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FECOMÉRCIO
Presidente
Bruno Breithaupt
Diretor Regional
Rudney Raulino
Conteudista
Paulo Roberto Ramos
Desenvolvimento e Editoração
Setor de Tecnologias Educacionais – SETED
Coordenação Técnica
Setor de Tecnologias Educacionais – SETED
CONSIDERAÇÕES ����������������������������������������������� 87
REFERÊNCIAS ��������������������������������������������������� 88
INTRODUÇÃO
Sistemas de Gestão da Qualidade (SGQs) são importantes para auxiliar na competitividade das
empresas, pois ajudam no controle e melhoria dos seus processos. Esses sistemas precisam
ser auditados para controlar o seu funcionamento e corrigir eventuais falhas. Nesse sentido,
o contexto deste curso proporciona aos alunos o conhecimento técnico básico necessário
para executar auditorias de SGQs, possibilitando acompanhar os procedimentos internos da
empresa e verificar se estão sendo realizados adequadamente, bem como se estão alinhados
com os objetivos da organização.
No contexto empresarial, este curso possibilita que seus profissionais adquiram o conhecimento
técnico necessário para facilitar a tomada de decisão, por meio das informações obtidas no
processo de auditoria, contribuindo com a melhoria dos resultados da organização.
A auditoria da qualidade é uma forma de controle administrativo que avalia a eficiência e eficácia dos
processos da empresa. Seu papel é de alta relevância, pois auxilia na redução de desperdícios e na
correção de falhas dos processos e sua melhoria, resultando em um maior poder de competitividade.
Bons estudos!
avaliar com que eficácia o sistema de gestão está alcançando os resultados por ele pretendidos,
Assim, o cumprimento pela organização dos requisitos da Norma ISO 9001:2015 (ABNT, 2015) pode ser
verificado pela auditoria interna do SGQ. Em seu capítulo 9 (ABNT, 2015, p. 20), essa Norma estabelece
que as empresas devem realizar auditorias do sistema da qualidade para prover informações sobre o
sistema, tais como, se o sistema está em conformidade com “os requisitos da própria organização para
o seu sistema de gestão da qualidade”, se atende os requisitos da Norma ISO 9001:2015, e se está im�
plementado eficazmente. Essa Norma ainda estabelece que as organizações devem:
Uma organização pode se empenhar por um longo período para implementar um SGQ, mas os resultados
em benefício da melhoria dos processos da empresa podem ser muito pequenos, ou até não existirem,
caso não se consiga manter o Sistema funcionando.
Para o seu funcionamento, os procedimentos da gestão da qualidade devem ser executados e os tipos
de registros determinados no planejamento do SGQ devem ser feitos cotidianamente, assim como a
informação deve ser documentada e ter acesso disponível, bem como ser armazenada e preservada.
A auditoria interna do SGQ, chamada de Auditoria de Primeira Parte, é uma forma de verificar o
cumprimento dos seus requisitos ao longo do tempo. Dessa maneira, a Norma ISO 19011:2018 (ABNT,
2018) é uma ferramenta adequada para fornecer informações para que organizações de todos os
portes e tipos possam realizar auditorias internas do seu sistema de gestão (auditoria de primeira
parte), para seu controle interno ou ainda com vistas a uma autodeclaração de conformidade com a
Norma ISO 9001. Segundo a ABNT (2018), também pode ser útil para orientar a realização de auditorias
por uma empresa sobre outra com a qual mantém ou almeja manter relações comerciais, por exemplo,
fornecedores (Auditoria de Segunda Parte). Outra utilidade da Norma é para a realização de auditorias
externas, desde que não sejam conduzidas para a certificação de Terceira Parte de sistemas de gestão.
Para esse fim, a Norma ABNT NBR ISO/IEC 17021-1 (ABNT, 2016) fornece orientações específicas.
Informação
Tipos de auditoria da qualidade
Auditoria de Primeira Parte: quando é realizada pela própria organização, ou em nome da pró�
pria organização e internamente.
Auditoria de Segunda Parte: quando é conduzida por organizações em seus fornecedores exter�
nos e outras partes interessadas externas.
Auditoria de Terceira Parte ou Auditoria externa: quando é realizada por um organismo exter�
no para certificação e/ou acreditação, ou auditoria estatutárias regulamentar e similar.
Uma auditoria pode ser realizada com vistas a analisar um critério de auditoria específico isoladamente ou
vários ao mesmo tempo. A Norma ABNT ISO 19011:2018 (ABNT, 2018, p. viii) apresenta alguns exemplos
desses critérios de auditoria:
Em uma Auditoria de Segunda Parte, por exemplo, uma organização que deseja comprovar se o SGQ
de uma empresa, que é sua fornecedora, atende aos requisitos estabelecidos para o fornecimento
dos produtos ou serviços, a fim de proteger sua marca e reputação. Os requisitos a serem analisados
para verificar a conformidade podem ser os mesmos da Norma ABNT ISO 9001, ou outros requisitos
do seu SGQ.
Você consegue imaginar alguma empresa que realize auditoria sobre seus fornecedores?
Reflita um pouco sobre o assunto e você notará que esse tipo de procedimento é perfeitamente possível
e depende do contrato estabelecido entre cliente e fornecedores.
Uma auditoria pode ser demandada em função de diferentes situações. Normalmente, esse tipo de
atividade é realizado para verificar o quanto as atividades de uma organização estão de acordo, ou
conformes com o SGQ, e, também, para verificar a eficácia do SGQ. Assim, três situações principais
poderiam dar início a uma auditoria:
Mas, afinal, qual é a relação dessas auditorias com a auditoria interna do SGQ?
Como se trata de uma auditoria interna, ou de Primeira Parte, são os colaboradores da empresa que
a realizam. Para tanto, é definida uma equipe de auditores internos cuja responsabilidade é auditar
os processos da organização, a qual deve possuir um número suficiente de colaboradores capazes de
realizar a auditoria dos processos de todos os setores da empresa.
Importante
Considerando que um colaborador não pode auditar o seu próprio processo, por razões éticas,
é importante que todos os setores estejam representados na equipe capacitada para realizar
as auditorias internas do SGQ da empresa. Assim, representantes de um setor poderão auditar
processos de outros setores, sendo os processos do seu setor auditados por outros colegas.
ABNT ISO 19011:2018: Esta Norma “fornece orientação sobre a auditoria de sistemas de gestão, incluindo os princípios de
auditoria, a gestão de um programa de auditoria e a condução de auditoria de sistemas de gestão, como também orientação
sobre a avaliação de competência de pessoas envolvidas no processo de auditoria. Essas atividades incluem a(s) pessoa(s)
que gerencia(m) o programa de auditoria, os auditores e a equipe de auditoria” (ABNT, 2018, p. 1).
Auditado
É a organização objeto da auditoria, podendo ser a organização como um todo ou suas partes.
Auditor
Auditoria
Auditoria combinada
É a auditoria realizada abordando dois ou mais sistemas de gestão no mesmo auditado. É comum
uma organização possuir mais de um sistema de gestão, por exemplo, qualidade, meio ambiente e
saúde e segurança do trabalho. Nesse caso, trata-se de um sistema de gestão integrado.
Auditoria conjunta
Cliente da auditoria
É quem solicitou a auditoria, seja uma organização ou uma pessoa. Neste ponto é importante
mencionar que a Norma ABNT ISO 19011:2018 estabelece que o cliente da auditoria pode ser não
apenas a própria organização auditada ou o gestor do programa de auditoria, mas também uma
organização externa, como clientes existentes ou potenciais, reguladores ou partes contratantes.
Competência
“Capacidade de aplicar conhecimentos e habilidades para alcançar resultados pretendidos” (ABNT, 2018,
p. 5). São características do comportamento pessoal exigidas do auditor para a realização da auditoria.
Conclusão de auditoria
Com base nos objetivos e nas constatações da auditoria, a equipe de auditoria apresenta o resultado desta.
Conformidade
Constatação de auditoria
Trata-se do resultado da comparação das evidências de auditoria (os fatos verificados na auditoria)
com os critérios desta (o estabelecido para verificação). Como resultado da constatação de auditoria,
podemos ter tanto a confirmação da concordância do registro verificado com o critério auditado, o que
indica “conformidade”, ou uma situação divergente ou uma “não conformidade”, o que se configura
como uma oportunidade para melhoria.
Critérios de auditoria
Conjunto de requisitos a serem verificados e comparados pela auditoria. São usados como referência
para comparação com as evidências objetivas.
Equipe de auditoria
É formada por um ou mais auditores, os quais podem ser apoiados por especialistas para realizar
a auditoria. Deve ter um líder da equipe de auditoria, na qual é possível a inclusão de auditores em
treinamento.
Escopo de auditoria
É o conteúdo da auditoria, ou seja, sua abrangência e seus limites. Na descrição do conteúdo da auditoria,
geralmente, as informações acerca do que será auditado incluem descrição sobre as localizações físicas
ou virtuais, as unidades organizacionais, as atividades e processos a serem auditados, e sobre o período
de tempo coberto pela auditoria.
Especialista
Trata-se de uma pessoa que auxilia a equipe de auditoria, fornecendo conhecimento ou experiência
específicos. Tal conhecimento ou experiência pode ser relativo tanto à organização, como ao processo
ou atividade objeto da auditoria, ou ainda ao idioma ou cultura. É importante salientar que um
especialista não desempenha a função de auditor juntamente com a equipe de auditoria, apenas a
auxilia com o seu conhecimento ou experiência.
Evidência de auditoria
São os registros, apresentação de fatos ou outras informações, que sejam verificáveis e estejam
relacionadas aos critérios de auditoria. Portanto, as evidências de auditoria são comparadas aos seus
critérios para verificar o funcionamento do SGQ.
Evidência objetiva
Trata-se de dados que servem como apoio para demonstrar a existência ou a veracidade de algo,
podendo ser obtida através de observação, ensaios, medição, ou outros meios. No caso de auditorias,
uma evidência objetiva pode ser um registro, declarações ou outra informação que seja verificável e
pertinente em relação aos critérios de auditoria.
Não conformidade
Programa de auditoria
São “arranjos para um conjunto de uma ou mais auditorias, planejado para um período de tempo
específico e direcionado a um propósito específico” (ABNT, 2018, p. 2).
Plano de auditoria
É o documento que descreve as atividades e arranjos para a realização de uma auditoria. Aqui, cabe destacar
a diferença entre programa e plano de auditoria. Enquanto o programa se refere a uma programação das
auditorias da organização para um determinado período, por exemplo, durante determinado ano, o plano
diz respeito ao que será feito durante a auditoria especificamente e como ela será realizada.
Risco
É o efeito da incerteza, que pode ser positivo ou negativo, sendo, geralmente, definido com base na
combinação da probabilidade de ocorrência de um evento com as possíveis consequências da ocor�
rência do evento.
Sistema de gestão
CONSIDERAÇÕES DO TÓPICO 1
Neste primeiro tópico, estudamos os objetivos da auditoria e as terminologias usadas em auditorias de
SGQ. O objetivo foi apresentar algumas bases sobre as quais as auditorias do SGQ se apoiam. Como
você pôde observar, há mais de uma razão para a realização de uma auditoria, pois os objetivos dessa
atividade nem sempre são iguais. Por vezes, uma empresa realiza a auditoria como forma de preparação
para uma auditoria externa, enquanto o objetivo em outro momento, ou de uma outra empresa, pode
ser identificar oportunidades de melhoria do SGQ, dentro da visão de melhoria contínua.
Além disso, você aprendeu que as auditorias podem ser de Primeira, Segunda e Terceira Parte,
sendo que essa classificação está relacionada, também, com os objetivos da auditoria. Por fim, teve
a oportunidade de conhecer diversas terminologias utilizadas em auditorias de SGQs, como critérios,
evidência e constatação de auditoria, termos esses cuja interpretação nem sempre é realizada
corretamente nas empresas. O entendimento de cada uma dessas terminologias vai lhe auxiliar no
entendimento dos elementos que serão estudados neste curso.
Na sequência, você conhecerá os princípios de auditoria, que regem atividades realizadas pelos auditores
e estudará as competências dos auditores e os processos de avaliação dos auditores.
Em uma auditoria interna da qualidade, na qual algum membro da equipe de auditoria tivesse que ser
substituído por alguma razão, o resultado dessa poderia ser diferente em relação ao auditor titular.
Uma vez que as pessoas possuem características individuais, as quais podem influenciar suas decisões,
alguns princípios de auditoria são estabelecidos na Norma ABNT ISO 19011:2018 (ABNT, 2018) com o
intuito de reduzir a possibilidade de parcialidade ou subjetividade no processo de auditoria.
Apresentação justa - É uma obrigação do auditor o relato objetivo, em tempo hábil, verda�
deiro, exato, claro e completo da auditoria. Nem sempre tudo ocorre com tranquilidade em
uma auditoria, por vezes ocorrem divergências entre auditor e auditados, ou são encontrados
obstáculos para as atividades de auditorias. Esses fatos devem ser devidamente registrados
pelo auditor no seu relatório.
Em outras palavras, se determinado auditor constatou uma evidência na sua auditoria, ela
deve poder ser verificada por outro auditor, que use o mesmo método racional estabele�
cido pelo primeiro.
Abordagem baseada em risco - Esse princípio trata da consideração dos riscos e oportu�
nidades para a auditoria. Tal consideração deve influenciar tanto o planejamento quanto à
condução e o relato das auditorias, assegurando, assim, que as auditorias foquem em as�
suntos de relevância para o cliente da auditoria e contribuam para o alcance dos objetivos
do programa de auditoria.
Conforme vimos no tópico 2, os auditores internos da qualidade precisam seguir uma série de princí�
pios de auditoria. Para tanto, é importante que demonstrem e possuam determinados conhecimen�
tos e habilidades apropriados para o trabalho de auditoria.
Segundo a Norma ABNT ISO 19011:2018 (ABNT, 2018, p. 35), alguns dos comportamentos pessoais
necessários aos auditores abrangem ser:
b) mente aberta, isto é, estar disposto a considerar ideias ou pontos de vista alternativos;
estatutários (ABNT, 2018, p. 35). Contudo, tais conhecimentos não deveriam ser apenas desejáveis,
mas considerando a sua importância para as atividades de auditoria, podem ser considerados como
conhecimentos e habilidades mínimas para o auditor. Caso candidatos a executar os processos de
auditoria interna não possuam esses conhecimentos e habilidades, a organização deve buscar realizar
sua capacitação, para que possam realizar o trabalho de auditoria com mais propriedade.
Auditores internos de qualidade também devem ter conhecimentos específicos no sistema de gestão em
análise. Em outras palavras, um profissional que audita sistema de gestão da qualidade precisa compreender
a Norma ISO 9001 (ABNT, 2015), não basta conhecer apenas outras normas de sistemas de gestão.
Conforme você verá no tópico sobre implementação do programa de auditoria, é necessário que a equipe
de auditoria possua um líder. Certamente, as competências desse profissional são diferenciadas em relação
aos demais membros da equipe. Nesse sentido, a ABNT ISO 19011:2018 (ABNT, 2018, p. 38) cita algumas
competências desejáveis para um líder de equipe de auditoria, tanto específicas como o entendimento sobre
interações entre diferentes sistemas de gestão (por vezes, a empresa adota um sistema de gestão integrado,
como qualidade, meio ambiente e saúde e segurança do trabalho), bem como a compreensão dos requisitos
específicos de cada um dos sistemas de gestão adotados na empresa. Essas competências são:
b) discutir questões estratégicas com a Alta Direção do auditado para determinar se ela con�
siderou estas questões ao avaliar seus riscos e oportunidades;
e) representar a equipe de auditoria nas comunicações com a(s) pessoa(s) que gerencia(m) o
programa de auditoria, o cliente de auditoria e o auditado;
Avaliações, em geral, principalmente quando se trata de pessoas, trazem riscos de falta de objetividade
ou de subjetividade. Portanto, sempre é recomendável reduzir esse tipo de risco. No caso de avaliações
de auditores internos de qualidade, a Norma ABNT ISO 19011:2018 (ABNT, 2018) recomenda que se
utilize uma combinação de diferentes métodos de avaliação, buscando objetividade, coerência, justiça e
confiabilidade em seus resultados. O Quadro 2 apresenta seis possibilidades de métodos de avaliação,
identificando para cada um deles seus objetivos e exemplos.
Análise de registros de
educação, treinamento,
Verificar a formação profissio�
Análise crítica dos registros emprego, credenciais
nal do auditor.
profissionais e experiência
em auditar.
Pesquisas, questionários,
Fornecer informação sobre referências pessoais,
Realimentação como o desempenho do audi� testemunhos, reclamações,
tor é percebido. avaliação de desempenho,
análise crítica por pares.
Avaliar o comportamento
profissional e a habilidade de
comunicação desejados, para
Entrevista Entrevista pessoal.
verificar informação e testar
conhecimento e para adquirir
informação adicional.
Avaliar o comportamento
Desempenho de funções,
profissional desejado e a
Observação auditorias de testemunho e
capacidade para aplicar
desempenho no trabalho.
conhecimento e habilidades.
Avaliar o comportamento e
Exames orais e escritos,
Teste conhecimento e habilidades
testes psicométricos.
desejadas e sua aplicação.
Como você pôde verificar no Quadro 2, há várias opções de métodos de avaliação. Portanto, cabe à
empresa, com base na sua experiência, na viabilidade de utilização de cada método, características da
equipe e cultura organizacional, definir qual composição de métodos será utilizada.
Dentro do princípio da melhoria contínua, é válido definir um conjunto de métodos, testar sua
aplicabilidade e avaliar os resultados de sua aplicação. Caso os resultados não forneçam as
informações desejadas pela organização, seja em conteúdo, em confiabilidade ou em outro critério,
a empresa pode modificar a composição dos métodos para aplicá-los em um novo ciclo de avaliação,
buscando melhorar continuamente os resultados das avaliações.
CONSIDERAÇÕES DO TÓPICO 2
Este tópico foi direcionado para os princípios de auditoria e as competências dos auditores, incluindo
métodos para a avaliação de auditores. Uma informação bastante importante para o entendimento
do papel e responsabilidade do auditor, que abordamos neste tópico, foi de que a Norma ABNT ISO
19011:2018 estabelece um conjunto de princípios de auditoria que têm o objetivo de reduzir a possi�
bilidade de parcialidade ou subjetividade no processo de auditoria. Alguns dos princípios estudados
foram a integridade, a apresentação justa (com relação ao relato das auditorias), o devido cuidado
profissional e a confidencialidade na realização das auditorias.
Com relação às competências importantes para um auditor, a Norma ABNT ISO 19011:2018 orienta, entre
outras competências, que o auditor deve ser ético, diplomático, observador e perceptivo. Além disso, é
importante que os auditores internos tenham conhecimento dos sistemas de gestão que analisam. Assim,
para um profissional que atua como auditor interno de um SGQ é importante que possua conhecimento
específico da Norma ISO 9001:2015.
Conforme você aprendeu neste tópico, sobre a avaliação de auditores, podem ser usados, dentre
outros, os métodos de análise de registros de educação, de treinamentos, pesquisas, questionários,
entrevista pessoal, observação do desempenho de funções, exames orais e escritos.
Como um programa se configura como “arranjos para um conjunto de uma ou mais auditorias, plane�
jado para um período de tempo específico e direcionado a um propósito específico” (ABNT, 2018, p. 2),
é importante um controle sobre tal processo. Nesse sentido, a Norma ABNT ISO 19011:2018 (ABNT, 2018)
estabelece um fluxograma do processo de gestão do programa de auditoria, o qual segue os princípios do
ciclo PDCA (do inglês Plan - Do - Check - Act, respectivamente, em português, Planejar - Fazer - Checar - Agir)
ou ciclo da qualidade, como também é conhecido.
O ciclo PDCA é uma ferramenta para auxiliar no controle da qualidade da empresa, mantendo
ou melhorando o desempenho dos processos, o que significa aprimorar os seus padrões de uma
maneira contínua, correspondendo cada ciclo de melhoria a um novo nível de controle, ou seja,
estabelecimento de novas metas de qualidade do processo (CAMPOS, 2004).
CICLO PDCA
Agir Planejar
A P
Corrigir; Definir metas;
Atuar no processo. Determinar métodos.
Act Plan
Checar
Avaliar;
Verificar ações.
C D
Check Do
Fazer
Educar e treinar;
Executar trabalho.
Como evidencia a Figura 1, o ciclo PDCA gira no sentido horário. Na busca pela melhoria contínua de
um processo, o ciclo tem início com mudanças ou adaptações em determinado processo e a definição
de metas e métodos para atingi-las no sentido de melhorar determinado processo. Essa fase é
chamada de “planejar”, representada pela letra “P”, que é a inicial do verbo em inglês “to plan”, que
significa planejar, em inglês. Após as definições das metas e dos métodos para atingi-las, o que foi
planejado é posto em prática, o que, muitas vezes, demanda capacitações e treinamentos, para
que, então, a equipe responsável pelo processo possa executá-lo a partir das novas definições.
Assim, a segunda fase é denominada “executar”, sendo representada pela letra “D”, que é a inicial
do verbo “to do”, que significa fazer. Na terceira fase, deve ser feita a conferência ou checagem dos
resultados alcançados com a execução do processo com as modificações ou adaptações planejadas
no início do ciclo. Essa fase, portanto, é denominada avaliar, sendo representada pela letra “C”, que é a
inicial do verbo “to check”, que significa checar ou verificar, em inglês. Após a verificação dos resultados
na terceira fase, passa-se para a quarta etapa, em que é realizada uma análise dos resultados obtidos
com a checagem e são tomadas decisões no sentido de atuar sobre os resultados, seja para corrigir o
processo, caso as metas não tenham sido atingidas, seja para encaminhar novas modificações para
melhoria de outros pontos do processo. A última fase, portanto, é denominada atuar ou corrigir, sua
representação é feita pela letra “A”, que é a inicial do verbo “to act”, que significa agir, em inglês.
Esse ciclo foi desenvolvido na década de 1920, por Walter Shewhart, mas foi Willian Deming que o
popularizou. Deming estabeleceu seus princípios da qualidade total, os quais podem ser aplicados em
organizações de qualquer porte e em qualquer departamento de uma organização (Camargo, 2011).
A Figura 2 apresenta esses princípios.
Parar com a prática de aprovar orçamentos somente com base no preço. Desenvolva
4º parcerias com fornecedores, em um relacionamento de longo prazo fundamentado na
lealdade e confiança.
Instituir liderança. O objetivo da chefia deve ser o de colaborar com os elementos envolvidos
7º
no processo (pessoas, máquinas e dispositivos) a executarem um trabalho melhor.
O ciclo de Deming é utilizado na gestão de um sistema de gestão da qualidade, o qual é objeto de auditorias
que seguem as normas que estamos estudando neste curso e cujos requisitos são estabelecidos pela Norma
ABNT ISO 9001 (ABNT, 2015).
Agora, compreenda como o ciclo PDCA pode ser usado por uma organização em seu sistema de gestão.
Agir Planejar
A organização executa as ações A organização estabelece os objetivos de
A P
necessárias para a melhoria do sistema seu sistema de gestão, bem como os
de gestão, a partir dos resultados processos e recursos que seriam necessários
reportados. para que os resultados desses processos
Act Plan atendam aos requisitos dos clientes e às
políticas estabelecidas pela organização.
Checar
Envolve o monitoramento e medição dos
C D
Check Do
Fazer
Executa-se o que foi planejado na fase
resultados do que foi executado, anterior.
relacionando-os com os requisitos dos
clientes e com as políticas estabelecidas pela
organização. É neste momento que se
reportam os resultados.
Sendo assim, é importante que a alta direção da empresa, que estabelece um programa de auditoria,
defina autoridade específica para que tal programa possa ser gerenciado e melhorado continuamente.
A gestão de um programa de auditoria é realizada com o uso do PDCA, seguindo o fluxograma con�
forme a Figura 4, com base em estabelecimento (planejar), implementação (fazer), monitoramento
(checar), análise crítica e melhoria do programa de auditoria (agir).
5.2 Estabelecendo
objetivos do programa
de auditoria
5.4 Estabelecendo o
programa de auditoria
Seção 6
6.2 Iniciando
a auditoria
6.5 Preparando e
6.6 Concluindo
distribuindo o
a auditoria
relatório da auditoria
Como você pôde observar na Figura 4, um programa de auditoria pode ser beneficiado pela política de
qualidade implementada pela organização, ou seja, a empresa aplica princípios da gestão da qualidade
para todos os seus processos, inclusive o processo de gestão do programa de auditoria.
A Norma ABNT ISO 19011:2018 (ABNT, 2018, p. 8) apresenta uma relação das informações que podem
constar em um programa de auditoria, de modo a possibilitar o cumprimento dos prazos e a condução
eficaz das auditorias:
f) critérios de auditoria;
Essa Norma ainda sugere que se monitore, continuamente, o programa de auditoria, com o intuito de
assegurar o alcance dos seus objetivos, bem como seja realizada análise crítica da auditoria, visando
a sua melhoria.
Videoaula
Para compreender a relação do PDCA com o fluxograma do processo de gestão do programa de
auditoria, estabelecido na Norma ABNT ISO 19011, clique aqui e assista ao vídeo.
Exemplo
Se a sua empresa está implementando um SGQ e pretende certificá-lo, o programa de auditoria pode
ter como objetivo satisfazer os requisitos da Norma ABNT ISO 9001 para a certificação, pois esse tipo
de programa é um dos requisitos da referida Norma.
Exemplo
A sua empresa estabeleceu, com determinados clientes, certos requisitos contratuais sobre qualidade
e precisa verificar a conformidade a respeito desses requisitos para comprová-la aos clientes.
O estabelecimento de um programa de auditoria pode servir para tal objetivo.
Outra situação possível seria o objetivo de contribuir com a melhoria do SGQ da empresa, indepen�
dentemente de certificação ou contratos. Lembre-se de que a melhoria contínua deve estar presente
o tempo todo nas iniciativas da empresa acerca dos seus processos.
Dessa maneira, os objetivos pelos quais está sendo implementado um programa de auditoria direcionarão
várias decisões sobre qual perfil terá tal programa, incluindo a sua abrangência, responsabilidades e
procedimentos, ou seja, o planejamento e a realização das auditorias.
Para o estabelecimento dos objetivos do programa de auditoria, pode-se levar em conta várias questões,
como (ABNT, 2018, p.10):
Os riscos estão associados a possíveis influências negativas das características do auditado sobre o
programa de auditoria, enquanto as oportunidades se associam a possíveis influências positivas.
Riscos - Como exemplo de risco, é possível citar os recursos, como o tempo. Caso o auditado não
disponha de tempo adequado para desenvolver o programa de auditoria ou para conduzi-la, isso
pode influenciar negativamente o programa de auditoria. Outro exemplo de risco seria a falta de
competência da equipe selecionada para a auditoria, o que poderia prejudicar a condução eficaz
da auditoria.
A Norma ABNT ISO 19011:2018 (ABNT, 2018, p. 11) apresenta uma relação de possibilidades de associação
dos riscos:
b) recursos, por exemplo, dispor de tempo, equipamento e/ou treinamento insuficientes para
desenvolver o programa de auditoria ou conduzir uma auditoria;
c) seleção da equipe de auditoria, por exemplo, competência global insuficiente para conduzir
auditorias eficazmente;
Para gerenciar o programa, é necessário que a(s) pessoa(s) responsável(eis) tenha(m) o devido preparo e
conhecimento sobre auditorias, ou seja, que compreenda(m) como se aplicam as técnicas de auditoria,
qual a competência necessária aos auditores e que tenha(m) um entendimento sobre os princípios que
devem ser obedecidos por uma auditoria (aproveite para revisar o tópico 2 - Princípios de auditoria).
Para o estabelecimento dos recursos necessários para o programa de auditoria, devem ser analisadas
algumas questões:
Processos necessários para obter a competência dos auditores e aperfeiçoar o seu desempenho.
Na Norma ABNT ISO 19011:2018 (ABNT, 2018, p. 13) constam informações sobre o estabelecimento da
extensão do programa de auditoria. Uma das orientações sugere que essa extensão seja estabelecida
pelas pessoas que gerenciam o programa, e a extensão do programa pode variar em função das
informações fornecidas pelo auditado sobre os processos nos quais está envolvido.
Exemplo
Para o caso de empresas de pequeno porte ou um pequeno projeto, é possível que o programa de
auditoria englobe apenas uma auditoria.
preocupações das partes interessadas, como reclamações de clientes, não conformidade com
requisitos estatutários e regulamentares, e outros requisitos com os quais a organização esteja
comprometida, ou questões de cadeia de suprimentos;
Dependendo do tipo de empresa e da sua complexidade na programação dos recursos, também pode
ser preciso considerar necessidades de viagens para realizar auditorias em unidades distanciadas
geograficamente.
Exemplo
Imagine o estabelecimento de um programa de auditoria da qualidade que abranja várias unidades
de uma empresa localizadas em diferentes municípios de um estado. Haverá, neste caso, necessidade
de gastos de viagens, alimentação e hospedagem para que possam ser realizadas as auditorias em
todas as unidades. Portanto, é preciso programar a necessidade desse tipo de recurso.
Além disso, a Norma ABNT ISO 19011:2018 (ABNT, 2018, p. 13-14) sugere algumas questões a serem
consideradas pelas pessoas que gerenciam o programa de auditoria para determinar os recursos do
programa de auditoria:
Ver A.1: As chamadas “ver A.1”, “ver 5.4.3”, “ver 5.3” e “ver A.5” são do texto
original da Norma ABNT ISO 19011:2018 e se referem a tópicos da Norma.
Após definidas todas essas questões relacionadas ao estabelecimento do programa de auditoria, que
em resumo são o próprio planejamento de como deverá funcionar o programa, passa-se para a próxima
etapa que é a sua implementação propriamente dita.
Embora o programa de auditoria tenha objetivos globais, previamente estabelecidos, é importante que
para cada auditoria individual, em função de suas características específicas, sejam definidos objetivos,
escopo e critérios de auditoria específicos. Essas definições, por sua vez, vão influenciar na escolha dos
métodos a serem utilizados na auditoria, tais como auditoria no local, remota ou a combinação de ambas,
buscando sempre a eficácia e eficiência da auditoria.
Nesse sentido, a Norma ABNT ISO 19011:2018 (ABNT, 2018, p. 15) apresenta uma sugestão de objeti�
vos que podem ser incluídos em uma auditoria:
Da mesma forma que para a definição dos recursos do programa de auditoria, a Norma ABNT ISO
19011:2018 sugere que a seleção dos métodos de auditoria e dos membros da equipe de auditoria seja
feita por quem gerencia o programa de auditoria, buscando a condução eficaz e eficiente das auditorias.
A Norma também sugere que o uso dos métodos de auditoria seja equilibrado, considerando, entre
outras questões, os riscos e oportunidades associadas.
A seleção dos membros da equipe de auditoria, incluindo o líder da equipe e especialistas, deve ser
feita com base nas competências necessárias dos profissionais para alcançar os objetivos da auditoria
dentro do escopo planejado.
A Norma ABNT ISO 19011:2018 (ABNT, 2018, p. 16) também sugere uma série de considerações no
momento de decidir o tamanho e a composição da equipe da auditoria:
b) complexidade da auditoria;
Ainda na execução do programa de auditoria, é preciso fazer com que ocorra a seleção das equipes
de auditoria e o alinhamento da execução das auditorias ao que foi estabelecido no programa, assim
como garantir a disponibilização dos recursos previstos e necessários para as atividades dos auditores
de acordo com o planejado e fazer os registros das atividades de auditorias.
Na seleção da equipe de auditoria, é importante que seja definido um líder da equipe. Essa função
deve ficar sob responsabilidade de quem gerencia o programa de auditora, sendo que o líder de
equipe deve ser definido com tempo suficiente para um adequado planejamento da auditoria a ser
realizada (ABNT, 2018).
Como estamos em um processo de melhoria contínua, é fundamental que após a auditoria sejam
realizadas avaliações da auditoria, tais como sobre seus alcances em relação ao programa de
auditoria, bem como análise crítica a respeito da eficácia das ações tomadas a partir das constatações
da auditoria. Recomenda-se, também, que deva ser assegurado que os relatórios elaborados sejam
analisados criticamente e aprovados, e, do mesmo modo, que sejam distribuídos para as partes
interessadas, inclusive servindo como feedback para os clientes da auditoria.
Caso o seu superior hierárquico na empresa lhe solicitasse comprovar que o programa de auditorias está
realmente sendo implementado, o que você faria?
Reflita um pouco sobre o assunto, antes de ler o parágrafo seguinte.
Conheça no Quadro 3, a relação apresentada pela Norma ABNT ISO 19011:2018 (ABNT, 2018, p. 19)
sobre o que deve ser incluído nos registros do programa de auditoria.
Informação
A Norma ABNT ISO 19011:2018 pode ser adquirida por meio do Catálogo da ABNT.
Para isso, necessitamos monitorar o programa periodicamente, verificando se ele está atendendo aos
objetivos para os quais foi estabelecido.
Para realizar o monitoramento do programa de auditoria algumas orientações são importantes para
o responsável pelo monitoramento, tais como avaliar (ABNT, 2018, p. 19):
d) feedback para clientes de auditoria, auditados, auditores, especialistas e outras partes inte�
ressadas pertinentes;
Observe que um programa de auditoria não possui um conteúdo definitivo, pois é dinâmico, ou seja,
da mesma forma que procuramos melhorar continuamente os processos das empresas por meio da
gestão da qualidade, o mesmo foco pode ser dado para o programa de auditoria. Isto é, por melhor
que ele seja planejado, durante a sua execução, ao longo do tempo, podemos e devemos monitorá-lo
e analisá-lo, para que consigamos agir para a sua melhoria continuamente.
Videoaula
Clique aqui para assistir ao vídeo referente ao detalhamento das atividades constantes no fluxograma
do processo de gestão de um programa de auditoria.
CONSIDERAÇÕES DO TÓPICO 3
Finalizamos o terceiro tópico do curso. Nesta etapa, você estudou um conjunto de atividades realizadas
para o gerenciamento de um programa de auditoria. Uma constatação que talvez lhe pareça curiosa
é que esse gerenciamento pode ser realizado utilizando o ciclo PDCA, que tem várias aplicações na
gestão de um sistema da qualidade, com base no estabelecimento (planejar), implementação (fazer),
monitoramento, análise crítica (checar) e melhoria do programa de auditoria (agir).
O próximo tópico abordará os procedimentos de auditoria, desde o início da auditoria até a condução
da auditoria de acompanhamento após o seu encerramento.
Planeje seus estudos e inicie essa nova etapa do curso. Vamos em frente!
Seção 6
6.2 Iniciando
a auditoria
6.5 Preparando e
6.6 Concluindo
distribuindo o
a auditoria
relatório da auditoria
Ao observar a Figura 5, podemos constatar que há uma série de providências a serem tomadas, antes de
conduzir as atividades da auditoria. Elas são necessárias para a organização do trabalho de auditoria e
para que este possa ser realizado com eficácia e, realmente, contribua para a melhoria contínua do SGQ.
Na sequência das atividades apresentadas na Figura 5, são estabelecidos vários passos que levarão à
conclusão da auditoria, logo após a distribuição do seu relatório. Cabe observar que o item “Conduzindo
a auditoria de acompanhamento” não faz mais parte da auditoria propriamente dita, mas consta na
Figura porque pode ser inserido no plano da auditoria, para verificar o encaminhamento das questões
apuradas durante o processo de auditoria.
Na sequência, apresentaremos a descrição de cada uma das etapas de sequenciamento das atividades
de auditoria apresentadas na Figura 5, as quais podem ou não seguir a sequência exata do fluxo da
referida Figura, dependendo de especificidades, como o que será o auditado, quais os processos serão
auditados e de circunstâncias específicas da auditoria.
Quando se trata de uma auditoria interna do SGQ de uma empresa de pequeno porte, normalmente,
a equipe de trabalho não é muito numerosa. Já quando a empresa é maior e necessita-se, por exemplo,
auditar várias unidades da empresa, o tamanho da equipe tende a aumentar. Sendo assim, haverá maior
necessidade de definir detalhadamente as atribuições de cada um durante o processo e a autoridade do
líder da equipe.
1ª ETAPA 2ª ETAPA
Antes do início da auditoria, convém que o auditor líder da equipe, ou que seja responsável pelo
gerenciamento do programa de auditoria, inicie contato com o auditado para facilitar o processo de
auditoria a ser realizado.
Esse contato inicial entre equipe de auditoria e o auditado pode ter como objetivos:
Confirmar que a equipe tem autoridade para realizar a condução do processo de auditoria;
Informar ao auditado sobre o objetivo e escopo da auditoria, sobre quem será a equipe
auditora e qual a duração de todo o processo;
1ª ETAPA 2ª ETAPA
Mesmo a auditoria estando planejada de acordo com o programa de auditoria da empresa para determi�
nado período, no momento de realizá-la, nem sempre há viabilidade para sua execução. Podem inviabilizá�
-la questões relacionadas com a insuficiência e/ou falta de informações apropriadas para a sua realização,
falta de cooperação do auditado, seja de determinado setor da empresa, seja da organização integralmen�
te, e disponibilidade não adequada de tempo e recursos para a realização do processo (ABNT, 2018).
Se a sua empresa pretende implementar um Sistema de Gestão da Qualidade SGQ, provavelmente, ela
adquirirá a Norma ABNT ISO 19011:2018. Então, você poderá utilizá-la para conhecer mais informações
sobre esse assunto.
Videoaula
Para assistir ao vídeo sobre a atividade “Iniciando a auditoria”, clique aqui.
Agora que você já conheceu as etapas da atividade “Iniciando a auditoria”, prossiga e conheça a segunda
atividade da auditoria: “Preparando as atividades da auditoria”.
Além disso, para a otimização do trabalho dos auditores internos é importante que a documentação do
SGQ seja verificada com antecedência, para checar se há condições mínimas para realizar a auditoria,
pois o processo envolve a disponibilização de tempo dos auditores internos e dos auditados durante a
auditoria, e o desperdício de tempo não é desejável por nenhuma das partes.
A análise crítica prévia da documentação pode incluir, por exemplo, a verificação dos registros do SGQ e
relatórios de auditorias anteriores, considerando os objetivos e o escopo da auditoria que se pretende
realizar, bem como “o contexto da organização do auditado, incluindo seu tamanho, natureza e comple�
xidade, e seus riscos e oportunidades relacionados” (ABNT, 2018, p. 22).
Um auditor interno da qualidade necessita ser um profissional organizado. Assim sendo, deve planejar
adequadamente as suas atividades para a realização da auditoria. Desse modo, para preparar as ativida�
des de auditoria no local a ser auditado, além de realizar a análise crítica de informação documentada,
ele deve estar atento às seguintes questões:
Você deve lembrar que a empresa que deseja realizar uma auditoria interna da qualidade já deve possuir
um programa de auditoria estabelecido. Portanto, deve seguir o que está estabelecido na sua estrutura.
As atividades de cada auditoria deverão ser planejadas especificamente para cada situação. Sendo assim,
antes de chegar ao setor auditado e começar a solicitar aos funcionários os registros do SGQ e uma série
de informações, é fundamental preparar o seu plano de auditoria e comunicá-lo ao auditado. Em outras
palavras, é importante informar a quem será auditado como será realizada a auditoria.
No planejamento da auditoria, devem ser levados em consideração também os riscos eventuais que as
atividades de auditoria podem acarretar aos processos do auditado. Lembre-se de que a abordagem
baseada em risco, discutida no tópico 2 deste curso, é um dos princípios de auditoria.
Para facilitar a coordenação das atividades da auditoria, o planejamento deve ser consistente e claro.
Porém, não deve ser rígido a ponto de não admitir modificações. Pode ser necessário providenciar
algumas adaptações no planejamento previamente elaborado, em razão de particularidades ou ne�
cessidades do auditado.
A Norma ABNT ISO 19011:2018 (2018, p. 23) relaciona uma série de itens que devem fazer parte do
planejamento da auditoria. Esses itens podem servir como um roteiro para o auditor realizar as suas
atividades e, também, para o auditado se programar devidamente.
a) Os objetivos da auditoria;
d) Os locais (físicos e virtuais), datas, tempo e duração estimados das atividades de auditoria
a serem conduzidas, incluindo reuniões com a direção do auditado;
auditado (por exemplo, conduzindo uma visita ao(s) local(is) físico(s) ou analisando critica�
mente tecnologia de informação e comunicação);
g) Os papéis e responsabilidades dos membros da equipe de auditoria, assim como dos guias
e observadores ou intérpretes;
Além disso, conforme seja apropriado, convém que o planejamento da auditoria leve em conta:
Quaisquer ações específicas a serem tomadas para abordar riscos para se alcançarem os
objetivos de auditoria e oportunidades que surjam;
Certamente esses itens são uma sugestão da Norma anteriormente mencionada. Você, na condição
de auditor interno, deve adaptar o planejamento da auditoria à realidade e às necessidades e particu�
laridades da empresa.
Mills (1994) salienta que uma auditoria de sistema da qualidade pressupõe que exista um sistema
funcionando, sendo que seus resultados podem ser mensurados. Para possibilitar a auditoria, é
necessário que o sistema esteja documentado. Dessa maneira, segundo o autor, uma auditoria desse
tipo tem implicações para o cliente da auditoria, para a empresa ou setor auditado e para o próprio
auditor. Agora, conheça essas implicações:
Empresa ou setor auditado - Para o auditado, as implicações estão relacionadas a ele dispor
de um SGQ operante e compatível com a norma que será usada como referência na auditoria.
No caso de uma auditoria de SGQ, a Norma seria a ABNT ISO 9001:2015. Outra implicação
é a necessidade de o auditado possuir um SGQ descrito, documentado, disponível e de fácil
compreensão para as pessoas envolvidas nos processos auditados. Além disso, há uma
terceira implicação para o auditado. Ele necessita de evidências objetivas que demonstrem
que o SGQ em operação está de acordo com a sua documentação. A falta dessas evidências,
provavelmente, levará à constatação de uma não conformidade durante a auditoria.
• a confidencialidade,
• a integridade e
No que diz respeito à equipe que realizará a auditoria, é essencial programar o trabalho de cada
profissional, para que as atividades sejam otimizadas e todos saibam o que fazer durante a auditoria.
Nesse sentido, o auditor líder da equipe, consultando a equipe de auditoria, deve determinar o
trabalho e as responsabilidades de cada profissional, levando em consideração as especificidades da
auditoria e a formação e experiência de cada participante da equipe.
A determinação de responsabilidades pode ser diferente, por exemplo, para auditores em treinamento
e especialistas ou com mais experiência nas atividades de auditoria. Portanto, é recomendável que res�
ponsabilidades mais complexas sejam determinadas para auditores especialistas ou mais experientes.
Na preparação das atividades da auditoria, cada membro da equipe deve organizar, adequadamente,
o seu material de trabalho, conforme as suas responsabilidades.
Para o registro das atividades, é importante que o auditor elabore formulários para apontar as informações
coletadas durante a auditoria. Esse tipo de formulário deve prever campos para o registro de informações
já previamente planejadas e, também, ter espaço para o apontamento de outras informações apuradas
durante o processo, que sejam importantes, mas que não haviam sido programadas no planejamento.
Para o registro das informações da auditoria interna do SGQ, podem ser úteis:
informações audiovisuais,
Lembre-se de que as listas de verificação são especialmente importantes para facilitar o trabalho e
evitar que algum item importante seja esquecido.
Como durante a auditoria é necessário reter alguns documentos de trabalho do auditado para verificação,
você deve lembrar dos princípios que os auditores devem seguir, os quais já foram apresentados neste
curso e são:
Integridade,
Apresentação justa,
Confidencialidade,
Independência,
Muitas vezes, no decorrer da auditoria, o auditor tem acesso a documentos confidenciais da empresa
e deve tomar extremo cuidado tanto no que se refere a não divulgação das informações quanto a um
possível extravio desses documentos. Durante a auditoria, o auditor deve ser responsável pela proteção e
pela guarda segura dos documentos da empresa que estiverem sob seu poder para análise ou conferência.
Videoaula
Agora, clique aqui e assista ao vídeo sobre as etapas da atividade “Preparando as atividades da auditoria”.
Em uma auditoria, é possível que além dos auditores e auditados também participem, eventualmente,
guias e observadores, desde que eles não interfiram na condução da auditoria. A autorização dessa
participação deve ser solicitada ao líder da equipe da auditoria, ao cliente da auditoria e/ou o auditado.
Mas se os guias e observadores não devem interferir na condução da auditoria, qual a sua função?
Segundo a Norma ABNT ISO 19011:2018 (2018, p. 25), suas responsabilidades podem incluir:
c) assegurar que as regras relativas aos arranjos para acesso específicos do local, saúde e
segurança, meio ambiente, segurança, confidencialidade e outras questões sejam conhecidas
e respeitadas pelos membros da equipe de auditoria e observadores, e que quaisquer riscos
sejam abordados;
Antes de iniciar a coleta de informações nas instalações da empresa, é importante oficializar a realização
da auditoria. Essa oficialização pode ser formal ou informal, dependendo do tipo e estrutura da empresa.
Se você está trabalhando em uma empresa com dez funcionários e dois ou três setores, e a gestão
da empresa é pouco complexa, possivelmente não será necessária uma reunião formal de abertura.
Porém, se você for auditor de uma empresa com cem funcionários, vários departamentos e unidades,
muito provavelmente será recomendável, e até exigido pela organização, que seja realizada uma reunião
formal para comunicar o início do trabalho e alinhar algumas questões entre a equipe de auditoria e os
setores ou unidades a serem auditadas.
Esse tipo de reunião pode ser bastante útil para o trabalho a ser realizado, pois é uma oportunidade para:
Importante
É fundamental registrar a reunião de abertura, o que pode ser feito por meio de ata ou relatório, além
de registro fotográfico, caso seja conveniente. Desse modo, as atividades são iniciadas de uma forma
organizada, auxiliando no seu controle.
A comunicação é uma das habilidades mais importantes para os profissionais que trabalham interagindo
com pessoas. Em uma auditoria do SGQ, quando um profissional ou uma equipe analisa documentos e
registros da empresa, falhas de comunicação podem prejudicar a realização do trabalho.
Portanto, deve ser considerada a necessidade de alinhamento entre a equipe de auditoria e os audita�
dos sobre como será realizada a comunicação durante a auditoria, especialmente no caso de processos
complexos e quando o escopo da auditoria for mais abrangente.
Deve haver, periodicamente, uma comunicação entre os membros da equipe de auditoria para verificar
o andamento do trabalho (por exemplo, qual o percentual da auditoria já realizado em dado momento
e quais as dificuldades encontradas para a realização do trabalho) e informar eventuais necessidades
de mudanças ou de redistribuição das atividades entre os membros da equipe. Esse tipo de informação
pode auxiliar na tomada de decisão da própria equipe de auditoria e da empresa auditada.
A comunicação periódica do andamento da auditoria também deve ser feita para o auditado e para o cliente
da auditoria. Durante a realização do trabalho, qualquer evidência da auditoria coletada, que necessite de
uma providência urgente, deve ser relatada logo que possível para o auditado e, se for o caso, para o cliente.
Durante uma auditoria também podem surgir assuntos fora do escopo planejado originalmente. Nesse
caso, também é recomendável a comunicação ao líder da auditoria e ao auditado, podendo, a partir dessa
comunicação, ser realizada alguma mudança nos objetivos ou no escopo da auditoria, ou ainda pode ser,
inclusive, encerrada a auditoria. Contudo, qualquer mudança tem que ser analisada e autorizada pelo
cliente, ou, se for o caso, pelo auditado (ABNT, 2018).
O acesso adequado e em tempo hábil das informações é importante para alcançar os objetivos da au�
ditoria. Contudo, nem sempre a informação está disponível no local físico onde é realizada a auditoria,
podendo dificultar o seu acesso. Com a crescente digitalização dos processos no ambiente corpora�
tivo, existe uma tendência no aumento do armazenamento das informações de forma digital, o que
pode facilitar o acesso às informações. Por exemplo, se uma equipe de auditoria está auditando um
processo em uma área de produção de uma indústria, é possível que as informações dos processos
realizados nesse setor se encontrem em arquivos digitais armazenados em computadores de áreas
administrativas da empresa.
Assim, atividades de auditoria podem ser presenciais (realizadas no local do auditado) ou remotas
(realizadas em local diferente do local do auditado). Esse fato pode influenciar a maneira como a
auditoria será executada. Por isso, é importante que a equipe de auditoria saiba, antes de iniciar a
auditoria, onde se encontram informações da organização necessárias para a auditoria (ABNT, 2018).
Mas como a equipe de auditoria interna vai conhecer todos principais processos da organização se não
atua rotineiramente em todos eles?
Para suprir essa lacuna existem técnicas, como o mapeamento de processos, para que se possa identificar
adequadamente os processos e suas etapas.
Mapeamento de processo
Até este momento do curso, nos referimos várias vezes a processos, a própria auditoria interna é realizada
por meio de um conjunto de processos, os quais estamos detalhando ao longo deste curso. Mas ainda não
abordamos o que significa “processo”. Pois bem, temos diferentes maneiras de interpretar esse termo.
Contudo, no contexto deste curso, podemos adotar os seguintes conceitos para processo:
Qualquer atividade que recebe uma entrada, agrega-lhe valor e gera uma saída para um cliente
interno ou externo. Os processos utilizam os recursos da organização para gerar resultados
concretos. Harrington (1993, p. 10).
É a forma pela qual um conjunto de atividades cria, trabalha ou transforma insumos com a finalidade
de produzir bens ou serviços, que tenham qualidade assegurada, para serem adquiridos pelos clientes.
Cruz (1998, p. 84).
Sendo um conjunto de atividades, para que um processo seja realizado corretamente, e se obtenha
os resultados dele esperado, é necessário que se conheça bem quais as atividades fazem parte do
processo e qual a sua sequência de execução.
Será que, além da forma textual, existe alguma forma gráfica de descrever ou representar um processo?
Se você respondeu sim, está correto. Normalmente, a sequência de atividades de um processo é
representada por um fluxograma, que permite a visualização das principais atividades do processo
e um melhor entendimento do processo em si.
Fluxograma: Fluxogramas são usados para descrever o fluxo de materiais, papéis e trabalho ou a colocação
de máquinas, análise de saídas e entradas em centros de expedição. São baseados em um conjunto simples
de símbolos para operações, decisões e outros elementos de processo (ABPMP Brasil, 2013, p. 82).
Informação
As saídas de um de uma atividade podem ser entradas para a atividade seguinte do mesmo processo
ou podem ser entradas de atividades de outros processos.
O entendimento e a correta identificação dos componentes de um processo são muito importantes para
o seu mapeamento. Assim, considerando que todo o processo é composto por entradas, transformação e
saídas, observe, no quadro a seguir, alguns exemplos de descrição desses componentes.
É importante que você compreenda que na intenção de facilitar sua compreensão dos componentes de
um processo, a descrição apresentada no Quadro 4, das entradas, transformações e saídas é simplificada.
Em uma análise mais aprofundada seria possível identificar mais informações dos processos citados.
O mapeamento dos processos a serem auditados, portanto, é importante para a equipe de auditoria
interna poder realizar o seu trabalho com mais assertividade e eficiência. Para realizar o mapeamento
dos processos podem ser usadas diferentes ferramentas, como diagrama, mapa ou modelo de processos.
Na prática, essas ferramentas representam diferentes estágios da modelagem de um processo, passando,
primeiramente, pelo entendimento, passando pela análise e chegando no desenho do processo (ABPMP
Brasil, 2013). Essa explicação deixou alguma dúvida sobre essas ferramentas? Neste caso, o Quadro 5
pode ajudar nesse entendimento.
FERRAMENTAS
CONTEÚDO
DIAGRAMA MAPA MODELO
Representação mais
Além das informações
abrangente dos
Nível de Representação do diagrama, contém
processos, podendo
representação elementar e inicial informações sobre
conter representações
do processo sobre um processo. atores, eventos, regras
matemáticas, gráficas,
e resultados.
narrativas etc.
Subprocesso 1
Engenharia e Projeto de
Preparação Bombas P Cliente 1
desenho produto fabricação
(Setup)
Subprocesso 2
Gestão da Ordem de
produção produção Fabricação
Bombas M Cliente 2
Subprocesso 3
Setor de Máquinas e
manutenção ferramentas Montagem
Subprocesso 4
Setor de controle Peças e
Acabamento Bombas G Cliente 3
estoque componentes
O exemplo de mapa de processo que você acabou de conhecer é representado por um diagrama do
tipo fluxograma, que, por sua vez, pode ter diferentes formatos. Agora, conheça outro formato de
fluxograma utilizado para o mapeamento de um processo.
Compra
ESTOQUES
Compra
Autoriza Compra autorizada
suprimento autorizada c/ rec.
TOMADA DE PREÇO
Seleciona
fornecedor
Compra
autorizada
Lista de Faz
preços cotação
Compras
Verificar Lista de sem rec.
recursos Tem rec.? Fundamenta preços
FINANÇAS
Compras
Faz Lista de auto/rec.
Registra preços
reserva
1ª via
PAGAMENTO
nota fiscal
1ª via
Paga nota fiscal Arq.
Você conheceu diferentes formas de representar um processo por meio de seu mapeamento, bem
como exemplos de processos a partir da identificação de suas principais entradas, transformações e
saídas. Agora, prossiga com seus estudos e compreenda como podemos classificar os diferentes tipos
de processos que podem ser encontrados nas empresas.
Tipos de processos
Reflita
Reflita um pouco sobre a quantidade de processos nos quais você está envolvido de alguma maneira
na empresa em que atua, seja realizando alguma atividade que será insumo ou entrada para
atividades de seus colegas, ou utilizando resultados de atividades de outros setores para as suas
atividades. Possivelmente são várias atividades, não é mesmo?
Para ajudar na visualização de vários tipos diferentes de processos realizados pela empresa e para
classificá-los em grupos com características semelhantes, conheça um Quadro que ilustra algumas
das possibilidades de sistematização dos tipos de processos.
Possivelmente, você se identificou com alguma das famílias de processos destacados no Quadro 6 e
com um ou mais dos processos classificados dentro dessa família. A classificação aqui apresentada é
uma forma de visualizar os processos, mas talvez nas atividades rotineiras da sua empresa, eles não
estejam tão claros assim e nem sigam essa classificação. Isso não é um problema, pois a categorização
apresentada tem o propósito didático de auxiliar na compreensão das finalidades básicas de cada tipo
de processo. O importante é que você saiba que tais atividades se configuram como um processo e
obedecem aquela regra citada anteriormente, ou seja, possuem entradas e saídas e geram valor para
a empresa em função das transformações ocorridas entre as entradas e saídas.
No caso dos processos realizados em uma auditoria interna, segundo o Quadro 6, podemos enquadrá-los
na família de processos denominada “processos organizacionais”. Dentro dessa família, o processo que tem
mais relação com as atividades de auditoria é o processo denominado como “avaliação de desempenho”.
Aqui, é necessário considerar avaliação de desempenho de outros processos ou de setores da empresa,
não apenas como avaliação de desempenho dos funcionários, como pode sugerir uma interpretação
restritiva da família de “processos organizacionais”. Isso faz sentido se considerarmos a auditoria como
uma forma de verificar se um determinado requisito da Norma ABNT NBR ISO 19011:2018 está sendo
cumprido. Caso esteja tudo correndo como planejado, significa que o requisito teve um bom resultado na
avaliação de desempenho.
Outra possibilidade de enquadramento dos processos de auditoria interna seria dentro da família
“manufatura”, considerando o processo “gestão da qualidade”.
Informação
Manufatura significa processos relacionados à indústria, isto é, processos de industrialização, seja no caso de
indústrias tradicionais de grande porte, como a automobilística, seja de pequeno porte, como uma padaria.
Como temos discutido ao longo deste curso, a auditoria da qualidade pode ser realizada em qualquer
tipo de empresa, seja ela do setor industrial, comercial ou de serviços. Portanto, o processo “gestão
da qualidade”, dentro da categorização aqui sugerida, poderia ser considerado aquele ao qual estaria
relacionada à auditoria interna da qualidade.
Podemos também sistematizar as características dos processos de outra forma, como é sugerido pelo
Quadro 7. Segundo Gonçalves (2000), este quadro apresenta uma visão da classificação geral dos
processos empresariais. Observe que, no Quadro 7, os processos são sistematizados segundo grupos,
tipos, capacidade de geração de valor, tipo de fluxo, atuação, orientação e, por último, são apresentados
exemplos de processos.
Vamos nos concentrar ao terceiro grupo de processos deste Quadro, o de processo gerenciais, e à
última linha desse grupo, categorizada como processo do tipo “de monitorização”.
CAPACIDADE
FLUXO
PROCESSOS TIPO DE GERAÇÃO ATUAÇÃO ORIENTAÇÃO EXEMPLO
BÁSICO
DE VALOR
De produção Fabricação de
Primários Físico Transformação Horizontal
física bicicletas
De negócio
(de cliente) Atendimento
De serviço Primários Lógico Transformação Horizontal de pedidos de
clientes
Integração
Burocráticos De suporte Lógico Horizontal Contas a pagar
horizontal
Organizacio-
Integração
nais (apoio Comportamentais De suporte Lógico Não se aplica Não definida
gerencial
aos processos
produtivos) Estruturação
De mudança De suporte Lógico Não se aplica Não definida de uma nova
gerência
Definição de
De De Integração
De suporte Vertical metas da em�
direcionamento informação horizontal
presa
Definição de
De Integração
De negociação De suporte Vertical preços com
informação horizontal
Gerenciais fornecedor
Acompanha�
De Medição de mento do
De monitorização De suporte Vertical
informação desempenho planejamento e
orçamento
Fonte: Gonçalvez (2000 apud Rummier e Brache, 1990; Martin, 1996; Mohrman, 1995; Galbralth, 1995).
Observe que podemos associar, diretamente, as colunas “atuação” e “exemplo” com os processos de
auditoria interna. Ou seja, a atuação da auditoria interna seria referente à avaliação de desempenho
Exemplo
No sistema de gestão da qualidade desenvolvido pela Padaria Sonho Feliz tenha sido planejada a
melhoria da satisfação dos clientes de 50% para 70% de satisfação, no período de 1 ano. Passado o
período estabelecido, a empresa está realizando uma auditoria interna da qualidade, na qual está
agora auditando o requisito “Avaliação de Desempenho” da Norma NBR ISO 9001: 2015 (ABNT, 2015).
Nesse trabalho, verificou-se, por meio de uma pesquisa com os clientes, que o subitem “satisfação do
cliente” do requisito em análise não atingiu o nível de desempenho planejado, pois a satisfação obtida
foi de 65%. Isso pode significar duas situações:
A meta estabelecida pode ter sido exageradamente alta para ser alcançada no período de 1 ano.
As medidas tomadas pela empresa, desde o estabelecimento da meta, podem não ter sido suficientes
para atingi-la, ou ainda, podem não ter sido implementadas de forma correta.
Cabe, então, uma análise crítica dos resultados da auditoria no requisito avaliado para a correta
tomada de decisão que, conforme as conclusões da análise crítica, pode ser no sentido de reduzir a
meta estabelecida ou corrigir as medidas a serem tomadas para atingir a meta no próximo ciclo de
auditoria interna.
Muito bem, vimos como é realizado o mapeamento de processos e suas utilidades, bem como possibilidades
de classificação e sistematização dos tipos de processos. Porém, depois de conhecido o processo e, quando
necessário, redesenhado ou modificado, é necessário acompanhar a sua execução para verificar se tudo
está ocorrendo conforme o planejado. Em outras palavras, não basta planejar, é importante acompanhar
o andamento do que foi planejado para verificar se a execução está seguindo o planejamento e se os
resultados esperados estão sendo executados. Para isso, existem os indicadores de desempenho, os quais
estudaremos a seguir.
Indicadores de desempenho
Possivelmente, você já tenha ouvido falar de indicadores de desempenho, ou, inclusive, pode ser que
já tenha preenchido algum registro de controle na organização em que atua com informações sobre
indicadores de desempenho. Reflita um pouco sobre isso.
Pelo que foi apresentado anteriormente neste curso, você deve ter percebido que indicadores de de�
sempenho são uma forma de verificar se o processo está dentro dos patamares previstos. Vejamos
alguns conceitos.
Bandeira (2009, p. 38-39) considera que os indicadores de desempenho são “sinais vitais às empresas”,
sua função é “quantificar os resultados obtidos nas atividades ou na produção”. Dessa maneira, permitem
que a organização perceba o quanto está dentro dos objetivos estabelecidos ou se afastando deles.
Ainda segundo o autor, a partir da definição dos objetivos e metas da organização devem ser definidos
indicadores para medir o seu desempenho, bem como deve ser definido o que, como e onde medir.
Com esses conceitos e explicações, fica claro o que é um indicador de desempenho e para que ele serve.
Em última análise, um indicador de desempenho precisa auxiliar na tomada de decisão, caso contrário
não tem utilidade. Ou seja, a informação gerada pela leitura do indicador deve ser relevante para a gestão
da organização, de tal forma que ela oriente alguma tomada de decisão, podendo tal decisão ser de nível
estratégico, tático ou operacional. No caso de um SGQ, é importante levar em conta que após a elaboração
da Política da Qualidade são estabelecidos objetivos e metas da qualidade para a empresa. Os indicadores
podem ser utilizados para acompanhar o grau de alcance desses objetivos e metas.
Adicionalmente e relacionando diretamente com este curso, conforme abordamos no tópico 1, a auditoria
interna do SGQ pode ter diferentes objetivos, como:
avaliar com que eficácia o sistema de gestão está alcançando os resultados por ele pretendidos,
Os indicadores de desempenho devem possuir características que viabilizem sua utilização, para que,
realmente, valha a pena a sua medição. Portanto, é recomendável que eles sejam claros, quantificáveis,
comparáveis, confiáveis, tenham possibilidade de medição contínua e meta definida (FNQ, [20-?]; Gil,
1992 apud BECKER, 2004).
Clareza - Quanto mais claros são os indicadores, maior é a facilidade de entendimento de quem
vai coletar os dados e de quem vai interpretá-los, facilitando, assim, o seu acompanhamento.
Meta definida - Para todo indicador, é necessário definir uma meta a ser alcançada.
Por exemplo, se um dos objetivos da auditoria interna da qualidade for avaliar a melhoria
nos índices de não conformidade, é necessário definir, anteriormente, qual o nível de
melhoria desejado ou considerável como meta, para que o indicador de desempenho
possa medi-lo. Como exemplificação para essa situação, poderia ser estabelecido que
as ocorrências de não conformidades a serem encontradas em determinado processo
durante auditoria deveria ser de no máximo 15%. Assim, com a aplicação do indicador
seria constatado se o índice desejado foi ou não alcançado.
A análise dos indicadores de desempenho pode estar prevista na auditoria a partir da definição dos
objetivos do programa de auditoria, conforme já estudado neste curso. Porém, não necessariamente
todos os indicadores de desempenho da organização são foco da auditoria interna da qualidade.
Assim, é importante definir que tipo de indicadores de desempenho serão foco da auditoria,
por exemplo, os indicadores chave de desempenho de um processo, conhecidos na literatura pela
sua sigla em inglês como KPI (Key Performance Indicator).
Capote (2011) aborda as diferenças entre os KPIs e outros indicadores de desempenho de processos,
suas principais características e analisa sua aplicabilidade para a gestão das organizações. Segundo o autor,
nem todos os indicadores considerados no mercado como KPIs realmente o são, pois os indicadores chave
de desempenho possuem características diferenciadas em relação a outros indicadores de desempenho e
possuem uma ligação direta com a estratégia das organizações.
Para Capote (2011) é possível classificar os indicadores de desempenho em três principais tipos: KRI
(Key Result Indicators), PI (Performance Indicators) e KPI (Key Performance Indicator).
KRI
PI
KPI
E qual seria o tipo de indicador mais apropriado para utilizar nas auditorias internas da qualidade?
Capote (2011) considera que, claramente, os indicadores chave de resultados, os KRI, são os mais
comumente encontrados nas atividades dos processos. As informações obtidas pelos KRI, trabalhadas
em conjunto com aquelas oriundas dos PI, podem compor um painel de informações, também chamado
de painel de desempenho, o qual, pela qualidade das informações obtidas, pode ser bastante útil para
o conhecimento da realidade operacional da organização.
Além da classificação proposta por Capote (2011), vista anteriormente, existem várias formas de
denominar e classificar os indicadores. Segundo Rua (2004, apud BRASIL, 2010, p. 7), os indicadores
podem ter a seguinte classificação:
Quando nos referimos a indicadores de avaliação de desempenho, faz sentido utilizarmos a classificação
sugerida pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que considera as categorias de economicidade,
eficiência, eficácia e efetividade.
Economicidade
Mede os gastos envolvidos na obtenção dos insumos (materiais, humanos, financeiros etc.)
necessários às ações que produzirão os resultados planejados. Visa minimizar custos sem
comprometer os padrões de qualidade estabelecidos e requer um sistema que estabeleça
referenciais de comparação e negociação.
Eficiência
Essa medida possui estreita relação com a produtividade, ou seja, o quanto se consegue
produzir com os meios disponibilizados. Assim, a partir de um padrão ou referencial, a
eficiência de um processo será tanto maior quanto mais produtos forem entregues com a
mesma quantidade de insumos, ou os mesmos produtos e/ou serviços sejam obtidos com
menor quantidade de recursos.
Eficácia
Aponta o grau com que um programa atinge as metas e objetivos planejados, ou seja, uma vez
estabelecido o referencial (linha de base) e as metas a serem alcançadas, utiliza-se indicadores
de resultado para avaliar se elas foram atingidas ou superadas.
Efetividade
Dessas quatro categorias, a eficácia e a efetividade são mais diretamente aplicáveis às auditorias do
SGQ no que diz respeito ao cumprimento dos requisitos da Norma NBR ISO 9001: 2015 (ABNT, 2015).
Exemplo
Imagine que o objetivo estabelecido para uma determinada auditoria é “determinar quanto o sistema
de gestão está em conformidade com os critérios de auditoria”.
Para utilizar o conceito de eficiência do SGQ, podemos considerar o requisito “foco no cliente”,
segundo o qual a organização deve demonstrar liderança e comprometimento com relação ao foco
no cliente, assegurando que os requisitos do cliente e os requisitos estatutários e regulamentares
pertinentes são determinados, entendidos e atendidos consistentemente (ABNT, 2015, p. 4). Um
indicador de eficiência pode informar o grau de utilização de recursos que foi necessário desde
a última auditoria, para que os requisitos do cliente sejam atendidos. Quanto menor o grau de
utilização de recursos (financeiros, de pessoas, de infraestrutura) para esse fim, mais eficiente está
sendo o SGQ no requisito avaliado.
A partir das informações confiáveis e representativas dos processos obtidas, dentre outras formas, por
meio dos indicadores de desempenho, e documentadas durante a auditoria, o próximo passo é realizar a
análise crítica dessas informações. E é sobre a análise crítica dessas informações que trataremos a seguir.
Lembre-se de que estamos abordando a atividade de condução das atividades de auditoria. Até este ponto
da auditoria, teoricamente, já foram atribuídos os papéis e responsabilidades para guias e observadores,
foi realizada a reunião de abertura da auditoria, a comunicação durante a auditoria está sendo realizada e
foi disponibilizado acesso às informações da auditoria.
A análise crítica da documentação do auditado deve ser realizada para verificar se o sistema está em
concordância com os critérios de auditoria e se está documentado (ABNT, 2018).
Durante a análise crítica, deve ser observado se a informação que consta nos documentos está completa,
correta, consistente e se os documentos analisados abrangem o escopo definido para a auditoria, bem
como se são suficientes para auxiliar no alcance dos objetivos da auditoria. Caso essas condições não
estejam sendo alcançadas, é possível que as atividades de auditoria sejam suspensas até que sejam
atendidas essas necessidades para a auditoria (ABNT, 2018).
Exemplo
Imagine uma auditoria interna em uma farmácia de manipulação. Antes de iniciar a coleta de
informações, é preciso saber se os documentos necessários para a verificação do funcionamento do
SGQ estão disponíveis. Por exemplo:
Esse é o processo de consulta aos documentos e registros referentes ao SGQ da empresa para ve�
rificar a sua adequação aos requisitos do sistema. O tipo de informações coletadas e verificadas é
direcionado pelos objetivos, escopo e critério da auditoria, definidos na fase de iniciação da auditoria.
Para a coleta das informações, é importante que seja realizada uma amostragem adequada ao tipo e com�
plexidade do processo ou do setor que está sendo auditado. O que se deseja nessa fase é a geração de
evidências da auditoria, que já estudamos neste curso. Ou seja, a intenção é acessar registros, fatos e ou�
tras informações e compará-los com os critérios da auditoria, que são as referências para a comparação.
Pelo fato de as evidências serem geradas com base em amostragens, é importante que as pessoas
que utilizarão as constatações da auditoria tenham em mente a incerteza do processo de amostragem
e, por consequência, da auditoria.
Para a geração de evidências de auditoria, é possível buscar informações de várias maneiras dentro
da empresa, no setor ou área auditada, de forma presencial ou remotamente, com interação humana
ou sem interação, conforme apresentado no Quadro 8. É importante que você compreenda que as
atividades de auditoria interativa envolvem a interação entre o pessoal do auditado e a equipe de
auditoria. Já nas atividades sem interação humana, essa interação com as pessoas que representam
o auditado não existe. As atividades de auditoria não interativa envolvem interação com o equipamento,
facilities e documentação. A palavra “facilities” significa, em uma tradução livre para o português
“facilidades”. Na gestão empresarial, é utilizado esse termo para se referir a atividades ou processos da
empresa que são terceirizados, por exemplo, limpeza, segurança e telefonia. No contexto do Quadro 8,
essa expressão pode ser interpretada como a interação com pessoas que não representam o auditado,
mas realizam atividades terceirizadas.
Como você pôde perceber no Quadro 8, nem sempre as auditorias precisam ser realizadas na própria
empresa, pois às vezes isso nem é possível, em função de circunstâncias do auditor ou da própria empresa.
Mesmo quando a auditoria é realizada na empresa, não é obrigatório que haja interação humana, ou seja,
que o auditado e o auditor se encontrem. Nesse caso, a auditoria será por análise documental ou por
observação. Caso a opção seja pelo método com interação humana no local da auditoria, o auditor poderá
conduzir as entrevistas e preencher checklists ou questionários com a participação direta do auditado.
Quando a localização do auditor é remota, a auditoria também pode ser realizada por qualquer um
dos métodos, ou seja, com ou sem interação humana:
Sem interação humana: o auditor pode conduzir a análise crítica documental de forma
remota e observar o trabalho realizado por intermédio de monitoramento.
Além de documentos que podem ser consultados para a verificação dos registros do SGQ e observação
in loco da realização das atividades auditadas, podem ser realizadas entrevistas com pessoas ligadas
ao escopo da auditoria. Para que as informações coletadas sejam representativas do processo ou das
atividades auditadas, essas entrevistas precisam ser apropriadas às pessoas entrevistadas.
Exemplo
Na auditoria do SGQ da farmácia de manipulação, a análise crítica da informação documentada foi
uma das formas de obtenção dos dados para geração de algumas evidências de auditoria. Imagine que
durante essa análise, a pessoa responsável pelo setor auditado não soube informar ou não localizou
os registros dos controles realizados sobre qualidade das manipulações realizadas pela farmácia.
Esse fato deve ser considerado para a geração de uma evidência de possível não conformidade, que
deve fazer parte do relatório de auditoria a ser elaborado. Por outro lado, o auditor não precisa revisar
todos os processos de manipulação dos produtos da farmácia, pois a coleta de informações é realizada
por amostragens. Imagine que a farmácia em questão é de grande porte e manipula uma quantidade
enorme de diferentes formulações. Perceba que caso o auditor fosse analisar todos os processos,
a auditoria levaria muito tempo. Por essa razão, a amostragem se torna recomendável, mesmo havendo
o risco inerente às amostragens sobre a incerteza dos resultados.
Outra forma de coleta de dados sobre o SGQ é a observação, pois nem sempre é necessário analisar
documentos e registros para haver evidências da auditoria. Imagine que o auditado tenha informado
que o manual interno de boas práticas de manipulação está arquivado na gaveta superior do armário
da sala 1. Quando o auditor o acompanha para buscar o referido documento, constata que ele está
arquivado na gaveta inferior do armário, sem etiqueta de identificação do conteúdo da gaveta e a sala
onde o armário está não é a mencionada pelo auditado. Esse fato demonstra que pode estar havendo
falta de organização na empresa e falta de informação adequada sobre o arquivamento de documentos,
podendo gerar, também, mais uma anotação de uma evidência de não conformidade do SGQ.
A entrevista é uma técnica de coleta de dados amplamente utilizada em pesquisas, sejam elas cientí�
ficas ou não. Certamente, você já deve ter acompanhado alguma entrevista, seja via rádio, televisão,
ou até mesmo lido alguma em um meio de divulgação impresso, como jornais e revistas, ou talvez
conheça alguém que já participou de alguma entrevista referente ao censo demográfico, realizada
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou que tenha participado de uma entrevista
de uma pesquisa eleitoral de intenção de votos.
Censo demográfico: Estudo realizado para o levantamento de informações sobre a população do país e sua condição
de vida. Segundo o IBGE, o censo demográfico “constitui a principal fonte de referência para o conhecimento das
condições de vida da população em todos os municípios do País e em seus recortes territoriais internos, tendo como
unidade de coleta a pessoa residente, na data de referência, em domicílio do Território Nacional” (2020).
Uma dúvida que pode surgir sobre esse assunto é sobre como foi preparada a entrevista. Será que o
entrevistador tinha um roteiro prévio? Possivelmente sim, mas será que o número de perguntas des�
se roteiro equivale ao número de perguntas realizadas pelo entrevistador? As perguntas teriam como
possibilidade de respostas alternativas previamente estabelecidas ou a resposta poderia ser subjetiva?
Poderia haver uma entrevista sem perguntas previamente elaboradas? Todas essas dúvidas são escla�
recidas quando se conhece metodologias de pesquisa.
Nesse momento, possivelmente, você está curioso para saber as respostas desses questionamentos.
Vamos a elas, então.
Questionário: o questionário é uma série ordenada de perguntas que devem ser respondidas
por escrito pelo informante. O questionário deve ser objetivo, limitado em extensão e estar
acompanhado de instruções. As instruções devem esclarecer o propósito de sua aplicação, res�
saltar a importância da colaboração do informante e facilitar o preenchimento. As perguntas
do questionário podem ser:
Formulário: o formulário é uma coleção de questões que são perguntadas e anotadas por
um entrevistador em uma situação face a face com a outra pessoa (o informante).
Para a obtenção de informações em uma auditoria da qualidade pode ser utilizado tanto o questionário
quanto a entrevista ou o formulário. Normalmente, como forma de padronização da coleta de informações
é usado um formulário tipo checklist para a entrevista com as pessoas que podem contribuir com o
levantamento de informações sobre a qualidade do processo. Agora, observe um modelo de lista de
verificação (checklist) para auditoria interna do SGQ.
Figura 9 - Exemplo de modelo de checklist (lista de verificação) para auditoria interna do sistema de gestão da qualidade, segundo a norma ABNT ISO
9001:2015
Auditor/auditores:
Auditado/auditados:
Situação Comentários/
Requisito
C NC NA evidências
4. Contexto da organização
5 Liderança
5.1.1 Generalidades
A organização:
7.5.1 Generalidades
9. Avaliação de desempenho
10 Melhoria
Observações:
A Norma ABNT ISO 19011:2018 (ABNT, 2018, p. 51) apresenta uma série de orientações com relação à
condução das entrevistas, que devem ser consideradas pelo auditor.
Vamos conhecê-las?
a) Convém que entrevistas sejam realizadas com pessoas de níveis e funções apropriadas
que realizam atividades ou tarefas no escopo de auditoria;
b) convém que entrevistas sejam normalmente conduzidas durante o horário normal de trabalho
e, quando praticável, no local de trabalho da pessoa que está sendo entrevistada;
c) convém que sejam feitas tentativas para colocar a pessoa que está sendo entrevistada à
vontade antes e durante a entrevista;
e) entrevistas podem ser iniciadas pedindo às pessoas que descrevam seu trabalho;
f) convém que o tipo de questão usado seja cuidadosamente selecionado (por exemplo,
questões abertas, fechadas, perguntas importantes, investigação apreciativa);
A Norma ABNT ISO 19011:2018 (ABNT, 2018, p. 29) apresenta, sumariamente, o processo de coleta de
informações durante a auditoria e a utilização dessas informações para obter as conclusões da auditoria,
como ilustrado na Figura 10.
Fonte de informação
Evidência de auditoria
Constatações de auditoria
Analisando criticamente
Conclusões de auditoria
Agora, acompanhe o exemplo e compreenda um pouco melhor essa etapa de coleta e verificação de
informações.
Exemplo
Para exemplificar a coleta de informações por meio de uma entrevista, vamos considerar a
utilização de um checklist, conforme o modelo que você já conheceu neste curso. Os requisitos
da Norma ISO 9001:2015 que estão sendo analisados são avaliação de desempenho e
melhoria. Observe o resultado do preenchimento desse checklist na Figura a seguir.
Situação Comentários/
Requisito
C NC NA evidências
9. Avaliação de desempenho
O auditado informou
b. os métodos para monitoramento, medição,
que não foram de�
análise e avaliação necessários para assegurar X
senvolvidos ainda os
resultados válidos?
métodos necessários.
10 Melhoria
O auditado informou
que não são tomadas
• Toma ação para controlá-la e corrigi-la? X ações para controlar e
corrigir as não confor�
midades encontradas.
Como você pôde observar no resultado do checklist, foram encontradas algumas não
conformidades. Contudo, lembre-se das orientações da Norma ABNT ISO 19011:2018
sobre a condução das entrevistas. Vamos considerar que, na entrevista aplicada, o auditor
entrevistou uma pessoa que não está diretamente relacionada ao processo auditado, dessa
forma, os resultados obtidos podem não corresponder à realidade da empresa, gerando,
assim, uma informação errônea sobre o processo e prejudicando a qualidade da auditoria.
O objetivo dessa exemplificação foi, além de representar a aplicabilidade do checklist em uma entrevista
de auditoria do SGQ, demonstrar a importância de seguir as orientações da Norma ABNT ISO 19011:2018
quanto à correta escolha da pessoa a ser entrevistada na auditoria.
Considerando que em uma auditoria interna da qualidade foram coletadas informações confiáveis e
corretas sobre o processo auditado, por meio de técnicas adequadas de coleta de dados, conheça, a
seguir, como gerar as constatações da auditoria.
As constatações da auditoria são geradas com base na comparação das evidências com os critérios da
auditoria. Portanto, essa etapa é consequência da coleta e verificação das informações. Desse modo,
a utilização dos indicadores de desempenho durante esse processo ajudará na verificação pretendida.
Você lembra dos conceitos e aplicações dos indicadores de desempenho que já estudamos neste curso?
Agora, nas constatações da auditoria, eles são bastante úteis, pois são uma forma de comparar o pla�
nejado com a realidade encontrada e podem demonstrar em números absolutos, ou em percentual,
o grau de alcance do planejado.
Estudamos ao longo deste curso que como resultado da constatação de auditoria, podemos encontrar
tanto conformidades (confirmação da concordância do registro verificado com o critério auditado),
como não conformidades (situação divergente em relação ao critério auditado), o que se configuraria
como uma oportunidade para melhoria.
Nem sempre há concordância entre auditores e auditados a respeito das não conformidades encon�
tradas. Para reduzir essa possibilidade de não concordância e para o aumento do grau de certeza das
não conformidades detectadas, é recomendável que a equipe de auditoria quando julgar necessário,
se reúna durante a realização desta, com o objetivo de analisar criticamente as não conformidades
detectadas. Nessa análise, também se recomenda que sejam checadas e registradas não somente as
não conformidades como também as evidências de auditoria que as indicaram como tal (ABNT, 2018).
As não conformidades podem ter diferentes graus. Portanto, é importante que elas sejam analisadas
também em conjunto com o auditado, para se certificar que sejam necessárias e foram compreendidas.
Sempre que houver divergências a esse respeito, deve-se agir no sentido de solucioná-las e, caso algum
ponto não fique resolvido, esse fato deve fazer parte do relatório.
Figura 12 - Exemplo de modelo de relatório de não conformidade para auditoria interna do SGQ
Nº:
SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE
MARCA DA EMPRESA
Relatório de Não Conformidade Elaborado por
(nome):
As constatações da auditoria também podem indicar situações de conformidade, ou seja, que os requisitos
do SGQ estão sendo atendidos. Da mesma forma que para as não conformidades, as evidências que dão
suporte às constatações de conformidade devem ser registradas pelo auditor.
Nº: 01
SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE
Fato a)
9. Avaliação de desempenho
Fato b)
10 Melhoria
Fato a)
O auditado informou que a empresa ainda não desenvolveu os métodos necessários de monitoramento,
medição, análise e avaliação necessários para assegurar resultados válidos.
Fato b)
O auditado informou que a empresa não toma ações para controlar e corrigir as não conformidades encontradas.
Fato a)
Fato b)
Não existência de orientação da gerência sobre como proceder para controlar e corrigir as não conformidades
encontradas.
Observe que há relação entre os documentos, pois as informações apuradas no checklist de auditoria
alimentam o relatório de não conformidades. Além disso, perceba que esse último já propõe o encami�
nhamento da correção das não conformidades encontradas, estabelecendo responsáveis e prazos para
a sua realização. Esses dois documentos são úteis para as conclusões da auditoria, pois o seu conteúdo
será revisado e analisado para a elaboração das conclusões do trabalho realizado.
Levando em consideração a incerteza do processo de auditoria e assumindo que esse processo é baseado
em amostragens, a equipe deve ainda decidir sobre as conclusões a serem feitas sobre a auditoria.
Além disso, também considerando os objetivos da auditoria, a equipe pode elaborar recomendações
para o auditado e, se constar do plano de auditoria a organização de ações de acompanhamento de
auditoria, discutir sobre tais ações a serem planejadas.
As conclusões da auditoria podem abranger, entre outros pontos, pareceres da equipe de auditoria a
respeito de quão conforme está o SGQ em relação ao critério de auditoria, a eficácia da implementação
do SGQ, sua manutenção e melhoria, além da capacidade atual do processo de análise crítica pela direção
da empresa para garantir que o SGQ seja pertinente, adequado e sua melhoria seja eficaz de maneira
contínua (ABNT, 2018).
Caso os objetivos da auditoria tenham determinado, a equipe de auditoria pode fazer sugestões para
a empresa auditada, no sentido de melhorar o seu SGQ.
Após a devida programação, o líder da equipe de auditoria deve conduzir a reunião de encerramento
da auditoria. Podem participar dessa reunião, além dos demais auditores da equipe, os responsáveis
pelas funções e processos auditados, o cliente, o auditado e a direção do auditado (ABNT, 2018).
Outro ponto que pode ser abordado nessa reunião é a determinação de um prazo para apresentação
de um plano de ação corretiva e preventiva por parte do auditado, caso isso também esteja alinhado
aos objetivos da auditoria.
A exemplo da reunião de abertura da auditoria, a reunião de encerramento também deve ser registrada,
por exemplo, por meio de uma ata. Certamente, que, quando a auditoria for realizada em uma pequena
empresa, esse nível de formalidade pode não ser necessário, bastando apenas comunicar ao auditado e
ao cliente as conclusões da auditoria.
Eventuais opiniões e divergências sobre a auditoria devem ser discutidas e, sempre que possível
resolvidas. Na impossibilidade de serem resolvidas, as divergências devem ser registradas em ata ou
outro documento de registro (ABNT, 2018).
Exemplo
Na auditoria da farmácia de manipulação, considerando as informações apuradas durante a
auditoria e registradas, principalmente no checklist de auditoria, no relatório de não conformidades
e nas observações feitas no local auditado, ao final da auditoria, deve ser realizada uma reunião
de encerramento da auditoria. Devem participar dessa reunião o líder da equipe de auditoria
(conduzindo a reunião), os auditores que participaram da auditoria, o gerente do setor de produção
da farmácia e o gerente da farmácia. Além deles, é recomendável que, se possível, o proprietário da
farmácia ou seu representante também participe da reunião, pois ele é o cliente da auditoria e, em
última instância, irá aprovar ou não a implementação de eventuais medidas corretivas sugeridas pela
equipe de auditoria.
Como foram geradas constatações da auditoria, elas devem ser apresentadas na reunião. Ou seja,
devem ser discutidas as questões sobre a falta de métodos para monitoramento, medição, análise
e avaliação necessários para assegurar resultados válidos e a falta de tomada de ação pela empresa
para controlar e corrigir as não conformidades encontradas nas auditorias. Pode ser que no
momento dessa discussão haja divergências entre os fatos apurados pela auditoria e a realidade da
empresa, devido à incerteza inerente à amostragem nas auditorias. Caso o gerente da farmácia tenha
conhecimento de informações que o gerente de produção não tinha sobre os requisitos analisados
e isso signifique que as não conformidades encontradas na verdade não existem, esse fato deve ser
levado em consideração e registrado em ata. Caso os fatos levantados sejam confirmados durante
a reunião de encerramento da auditoria, a discussão pode ter um enfoque maior nas sugestões
da equipe de auditoria sobre as ações corretivas e eventual redefinição dos prazos estipulados no
relatório de não conformidades para a sua correção.
Além da discussão sobre o checklist e o relatório de não conformidades podem ser discutidos na
reunião vários assuntos relativos à auditoria realizada. O resultado da reunião de encerramento,
juntamente com informações importantes referentes ao processo de auditoria executado, deve fazer
parte do relatório de auditoria.
Videoaula
Agora, clique aqui e assista ao vídeo com a explicação da atividade “Conduzindo as atividades da
auditoria”.
Neste ponto, finalizamos parte do tópico 4 deste curso. Abordamos os procedimentos de auditoria
interna, ou seja, a parte central das atividades do auditor interno, sendo tais procedimentos estruturados
na Norma ABNT ISO 19011:2018 em vários passos.
Essas etapas correspondem a uma sequência que o auditor interno do SGQ precisa seguir para finalizar
com êxito o trabalho, alcançando os resultados esperados com base na definição dos objetivos da auditoria.
A partir da execução dessas atividades, a auditoria propriamente dita estará finalizada. Contudo, após
a realização de um trabalho solicitado por alguém, espera-se que o cliente ou quem encomendou
o trabalho receba um relato contendo informações sobre as atividades realizadas e as conclusões
obtidas com o trabalho. No caso das auditorias internas do SGQ, o documento que cumpre essa
função é o relatório da auditoria, assunto esse que estudaremos a seguir.
1ª ETAPA 2ª ETAPA
O relatório deve conter informações a respeito da auditoria de uma forma clara, concisa e completa.
A Norma ABNT ISO 19011:2018 (ABNT, 2018, p. 32) apresenta uma relação de itens que devem constar
em um relatório de auditoria. Conheça, a seguir, a sugestão de conteúdo para o relatório de auditoria.
a) Objetivos de auditoria;
f) Critérios de auditoria;
h) Conclusões de auditoria;
k) Auditorias por natureza são um exercício de amostragem; como tal, há um risco de que a
evidência de auditoria examinada não seja representativa.
Agora, conheça outras informações que podem ser incluídas no relatório da auditoria, ou fazer referência,
se apropriado.
Exemplo
Agora que já houve a reunião de encerramento da auditoria na farmácia de manipulação, o líder
da equipe de auditoria preparará o relatório. Esse documento, como estabelece a Norma ABNT ISO
19011:2018, precisa ser completo, o que não significa que seja necessário entrar em detalhes sobre
cada minuto do processo executado.
Do conteúdo para o relatório sugerido pela Norma ABNT ISO 19011:2018, o auditor líder da equipe da
auditoria da farmácia escolheu os seguintes itens para fazer parte do documento:
a) objetivos de auditoria;
f) critérios de auditoria;
h) conclusões de auditoria;
i) declaração sobre o grau no qual os critérios de auditoria foram atendidos (com base nos
indicadores de desempenho apurados);
Observe que, neste caso, o auditor líder optou por não utilizar todos os itens sugeridos pela Norma
ABNT ISO 19011:2018. Essa escolha sempre deve se dar pela aplicabilidade dos itens à auditoria
específica, uma vez que o processo varia de uma empresa para outra e até mesmo entre setores
auditados, ou ainda, depende dos objetivos estabelecidos para cada auditoria.
No caso da farmácia, o relatório poderia ser distribuído para o dono da empresa, para o gerente da
farmácia e para o gerente de produção.
É importante que a equipe de auditoria ou o auditor líder conheça as expectativas e necessidades das
partes interessadas que irão receber o relatório.
Agora, compreenda como as planilhas eletrônicas podem auxiliar na organização dos dados. Vamos lá!
Um relatório de auditoria interna da qualidade deve ser consistente e fornecer informações confiáveis às
gerências e diretorias, enfim, para todas as partes interessadas que necessitem conhecer os resultados
da auditoria.
Para possibilitar a geração de um relatório com essas características, é recomendável ter um controle
efetivo das informações geradas, bem como de todo o processo de auditoria. Para tanto, ferramentas
como planilhas de controle são bastante úteis.
Mas que tipos de planilhas poderiam ser utilizadas? Que tipos de informações devem ser inseridas nas planilhas?
Esses e outros possíveis questionamentos procuraremos responder a seguir.
Planilhas podem ser elaboradas e preenchidas de forma simples ou mais complexa, podendo, inclusive,
ser feitas à mão sem o uso de ferramentas computacionais. O mais importante é o conteúdo e não a
sofisticação. Porém, com o advento das tecnologias, cada dia mais inovadoras, existem várias opções
de construção de documentos de acompanhamento de auditorias, como planilhas, tabelas e gráficos.
Excel,
Word.
Você sabia que as planilhas podem ser construídas com ambos os softwares?
Contudo, o Excel é, certamente, mais apropriado para a realização de cálculos e totalização de resultados.
Talvez você não esteja familiarizado com esses termos ligados à tecnologia, ou, mesmo que esteja,
é possível que não tenha maiores conhecimentos sobre a base tecnológica que possibilita o uso dessas
ferramentas. Na sequência, vamos conhecer ou revisar alguns conceitos a respeito de computadores,
seus componentes, funcionamento e utilidades.
Uma planilha eletrônica construída usando o Excel pode conter algumas informações textuais, mas,
geralmente, a maior parte do seu conteúdo é composta por números, até pela facilidade da realização
de cálculos possibilitadas por essa tecnologia. Agora, conheça um exemplo de planilha de Excel para
acompanhamento da auditoria. É fundamental que você compreenda que esse modelo não é único e
definitivo, podendo e devendo ser customizado de acordo com a realidade e necessidade das empresas.
Como você pôde observar, há várias colunas e linhas que resumem informações tanto sobre o andamento
da auditoria, por exemplo um acompanhamento da execução das atividades previstas no plano de auditoria,
quanto sobre os resultados obtidos a partir das evidências de auditoria em diferentes áreas da organização.
Uma possibilidade é formatar planilhas com colunas por departamentos e nas linhas os itens auditados
(observe como isso é apresentado na Figura 14). Para cada departamento, as colunas podem ser deta�
lhadas por status da auditoria, por exemplo, com informações sobre o percentual já verificado dos itens
programados para a auditoria, e da localização (física ou digital) das evidências da auditoria de cada item.
Lembre-se de que a planilha, da Figura 14, pode ser customizada para as suas necessidades. Um exemplo
do que poderia ser diferente está relacionado com as colunas das áreas ou departamentos. Ao invés de
serem representados em colunas dentro de uma mesma planilha, poderia haver uma aba do arquivo para
cada departamento. Assim, seria possível visualizar um conjunto maior de dados em uma mesma tela,
quando for necessário analisar mais detalhes da auditoria em cada departamento.
As planilhas também podem conter abas de várias auditorias, ajudando a manter um registro de audito�
rias anteriores para o acompanhamento das informações auditadas. Aproveitando as funcionalidades do
software, você pode vincular algumas células a outras, facilitando a busca de dados e o preenchimento
automático de células, quando isso for de seu interesse.
Se a sua empresa tem um setor ou departamento de TI (Tecnologia da Informação), você pode pedir
ajuda aos colegas desse setor para desenvolver uma planilha que seja customizada para as suas
necessidades. Caso você não tenha muita familiaridade com o Excel e sua empresa não possua um
departamento de TI que possa lhe auxiliar a montar planilhas eletrônicas, um curso básico do programa
poderá ser de grande utilidade.
As tecnologias estão cada vez mais presentes no dia a dia das organizações, influenciando inúmeras
atividades humanas no ambiente de trabalho, o que não é diferente para as atividades de uma
auditoria interna da qualidade. Portanto, se você pretende atuar nesse tipo de trabalho é importante
que domine, pelo menos em um certo grau, algumas ferramentas de TIC.
Outro termo que ouvimos com frequência é “informática”. Vejamos então o seu significado.
Para Veloso, enquanto o foco da ciência da computação é o processamento dos dados pelos compu�
tadores, que contempla tanto a arquitetura das máquinas e a programação, o foco da informática é
como a informação é armazenada e disponibilizada.
Durante uma auditoria, você precisará guardar documentos, atualizá-los, encaminhá-los a outros
membros da equipe de auditoria para revisão e/ou complementação, e, então, recebê-los de volta
para sua finalização. Nesse sentido, a informática dispõe de uma série de tecnologias que possibilitam
a realização desse trabalho em menor espaço de tempo e até mesmo remotamente, ou seja, entre
pessoas que não necessariamente estão na mesma unidade física de trabalho. Algumas dessas tecno�
logias serão discutidas a seguir.
Você sabe para que serve um computador sem os softwares que o fazem funcionar?
Capron (2004, p. 34) considera que é o software - o conjunto de instruções planejadas, passo a passo,
necessárias para transformar dados em informação - que torna um computador útil. Continuando sua
linha de raciocínio, o autor classifica os softwares como software de sistemas e software aplicativo.
Softwares aplicativos são aqueles relacionados às atividades executadas pelos usuários dos com�
putadores, como elaborar textos, executar cálculos em planilhas e construí-las, ou ainda controlar o
estoque de uma loja (CAPRON, 2004). Se você tem necessidade de elaborar listas (por exemplo, listas
de verificação ou checklists), realizar cálculos automatizados, ordenar e classificar valores, as planilhas
eletrônicas são ferramentas bastante úteis. Já um editor de textos pode ser utilizado para elaborar
relatórios (como os relatórios de auditoria interna da qualidade), redigir comunicados, ofícios, corres�
pondências e vários outros tipos de documentos.
O editor de texto utilizado para escrever esse curso é um exemplo de software aplicativo. No caso
específico, o software aplicativo utilizado foi o Word, fornecido sob pagamento de licença comercial pela
empresa detentora de seus direitos. Contudo, não existem apenas processadores de texto ou softwares
para desenvolver planilhas que necessitem ser pagos, também há esse tipo de software aplicativo
disponibilizado livremente, o qual pode ser baixado da internet. Esse tipo de disponibilização tem como
princípio a construção e melhoramento colaborativo do software pelos seus usuários. O que possibilita
sua utilização é a adoção de um sistema operacional, também de forma livre, denominado Linux, que
permite o funcionamento de determinados softwares, como editores de texto e planilhas eletrônicas.
Também são softwares aplicativos, os programas que permitem a edição de imagens, tabelas, imagens
e textos, vídeos. Eles são bastante usados em apresentações, reuniões de trabalho, atividades dos
professores e dos alunos em sala de aula e até na comunicação a distância via internet. É possível que
você mesmo já tenha usado softwares desse tipo ou tenha assistido pela internet apresentações com
o uso dessas ferramentas. Exemplos desses softwares são o Power Point, o KeyNote, o Prezi, o Sway e
o Google Slides. Essa é apenas uma pequena relação, porém com as rápidas mudanças que ocorrem
na área da tecnologia da informação, provavelmente, novas tecnologias para realizar apresentações
eletrônicas estejam disponíveis quando você estiver fazendo este curso. Acessando o YouTube, você
pode pesquisar e conhecer, em poucos minutos, o funcionamento de vários softwares apresentações.
Youtube: Plataforma on-line que permite que as pessoas postem vídeos, que podem
ser assistidos e compartilhados pelos usuários em qualquer parte do planeta.
Outro tipo de software com função diferente dos softwares aplicativos é o software de sistema. Trata-se
do sistema operacional, que “é o conjunto de programas que se encontra entre o software aplicativo e o
hardware; é o software fundamental que controla o acesso a todos os recursos de hardware e software [...]
o software aplicativo não é capaz de se comunicar com o hardware” (CAPRON, 2004, p. 64).
Windows,
Linux,
Unix,
Snow Leopard e
Mac OS.
Contudo, existem sistemas operacionais mais apropriados ao uso individual de computadores, eles são
denominados sistemas operacionais clientes, tendo como exemplos alguns dos sistemas operacionais
citados anteriormente, como o Windows, Linux, Mac OS e Android. De acordo com Ptcomputer (s/d),
o sistema operacional cliente “é destinado a um ‘independente’ da máquina, que é operado por um
único usuário. Cada sistema operacional, como o Windows ou Mac, é feito para funcionar em seu
hardware específico”. Portanto, os computadores que operam com esse tipo de sistema operacional
não necessitam ter tanta capacidade de processamento quanto aqueles que operam com o sistema
operacional servidor, que executam aplicações e programas para mais de um usuário.
Atualmente, as informações navegam pelo mundo inteiro em frações de segundos, mas como isso é possível?
A transmissão de dados e informações pela internet é possível em função do World Wide Web, que
você deve conhecer por “www”, as três letras iniciais dos sites na internet. Segundo Nascimento (2006,
p. 85), uma das grandes contribuições da World Wide Web está relacionada com a sua capacidade de
“reunir interface gráfica, recursos de multimídia e hipertexto”, possibilitando a construção de páginas
gráficas, que podem conter fotos, animações, trechos de vídeos e sons. Os sites, que formam a “www”
podem ser de organizações públicas e privadas e, inclusive, de apenas uma pessoa.
Para que possamos acessar os sites de nosso interesse, precisamos de um software denominado TCP/IP,
que significa Transmission Control Protocol/Internet Protocol, o qual permite a comunicação entre diferentes
computadores (CAPRON, 2004).
Necessitamos também de um programa que faça o acesso aos sites, o qual é chamado de navegador
(NASCIMENTO, 2006). Entre os navegadores mais utilizados estão:
Microsoft Edge,
Mozilla Firefox,
Safari,
Google Chrome.
Você pode encontrar esses navegadores facilmente, visualizando-os na página inicial do seu computador
ou na barra inferior da tela do computador.
Uma das funcionalidades que permite às pessoas enviarem mensagens com arquivos de vários tipos
e tamanhos via internet chama-se correio eletrônico, sendo que seu funcionamento ocorre da se�
guinte maneira:
“A mensagem vai para o servidor de correio eletrônico do remetente, que a envia para o servidor do
destinatário. Utilizando um gerenciador de correio eletrônico, o destinatário conecta-se ao seu servidor
e pega a mensagem. Todos os usuários desse serviço possuem um endereço eletrônico, também
denominado e-mail. Essa identificação é única. Não podem existir dois endereços iguais. De um modo
geral, o e-mail tem o seguinte formato: seunome@provedor.com.br.” Nascimento (2006, p. 92).
Podemos relacionar um grande grupo de situações de uso da internet, tanto no ambiente corporativo
quanto no ambiente particular. Nas empresas, muitas vezes, necessitamos encaminhar mensagens
eletrônicas para clientes ou para colegas de trabalho, ou ainda para fornecedores. Possivelmente,
você já tenha recebido mensagens de seu superior, solicitando a elaboração de determinado trabalho
ou relatório, o qual você, posteriormente, lhe encaminhou também por e-mail, utilizando a internet.
Assunto - Permite que o destinatário identifique do que se trata a mensagem antes de abri-la.
Conteúdo - Pode ser um texto elaborado com mais profundidade ou não, dependendo do
tipo de assunto tratado. Além do texto da mensagem, podem ser encaminhados anexos ao
texto, como outros textos, planilhas, vídeos, fotos etc.
Atualmente, a internet é de grande utilidade quando necessitamos adquirir algum insumo ou material
para a empresa, pois é possível encaminhar um e-mail para os fornecedores com a descrição do que
precisa ser comprado, para depois receber as cotações de preço dos materiais, também por e-mail.
É bastante comum, principalmente, em empresas de grande porte que realizam negócios com outras
empresas em estados ou países diferentes, a utilização da internet para realizar videoconferências, nas
quais é possível conversar e ao mesmo tempo visualizar as pessoas com quem se está conversando.
No ambiente particular, os exemplos de utilização da internet são tão ou mais diversos do que no
ambiente corporativo.
Dica
No ambiente particular, para enviar mensagens pela internet, utilize um endereço de e-mail particular e não
o endereço usado na empresa, pois trata-se de assunto privado, não sendo de interesse da organização.
No ambiente privado, é possível utilizar a internet para enviar mensagens para grupos de discussão
não relacionados ao trabalho, amigos, familiares, assistir e compartilhar filmes e vídeos. Há também o
uso das redes sociais, bastante comuns atualmente, que permitem trocar mensagens, imagens e sons
entre duas ou mais pessoas. Os jogos on-line, ou seja, usando acesso à internet, são outro exemplo
de utilização da rede mundial de computadores, sendo essa prática bastante utilizada pela população
mais jovem e pelos aficionados por jogos eletrônicos.
Agora que conhecemos as diversas utilidades das TICs para auxiliar no acompanhamento das auditorias
internas da qualidade e na elaboração dos relatórios das auditorias, vamos estudar as atividades relativas
ao processo de distribuir o relatório da auditoria.
1ª ETAPA 2ª ETAPA
Após a aprovação, o relatório da auditoria deverá ser distribuído às pessoas e setores determinados
pelo cliente da auditoria.
Além disso, é importante que o relatório seja datado, tenha sofrido uma análise crítica e tenha sido
aprovado, atendendo o programa de auditoria (ABNT, 2018).
Exemplo
O relatório da auditoria da farmácia de manipulação foi elaborado no computador, utilizando o Word,
e contém planilhas eletrônicas do Excel para apresentar e resumir dados apurados na auditoria, além
do conteúdo escolhido pelo líder da auditoria.
A distribuição definida foi a de que o documento seja impresso e uma cópia seja entregue ao dono da
farmácia. O gerente da farmácia e o gerente de produção receberão uma cópia digital do relatório por
e-mail. Uma cópia digital do arquivo será encaminhada para o setor de qualidade da farmácia, que
armazenará o arquivo em um computador servidor da empresa, em um diretório específico para as
auditorias internas da qualidade, devidamente identificado.
A retenção ou destruição dos documentos pertencentes à auditoria dependerá do que for acordado
entre auditor, cliente e auditado, bem como deverá seguir os procedimentos do programa da auditoria,
além de atender a requisitos definidos em estatutos, regulamentos ou contratos.
O princípio da conduta ética, que você estudou no tópico 2 deste curso, também deve ser respeitado após
a conclusão da auditoria. Assim, a menos que requerido por lei, o auditor não deve revelar para ninguém
o conteúdo de documentos ou informações obtidas na auditoria, ou constantes do relatório da auditoria,
sem que tal divulgação seja aprovada, explicitamente, pelo cliente da auditoria ou pelo auditado.
Exemplo
Uma das providências tomadas pelo líder da auditoria da farmácia de manipulação foi devolver ao setor
de produção da farmácia todo e qualquer documento que havia sido entregue pelo setor à equipe de
auditoria para análise, obtendo do respectivo setor um recibo ou declaração de devolução do material.
Outra providência tomada pelo líder da auditoria foi desenvolver um relato das lições aprendidas
durante a auditoria. Nesse documento, constam informações sobre os principais pontos que deram
certo durante o processo e os que não tiveram sucesso, bem como as medidas tomadas para corrigir
eventuais desvios com relação ao que havia sido planejado para a auditoria. Para orientar futuras
auditorias, todas essas informações serão encaminhadas para o setor de qualidade da farmácia,
para que os acertos sejam repetidos e eventuais riscos sejam evitados ou reduzidos a partir do
aprendizado do trabalho realizado na auditoria.
Videoaula
Agora, clique aqui e assista ao vídeo com a explicação sobre as últimas atividades da auditoria, que
são o relatório e a conclusão.
No entanto, durante o prazo estabelecido para a realização das ações determinadas no relatório da
auditoria, ou em uma auditoria subsequente, pode ser verificado, por exemplo, se as ações corretivas
estão sendo eficazes, por meio de uma auditoria subsequente.
Exemplo
Durante a auditoria da farmácia de manipulação, foram apontadas, no relatório de não conformidade,
algumas ações que precisavam ser encaminhadas para correção das não conformidades encontradas.
O líder da auditoria determinou que após os prazos estabelecidos para a correção das não
conformidades encontradas, seja realizada uma nova auditoria interna da qualidade para verificar
se, efetivamente, as correções foram realizadas. Além da implementação das ações corretivas, o líder
da auditoria determinou que na nova auditoria também se apure qual foi a eficácia das medidas de
correção implementadas.
CONSIDERAÇÕES DO TÓPICO 4
Neste ponto, finalizamos, totalmente, o tópico 4. Esperamos que você tenha aproveitado bastante
esse material e a abordagem sobre a Norma ABNT ISO 19011:2018 que aqui trabalhamos.
Você aprendeu que para a elaboração do relatório da auditoria podem ser usadas ferramentas informati�
zadas para a organização dos dados apurados na auditoria, como as planilhas eletrônicas. Lembre-se de
que outros recursos de TIC também podem auxiliar na elaboração e distribuição do relatório, tais como:
computadores, softwares livres e softwares sob licença para edição e apresentação de textos, imagens,
vídeos e sons, além da própria internet.
Além disso, você compreendeu que para que a auditoria possa ser considerada como concluída, o
auditor deve realizar a reunião de encerramento, obter aprovação do relatório da auditoria e distribui-lo
adequadamente. Ainda após a conclusão da auditoria, a Norma ABNT ISO 19011:2018 recomenda que
se conduza a auditoria de acompanhamento, por meio da execução, pelo auditado, de ações corretivas,
preventivas ou de melhoria que tenham sido indicadas a partir da auditoria realizada.
Você chegou ao final do curso Auditoria Interna em Qualidade, no qual teve a oportunidade de
conhecer e estudar as principais terminologias utilizadas em auditorias e os princípios que um
auditor interno da qualidade deve seguir para realizar uma auditoria confiável. Esses princípios
permeiam, praticamente, todas as atividades do auditor, envolvendo o planejamento dos
programas de auditoria, a elaboração dos planos dessa, bem como a realização da auditoria
propriamente dita e a elaboração do seu relatório.
Dentre os pontos estudados, os mais relevantes para a sua atuação como auditor interno da
qualidade, além dos princípios da auditoria e do conhecimento das etapas do programa de
auditoria, são as etapas do processo de gestão de um programa de auditoria e as atividades
de auditoria. Essas atividades devem seguir uma sequência lógica, estabelecida em um
fluxograma, podendo, essa sequência, ser alterada em função de especificidades da auditoria,
sendo que a auditoria deve culminar com um relatório consistente que será distribuído às
pessoas e setores determinados pelo cliente da auditoria.
Atenção
Agora, realize a Atividade Avaliativa, que está disponível no menu lateral esquerdo da Sala Virtual
deste curso no Ambiente Virtual de Aprendizagem. Lembre-se de que para ser aprovado e receber
o certificado, você deverá atingir um aproveitamento superior ou igual a 70%.
Sucesso!