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P R O F. J O S É R O D O L F O C O R RA D I N I TO L I N O
PATOLOGIAS ORIFICIAIS
FEVEREIRO / 2022
Patologias Orificiais
APRESENTAÇÃO:
@prof.joserodolfo
t.me/estrategiamed /estrategiamed
Patologias Orificiais
Apendicite
AAP 2,5%
2,1%
Cicatrização de feridas
2,5%
Diverticulite
Trauma 2,5%
17%
Cirurgia torácica
3,3%
Orificial
3,3%
Cirurgia pediátrica
Colangite e colescistite
8,3%
3,7%
Nutrição
3,7%
Anestesiologia
7,5% Vesícula e vias biliares
4,6%
Complicações pós-op
5%
Vascular
7,1%
Temas gerais
5%
AAO
7,1%
Queimadura Hérnias
5,4% 5,4%
1,00
0,75
No de questões
0,50
0,25
0,00
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2019 2020 2021
Ano
Ou seja, vira e mexe, tem uma questãozinha de para a prova, mas servir como base ou apenas curiosidade,
patologia orificial, que você vai acertar! Isso é ainda mais também estará sinalizado.
verdade quando nós pensamos na prova realizada pelo INEP, Além disso, na introdução de cada capítulo eu digo
afinal, 80% das questões sobre esse assunto estão nela! se o tema merece MAIS, ou menos, sua atenção! Por isso,
Após terminar este livro, eu quero que você: fique atento(a) às nossas corujas e preste muita atenção
• tenha em mente as principais características de cada nas tabelas e resumos!
patologia orificial de nosso interesse; Outra coisa que você vai perceber é que coloquei
• saiba, ou ao menos desconfie, de qual patologia o questões de provas de Residência neste livro digital, pois,
enunciado está falando, antes mesmo de ler as alternativas; como são apenas 9 questões do tema nas provas do INEP e da
• diferencie com facilidade cada patologia orificial do UFMT, não haveria volume suficiente para treinar o assunto!
nosso interesse; Fique tranquilo, todas as questões cobram conceitos
• ACERTE todas as questões do tema! e apresentam formato semelhante ao das provas de
Tudo o que for importante sobre cada patologia revalidação.
estará destacado e explicado. O que não for relevante Vamos lá, doutor(a)!
Patologias Orificiais
SUMÁRIO
2 .2 CLASSIFICAÇÃO 9
2 .4 TRATAMENTO 16
5 .3 TRATAMENTO 43
CAPÍTULO
MEDIDAS HIGIENODIETÉTICAS
Hábito intestinal diário e regular: evitar longos períodos sem evacuar; controlar diarreia crônica.
Fezes pastosas e macias: ingestão regular de fibras e líquidos. Associação com emolientes, se necessário.
Em ambas, devemos afastar delicadamente as polpas glúteas e observar a região perianal, em busca
de ulcerações, nodulações, orifícios fistulosos e abaulamentos. Após a observação estática, pedimos para o
paciente “fazer força de cocô” - isso será importante, sobretudo em hemorroidas.
Para descrevermos a localização da lesão, projetamos um relógio imaginário na borda anal. A porção
superior, na linha média, será o ponto das 12 horas, enquanto a inferior, das 6 horas.
CAPÍTULO
Quatro das nove questões de patologias orificiais Está na hora de cair de novo para você acertar!
abordaram esse assunto. Porém, ele não foi cobrado O mais importante para a sua prova é saber
em 2020 e 2021. identificar que o paciente apresenta uma hemorroida e
A última questão foi em 2017, na prova do INEP. indicar o tratamento mais adequado - já chegaremos lá!
2 .1 EPIDEMIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA
A doença hemorroidária acomete cerca de 25% O que sabemos é que a hemorroida ocorre por
da população, sem preferência por sexo, com pico de vários fatores:
incidência entre 45 e 60 anos. • Constipação crônica, com necessidade de
Mas por que temos hemorroidas? esforço evacuatório aumentado;
Essa pergunta ainda não está bem elucidada. • Aumento da pressão intra-abdominal:
Vamos ver melhor. obesidade, gestação e esforço físico vigoroso;
No canal anal, temos três coxins vasculares, • Doenças do tecido conjuntivo, com
localizados dentro da submucosa: nas regiões enfraquecimento do coxim submucoso;
lateral esquerda, anterior direita e posterior direita - • A hereditariedade ainda não está bem
resgatando nosso relógio do capítulo 1, localizam-se às estabelecida. Ainda permanece a dúvida:
3, 7 e 11 horas. não se sabe se pessoas da mesma família
Eles têm a função de auxiliar na continência apresentam hemorroida por fator genético
fecal, uma vez que fornecem volume ao canal anal. ou por apresentarem hábitos nutricionais e
A fraqueza nesses coxins, associada ao esforço evacuatórios semelhantes.
evacuatório aumentado, leva ao aumento de volume e Atualmente, acreditamos que os hábitos
à protrusão dos coxins pela borda anal. nutricionais semelhantes são mais importantes.
2 .2 CLASSIFICAÇÃO
Grau Característica
I Ausência de prolapso
Já as hemorroidas externas são classificadas apenas com relação à presença ou à ausência de complicações.
Não complicadas
Hemorroidas externas
Complicadas - principalmente trombose hemorroidária
Hemorroida externa não complicada. Hemorroida externa complicada: note o mamilo intumescido e com
ulceração distal, secundários à trombose hemorroidária.
Antes de prosseguirmos para a sintomatologia e o diagnóstico, vamos resolver algumas questões para treinar e
confirmar que você guardou a classificação anterior!
CAI NA PROVA
(Revalida Nacional - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira INEP - 2012) Uma paciente,
45 anos de idade, quatro partos normais, apresenta constipação intestinal crônica, com grande esforço evacuatório, às
vezes com discreto sangramento, visível após a higienização com papel. Há três dias apresenta aumento de nodulações
perianais, sangramento em maior quantidade do que o habitual (suja o vaso com sangue), acompanhado de dor anal
às evacuações. Ao exame, apresenta exteriorização de mamilos hemorroidários, com edema importante em todos,
além de extrusão de coágulo e pequena ulceração em um deles. Ao ser preenchida a ficha de referência para um
serviço de proctologia para essa paciente, qual dos seguintes CID deve ser registrado?
A) I84.1 - Hemorroidas internas com outras complicações.
B) I84.2 - Hemorroidas internas sem complicações.
C) I84.6 - Plicomas hemorroidários residuais.
D) I84.7 - Hemorroidas trombosadas não especificadas.
E) I84.8 - Hemorroidas não especificadas com outras complicações.
COMENTÁRIO:
Doutor(a), você deve concordar comigo que cobrar decoreba de CID-10 não avalia conhecimento algum… Porém, olhando
bem para o enunciado e para as alternativas, conseguimos responder à questão sem a necessidade dessa decoreba.
Veja: temos uma paciente com fatores de risco para doença hemorroidária: gestações prévias e constipação crônica,
com necessidade de esforço evacuatório aumentado. Ela apresenta, de longa data, sangramento eventual após a
higienização com papel - principal sintoma do paciente com hemorroida.
Porém, há 3 dias as nodulações perianais aumentaram, bem como o sangramento, e ela está apresentando dor - veja,
alguma coisa AGUDA aconteceu.
Esse evento agudo foi a trombose hemorroidária, vista no exame físico: “exteriorização de mamilos hemorroidários,
com edema importante em todos, além de extrusão de coágulo e pequena ulceração em um deles”. Se você voltar
alguns parágrafos, encontrará foto semelhante, do paciente com trombose hemorroidária mostrado acima.
Então, nas alternativas, precisamos encontrar alguma que fale sobre doença hemorroidária complicada, ou seja, a
resposta é a alternativa A ou D.
Correta a alternativa D. Estamos diante de uma paciente com história bastante sugestiva de doença
hemorroidária, que apresenta mamilos com edema importante e, em um deles, é visualizada a extrusão de um coágulo
- pronto! Estamos diante de uma hemorroida trombosada.
O enunciado não nos dá informação suficiente para classificarmos essa hemorroida como interna ou externa, portanto,
é não especificada.
Incorreta a alternativa A. O enunciado não nos descreve se o mamilo hemorroidário é superior ou inferior à linha
pectínea. Portanto, não temos como afirmar se é uma hemorroida interna ou externa.
Incorreta a alternativa B. Além de não termos informações suficientes com relação à classificação dessa hemorroida,
está faltando a complicação.
Incorreta a alternativa C. Não estamos diante de um plicoma hemorroidário residual. Essa é uma doença bem pouco
sintomática, que não vai causar dor e sangramento, como os apresentados pela paciente.
Incorreta a alternativa E. Já temos certeza de que a paciente apresenta uma trombose hemorroidária.
(SP - Universidade de Taubaté - UNITAU - Hospital Universitário de Taubaté - 2020) Em relação às hemorroidas, é
CORRETO afirmar:
A) Podem se classificar, de acordo com a sua localização, em interna e externa e ter de 1- 4 graus nas internas.
B) Podem se classificar, de acordo com o seu prolapso, em interna e externa e ter de 1-4 graus nas externas.
C) As hemorroidas externas estão abaixo da linha pectínea e podem se prolapsar, sendo redutíveis ou irredutíveis.
D) As hemorroidas internas originam-se do plexo hemorroidário inferior.
E) As hemorroidas são veias da região anal.
COMENTÁRIO:
Vamos resgatar a classificação das doenças hemorroidárias:
Internas: acima da linha pectínea, originadas no plexo hemorroidário superior e classificadas, pela presença e forma
de prolapso, em graus de I a IV. Se necessário, olhe novamente a tabela!
Externas: abaixo da linha pectínea, originadas no plexo hemorroidário inferior. Elas são classificadas em complicadas
ou não complicadas.
Correta a alternativa A. Como você acabou de ver na classificação, Doutor(a), as hemorroidas são divididas em
internas e externas. As internas são subclassificadas em graus, a depender da magnitude do prolapso, de I a IV.
Já as externas são classificadas apenas com relação à presença, ou ausência, de alguma complicação.
Incorreta a alternativa B. As hemorroidas externas não são classificadas com relação ao grau de prolapso, mas sim com
relação à presença, ou não, de complicações. A classificação em graus de prolapso é exclusiva das hemorroidas INTERNAS.
Incorreta a alternativa C. Realmente, as hemorroidas externas localizam-se abaixo da linha pectínea. Porém, elas não
apresentam prolapso nem possibilidade de redução.
Incorreta a alternativa D. As hemorroidas internas originam-se do plexo hemorroidário superior.
Incorreta a alternativa E. As hemorroidas são dilatações anormais dos coxins vasculares, localizados no subcutâneo,
na região anal. Esses coxins contêm vênulas, arteríolas, músculo liso e tecido conjuntivo.
A porção do canal anal acima da linha pectínea não possui inervação sensorial. Portanto,
hemorroidas internas não tendem a serem dolorosas, salvo na presença de complicações.
Por outro lado, a porção distal à linha pectínea apresenta rica inervação sensorial.
Logo, as hemorroidas externas causam um desconforto maior, além de dor intensa, na
presença de complicações.
A confirmação diagnóstica do paciente é realizada mediante exame físico, por meio da visualização dos mamilos
durante a inspeção anal ou da realização de anuscopia.
Doutor(a), guarde essa informação: pacientes com sangramentos abundantes, que cursam com anemia ou
que possuem mais de 50 anos, devem ter outras patologias mais graves descartadas, por meio da realização de
colonoscopia, mesmo que o exame físico tenha evidenciado a presença de hemorroidas.
Antes de prosseguirmos para o tratamento do paciente com hemorroida, vamos fazer uma questão para você
sedimentar a sintomatologia.
CAI NA PROVA
(SP - Faculdade de Medicina do ABC - 2019) Quais sintomas abaixo são característicos de doença hemorroidária interna?
A) Sangramento às evacuações, prurido anal, ausência de dor.
B) Sangramento às evacuações, prurido anal, dor às evacuações.
C) Sangramento às evacuações, dor às evacuações, nódulo anal com redução espontânea.
D) Prurido anal, dor às evacuações, nódulo anal com redução espontânea.
COMENTÁRIO:
Como falamos, as hemorroidas apresentam como sintomas principais: SANGRAMENTO, prurido, saída de secreção,
presença de nodulação e dor na borda anal, a qual não é muito comum, principalmente nas hemorroidas internas,
pela inervação local.
• Hemorroidas internas: sangramento, prurido, nodulação (se houver prolapso), saída de secreção
• Hemorroidas externas: sangramento, nodulação, prurido, saída de secreção, dor (sobretudo na
presença de complicações)
Correta a alternativa A. O principal sintoma do paciente com hemorroida será o sangramento. Além disso, podem
estar presentes:
• Prurido;
• Saída de secreção;
• Nodulação na borda anal, se houver prolapso do mamilo.
A dor não é sintoma característico da hemorroida interna.
Lembre-se, doutor(a): a porção do canal anal acima da linha pectínea não possui inervação sensorial. Por isso,
hemorroidas internas não tendem a serem dolorosas.
Incorretas as alternativas B e C. As hemorroidas internas não se caracterizam pela presença de dor.
Incorreta a alternativa D. Além de não citar o principal sintoma, que é o SANGRAMENTO, como você viu acima, as
hemorroidas internas não costumam causar dor.
2.4 TRATAMENTO
MEDIDAS HIGIENODIETÉTICAS
Se a região de pele e mucosa for deixada AbertA, para cicatrizar por segunda intenção, a técnica utilizada é a de
MilligAn-MorgAn.
Caso se opte pela síntese, com fio absorvível, da mucosa e da pele, a técnica realizada é a de Ferguson, ou fechada.
Para você guardar: a técnica fechada é aquela em que o epônimo também começa com a letra F (Ferguson).
Milligan-Morgan Ferguson
Grau IV Hemorroidectomia.
Com relação às hemorroidas externas, seu tratamento irá se basear, principalmente, em cuidados locais e
medidas higienodietéticas. A realização de hemorroidectomia por hemorroida externa não complicada não costuma
ser necessária.
Porém, na presença de trombose hemorroidária, teremos um paciente com sangramento e dor intensa. Nesses
casos, devemos abordar o tratamento da seguinte forma:
• < 48-72 horas: avaliar hemorroidectomia;
• > 72 horas: analgesia, observação, cuidados locais.
Medidas higienodietéticas.
Grau I
Ligadura elástica ou escleroterapia
Grau IV Hemorroidectomia
Externas
< 48-72 horas: avaliar hemorroidectomia
Complicadas
> 72 horas: tratamento clínico e observação
Para fecharmos este capítulo bastante relevante, vamos fazer algumas questões. Depois, você olha o resumo
que eu fiz para você, com tudo o que é importante sobre hemorroidas. Pode ser?
CAI NA PROVA
(Revalida Nacional - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira INEP - 2017) Uma mulher
com 40 anos de idade é atendida em uma Unidade Básica de Saúde da Família. A paciente relata constipação crônica
e discreto sangramento ao defecar. Ao exame físico da região anal, identificou-se lesão não dolorosa à palpação,
mostrada na imagem a seguir; o toque retal não evidenciou alterações. Nesse caso, qual é a conduta adequada?
A) Informar à paciente que se trata de uma lesão varicosa hemorroidária e encaminhá-la para o serviço secundário.
B) Encaminhar a paciente para a retirada cirúrgica da lesão, devido ao risco de neoplasia, e marcar retorno para
retirada de pontos.
C) Informar à paciente que se trata de uma lesão varicosa hemorroidária e iniciar orientação terapêutica clínica
e nutricional.
D) Encaminhar a paciente para a realização da biópsia da lesão, informando-a sobre a possibilidade de tratar-se de
uma neoplasia.
COMENTÁRIO:
O enunciado traz uma paciente constipada, que refere sangramento discreto ao evacuar. O exame físico evidencia uma
lesão nodular na mucosa da borda anal, indolor e sem sinais de complicações. O toque retal é normal. Ou seja, nossa
paciente apresenta uma hemorroida externa oligossintomática.
Correta a alternativa C. Paciente com nodulação indolor em borda anal, episódios intermitentes de sangramento,
apresentando doença hemorroidária, tem indicação de introdução de medidas higienodietéticas. Corrigindo a
constipação e diminuindo o trauma local, essa paciente deve apresentar melhora substancial da lesão hemorroidária!
Incorreta a alternativa A. Até temos o diagnóstico correto, porém paciente “virgem” de tratamento, sem
complicações e oligossintomática, tem indicação de tratamento conservador inicial, da maneira que conversamos
na alternativa correta.
Incorreta a alternativa B. Não há associação entre doença hemorroidária e câncer de borda anal.
Incorreta a alternativa D. O câncer de canal anal é pouco comum e caracteriza-se por lesão dolorosa e endurecida na
região - bem diferente da lesão apresentada na imagem.
(Revalida Nacional - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira INEP - 2013) Mulher
com 41 anos de idade procurou a Unidade de Pronto Atendimento com relato de dor anal há três dias e, há cerca de
seis horas, notou sangramento anal vermelho-vivo entremeado com coágulos. Nega alteração de hábito intestinal e
história familiar de neoplasia colorretal. Ao exame observa-se uma nodulação perianal com cerca de 1 cm de diâmetro,
arroxeada e com laceração central por onde ocorre a extrusão de um coágulo sanguíneo. O toque retal foi muito doloroso
e não evidenciou tumores ou presença de sangue nas fezes. Com base nessas informações, a conduta correta é:
A) Fazer a esclerose do vaso sangrante.
B) Encaminhar para cirurgia de urgência.
C) Realizar a trombectomia no momento do exame.
D) Fazer ligadura elástica para hemostasia do vaso sangrante.
E) Prescrever anti-inflamatório não esteroidal e observar o sangramento.
COMENTÁRIOS:
E aí, doutor(a), como vamos tratar essa hemorroida externa trombosada há 3 dias?
Antes: paciente com nodulação perianal com cerca de 1 cm de diâmetro, arroxeada e com laceração central, por onde
é feita a extrusão de um coágulo sanguíneo: hemorroida trombosada!
Você vai lembrar que nós traçamos uma linha temporal de 48-72 horas para o tratamento da doença hemorroi-
dária trombosada:
• < 48-72 horas: avaliar hemorroidectomia;
• > 72 horas: analgesia, observação, cuidados locais.
Correta a alternativa E. Após as primeiras 48-72 horas, começa a ocorrer reabsorção do coágulo. Logo, o
paciente deve apresentar melhora sintomática. Essa melhora será substancial até os 7-10 primeiros dias. Portanto,
vamos dar anti-inflamatórios, instituir cuidados locais e observar a evolução, tanto da dor quanto do sangramento.
Incorretas as alternativas A e B. Após 72 horas, devemos priorizar o tratamento clínico.
Incorreta a alternativa C. Além de não estar indicada, a trombectomia pode cursar com dor intensa e sangramento -
não faça isso durante o exame físico.
Incorreta a alternativa D. A ligadura elástica está indicada em pacientes com hemorroidas internas de graus I a III. Não
a indicamos na vigência de complicações.
(SP - Santa Casa de Misericórdia de Ribeirão Preto - SCMRP - 2021) Homem, 58 anos, sabidamente portador de
hemorroidas, procura o proctologista com queixa de aparecimento de nódulo exteriorizado em região anal e referindo
sangramento às evacuações. O exame proctológico mostra 3 mamilos hemorroidários grau III. Qual a melhor conduta
a ser adotada atualmente nesse paciente, principalmente em relação à dor no pós-operatório e retorno mais rápido
às atividades?
A) Hemorroidectomia a Milligan-Morgan.
B) Hemorroidectomia a Ferguson.
C) Ligaduras elásticas em duas ou mais sessões.
D) Criocirurgia.
E) Uso do PPH (procedimento para prolapso hemorroidário).
COMENTÁRIO:
O tratamento das hemorroidas grau III é preferencialmente realizado com hemorroidectomia, certo?
Porém, nesse caso, o paciente apresenta 3 mamilos, ou seja, hemorroidas múltiplas. A melhor conduta é a realização
da anopexia anorretal, ou procedimento para prolapso hemorroidário que, como você viu, apresenta recuperação
mais rápida e menos dolorosa!
Correta a alternativa E. Paciente em questão apresenta doença hemorroidária múltipla, grau III, estando
indicada a realização de PPH.
Tal procedimento possibilita a ressecção dos mamilos, com menor dor pós-operatória que a cirurgia convencional e
retorno mais breve às atividades diárias.
Incorreta a alternativa A. A hemorroidectomia convencional em pacientes com múltiplos mamilos apresenta maior
risco de ressecção extensa da pele perianal, aumentando o risco de estenose de borda anal.
Para evitar tal problema, é necessária a manutenção de pontes cutâneas entre as áreas de ressecção, o que pode ser
difícil em doença múltipla e volumosa.
Embora a hemorroidectomia aberta (à Milligan-Morgan) esteja relacionada à menor dor, em comparação com a técnica
fechada, ainda assim apresenta recuperação dolorosa, sobretudo se comparada ao PPH.
Incorreta a alternativa B. Seguimos o mesmo princípio de evitar grandes ressecções da pele perianal na
hemorroidectomia, conforme conversamos na alternativa A.
Além disso, a hemorroidectomia fechada (a Ferguson) está relacionada à maior dor pós-operatória.
Incorreta a alternativa C. Embora possa ser realizada em pacientes com hemorroida interna grau III, a ligadura elástica
é mais bem indicada nas de graus I ou II. Nas de grau III, a hemorroidectomia é preferencial.
Incorreta a alternativa D. Não há indicação de criocirurgia em doença hemorroidária.
(GO - Unievangélica - Centro Universitário de Anápolis - UEVA - 2017) Um paciente chega ao consultório queixando-se
de proctalgia, hematoquezia e prolapso hemorroidário com redução apenas digital. Neste caso, qual o grau da doença
hemorroidária e a conduta indicada?
A) Terceiro grau; realizar hemorroidectomia cirúrgica.
B) Segundo grau; orientar dieta laxativa.
C) Segundo grau; orientar dieta laxativa e ligadura elástica.
D) Terceiro grau; realizar hemorroidopexia.
COMENTÁRIO:
O enunciado já nos deu o diagnóstico do paciente, Doutor(a). A hemorroida interna que apresenta prolapso e necessita
de redução digital é classificada em grau III, como você viu na nossa classificação.
Correta a alternativa A. Em paciente sintomático com hemorroida grau III, a nossa ferramenta terapêutica é
a hemorroidectomia. Claro, esse paciente também necessita melhorar os hábitos dietéticos e de higiene - as nossas
famosas medidas higienodietéticas!
Incorretas as alternativas B e C. As hemorroidas de segundo grau apresentam redução espontânea.
Incorreta a alternativa D. Apesar de o paciente apresentar realmente hemorroida grau III, o tratamento mais indicado
é a hemorroidectomia. A hemorroidopexia, como você leu nas estratégias terapêuticas, é mais bem indicada para
pacientes com mamilos múltiplos e volumosos. O paciente do enunciado apresenta mamilo único.
HEMORROIDAS
Fatores
Constipação intestinal, esforço evacuatório aumentado, gestação, obesidade.
envolvidos
Tratamento Externas:
• Complicadas (trombose):
• < 48-72 horas: avaliar hemorroidectomia.
• > 72 horas: tratamento clínico e observação.
• Não complicadas: medidas higienodietéticas e cuidados locais.
Mamilos múltiplos e volumosos: anopexia anorretal.
CAPÍTULO
O paciente com fissura anal pode apresentar diversos sintomas. Porém, o principal será a dor, durante e após as
evacuações. Será o paciente que, no enunciado, refere dor intensa desencadeada pela evacuação.
Outro sintoma importante, que pode estar associado, é o sangramento durante a evacuação, notado
principalmente no papel higiênico, de coloração vermelho-vivo.
Além disso, há relato de pacientes que apresentam saída de secreção, dispareunia e retenção urinária,
principalmente em fissuras localizadas na linha média anterior, que são mais comuns em mulheres. Esses sintomas são
bem menos comuns.
Veja um exemplo de como isso foi cobrado em prova de acesso direto para Residência Médica, para que você
fixe bem a informação.
CAI NA PROVA
(AC - Fundação Hospital Estadual do Acre - FUNDACRE - 2021) Qual a queixa principal de um paciente portador de
fissura anal?
A) Sangramento retal frequente.
B) Dor intensa às evacuações.
C) Secreção serosanguinolenta.
D) Prurido anal.
COMENTÁRIO:
Como você leu há pouco, o sintoma mais importante do paciente com fissura anal aguda é a dor intensa associada
às evacuações.
Correta a alternativa B. Segundo a 20ª edição do Sabiston - Textbook of Surgery - a principal manifestação do
paciente com fissura anal é a dor anal excruciante, ou seja, que “atormenta” o paciente.
Incorreta a alternativa A. O sangramento retal é o segundo sintoma mais importante do paciente com fissura anal. Ele
costuma ser notado no papel e ter cor vermelho-vivo.
Incorreta a alternativa C. A saída de secreção pela úlcera da fissura é possível, mas pouco comum. Está longe de ser a
principal queixa do paciente.
Incorreta a alternativa D. O prurido é o sintoma mais importante em paciente com hemorroidas.
Portanto, ao atender ou ler no enunciado um borda anal. Após a visualização da fissura em paciente
paciente que apresenta como principal queixa dor ao com dor intensa, não há necessidade de toque retal ou
evacuar, seguimos com o exame físico, que será nossa anuscopia, pois eles levarão a uma piora da dor.
ferramenta diagnóstica. Pela apresentação da lesão, podemos ainda
O que eu quero dizer com isso é que a anamnese classificar a fissura anal como aguda ou crônica.
e o exame físico serão suficientes para o diagnóstico A fissura anal aguda tem menos de 6-8 semanas
da fissura anal. Não há necessidade de exames de história, costuma ser superficial e apresentar área
complementares. cruenta bem avermelhada.
Exceção a isso serão os pacientes que apresentam Já as fissuras crônicas têm mais de 8 semanas de
fissuras laterais, pois, como você viu, elas podem ser evolução, apresentam ulceração um pouco mais pálida
secundárias a outras patologias. e com bordas pouco elevadas e endurecidas. Além
Examinando o paciente, após afastados os disso, é comum a presença de um plicoma sentinela e
glúteos, identificamos a presença da ulceração linear na de uma papila anal hipertrófica.
TRATAMENTO CLÍNICO
Toxina botulínica
O procedimento cirúrgico é mais bem fechada. A técnica cirúrgica não é relevante para a sua
indicado para pacientes com fissura anal crônica prova, por isso citarei brevemente.
e, principalmente, para os que não apresentaram Na técnica aberta, fazemos uma incisão no sulco
melhora com as medidas dietéticas e fármacos tópicos entre os esfíncteres, visualizamos o esfíncter anal
de que falei acima. interno e seccionamos parcialmente suas fibras.
A cirurgia consiste na secção parcial (cerca Já na técnica fechada, inserimos uma lâmina às
de 30%) do esfíncter anal interno, portanto é uma cegas no sulco, paralelamente à musculatura. Após isso,
esfincterectomia interna. Ela é realizada na porção fazemos uma rotação medial da lâmina, seccionando as
lateral do esfíncter, evitando a linha média. Portanto, o fibras do esfíncter interno.
tratamento cirúrgico é realizado com esfincterectomia Veja na ilustração a seguir, para ficar mais fácil
interna lateral, que pode ser realizada aberta ou de entender.
Como você deve imaginar, a principal complicação dessa cirurgia será a perda da continência fecal, por secção
excessiva do esfíncter anal interno. Além disso, o paciente também pode apresentar dor, sangramento e manutenção
dos sintomas, caso a secção não seja satisfatória.
Antes de resumir as informações mais importantes desse capítulo, vamos resolver uma questão para que você
guarde a diferenciação entre fissura anal aguda e crônica e o tratamento.
CAI NA PROVA
(SP - Santa Casa de Misericórdia de São Paulo - SCMSP - 2020) Um paciente de 25 anos de idade, constipado, queixa-
se de dor, sangramento e abaulamento anal há dois meses. Ao exame proctológico, foram evidenciados plicoma e
ulceração na região posterior (6h) e acentuada hipertonia esfincteriana, com dor ao toque retal. Com base nesse
caso hipotético, assinale a alternativa que apresenta, respectivamente, o diagnóstico e o melhor tratamento para
o paciente.
A) Fissura anal crônica e cirurgia, com fissurectomia + esfincterotomia.
B) Fissura anal por doença de Crohn e biológico.
C) Fissura anal crônica e diltiazen 2% tópico.
D) Fissura anal por doença de Crohn e mesalazina 500 mg, de doze em doze horas.
E) Doença hemorroidária externa complicada, com fissura anal crônica, e analgesia tópica + oral.
COMENTÁRIO:
Estrategista, temos um paciente constipado, com sintomas de dor há 2 meses, sangramento e abaulamento na região
perianal, cujo exame físico evidenciou ulceração na região posterior da borda anal, plicoma sentinela e acentuada
hipertonia esfincteriana.
A presença de ulceração já nos deixa atentos à possibilidade de estarmos diante de uma fissura anal. A presença
de sintomas há 8 semanas, com plicoma sentinela e hipertonia do esfíncter, diz que estamos diante de uma fissura
anal crônica.
Correta a alternativa C. Vamos relembrar nossa tabela com a diferença entre fissura anal aguda e crônica:
Fissura anal < 6-8 Úlcera linear com área cruenta avermelhada,
aguda semanas sem alterações associadas
Fissura anal >8 Úlcera linear com bordas enduradas, plicoma sentinela
crônica semanas e papila anal hipertrófica (tríade clássica)
Logo, nosso paciente apresenta fissura anal crônica. O tratamento inicial deve ser clínico, com medidas higienodietéticas,
analgesia e redução da pressão de repouso do esfíncter anal interno, que pode ser realizada com pomada à base de
nitroglicerina (0,2-0,4%), nifedipino (0,2%) e diltiazem (2%).
Incorreta a alternativa A. O tratamento cirúrgico está indicado para pacientes que não apresentam melhora após o
tratamento clínico. Vamos dar uma chance para ele ainda!
Incorretas as alternativas B e D. Lembra quando suspeitamos de patologias associadas nas fissuras anais?
Quando elas não respeitam a localização na linha média. Paciente com lesão na linha média, sem demais sintomas,
não apresenta motivos para desconfiarmos da doença de Crohn.
Incorreta a alternativa E. O paciente com hemorroida externa complicada apresenta mamilo volumoso na região - ele
é diferente do plicoma de que o paciente se queixa.
Doutor(a), agora que você já viu tudo o que é importante sobre fissura anal, você tomará uma água e olhará a
tabela a seguir com atenção. Acredito que com ela você poderá responder a qualquer questão desse tema.
FISSURA ANAL
Aguda: úlcera linear na borda anal, com área cruenta bem visível.
Exame físico Crônica: úlcera com bordas elevadas, plicoma sentinela e papila anal
hipertrófica.
Para finalizar este capítulo, serei repetitivo: se o enunciado trouxer um paciente constipado, com dor intensa às
evacuações, você vai pensar que ele pode apresentar uma fissura anal.
Antes de passar para o nosso próximo assunto, veja a questão a seguir, que cobra quase tudo o que falamos
sobre fissura anal.
CAI NA PROVA
(SP - Secretaria Municipal de Saúde - SMS - 2021) Acerca de fissuras anais, assinale a alternativa correta.
A) A maioria das fissuras encontram-se na margem lateral no ânus.
B) A injeção de toxina botulínica pode ser um tratamento alternativo nos pacientes não responsivos ao tratamento
clínico e que querem evitar procedimentos cirúrgicos.
C) As fissuras da linha média devem ser relacionadas com tuberculose, HIV, HPV ou carcinoma.
D) O aumento do fluxo sanguíneo na linha média posterior do ânus é uma das causas de fissuras.
E) A fissura anal geralmente causa pouca dor em razão de sua localização até a anoderme.
COMENTÁRIO:
Doutor(a), como falei insistentemente no último capítulo, a fissura anal caracteriza-se por uma úlcera na borda anal,
secundária ao trauma local e ao aumento da pressão de repouso do esfíncter anal interno. Isso levará o paciente a
apresentar dor intensa. O tratamento será baseado na melhora do hábito evacuatório, controle da dor e diminuição
da pressão de repouso do esfíncter interno.
Correta a alternativa B. A injeção de toxina botulínica é ferramenta importante no tratamento da fissura anal,
com índices de melhora de 60 a 80%. É bem indicada em pacientes que não melhoram com o tratamento clínico e que
não desejam realizar a cirurgia.
Incorreta a alternativa A. Lembre-se: a maioria das fissuras anais localiza-se na linha média, sendo 90% delas na linha
média posterior.
Incorreta a alternativa C. Como você leu acima, as fissuras que não respeitam a topografia da linha média devem ter
etiologias secundárias investigadas, notadamente, infecção por HIV, sífilis, doença de Crohn e hidrosadenite supurativa.
Incorreta a alternativa D. A gênese da fissura anal envolve redução do fluxo sanguíneo na região, certo? Isso ocorre
pela elevação da pressão de repouso do esfíncter anal interno.
Incorreta a alternativa E. A anoderme é uma região altamente sensível, por isso o PRINCIPAL SINTOMA do paciente
com fissura anal será a DOR.
CAPÍTULO
Tipo Disseminação
Interesfincteriano Ausente
Submucoso Medial
Perianal Caudal
Isquiorretal Lateral
Supraelevador Cranial
Lembra que o abscesso anorretal se inicia no plano interesfincteriano e se dissemina? Então, em 50% dos
pacientes há o desenvolvimento de uma fístula perianal no trajeto de disseminação, após a drenagem!
As fístulas perianais são o capítulo mais importante deste livro!
Vamos a elas! Antes, olhe com atenção o resumo sobre abscesso anorretal!
ABSCESSO ANORRETAL
Exame físico Região abaulada em borda anal, dolorosa e com sinais flogísticos
CAPÍTULO
Vamos começar definindo fístula anorretal: é uma comunicação ANORMAL entre o canal anal e a pele ao redor
do ânus.
Como você viu, após a disseminação e o tratamento de um abscesso anorretal, o trajeto pelo qual ele se
disseminou até a pele pode ficar “pérvio” e levar o paciente a apresentar uma fístula.
A partir desse trajeto, classificaremos as fístulas, conforme a classificação de Parks - fique tranquilo, ela não vai
cair em sua prova!
Doutor(a), imagine um paciente com uma Porém, lembra que temos uma comunicação
comunicação entre o canal anal e a pele. Quais sintomas entre o canal anal e a pele? Logo, além do orifício
você imagina que isso causará? externo, temos também o interno!
Exato, o principal sintoma será a saída de Há uma regra para identificação do orifício
secreção pelo orifício externo, que está localizado na interno, a depender da posição do externo: a famosa
pele. A secreção costuma ser de odor fétido e incomoda regra de Goodsall-Salmon - ela também não estará
bastante o paciente. na sua prova, mas eu vou explicar da forma mais
Outros sintomas que podem estar presentes prática possível.
são dor/desconforto e prurido, pela irritação da pele,
secundária à secreção.
Só recordando, no enunciado, é bem provável
que o paciente também apresente história de abscesso
anorretal drenado previamente, tá?
Então, temos um paciente com saída de secreção
espontânea pela pele da nádega. Ao examinarmos,
vamos em busca do orifício na pele por onde a secreção
está saindo!
Veja a ilustração ao lado, mostrando como o
orifício se apresenta.
Regra de Goodsall-Salmon
Porém, como nem tudo são flores, há exceções para a regra de Goodsall-Salmon:
• Abertura anterior a mais de 3 cm de distância da borda anal: fístulas de trajeto longo, com
drenagem para a cripta posterior;
• Fístulas em ferradura;
• Fístulas secundárias à doença de Crohn.
Apesar das exceções que você viu, em cerca de 80% dos pacientes conseguimos diagnosticar o trajeto fistuloso
e os orifícios interno e externo por meio de exame sob narcose.
Com o paciente devidamente sedado, injetamos azul de metileno, ou peróxido de hidrogênio, através do orifício
externo e observamos, mediante anuscopia, o local em que ocorrerá a saída do líquido no canal anal.
Além do exame sob narcose, podemos lançar mão de exames complementares, sendo a ressonância magnética
da pelve o mais indicado, com acurácia superior a 90%. Vale ressaltar que a tomografia computadorizada tem baixas
sensibilidade e especificidade para diagnóstico de fístulas anorretais.
Bom, já suspeitamos, examinamos e diagnosticamos o paciente com fístula. Agora, vamos ao tratamento.
5 .3 TRATAMENTO
Em pacientes com fístulas complexas, o tratamento precisa ser ainda mais cuidadoso. Nesses casos, podemos
lançar mão da introdução de um fio (sedenho ou Seton®) pelo trajeto fistuloso. O objetivo do fio é direcionar a saída
de secreção e reduzir a fibrose local. Ele é colocado desde o orifício externo até o interno e amarrado externamente ao
paciente, como na imagem ao lado.
À medida que o organismo do paciente for “expulsando” o fio ou conforme o médico for tracionando o mesmo,
progressivamente, no consultório, diminui a porcentagem de esfíncter acometido pela fístula.
Nós já vamos resolver questões sobre o tema mais importante deste livro, doutor(a). Antes, uma última e
importante informação.
Você percebeu que o diagnóstico e o tratamento das fístulas anorretais, em comparação às outras patologias
orificiais, é mais complexo?
Então, guarde: há necessidade do estudo adequado para identificar o trajeto e escolher o melhor tratamento
- ou seja, NÃO É URGÊNCIA.
Pronto! Venha comigo resolver algumas questões sobre o tema, depois de você olhar o nosso tradicional resumo
de final de capítulo.
FÍSTULA ANORRETAL
Exames
Ressonância magnética de pelve → fístulas complexas.
complementares
CAI NA PROVA
(Revalida Nacional - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira INEP - 2021) Uma mulher
com 45 anos de idade foi atendida em unidade básica de saúde referindo que, há 4 meses, foi realizada drenagem
de abscesso perianal em pronto-socorro e, desde então, tem apresentado saída ocasional de secreção fétida por
lesão dérmica no local. O exame físico evidenciou orifício cutâneo com saída de secreção amarelada à compressão,
localizado anteriormente e acerca de 2 cm da borda anal. Com base nos dados apresentados, determine a alternativa
com a orientação da conduta a ser seguida.
A) Encaminhar para nova drenagem em pronto-socorro.
B) Encaminhar para avaliação eletiva, em ambulatório especializado.
C) Prescrever antibiótico por via oral e pomada anestésica.
D) Prescrever anti-inflamatório por via oral e pomada com antibiótico.
COMENTÁRIO:
Observe, doutor(a), como você viu acima: paciente com história de abscesso anorretal drenado, que evolui com saída
de secreção fétida por lesão na pele, que apresenta orifício cutâneo com saída de secreção amarelada à expressão:
FÍSTULA ANORRETAL.
ABSCESSO ANORRETAL PRÉVIO + ORIFÍCIO COM SAÍDA DE SECREÇÃO FÉTIDA = FÍSTULA ANORRETAL
Correta a alternativa B. Lembra que o tratamento da fístula anorretal NÃO É URGÊNCIA? Precisamos de um
exame físico detalhado para avaliar trajeto, quanto de esfíncter é acometido e, aí sim, instituir o melhor tratamento!
Por isso, essa paciente deverá ser encaminhada para o especialista.
Incorreta a alternativa A. Não estamos diante de um abscesso anorretal: não há dor, abaulamento, sinais flogísticos.
Na fístula, sem associação com abscesso, não há o que drenar.
Incorreta a alternativa C. A antibioticoterapia, na ausência de abscesso associado, não está indicada. A saída de
secreção é pela inflamação crônica no trajeto e, principalmente, pela comunicação com o canal anal. Além disso, para
que pomada anestésica? A paciente nem sequer tem dor.
Incorreta a alternativa D. Paciente sem dor, sem benefício do uso de anti-inflamatório oral. Já pomadas com antibiótico
não trarão benefícios na fístula anorretal.
(Revalida Nacional - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira INEP - 2020) Um paciente
com 54 anos de idade procurou a Unidade Básica de Saúde para atendimento. O homem relatou que, há um ano,
apresentou abscesso na região perineal que foi drenado em pronto-socorro. Desde então, apresentou uma ferida
próxima ao ânus, que ocasionalmente inflama e apresenta saída de secreção turva, com odor fecaloide. O paciente
realizou colonoscopia há 3 anos, a qual não evidenciou lesões no cólon. O exame da região perianal evidenciou
orifício cutâneo a 2 cm da borda anal, na região anterior direita do períneo. O toque retal evidenciou próstata com
características normais e indução anteriormente à borda anal. Após a compressão local, houve saída de secreção pelo
orifício cutâneo. Com base na história clínica e nos dados do exame físico, o diagnóstico e a conduta adequada são
A) Abscesso perianal e drenagem cirúrgica.
B) Fissura anal aguda e uso de anti-inflamatórios tópicos.
C) Fístula perianal e encaminhamento para tratamento cirúrgico eletivo.
D) Fissura anal crônica e encaminhamento para tratamento cirúrgico eletivo.
COMENTÁRIO:
De novo: história de abscesso anorretal + orifício na pele com saída de secreção fétida! Você já matou que é uma
fístula perianal!
Correta a alternativa C. Paciente com história característica de fístula perianal, cujo tratamento NÃO É URGÊNCIA.
Ele precisa de avaliação do proctologista, para definir o trajeto e a magnitude do acometimento esfincteriano, para
programação do tratamento mais adequado.
Incorreta a alternativa A. Lembre-se: o abscesso perianal causa dor e apresenta sinais flogísticos na borda anal (calor,
rubor e DOR), com evolução em poucos dias!
Incorreta a alternativa B. Fissura anal indolor? Com saída de secreção fecaloide?
Você lembra que a fissura é caracterizada por dor associada às evacuações, com possibilidade de saída de sangue ao
limpar-se com papel. O exame físico evidencia lesão ulcerada na borda anal.
Incorreta a alternativa D. Outra fissura indolor? Muito pouco provável, certo, doutor(a)? Ainda mais com todas as
características de fístula perianal.
No exame físico do paciente com fissura anal crônica, podemos identificar a tríade: lesão ulcerada + plicoma sentinela
+ hipertrofia da papila anal.
Medidas higienodietéticas
SANGRAMENTO durante Graus I e II: ligadura elástica
evacuação; nodulação Grau III: ligadura ou hemorroidectomia
Hemorroida
possível Grau IV: hemorroidectomia
Dor possível Externa complicada: hemorroidectomia x
AINH
Medidas higienodietéticas
Analgesia
Úlcera na linha média; DOR Redução da pressão do esfíncter
Fissura anal associada às evacuações (nitroglicerina, nifedipino, diltiazem)
Sangramento possível Toxina botulínica
Esfincterectomia interna lateral: falha
do tratamento conservador
Para reforçar e resgatar na sua memória as informações do livro, separei questões sobre o tema para você
resolver! Você vai notar que a maioria delas não é das provas de revalidação, afinal, foram apenas 9 no INEP e na UFMT.
Porém, escolhi as que cobram conceitos parecidos, para que você tenha o mesmo raciocínio que será cobrado
antes da sua revalidação!
Mas, calma! Relaxe antes, tome um café, uma água, e quando estiver descansado, resolva as questões com
atenção - eu quero que você leia o enunciado e já saiba qual é a patologia, e que isso já resgate na sua memória o
tratamento adequado!
Bons estudos, boa resolução de questões!
Ah! Se tiver qualquer dúvida com relação ao material ou a alguma questão, entre em contato comigo e com
nossa equipe do Estratégia MED - pode ser pelo nosso fórum ou pelo meu Instagram (@prof.joserodolfo).
Abraço e até breve!
https://estr.at/Jir1
CAPÍTULO
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