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AL~JANDRO ZAMBRA

MULTIPLA ESCOLHA

Tradução
MiguelDei Castillo

.usQuErs
EDITORES
Nota do editor

Este livro é baseado na Prova de Aptidão Verbal, conforme a es-


trutura vigente no ano de 1993 no Chile. Essa prova de aptidão,
ao lado da Prova de Aptidão Matemática, compunha a Prova de
Aptidão Acadêmica chilena, equivalente ao vestibular no Brasil.
Foi aplicada entre 1966 e 2002 ..

9
.'
I. Palavra destoante

Nos exercícios 1 a 24, assinale a alternativa que corresponda à


palavra cu·o ~entido não tenha rela ão nem cpm o enunciado
nem com as demais palavras.

1 1

1
1
......

1) Múltipla
A) diversa
B numerosa
e) não dita
o) cinco
E) duas

2) Escolha
A) voz
e) um
e) decisão
D) preferência
E) alternativa

3) Educar
A) ensinar
B mostrar
e) treinar
o) domesticar
E) programar

4) Copiar
A) cortar
B) colar
e) cortar
D) colar

eJ desfazer
5) Apaga
A) tira
B) anula
e) corrige
o) suprime
E) sedimento

6) Letra
A) maiúscula
B) minúscula
e) cursiva
/ti morta
E) miúda

7) Junta
A) medo
B) cadáveres
e) vontade
D) água
@ moedas

8) Salva-vidas
A) quebra-mar
B) gira-mundo
e) louva-a-deus
papa-léguas
guarda-chuva
9) .Máscara
A) socapa
e) disfarce
e) vé·u
o] capuz
B. caraça

10] Apag·ão
A) sombr;a.
B) pen'lun·bra
e) negrura
.D) noite
tr es.noita!d0
1 1

11) Achatar
A) nivelar
recuperar
es.magar
n) humilhar
-) .apla~ ar

· 2) -es1st~·n,c.ia
A) d·uraçã.o
e) co.n .1st·-nc1a
e) ·h.,o
--, ~,rdad e 1

D1) toleràn,cia
·~') insistência
13) Proteger
A) encobrir
B) cuidar
e) adorar
o) custodiar
E) vigiar

14) Prometo
A) silêncio
B) total
e) prometo
o) silêncio
E) total

15) Salvar
A) abrir
B) fechar
e) copiar
D) cortar
E) forte

16) Segredo
A) insinuo
B) escondo
e) conheço
D) revelo
B) nego

16
17) Digo
A) nada
:e) oorra
c)1 tro,te
n) na,da.
. ,) na:d,a

18) FamOia,
A) familiares
B,) ,herderros
e) sucessores
D) alfajores,
.B) ped,ofllia

.9) CWp,a
A) pecado
B) ,deslize
e) 1q,u,eda
D) tropeço
E) , u.a

20) ·:ova
A) mente
n) se te
e) fren:te
o, ferve
a)i febre
21) Tossir
A) fumar
B) tossir
e) fumar
o) tossir
E) fumar

22) Silêncio
A) mutismo
B) afonia
e) sigilo
o) omissão
E) covardia

23) Silêncio
A) fidelidade
B) cumplicidade
e) valentia
D) lealdade
E) confiança

24) Silêncio
A) silêncio
B) silêncio
e) silêncio
o) silêncio
E) silêncio

18
II ....p··-1-
.
- d
· ano .

..e red.açao
.
,..,
-
.-

'
·, - - • '

1
.-· . ' • .

.
,_ ,· _1·' ·,.

1
'

.

.
. '·1
-_. - 1
.' .
1

Nos exercici,o,s25 a.36, assinale,a alternati:vaque cone ,ponda ,à


1 1

ordem que mais, adequa,damente·,consdtui ·um bom rote·_10 ou


1

p,Iano1
,de re -ação"
1
25) Mil novecento ..·.e oiten_a e tanto
1

1 .:eu pai,.di.- cu:.


I ti.,a com sua mae.
-

-ua mae dJ·cuti.aco·mseu .._mã.0, 1

3", Seu irmao discuti,acom,seu pai.,


4... Fazia frio q,uase0 emp 0 to do~ 1 · 1 1

5 V:ooênão s e,Iem ..ra.d.emms nada-


1

A) ,2 - 3 ,_l ·- 4 - 5

B) 3--1-2-4-5
e) :- 1 - .2,,_ .3_, s
D) 4,-5- -2, 3
B) 5 ....
,l - 2 ,3- 4
26) A segunda
1. Vocêtenta se lembrar de sua primeira comunhão.
2.. Tenta se lembrar de sua primerra masturbação. -

3. ~enta se lembrar de sua primeira relaçãosexuaJ!.-


4 ~ Tenta se lembrar da primeira mone em sua vida.
5_ E da segunda.

A) l ---5 - 2 - 3 - 4
B) l-2-·5-3-4
e) 1-2-3-5-4
D) 4-5-1-2-3
B) 4- 3 - 2 -· l- 5

-- -
J - - .....
~J1 -
-- - -
- - _I .....
..... .....
- -
'1

- - 2
28) , uacasa
1 Pertence a um 'banco mas você .Preferepensar1que,
é
, ,Ua..
2. Se tudo correr bemJvai terminar de pagá~Iaem 2033,
,3,~Mora nela bá onZJeanos. Primeiro com uma famíl,a
depoiscomalgun, ,fan.ta ma quetambémjá:~e,foram
4. - ,ãogo ta do bairro; :não há praça po.r peno.,o ar é
poluído.
5. Mas ama ,a ca a nunca vai abando ná ....Ja.
1

A) 2 - 3 - 4 - ,5--1
B) 3,-4-5,-1-2
e) 4-s-·1.-·2-3,
D) 3-1-2-4-5,
B) 1 - 2 - 4 - .3- 5,
1
) ersano
·29 Aru·-, 1

.1.., Voo··•acorda •ced0, sm p ar,a caminhm;. pliocu.ra -._1-·...,.. 1 1

lugar _para. m,• -um café., 1 1·

~
n_1,- 11I ·. ' oI m--- a-- 1:tia-r' · q·-1
---,_e· W o·1
1111
y':r\"· 1 •• •• • , • _ ~ 1 , . •.:._ ·.l ,,, 11 1.... ,IE'_~--
~ _1 1e·_=-. e,_-_
ii:]i
=_ ....u;_I _ .'.

e,m ,a.·----en-ação1 de es,tarse esqu,ec~-·d0 1d1e _., ma.• 1 1 i: - _- l 11 / •.•


1
.•••

ap1ena·:·uma inq,..ietaç·ão,.certo·._ ·ttanh.


S--e·
---
:_
· ,..··-ad· e · -·· ·ába··d--
·· a···ro··
'. . . ·. - . ,· .
o· uai· ·
. . . . . - '' . . 1_
1
. ·. . - . .. . 1 ••• - ••• • 1 . 1 .. 1 - -· ., •

.51 Fuma, l.iga a teve, ,adon11ec·~-1com.o t elejomaJ _·a mei.a- 1 1

-no1·-e,[i

A) ,5·- 1. 2 - 3 - 4
B)
e) ·3-· 1
.1~.
_
4· - 5--· .-
l .1 ,.1
~ _,
2-:-·

D. :2 - 3 .....
4 - 5 -·
:E) 1 - .2 - 3, - 4 - 5

i· ,_1
30) Duzentase vinte e tres
1. Você·se le.mbradas sardasnos peitos, nas pernas,na
barriga,na bunda dela. O número-exato:duzentase
vintee três pintas.Mil duzentos e sete diasatráseram
duzentase vinte e três.
2. Relêas mensagensque ela te mandava:sã.obonitas,,
divertidas..Par.ágraioslongos,frasesvivas,complexas.
Palavras.cálidas Ela escrevemelhor que você.
3 Lembra-sede quando dirigiupor cincohorasparavê..
-la por apenas dez.:minutos.Não foram dez minutos,
:foia tardeinteira mas vocêgostade pensarqueforam
dez minutos.
4 Lembra--sedas ondas, das pedras. Dassandáliasdela,,
de um machucado no pé. Lembra-se de seusolhosse
deslocandorapidamente das coxaspara os cíliosdela.
5. Nuncase acostum.oua estar com ela. Nunca, e acos-
tumoua estarsem ela.Lembra-sede quandoeladizia,
num sussurro, co,mose falasse consigomesma:está
tudobem~
A) 5,-1 ·....2 - 3 ....4
B) 4--_5....1--2-3
e) 3-4-5-1-2
D) 2 ...3 ...4 - 5 ....1
B) 1- 2 - 3 - 4 ....5

26
31) Os familiares
1. Vocêos classificaem duas listas: aqueles a quem você
ama e aqueles.a quem nã,oama
:2. Classifica-os em duas listas; os que não deveriam es-
tar vivos e os ,quenão deveriam es,tarm.ortos
3. Classifica-os. conforme o nJvel de confiança ,que eles
lhetransmitiamquandovocê·era criança.
4 Por um momento acha que descobre,algo importante,
algo que·es,tavapendente havia ano,s.
5. Classifica-osem duas listas: os vivose os mortos.

A) 1-3-4-5-2
B) 5-2-1 ....3-4
,e) 3-,s-2-4
D) 3-4-5,-2-l
B) 1- 2. - 3 - 4 - 5
32 ) umchute no saco
1. Você pensa em todas as pessoas VJ.Vas ou m· .0 t .-
. - . . - chilenas
ximas ou distantes, . . . ou estrang,eiras rh··
as,Pró..
ou mulheres, que tem. "' .
mottvos , 0 lllens
para te dar ,,.,. ·h-
no saco - ""'-Llt e Ute,

2 Pensa se você merece um chute no saco.


3. Pensa se merece que alguém te odeie. Pensa se ai.
guém realmente te odeia.
4. Pensa se você odeia alguém. Pensa se odeiaaspessoas
que te odeiam.
5 A insônia te fere e te acompanhai
A) -1- I -1- I

B) 2-2-2-2-2
e) 3-3-3-3-.3
D) 4 4-4-4-4
E) S-5-5-5 .5
.....

28
33) A rima
1 Vocêprocura palavras,que rimem 00mseu nome..
1 1 1

2_ Procura:palavra que rim m com eu _obreno,me- 1

3_ Seu nomie não rl.Dla com s,eu ·obr enom e, , as, voce
1 1

procura palavra..que rim -m, a.omesmo tempo com


seu nom .e,com seu , obr,enom!e.
4. Procura ·palavras que não .rimem com seu ob reno-
1 1

m,enem comseunome·nemcom.na a-
s- Voc•e· ão está ·maluco.

A) 1 - 2 .....3 ....4 .5
e) 1-2-3-4-,5
e:) 1-2-3-4-5,
D) 1 ....2-3-4-5
E) l - 2 - 3 - 4 - .51
34) Primeirape - ºª
i. Vocêacha que a única solução é ficar calado.
2. unca diz eu.
3 Graça a várias garrafas de vinho você aprendea dize
eu.
4. - unca diz nós-
5• Graçasa uma garrafa de pisco você aprendea di7.er
nós.
6. Estárecuperado.

A) 1- 2 - 3 - 4 - 5 - 6
B) 1-2-4-3-5-•6
e) 2-4-1-3-5-6
D) 4-5-6-2-3-1
E) 2- 3 - 6 4 -· 5 - 1

• so
35) adar
1

1. A balança marca 92,1 quilos. Vocêsmton1zao rádio na


9 2 1 F'M.D etesta essa rádio e todos os programas dela
1 1

Pr,ecisaemagrecer.
2, Você est,á na piscina pública Sentado na bor-da com
os pés na á,gua, ob~erva aJgumas crian,ças apren--
dendo a nadar~ A profe,ssora é enfátlca, sua voz não
é doce. As criança parecem sérias demais.
,3,., Quando era criança v,o,cêadorava o silê:nc10,. D,e,pois
quis que as palavras te inundassem e te submer78,J.S ..
se,m.,Mas você sabia nad~ ninguém pr-ecisoute ens,i.
nar. Co.ma gente,,você pensa,,fizer-amque nem fazem
com os cachorros: ·'implesmenteno_jogaramna água
e ap,rendemo· a :nadarali na hora.
4., Ou talvez tenham 'te ensinado no colégio, sim..Talvez
1 1

essa tenha sido a única coi,.a ,que te ,enstnaram Não


a nadar, mas a movimentar o braços e as pernas. E a
o fôlego durante ho ·as.
s:e,gur,ar 1

5. 17odo mundo sabe que nadar é o melho,r,exercício,.Você


1

p,e'· a,que vai ficar bem que vai p erder peso. Atira-se
1

na água fria. Nadar fortaleceo músculo. e a memó,ria.

A) l 2-3 ....4-5
B) 1-2-3 ....4-5
, ) 1-2-3 ....4-5
D) -2, ..,3 4-5
B) l - ,2 _, 3 ....4 - 5

31
36) Cicatrizes
1. Você pensa que a menor distância entre dois pontos
é o traçado de uma cicatriz.
2. Pensa: a introdução é o pai, o desenvolvimentoé o fi-
lho e a conclusãoé o espírito santo.
3. Lê livros muito mais estranhos que os livros que você
escreveria,caso escrevesse.
4. Pensa, como se fosse uma descoberta, que o último
ponto na linha do tempo é o presente.
5. Tenta ir do geral ao particular, mas vai do geral a um
general:Pinochet.
6. Tenta ir do abstrato ao concreto.
7. O abstrato é a dor dos outros.
8. O concreto é a dor dos outros incidindo sobre seu
corpo até invadi-lo por inteiro.
9. O concreto é algo que não pode fazer nada além de
crescer.
10. Algo como um tumor ou o contrário de um tumor:
filho.
u. No seu caso é um tumor.

A) 1- 2 3 - 4 - 5 - 6 - 7 - 8 - 9 - 10 - 11
B) 1- 2 - 3 - 4 - 5 - 6 - 7 - 8 - 9 - 10 - 11
e) 1- 2 - 3 - 4 - s- 6 - 7 - 8 - g - 10 - 11
D) 1 - 2 - 3 - 4 - 5 - 6 - 7 - 8 - 9 - 10 - 11
E) 1 - 2 - 3 - 4 - 5 - 6 - 7 - 8 - 9 - 10 - 11

32
III. Uso de conjunções

Nos exercícios 37 a 54,. assinale a alternativa cujos elementos


sintáttcos melhor preencham as.lacunas do enunciado.

1 1

11 11 r 1 1 1 1
37) ____ mil reformas a ,quefoi subm1etidaa Coo tinu...
çao de 980 é uma m,erda..

A) Comas
e) Devido as
e) Ap· sar das
D) raças às,
B) Não obstante as

38) Muita ve·.z-es


eu mentia, ____ u.sava6culo -e curo .
1

A) ma
e) ap- ar de que
e) 1enem sequer
n) porisso
E] e inclusive
1

3·9) Muito querem que ,eu morra ............


--- nao e-tou
____ r,e·.:friado.

i ) co, ,, do / tâ·o
B) m ./ quer·
e) ap ard 'Q.U /grav-m nte
D) porém Iam nt ve.lment / 1 alm, nt -
= 1

B,) e·i. s01qu - / nem t.oitalm.ent


,
40) Os estudantes vao a universidade para ___ , não para

A] dormir / morrer
B) beber / pensar
e) ,estudar / protestar
D) chorar / ler
E) comprar / ficar olhando as Vltrmes

41) E se ainda tiverem ___ , é para isso que existe____

A) esperan,ças / a realidade
B) frustrações / a bebida
e) ilusões/ o vazio
D) pedras / a políc1a
E) neurônios / o crack

42) Para __ iss,o é unpossível, mas para __ rudo é po.~í -el

A) os hom ens / as mulheres


1

B) Tere -a / Paola
e) a ,direita/ a e querda
o) o capitao Kirk / o · enhor pock I

E) o pobre·- / o~ rico-

43) , ara __ 1 soé1mpos 'vel,ma-- para __ tudo épo ível.

A) meu pai / minha mãe


B) um pisciano / um leonino
e) mim / você,
D) McCartn -y / Lennon
-) amanhã / d poi d,e amanhã

3

44) Se·-- ,que bavía em ti se tornou __ , quao terrí: ei .e-


1

rao !

A) a luz / trevas / sua-" trevas,


e) a escuridão / luz / ,-:-uaslurmnária
e) a doçura / luxúria / suas perna ,
D) o amor / fúr1a / seu ,divór c10 1

E) humo,r
O. . __ . _/. am··
-a.rgu·
.. ___ 1
_/.· seu 1·
_ _-r-·,a· e ·. -::
1vro
- 11 s.
-,

45) e alguém .Ih.ebater numa ---., ofereça a outra.

A) face
a) cos ela
e) canela
D) orelha
E) ovelha - - -

46) Qu ro juntar estas palavtas,___ nada tenha s·entido.


A) aindaque
e)i para que
e) e que
D) ma .que·
) at ,qu

47) Prr0curofra I que-- ...........


aparecem no U . o_·
.A) à_,veze-
e.J nun,ca
) mpre
,e

D) ·Ó
: ) D" m --qu~f

7' .
. ) ··bom / é .ma·u/ --~ -c;táerrado
') ,e-tá rrado /, ~s·.ácerto/ e tá a,q,u1
·) e ·tá.aqui/ -tá lá/ _,e,foi
1.•

n) _fo-~/ tá poir p --rto/ me per ,enc -


'.'),. m~··pert_.n.c,
.·/.·.m, pertenc·_ /· .meper 1.ence

·an,ot - :pa. a a. •·o.nh· i ·.u.e'v0, e ____ , e eu ---.


4'9) ··•. 1 e
-,6 __ junto -

A) e,~tava aqui/ e ·tava.a,qui/ e,:-távamo.-~


de1tado-
e) e:tava ch,e,gandolá / estav,ach,egando Já/ etávamo-s,
._hgando,lá
c)i es.tavalonge/ e·sta a longe/ estáv,amos caminhando
1 1

o) · stavalo,ng,e/ não esiaval não etávamos


,-) es.tavadoente / estava morto / estávamos, ,quase

e,n:ósestávamos __ jun.~os.

_-) um cachorro/ ·um,cachorro / latindo


e) uma pem.a/ uma p,ema/ ,dança,-d,o
1 1

,)um d,ent·-/ um d. nt~ l mo,rd_ndo


n') uma freira/ 11.m.
pa1dr, / dor---·in.d,o,
·_) um.,a-~tasma./ um --a--ta:ma / :--mpre
il

51) Vocêfoium pés imo filho,___ escreve,.·vocêfoi um pés-


simopai,___ .._stásozinho,___ e crev·e.,
escr-eve

A) por i :o / por 1 o / por isso


B) e é sobre isso que/ e é sobre is o que/ e é sobr•_ i so
,que
e) mas/ mas/ mas
n) e :não/ e .não/ e .não
E) ,e/,e/e

52) Você·foi wn péssimo filho, por isso escreve___ Você


foi um péssimo pai. por isso escreve___ Está sozinho,
por isso es·creve___ ,.

A) cartas / cartas / cartas


B) romanc·e ,/ contos / poemas
e) mal/ mal/ mal
D) eu t , tamento / seu testamento / ,.., u testamento
B) tanto / tanto l tan.to
1

5·3) Vocêfo.ium.péssimo filho,,mas--· Vocêfoi um. p 1-

A) votam e·mvocê / votam e·mvocê / votam em você


1 1

B) eu t , am / ~ u t amo / _u t - amo
,_) nem tanto / n -m tanto / nem tant:o
n) vo ê, abe d1s,o / você · abe disso / você sab - d.is .o
) ninguém --abe / ninguém sabe / ningu · .m ah :e,
54) Vocêfoium péssimo filho,mas---· Vocêfoiu
simopai, mas ___ . Está sozinho, mas rnPés.

A) é feliz/ é feliz/ é feliz


8 ) é tão difícilser filho / é tão difícilser pai / quernnão
está(?)
e) um bom soldado/ um bom cristão/ Jesusestáco .
nttg0
D) um excelentelateral direito/ me emprestou trintalllil
pilas / se diverte
E) seu pai morreu há tanto tempo/ seu filho morreuhá
tanto tempo / quer ficar sozinho

40
Iv. Eliminação de orações

Nosexercício..55a 66,marque quaiso,rações,frasesou parágra-


fosdo enunciado p,odems·erelimmados, sejapor não acrescen:•
tarem informações,s.ej:apor não possuíremrela.çãoco:mo texto.
55)
(1) Por muito ,anos ninguém veio visitar m.eutúmulo..
(2) Também.não espera· a que vi~'._,_
e alguém.,paradizer a.
verdade
(3) . a ,hoje,uma mulher v ··iodeixar flore_para mim.
(4) Quattorosasvermelhadua ,cor-dero··aewnabranca,
(5,) ão sei quem é, não me lembro de 'tê-laconhecido..
1

(,6,)Acho•queela não sabe que .fuium merda..

A) 1 'enhuma
B) 2
e), 4
o) s
E,) 6
56)
(1) Tem uns hambúrgueres na geladerra ..
1

(2) • também alface e mostarda


(3) Fui à praia com as crianças .
(4) normal, sao meus filhos também
(s) Tenho medo de você·.
(iG) Eles também tem .medo de v:ocê..
(7) E isso também é normal.

A) enhuma.
B) 1 e·2
e) .2

D) 4
E) 7

44
57)
(1) 0 ·t!oquede recolher con iste na proibiçao de cirrcular
1

livr m,ente p-la ,rua d d t -rminado t-rritór·o


(.2] -o ruma : ,erde·_retado m t m:po d ,gu rra ou de Jie-
volta popular ,.
(s) o hil _ a dit dura o impó·, d., 11 d _,t mbro de
1973at:é2 d ·1a iro d- 1987.
(4) uma nott de verao, m -u pai aiu para caminhar em
1

rumo ce.rto.Acabou ficandotarde, teviede dormirna.


ca,~a d uma amn.ga.
(s) Fize·ramamor, ela engravidou, eu na .c1
1

A) -enhuma.
e)
e) 1, 2 e 3
D) 4 e 5,
B,) 2
58)
(t) · ão queriafalarsobrevocê,mas é inCVitáveL
( 2) Agora mesmo estou faJando sobre,voe~·n
lendo, e sabe disso e. r., ·OCê
·· · ·
(3) Agoraeu so.uum textoque· ·oce estálendoe q . ..
. que -e-xi.
queria ·•tisse,.
. - -uellào.
(4) Te odeio
(s) Vocequeria ter o mesmo poder do censore
(6) Para que ninguém ma1 le se estas frases.
(7) Teodeio.
(e) Voc,êfodeu com a minha vida
(g) Agorasou um texto que vocênão pode apagar;
A) Nenhuma.
B) A
e) B
n) e
'E) D

59)
(1) oi diagnosticada com câncerde mama aos ,55anos.
(2) nv ram de extrairum de s · us · 1,0 .
1

(3) P'ou o tem.p d poi, com,~çou a Alzh imer.


(4) _..ão re onhe 1aos filhos.,o ,neto' .,ninguém.
1 -

(5) ,ã.oreco:nhe 1a nem a mim


1

(6) Mas nunca qu · eia qu não tinh.a mai, um dos seios.

A) ·Nenhuma
B) 1
e) 2
D) 4
B) 5,
1) ' V ha mã ré veze na vida ·ão
Je teve: mais de vinte,meno
_ cálculo da minha mã.e
( ) í. i que eio à nossa casade noite,
, · a dormir. Apre entou-no a . ero-
çula, que tinha quatro ou cincoanosera
· va q eu.
(3) - m um ·J para ua tia Verito ele di - e paramime
p·r m·nhairmã depo· ·euanotoasdatasdo·aniver-
ário d todo você , nunca e queço dos meusnetos.
(4) oram embora qua· e a meia-noite, numa Renoleta
azia frio Minha mãe acabou tendo que empretar
um , uéter da minha irmã pa a a Verito.
(s) unca vão te devolver esse suéter, minha mãedi ea
minha irmã, contendo a raiva, ou talvezreslgnadaen-1

quanto tomávamos o caíé da manhã no dia seguinte.


( 6) A segunda vez que o vi, tempos depois, foi nwnani-
versário da minha mãe.
(7) Ela e tava feliz. Lembro daquela frase absurdae ..er-
daderra. ele vai ser sempre meu pai.
(8) A última vez que o vi foi num ho .pital. Dividiaoquar-
to com tre outros velho ,moribundos. Minhamãeme
cli · e para entrar e falar com ele para me de ,pedir.
(9) ,Qlhe1 para os velhos, eram odo muito parecido .
Tentei di ·tinguir qual era o pai. da minha mãe,mas
não consegw. Fiquei olhando um po co paraele e
fui embora.

A) Nenh.·ma. o) 7
B) 3 E) 8e9
e) 4e5
61)
(1) Enquanto preparamo o chá, Maneia m:econta que,
em , ,eucolégio havia uma freira grávida.
(2) Pergunto onde, quando No Mater Dei. Eu era muito
p quena, e tava no quarto ano do primário..
(3) Os olhos d M·art la sao castanhos. Por um segundo
consigo imaginar eu ro to quando criança.
(4) , le a deixavame condida, ma ,uma veza vimos,diz
Pediram que a gente guarda s ·egredo .obre,aquilo..
(5) Pergunto se guardaram me '.moo se.gredo. ão sei
quanto, a :minhas colegas ela responde, .ma··,euguar~
dei, ..un.,
(6,) Vocêé a p,rimeirape soa para ,que·meu conto,,diz.
(7) Trinta anos depois?'
(a) I O; trinta, ela diz.
(9) Baixao olhar em direção à - mãos. Tambémolho para
a, mão dela.
(10)HeUca ou acan ia uma migalha de pão. Acendeum
cigarro.
(11) Não, diz depoi , pen ativa: trinta e cinco.

• ·)
1
nhuma ..
B) 3
e) g
D) 10
e) n

49
62)
(1) No ,Chileninguém se cumprimenta dentrodoseleva.
dores. Você entra e finge que .não enxerga,queé cego.
E, se cumprimentar, te olham torto, às vezesnemse-
quer cumprimentam de volta. Compartilha-sea fragi-
lidade em silêncio, como um sacrifício.
(2) O que é que custa as pessoas se cumprimentarem,
você pensa, enquanto a porta se abre numandarin-
termediário. Já são nove, dez pessoas,não cabemais
ninguém. Dos fones de alguém ouve-seumamúsica
que você conhece e gosta.
(3) Seria mais fácil abraçar a mulher à sua frente.Oque
vocês compartilham agora é o esforçode evitaren-
costar um no outro.
(4) Você se lembra de um castigo que recebeuquando
criança, aos oito anos: estava no banheirofeminino
beijando uma colega. Não era a primeira vezquese
beijavam, era uma brincadeira, um desafio.Umapro•
fessora os flagrou, repreendeu-os e os levouparaadi·
1

retoria.
(5) O castigo foi o brigá-los a ficar no meio do pátioumde
frente para o outro, com as duas mãos dadas,olhan-
do ..se fixamente, durante todo o recreio,enquantoo
resto das crianças gritava bobagens para os dois.
(6) Ela chorava de vergonha. Você estava quasechoran-
do, mas conseguiu manter o olhar fixono rostodela,
sentindo uma espécie de fogo triste. Chamava-se
Rocío, a .menina.
(7) Quanto tempo durava o recreio? D;ezminutos,outal
v,ezquinze. Nunca mais você olhou para o rostode
alguém por quinze minutos inteiros.

50
(8) Seria mais fácil abraçar de uma vez a desconh,ec1da
a sua frente..Ambos baixam a vista, você é mais alto
e se concentra no cabe_o preto dela, que ainda está
molhado.;
(9) Os fios embolados do cabelo longo e liso::você pen-
sa nas cabe]eiras que já desembaraçou alguma . ma-·
nhãs, com cuidado Aprendeu a técnica. Sabe desem~
baraçar o cabelo dos outros.
( 10) Quase todos já saíram do ele~ador, ficaram apenas
voce e ela. Aproveitaramcada nova porção de esp,a-
ço disponível para e distanciat Podiam estar ainda
maisseparados,cada um -e aboletandoem seu can-
to, mas isso seria uma demonstraçã.ode algo, seria o
mesmo que e abraçar.
(11) Ela sai um andar antes do seu. Ê estranho e de algum
modo horrível que, ao ver seu próprio corpo multi-
plicado nos espelhos, você sinta o enorme alívioque
,está.sentindo agora.
(12) . o Chile ninguém se cumprimenta dentro dos ,ele-
vadores, você diz, de noite, num jantar com amigos
estrangeiros. No m.eupaís também não, alguém res-
ponde, talvez por educaçao. Ma no Chile realmente
ninguém se cumprimenta, ninguém olha para. run
guém num elevador,você insi te.
(ll3) Cada um fingea própria au -ência. É possívelque ve
lhos amigos,inimigo- ou me -mo amantes venham a
compartilhar o elevador em nunca sabê-lo.
( 14) Você acre centa lugar,e.-comuns sobre a identidade
chilena,rudimentos sociológicosAofalai;pensa que
está tramdo algo. ente uma pontada, o pe- da im-
po tura.

51
(is) 0Chile ninguém se cumprimenta dentro d
.. .. .. os ele~
vadores, diz de novo, como se fosse ttm ieh.!:.
A - llcfO, hl:Qn
.

Jantar em que voce compete para ser o melhorobse


vador a habitar o pior país de todos. -1

A) enhuma.
B) 4,.5, 6 e 7
e) 8e9
D) .3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, li
E) I, 2, 3., 8, 9, 10, ll, 12, 13, 14, 15
63)
(1) Eu era amigo compadre dele. Eu o conhecia bem.
E não é verdade o que tão dizendo. Algumascoi as
sim, mas não todas. O que tão diz,endom,eincomo-
da, dói. '_como e e. tive .em falando de mim..
(2) É verdad q·ue, ___ r-=e--·u-
_ le_achava p g-·n . eq-u,-m-,
..an-;t- .e er-a b1c·ha
. __,
mas não mandou ninguém emborapor causa disso.
Todo mundo sabia que o Salazar queimava a rosca;
era só olhar para ele. Mas era um frouxo.Meu compa-
dre o despediu por ser frouxo,não por ser veado.
(3) ão é verdade que tratava mal a empregada. Se ela
ficou tanto anos na casa, por algum motivo deve ser.
Chamava-a com a campainha, às vezes até dizia por
favorao pedir as coisas.No Natal sempre dava de pre-
sente um uniforme novinho, impecável. E em feve
reiro a levavajunto para a casa em Frutillar.Um mês
vera an-d.O·d'_e g-r--a
n~·e~
- ___ _ velha-
ç-a., ·a.
. __ .
(4J ·· qual. é o problema, se me permite, da campainha?
Quer dizer,é me1hortratar a empregada a gritos?
(5) É verdade que ele não gostava dos mapuche mas é 1
,

que agora é preciso respeitar todo - undo ..Que mer•


da, não '.·_ pod falar nada, tudo é ofen -ivo,. todo
mundo reclama. M -u compadr foi co -rente, até o
fim. Diziao que pen ava, esse foi seu único p cado.
para que dar tanta bola para os mapuche nao fo,..
(6) --_-
ram el s qu pe,rderam.a guerra? Do me mo j ito que
os peruano , o bolivianos; perderam, e pronto. Ago-
ra viv.m chorando ,quenão têm mar e qu -r ndo rever
o---ma_pas.
-, : --- Pa
___1,- ce_
-m cri_anc1
- - nh
_ a_. pedind
__ oco_i -a para
º . i-

o pai .
(7) Agora.há muit · -dizendo que não abiam do de· apa-
r cim -nto da -.tortura .,do a a -inato laro que

53
li

sabiam. Ele sabia.,eu sabia, todo mundo sabia. Como


que a gente não ia saber? Lembro de uma vez, anos.
atrás; estávamos ·em Roma, num hotel fantástico,e
um exilado de mão dada com uma ruiva magrinha
se aproximou de nós. N,ãosimpatizeicom o exilado,
achei-o um tipo polemista e além do mais bochechu-
do, mas meu compadre acabou ficando muito amigo
dele, depois até fizeram negóciosjuntos.
(8) Meu compadre não discriminavaninguém, era capaz
de fazer negócios com todo mundo, sem se importar
com raça, credo ou opiniões políticas. Não ficavape~
dindo favorespor aí Meu compadre trabalhoua vida
toda.
(9) Nunca, em quarenta e nove anos de casamento,.chi-
.froua Tutú. Não comeu nem aquela secretária,a Va•
nia, que deixava ele maluco de tanto mostrar a calci-
nha. Lembro de ouvi-lo dizer, meio desesperado,que
se dormisse com a Vania não conseguiria maisolhar
o padre Carlos nos olhos. Depois soubemos queopa-
dre Carlosera mais mulherengo que o JulioIglesias ..
( 10) Quero insistir nisso, porque mostra cabahnentea es-
tatura moral do m.eucompadre: nunca chifroua Tutú
e também não ia atrás de putas. Simplesmente não
1

gostava de se meter com putas. Cada maluco coma


sua mania.
(11) Fazia doações não apenas aos Legionáriosde Cristo:
acho que meu compadre era viciadoem doações,não
parava de aJudar o próximo, padecia de uma doença
chamada solidariedade. E no fim do ano davaa cada
um de s.eusempregadosuma caixacom mercadorias
bastante dignas.

54

(12) Digam o que qui erem dele, é muito fácil falar mal
agora que está morto. Ma go taria que soubessem
que .meucompadrenão estátã!omortoassun, ele ain-
da tem a mim, nunca deixarei de e tar pronto para
o combate por ele. empre vou defende-lo.S1empre,
compadre:sempre.

A) Nenhum.aí
B) Toda .
1

e) 4
D) 9 e-10
E) 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11

55
)
(1) P _rgu.ntam por me,u nome, · u re pondo:· i' :anue] 1
1

on,trera- Per,guntam _,e,-0 u _anuel n era ..Re,


1
- 1

p,on.doq_uesim.-Perguntam e, o· o filho 1d_ ·anuel


-ontrera.- ·_-esp,ond 0 qu e _0U Ma.nuelContrera-,., 1 1 1

(2) Uma ve-zp e,guei a lista tel1 fônica ,e arra.nque1a pá 1

gina. c 0 m meu n,ome, n 0 s,o .nome_ Con,te1 V1nt1e'.


1 1 1 1 _ 1

do1 Ma.nu,-;,1,ontr-ras .m Sant1ag0_ · _ao ei o que 1

e·-tava procurando_ 0 con, .olo,da,-,tolo,,, talvez _a


1 1

,dep 1 - nfie a folha no rtturador ,de _papeL ,erum


1 1

nome ·.,um ,obr _nome· comu , ,não me adiantoude 1


,

nada
(3) orno é - er o filho d. um do ma1ore: crimino·o_da 1 1
~, 1

histó·ria do c·h.ile1' C,omoé p en ar que eu pm fo,1con~ 1

d enado a ma'is de trezent 0 - ano idepri ao7 · ocie en...


1 1 1 1

te o ódio que têm as família -.qu1e 1eupai de truiu.7


1

(4) ão consig,o r·e ponder a.es as p erguntas qu.e"empiie,


1 11

m e fazem P,erguntam ieom raiva, .ma também com.


1

curiosidade lma,gino qu e ._au ei curios1dademe mo 1 1

(5) Eu também 1nto curi,0s1dade,. Como é não ser o filho 1 1

d e um do mai ores crim·no,.-o, da históna do Chile?


1 1

-orno ,ét er .pai. que n.a0 a, a, _1nouninguém nao


1 1 1

tortur,ou. ningu 'm~


( 6) Precis 0, diz er qu meu p1a1é, in.oc:ente Pr ie1.o dizer
1 1 1 1 1

l,SSO Tenh oqu1 dizJe'l'l·-


,Q .:0 .·.obir1,ga,doa
d,tz1c[l -o,
1 1 1 1

Meu pai m ::,m ta ,e -u nao di ser qu , •-1. é inocen-


te. Nó , filho de a, · -a .,1no não _pod ,mo , m.ataro 1 , 1

pai
(7) Dec_din.ão ter filh,o_,.Pr _,eis-i me de ·:cara meu _pai.
1 1 _
1

. 1 -e au'de ,,p-1_.
E e·e tá doente. A piora -f -_ -1e,e-tado 1 1 1- ·
l

blica,, :~ai :o J rn - , =:
(8) Quando meu pai morrer, poder i ter uma vtda. _um
filho. Ele será o filho de Manuel Contreras. . a nao
darei a ele·o non1e de Manuel. ·vou falar para a mã
escolher outro nome Não quero er o pai de Manuel
·Contreras.
(9) Jáfo10 ba··tante er o filho de Manuel Contrera. ão
quero ser também o pai de ManuelContreras.M,elbor
se for uma menina
(10) ão sou eu quem fala..Afgu.émfalapor mim. Alguém
que emula a minha voz.Meu pai vai morr r em breve·.
A pessoa que emu]a a nunha voz abe di_:o e·não· e
importa.
(n) Talvez meu pai já e t ja mort .,quando publicar m o
livro que o filho da puta que emula a minha voz ,e-tá
,escrevendo. a pe oa , pen arão qu em minha
vo.zfingida há algo de verdadeiro.Embora nao e1aa
minha voz. Embora eu nunca fossedizer o que e tou
dizendo a.,gora. mbora ninguém tenha o difeito de
falar por mim..De me expor ao ridículo. É fácil rir de
mim. Me culpar, se compadecer de mim. ão há mé-
rito literário algum nisso.
,C2)Palma para o . critor, por ua,engenho idad . Batam
palma_, omoaccgtipod g nt d V ,f_ b rpalma.
1

Batam palma na cara del , ·om a . dua, mão , at'


1

que seja impossível distinguir d ond 1


tá ·aindo o
,

. angue.
(13) Agora está dizendo qu - dou orden., qu - -eiltorturar.
Que sou filho de pe1X. Agora · tá diz .-ndo qu ,eu
mando enfiar,emum perfurador de m.etaJno â u
dele.
(14 )• Agoraestá dizendo que eu não tenho O di . .
... _. . . ..-. " . d
_re110
desafiar
- meu p ópr10 desttno.
. . Que sou UID·,
· ~~no·e
mo
vo.Quedigoo que nao dig~.QueatélheagradeÇo .Vi
falarpor mim Agoracontinuaem buscadepai.POJ
Pa.ra tatuá-las em meu peito com a brocam· 'llises,p--
,
.
'IU .
avras.·. ,_. · ·

sa da furadeira -

A) Nenhuma
B) ·9
e) 10, u e 12
o,) 1.3e 14
E) 14

58
p

65)
(1) om o dinheuo da loteria, o velho decidiu realizar o
, onho de ua vida,mas como o sonho de sua vida era
ganhar na lot ria, não abia o que fazer,De cara com.-
prou um Peug ot 505e me contratoupara dirigi.-lo.
(2) Um ·ábado fui buscá-lo: o plano era ir ao Clube Hí-
pico,mas el ·tava assi tindo ao SábadosGigantese
,estavacom pr,eguiçade ait Ofir,eceu-m uma cerve-
ja, vimos juntos o quadro ·'vocênão Conhece o,Chi-
leu:Dom Franciscopasseavapor Ancude por Castro,
entrevistavaos habitantes de umas palafita .,a1udava
a preparar um curanto, ve tia com certa dificuldade
um gorro típic,ode Chiloé
(3) É isso que vamos fazer,me disse, comoque tendo uma
epifania p,ercorrero Chile no carro novo. Perguntei
por que não viajar pelo mundo, como o próprio Dom
Francisco em ''A câmera estrangeira,~Respondeu-m•e
que antes de conhecer o mundo era preciso conhecer
bem o próp,no país..Perguntei se com.eçaríamosp,elo
norte ou pelo . ui. Pelo norte, idiota, pelo norte,.como
é que vamos começar pelo sul?':Êde nane a sul que se
faz e .a m rda..
e

(4) Sua opini.ãoao final da viagem::o Chile é um país be-


lí uno. A pe soas r •clamam o tempo todo que n.ã.o
xiste liberdade r clamam da ddadura e de tudo o
mais,,mas não percebem que o Chile é um país belís-
.imo.
(5) Eutambém gosteido que vi do meu país,ma.·lembro
de pouca coisa.Dirigiaigual a um zumbi,ao compas.-•
so dos roncos a sustadores do velho. Asveze. via, de
r lance,o brilho da baba ·m · ua boca aberta..Quando
e. tava a ord do não g· · ta a de ouvirmúsica, ó me

59
pedia para pôr umas fitas de Coco Legrandfazendo
piadas. Cheguei a odiar Coco Legrand: suas piadas 1

sua voz, tudo.


(6) Lembro do frio perto de Los Vilos.Eu fumavasozinho
no acostamento, enquanto a cinco metros,no banco
traseiro do carro, o velho se divertia com umasputas
peitudas e tristes. De Iquique me lembro da vezem
que o acordei na praia de Cavancha e ele achouqueeu
era um ladrão. Em Pelluhue urna onda enormequase
o levou embora, tive que entrar na água de cuecapara
salvá-lo. Em Pichilemu começou a repreenderdois
maconheiros que, apesar de serem pacifistas,ainda
assim queriam dar umas cacetadas nele depois.Tam-
bém precisei defendê-lo em Talca, Angole Temuco.
(7) Lembro do medo que eu sentia nos restaurantes
quando o velho começava a se gabar para os gar-
çons. Meu único momento de liberdade foi quando
ele passou mal do estômago e teve que se internar
numa clínica perto de Puerto Montt. Nessesdiasfui
moderadamente feliz, embora talvez apenas poral-
gumas horas, estacionado perto do centro, comendo
empanadas de queijo enquanto escutava LosAngeles
Negros e Los Prisioneros e a chuva caía. E em Caftete:
também fui feliz em Caflete, mas já não me lembro
porque."
(8) O velho me pagou bem, é preciso dizer. Depoisfoi
conhecer a Europa e os Estados Unidos, e perdemos
contato. Um dia me ligou para perguntar se eu conhe-
cia alguém que pudesse escrever sua biografia.Disse
que eu mesmo poderia fazê-lo, que tinha viradoes-
critor. Não era verdade, mas eu precisava da grana.
Ele acreditou.

60
(g) Combinamos um valor por palavra, e a única coisa
que importava era que o livro fosse grosso. Pus-me
então a escrever a sua história. Encontrava-o todas
as manhãs para ouvi-lo. Era presunçoso, um péssimo
observador, arrogante, mas eu o escutava com aten-
ção e anotava tudo. Os espanhóis são simpáticos, di-
zia de repente, por exemplo. Os espanhóis de onde,
eu perguntava. Como de onde, imbecil, os espanhóis
da Espanha, respondia.
(10) Também tive que entrevistar os filhos dele, um ho-
mem e uma mulher com cara de desamparados, mais
ou menos da minha idade, que diziam amar e admi-
rar o velho, e também falei com sua ex-mulher, uma
senhora que estava sempre com um rosário na mão
direita e falava pelos cotovelos. Era óbvio que men-
tiam o tempo todo, não entendia por que haviam
aceitado colaborar. Depois soube que meu chefe ti-
nha duplicado a mesada de cada um.
(n) Uma vez perguntei, sem más intenções, se ele acha-
va que o dinheiro o havia mudado. Olha as perguntas
idiotas que você faz, seu merdinha: é claro que sim,
respondeu. O dinheiro muda qualquer um. Depois
perguntei sua opinião sobre Pinochet, que eu já sabia,
só queria checar. Era 1987, um ano depois do aten-
tado ao general, um antes do plebiscito: adverti-o de
que a opinião dos chilenos sobre Pinochet mudaria
nos anos seguintes, ganhando o sim para sua perma-
nência ou o não para sua saída do poder, e que por
isso talvez não fosse recomendável ele se revelar um
fervorosopartidário do ditador. Quero que fique claro
no meu livro que acho que Pinochet salvou o Chile e

61
Ili""
a

,,,..
que quero que esses mongo1s que tentarammatá-lo
apodreçam no inferno, respondeu.
(12) Perguntei o que pensava de Dom FranciscoDom
Francisco sempre foi minha mspiração, respondeu.
Dom Franciscoviajou o mundo todo, eu dissejá oPi-
nochet não é convidado para ir a lugar algum. ão ei
por que falei isso. Ele ficou pensando. Pegueiumas
batatas e acrescentei que Dom Franciscotinhano·
mostrado o Chile que Pinochet destruíra. Vaiparaa
puta que te pariu, ele respondeu.
(13) Fiquei calado, estava aco tumado a essas humilha-
ções.Afinal de conta , eu era apenas um ghost-writer.
Trabalhei mais dois meses e terminei o livro.Tre-
zentas e cinquenta e nove páginas. Tenho vergonha
de confessar que fiquei orgulhoso de algumaspa a-
gens, que me pareciam bem escritas,eloquentes.Oli-
vro era um lixo, mas ao meno havia algumasfra.e , a
meu ver~inspiradas,uma··vrradaselegantes,atémeio
barrocas. Ele pagou uma edição de quinhento exem
piares..Meu caminhopelomund.oe pelaminhapátria,
foi es e o título que escolheu
( 14) Pensei que nunca mais o veria. Durante quinzeano
não soube nada dele, até que me ligou. Perguntei
como con eguira meu número. Tenhomeusrecurso,
disse. Contou que estava doente,.que talvezmorre e
em breve, e queria que corrigíssemosalgumascoia
no livro,para uma egunda edição. Pergunteisea pri-
meiratinha esgotado. Sobraram un cem livro comi-
go, disse, mas não é suficiente. Que coi a vocequer
corrigir, perguntei. ó os erro de ortografia,o e1ho
de merda me r pondeu.

62
A) Nenhuma
B) Todas
e) Qualquer uma 1'

o) A
E) B

63
66)
(1) Tenho seis filhos, quatro homebs e duas mu1here ..
Uma é lésbica, mas a amo mesmo assim,porqueé
uma boa pessoa. Se for classificar meus filhosne·-
ses termos, quatro são boas pessoas e dois sãomás
pessoas~ Cem por ce.nto das mulheres: boas Homens
maus: cinquenta por cento.
( 2) Conforme suas idades· o mais velho tem 45anose0
mais n.ovo, 29 c.onforme suas mães.:Eleonora(dois
rapazes e as duas meninas), Silvana (um),Daniela(o
caçula) ..
(3) Sugeri nomes para todos os meus filhos,massócon•
s,egui fazer minha vontade prevalecer em doisdos
.
seis casos.
(4) Filhos meus com pintas no rosto: três. Como ,que·ixo
repartido: dois. Cílios compridos: do·s.
(5) Quatro dos meus filhos foram me ver na clínicaquan-
do fui operado para extrair o rim esquerdo Osoutms
dois não foram, mas me ligaram.
(6) Porcentagem de filhos meus que algum dia disseram
te odeio· 33,3%.
( 7) Porcentagem de filhos meus que declararamseuódio
a mim não com palavra , mas com ações(socono
olho e--querdo ): 16,6%.
(a) Filhos meus que algum dia me pediram perdão:
quatro
(9) Dois de meus filhos aprenderam antesdostrêsanos
a cortar as próprias unha. e a amarrar os sap,atos
A todos en -ineí a dirigirantes dos dezoito
(10) Filhos m-eus qu.e já atropelaram cachorros:dois.Fi-
lho · :m u- qu.e já.at ·opelaram pe oa-: um.

64
(u) Filhos .meus que trabalham no setor público: dois.
Privado· dois. Nem público nem privado: dois.
(12) Eleições presidenciais do Chile, ano de 2013,votação
dos m.eusfilhos no primeiro turno:
Michelle Bachelet. dois..
Marcel ,Claude.zero.
Marco Enríquez-Ominarni:zero.
Tomás Jocelyn Holt: zero..
Ricardo Israel: um.
EvelynMatthe1:um.
Roxana Miranda. um.
Franco Paris.i.:zero.
Alfredo sieir: um
Votos nulos. zero.
Votos em branco: zero.
(13) Votação dos meus filhos no segundo turno: três em
Bachelet, um em M'atthei, um nulo, um - uma - não
foi votar.
(14) Filhos meus que já dormiram na cadeia mais de duas
noites seguidas· zero.
(15)Filhos meus farmacodependentes: cinco. Fluoxetina·:
dois. Clonazepam: dois. Lítio:um. Filhos meus com
pés chatos· l 00%..- ilhas meus com pés chatos que se
negaram a usar palmilhas: dois. Filhos meu opera-
dos de apendicite~três.
(16) Cinco dos meus filhos têm miopia e quatro padecem,
também, de a tigmatismo.
(17) Dos meus cinco filhos.com problemas na vista, doi.
quiseram.operar, mas não tinham dinheiro para isso.
Três usam óculos, dois preferem lentes de contato.
Dos três que usam óculos, dois preferem armações
retangulare e gros as. O restante não tem Jeito: usa

-
armações redondas, mesmo sabendo que quemtem
rosto redondo deveria usar armações quadradas ou
retangulares.
(18)No geral, quando organizo meus almoços,doisdos
meus filhos falam sobre política e dois sobrefutebol.
O mais velho costuma relatar suas intermináveis con-
fusões amorosas e o outro permanece emsilêncio ab-
soluto, do jeito que fazia quando era criança,sempre
olhando para o prato, como se estivesseanalisando a
comida com rigor.
( 19) Filhos meus que costumam me pedir dinheiroem-
prestado para comprar remédios: dois.Parair aohi-
pódromo: um. Para pagar dívidas:dois.
(20) Filhos meus pelos quais eu daria a vida:pelomenos
três.
(21) Filhos meus planejados: quatro.
(22) Filhosmeus que, nos momentos de angústia,mecon-
tam seus problemas: três. Filhos meus aosquais,nos
momentos de angústia, conto meus problemas:dois.
(23) Filhos meus que estarão presentes no meu funeral:
seis.
(24) Filhosmeus que cuspirão no meu túmulo:um.
(25) Filhos meus que têm filhos: zero.

A) Nenhuma.
B) Qualquer uma.
e) Todas.
o) 21
E) 25

66
V.Compreensão de leitura '

1
1

A seguirvocê ,encontrarátrês textos,cada um seguidopor per-


guntasou problemas baseados em seu conte·údo..Cada exercí-
cio possui cinco alternativas. Assinale a que· lhe parecermais
apropriada.
T·.X.TONº 1

•··om tanto. guias de· leitura, prova, . 1nt:erm: diária , ffnais e d· .· 1

p , ,o duplo,,,.·.ra imp,o í· el n,ã.oa-_-v-n,drmo algo, mas gu,ase,


tudo es..._, ecí,amo. rap,1damente1e temo, q·ue par,a ,empr,e.O
1

qu.·~apr ··ndemo·..·._·
...p ri· ·ição,c)ontud.o,o qu nunca --~,quecería.--
1 C·

mo:s,foi colar na·.··.·.


p,ro.··a·~, ,d~ff..:.il'imp,---.o,vi.sar
_<ão s·.·,ria. um elogi•..
da cola q·ue, com letra ínfima, poré.m le,gív,el.,,
1 repro,duz1.a to da.a 1 1

matéria num minú cuia, 'bilh,ete,de ônibus.l Mas d,e po,u.co servi-
ria. ss,a obra admiráv l e não tiv ·ss mo,~ades, .eza _ a audá.-
c:ia nec·essárias nos momen -os-chave~ o talento ·pa .a ·~ er, ····ber o
in-tant · .-m que o p•-o~-·.·.;orbaixava a gu.arda e come.••'·vam.·.·.s
-dez,vinte .segun,do·_: de,oulio..
Ju;_tame-._e :nes~e colé.gio1 em eoria o mais, e·xi,g nt do
1 1 1 1

e-· e, cotar ,era ·be ma'·• fácil, ·pois bo,apa ,te das prova.seta
1--.

o'bjetiva" ,.altavamm·u..to-.ano s p•araprestarD1DS a Prova de Ap-·


1 1

ti.dao ,Acadê,mica,ma_ a m,a·oria dos profes ·,oresjá, qu.erta nos


familiat';,>ar c om > · ·. ,ícto de m.ultipla e--colha,1e, embo-a
1 10: 1- 1

projeta·.sem duas ou at ··quatro provas difer..·nte ,.se·mpre ,achá... 1

vam.os.um j,ei ,o ,de ·r,epa·~r ar a imormação, N'aiatính.amo,_'qu·.·.


.. _: ..
--·-L.am.
~-IUl1· ..... ,·,,
.i'c,c·r·.--na".'"'·- 1 - .-u---o·pm";-.a-I
.1 -·... ·am·._·,q-u-i·,d-.·_·
na-:o.··t·ính'- 1. :--·
·n
_ .•.
1

·-_.-· t. 1 ••
1

• _ ~ ___ ._1.-.c ___ _

vo ·ve.rnada, n ~nhuma 1d~iap 116p r1!a:-~r_-_p rec1,·o a_-~.na,--ntr _r-


1 1 1 1

no ju,go e ,adivinhar a. p:~ga,d1nha.. , -!aro qu·. -estu,d,áv,am.o


1 ., às
z · mu11 • t .-,.,I_m·-
fi-.-1,en
'"t·o, ma.:•nunc·.· ,o, ..:·-.· ..._:· . · 8 : 1.d- 1a
.···'.__ ,. · r-_ 1 1 ·• 1

ba'lxarno:-sabola,· ... ·.:~m,oqu~ no:-d dicás : -o~:p -['Jl'Il :iroa.0 0 1 1


10 1 1

e t.ud _,-~-bíam,o•::_, _·u~ainda.a,_,imhav· ria d·ua ou tt~.- _pe- 1

,a imp,o~..'\r 1'.·,,,mai- .--,â!Ore Iamáv mo,,, ,en-~n-d.í'amo,-, a ~n- 1

·.···~ lar .·~,rap . t<· da co·:·


sa.
sain,do .-m-~oucodo no,.·-
.· qu·- gra. a.·.,:~_Jcol.a.a,a'b[-.--~·o,-=-

• • 1
.--

rios. De vez em quando éramos invadidos pela culpa, por uma


en ação de fraude, sobretudo se pensássemos no futuro,ma ,a
indolência e a negligencia prevaleciam.

A aula de religião era algo à parte, porque a nota não entrava


na médja geral, mas o processo para pa ar de ano era eot.e•
diante e longo, e as aulas de egovia, muito divertidas..O pro~
fessor monologava sem pausas sobre qualquer coi a meno,
religião; de fato, seu tema favorito era exo, em especialcom
quais professoras transaria. O momento mais engraçadovinha
no final, quando Segovía promovia uma roda de confis ões rá•
pidas; cada um dever"adizer um pecado e,.depois de escutaro
quarenta e cinco - que iam desde fiquei com o trocoparamim
e ,queroagarrarospeitosda vizinhaaté batipunheta no recreio
grande clássico-, o professornos diziaque nenhum de no sos
pecados era imperdoável.
Acho que foi o Cordero que, numa aula, confessou que ha-
via colado e:mmatemática,e com.oSegovianão esboçour,eação
todos fomos acre centando variaçõe, daquilo· cole· na prova
de espanhol, no teste de ciências, no teste de resi tênciafí ·ica
(gargalhadas)etc. Segoviatentou conter o ri o ante de dizer
que nos perdoava,.mas avisoupara tratarmo de nunca er pe-
gos,porque issoS1D1s,eriagrave.De repente, porém, ficou ério:
se vocês são trapaceiros desse je~toaos do:zieano,, disse,ao·
quarenta vão ser piores que os gêmeo Covarrubia . Pergunta~
mos quem eram os gêmeos Covarrubia . e ele fez mençãode
nos contar, mas se arrependeu. In istimos,,ma não quisdizer.
Depoisperguntamo para outro profe or e até para o orien-
tador, mas ninguém queria nos contar a hi tória. Os moti o ·

70

J
eram difu os: era um, egredo, era algo d lica o .Dequalqu r
m.odo,logo e ·qu cerno ·do a ...unto..
inco ano· depois, em 1993, quando já tá. an10 no últi-
mo ano do col gial, num dia em qu . eu, ord ro, arragu z •
o pequeno Carlosmatamo ·aula, • n ontramo com profe>or
de religiãona saída do bilhar d arap,acá.., ão da ·a ai. aula ,
tinhavirado condutor do metrô,era •eudia d -folga.Pa ou uma
Coca-Colapra gente e p,ediuum pi co pequeno, m a fo· -
,cedopar.acomeçar a beber~· oi então que ·enfimn con ou a
história dos gem.eosCovarrub1as.

•••

A tradição da família Covarrubias ditava que o primeiro filho


homem deveriase chamar Lw Anta.ruo,mas quando ovanu-
bias pai soube que eram gemeos,preferiu dividir o nome entte
os irmãos. Durante s,eu prim.eirosanos de vida, ui ie·Anto-
nio Covarrubia desfrutaram - ou sofreram do tratamento ex-
cessivamente igualitário que os pai costumam dar a gemeo .:
o mesmo corte de cabel,o,a me-ma roupa, a mesma turma no
me ,mocol gio.
Quando o. m .nino tinham dez ano , ovarrub,-_ pai in -
talou uma divi ória no quarto , co .. um errot , tran formou o
antigo b liche m dua cam id n:.ca . . ideia ··a dar ao · g -
meo e rta privacidade,masa mudançanão t :. and · conª
sequ. nc'ia ,porqu continuaram -: falando atra. é. da divi' ória
toda a no1t,s ant d dormrr.Habita am agora em h: mi fi--
.•-. .d-:lluerentes-ma ra um planta· m·uit·,o··p·.q.u··,e·n·
[10 1 .. . . , ·. _ _ -· . _. -- o-.
. _ •

om doz .· ano . entraram no In tituto ac1.onal, aí ,im


ocorr -u uma ··paração. o . •O aluno . da
di tribuído d ~ · .modoaleatório p .}a pr1m ira ., z o m o

71
ficaramem turmas diferentes. Estavamvisivelmentepe·rdido
naquele colégio tão gigante e impessoal, mas eram forte, esc..
tavam.dispostos a sobreviver em suas novas vidas.Ape·ar da
avalancheincontrolávelde olhares e piadas estúpida do cole-
gas ("pareceque estou vendo do1s' semprese juntavampara
1
),

lancharno recreio.
No fim da sétima série tinham de escolher ·entreanespiá -
ticas e música, e os dois escolheram artes plásticas e perando
que o acaso os unisse novamente, mas não tiveramsorte. o
fim da oitava,. quando tinham de optar entre france e· gles,
pensaram em escolher francês; que, como atraía pouco. can
didatos, praticamente garantia que e tariam Juntos de no·o,
mas depois de um sermão de Covarrubia pai obre a impor-
tância de saber inglês no mundo competitivo e selvagemde
hoje, resignaram-se. o primeiro e no segundo ano do colegial
a coisa não melhorou para eles, pois a divisão era por notas,
mesmo ambos tendo ótimas qualificaçôes.
Quando passaram para o terceiro ano escolherama área
de humanas e, por fim, ficaram na mesma turma, o Terceiro
F. Voltar a ser colegas após quatro anos era divertidoe e tra•
nho. A semelhança física continuava impressionante,embora
o rosto de Luis fo ·se mai infe ·tado de e pinha e Antoniode -
.e sinais de querer se diferenciar com eu cabelo compr·do,.ou
o que na época era tido como cabelo comprido: a camadade
gel que ordenava seus fios dava a Antonio uma aparênciame-
nos convencional que a d ·eu irmão,.que mantinha um corte
clássico,ao estilo militar,com o cabelo a dois dedos da camia,
como estipulava o regulamento. Antomo também u avacalça
largas, de afi.a11doa normas, e cos ·w:na.vaiI ao colégio de t,êni
preto mv·zd· apato

72
i o pnm iro me e , o .g'"'meo Se ·entavamjunto ·,prote~
1

1

·iam~· • ajudavamps mutuam·.nte, ap· ar d qu - quando bri R

gavampar ciam _odiar,o qu , _ornos · ab ·, é a coi.a mar na~


turaldo mundo· há m.om nto ·em que odiamo a nó·. me-mo ,
- s V mos . m nos a frent algu m qu ' ermqua. todo os as-
p _cto , é igual a :nó , a aba · ndo 1n vi áv 1orientar o ódio na
M

qu -la d1re•çao.Ma · m m ado do ano, - -m.e}Q)licaçao aparente,


.asbriga fi aram mai ·acirrada ; - n - a m --ma épocaAntonio
p rd. u todo o int r sse pelo., tudost A vida d Lui , por ou-
tro lado,,s guiu um rumo mai'_ordenado; manteve seu currícu-
lo im,p cáv-1 : -~·u boi -tim foi róttmo;d fato,foi o primr·iro da
turma naqu Ir ano. Contra ·toda· a·ºprevi·õ,e , . eu irmã . foi o
último, e a sim o· gl',m os tiveramd s s _parar novamente.
O ori ntador do colégio - qu era apena um para rquatro
mil e tantos aluno , ma. e inter ssava pelo ,casodo g m 0:s,
de modo qu ele mesmo chamou o pais para uma reunião -
formulou a teoria, não necessariam nte verdadeua, de que An-
tonio teria r -petido de ano por conta de·um desejo incon ci:en
te (o orientador exphcou a eles,. de forma ráp,ida e, certeira, o
que era o incon ciente) de não mais estar na mesma turma que
o irmão.
Lui terminou o col ·gial como _ re oJv.., e uma burocra-
cia, com nota aha , con - ·gui:u pontuaçoe bem acima da
:médiaem todas a· prova d entrada para a faculdade, com
destaque .Parahistória do hile e ciências ·ocJ.ais,matérias nas
quais esteveperto de alcançaras pontuações máximasem nível
nacional. Entrou,com uma bolsa por e~-,celênc·a acadêmica, no
curso de·direito da Univei idade do Chile.

•••

73
....

Os gemeos nunca estiveram tão distantes como duranteos


primeirosmeses universitários de Luís.Antoniosentiainv,eja ao
ver seu irm,ão air para a faculdade, já em o uniformeescolar,
enquanto ele continuava naquele colégio.Em algumasmanhãs
seushorárioscoincidiam,mas graças a um acordotácitoe ele-
gante - talvezuma versão da famosa telepatia - nunca pegavam
o mesmo ônibus.
Contmuaram evitando um. ao outro, cumprimentando-se
apenas, embora soubessem que a distância nao poderiadurar
mt1itomais tempo. Uma noite, quando Luísjá estavano segun-
do semestre de direito,Antoniovoltou a falarcom ele atravésda
divisória.Como era a universidade,qws saber.Em que sentido?
As garotas especificouAntonio..Bom, tem umas muito,muito
gostosas, respondeu Luis, tentando soar presunçoso. Seique
tem garotas lá, mas quero saber cornovocês fazem.Comofaze~
mos o quê?,perguntou Luís,que no fundo sabia o que seuirmão
estava perguntando. Como vocês fazem para peidar com elas
por perto. A gente tem que aguentar e ponto, respondeu Luis.
Passaram essa noite como em tempos anteriores, como
quando eram crianças, falando e rindo enquanto competiam
para ver quem peidava ou arrotava melhor, e a partir de então
voltaram a ser inseparáveis: mantinham a ilusão de indepen-
dência, obretudo de segunda a sexta,,mas no fins de semana
sempre saíam Juntos, bebiam e faziam alguma ub tituições
divertidas, aproveitando que, graças ao cabelo compridoe à
recuperação da pele de,Luis, a semelhança físicavoltara a ser
quase total.
,Q,rendimento de Antonio havia melhorado notariam.ente,
apesar de não ser mais um aluno exemplar.Perto do fim do úl·
timo colegial, no entanto, sobreveio-lhe uma angústia. mbora
se s nti s pr · parado para a Prova d · Aptidão achava qu não

74
iria con eguir as altís imas pontuações necessárias,para entrar
em direito na Univer idade do Chile,como o irmão~A ideia foi
de Antonio,naturalmente,mas Luisaceitou de cara, sem chan-
tagen , nem condições,e sem um pingo de,medo, porque em
nenhum momento achou que fos, po ível erem de cober
tos. Em dezembro daquele ano, Lui ovarrubia •se apre .ntou
com a carteira de :identidadede ,euirmão ntoniu para faz _r a
prova pela segunda vez, e s e Jorçou bastant , tentando con
seguir uma pontuação ainda m,elhor,quea sua no ano anterior ·
·e, de fato, conseguiu a maior pontuação nacional na prova de
ciências sociais.

•••

Mas a gente não tem irmãos gêmeos Cordero disse naquela


tarde, quando Segoviaterminou de contar a história. Não ,ei
s,echovia ou garoava,mas lembroque o professor usava um ca~
saco azul impermeável. evantou para comprar cigarros e· ao
voltar à nossa mesa ficou d e pé, talv ez p,ara restabelece uma
1 1

ordem perdida: o profes or de pé, os alunos sentados. Vocês


vão se dar bem d qualquer .ii uo,você· nao sabem como sao
privil -giados, d1s e. Porque a gente estuda no aciona ·7.per
,gunte. · Ie fi.coucalado por tanto tempo qu - nã.o er1amais
nece sário me re -ponder, fumava e re -piravacom an, iedade,
1

talve,zjá um poucobêbado,,masacabou respondendo:o _·acio-


na· é podre, ma. todo mundo é po · e, disse.Prepararamvocê,-
para isso, para um mundoonde toda -,a pessoas ferram.umas
à-,outras. Você-vão se dar bem na .Prova,muito bem, não s,-
preocupem:vocêsnão forameducado ,,foramtreinado . Soava
agr ·.•.ivo, ma -não havia desprezo , m sua voz p lo me:no não
dirlgido a nó-,.

75
Continuamos em silêncio já era tarde, quasenoite.Elese
sentou de novo,absorto em seus pensamentos..Eutiravaboas
notas, disse, quando achamos que não haveria maispa1avras:
era o melhnr da turma, do colégio todo, nunca colei Masna
prova fui um desastre e por isso tive que estudarpedagogia da.
religião,sendo que nem acreditava tanto em Deus.Perguntei se
agora,.comocondutor do metrô,ganhavamaisgranaOdobro,
respondeu. Perguntei se acreditava em Deus e ele respondeu
que sim, que agora, mais do que nunca, acreditavaemDeus.
Nuncame esqueci, nunca vou me esquecerdestegesto:com0
cigarro aceso entre o dedo indicador e o médio, olhouparaas
costas de sua mão e querda como se procurasse as veias,e.a
seguira virou,talvezpara comprovarque as linhasdavida,da
cabeça e do coração continuavam ali. Despedimo-noscomose
fôssemosou tivé semos sido amigos. Ele entrouno cinemae·
nós seguimos pela Bulnes em direção ao parque Almagro para
fumar uns baseados.
Nunca mais soube de Segovia.Às vezes,no metrô,quando
vouno primeirovagão,.olho para a cabinedo condutorepenso
que o professor está lá, apertando botões e bocejando.Quanto
ao gêmeosCovarrub:ia. ·, parece que nunca.mai- se separaram.
Tornaram-se advogado idênti o ; dizem que é diflcHsaber
qual é o mais brilhante e qual o mais corrupto.Dividemumes-
critório em Vitacura e cobram o me mo, cobram o queumser-
viçobo · J i o val :
67) De acordo com o texto a experiênciados gêmeo. Covar-
1

ruhias no novo colégio:

A) Marcou ,eudistanciamentodefinitivodos valoresque


seu, pa.i lht:t haviamtransmitido.
1

B) Foi traumática, porque os obrigou a tomar dec.t,ões


prematura,·.e levou-os a se distanciar irremediavel-
mente ..
e) Pouco a pouco a abou tornando o . ujeito valio·o
para a ociedade chil na.
n) ransform.oudois gêmeos que·eram boa• ,pe oa ..
1

ami.gávis em dois filhosda puta in scrupulo o


1

B) D -u inícioa um pi ríododifícil,do quai aíram fortal. -


cidos e pronto. para competirne te mundo impi-do-
so mat. rlaHsta

77
68) O melhor título para este conto é:

A) Comotreinar seu irmão gêmeo.


B) Ao mestre, com carinho.
e) As formas solidárias da cola.
D) Abaixoos advogados.
E) Abaixoos advogadosgêmeos.

69) Sobre as provasde múltipla escolha ou objetivas,o autor


afirma que:
i. Eram comuns naquele colégio,com o fim de preparar
os alunospara os exames de entrada na faculdade.
ü. Era mais fácil colar nessas provas, sob todos o pontos
de vista.
ili. Nãoera precisodesenvolverum pensamento próprio.
iv. Os professores preferiam-nas porque assim não preci-
savampassar o fim de semana corrigindo provasfeito
malucos.
v. A alternativa correta era quase sempre a D.
. ..
A) 1eu
B) i, Üi e V
e) nev
o) i, ü e ili
E) i, li e iv

70) O fato de dividir seu nome entre seus filhos gêmeo de-
monstra que o senhor Luis Antonio Covarrubias era:

A) Inovador.
B) Engenho o.

78

......
.) .qu,â·:· - ~ .
D 1
) Maçom.
-.) Idiota.

7_) .-od,e-seinferir a partir do,t ,xtoqu.. o,,··p 1ofe ,ore/ d,,oieo 1 1 -·

'légio.

A) Eram m díocre · · · cru.:-J orque· ad---r'"am,· m re r-· 1

vas a um mod lo'· d.ucacional podr 1

B) E.ram cru.éi·. -ev ro•·::go,.ta.vam de ·0irturar o·~,_,..tu 1

dante·· _n.c.hen_cO·-i0
de d:evere,.·. 1
···•
1

e) .Mo riam •d ..i- ,ezaporq·u~.-,ram., ~ -.mame-, t. mal 1

pagos.
o) Eram cruéis e ·-evero,', p orque ·-tavam tri~· ..·,;-,_--odo
1 1

mundo andava e aqu •·le ·tempo, 1 - 1


1

E) Meu colega d:e car eira marcou a.·~.,vou marcar ,es~a


1

também4,

·) .tud· t 1-·- 0Iav1am··a-pro··.c,•p·r .u~vivi•·,--1


1

u·m dit j'u-tifica.qu.alq.u


_d111~.·•.··1,~.o e: .OI' 1 '.a
B) Colar n.a, prova n.ã.oe.ra ·_l~i•O rwm, : a -o fo. ·., i·_1to 1

com prud :ncia ..


. ) Colar ·na::pro<·a··.·
''.p,·.t · d0 .Proc- o de formaçãod- 1 1 1

qualq·ue.r,.~r h ~ mano..
.) 'Os estud.ante.se ~ m.pi ores --ota _,na~ ·p.ro;va
1 1 ·,de ,entrada 1

par·__a faculdad_ co~tumam e tomar· ·. o·< .. o e_ d~ 1

-c.)igl- O~
[ 1

) O.. p ·oi , ·- r - · ,..-. li ,·: 10 ão d· v 1 - • · o, .,m, J · n'"" -


~ar1a-~ ~ .nt a · di ·mem D, ,ui..

7
73) A finalidade deste co,nto é-

A) Sugerir um.a p-ossívelfonte de trabalh.o para.estudan.


tes chilenos ,de alto rendrm,ento acadê·micoe parcos,
recu: sos (são pouc,os, mas existem), que poderiam:e
dedicar a substituir estu,dantes desletxados e ricos
B) Denunciar p,r,oblemas de segurança na implemen ..
ta,ção,das. provas de entra.da na univ,ersidadee1, além.
diss,o, p-romover algum empreendimento relativoa
leitores b,iométrico,s ou ,outro sistema ,quepossibilite
co,rrobo.rara identid.ade dos candidatos.
e) Pro.moverum ,escritó,riode advocacia, apesardosaltos
preço·s qu.e dev,em custar seus. servi-ços.E se divertit
o) Legitimar a experi,ência de uma geraçao que poderia
s,er,descrita, se - maiores, explicações,,comoumacor~
Jª de trapaceiros. - se divertir.,
B) Apa,garas fendas do passado.

74) Qu,al das frases do pr,ofesso.rSegoVIaa se,gwré, a seuver,


verdadeira?

.A) Vocês n.ã,oforam. ,e·duca,do.,fo am treinados..


e) Vocês nã,o foram educados,, foram treinados.j,
•C) Vocês n.ã,oforam ,e,d·uca,do, fora_mtreinados.
-.) Vocês nã,oforam educados, for.amtreinados..
) Vocêsnão foram educa,dos,foram tre.inados..,

ao
TEXTON'º!2

Imagino que no dia do casamento !estávamosfelizes,em.hora


para mim seja difícilentender isso;custo a aceitar que qualquer
tipo de felicidade fosse possívelnaquele· tempos tão amargos~
Falo de seiembro de 2000, catorze ano atrás, o que é muito
tempo: cento e sessenta e oito meses, mais de c·nco mil dia.
A festa foi memorável,.isso sim, sobretudo depois daquela
cerimônia tortuosa e sem graça em nosso apartamento. Na no1
te anterior fizemos uma faxina pesada, mas acho que·m,esmo
assim os parentes foram embora falando mal porque a verdade
1

é que a,quelessofáspufdos e aquelas manchas de vinho nas pa-


redes e no carpete não contribuíam para dar a sensação de um
espaço adequado para celebrar um matrimônio.
A noiva - é claro que me lembro de seu nome, apesar de
achar que um dia o esquecerei: que wn dia esquecerei até
1

o seu nome - estava linda, ma.· meus pai-. não conseguiram


entender sua escolha por um vestido preto. Eu coloquei um
terno cinza tão brilhante e maltrap,ilhoque um tio me diss,e
,que eu par,eciamais um.officeboy que um noivo.,O comen-
tário era elitista e estúpido, .mas também preciso, porque era
justament,e aquele traje que eu usava quando era estagiário.
,Quando penso nele ainda o a sacio, mais que ao ca amento,
aos mtermináve1 dias qu,e passava caminhando pelo centro
ou esperando na fila de algum banco com o cabelo tão curto
que chegavaa ser humilhante e uma.gravataazulada com o nó
nunca suficientementedes.feit:o.
Por sorte a oficialdo RegistroCivillevou a cabo o proces-
, o todo rapidinho, e, depois do champanhe e de um coquetel
moderado - lembro, nvergonhado,que as batata. frita.• fica-
ram e· verdeada. -, ahnoçamos longam n e . tivemo ·. ,empo

81
até de tirar um cochilo -emudar ,d:eroupa antes de os amigos
1

começarem a chegar; em vez de present es de casam,ento,


1
todo
levaram, a nosso pedido, gener,osas contribwções alcoóUcas
Havia tanta be'bida qu,e logo perceb,emos que não s.e:ríamos
c8...
paz.esde tomar tudo, e como estávamos chapados issonãonos
1

pareceu um problema;: de.batemos,a res:peitop,ormuitotemp,c~,.


embora (como estávamos chapado,s) talve,znão tenha sidopor
tanto tempo assim.
Então Fa -a tro-uxe um enorme galã0 vazi.ode,vintee cm-
1

co litros.qu,e n,ão sei po.r que ele·tinha ,em casa e começamos a


enchê-lo s,em pensar no que fazíamos, meio dançando e meio
gritando ao mesm,o tempo. O risco e·raaltíssimo,mas,a bebera-
gem - assim.batiz.amos ,olíquido, ríamos muito de;-sa.Palavra
•-ficou deliciosa. G,ostaria minto de voltar no tempo até o ano
2.000para assim p,oder re.gistrara comb.inaçãoexataquegerou
aquela inesperada e saborosa bebida. Adoraria sab,erquantas
garrafasou caixas,,d,e,vinho unto e quantas de branco usamos,
qua- era a dose de pise-o,de vodca, de uísque, de tequila.,de gnn,
de sei lá mais, o quê" Le,mbroque também havia Campar1,lico-
res de anis, de menta e de our,o,,um resto de sorvete e até un:s
sucos em pó naqu,ele ga ão úruco, irrepetível.
A eguir me lembro de acor,darmo•sdeitados - a ala: não
som.entee·ue a noiva, ma . um mo,nte de gente, inch1i e aJgu ...
mas pe: s·oas q·ue e - :nã.oconhecia, não sei ·. eram agregados
ou primos da noiva, que nh.a.- ,de,,_cobi naquela noite - uma.
quantidade assustado- a de p,r1m0 d1-tante Eram talv,ezdez
1 '

da .manhã, todos estavam. co.m dificuldad,e de conectar as fra..


ses, mas eu ueria testar ,a cafeteira supermo,derna que minha
irmã tinha nos,dado, de modo que pre.parei litros ,decafée aos
po·uco, to,do, começaram a s,e es reguiçat _~ u1 at o banhe,iro
,grande- o p ~ queno stava.com.pi tame te vo:m_tado
1 · - e vi mi-

82
p

nha amiga Mm.tedormindo na b anherra, esparramada de ma-


1

nei •a inverossímil~em·bo,raparecesse bastante c.onfortável, a


1

bochech.a ,dire..ta ap,oi.ada.na ouça como se al" houvess.e um.a


inve1ávelalmofada de plumas Aco,rd,e1-a, ofereci 11maxícara d:e
café, mas ela preferiu tomar uma ce-rvejia para curar a reis~aca ..
Depois, .Pe · o da ·um.ada. tard•e,Farra ligou a câmera que
tinha levad.o para filmar· a 'festa.,,s.ólembrou aquela hora., Eu
estava j'o,gado num canto-,t,ornando o décimo primeiro, café,
en,quanto a no va do,rmi.aem mieu p,e:itoi·Como é a sensa•ça.o,
1

mané?, Farra me perguntou., inutan,do o tom d.eum r ep•órterde 1

e-ntreterumen.to. De estar ca. ado?, perguntei Na.o,,, de estar ca- 1

sad,o num país. que não t ·mlei do d_ivórc10_


1
Falei p,ar'3.ele parar
de encher o saco, ma , 1·-... 1 ,nu~Disse qu. ,eu interess era ,ge·...
cc·.

nuíno,.,Eu não 1qu.eriaolhar p,ara a câme·ra,,mas el,econtin·ua:va


gravand.o ...Para que comemorar tanto, soltou ,de·po.is,: inconve ...
mente, s.e,de q·ualquer j -itJovão s,eseparar da,qwla alguns. ano,•,
voc,êmesmo vai me ligar, vai chegar de ..e _peradoao .m ·u ,escri-
tório me ,dizendo para entrar com o ped",do ,_a ani1laçã.o.- ,âo,
respondi, incom.odado..
A noiva ,esfreg·ou.
seus eniarmes,,o,lho verde•-., acar1c1oumeu
ca:belo,,olhou para Farr orrmd,o . diss•eco.ml_veza, com,o s _
tivess.e· passado m1ti1o tem.po pen·~ando no a un· o, qu -n-
qu,anto no Chil .··não houve.,.-e .leido divó cio nó .nao,no :· ·p.a~
rar'"'amos , d,"poi, .··u ac.r · .·ntei, o han do para ,acâm -ra co,m
1

vamos co:ntinuar c,--.sados


uma. atttud.e d,esafia.,d·o,ra: ,_msinal _-,-~
protesto, mesmo se já ,est1v=rmosn 0 - odiando. Ela me ab aço·u,
1

nos be.iJamo , e a.·noivadi -s.e·q·ue.queríamos ~ ntrar para a.his-


tór ·a d.o,,chile, queríamos, ser 0 pr.im..-iro casal chileno,a di-
1
1
º

vorciar. É·_ ma l=i .mara·._-._ho-a.,todo mundo ,d -,veria ,e·-..· parar,


Já co : fi ...
acli-sc .n -_i,e la, ,o,lhan,o tamb rn para a _â_c_c_,_ra,,
,_a.dai:er- ~ºº
fundo, confirmou;,~im, ·;um . ,.i a. 1 •1 Iº~V L,
O Chile é um dos poucos países do mundo sem umaleido
divórcio alguém disse. ,Qúnico, retificououtro.· ,ão,vário_ain-
da nã.otê,m,disse mais alguém. No Chile,Farracontinuoue ,.a
lei já está sendo discutida há. anos e nunca vai er apro ada
muito menos com o lobby escandaloso da Igrejacatólica;che-
garam até a ameaçar excomungar os deputados de direita,e
votassem a favor.O mundo vai continuar rindo da gente.Depoi,
alguém dis e que a lei do divórcio não era algourg1ent1e,então
o diálogo preguiçoso se transformou .numaconv·ersacoletiva
Era como se enchê semos um novo gaJão,mas desta ezcom
reivindicaçôese desejos; quase todo fizeramsua contribuição;
o mais urgente é que Pinochet vá para a cadeia,.que sejajulga-
do, que fodam com ele, o mais urgente é ncontrar o corpo
dos mortos, o mai , urgente é a educação. a verdade,o mais
urgente, disse outro, aproveitando uma pausa é que ensinem
mapudungun nas escolas, e alguémperguntou e por acaoele,
era mapuche - mai.sou ·menos, respondeu. O mat urgenteé
a saúde (estranhamente, ninguém aproveitoupara dizer:saú-
de!),alguém acrescentou, o mais urgente é voltarmosa ganhar
a Libertadores,o mais urgente é ferrar com a 0 pu D,ei,o mais
1

urg,enteé derrotar lván Moreira. O mai · urgenteé combatera


delinquência, acr. centou algum do primo .cll tante danoi•
va, chamando a atenção de todo , ma logo e cla.receu queera.
uma piada.
Vivemo no país da e· pera dl e ,e tão o poeta. Havia
vários poeta na festa, mas ap.enas le mer,ecia er chamado
a _im, pois costumava falar como poeta ma1 preci amiente
com o tom inconfundível de um poeta b" bado,,de um poe-
ta chileno bêbado, de um jovem poeta chil no bêbado:vi e~
mos no paf da pe a, viv mo , · -,p rando algo,o , hUe· uma
enorm ala de e pera e vamosmo rer ,e p,erandoo no , o nú

84
m r ~ Qu núm ro?' atgu'm p r ·unl u. O núm-ro rqu t - dã
na · p· ra, ilnb il r , p nd am.. ou · um il n i ,
total .· u aptoveitJ para fi char o olh _ 1na abri- d olta
im d1.tam. nt tudo gir a a m u r dor
oc , fal nito pra aralho :ait di _ n ,ã , po ta,1

ad •r i · "':oúni oprobl ma: qu o t upau 'mu·t p qu n


"' abe di o?, ,po t r pond u · la ,rui ou r
pa ad h .ra - ondida na b nh ira· b rvando , p ni do
bom n qu iam mijar.. ,p p m, 011-

vin , nt t n1 1 - ntífi · , qu tamanb mij nd na .


ra r pre entati em r laça a h u· um
rumor d apro ra ã,. raJ. , ·tão tá m ·mo tra 1
di - . , atirada. ã , dá,.e-tou b ba o d m i. , l n -,o ·
duro -e qui . r voe · p d m · pa ar um boqu t ma
, rt za d qu ·· 1 ·nã :· ai fi ar dur . Foram para oba,. heiro u
para a a ·a d .·po -ta não 1n lembro tnai .
ulp m, Farra no di . mai tard , com a a ra d li
gada, an e de ir embora imagino qu arr p ndid-: não ,qu ro
1

qu _ vo par ·m. Ma por a a o vi r rn a p rar,


já sabem que pod ·m contar · omigo o doi .. u ro d:-
graça a,ra .b u· im m ,d r
ido um sorrisoamargo., ., onvidad m indo ao·,p ,
já era o te quando ficamo im . ó •tiram -n · na ,am ·
I

donnlm cerca de doz _hora ·eguid _ , _bra .. _d ,-.,, -mpr ·


do:nn.•L ab çado ,Ó, n '.
':a,..ro,gu:,·
1 1
qu im O ,

Do o depo _,a im ,_mo arra havi · pr vi t , li m


1

W..a.11&& com leem -eu,- , ritório · lei do di 6r io nn~


____,_.do no Congr · , dizia- ,-qu ua apro a. -o ra.
· ra no di alia a p · _ perar, d ,
llíUlli' ..... "' , in l
a&aJ11ª.lJ1t~n,s · p n v qu m br v, · , u n

8.
aprovado, o divórcio seria mais caro que a anulação.Explicou-
-nos o processo: sabíamos que o juízo da anulaçãoeraridículo,
mas ao nos inteirarmos dos pormenores nos pareceutambém
imoral. Tínhamos de declarar que nem ela nem eu morávamo
nos endereços que constavam na certidão de casamento, preci-
sávamos conseguir testemunhas que confirmassemisso.
Que estupidez, falei para a noiva aquela tarde, num caféda
rua Agustinas: que mediocridade, que vergonha ser umjuiz
que escuta alguém mentir e finge que não sabe quea pessoa
está mentindo. Que estupidez o Chile, ela disse,e achoquefoi
a última vez que concordamos totalmente sobre algo.Nãoque-
ao
ríamos a anulação, mas era o justo, em certo sentido.Agora,
pensar sobre tudo, o melhor resumo de nossa históriaseriadi-
zer que fomos anulando um ao outro até que nos anulamos por
completo.

•••

E em maio de 2004,o Chile se tornou o penúltimopaísdomundo


a legislar sobre o divórcio, mas a noiva e eu fizemosa anulação
alguns meses ante . Maite e o poeta, que agoraandavamnamo-
rando, seriam as testemunhas, mas de última hora o poetame
deixou na .mãoe precisei pedir o favor a uma mulhercomquem
poucos anos depois me casei. Não vou contar aquiessahistória,
basta dizer que com ela as coisas foram totalmentediferentes.
Com ela sim deu certo; com ela pude, logo,me divorciar.

86

PP E
o

Exercícios:

75) O tom geral deste conto é:

A) Melancólico.
e) Humorístico.
e) Paródico.
o) Burlesco.
B) Nostálgico.

76) Qual é o pior título para estahistória?

A) Ascincom· ·e uma noites.


B) Dois ano de solidão.
e) Catorze anos de olidão.
D) Dois casamentos e nenhum funeral.
B) O labirinto da anulação.

'1
77) Quem ,.ão, a e·u ver, r,es.pectivamente,vítima e al,gozn1e.
ta
h1 tó.ria.7
) A .noiva / o,noivo ..
e) 0 po eta / Maite.
1 1

e) Chile / Chile..,
·o) F'ígad,o/ beberagem.
E) Destilados / não destilados.

78) De acordo com o texto, no começo do século XXI o Chile 1 1

,,
eraumpa1s·
-

A) Co,nservador nos valores e liberal n,oeoonômi.co.


B) c.o,nveradorno alcoólico ,eartific~al 0 0 ecumê nico 1 1 1

e) Inovado r no côllli uo,e literal no trágico.


1 1 1

n) ··m.preendedorno católico ,e con1ugalno mágico


1

) Esgotador no eq·uivocado e oscilante no ráp1d.o 1

79) O narrador nã 0 menci:on,a o n,ome da noiva porque•l•


1 1

A) Quer proteg ê la_Além ,domais, sabe que n.ãote:mo di-


1 1

reito d,e dizer seu nome, de expô la a· 1m_E ,e:medo


de nomear-.. -em_0do caso, é alg0 muito ano, 19,90,_
11 1 1

B) Q·uerproteger a identtda,de des a mulher poique,_eme 1

~pre-ália ..
e) Diz que ·esq·uecer,á até o n,omeda mulhe~,ma , al ·ezj á 1

o _enhae -qu.ec.id 0 Ou.talv z amda e-t,eJa


1 ap,mxonado
1

por ,ea. Jura.q·ue nem se lembra mm - do .nom!eela1 1



1
1

mas morrer1áchamand 0 p 0 · ela, aría_ 1 1

_) É um néscio, um imbecl- va1,do0 E,IDJ-,6,gino-.


ma 1 1

chi ta
') ,e- verm , e·,to faland0 ,c,,o;c-·.~
voe_,_ 1

88
,
O) a·-ordo , om o t -O a 1 i do di. ór-io nã - foi apr
1
1 1 '- . 1-

da ant ~.no bil,e porq -, ·~·

__) Igreja at6h · ,- um l -bbyti-rt~ ,.qu ,in ~Juiuam -


ça ·d -comunh- a , .parlam-nt -r u a ·ia,, m 1 •

,proj ~tod_ :l_i.


B,) Haviaoutra priori ·-ad - n mblt d ' .úd - -'du-
caçao··~da Ju_,tiça.
) ~ p ioridad r p, t -r ar in:finhamnt q uaJq__ ·rr
·formad - ,qualqu~ r índoI-,qu - pu_e,~. ~·-m ri _ o ,
bilidad do paí, .
o) p,ri ·ridad- ,_rapo t-r aril1fini,am-ntequalqu r r· -
formaqu::-·
·-ol a -mn oo ·int.r- da mpr~-
as a impunidad - do - re· pon áv .
º .im ,~.da
ditadura . in luindo, ..claro ino _-h_t. ·: - , ont1_ 1o,
a I i d dt , r i ,r, uma qu .tã ap na , d .-aJ1 ·
- a o·. líd r da dir 'ita - vário d-1- - anulado, -
,I_. 1

ca-ado d - no, o - , abiam qu era ergonho o o hi-


1 , ontinuar sem uma l_i d ,dl ó:rJo, ma , ti" ~ ram o 1

as unto, chegando até a l, _antar um t •-ma p d ·-o o


para d1~ trair e neutrali.ar Iam r por ju ti.,ça r for-
ma radi aJ·.
) - avi.aum -1 ~ : muit - m ~ Ihor,,o da anula ão,,por-
que ,quandoalguém · para o qu _qu_,r1e,, na rd 1- 1 _

de, acredí.tarqu, nunc "_10.ie _ado ,qu '"'...,ª.,.,.... m


1

uai 0, ficarpar, .-empre un ....


'IE!Jl:l,l ...... 1 u- .r... ...,-

o ·mane· a d apagar o inap _


81) Qual das frases célebres a seguir reflete melhoro entido
do texto?

principal causa do divórcio é oca amento: (Grou-


A) ·•·'A
cho Marx)
B) ,io,amor abre parênteses; o casamento fecha:'( · ictor
Hugo)
e) "Casar pela egunda vez é o triunfo da e perançaso~
bre a expenência:' (Samuel Johnson)
o) uNãopodendo eliminar o amor, a Igrejaquis,pelome~
no- contaminá-lo,e criou oca amento. (CharlesBau-
delaire)
E) "Oicasamento é a única aven ura recomendávelpara
1

os covardes.''(Voltaire)

82) O fim deste conto é, sem sombra de dúvidas:


i. Triste.
ü. Heavy.
hí. Irônico~
1v. Abrupto.
v. Imoral.
vi. Realista
vf Engraçado.
viii Absurdo.
ix. Inv,erossímil.
x. De acordo com a le1.
xi. Pé. uno.
xii. Éum finalfeliz,de algummo o

90
,,•

A) I, U e 1V
i • • •

B) X
e) Todas
D) viiiexi

B) Xll

91
º iad
mi, 1

d am 1 •

qu u,· -
·rmuit1
ma:1-.6 liz
a li Ji!"lo--la
j- '~

ª' _;, m
i .

_'. -
,. ~ ao líq:u1da .r- cí ·

mo --,, ªP'-11"!•·-
1

rJZ f 1
. víd-
~ '=-nt d t 1 • 1_
tal -
't 'U amo
pr . ., . ·•· .- 'li


...··p n·-
~


• •
1-

-
J •
1 -

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lvr .a chocan -~
li

·ucm1.
11• o n lid

.•par pu.;i·~.lJ·, :·d1

todo, r I
h o d C0 "d 1

r
m r on a de _m
h ua mã ínha
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o Ja ,do1
.

· ai

lh
ra raal oq
. · _O1D

d un an ,.
rd

n
. h da minha
d · ,-cr
a ___ ho

- n·
'É um pensamento esmagador,uma porta que leva ,ànoite
mais escura,,a.escuridão total, mas também à p,enumbra e, as 1

vezes, lentamente, a algo semelhante a clareirade uma floresta.


Essas fantasias são normais,mas não é comum que,os prus a
confess,em~ Ao longo desses anos pensei milhare de vezes, por
e~emplo,que se você,não tives e nascido eu teria precisado die
menos dinheiro, ou que poderia ter sumido por muitas sema-
nas sem precisar :mepreocupar com nmguém;Pode,riater 1esti-
cado minha Juventude por vário anos ainda.,E poderia até ter
me matado, isto é::a primeira consequênciado teu nascimento
foi que a partir de então eu não podia mais me matar~ Quando
um amigosem filhosme faladessas pe,quenasferidasnas quais
de tanto cavoucar ociosamente,acabou encontrando de,e pe- 1

ro e angústia infiruto , eu não digo o que,penso are peito dela .,


digo apenas is,10:por que voce não se mata de vez?
Não sei se minha vida teria sentido sem você .. ·· ao acho
que minha vida tenha outro sentido além de estar aqui para te
acompanhar.

A gente a.cabaapagando todo mundo, a vida consiste em co~


1 1

nhecer pe oas quem primeiro amamos ,ed poi- ,apagamo,


1

mas não ··e pod ~ ap. gar o· filho , não pod. · apagar o pai ..
ei qu você tentou m apagartm.a, não co : egu·u -e· que,
para você, eu tenho exi tido demasiadam,ent. Que ambém te..
nho extsndo por ausencia. ,Quandonão estava com voe , quan
do pa · ava emana . em te ver, aqu,eleano em qu,efiquei fora
do Chile, por exemplo:mesmo nesse ano eu eXJtia de,maia~
dam .nte,porque eu não e tav,apre ente ma• minha au ,ên ia,
sim.Por1s·oachoqu émeudevertedizerquetamb'mt nt 1te
apagar::todo ,o pai fanta iam ,comuma vida irr pon áv I d·
juventud . et rna, d - úbito hero:í,mo . a d form ça d al o

-S
que -e fr_lava antigamente, tentan-do dar a frase certa den idade
1

filosófica: para que colo,car-i1m filho n este mundo de merda?


1

Nos os pais nã 0 pensavmn nisso ..Eles acreditavamautoma-


1

ticamente no amor, casavam-se muito Jovens e e,raminfelizes,


mas na 0 muito mais que nós rabalha.vammuito e nemsequer
1

'te,ntavamassociar o trabalho a algum tip0 de prazer, de modo


1

que seus sofrimentos eram mais concretos. Além disso,acredi


tavam e.mDeus e nos faziam acreditar em Deus Por issoco•mía•
mos a comida;, p·,orisso,:fazíamoso dever de casa, por issocustá-
vamos a pegar no sono de no,1te:porque Deus estavaolhando*
Mas o.go,nos esqu.ec mo,s.,de Deus, relegando-o ao lugarde
mero personagem de h1stó,riainfantil. Não que-ríamossercomo
1

nossos pais Queríamos, em suma, te·r cachorrinhos, ,gatinhos e


tartaru,gas,, inclusive papagaios, embora o deseJode ter algotão
d,esagradável como um papagaio tenha sempre sido mcom..
preensfvel para mim. Qu,eríamos s.erfilh,osse,mfilhos, que,eraa
·maneira d e :Serfilhos para semp:r,ee desse modo culpar nossos
1

pais por tudo.. Qu.and0 v,ocê nasceu, o que recebemosIo1um


1

animalzinho vivo demais, e também uma desculpa, um álibi


p,erfeito,,um .mantra, uma frase multiuso·: ten.ha,u.mfilho.Nunca
ena tanta en.e:rgiaeio.monaquele primeiros ano - para pedir
aumentos de salário, para ~zer que não 1r1aa compromissos
desnece sários,,para parar de fumar e de bebe:r tanto.,ou para
fumar e be·ber tudo., porque: em no o 1 oma a fra e·tenhoum
1

filho significava,. de, um mo·do não totalme,nte tácito, .te.nho


1 1

,um problema~ Prec1 o dizer que eu .ab1aperfe1tament,ecomo


acrescentar' a es a frase r,equmtes -,edutore : ten.houmfilho_ig
..
nificava.,,emalguns casos, so,uum homem sé.rio,vi,vzdo,
1
respon·
.sável,tenhouma histór'ia,.sendo assim, durma c'O.migo. E,.nama-
nh,ã seguinte, se ,eu não qui -e- ficar ou nao qu1_es -eque,ela
1

ficas e- desculpe,tenho que i·.r;vo,c~precisair, ,tenhoum.filho-

g6
P'

1
'm daqu-1 , víd · o qu nao ei e para o bem ou para o
mal u: má r· ·olveut m trar, ntendo que oce nã po ui
· ualqu r J. mbrança d no a vida a tr ~ -. - o et ano oc m _
• ontou ,qu aJgun do u oi ga - de turma mora am com
pai a mã vo ~ achava t' o chato, porque -l - tinham a -
na .uma ca a. a hora u ri, qui a reditar lit, ralm nt naquilo
i que n - a fra ha ·a também uma dor, uma r -imina-
ão inc -n· .•i nt , talv z.n - -ntanto, · into qu ~ e - bi m
qu no para ' ma1 .profundo e irr · ogáv_l qu -o abi m •q •.·
o. tum a ,epararo filho d · u pai

1noti o da eparação. u e ntar a o-


un · a t · . ntamo
:r • m tivo da ·· -paraça foi
1
- m . I o m mo, o -m .
~ uma h1 tória tri te. o • pr i a . ab m todo a , , qu
íamo no epa ar d · qualqu r j ito, qu havia ano procurá-
vamo . moti o , - clarament , você não tive n· · ido,
teríamo no parado muito anteº. aqu Ja tard · eu ta
furioso contigo, ma também ila a. , tinha apena tr - -
anos, porém muita autodeterminação, e ao· er um cachorr
abandonado no d p6 ito d l~o da quina, · o o tomou
no braço continu u , aminl and . -a1_i qu não podí m
ficarcom e e, ma não t-· - j -ito d faz r cnt nd,ºr. iqu i
porqu - . o não h r u· _oc ,ra h r- m .
1rn:r:1!Gaªionado
o u, o que de a gum modo m - r v-lou qu
1

q e nãopodia ai , r .ngan do. o · f zi


aau~

ao·cac:a.orro,
batizou-o d- ·mo,.- nquantu oltá amo· p·_ra
sentia totaltnent dobrado, nã.ocon i o p _n ar• m
Nl8Vlra. dobrado. nt ndi, enquanto · aminhá ·am ,
•111◄1ne momento começava uma luta qu u p -rd ria
luta q ·.talv z o a, om ta palavra. -u ~ , )a
vez

7
Abri a porta já convencido, disposto a respeitar a sua deci-
são, e no começo sua mãe concordou. Mas naquela noite, de..
pois de algumas horas de falsa harmonia, começou a escalada
de acusações mútuas, até que ela disse: a gentejá tem um.Per-
guntei como era possível que ela falasse de você como se fos-
se um animal de estimação. Ficou calada, e creio ter ouvidoas
trombetas da vitória, mas depois, tendo discutido sobre muitas
outras coisas de que não me lembro, quando já tínhamos acei-
tado que ficaríamos com o Cosmo, fui eu que disse exatamente
a mesma frase, no mesmo sentido: a gente já tem um.
Nem sua mãe nem eu falávamos sobre você. Falávamos,
sim, mas para ferir um ao outro através de você. Competíamos
pelo troféu de quem te amava mais. Fazia anos que concordá-
vamos que não concordávamos em nada. E naquela noite eusaí
de casa. E em pouco tempo sua mãe levou o Cosmo para meu
apartamento, o que acabou sendo bom, porque, como todas
as crianças, havia alguns fins de semana que você não queria
ir para a casa do seu pai, mas sua mãe te lembrava que você
precisava cuidar do ,Cosmo. Você não vinha me ver, vinha vero
Cosmo.

Às vezes acho que sua mãe e eu deveríamos nos encontrar


para juntos te pedir perdão. Ou para tomar ayahuasca e te pedir
perdão. Mas seria melhor inventarem de uma vez por todaso
tal controle remoto para que você possa avançar ou retroceder,
para que você possa pausar ou mesmo apagar alguma cenas
da vida que te demos. Você não pode nos apagar, mas talvez
algumaspessoas sejam, sim, apagáveis: suas madrastas esporá-
dicas, boa parte de seus padrastos e professores. Para que você
pos a apagar tudo de ruim e todos os que te cau aram algum
mal. E para que possa manipular e deformar e congelar a ima-

- 98
gensemqueestamosnós.,quete causamosalgum mal,mas que
você não pode apagar.Paraque vocênos veJaem câmera.lenta
ou normal ou rápida.Ou que não nos ve1a.mais,mas saiba que
estamos ali, esticandovezapósvezo filmeabsurdo da vida.

.,

'99
Exercícios:

83] . comp,ar.açãoen.tre ter um filho t,er um arum.ald·. -ti-


1 •

rnação demon·,tra:
i. . .··, ontradiçfie de ·uma geração que, com o pret .·. 10 d
uma visão pessunisi a. do mun.do, preferiu te,r annnai,_
d·eestimação a ter filhos. 1

ii A.importância de legislar ·.obre a poss,e re,,:po,n á :1 de,


1 1

anunai ··.d e e ,timaçao


1

ü1 A ·1mportân ia de legi lar su,br,ea p0 ·se re ,pon,-áv 1 d ·


1 1

:-.··lho
-

_-
)
,e111
•1
11

l
. 1

) ,. il
e) Apenas1
) Ape.nasn
·) Apena- ui
84) Um título razoável para o texto lido seria:

A) "MyGeneration" (Toe Who).


B) "Comonossos pais" (Belchior)
e) "IWanna Be Your Dog" (Toe Stooges).
o) "Father & Son" (a música de Cat Stevensquenumtre-
cho diz: "Look at me/ I am old/ but I'm happy~mas
não dá a impressão de que aquele pai sejafeliz;defato
essa é a parte mais triste da música).
E) Monólogo do pai com seu filho de meses (Enrique
Lihn, embora se depreenda do texto que o filhotem
dezoito anos, isto é, duzentos e dezesseismeses).

85) O texto menciona a ayahuasca com o fim de:

A) Dar um toque étnico à narrativa.


e.) Não há qualquer motivo concreto para se falardaaya-
huasca. É um capricho do autor.
e) Estimularo uso de drogas.
n) Simpatizar com jovens que talvez já tenham experi-
mentado maconha, cocaína e/ ou crack, e portanto
oscilam entre seguir o caminho natural e optarpelos
atalhos da química; nessa encruzilhada, o textosuge•
re, com prudência, a ayahuasca, que é a portadeen-
trada para o autoconhecimento.
B) A utilidade da ayahuasca no campo da psiquiatria é
sabida, sobretudo para o tratamento da depressão,da
ansiedade e da esquizofrenia Não se poderia afirmar
que o autor não sofra de alguma dessas enfermJdades.

102

J
86) Com qual dos personagens do conto você se identifica?

A) Com nenhum.
e) Com o filho, é claro.
e) Com o pai.
o) Comos pais do pai e com a mãe. Mastambém um pou-
co com o pai e com o filho.E com o cachorrinhoCosmo.
E) Com a mãe, porque também fiquei grávidanessa ida-
de, mas abortei. Arrependi-me tantas vezes; sempre
que penso nisso ficodeprimida. Mas,depoi de ler este
texto, acho que não foiuma decisãotão errada assim.

87) Qual das alternativas a seguir corresponde a uma melhor


caracterízação do pai?

A) É um homem honesto e corajoso, ou talvez alguém


que, após muitos erros,entende que é necessárioser
totalmente honesto. Tenta d~zera seu filho a verdade
e, cacete, como é difícildizer a verdade.
B) É um coitado à beira da morte.
e) É um homem sensível,dispostoa dar tudo pelo filho,
ma- um pouquinho desequilibrado.Nota-se que está
tentando fazer alguma coi a,,não se sabe bem o quê,
ma algumacoisaele está tentando.
D) 13um senhor de idade incon istente, que se mostra
preocupado com o filho, mas não mede as palavras.
Parece estar arrependido da educação que deu ao filho
e pensa que pode resolver tudo enviando uma carta.
E) É um suJeitoidiota exibido, que ultrapassao hmite
que sempre devena existir entre pais e filho .•com o
pretexto de pedir perdão. Não sei se sua crueldade é
voluntária, mas tenho c,e t za.de que é de n e sária

03
88) Qual seria, a seu ver, a pasta mais adequada no e-maD
para armazenar um texto como este?

A) Mensagens enviadas.
e) Rascunhos.
e) Caixade entrada.
n) Spam.
E) Men agens não enviadas.

89) Depois de ler este texto, você preferiria:

A) Não tê-lo lido.


13) Não ter filhos..
e) Termuitos filhos.
o) Não ter pai.
E) Terum papagaio.

90) Se você fosse o destinatário desta carta, sua reaçãoseria:

A) Não tenho certeza. Enquanto lia, pensava ,queaque-


le pai poderia perfeitamente er o meu. Semeuvelho
me escrevesse algo assim, acho que teria penadele,
que é o que às veze , talvezpor veze ·demais,eu into.
Essa pena se misturaria com outros entimento.im-
preci os, que eu teria de anali ar detalhadamente,.e
possível na terapia, mas com um bom terapeuta,um
terapeuta menos charlatão que o palhaçocomquem
me consulteiano passado: quando eu contavatere ·
tado desesperado,ele me diziapara chorar,,e quando
eu respondia que sim, que quando ficavade e p,erado
eu chorava, ele me dizia que então eu não preci.a a

104
me preocupar. Na última sessãome recomendou ten-
tar encarar a vida com mais "positivismo':
B) -u o abraçaria e agradeceriasua sinceridade.Aprovei-
taria para contar que na semana passada eu e Marce
fomos a uma clínica clandestina, estávamos muito
nervo os, mas deu tudo certo. Seria o momento per-
feito para confessar que pagamos o aborto venden-
do uns colaresda minha mãe, além da tevê grande, o
processador e o m1cro-ondasrazão pela qual precisei
fingir que tinham roubado tudo, e por um momen-
to fiquei morrendo de medo, porque a polícia veio ,e
achei que iam perceber que o roubo era fal o Diria
também que conseguio resto da grana vendendo suas
primeiras ediçõesde poesiachilenanum sebo da ave-
n·da ManuelMontt,então não precisamais continuar
procurando por elas.: -)
e) Quem dera que meu pai estivessevivo.Talvezlse ele
estivesse vivo e me dissessetudo isso, eu ficariafeliz.
Pensaria·é um imbecil,mas pelo menos está vivo Mas
meu pai não era um imbecile nunca teria me dito algo
assim, nunca teria me escrito uma carta como esta.
Outra coisa, aproveitando o espaço, sobre cachorros
e gatos:os pais querem que o filhossejam cachorros,
ma·. os filhos sempre são gato . O pai· querem do-
mesticaros filhos,mas os filhos,co.moos gatos,não
são domesticáveis.
o) Não se.icomo reagjr.ia..Que tipo de pai.diz essas coi.•
sas para um filho? Me1hor eria bater nele. Melhor
seria enchê-lo de sopapos. Será que ·le não tinha ou-
tra mane·ra de descarregar uas fru trações além de
atacar o filho?Era realmente neces ário dizer que ele
fo.ium filho na.od sejado? Eu ambéma ho que fui

105,
,,-
um filho não desejado, mas prefiro não sab er. Por
nós ,filhos, temos que saber tantas coisas sº~~
b que
pais? Por que eles nunca ficam calados? ssos
E) Daria um papagaio. para .meu pai, mas antes euoens·
naria - ao papagaio - a dizer: velho cuzão, velhocu - 1-
velho cuzão. Zào,

1
1
11
i
A B C D E A B C D E A B C
100000 3l Ü Ü Ü Ü Ü 61 Ü Ü Ü Ü Ü
2 00000 32 Ü Ü Ü Ü Ü 620·0000
3 00000 33000010 6300000
4 00000 3400000 6400000
5 00000 35 Ü Ü Ü Ü Ü 65 00000
6 00000 3600000 6600000
7 00000 3700000 6700000
3800000 6800000
ªººººº
9 00000 39 Ü Ü Ü Ü Ü 6900000
10 Ü Ü Ü Ü Ü 4000000 1000000
11 Ü Ü Ü Ü Ü
12 Ü Ü Ü Ü Ü
41
42
Ü Ü Ü Ü Ü
Ü Ü Ü Ü Ü
71 'º
Ü Ü Ü Ü
12000,00
l3 Ü Ü Ü Ü Ü 4300000 730 Ü Ü 'º Ü
14 00000 4400000 74Ü Ü Ü Ü Ü
15 Ü Ü Ü Ü Ü 4500000 750 Ü Ü 'º Ü
16 Ü Ü Ü Ü Ü 4600000 76Ü Ü Ü Ü Ü
17 Ü Ü Ü Ü Ü 47 Ü Ü Ü Ü Ü 7700000
:g ooooo 4800000 78 00000
'900000 49 Ü Ü Ü Ü Ü 7900000
20 Ü Ü Ü Ü Ü soooooo 80 0,QO,OO
21 Ü Ü Ü Ü Q Sl Ü Ü Ü Ü Ü 81 Ü Ü Ü Ü Ü
2200000 5200000 8200000
.2300000 5300000 s3QQQ,QO
2400000 5400000 84QQQ1Q,Q
2sooooo 5500000 8500000
2600000 5600000 8600000
27 Ü Ü Ü Ü Ü 57 Ü Ü Q Ü Ü 87 Q, Ü Ü Ü Ü
2800000 ssooooo sao,oo,oo
2900000 5900000 S9,0 1
0000
30 Ü Ü Ô Ü Ü 60QQOOO 90,QQQQ,Q

107

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