deperecimento; note-se que um terreno, como não perde valor, não é amortizado).
O que interessa são as amortizações fiscais e não contabilísticas para efeitos de mais-valias.
Instituto em que a leis fiscal sentiu que devia criar regime especial para evitar a assimetria: a tributação
dos grupos de sociedades/ regime especial de tributação dos grupos de sociedades
As sociedades, ao nível contabilístico e comercial, cada uma apura o seu lucro contabilístico. O continente
de Matosinhos, maia, NorteShopping, etc para decidir o lucro a distribuir ao acionista. Em termos fiscais é
igual: cada soc apura o lucro contabilístico e fiscal individual para pagar o imposto correspondente. No
entanto, os grupos de sociedades, embora tenham estas contas individuais, tem também as consolidadas,
isto é, o sócio da mãe interessa-lhe mais ter a visão global de como esta o grupo Sonae do que se o
continente de Matosinhos ganhou mais que o da maia. É útil conhecer como está o grupo total
(informação síntese total = contas consolidadas).
O direito comercial discute se a base da distribuição de lucros deve ser o individual ou consolidado.
Ao nível fiscal o que acontece? o IRC tributa cada uma individualmente. A base do IRC é o lucro
contabilístico individual, sendo que o consolidado não tem efeito. No entanto, o legislador, consciente da
gestão unitária, tem de criar um regime mais ou menos parecido como se houve apenas uma empresa com
todas lá dentro. Ou seja, justa tributação do grupo. O somatório de uma gigante VS 100 tem que dar a
mesma coisa. Cria-se o regime que está no 69º e ss.
Artigo 69º: regime para superar uma distorção do IRC funcionar em regra solta: havendo um grupo de soc
(maior ou menor), a soc mãe pode optar pela aplicação do regime especial de determinação da matéria
colectável em relação a todas as sociedades do grupo (ou é tributada cada uma por si e não há regime
especial – regra geral; ou pode optar por ser tributada no regime especial de tributação dos lucros).
Artigo 70: o legislador pode escolher
Se optar pela tributação do grupo, o lucro tributável do grupo, é calculado pela soc dominante através da
da soma algébrica dos lucros tributáveis e dos prejuízos fiscais apurados nas declarações periódicas
individuais de cada uma das sociedades pertencentes ao grupo (uma soc tem positivo de 1000, outro
positivo de 2000, outra de -1000 e outra 500 → se for individual: a soc 1 teve prejuízo logo não paga IRC, a
soc 2 teve prejuízo de 1000 logo não paga, a soc 3 teve lucro de 2000 e a soc 4 lucro de 1000. Se a taxa for
20% a soc 3 paga 400 e a 4 paga 200); se for pelo regime especial (-500, -1000, +2000, +1000; -1500+3000 x
20% = 300 de imposto) – estou a fazer o que diz o artigo 70º (soma algébrica dos grupos e prejuízos
individualmente). Se fosse só uma empresa gigante que englobava as 4 sociedades la dentro, ela ia ter -
500, -1000, +2000, +1000, ia dar, tudo somado, teve um lucro de 1500 e pagava taxa de 20% e dava na
mesma 300. O regime especial assenta no lucro fiscal individual de cada empresa, não há consolidação,
mas sim lucros e prejuízos individuais em soma algébrica.
Requisitos do 69º para optar pelo especial: o nº1 tem de ser lido com o nr2: só entra no perímetro de
consolidação se houver uma participação de 75% ou 50%. Nº3: além disso tem de se verificar outros
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Francisca Ferreira
requisitos (se a soc tiver residência em Espanha, não entra; tem de ser PORTUGAL – alínea a), b), c) tem de
ser a cúpula). O nº4: não pode fazer parte do regime (a) se tiver inativa, não pode). A consolidação tem de
ir a cúpula, estar em Portugal e não pode estar inativa e tem de durar pelo tempo.
Chamamos a isto direitos legais de opção: o legislador diz “contribuinte tens carne ou peixe, escolhe”,
pode ser tributado pelos grupos ou não.
Aula 27/10/22
Conclusão de alguns regimes especiais de tributação do IRC
O IRC em regra solta, não joga bem. Tem de se criar institutos.
O código, 95% é uma adesão à contabilidade. Damos os 5% de distorções.
Operações que têm a sua génese no comercial – repercussões fiscais de questões que surgem o direito
comercial (reestruturação e apuramento do LC).
Artigo 52º: reporte ou dedução de prejuízos
Sem prejuízo do disposto no número seguinte, os prejuízos fiscais apurados em determinado período de
tributação, nos termos das disposições anteriores, são deduzidos aos lucros tributáveis, havendo-os, de um
ou mais dos cinco períodos de tributação posteriores, à exceção dos sujeitos passivos que exerçam,
diretamente e a título principal, uma atividade económica de natureza agrícola, comercial ou industrial e
que estejam abrangidos pelo Decreto-Lei n.º 372/2007, de 6 de novembro, os quais podem fazê-lo em um
ou mais dos doze períodos de tributação posteriores.
Por questões praticas, o IRC e o apuramento do lucro da sociedade é anual. Não faz sentido ser mensal ou
trimestral porque é muito complexo.
Quando se apura o lucro contabilístico que depois é distribuído aos acionistas também são apuradas
anualmente.
Pode, num ano, haver lucros (focando naquele ano, há capacidade contributiva logo haver tributação), mas
pode acontecer que existam prejuízo fiscais/ perdas de anos anteriores. Em 2020 tenho lucro de 10
milhões, mas em 2019 tenho prejuízo de 20 milhos. Em 2020 sou ou não tributado? a capacidade
contributiva só força a tributação depois de ser esgotados os prejuízos fiscais porque até lá não exige
verdadeira riqueza porque a sociedade não tem lucro ou capacidade contributiva. Ela tem de gerar os
prejuízos passados para depois pagar o IRC – riqueza passível de ser tributada e levada à tributação.
Estamos a jogar com dois valores que entram em contradição: regra da anualização e com a
justiça/verdadeira capacidade contributiva<
Este instituo é uma inevitabilidade por efeito da anualidade do imposto – sem este instituto havia
injustiças na capacidade contributiva. Logo não é benefício fiscal. Pode acontecer que ganhe 110 milhões
de lucro, mas não paga imposto porque no ano anterior perdeu 20 milhões. Só quando tiver 21 milhões,
esse 1 milhão é que deve ser tributado.
Todos os regimes de IRC têm isto.
Existem, contudo, opções políticas quer na configuração concreta em cada momento no instituto –
mais/menos oneroso ou mais/ menos abrangente, mas ele tem sempre de existir. Na reforma de irc de
2014 era aberto e depois fechou-se, p.ex.

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Francisca Ferreira
Explicação do artigo: prejuízos fiscais apurados em 2019 são deduzidos aos lucros dos 5 anos seguintes. Se
tenho um prejuízo fiscal, tenho um crédito contra o estado com o qual amanhã se tiver lucros vou deduzir
esses lucros. Os prejuízos fiscais é o lucro negativo (2019 os meus gastos são superiores aos meus
proveitos), ou seja, perdi dinheiro logo não sou tributado, mas esse valor de prejuízo pode ser utilizado nos
5 anos seguintes quanto ao lucro que existe. Só quando abater prejuízos fiscais é que sou tributado. se tive
prejuízo de 20 milhões e tive lucro 0 nos 5 anos, no 6 ano já não tenho prejuízos. acaba aqui a regra. Pode
haver uma limitação temporal, ou não, o que não é inconstitucional, desde que ele seja razoável.
O legislador veio acautelar certas situações. Este regime é evidente, mas dá-se a aproveitamento por parte
dos contribuintes. Para evitar isto, foi-se complicando a lei:
Nº2: então tens 10 milhões de lucro e não pagas nada? Nº1 diz que não. mas o legislador diz que mesmo
que os prejuízos sejam superiores ao lucro, tu pelo menos vais pagar sobre 30% do teu valor, logo só podes
deduzir 70%. Pagas imposto sobre os 3 milhões e os outos 7 milhões migro para os anos seguintes.
Capacidade contributiva VS necessidade de riqueza por parte do Estado.
Nº8: norma de redução de incidência. Diz que o nº1 não se aplica se acontecer algumas situações. Perdes o
reporte durante os 5 anos seguintes quando se …(artigo). Havia pessoas que compravam sociedades com
prejuízos e colocou lá atividades lucrativas e pagou menos impostos porque aproveitava os benefícios
fiscais dos anos anteriores – norma anti abuso. O nº9 vem temperar o nº8: se houver uma transmissão de
direta para indireta, sucessão por morte transmite-se mais de 50% - não há motivação de aproveitamento
fiscal.
Fusão, cisão, entrada de ativos, permuta de partes sociais
Regime especial de tributação – foge às regras de contabilidade.
Recorre de uma diretiva. A UE criou uma diretiva onde o legislador converteu-a em lei. Isto é importante
para a UE porque estas operações servem para o crescimento, aquisição e interligação de sociedades e
sócios – tecido empresarial europeu supranacional.
Sem este regime especial de tributação, havia um obstáculo tributário a esse objetivo. Havia uma
tributação.
A lei nacional, para além de decantar a diretiva, ainda vai além dela.
Este regime existe porquê? Só há tributação com a venda/ realização. Estas operações envolvem uma
transmissão, uma compra e venda, uma realização, em si mesmas, porém, em termos económicos, não
ocorrem os fenómenos associados habitualmente à transmissão, ou seja, como se não se passa se nada. Há
uma transmissão jurídica (logo devia haver tributação), mas há uma continuidade económica logo não
deve haver tributação. Ex: um soc em si mesma tem 2 ramos de atvd: uma fabrica e loja comerciais na
mesma entidade jurídica e decide transmitir para uma soc filha que vai constituir e vai permitir o ramo da
atividade comercial e invés de fazer uma cv, faz um aumento de capital em espécie em que vai entrar para
essa nova soc com novo capital através de um trespasse recebendo em troca ações – a soc mãe transmitiu
as lojas, trabalhadores, etc logo devia haver tributação. No entanto, não há nada associado a uma
transmissão, porque não há dinheiro, mas recebe ações da sociedade filha e ela não desinveste (não há um
preço, uma troca por dinheiro). Em termos económicos ela mantém tudo igual. Aumento de capital de uma
filha por contrapartida de ficar com ações dessa empresa – não recebi dinheiro, mas ações; não houve
desinvestimento, continuou empenhada no negócio. Faz sentido tributar? Em certo sentido, havendo
tributação jurídica, sim, mas não houve dinheiro gerado para tributar e nem sequer desinvestiste. Logo –

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Francisca Ferreira
não tributação. As operações de reestruturação (fusão9 que envolvem uma venda, são tributadas; mas s
envolverem trocas, aplica-se o regime geral.
Se estas operações fossem tributadas, havia um desincentivo económico a operações de reestruturação.
Fusão: temos uma situação de partida – uma soc A e uma soc B. A soc A faz uma fábrica que faz parafusos.
Soc B é conjunto de lojas de parafusos. Cada uma com 2 sócios. eles decidem juntar as duas partes
(comercial e industrial). Isto podia ser feito por compra e venda de ativo e quotas, mas isso envolvia
dinheiro. Numa fusão, eu vou extinguir juridicamente a soc B e todos as suas posições ativas e passivas
passam em bloco para a soc A – a contrapartida é um aumento de capital da soc A que vai ser subscrito
pelo socio 3 e 4. Soc A com todos os ativos e passivos da soc B. a soc B TRANSMITIU todos os ativos e
passivos em bloco – realização jurídica, mas sem dinheiro a circular + soc A permite aumento de capital
pelos sócios 3 e 4.
Incorporação SOC B (morre) na SOC A – transmissão universal para SOC A de todos direitos e obrigações de
B. Por contrapartida, sócios 3 e 4 – trocam participação na SOC B por Participação na SOC A. Na SOC
sociedade – há transmissão jurídica todos ativos, MAS não há cash, não há preço. Nos sócios 3 e 4 – há
transmissão jurídica de toda participação em SOC B, MAS não há cash, não há preço (troca) e mantêm igual
empenho em negócio reestruturado.
O art.73º/1 – fusão; nº2 – cisão, etc → definições.
O 73º/1/a) está nos 97º e ss CSC – semelhantes.
Há 2 patamares numa fusão de transmissão jurídica com continuidade económica ao nível da soc
(transmissão de ativos da soc B para a A – onerosa) e ao nível dos sócios (eu vou trocar participações por
outras participações da sociedade resultante da fusão). Apesar de haver realização jurídica (transmissão
onerosa), pode não haver tributação, porque em termos económicos não se verificam as características da
transmissão.
Cisão: quando eu tenho 2 sócios (1 e 2) que têm a parte industrial e comercial na mesma sociedade (A) e
eles decidem separar o negócio – criam uma sociedade para ter o negócio comercial, soc B. Transmitem
em bloco o ativo, passivo, o estabelecimento, negócio. Não há dinheiro. Contrapartida: o sócio 1 e 2
também ficam sócios da sociedade B (e também da A, que há eram). Reorganização empresarial sem cash
a funcionar e o socio 1 e 2 mantém o empenho na soc B.
O 73º/2 explica o que é uma cisão na alínea a). Tenho de transmitir um ramo de atividade e a soc que fica
tem de manter o outro ramo de atividade e o nº4 diz o que é ramo de atividade: unidade económica
autónoma, ponto de vista organizacional, capaz de funcionar pelos próprios meios, pode incluir dívidas…
(conceitos indeterminados).
Entrada de ativos:
73º/3.
Operação de reestruturação com transmissão em termos jurídicos e uma continuidade económica.
É um aumento de capital em espécie. Ex: temos o momento inicial – sociedade que detém vários ramos de
atividade (ramo que faz indústria de parafusos + explora hotéis). Deixa ficar o ramo industrial no sítio,
fazendo um aumento de capital em espécie, entrando com um trespasse de hotel, numa nova sociedade.
na chegada, a soc 1 fica com o ramo industrial e detém 100% da soc que detém a atividade hoteleira. Há
uma transmissão em bloco, trespasse, mas não há dinheiro. A soc 1 entrega ativos e vai receber ações em
23
Francisca Ferreira
contrapartida. Desfaço-me do ativo porque o transmito, mas mantenho o empenho na hotelaria. Não faz
sentido haver imposto porque em termos económicos tudo se mantém igual.
• Aumento de capital em espécie (em SOC 2), com entrada do ramo atividade Y).
• Operação direito comercial e art. 73/3 CIRC.
• SOC 1 – troca asset for stock. Troca ativos (ramo atividade Y) por ações em SOC 2.
• Transmissão jurídica de todos bens do ramo de atividade, sem cash, sem preço e mantém igual empenho
na atividade Y. DESCONCENTRAÇÃO
Permuta de partes sociais: operação de troca de ações ou de quotas. Ex: soc 1,2,3 e 4 detém uma soc que
faz parafusos e detém 100 da soc (cada 25). Eles decidem criar uma soc 2 (holding) que vai deter em 100 a
soc 1. Eles podiam vender as ações que têm da soc 1 à soc 2, mas fazem uma troca: vou entregar à soc 2 as
ações que tenho na soc 1 e em contrapartida recebo capital que tenho da soc 2. Entrego ações e recebo
ações. Eu detinha de forma direta, passo a deter de forma indireta. O meu empenho no negócio continua
igual.
• Sócios 1, 2, 3 e 4 – trocam participações na SOC 1 por participação na SOC 2 – stock for stock
• SOC 2 fca dominar SOC 1 (CONCENTRAÇÃO)
• Aumento de capital em espécie da SOC 2, por entrada das participações na SOC 1
A sociedade 2 tem de ficar a deter mais de 50% do capital da soc 1.

Em todas estas operações, nós temos a características em que existem transmissões jurídicas, em que
devia haver imposto, mas em termos económicos não ocorre o fenómeno associado à transmissão jurídica
(preço e desinvestimento). Elas envolvem uma realização jurídica, mas não uma realização económica. se
deixasse o IRC dependente da contabilidade, tributar no momento da realização, criava uma entupia
porque não é o momento certo para tributar. Logo, não tributo.

Ouvir 20.15.

Art.79º a 82º =/ → dissolução e liquidação.

Vamos partir o instituto: pressuposto/ requisitos + estatuição/ consequências. Os pressupostos estão na lei
– tipicidade: tem de ser uma fusão, cisão, permuta, entrada de ativos.
O que as une são operações de reestruturação – transmissão jurídica ao nível da sociedade e do sócio, mas
não económica. a compra e venda é reestruturação e a dissolução e liquidação também, mas há
transmissão jurídica e económica. Não há pagamento em dinheiro (requisito legal preciso).
Estatuição: a consequência jurídica é um direito legal de opção – os intervenientes podem escolher: ou são
ou não são tributados (regime de neutralidade fiscal). Direito potestativo – sem necessidade de
autorização da AT prévia. Não há uma exclusão de imposto, mas sim um diferimento temporal – não pagas

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Francisca Ferreira
agora imposto (neutralidade), mas vais pagá-lo mais tarde (quando venderes o negócio) → suspensão do
imposto.
Exemplo: sócio 1 que detém 25% da soc 1 por 100 mil. Faz permuta e recebe 25% da soc 2 cujo valor do
mercada é um 1milhao e 100 mil. Ele pode dizer que quer ser tributado e é tributado por 1 milhão
(diferença entre os valores) ou dizer que não quer ser tributado e aqui faz a permuta – vende 25% da soc 1
e recebe 25% da soc 2 e não é tributado. Só é tributado quando vender a terceiros os 25%.
Numa fusão, ocorre a fusão, a soc incorporada “os ativos quando são transmitidos (terrenos), pode ser
tributado com a fusão ou não ser. É tributada quando a soc incorporante vender o terreno. O socio
também só é tributado quando vender as suas ações.
Entrada de ativos: a soc 1 tinha 2 ramos de atvd e decide transmitir o ramo de imobiliário para a soc y,
nessa transmissão não é tributada. Quando a soc y vender os imoveis no mercado, ela é tributada. O socio
só é tributado quando vender as ações.
Permuta: o soc é tributado quando vender as ações da soc 2.
Art.46º/3: g) em geral é a contraprestação (aquilo que vendi a máquina) =/ a) se faço uma troca (troco um
imóvel e recebo um carro) – permuta, mas atomístico (ativos fixos), aqui há tributação e o valor de
realização é o valor do mercado dos bens (vendi a máquina pelo valor de mercado do carro – esta troca é
tributada). No entanto, se tivermos numa operação de reestruturação é um deferimento temporal
(suspensão de tributação), como vimos.
Artigo 74º/3: a aplicação da neutralidade (os 4 regimes especiais) determina que a soc beneficiária
mantenha, para efeitos fiscais, os elementos patrimoniais objeto de transferência pelos mesmos valores
que tinham nas sociedades fundidas, cindidas ou na sociedade contribuidora antes da realização das
operações → obrigação acessória. Ex: fusão – eu tenho uma soc que desaparece que só tem um imóvel;
não vai haver tributação porque eu quero o regime da neutralidade – eu declaro que quero no projeto de
fusão; contribuinte, se queres a neutralidade, há uma transf em bloco dos ativos para a soc incorporante e
não há tributação, mas tens de registar na soc incorporante o imóvel pelo mesmo valor que ele tinha na
soc incorporada. Ou seja, imóvel está contabilizado por 100, se eu não quero tributar, tem de ficar claro
que vou registar o imóvel por 100 para tornar operacional que quando for vender o imóvel por 1 milhao e
100 ter a mais-valia. Condição acessória e necessária: ter de registar pelo mesmo valor que tinham
previamente à operação.
Art.74º/1: a transmissão dos ativos não gera qualquer resultado tributável com a condição acessória do
nº4.
No caso de entrada de ativos: eu tenho um negócio de parafusos e de hotel, vou transferir em bloco o de
hotel para uma nova soc – aumento de capital em espécie. Se quero tributar os hotéis, eles estão
contabilizados por 1 milhão; eu ao fazer o trespasse, ao transmitir para a soc, se quero a neutralidade, os
bens vão (hotéis) ser contabilizados nesta atvd pelos mesmo valores que tinham atras (se estavam por 500
mil ficam 500 mil). Há suspensão da tributação, mas vai ser tributado mais tarde, mas tem de cumprir a
obrigação acessória.
Professor, qual seria o interesse em ser tributado no momento da fusão, ao invés de beneficiar da
neutralidade fiscal? As vezes é preferível pagar logo porque depois pagaram menos na tributação da mais-
valia. TESE DE MESTRADO.
73º/10: pode-se optar entre ser ou não tributado, exceto se houver abuso.
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Francisca Ferreira
O 74º fala ao nível operacional.
O art. 76º fala do regime aplicável aos sócios (patamar dos sócios e não operacional):
Nº1: no caso de haver opção pela neutralidade, relativamente aos sócios, não são considerados para
efeitos de tributação os ganhos ou perdas eventualmente apurados [pelos sócios], desde que as partes de
capital recebidas pelos sócios das sociedades fundidas sejam valorizadas, para efeitos fiscais, pelo valor
que tenham as partes de capital entregues ou extintas, determinado nos termos deste código. O socio vai
ter de registar as participações recebidas por efeito da operação da reestruturação pelo mesmo valor
primitivo que tinham.
Art.73º define a hipótese legal; o 74º define a estatuição ao nível das soc; o 76º define o regime aplicável
ao nível dos sócios e o artigo 77º tem o regime próprio das permutas.
Artigo 77º: se o sócio 1 detinha 25% da soc 1 ao custo de 100, ele vai trocar e vai ter 25% da soc 2 ao custo
fiscal de 100 na mesma – condição acessória (igual ao de cima basicamente). Quando o sócio 1 vender os
25% da soc 2, aí paga imposto.
Esta matéria é importante para perceber o sistema fiscal, tem grande aplicação prática na reestruturação.
Acórdão: o dt fiscal europeu so regula uma operação entre 2 ou mais países. Mas se houver uma operação
00% doméstico e não se aplica diretamente a diretiva, mas decorre a da lei nacional, o TJUE tem
competência para analisar a conformidade com a lei europeu e assim promove a harmonização. A li
nacional decanta-se da diretiva.
Diretiva: inicialmente 90/434/CEE (hoje 2009/133/CE)
• Das poucas matérias tributação sociedades com harmonização
• Importância operações transfronteiriças para mercado único.
• Lei interna: art. 73.º a 78.º do CIRC
• Jurisprudência LOER-BLOM: interpretação TJUE, mesmo quando operação meramente interna – para
assegurar uniformidade interpretativa.
Artigo 23º-A + 17º:
Os gastos contabilísticos não aceitos em termos fiscais. LF=LC com correções fiscais (17º). O LC= proveitos
c. – gastos c. logica de dependência, em princípio.
Tenho gastos contabilísticos, mas que não aceito em termos fiscais – normas de ajuste.
Estamos em presença de gastos contabilísticos, mas que não são dedutíveis em termos de lucro fiscal.
“corregidos neste código” – art.17º, são as correções do 23º-A (há dinheiro, mas por razões de justiça, a lei
diz que em termos fiscais não aceita esse gasto).
Nº1/d), e) (empresa que leva multa de transito de 500 euros do carro da empresa; é um gasto
contabilístico porque estava no exercício da sua atividade; mas o legislador fiscal diz que não vai pagar
menos imposto por causa disso – correção fiscal); i) (tu compras um Porsche por 200 mil, dura 4 anos,
amortizas 50 mil por ano; contabilisticamente é ativo da empresa, amortizado em 4 anos; em termos
fiscais a lei diz que isto é um luxo e que só aceita uma amortização anula de 20 mil – é um gasto efetivo do
ponto de vista contabilístico, mas há uma razão moral por detrás da lei fiscal); m) (o sócio empresta

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Francisca Ferreira
dinheiro à soc e cobra o juro; o juro é um gasto e é de 30%; emprestou 100 mil; tem de pagar 30 mil por
ano de juros; diminui-se o lucro através do juro; a lei fiscal diz que não aceita e define uma taxa de
referência e o que for acima não aceita); p) e q) e s) são as contribuições modernas (orçamento faz
imposto sobre os ganhos extraordinários OUVIR 21.37.
Opções por política, moral, simplificação.
Artigo 23º-A/1/r): pagamentos de off-shores.
Para a semana não há aulas.
Aula 10/11/2022
Métodos Indiretos
Artigo 59º - Métodos indirectos:
A determinação do lucro tributável por métodos indirectos é efectuada pelo director de finanças da área
da sede, direcção efectiva ou estabelecimento estável do sujeito passivo ou por funcionário em que este
delegue e baseia-se em todos os elementos de que a administração tributária disponha, de acordo com o
artigo 90.º da lei geral tributária e demais normas legais aplicáveis.
A base é de cumprimento espontâneo por parte dos sujeitos passivos, com obrigação acessória da
contabilidade.
O art.17º/1 e 3 – base de 90% do lucro tributável. O contribuinte tem corretamente organizada a
contabilidade – obrigação acessória do contribuinte que decorre da lei contabilística e fiscal (123º/1 e 2).
Claro que se tiver uma imprecisão, consegue-se corrigir.
Contribuinte incumpridor não tem contabilidade ou não está organizada de acordo com as leis
contabilísticas e fiscais pelo que não dá para calcular o lucro tributável → método indireto. Eles têm de ser
tributados na mesma. A CRP diz que as empresas são tributadas de acordo com o lucro fiscal e de acordo
com o lucro real. A tributação por meios indiretos visa regular este problema, sendo que o 59º remete para
a LGT (remissão para outro código). A lei do IRC está preocupada para a tributação direta (onde a
contabilidade é credível, mesmo havendo erros pontuais, ela corrige); quando a contabilidade não é
credível, a tributação remete para a LGT (87º e ss – avaliação indireta + 85º - a avaliação indireta é
subsidiária porque o que se faz por regra é a direta – só não existe quando o contribuinte não tem
contabilidade ou ela não está organizada). A LGT abrange situações de IRS, IRC e IVA
Artigo 87º LGT: só pode haver avaliação indireta se o contribuinte não tiver organizada a sua contabilidade
ou é impossível quantificar de forma direta a matéria coletável. O b) remete para o 88º.
Artigo 88º LGT: só há tributação indireta quando há anomalias que impossibilitam quantificar o lucro fiscal.
Anomalias: Inexistência ou insuficiência de elementos de contabilidade ou declaração, falta ou atraso de
escrituração dos livros e registos ou irregularidades na sua organização ou execução quando não supridas
no prazo legal, mesmo quando a ausência desses elementos se deva a razões acidentais; e recusa de
exibição da contabilidade e demais documentos legalmente exigidos, bem como a sua ocultação,
destruição, inutilização, falsificação ou viciação. O LUCRO FISCAL ASSENTA NO LUCRO CONTABILISTICO E O
LUCRO CONTABILISTICO TEM QUE VER COM A CONTABILIDADE FISCAL. SE ELA NÃO ESTIVER ORGANIZADA,
O LC NÃO SERVE DE BASE PARA APURAR O LF LOGO APLICAMOS O METODO INDIRETO. OS ERROS NÃO

27
Francisca Ferreira
SÃO FISCAIS, MAS SIM CONTABILÍSTICOS. Uma coisa é eu fazer uma venda e esquecer-me, corrigível
porque é só adicionar =/ erros que não dão para corrigir dentro da contabilidade. + al. b) e c).
Artigo 90º:
Quando há estes erros graves, cria-se um dilema: o contribuinte não pode ser premiado, logo tem de ser
tributado, mas isto também não é uma sanção (não podemos premiar o contribuinte, mas também não o
podemos sancionar dizendo que se ele não tem a contabilidade organizada tem que pagar mais imposto,
porque o imposto não tem carácter sancionatório, visando apenas tributar o lucro real). A lei tem de
indicar uma solução que não beneficie ou incentive a tributação indireta, mas que também não seja uma
penalização. Mas como se tributa o rendimento real se não tenho a contabilidade organizada? Na
tributação indireta ainda se tributa o rendimento real, mas eu não tenho a ferramenta imposta por lei para
o quantificar, logo como se faz? Como se quantifica? A solução legal é: fisco apuras de forma indireta com
os elementos que tens ao teu dispor da melhor forma possível – quantificas com os elementos que tens ao
teu dispor da melhor forma possível; vais apurar um rendimento real indireto/ aproximado. Não é uma
penalização nem beneficiação. O fisco tem de cumprir um raciocínio quantitativo indireto para tentar
calcular um lucro aproximado. Exemplo: cabeleireiro, paga-se em dinheiro, inspecção, tem de haver uma
tributação indireta porque a contabilidade não é certa; tenho de fazer aproximações – há 3 cabeleireiras a
cortar, cada uma trabalha 8h, demora 30 min p fazer, custa 10 euros, 30 euros por hora, …, a margem
média de lucro é de x % logo tem um lucro de x – de forma indireta, não baseada na contabilidade. O lucro
efetivo pode ser maior ou menor; o cabeleireiro não pode dizer que se tivesse entregado tudo direito tinha
menos lucro. A tributação indireta não é uma sanção, mas antes uma consequência.
Isto é um tema discutido. Há crimes fiscais que estão no RGIT (33º). Um deles é o crime de fraude e este
assenta em erros contabilísticos (uma empresa vicia a contabilidade e torna impossível apurar o lucro
porque ela engana o fisco) = engano, mentira, aparência de verdade na base contabilístico quando ela não
existe. Ou fisco/AT consegue apurar a contabilidade e tributar de forma direta e há um crime ou o fisco
não consegue e tributa de forma indireta e não há crime! Quando há tributação indireta é quando a
contabilidade está mal-organizada e o fisco tributa atreves de indícios, mas não há crime porque o fisco
não consegue apurar a verdade. Se ele conseguisse apurar a verdade, tributava de forma direta e havia
crime de fraude fiscal. Mentira contabilístico + apuramento da verdade + tributação direta → há crime
fiscal.
Método indireto – regime excecional. Princípio base: quem tem erros na contabilidade não pode ser
beneficiado (Proibição non liquiet), logo é tributado na mesma. Também não é uma sanção. Apuramento
indireto (com o que tem e com cálculos económicos: deduções, dados do setor, interferências, etc → os
elementos não são da contabilidade, a não ser as poucas faturas que têm; erros não passíveis de serem
corrigidos dentro da contabilidade). Não recorribilidade direta (91º LGT): por regra, no processo adm e
fiscal recorre-se do ato adm (liquidação do imposto – atacamos este ato), mas nos métodos indiretos
temos correção indireta da matéria coletável e só podemos atacar o ato de quantificação para podermos
atacar o ato de liquidação.
Taxa do IRC (ou taxas)
LC – Correções = LF
LF x taxa = imposto a pagar
Tema complexo:

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Francisca Ferreira
- No IRS as txs são progressivas, no IRC não se diz nada logo devem ser proporcionais (independentemente
do lucro pagam o mesmo de tx)
- Tema jurídico-político: nuns países pagam-se mais e noutros menos. Em Portugal fez-se uma tx geral e
foram-se criando adicionais à taxa para enganar as pessoas porque olham para a tx nominal e acham que é
a tx real.
Artigo 87º/1 CIRC:
O IRC tem a tx geral de 21% para os residentes e 25% para os não residentes, que se aplica ao LF.
Artigo 87º/2 IRC: tx de 17 % para as empresas pequenas/ médias – benefício.
A tx geral de 21% é para pc’s que exercam como atvd principal uma atvd industrial, comercial ou agrícola.
Os não residentes pagam 25%, mas há situações em que as txs são superiores (87º/4).
Taxas dos residentes
21% (geral) e outras txs que depois acrescem, como é o caso da (txs sobre o lucro):
➔ Derrama municipal: os municípios são titulares da receita do imposto que se chama derrama. Ao
LTributável em IRC os municípios podem adicionar até mais 1,5 de taxa (fica 22,5). Torna claro que
o produto da receita é do município e porque o município tem uma capacidade de modelação da
taxa (não querem, querem menos ou até aos 1,5) → por isso é que a tx geral não é logo 22,5.
➔ Derrama estadual: prevista no 87º-A. É um incremento da tx efetiva do IRC cuja receita é do estado
para todas as empresas mais lucrativas. Isto surgiu na crise troica. Vamos criar uma sobre taxa para
as empresas mais lucrativas, qualquer que seja o setor: 3%, caso o valor do lucro tributável
ultrapasse os 1.500.000 e não exceda os 7.500.000; 5%, se o lucro tributável ultrapassar os
7.500.000 e não exceder os 35.000.000; e 9% caso o lucro a tributar seja superior a 35.000.000.
Isto é uma taxa progressiva. A taxa do IRC deixou de ser proporcional e passou a ser progressiva.
Era para ser uma medida transitória, mas ficou porque isto gera muita receita porque o IRC gera +/-
por ano entre 4 a 5 mil milhões de receita (gera menos que o IRS), mas no IRC se há empresas a
ganhar mais e apagar mais de imposto, temos um impacto gigante na receita.
Pode o IRC ser progressivo? Em princípio não, porque isso é para as pessoas singulares (104º/1
CRP).
Conclusão: a taxa não é 21%; é 21 + 1,5 e para as grandes empresas aumenta muitíssimo a tx.
Taxa de tributação autónoma (88º CIRC):
Mais txs de IRC, mas autónomas. Esta taxa é algo que tributa situações determinadas por lei que não tem
que ver com lucros ou riquezas, mas sim gastos, despesas e situações concretas (até agora falamos do
lucro fiscal e as taxas sobre ela =/ tributação autónoma que tributa certas despesas). Não é uma taxa sobre
o lucro. Ela surgiu numa situação concreta, virou moda e foi aumentado o seu raio de ação. Posso não ter
lucro, mas pago sempre sobre a despesa.
Artigo 88º/1: há uma tributação autónoma sobre uma despesa; nº7: despesa tem uma tributação.
Lógica – exemplo: uma empresa de construção presta um serviço a uma outra empresa de construção;
para uma empresa temos um gasto que vai deduzir ao IRC e a outra tem um proveito – uma paga menos
imposto porque tem um gasto e a outra tem um proveito e por isso paga mais IRC. Isto tem uma
documentação, fatura, onde está identificado as 2 empresas. Mas e se não houver documentação? Sabe-se

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Francisca Ferreira
o gasto, mas não se sabe quem teve o proveito. O que acontece? A empresa fez um gasto contabilístico,
pagaria tanto de IRC, mas como não sabemos quem teve o proveito, ele não é tributado – com uma má
doc tínhamos uma empresa que registava o gasto e outra que não se sabia o proveito; tinha o gasto, mas
não tributava o proveito. “Empresa, se não documentares, tu vais pagar em substituição do contribuinte
que não registou o proveito como uma tributação autónoma sobre a despesa” – essa tx é de 50%. Ex:
100.000 gasto, n se sabe o quem teve o proveito, logo quem teve o gasto paga 50% dos 10.000 em
tributação autónoma. “sem prejuízo… nos termos do 23º-A”: um gasto não documentado não é aceite
como gasto da empresa pelo que não podes deduzir ao teu lucro e ainda pagas uma tx autónoma em
substituição de quem teve o proveito.
Alem disso, no 88º, há situações em que a taxa é elevada para 70%. Isto não é uma sanção, mas uma
consequência.
Uma das situações tem que ver com os gastos mistos: gastos que podem ter uma alocação pessoal ou
empresarial, por natureza. Ex: fatura para um restaurante – posso ir num almoço de negócios e gasto 400
euros ou posso ir com a família e pagamos 400 euros e sou gerente e meto na conta da empresa. Como se
sabe? Não se sabe porque as pessoas iam dizer que seria sempre empresarial. Se o gasto é empresarial, é
todo dedutível; se for todo pessoal não é dedutível porque é do interesse do socio e não da empresa.
Tributação autónoma (88º/7).
Viaturas – ex: carro para empresa e para mim. Gastos que podem ser pessoais a profissionais. A lei limita
as amortizações e coloca uma tributação autónoma.
Dissuadir o pagamento a off shore (88º/8 e 23º-A): pessoa faz pagamento a off shore; há um ponto de
interrogação; estado “será que é verdadeiro? Estas a transferir mc de Portugal para países com baixa
tributação?”. A lei coloca uma tributação autónoma, salvo se o sujeito passivo provar que são operações
efetivas.
Conclusão:
Funções
a) Despesas confidenciais e indocumentadas (não se sabe quem tem rendimento, mas não abdicar do
imposto) – e 23 A CIRC
E ajudas de custo, não faturadas a clientes e sem IRS
b) Gastos mistos: empresariais e profissionais (com impossibilidade definição exata): despesas de
representação e encargos com viaturas (e 23 A CIRC)
c) Dissuadir pagamentos a of shore (88, n.º 8, do CIRC e 23 A CIRC)
d) Artigo 88º/13:
Tem que ver com os pagamentos a administradores. Na crise de 2008, os administradores tinham
salários muito elevados em função da performance (bónus), prejudicando a empresa a médio e
longo prazo. podemos não proibir, mas criar regras fiscais que não se faça ou se faça menos e com
rigor e ordem. As txs no IRS são gerais logo não se pode pedir que eles paguem mais e também não
vamos aumentar para todos. Logo: tributação autónoma “empresa, do ponto de vista fiscal, se tu
pagares a administradores muito ou em condições que a lei entenda que não são corretas, vais ter
de pagar sobre esse bónus”. Não é o administrador que paga, mas sim a empresa. Logo, a empresa
não dá estes grandes bónus ou dá desde que alinhados com os objetivos do direito comercial.
Orientação de condutas – objetivo da tributação autónoma. Isto tudo aumenta a taxa efetiva.

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Francisca Ferreira
Artigo 88º/14: há uma penalização. a taxa de tributação autónoma dos bónus paga para 45% se houver
prejuízos.
Lógica: arrecadar receita.
Artigo 23º- A: não são dedutíveis/ não é gasto fiscal o IRC incluído as tributações autónomas. Empresa
paga de tributação autónomas 1 milhão e diz que isto é um gasto e que por isso quer diminuir o lucro fiscal
pq fez a despesa no exercício da atividade e quer diminuir o IRC. Não podes. É um gasto contabilístico, mas
não é fiscal, caso contrário estaria a minimizar o dano.
Liquidação e declaração
Pagamento, entrega da declaração.
O IRC é pago como autodeclaração e autoliquidação fecha-se as contas a 31/12, constitui-se o facto
tributário e em maio do ano seguinte o contribuinte entrega a declaração de imposto do ano anterior. O
contribuinte preenche a declaração, vão quantificar o imposto e vão entregar o dinheiro ao estado. todo o
trabalho de liquidação, quantificação e pagamento é feito pelo próprio sujeito passivo (inversão da relação
jurídica – no direto administrativo se pedir uma licença, depois dão me ou não e é ato administrativo de
concessão; no direito fiscal o estado não faz nada). O estado não tem capacidade humana, informática, de
conhecimento para preencher e quantificar as declarações de contribuinte pois eles é que têm a sua
contabilidade. A declaração é entregue espontaneamente.
O que faz o fisco? Ele está num segundo momento, posteriormente, numa missão de controlo –
inspeciona.
No IRS apenas se declaram as coisas e o fisco é que liquida e o contribuinte não quantifica, não paga.
E se o contribuinte paga mais do que o devido? tem 2 ou 4 anos para pedir ao fisco a devolução. Este prazo
de 4 anos é muito aberto porque, num momento inicial, o contribuinte é o fiscal das finanças logo pode
haver erros.
Revisão:
O IRC tem um regime global (simplificado para os pequenos contribuintes e um normal). As grandes
empresas são responsáveis pela grande maior parte da riqueza - a taxa geral, derrama municipal e
estadual. Elas pagam o maior IRC. As pequenas/médias empresas, muitas correções que têm são por
tributação indireta. As grandes empresas, por norma, têm tributação direta.
IVA, benefícios fiscais; imposto de selo; administrador/ gerente e direito fiscal → próximas aulas.

Aula 17/11/2022

IVA
Exemplo no caderno:
O IVA tem regras e depois exceções. Vamos dar a regra. Dentro das regras, vamos falar só de operações
domésticas (Portugal VS Portugal) – as transações intercomunitárias e exportações e importações não vamos
abordar.
Produtor: eu vendi por 20 com 2 de 20; o grossista paga-lhe 2 de IVA; o custo de aquisição é 0. O grossista
pagou 22 e o produtor entrega os 2 ao Estado.

31
Francisca Ferreira
Grossista: vendi por 70 e o retalhista paga os 7, mas comprei por 20 e paguei IVA de 2. Ele recebe 7 de IVA e
pagou IVA de 2. Ele acrescentou 50 logo vai entregar 5 ao Estado. eu liquidei IVA nas minhas vendas e recebi
7 do retalhista e vou deduzir o IVA que suportei nas minhas contas e entrego a diferença.
Retalhista: nas vendas eu vendi por 100 e recebi do consumidor 10 de IVA. O consumidor pagou 110 no
supermercado pelas maças. Mas ele tem a aquisição por 70 e suportei IVA de 7, logo a minha margem é 30
e o IVA é 3.
Cada operador entregou o IVA ao estado. Quem suporta economicamente o IVA? O consumidor final. O
somatório dos valores acrescentados dá o IVA final que o consumidor vai pagar (2 + 5 +3). O consumidor
final paga 10 de IVA.
O último passo tem de ser dentro do sistema, ou seja, que a venda para o consumidor final tenha IVA. Cada
operador paga sobre o VA1 e o consumidor final não existe. Desdobramento entre a pessoa que sofre o
encargo económico do imposto (consumidor) e o devedor (vários operadores).
Artigo 18º LGT: não é sujeito passivo quem suporta o encargo do imposto por repercussão legal (o legislador
diz “retalhista tu ao preço metes o IVA”).
Quem tem a capacidade contributiva/ riqueza económica evidenciada por um consumo é que suporta o
imposto. quem suporta o imposto é o consumidor final que paga mais 10 de IVA e não os 100 (solução justa)
e está fora da relação fiscal (solução eficaz).
Esta solução é mais justa porque reparte sobre os vários operadores a obrigação de pagar o imposto sobre
o VA.
Como o IVA decorre de uma diretiva, a sua linguagem é mais europeia/ diplomática, logo é mais difícil.
Grossista
O grossista exerce o comércio, logo não é o consumidor final e está dentro da mecânica do IVA. Num período
temporal, em todas as suas vendas (ex: Macro) vai adicionar IVA. Ao preço de venda (a jusante líquida IVA),
acresce IVA, líquida IVA sobre as suas vendas (acresce o preço de venda). A montante ela paga IVA. Duas
obrigações:
➔ Tem de liquidar IVA sobre a venda e prestação de serviços – direito de liquidação
➔ Tem direito de dedução o IVA que suporta nas suas compras, nos seus imputes para só integrar a
diferença.
Perdia-se a neutralidade do IVA se assim não fosse. O IVA é uma mecânica simples: líquido IVA nas vendas e
suporto IVA nas compras e entrego o restante. Direito de dedução → liquidação → dedução.
Imaginemos que o negócio corre mal: o grossista fica com um crédito (quando o valor de produção é superior
ao valor das vendas, ele pode pedir um reembolso ao estado porque o valor do VA é negativo). Direito de
crédito contra o Estado que vai debater nos meses seguintes. Dá origem ao direito de reembolso do IVA.
Aquisições – imputs VS vendas – outputs.
O IVA funciona, por regra, numa lógica económica e não de caixa. Se vendi 70 + IVA e não me pagaram, eu
tenho de pagar IVA na mesma. A obrigação afere-se pelo momento económico (quando se emite a fatura).

1
Valor Acrescentado.
32
Francisca Ferreira
Muitas vezes acontece que ao não pagamento do IVA está associado um crime fiscal de fraude. É o imposto
mais dado ao crime de fraude fiscal. a jurisprudência diz que este crime em sede de IVA tem como requisito
obrigatório que se receba o dinheiro – o dinheiro é do Estado e se não o entregar, é um crime de fraude. Em
princípio há crime se não entrego o dinheiro (=/ no IRS porque em princípio não é crime). Faturas não pagas
não podem dar origem a um crime fiscal porque eu não recebi. A obrigação tributária de IVA surge no
momento económico, mas o crime exige o momento financeiro. Só há crime se houver apropriação e só
apropriação se houver pagamento.
Vantagens e desvantagens do IVA
➔ Vantagens: é um imposto geral sobre o consumo (carácter de generalidade sobre o consumo – para
obter receita) com a total anestesia do consumidor fiscal (obtém muita receita sem contestação). Os
agentes económicos, por regra, tendem a pagar espontaneamente porque está diluído pelos agentes
(eles recebem o imposto, deduzem, pagam a diferença). Os agentes são os sujeitos passivos. Cada
operador só paga sobre o VA (não há um imposto em cascata, porque cada um vai sempre deduzir
naquilo que suportou, só entregando a diferença).
➔ Desvantagens: é um imposto economicamente regressivo (imposto juridicamente proporcional
porque a taxa é sempre a mesma; mas o esforço/ sacrifício económico são diferentes entre um pobre
e um rico pois o pão está ao mesmo preço para ambos) e por isso é injusto. Não olhamos para a
pessoa, mas sim para a transação. É fundamental que, na última take, seja operação dentro do
mercado.
Características do IVA
➔ É um imposto geral sobre o consumo: aplica-se à generalidade dos bens e é sobre o consumo.
➔ Imposto excludente: em princípio há IVA e não pode haver outros impostos sobre aquela operação.
Há IMT porque não há IVA; há imposto de selo porque não há IVA. Os outros impostos surgem nos
“buracos do IVA”, tirando casos pontuais que a lei do IVA consente (ex: impostos sobre o mercado –
impostos sobre vícios: quando compramos gasolina, ela tem IVA e imposto sobre a gasolina; o mesmo
com o tabaco, álcool e o carro → impostos especiais sobre o consumo, habitualmente associados a
vícios, pode haver cumulação de IVA a estes).
➔ Imposto proporcional: a taxa é proporcional.
➔ Imposto sobre o VA por cada operador no seu estado de produção.
➔ Assenta no direito de liquidação a jusante e de dedução a montante.
➔ É um imposto assente em documentos/ faturas. A transação, para efeitos de IVA, pede a
materialidade que é suportada pela fatura e essa fatura é o “título de crédito”. A faturação é
imprescindível. O crime está na fatura falsa. A fatura é importante para liquidar e para deduzir.
➔ O IVA é um imposto europeu, ou seja, decorre de uma diretiva. Essa diretiva é muito detalhada, logo
contem disposições concretas e diretas que se aplicam nos EMs mesmo que não haja transposição.
Algumas coisas não são detalhadas, logo há opções (fica em aberto para os EMs). Nas opções há uma
margem para as taxas. Em Portugal, temos o CIVA, que decorre da diretiva. A diretiva está
preocupada com as transações intercomunitárias (dois países da UE), mas, o que vale para uns,
também vale para outros logo nas operações domésticas o regime tem de ser parecido. O ADN da
UE continua a ser os princípios fundamentais: LC de pessoas, bens, serviços, estabelecimento do
TFUE. Isto é, tem de ser o mesmo uma empresa do porto vender para lisboa que vender para Madrid
(mercado único), ou seja, tem de ter a mesma tributação. O estado português não pode criar medidas
que metam o IVA mais elevado aos produtos que vêm de Espanha e por IVA a 0 aos produtos que
para lá exportam. O mercado único pressupõe que os EMs não possam criar obstáculos (tributação
33
Francisca Ferreira
indireta) ao mercado. A lógica da UE é que haja estas 4 liberdades dentro do mercado europeu, logo
tem de haver um IVA comum e é por isso que há esta diretiva. Se vier da China ou dos EUA, já não é
IVA, mas sim proteção do mercado europeu (mercado internacional).
Consequência do IVA: todo o contencioso de IVA é possível ser sindicado pelo TJUE, é possível haver reenvio
prejudicial para lá, mesmo que a questão seja totalmente doméstica (interpretar e aplicar um artigo do CIVA,
como decorre da diretiva, o TJUE é competente para apreciar essa matéria – uniformização da
jurisprudência).
Artigos do CIVA:
Art. 1º/1/a) (incidência subjetiva) → art. 2º, 3º e 4º. No art. 1º/1/a) o legislador está a dizer que não pode
ser o consumidor final. Art. 3º e 4º (incidência objetiva).
Art. 2º/1: é sujeito passivo quem for um operador económico (alguém que exerce uma atividade
económica), logo o consumidor final não é sujeito passivo porque não exerce uma atividade económica).
Ex: uma holding exerce atividade económica logo é sujeito passivo de IVA – pronuncia pelo TJUE.
Um operador que exerce uma atividade económica.
Nº2: o estado quando está a exercer atividade privada, está sujeito a IVA e atividade pública também pode
estar sujeito a IVA.
Nº3: o estado é sempre sujeito passivo quando exerce aquelas atividades previstas no artigo.
Art. 3º/1: tudo o que seja transmissão onerosa de bens está sujeita a IVA, de forma correspondente ao
direito de propriedade.
Nº2: para evitar dúvidas estas coisas estão sujeitas a IVA.
Nº4: não está sujeito a IVA a fusão porque estou a transmitir em bloco todo um património (o mesmo para
cisão, entrada de ativos e aumento de capital em espécie), mas desde que os agentes sejam sujeitos passivos
de IVA.
Art. 4º/1: tudo o que não é transmissão de bem, é prestação de serviços.
Art. 6º: aquisições intercomunitárias. Como é o IVA quando há 2 países? Quando é doméstica: liquida o IVA,
deduz e entrega ao Estado; mas se vem de Espanha e compra da França, já envolve mais estados e as pessoas
só entregam imposto no seu próprio estado. o objetivo é que elas sejam iguais a uma operação doméstica,
para os operadores, mas tem de ter regras próprias e uma capacidade de controlo.
Art. 7º: o facto gerador do IVA (a obrigação de pagar IVA) não é quando recebo dinheiro, mas sim quando
coloco à disposição, faço a venda e não quando recebo o preço do bem. Nos serviços é no momento da
realização do serviço e não do pagamento dele.
Nº3: nos contratos continuados, é mês a mês, mas se o contrato disser que só se paga em 2 anos, aqui não
há nada a fazer.
Art. 8º/1: há um IVA de caixa (o IVA só é devido com o pagamento). Regra geral: prestas o serviço, tens 5
dias para emitir a fatura, emites, surge o facto tributário e surge a obrigação de entregar o imposto ao estado
ainda que não o tenhas recebido.

34
Francisca Ferreira
O imposto é um valor x taxa. qual é o valor da transmissão de bens ou prestação de serviços para depois
aplicarmos a taxa? Art. 16º: é o preço (ex: um advogado presta um serviço de 1000 euros, é esse valor e
depois aplica-se a taxa do IVA) do bem ou da prestação de serviços. Base tributável.
Taxas – art. 18º: temos 3 taxas → geral/ normal – 23% (nº1/c)); e taxa de 23% para os restantes casos; há
uma taxa reduzida, associada a um cabaz de bens de primeira necessidade (6%, lista I anexa final ao CIVA) e
bens que o estado quer beneficiar (criar um incentivo ao consumo de bens – ex: livros e jornais, reabilitação
urbana); taxa intermédia de 13% (lista II).
Nº3: as taxas das ilhas são diferentes. Tem que ver com a sua localização periférica, que faz com que os bens
tenham um preço maior pois o transporte é mais difícil e têm uma maior dependência externa para o fabrico
de bens.
Direito à dedução – art. 19º/1: direito de deduzir o imposto que suportei. O sujeito passivo pode deduzir
todo o imposto suportado nos seus imputs.
Nº2: requisito substancial – documentação (só podes deduzir se tiver uma fatura corretamente formada). A
não existência de fatura, não pode deduzir nem considerar como custo fiscal em IRC. No IRC aceita-se que,
mesmo não havendo fatura, posso deduzir se provar algo (art. 23º CIRC); mas no IVA não.
Nº3 e 4: se tenho uma fatura falsa, não posso deduzir. Tenho o documento, mas não cumpro a substância.
Tenho de ter o documento e a substância. Tributa-se apenas a realidade.
Caso da jurisprudência: há 3 operadores móveis e quis-se abrir a 4ª operador em Portugal e chegaram à
conclusão, depois de tudo feito, que não ia ser rentável. Suportaram IVA a montante, mas não tiveram IVA
a jusante porque desistiram. Tu suportas IVA a montante porque vais ter IVA a jusante; se não tens a jusante,
não o fisco não dá a dedução a montante. O TJUE veio dizer que não há uma relação de causalidade sine qua
non entre uma coisa e outra porque o direito à dedução é o direito à dedução logo, se houver um motivo
que justifique, e não houver outputs, mesmo assim tem-se o direito à dedução.
Isenções
A diretiva permite que algumas atividades ou operações estejam isentas de IVA. Há as deduções totais/
completas (absolutamente excecionais) e a dedução incompleta (art. 9º e SS).
Ex: a pessoa é operada num hospital e o estado vai por o IVA sobre a saúde? Na atividade médica era melhor
ser isenta para não aumentar o preço (9º/1).
Certas atividades frequentes/ importante por interesses particulares da atividade são isentas de IVA (ex:
bancos quando paga juros não há IVA; seguradoras; compra e venda ou arrendamento de bens imóveis –
nesta última tenho IMT logo não tenho IVA porque se houvesse IVA, não havia IMT.
Exemplo: uma empresa que tem uma casa com 4 andares e vai reabilitar – contrata uma empreitada de
obras privadas para pôr a casa direita e paga 1 milão de euros + IVA (230 mil) e depois dá de arrendamento
os 4 andares e por ano gera de renda 10 mil euros cada um logo 40 mil. Arrendamento de bens imóveis está
isento de IVA (art. 9º/29 e 30). Significa que este operador económico, nos seus outputs, vai dizer 40 mil + 0
de IVA (para o arrendamento ou para a venda). Este operador exerce uma atividade económica (construção
para venda ou para arrendamento), ele é sujeito passivo e tem, a seguir, uma isenção. Um sujeito passivo
isento de IVA comporta-se como um consumidor final, na isenção completa/ total (ele vai dizer “não tenho
IVA a jusante, mas não posso deduzir o IVA a montante – os 230 mil que suportou de IVA, não os pode
deduzir”; não liquida IVA nos outputs por isenção, não pode deduzir IVA nos imputs).

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Francisca Ferreira
Conclusão: às vezes, a isenção é pior. Se ele fosse sujeito, ele ia fazer 40 mil x 33% = 9 mil → ele preferia
liquidar 9 mil e deduzir 230.
Enquanto uma isenção nos impostos gerais é um benefício, no IVA pode ser uma “prenda envenenada”,
principalmente no ramo imóvel. A lei permite que os contribuintes possam escolher renunciar à isenção em
alguns casos (a condição é que a jusante não seja um consumidor final). Permite-se haver a renúncia à
isenção no art. 12º naquelas condições. O arrendatário não pode ser consumidor final logo, se for para
habitação, já não há isenção.
Nota: parte da renda pode ser para atividade comercial – atenção.
A rentabilidade do negócio depende disto.

Aula 24/11/2022

Imposto de Selo
Código de Imposto de Selo – artigos mencionados.
Este imposto, em Portugal, é o mais antigo e existe num corpo organizado de normas que de forma unitária
vão tributar em selo determinadas unidades.
Tem no sistema fiscal uma função residual. Ou seja, “quero tributar, não cabe noutros impostos por isso,
subsidariamente, vai para o código do selo”.
Aparentemente, quando se analisa o código, pode ser difícil ver uma sequência lógica interna (ver a
capacidade contributiva, por exemplo).
Mecânica do imposto: tem um código com artigos e, no final, a incidência remete para uma tabela. Ou seja,
as realidades que são tributadas e as taxas estão nessa tabela. O código tem todas as regras, mas a incidência
e a taxa estão vertidas numa tabela.
Dentro de si, este código tem 2 partes autónomas:
1. Tributação das operações gratuitas – regras próprias. Eram tributadas antes num código que foi
revogado e passaram em bloco para o CIS (Código de Imposto de Selo). Tem uma mecânica, base de
incidência, isenções, taxas, apuração da matéria coletável próprias.
2. Tributação das operações onerosas – regras próprias. Diz-se o mesmo que em cima.
Artigo 1º
Nº1: tem transmissões gratuitas de bens (operações gratuitas); atos, contratos, documentos, papeis
(operações onerosas – lógica documental).
As transmissões gratuitas de bens são a doação e a sucessão. Ex: eu decido doar um carro a A. Isto não cai
no IRS, no IVA, etc, mas o A ficou mais rico logo é legitimo que pague o imposto – há uma capacidade
contributiva (enriquecimento do património de forma gratuita). Se se tributa a doação, também tem de se
tributar a sucessão (transmissão gratuita universal por morte). Se uma realidade é tributada, a sua operação
económica diretamente substituível também tem de ser tributada. Logo, se tributo a doação, também tenho
de tributar a sucessão e vice-versa. Se não os contribuintes conseguiam fugir ao imposto.
Nº2: transmissões onerosas → não são sujeitas a imposto de selo, as operações sujeitas a IVA. Se há IVA,
então não pode haver selo porque o IVA é o imposto geral sobre o consumo, não podendo haver outra forma

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de tributação do consumo (a não ser os impostos especiais). Quando não há IVA, então pode haver selo.
Todas as operações sujeitas a imposto de selo nas transmissões onerosas, são operações em que não há IVA.
Nas operações gratuitas nunca há IVA, logo há selo. O IVA é sobre transmissões onerosas.
Transmissões Gratuitas
Há capacidade contributiva porque o herdeiro ou donatário têm riqueza. Problema: quem tem capacidade
contributiva, adquire habitualmente um património, tem de pagar imposto, mas o património não gera
liquidez para pagar o imposto. tem de haver uma moderação na tributação – as pessoas não podem ser
obrigadas a vender o património para pagar o imposto. Logo, tem de haver, quer na quantificação, quer no
pagamento, uma regra de benesse porque há um problema de confisco (limite jurídico da capacidade
contributiva – quem tem riqueza pode ser tributado, mas não a uma taxa tal que tenha de alienar o ativo
para pagar o imposto). Há uma ponderação por parte do legislador na modelação deste imposto. Logo, razão
constitucional: confisco + razão político-fiscal: o legislador não se sente confortável em tributar a morte
(opção política) porque o estado meio que ia aparecer parar criar confusão na herança (“que falta de
empatia”) assim tem regras de isenção sobre algumas realidades da morte. Se isenta ou cria benesse
tributária para a morte (a transmissão mortis causa) também tem de isentar a doação (transmissão inter
vivos) porque o regime tem de ser comum. O acidente de ser mortis causa ou inter vivos não pode modelar
a tributação.
Artigo 1º: sujeição
Nº3: regra da incidência objetiva (há transmissão gratuita as aqui mencionadas). Elenco exemplificativo.
a) Imóveis
b) Móveis

Estamos a raciocinar no âmbito das pessoas singulares. Regra de sujeição.
Nº 5 (opção política): o legislador quis esclarecer que certas realidades não estão sujeitas a imposto de selo,
embora sejam operações gratuitas. Regra de não sujeição.
e) Se eu faço uma doação a uma sociedade, não há selo, mas essa sociedade vai pagar IRC sobre isso.
c) Se vou doar um quadro que tenho à fundação de Serralves, ela fica mais rica, mas não vai pagar
porque vai na lei do mecenato. Adquire de forma gratuita um bem. A igreja católica também tem
uma isenção que está na concordata.
Artigo 6º - isenções
Nº1:
Alínea e) → opção política. Nas transmissões gratuitas (doação ou sucessão) em que alguém faz uma
transmissão gratuita para seu cônjuge, ascendente ou ascendente (casado ou união de facto é igual). Há
uma isenção geral de imposto de selo. Vamos à tabela geral: o que o artigo 6º isenta é o cônjuge, ascendentes
e os decentes em linha reta, por sucessão ou doação, relativamente à verba 1.2 e esta diz “se não houvesse
isenção, a taxa era 10%”. Relativamente à verba 1.1 (taxa marginal de 0,8), a doação de bens imóveis ao meu
filho, não se está sujeita a verba da 1.2, mas vai ter de pagar 0,8. Tenho de precisar no título da doação que
só doa ao filho e a mais ninguém, mas se o filho quer comunicar com a mulher pode porque está isento. Tem
de precisar porque se não precisar, não estaria isenta a parte da mulher. Segundos casamentos e temos um
filho que é só de um deles; eles doam ao filho; só uma parte está isenta e outra não porque uma parte não
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é pai. Logo tem de se cumprir em linha reta as doações (e nas sucessões). Nas sucessões faz-se um
testamento que se doa a terceiros, tem de se pagar imposto de selo (ex: transmissão para um sobrinho,
porque não é em linha reta). Tenho um cliente que não tem pais, mulher nem filhos; ele tem 20 milhões de
euros; ele quer deixar ao sobrinho; o sobrinho vai pagar o selo (10%); ele antes faz um seguro de vida e diz
que o beneficiário é o sobrinho e assim este último não tem de pagar imposto de selo porque há isenção.
A taxa do imposto é 10%, não havendo isenção.
Na morte o fisco sabe que houve transmissão gratuita (os bancos bloqueiam as contas bancárias para os
herdeiros não mexeram até provarem ao banco que pagaram imposto de selo – a morte é pública). A tensão
entre herdeiros promove os inventários e, portanto, o fisco sabe.
Qualquer imposto é uma riqueza económica x taxa = valor a pagar. nos outros impostos o valor é o lucro,
preço, salário, que tem uma repercussão financeiro; nas sucessões e doações eu vou doar uma casa – paga
10%, mas qual é o valor da casa para efeitos de imposto de selo na transmissão gratuita? Ou seja, no imposto
de selo, nas transmissões gratuitas, é um tema delicado – tem de se atribuir um valor monetário à riqueza
transmitida para se aplicar a taxa (ex: vou doar 10 pneus a A; o fisco tem de dizer que os pneus valem 1000
euros e por isso o A tem de dar 100 ao estado) → a definição da matéria coletável não há preço, não há valor
e assim o código tem de atribuir um valor (não é o preço nem o valor de mercado). O código, a partir do
artigo 13º (ao 29º), por remissão também do artigo 9º, define as regras para se dar o valor nas transmissões
gratuitas. O valor apura-se quer se aplique taxa, quer haja isenção (os filhos ao receber por doação têm de
dizer que o pai deixou quotas cujo valor patrimonial tributário é 1000 euros, segundo o código; o fisco vai
dizer que está isento; os filhos têm de fazer o inventario para depois o registo meter as quotas no nome
deles).
Artigo 13º, 15º, 16º
Por opção do legislador, no caso das doações, o sujeito passivo é o donatário (o que fica enriquecido). Na
sucessão, há uma opção do legislador em que o sujeito passivo é a herança e não os herdeiros – é mais fácil,
para o estado, cobrar o imposto, controlar o inventário se for a herança do que ser os herdeiros. Se uma
herança fica indivisa (herdeiros não partilham) e é a herança que paga o imposto, o estado é representada
pelo cabeça de casal, tem personalidade jurídica fiscal e ela tem de fazer o processamento do imposto
sucessório (liquidar e pagar, se não houver isenção).
Artigo 45º
Como funciona o processo de doação e sucessão: ocorrido o facto tributário (morte ou doação), ele tem de
ser comunicado à AT, há um processo de imposto de selo sobre a transmissão gratuita haja ou não isenção,
as finanças liquidam o imposto (tens de pagar x), o donatário ou herança têm de pagar o imposto.
O pagamento do imposto: há possibilidade de pagamento em prestações (nº3), porque não há liquidez nas
transmissões gratuitas.
A taxa de imposto é tanto menor quanto maior for a relação de parentesco – em alguns países, que não o
nosso.
Transmissões onerosas
Tributam documentos escritos descritos na tabela geral.
Verba 10, 17, 11, 22, 23, 27.

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Francisca Ferreira
Temos uma lei fiscal que está a utilizar nas suas regras de incidência outros conceitos de ramos de direito:
trespasse, títulos de crédito – comercial; seguro – direito dos seguros (art. 11º/2 LGT).
Problema do trespasse: se não se fizer um trespasse, mas se fizer uma operação que é parecido, não está
sujeito a imposto de selo porque o código de selo não fala em “outras figuras afins”.
Crédito: a pessoa vai pedir um crédito à habitação, uma sociedade pede um empréstimo bancário ou
abertura ao banco numa lógica de caixa, faço contrato de mútuo com o banco → estes contratos têm
associados uma garantia, como é o caso da hipoteca (a verba 17 e a 10 estão relacionadas). Há uma
hipotética duplicação da tributação do imposto de selo.
Verba 17
17.1: todos os créditos (não fala de bancos apenas); a taxa está associada à duração do contrato. “Nova
concessão de crédito a prorrogação do contrato” (se faço contrato de 5 anos e no 5º ano vou prorrogar por
mais 5, então tem um novo selo – é um novo contrato; mais valia fazer logo por 10 anos). A base da
tributação é a utilização do crédito (o facto tributário é a utilização do crédito) – se fizer um crédito de 1
milhão e não o utilizar, não há selo. O imposto não é a concessão (celebração do contrato, mas a utilização).
17.3: sobre os bancos.
Verba 10 – regra de incidência sobre as garantias das obrigações
Qualquer garantia tem imposto de selo. Exceção: não há selo nas garantias prestadas que estejam conexas
com um contrato que está na tabela, nomeadamente a utilização de crédito (verba 17). No caso do banco e
hipoteca não há selo – eu peço emprestado o crédito ao banco, utilizo-a, e concedo hipoteca do imóvel de
garantia. Têm de ser constituídas simultaneamente (no dia em que se concede o crédito, paga-se o imposto;
mas se constituir no mesmo dia a garantia aí não há selo; se passado um dia o banco pede a hipoteca, eu
pago o novo selo sobre a hipoteca). Lógica: não haver dois selos. Se uma empresa empresta dinheiro a outra,
aplicam-se as mesmas regras (mesmo que seja uma empresa não financeira).
O imposto de selo funciona da seguinte forma: quem tem a capacidade contributiva é o devedor (ele fica
enriquecido porque lhe emprestam dinheiro), mas quem entrega o dinheiro ao estado são os credores (o
banco empresta 1 milhão de euros, mas não o entregam porque pegam numa parte desse valor e entregam
ao estado para pagar o imposto de selo do devedor); os notários na hipoteca (o beneficiário do dinheiro não
entrega ao estado o imposto) → fenómeno da substituição.
Artigo 3º CIS
Nº1 e 3.
Artigo 2º CIS
O encargo económico está no devedor (ele recebe menos por causa do imposto), mas quem vai entregar o
imposto é o credor (banco ou notário) – facilita o cumprimento e o pagamento da obrigação.
Note-se:
Pode haver substituição total SEM retenção – ou seja, o notário não vai deduzir a rendimentos pagos – há
uma substituição porque o notário entrega o imposto ao estado ao invés do contribuinte direto, mas não há
retenção porque não há rendimentos pagos (a retenção na fonte tem que ver com os rendimentos pagos).
Logo não se aplica o art. 28º da LGT, mas aplicam-se as regras gerais: se o notário fez a ponderação de um
homem médio, mas enganou-se ou foi engano, não é responsabilizado, mas sim o devedor (beneficiário da
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Francisca Ferreira
hipoteca); se errou com culpa, é responsabilizado. Basta ter o zelo de uma pessoa normal para não ser
responsabilizado pelo erro, porque é uma retenção sem substituição. O legislador, no último OE, fez uma
alteração legislativa que no 20º/2 da LGT “designadamente” → pequena nuance. Artigo 34º LGT.
Isenções (art. 6º e 7º): quando há uma opção política de não tributar – benefício fiscal.
Empréstimos dentro do grupo: uma coisa são os bancos emprestarem, outra coisa são as empresas não
financeiras emprestarem para dentro do grupo (a empresa-mãe empresta à empresa-filha ou vice-versa).
Há concessão de crédito logo, verba 17, paga imposto de selo (em princípio). Há, contudo, uma isenção –
empréstimos dentro do grupo são isentos de imposto.
O artigo 6º fala das isenções subjetivas e o artigo 7º são isenções objetivas.
Alínea g), h), i) e j) do artigo 7º:
Alínea g): empréstimos de curto prazo (inferiores a 1 ano) destinados a carência de tesouraria (defeitos de
tesouraria), pode-se emprestar de cima para baixo ou de baixo para cima (se tiver 10% da filha ou menos de
10% se tiver uma participação de valor inferior a 5 milhões de euros; ou a filha à mãe desde que haja uma
relação de domínio).
Alínea h): se houver relação de domínio ou de grupo, podem emprestar mais de 50% umas às outras –
contrato de cash público. Operações de curto prazo (inferiores a 1 ano) + carência de tesouraria + contrato
de cash público numa relação de domínio.
Alínea i): os suprimentos são empréstimos de longo/médio prazo que a sociedade mãe empresta à filha de
forma estável e duradoura por mais de 1 ano. Há uma isenção, reunidos os requisitos. Empréstimos com
característica de suprimento (caso contrário não há isenção) logo tem de se escrever “contrato de
suprimento”. Nota: art. 1º (atos, contratos, documentos, papeis) – nestes tem de estar escrito o
“suprimento”. Tem de se deter diretamente, e não indiretamente.
Conclusão:
O desejo do legislador é: os empréstimos dentro do grupo, eu não quero tributar (seja de curto ou longo
prazo), porque é dentro do grupo. Isto é plasmado nas isenções e tem de se cumprir os requisitos.
Artigo 4º - vertente internacional.
Artigo do Carlos Lobo, imposto de selo, revista do IEDF ou na Fiscalidade, de 2000. Há um código anotado
na biblioteca. Manual: Carlos Guimarães (2 Vol.).

Aula 15/12/2022

Benefícios Fiscais

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