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4.4.1.

Controle de registros

O registro é o único meio de demonstrar que


os documentos (procedimentos e as instruções de
trabalho) relacionados ao SGSST estão sendo
cum-pridos dentro da organização, ou seja, os
registros são as únicas evidências objetivas do
SGSST.
A principal diferença entre registro da do
SGSST e documento é que o registro relaciona-se ao
passado (registro de uma atividade realizada ou
pra-ticada), enquanto que o documento relaciona-
se ao presente e ao futuro (como tenho que fazer a
minha atividade e como irei fazê-la quando ela
vier a ser melhorada) (MELLO, 2008, p. 71).
A OHSAS 18001 determina que seja estabe-
lecido, implementado e mantido
procedimento para garantir a: identificação,
armazenamento, proteção, recuperação,
retenção e descarte dos registros. Além disso,
os registros devem perma-necer legíveis,
identificáveis e rastreáveis (OH-SAS 18001,
2007, p. 71)

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Os termos identificação, armazenamento, pro-
teção, recuperação, retenção e descarte dos registros,
são entendidos como (MELLO, 2008, p. 72):
• Identificação: código ou título pelo qual o
registro é conhecido. Os registros são identificados
como Anexos dos Procedimentos ou das Instruções
de Trabalho do SGSST.;
• Armazenamento: a forma e o local onde os
registros são guardados. Os registros em papel são
arquivados em pastas suspensas, entre outras, e os
magnéticos, são gravados em discos rígidos, CD-
-ROM ou disquetes;
• Proteção: o tipo de proteção necessária para
impedir uma possível perda ou deterioração do re-
gistro, como, por exemplo, backup distante de cam-
pos magnéticos, em ambiente com temperatura con-
trolada, etc.;
• Recuperação: a forma ou ordem como os re-
gistros são recuperados para consulta depois de ar-
mazenados. Os registros são arquivados seguindo a
indexação indicada no documento, de forma a faci-
litar a sua localização. Os registros podem ser inde-
xados por ordem alfabética, numérica, cronológica,
alfanumérica ou por assunto;
• Tempo de retenção: o tempo necessário que
o registro deve ser mantido para fins de comprova-
ção da SST praticada, como seis meses, cinco anos,
etc. O tempo de retenção do registro do SGSST no

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arquivo deve ser definido conforme a sua aplicabili-
dade, respeitando sempre o tempo mínimo exigido
por lei. O tempo de descarte do registro deve ser
identificado no SGSST;
• Descarte: a forma de disposição do registro da
SST depois de vencido o tempo de retenção, como,
por exemplo, lixo, picotamento, incineração, etc.

4.4.2. Auditoria Interna

O termo auditoria é definido como: processo


sistemático, documentado e independente para ob-
ter evidências de auditoria e avaliá-las objetivamente
para determinar a extensão na qual os critérios de
auditoria são atendidos (MELLO, 2008, p. 98).
Existem três tipos de auditorias, a saber (SEI-
FFERT, 2008, p. 116):
• Auditorias de Primeira Parte: Algumas vezes
chamadas de auditoria interna, são as auditorias con-
duzidas pela própria organização, ou em seu nome,
para análise crítica pela direção e outros propósitos in-
ternos e podem formar a base para uma autodeclara-
ção de conformidade do sistema de gestão. Em mui-
tos casos, particularmente em pequenas organizações,
a independência pode ser demonstrada pela liberdade
de responsabilidades pela atividade sendo auditada.
• Auditorias de Segunda Parte: são auditorias
externas que são realizadas por partes que um inte-

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resse na organização, tais como clientes, ou por ou-
tras pessoas em seu nome.
• Auditorias de Terceira Parte: são auditorias
externas que são realizadas por organizações ex-
ternas de auditoria independente, tais como or-
ganizações que provêem certificados ou registros
de conformidade.

Incontestavelmente, a auditoria interna é a me-


lhor ferramenta de avaliação do sistema de gestão. O
objetivo deste instrumento é aferir a conformidade
e monitorar a adequação do sistema de gestão, além
de promover a oportunidade da melhoria contínua
(MARANHÃO, 2006, p. 87).
Em relação à auditoria interna do SGSST a or-
ganização deve (OHSAS 18001, 2007, p. 27):
• Garantir que as auditorias internas do SGSST
sejam conduzidas em intervalos planejados para: de-
terminar se o SGSST está em conformidade com o
planejamento da SST, se foi implementado e manti-
do corretamente e se é eficaz no atendimento a po-
lítica e objetivos da SST; e fornecer informações a
Alta Direção sobre os resultados das auditorias;
• Definir um programa de auditoria planejado,
estabelecido, implementado e mantido pela organi-
zação com base nos resultados das avaliações de ris-
cos das atividades da organização e nos resultados
de auditorias anteriores;

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• Estabelecer, implementar e manter procedi-
mento para tratar: das responsabilidades, competên-
cias e requisitos para se planejar e conduzir audito-
rias, a fim de relatar os resultados e reter registros
associados; e da determinação dos critérios, escopo,
frequência e métodos; e
• Garantir que tanto a seleção de auditores
como a condução de auditorias sejam objetivas e im-
parciais.
A Figura 22 apresenta as etapas para o progra-
ma de auditoria, seguindo a mesma lógica do ciclo
PDCA (SEIFFERT, 2008, p. 115).

Figura 22 - Ilustração do processo de gerenciamento de um programa de audi-


toria. (SEIFFERT, 2008, p. 115).

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4.5. Análise Crítica Pela Direção

A análise crítica pela direção é um dos pro-


cessos-chave para a excelência de qualquer sistema
de gestão. O processo de análise crítica pela dire-
ção consiste em analisar todas as informações das
diferentes medidas realizadas (auditorias, monitora-
mento e medição de desempenho, atendimento aos
requisitos legais e outros, etc.) e efetuar as correções
de direção que o processo de análise crítica reco-
mendar, tais como: política da SST, objetivos, metas
e indicadores. A Figura 23 apresenta de forma sucin-
ta o processo de gestão sintetizado em três ativida-
des (MARANHÃO, 2006, p. 66).

Figura 23 - Processo de Gestão sintetizado em três atividades (MARANHÃO,


2006, p. 66).

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A Alta Direção da organização deve analisar
criticamente o SGSST, em intervalos planejados,
objetivando a sua contínua adequação, pertinência e
eficácia. As análises críticas pela Alta Direção devem
(OHSAS 18001, 2007, p. 28):
• Incluir a avaliação de oportunidades de me-
lhoria;
• A necessidade de alterações do SGSST;
• A necessidade de alterações da política de SST;
• A necessidade de alterações dos objetivos de SST;
• Ser registradas. Os referidos registros devem
ser arquivados, como, por exemplo, atas de reunião.

O processo da análise crítica pela Alta Direção


deve incluir as seguintes entradas: resultados das
auditorias e das avaliações do atendimento aos re-
quisitos legais aplicáveis e de outros determinados
pela SST da organização; resultados da participação
e consulta; comunicação das partes interessadas,
incluindo reclamações; o desempenho da SST; o
atendimento dos objetivos; situação das investiga-
ções de incidentes, das ações corretivas e das ações
preventivas; ações de acompanhamento de análises
críticas pela Alta Direção anteriores; mudanças que
impactem o SGSST; e recomendações de melhorias
(OHSAS 18001, 2007, p. 28).
A saída do processo de análise critica pela Alta
Direção devem ficar disponíveis para comunicação e

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consulta e devem: ser coerentes com o comprome-
timento da organização com a melhoria contínua da
SST; incluir quaisquer decisões e ações relacionadas
a possíveis mudanças no desempenho da SST, na
política de SST; nos objetivos de SST; nos recursos
e nos demais elementos do SGSST (OHSAS 18001,
2007, p. 28).

4.4. Melhoria Contínua do SGSST

Esta melhoria depende de girarmos constante-


mente o ciclo PDCA. Girar o ciclo PDCA significa
obter previsibilidade nos processos e melhoria do
SGSST e consequentemente permitir a organização
controlar os seus riscos de acidentes e doenças ocu-
pacionais e melhorar seu desempenho.
A previsibilidade acontece pelo atendimento
aos requisitos do SGSST, pois, quando a melhoria é
evidente, adota-se o método planejado, fundamen-
tando ainda mais o do SGSST adotado.
Para que o PDCA atue como uma ferramenta
de melhoria contínua no SGSST é preciso criar uma
cultura de esforços e padronização em toda a orga-
nização, a Alta Direção precisa ter coragem para mu-
dar, sendo essencial criar massa crítica em toda orga-
nização; não podendo os colaboradores ou mesmo
a alta administração agirem sozinhos (MARSHALL
JUNIOR, 2006, p. 95).

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Figura 24 - Esforços para melhoria contínua do SGSST. Fonte: MARSHALL
JUNIOR, 2006, p. 95

A OHSAS 18001 (2007, p. 14), descreve a se-


guinte definição para melhoria contínua: processo
recorrente de se avançar com o sistema de gestão da
SST, com o propósito de atingir o aprimoramento
do desempenho da SST geral, coerente com a políti-
ca de SST da organização.
A Figura 25 apresenta a dependência da me-
lhoria do desempenho em SST em relação à efeti-
va mudança na cultura na segurança da organização
(BENITE, 2006, p. 104).

Figura 25 - Melhoria contínua em SST. (Fonte: BENITE, 2006, p. 104).

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4.5. Certificação Do SGSST

Visando o aprimoramento do SGSST foram


desenvolvidas normas e guias para o assunto, tendo
a Grã-Bretanha com participação de destaque neste
processo, através da British Standards, seu organis-
mo normalizador. Como exemplo deste pioneirismo,
em 1996, foi publicada a norma BS 8800, a qual pro-
põe uma série de elementos que compõem o SGSST.
Em 1999, foi aprovada a BSI OHSAS 18001, a qual
é uma “especificação” para Sistemas de Gestão de
Saúde Ocupacional e Segurança - OH&S.
A OHSAS foi conjuntamente desenvolvida por
alguns organismos de certificação de terceira parte,
incluindo o LRQA, organismos nacionais de normas
da Irlanda, África do Sul, Espanha, Malásia, Austrá-
lia e outras partes interessadas de todo o mundo, in-
cluindo a Federação de Funcionários de Engenharia
do Reino Unido (BENITE, 2006, p. 19).
A certificação do SGSST é o reconhecimento
formal emitido por um órgão credenciado (acredi-
tado ou reconhecido formalmente), o Organismo
Certificador Credenciado (OCC), atestando a con-
formidade de itens, processo ou atividades avaliadas
durante uma auditoria ou inspeção contra os respec-
tivos requisitos especificados por uma norma, os cri-
térios de auditoria. A certificação da OHSAS 18001,
assim como da ISO 9001 e ISO 14001, é sempre

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voluntária e nenhuma empresa é obrigada a fazê-la.
A seguir apresentaremos alguns esclarecimentos e
curiosidades em relação às questões de certificação
(MARANHÃO, 2006, p. 120):
• A certificação existe desde o século XII (certi-
ficação da qualidade prata, na Inglaterra);
• O processo de certificação naval tem pelo me-
nos 300 anos;
• A certificação pode ser de empresa, produto,
processo, pessoa, etc., que resumimos pela palavra
“item”;
• A certificação pode ser mandatória ou voluntária:
o Certificação mandatória ou obrigatória: é
quando a certificação é exigida por legislação apli-
cável, como forma de proteger a sociedade (ris-
cos à saúde, segurança, meio ambiente, etc.). São
exemplos de certificação mandatória: certificação
ou “registro” de remédios no Ministério da Saúde;
certificação aeronáutica; certificação profissional
(médicos, advogados, engenheiros, etc.) para exer-
cício da profissão;
o Certificação voluntária: é quando a certifica-
ção é solicitada e realizada em benefícios de uma
determinada organização, para vários fins: aprova-
ção, registro, credenciamento, propaganda, etc.

O OCC emite um certificado ou registro, os


quais variam de país para país, reconhecendo a con-

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formidade do SGSST em relação à OHSAS 18001.
O contrato de certificação do SGSST, objeto do
nosso estudo, pode ou não incluir auditoria de pré-
-certificação. Não há regras previamente definidas
para recomendar ou não da certificação do SGSST,
em uma eventual auditoria de certificação de tercei-
ra parte. Em geral, as não conformidades são clas-
sificadas em maiores e menores e definem sobre a
aceitação da certificação. Normalmente, o Certifi-
cado de Registro ou Certificação tem a validade de
três anos, sendo que, após a emissão do certificado,
o SGSST da organização será submetido a audito-
rias de manutenção, semestrais ou anuais (variam
conforme o contrato).
É importante que a recomendação de certifi-
cação não seja o objetivo maior do projeto, mas o
funcionamento eficaz do SGSST e, por conseguinte,
a melhoria da SST (MARANHÃO, 2006, p. 121).
Em outras palavras, caso a SST não seja capital
para a organização e os seus profissionais não este-
jam motivados e convencidos da sua importância,
de nada irá adiantar, ter um SGSST certificado, uma
vez, que a certificação do SGSST não é o passapor-
te para o céu e tampouco a garantia que as pessoas
mudaram a forma de entender os conceitos da SST
(MORAES, 2004 p. 54).
Neste capítulo, identificamos alguns exemplos
de objetos de análise de riscos (CARDELA, 2007):

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• Organização;
• Área;
• Sistemas e subsistemas;
• Processos, funções, operações;
• Atividades, etapas;
• Intervenção.
Vimos que há uma relação entre os danos e
as falhas em sistemas da organização. Enfatiza-
mos que toda organização possui sistemas, sejam
eles formais ou informais. E que estes sistemas
podem ser organizacionais (cultura organizacio-
nal, sistemas de gestão, liderança) ou operacionais
(ex.: sistemas de usinagem, de armazenamento,
de transporte, etc.).
Por fim, definimos que a avaliação de risco é
um processo para estimar/calcular o(s) risco(s)
proveniente(s) de perigo(s), levando em considera-
ção a adequação de qualquer controle existente, e
decidindo se o risco é ou não aceitável.
Para que haja melhoria num sistema de gestão
é necessário girar o ciclo PDCA. Atitudes e coragem
para mudanças são imprescindíveis para a melhoria
contínua organizacional.
Visando o aprimoramento do SGSST foram
desenvolvidas normas e guias para o assunto, tendo
a Grã-Bretanha com participação de destaque neste
processo, através da British Standards seu organis-
mo normalizador.

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A certificação do SGSST é o reconhecimento
formal emitido por um órgão credenciado (acredi-
tado ou reconhecido formalmente), o Organismo
Certificador Credenciado (OCC), atestando a con-
formidade de itens, processo ou atividades avaliadas
durante uma auditoria ou inspeção contra os respec-
tivos requisitos especificados por uma norma, os cri-
térios de auditoria. A certificação da OHSAS 18001,
assim como da ISO 9001 e ISO 14001 é sempre vo-
luntária e nenhuma empresa é obrigada a fazê-la.

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Exercícios

1. O que é perigo?

2. O que é risco?

3. Os procedimentos de emergência devem


considerar alguns elementos hipotéticos. Quais são
eles? Explique.

4. O que é desempenho? Qual a finalidade do


monitoramento e da medição do desempenho?

5. O que é a certificação do SGSST?

123
Referências

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125
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Comentados. Rio de Janeiro: Gerenciamento Verde
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dutividade para o Brasil e América Latina. OHSAS
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