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AO INSIGNE JUÍZO DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE SAPUCAIA/RJ

PROCESSO Nº 0002833-77.2021.8.19.0057

WILLIAM RAMOS DA CUNHA, nos autos da ação em epígrafe,

em face do ESTADO DO RIO DE JANEIRO, vem, por meio de sua

advogada adiante assinada, respeitosamente perante V.


Excelência, apresentar

RÉPLICA

diante dos fatos e fundamento alegados em contestação, pela

Fazenda Pública.

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O Réu, ao responder a presente demanda, trouxe fundamentos

que não merecem prosperar, inclusive não se ateve à exordial, e sem

sombra de dúvida apresentou defesa para caso estranho e distinto do


que está sendo discutido neste feito, pelos fundamentos fáticos e jurídicos
que passa a dispor.

Inaugura sua peça de defesa distorcendo a verdade sobre os

fatos, inicialmente por certo que em momento algum a parte Autora pleiteia averbação

enquanto Aluno Aprendiz, isso porque tal averbação ocorreu em 2014, conforme
Boletim da PM nº 031 de 23 de dezembro de 2014, o que se pretende é a condenação

do réu em abster-se de revogar tal ato administrativo, inclusive por ter se operação a
prescrição do poder/dever do estado de rever seus próprios atos, já que passados

quase 8 (oito) anos daquele ato administrativo que se perpetuou no tempo de forma
a caracterizar um ato administrativo jurídico e perfeito, não eivado de vícios e seguindo

a legislação e entendimento político-administrativo da época.

É notório que o Réu não está apresentando defesa ao presente

caso, alega o Réu em sua peça de bloqueio que “o autor não possui direito a perceber

os triênios no seu percentual perquirido, pois antes da passagem para a inatividade


não conseguiu completar o tempo de serviço exigido para a percepção deste

percentual”, ora Excelência, mas o ato de averbação se deu em 2014, conforme


Boletim da PM nº 031 de 23 de dezembro de 2014, e transferência para reserva

remunerada se deu através do processo nº E-09/055/158/2017, o qual teve seu


deferimento com publicação no BOL PM nº 184 de 03/10/2017. Estamos, de fato,

trabalhando no mesmo processo - 0002833-77.2021.8.19.0057? Ou este seria apenas um


recurso escuso utilizado pelo réu para ludibriar este douto juízo trazendo dúvidas e confusão
para ofuscar o entendimento e impedir que seja possível que se faça o inevitável, o correto
juízo de valor que levará ao reconhecimento do direito ora pleiteado.

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E não para por ali, em fls. 159, alega o Réu que: “a reforma se

deu em 2004 e a redução em 2007, não há ilegalidade praticada pela


Administração ao procedê-la, à luz da realidade funcional-previdenciária do ex-

servidor”, quando já se passaram aproximadamente 5 (cinco) anos que a parte Autora


foi transferida para a reserva remuneração, por óbvio a peça de bloqueio tornou-se

inócua processualmente, isto porque traz fundamentos jurídicos à fatos inexistentes


diante da exordial apresentada, ou seja, os fatos rebatidos não são os mesmos trazidos

na inicial, o que impede sua apreciação e aproveitamento dentro deste feito.

Mas, ultrapassados os argumentos acima expostos, o que apenas

se admite em atenção ao princípio da eventualidade, alguns parâmetros devem

ser observados

O ponto chave desta discussão está exatamente no poder/dever

de auto tutela do estado em rever seus próprios atos e na impossibilidade de revogar


aqueles fulminados pela prescrição, pois o que pretende a administração pública, é

retirar da parte Autora, o tempo laborado como Aluno Aprendiz, tempo este já

averbado conforme Boletim da PM nº 031 de 23 de dezembro de 2014, e assim, de


posse de nova certidão, atendendo o novo entendimento do órgão consultor, onde

deverá ser discriminando o período líquido em que frequentou a instituição, sendo


excluído do cômputo as férias e os recessos escolares, por óbvio, o tempo averbado

em 2014, será reduzido. O que frontalmente agride o direito adquirido pelo


administrado, até porque, como já mencionado anteriormente, prescreve em 5 (cinco)
anos o poder/dever de autotutela do estado rever seus próprios atos, e ainda que
dentro do prazo prescricional, quando o ato alvo de revisão tenha gerado direitos e

não eivado de vícios, como é o caso em tela, não poderá a administração pública por
mera discricionariedade e conveniência por mudança de entendimento mais moderno

atingir e gerar prejuízos aos seus administrados.

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E neste ponto, deve ser ressaltado, ato administrativo provido

mediante realização de Averiguação Administrativa com visita in locu para verificação


do preenchimento dos requisitos necessários que fundamentassem o direito à tal

averbação, conforme Averiguação de fls. 37/39, tudo feito pela própria administração
pública.

Alega o Réu em sua peça de bloqueio que a parte Autora não


preencheu os requisitos para contagem de tempo enquanto Aluno-Aprendiz, ora

Excelência, como veremos a seguir, nos ditames dos julgados mais recentes sobre o

tema, a parte Autora não só preencheu todos os requisitos, como a própria


administração após averiguação publicou a averbação do tempo de serviço na

condição de Aluno-aprendiz, portanto, o que se pretende não é o reconhecimento


do direito em si propriamente dito, mas a garantia que a administração pública de

posse do seu poder discricionário não atue de forma lesiva ao administrado, já que a
averbação em comento ocorreu conforme Boletim da PM nº 031 de 23 de

dezembro de 2014. Senão vejamos:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO ADMINISTRATIVO E


PROCESSUAL CIVIL. TUTELA PROVISÓRIA. PMERJ. AVERBAÇÃO DE
TEMPO DE SERVIÇO PELA PARTICIPAÇÃO NO PROGRAMA 'ALUNO-
APRENDIZ'. ATO ADMINISTRATIVO DE REVOGAÇÃO DA PASSAGEM
PARA A RESERVA REMUNERADA. SUSPENSÃO. INCONFORMISMO DO
ESTADO. 1. Agravo de instrumento interposto em face de decisão
concessiva da tutela de urgência requerida pelo ora agravado, a fim
de suspender os efeitos do ato administrativo que revogou a sua
passagem para a reserva remunerada, excluindo a averbação do
tempo de participação no programa "aluno-aprendiz" para efeito de
contagem do tempo de serviço 2. Tutela de urgência. Ocorrência dos
requisitos previstos no artigo 300 do Código de Processo Civil.
Cognição sumária. 3. Autor/recorrido que trouxe aos autos o ato
administrativo de transferência para a Reserva Remunerada no ano de
2018, de onde consta, em seu resumo de assentamentos, a averbação
de tempo de serviço de quatro anos como aluno-aprendiz. Consta dos
autos, também, certidão atestando o exercício de curso
profissionalizante de formação de professores em colégio estadual.
Averbação que torna presumível a averiguação de seus requisitos por

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parte da Corporação. 4. Nada obstante se reconheça à Administração
Pública o poder/dever de anular seus atos administrativos
contaminados de vício de validade (Súmula 473 do Supremo Tribunal
Federal), verifica-se, no caso, que a transferência do agravado para a
reserva remunerada se deu com a observância dos requisitos
necessários, ante a averbação do período de participação no
programa aluno-aprendiz para efeito de cômputo de tempo de
serviço. A revogação de tal ato administrativo, cerca de um ano depois
da passagem do agravado para a reserva remunerada, malfere os
princípios da segurança jurídica e da boa-fé. 5. Perigo na demora.
Risco de lesão que se dá não apenas sob a vertente do risco de morte
inerente à atividade policial, mas também para a própria sociedade,
tendo em vista que o agravado permaneceu inativo por cerca de um
ano, sem receber treinamento físico ou atualização profissional, o que
certamente imprime nota extra de temeridade no regresso do
recorrido à ativa. DESPROVIMENTO DO RECURSO. (TJ-RJ - AI:
00150835620208190000, Relator: Des(a). CARLOS SANTOS DE
OLIVEIRA, Data de Julgamento: 16/07/2020, VIGÉSIMA SEGUNDA
CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 2020-07-20)

APELAÇÃO CÍVEL. Direito Administrativo. Policial militar. Triênio.


Averbação de tempo de serviço como aluno-aprendiz. Inexistência
de prescrição. Supressão de 5% do triênio ocorrida em janeiro/2017.
Ajuizamento desta demanda em abril/2017, dentro do prazo
prescricional quinquenal. Incidência do Enunciado 96 do TCU.
Cancelamento do benefício sem a instauração de processo
administrativo. Necessidade de observância do contraditório e da
ampla defesa. Ausência de oposição na lei ao pleito autoral.
Demandante tem direito à averbação do tempo de serviço como aluno-
aprendiz. Sentença mantida. DESPROVIMENTO DO RECURSO.
(0011837-76.2017.8.19.0026 - APELAÇÃO - 1ª Ementa – Des
PETERSON BARROSO SIMÃO - Julgamento: 18/05/2020 - TERCEIRA
CÂMARA CÍVEL).

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. POLICIAL


MILITAR. PRETENSÃO DE AVERBAÇÃO EM FICHA FUNCIONAL DO
PERÍODO DE 3 ANOS PELO TEMPO QUE ATUOU COMO ALUNO-
APRENDIZ. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. INCONFORMISMO DO
AUTOR. POSSIBILIDADE DE A ADMINISTRAÇÃO REVER E ANULAR
SEUS PRÓPRIOS ATOS. SÚMULAS 346 E 473 DO STF E ART. 51 DA LEI
ESTADUAL Nº 5.427/2009. LIMITAÇÃO TEMPORAL PARA O EXERCÍCIO
DA AUTOTUTELA, CONFORME ART. 2º DA LEI ESTADUAL Nº
3.870/2002 E ART. 53 DA LEI ESTADUAL Nº 5.427/2009. PRAZO
QUINQUENAL QUE, IN CASU, NÃO FOI ULTRAPASSADO.
ANULAÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO SEM OPORTUNIZAR
CONTRADIÓRIO E AMPLA DEFESA. INEXISTÊNCIA DE PROVA DE
MÁ-FÉ DO AUTOR QUE, AO CONTRÁRIO, COMPROVA PREENCHER OS
REQUISITOS DEFINIDOS PELA SÚMULA Nº 96 DO TCU, APLICADA POR

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ANALOGIA. PRECENDENTES DESTE TJ/RJ NO MESMO SENTIDO.
PROVIMENTO DO RECURSO PARA DETERMINAR QUE O RÉU
AVERBE NA FICHA FUNCIONAL DO AUTOR O PERÍODO DE 03
(TRÊS) ANOS EM QUE
ATUOU COMO ALUNO APRENDIZ, CONFORME RECONHECIDO NOS
DOCUMENTOS DE FLS. 27/30. CONDENO O RÉU, AINDA, A PAGAR AO
AUTOR A QUANTIA INDEVIDAMENTE RETIRADA DE SUA
REMUNERAÇÃO MENSALMENTE, ATÉ A DATA DA EFETIVA
IMPLEMENTAÇÃO. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA DE ACORDO
COM O RESTAR DEFINITIVAMENTE DECIDIDO PELO STF NO
JULGAMENTO DO RE N° 870.947, DEVENDO O VALOR DA
CONDENAÇÃO SER APURADO EM FASE DE LIQUIDAÇÃO. SEM
CUSTAS. CONDENO O RÉU, NO ENTANTO, AO PAGAMENTO DE
HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA, ESTES ARBITRADOS EM R$500,00
(QUINHENTOS REAIS), NA FORMA DO ART. 85, §8º, DO CÓDIGO
DE PROCESSO CIVIL. (0000706-77.2017.8.19.0035 - APELAÇÃO - 1ª
Ementa - Des. INÊS DA TRINDADE CHAVES DE MELO - Julgamento:
15/05/2019 – SEXTA CÂMARA CÍVEL)

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER.


POLICIAL MILITAR. AVERBAÇÃO DE TEMPO DE SERVIÇO PRESTADO
COMO ALUNO APRENDIZ PARA EFEITO DE ADICIONAL POR TEMPO
DE SERVIÇO. PRESCRIÇÃO. PRESTAÇÃO DE TRATO SUCESSIVO.
NÃO OCORRÊCIA. Ação cognitiva proposta por servidor público
estadual perseguindo a anulação de ato administrativo que suprimiu a
averbação da contagem de tempo de serviço prestado como aluno
aprendiz, reduzindo o percentual de triênios e descontando
gratificações já recebidas Sentença que declara a prescrição e julga
extinto o processo na forma do art. 487, II, do CPC. Apelo do autor. 1.
Em se tratando de prestação de trato sucessivo, a prescrição
alcança apenas as parcelas vencidas cinco anos antes do ajuizamento
da ação. 2. Embora a Administração tenha o direito e o dever de rever
seus atos, não pode fazê-lo sem respeito aos princípios
constitucionais do contraditório e da ampla defesa. 3. A
possibilidade de averbação como tempo de serviço público do
período trabalhado como aluno-aprendiz encontra-se consolidada
na Súmula 96 do Tribunal de Contas da União. 4.Recurso ao qual
se dá provimento. Versão para impressão (0004198-07.2017.8.19.0026
- APELAÇÃO - 1ª Ementa – Des FERNANDO FOCH DE LEMOS
ARIGONY DA SILVA - Julgamento: 27/11/2019 – TERCEIRA CÂMARA
CÍVEL)

Assim, NÃO PODE a nova interpretação violar esta legítima


expectativa e impedir o autor de ser mantido na reserva remunerada, sob pena de se

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atentar contra os princípios basilares do Direito e da própria Constituição da República

(art. 5º, XXXVI).

Assim, ainda que o Tribunal de Contas do Estado seja responsável

por emanar o segundo ato administrativo para efetivação da passagem do autor


à reserva, não poderá - sob pena das violações expostas - considerar a nova

interpretação sobre o tema do aluno aprendiz, mas ater-se a intepretação que


vigorava na época em que houve a averbação, respeitando, assim o ato

jurídico perfeito.

Note-se que, além da plausibilidade jurídica, nos termos acima


indicados, também há perigo na demora. O risco de lesão se dá não apenas sob a

vertente do risco de morte inerente à atividade policial, mas também para a própria
sociedade, tendo em vista que a parte Autora permaneceu inativa por cerca de

aproximadamente 5 (cinco) anos, sem receber treinamento físico ou atualização


profissional, o que certamente imprime uma nota extra de temeridade no regresso do

recorrido à ativa.

Demais disso, inexiste perigo de irreversibilidade da decisão,


note-se, em relação à determinação sobre a manutenção de triênio, que

também não há risco à esfera jurídica do agravante, tendo em vista a


possibilidade de cobrança dos valores pagos em cumprimento de tutela provisória

posteriormente cassada.

Por fim, ressalta que a questão enfrentada no presente feito tem

obtido acolhimento do pleito autoral em outros processos dentre os quais citamos o

que possui Acórdão mais recente, qual seja, processo nº 004852-65.2019.8.19.0012,


em trâmite na 2ª Vara da Comarca de Cachoeiras de Macacu/RJ.

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Ante o exposto, requer sejam rechaçados todos os fundamentos

aventados na contestação com o consequente acolhimento de todos os pedidos


elencados na exordial.

Nestes termos, pede deferimento.


Três Rios/RJ, 1 de abril de 2022.

Assinado de forma digital por


ELISANGELA PARREIRAS ELISANGELA PARREIRAS
ARAUJO:10213836785 ARAUJO:10213836785
Dados: 2022.04.01 14:34:47 -03'00'

DRA. ELISÂNGELA PARREIRAS ARAÚJO


OAB/RJ 204.251

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