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Noção de obrigação: vínculo jurídico, adstrição de uma pessoa à outra e prestação.

Obrigação, aparece como um dever. A deve determinada prestação ao B. Não é qualquer dever deõ alguma
maneira. Há deveres que não são obrigacionais.

Nem todas as obrigações o são para o artigo 397º. Jantar com outra na sexta-feira, promitente na sexta-feira, não
tem a obrigação no sentido civil. Cumprir o acordado. Obrigação moral. Pode ter uma justificação ou não. Tendo
uma justificação, não o é do 397º.

Obrigações no sentido jurídico. Traduz-se na ideia seguinte: segundo a qual, aquele que tem uma obrigação, tem
do outro lado, alguém que tem um direito, subjetivo. Alguém que pode exigir uma prestação.

Sempre que há uma obrigação, em sentido estrito, 397º, temos um direito. Direito subjetivo.

A prometeu ao B, pintar a fachada da casa. A obrigou-se perante B pintar a fachada de B, que tinha de pagar 2000
euros ao A.

Obrigação do A fazer a obra. Pintar a fachada do B. B tem o direito que ele tem relativamente a A.

Direito do dono da obra, direito relativo, só pode ser exercido, satisfação imposta/exigida a uma pessoa, ao
devedor. Direitos de crédito. São relativos. Contrapõem-se aos direitos absolutos. Oponíveis a qualquer pessoa.
Tenha essa pessoa ou não uma relação especial de proximidade com o outro de direito.

2 direitos de crédito. Direito de o B exigir a realização da obra, e do A do pagamento do preço.

Ligar uma pessoa à outra. Impondo à pessoa, ao obrigado, a realizar certa obrigação.

Prestação, adstrição à realização de uma conduta. Limita a sua liberdade. Savigny: “Obrigação, forma de sujeição
do poder da vontade de uma pessoa à vontade da outra”.

Problema: Invés de ser entregar, colocar à disposição. Cumprir as obrigações de coisa.


Podem ser cumpridas de três maneiras:
-Entregando a coisa ao credor (lugar do cumprimento, onde ele estiver)
-Obrigação da coisa cumprida no lugar onde ela está, obrigação de colocação (credor, ónus material, de ir buscá-lo).
Devedor cumpre assim que entrega ao transportador.

Obrigação, regra de comportamento. De locação, mínimo.

Invés de ser B ou A.

Obrigação de coisa: o essencial, determinante, entrega da coisa. Conformidade. Não é tanto a conduta do devedor,
é mais o resultado.

Automóvel atribuída ao credor, conforme as qualidades conformadas.

Prestação pode envolver factos, condutas, positivas e negativas. Alguém não construir o muro. Pode envolver
efeitos jurídicos.

Prof deve 500 euros ao colega, Eduardo. Dava-lhe jeito ter agora, o dinheiro.

Transferência dos créditos, situações jurídicas. Cumprimento. Pode não haver.

Vendeu por 450, um crédito que era só 300. Não há cumprimento. Crédito adquirido não tem as características do
crédito devido.

Pessoa que conduz. Contrato de seguro há 2 anos. Já cumpriu durante 2 anos. Pagar o prémio, obrigação paga.
Seguradora está a cumprir a obrigação. Várias obrigações. Escrever os dados, renovar apólice (obrigações
complementares). Seguradora está a assegurar. Cobertura do risco. Suportar um risco que não era seu. Risco de se
tornar devedora de uma obrigação de indemnizar os danos causados a terceiros, por riscos próprios do veículo.
Risco, transferido para terceiro, a empresa de seguros.

Prestação, muito abrangente. Partes podem fixar, dentro dos limites da lei, conteúdo positivo ou negativo da
prestação. AUTONOMIA PRIVADA. Liberdades de estipulação. Artigo 405º.

Prestação só não pode ser aquilo contra os limites da lei, art. 280º, art. 281º.

Obrigação tem outras coisas, para além disto. Automóvel que é vendido. Entregar manual de instruções.
Fundamental para que haja satisfação do interesse do credor. Deveres INSTRUMENTAIS, SECUNDÁRIOS. Estes
deveres são meras concretizações dos deveres principais de transmissão. Dever principal: entregar o automóvel.
Dever primário.

Contrato corretamente interpretado, já nos permite chegar à conclusão de que há alguém que entrega o
automóvel com o documento.

Retiram-se das regras da boa-fé. Automóvel é entregue, travões têm que estar bem.

Violação do direito, integridade física, violado. Direito à integridade física. Direito absoluto. Em relação a todos.
Erga Omnes. Direito de personalidade.

Proximidade em relação ao B. Ou seja, A está próximo do B. Riscos que ele pode criar ou controlar, são riscos
qualitativamente e quantativamente estranhos ao B. Maior perigosidade. Direito não é indiferente a isso. Maior
controlabilidade desses riscos. Deveres de proteção acrescidos.

Estes deveres de contensão e gestão adequada de riscos não resultam da autonomia privada.

Artigo 227º. Obrigações antes de haver uma obrigação. Relação já estabelecida. As partes estão a negociar. Relação
de negociações. Não há contrato. Regras da boa-fé. Conduta. Prestação a informação, lealdade e cumprimento de
medidas protetoras para evitar a lesão da propriedade, bens de personalidade, etc... Princípio da boa-fé.

Não é preciso que as partes tenham consciência que esses deveres vigoram. Esses deveres acessórios da boa-fé
oneram ambas as partes. Também o credor tem deveres acessórios de informação, de lealdade ou proteção. Pintar
a fachada do B. B não pode deixar um vaso no parapeito da janela.

Dono da obra violou a integridade física numa relação de proximidade. Dever específico imposto pela boa-fé de
acautelar a integridade física do devedor no contexto físico da obrigação.

Deveres que nascem antes do contrato ser celebrado.

782/2, pós-contrato. Deveres até muito depois do contrato ter cessado.

Informação privilegiada. Impõe-se que o devedor restitua esses elementos. Dever de lealdade pós-contratuais.

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Obrigações - 2º aula prática - 2 de Setembro

 Uma obrigação não pode ser perpétua. Autonomia privada. Competência jurídica, de se autovincular. D. de
personalidade, de alguém se vincular.
 Anulava a autonomia privada pelo seu próprio exercício. Pressupor a sua anulação. Recuperação da
liberdade de fazer aquilo que se limitou, deixou de se poder fazer.

Denúncia: forma de cessação típica duradoura, exercício unilateral.

1º razão: viola a autonomia privada (art. 405º). Não está expressamente consagrada na constituição, mas retira-se.
Livre desenvolvimento da personalidade. Art. 26º- direito ao livre desenvolvimento da personalidade.

D. de personalidade, inderrogável, não admite uma restrição como neste caso.

280/2. Ordem pública. Violação da ordem pública. De segundo grau. Por si só não impõe nenhuma conduta a
ninguém. Há outras normas que não podem ser derrogadas. Pertencem à ordem pública. Própria regra/princípio da
autonomia privada.

Natureza da prestação. Desproporcional de outro direito: exercício livre da profissão. Violação de direitos
fundamentais e à de criação artística
Muito duvidoso a conversão, se António soubesse que poderia ser transferido para um negócio de curta validade.

Enriquecimento sem causa, natureza subsidiária. Se houver outro meio, é esse outro meio que pode ser aplicado,
esse outro regime e não o do enriquecimento sem causa. Regime da invalidade dos negócios jurídicos. 286º impõe
como obrigação legal o dever de restituir os 25.000 euros. Obrigada por lei a restituí-los.

398/2. Não necessita de ter valor pecuniário. Não, a patrimonialidade não é uma característica fundamental. Não
são só os bens que podem ter valor patrimonial. Valor de uso, por exemplo, de certos bens. Bicicleta muito antiga
cheia de pó. Ainda funciona, mas se pusermos no OLX ninguém vem dar dinheiro. Tem valor patrimonial, pode
satisfazer necessidades que são reconhecidos, suscetíveis de serem valiosos. Não são exclusivamente dependentes
da conceção do valor do próprio. Valor não é de tal forma subjetivo.
Desenho do filho na secretária do professor, pode ter valor de uso. Mas só o prof consegue ver o valor nesse
desenho. Valor subjetivo, não patrimonial.

398/2. Patrimoniais ou não. Característica da obrigação. Ação de cumprimento: 817º . 825º- Garantia no caso de
execução de coisa alheia.

Um dano, por exemplo. Pode ser indemnizado.

Obrigação inúteis, não deveriam ser tuteladas pelo d. objetivo. No caso dos caprichos, porque o aparelho coercivo
não deveriam estar ao serviço de quaisquer vontades do momento das pessoas. Não deveriam ser as pessoas a
decidir sobre a qualidade da tutela.

Melhores juízos dos interesses das pessoas: próprias pessoas.

Caso 3, 4 e 5.

398/2, objetivista, se for útil, valioso para o credor, se for inútil, mero capricho, indiferente, prejudicial, tabaco, não
haveria uma obrigação. De outros deveres normativos. Se vestir de certo modo. Não deixar crescer a barba. Motivo
de ordem utilitarista. Ordem jurídica não se deve ocupar de motivações que não mereçam a tutela do direito. Mais
prático, os tribunais não se devem preocupar com litígio de matérias inúteis, que consumam o tempo público.
Esse problema real do tempo, tem que ser desenvolvido no plano, não dos requisitos constitutivos da obrigação,
mas que respeita aos requisitos para o exercício do direito de aceder aos tribunais, de processo civil. Pode resolver
por processo civil, ação resolvida pelo Estado, se houver interesse das partes a recorrer ao tribunal. Aquele que deu
origem ao processo sem causa, deve custear as despesas.
Subjetivistas, defendidas pela maioria. Paulo Ataíde, a objetivista.
Autonomia privada, valor em si mesmo. Vale por si próprio. Não é o Estado que tem autoridade para impor as suas
conceções valorativas às próprias partes, dizer o que é que é digno de ser objeto de uma obrigação civil.
Pedro Múrias: Conforme ao livre desenvolvimento da personalidade? Se trouxer alguma vantagem, utilidade.
Situações de dúvida, incerteza. Partes quiseram constituir uma obrigação civil. Situações de fronteira entre o
Direito e outras ordens normativas. Se as partes quiseram a juridicidade ou não. 2 comerciantes, mas acordo de
cavalheiros virem a ter negociações. O outro não diz nada e contrata com terceiro. Gentleman agreement. Outros
casos que não, no âmbito de relações familiares. Certas promessas que só as partes querem manter no domínio
familiar. Pode haver outro tipo de relações.

Corrente subjetivista: Não há certos deveres que podem delegar certos deveres civis. Cumprimentar outra pessoa,
levantar quando alguém entra na sala. Não é civil porque o 398/2 não o diz, porque não é subentendida da norma
de comportamento das partes. Não é esse o sentido que as partes quiserem dar, quando se obrigaram. Quando
alguém se comprometeu a jantar com outra pessoa. Ninguém teve intenção de sujeição a efeitos jurídicos, vontade
da eficácia jurídica. Quando falta da declaração, não há declaração negocial.
Uma obrigação é um dever, mas nem todos os deveres são obrigações. Todas as obrigações são deveres? Diferença
entre conceito de obrigação e dever. Na obrigação temos um Direito subjetivo, ou seja, uma permissão normativa
de aproveitamento de um bem. Quem tem a obrigação de alimentar o mendigo é a sociedade, estado. Estamos
perante um dever genérico. Obrigações não são deveres genéricos, mas específicos. Neste caso, não estamos
diante qualquer obrigação natural.

Obrigação moral de ajudar o mendigo. Moral social dominante? Estado pluralista, não pudemos fazer tábua rasa
dos outros sistemas morais. Obrigação natural, não é judicialmente exigível. Obrigação impõe uma certa
coercibilidade. Direito de crédito, faculdade do credor de exigir o cumprimento. Só há nas obrigações a satisfação
do direito, se o devedor colaborar. Em princípio, não vai haver cumprimento. 3 conjuntos de casos de obrigações
naturais: prescrição (mais frequente, faz surgir uma exceção, paralisar o exercício do direito ao cumprimento,
devida prescrita deixa de ser exigível, se pagar, não pode exigir de volta, obrigação civil plena, numa natural,
mesmo o devedor em erro, prazo, quanto ao direito, pagou, pagou bem); 304/1 e 2 semelhante com o 403.
Capacidade do devedor, espontaneidade. 403º para o 476/1. 1245º, só se for o civil. Jogo a aposta. Depois entre as
relações familiares.
Alimentos naturais. Pais, obrigação de alimentos civil/coerciva.
Caso prático:

A doação (arts.940º ss CC) “é o contrato pelo qual uma pessoa, por espírito de liberalidade e à custa do seu
património, dispõe gratuitamente de uma coisa ou de um direito, ou assume uma obrigação, em benefício do outro
contraente”.

A doação, oferece os 1000 euros. Belmiro aceita. Temos um contrato de doação, pecuniária. Doação especial.
Contrato tipificado no 940º. Sacrifício patrimonial em prol de outrem. Não há um espírito de liberdade puro,
mostrar gratidão.
941º: doação remuneratória. Não era exigível salvar a filha do outro. Não exclui o espírito de liberalidade.
Aplicamos a este contrato o regime de doação. Obrigação natural nenhuma. Obrigação civil. Obrigação do doador,
pode ser judicialmente exigível.

Próxima aula: acelarar. Relatividade das obrigações e eficácia externa.


4 e 5. Relatividade e eficácia externa. Subjetividade complexa. Caso 6.
De acordo com o art.1022º CC “locação é o contrato pelo qual uma das partes se obriga a proporcionar à outra o
gozo temporário de uma coisa, mediante retribuição”.

O contrato de locação se for locação de coisas móveis é dito contrato de locação ou aluguer; se for de coisas
imóveis é um contrato de arrendamento.

De acordo com o art. 1031º b), é uma obrigação do locador assegurar-lhe o gozo desta para os fins a que a coisa se
destina. Nesta prestação, António é o credor e Bento o devedor. Neste caso, B está obrigado a disponibilizar o iate
a A para o seu uso total, há um vínculo entre as partes, sendo que a prestação em causa de B para A é disponibilizar
o iate de forma plena.

Direitos especiais de gozo, conteúdo especial do gozo da coisa, aproximam-se dos direitos reais, locatário quando
recebe a coisa do locador, não precisa ajuda do locatário para fazer usufruto das coisas, vantagens.

Segundo Pedro de Albuquerque, os direitos pessoais de gozo não são direitos reais porque lhes falta as
características da inerência e da absolutidade, mas isso não significa que grande parte das regras dos direitos reais
não lhes sejam aplicadas – p.e. a locação é um direito pessoal de gozo ao qual se aplicam normas de direito reais.

Bento continua a ter o direito de propriedade sobre o iate, art 1305.º, que lhe dá a possibilidade de disposição,
tendo o locatário determinadas obrigações, como enunciadas no art. 1038º. Bento é o credor, na medida em que o
iate lhe pertence, e o locatário tem certas obrigações a cumprir, como pagar o aluguer, etc... No entanto, Bento
tem que assegurar a António o gozo da coisa. Ou seja, que o Iate esteja em condições de funcionamento. Neste
vínculo ou prestação, António é o credor. A cada segundo, B a cumprir. Duradoura continuada. Cumprimento
ocorre a cada momento da relação contratual. Na verdade, o locador não tem que fazer nada, nenhuma conduta
que tenha a adotar, para que o contrato seja cumprido, para que o credor satisfaça o seu direito. Direito real.
Acompanha a coisa, sequela. Alguém leva o CC, quando descobrir, tem que me restituir. Direito de crédito, só o
devedor pode satisfazer o meu direito.

Segundo o Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, processo 113/06.5YRGMR.S1, de 06-05-2010, «(…)O direito
pessoal de gozo apresenta-se inicialmente como direito a uma prestação, para depois a atividade do titular (o gozo)
se centrar diretamente sobre a coisa. Mas o poder de gozo mantém-se sempre intimamente conexionado com a
relação pessoal ou obrigacional que lhe subjaz. Este direito de gozo há-de dimanar duma vinculação obrigacional
daquele a quem competia o gozo da coisa.»

Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, processo n.º 04A192, de 27-04-2004, «Os direitos pessoais de gozo
possibilitam ao seu titular o gozo direto e autónomo de determinada coisa, o qual, porém, diversamente do que
sucede com os direitos reais de gozo, tem sempre por fundamento uma relação obrigacional, de que nunca se
desprende.»

No nosso caso prático, B proprietário do iate. Se B não fosse, tinha alugado um iate que não lhe pertencia, do E. Se
for um direito real. Contrato inválido. Se vender coisa de bens alheios. Não produz efeitos jurídicos.
Art. 408/1, contratos reais quando ao efeito, modificar, extinguir, etc... Esse efeito real produz-se no momento em
que o contrato for celebrado. Se a parte não for titular, é nulo.

Contrato de bem alheio, de crédito, é válido. Podemos assumir as obrigações que quisermos.

A pessoa vai incumprir. Só se pode incumprir uma obrigação, um contrato que exista.

Contrato válido. Alugar coisa de bem alheia. Diferença. Direitos pessoal de gozo podem ser constituídos mesmo por
quem não tiver legitimidade para alienar o bem. 1034º: Se o locador não for proprietário- vai haver incumprimento.
1034º para o 1032º. Há incumprimento. 798º.

Imaginem que o B tinha dado o iate em aluguer ao A e no dia seguinte alugava o mesmo iate ao C. Pela mesma
lógica, é válido, só que haverá incumprimento. Podem assumir todos os contratos, exceto do 280º.

604º/1, credores em pé de igualdade, independentemente do momento ou do valor do seu crédito.

Insolvência: distribuir o património sobre os vários credores.

Obrigações: Em princípio, se não houver causa legítima de preferência, pé de igualdade.

407º: prevalece o direito mais antigo.

Cumprir a obrigação perante o primeiro credor.

Ações possessórias: A a conduzir o iate. Ladrão leva o iate. Pode fazer alguma coisa! Ações possessórias. Decorre do
artigo 1037º/2, locatário, ação possessória.

Posse é em si mesma um direito real, mas a posse pode possuir nos termos de um direito pessoal de gozo.
Manifestação da especial tutela dos direitos especiais de gozo.

Nexo causal entre o comportamento e o ilícito. Fundamentador. Nexo de causalidade entre o ilícito e o dano.
Preenchimento.
Neste caso, estamos diante um contrato de prestação de serviços (art. 1154º), que é aquele em que uma das partes
se obriga a proporcionar à outra certo resultado do seu trabalho intelectual ou manual, com ou retribuição.

De acordo com o art. 762/1, o devedor cumpre a obrigação quando realiza a prestação a que está vinculado. A
contrário, Sara não cumpriu.

Incumprido com dolo. 798º, casos de contrato, especial proximidade.

No caso, não temos qualquer informação sobre as particularidades de Sara, ou seja, se Sara era uma cantora de
renome ou simplesmente uma cantora que sabia cantar no dia a dia para animar o bar ou criar música ambiente.
Diz-se prestação de facto fungível aquela que pode ser realizada por pessoa diferente do devedor, sem que dai
resulte qualquer prejuízo para o interesse do credor. Segundo o art. 767.º, n.º 1, a prestação pode ser feita tanto
pelo devedor como por terceiro interessado ou não no cumprimento da obrigação. No n.º2, determina que caso as
partes tenham acordado expressamente que apenas o devedor deveria cumprir com a prestação, então, não
poderá esta ser efetuada por terceiro. Contudo, o caso nada diz sobre este acordo, muito menos se prova que a
substituição prejudicaria R, portanto, S podia ter encontrado alguém que a substituísse, por exemplo, outra cantora
com as mesmas qualidades e o mesmo preço, sobre pena de prejudicar o interesse do credor.

S, no entanto, não conseguiu encontrar ninguém, pelo que houve incumprimento imputável ao devedor da
prestação, pois S estava vinculada a R, nos termos que iremos aplicar o art. 801.º, n.º 1. É importante realçar que S
comunicou a R que não ia atuar no seu bar, muito menos arranjou alguém que a substituísse, logo, podemos
colocar em cima da mesa que tal se trata de uma declaração antecipada de não cumprimento, pelo que uma parte
da doutrina e jurisprudência, vê esta declaração como um incumprimento definitivo. Outra parte da jurisprudência,
vê como início da mora por parte do devedor. Em ambos os casos, há sempre incumprimento definitivo, pois S foi
cotratada especificamente para atuar na noite de fim de ano, pelo que, em caso de assumirmos a mora do
devedor, há uma total perda do interesse por parte de R, art. 808.º, n.º 1. Regressando aos termos do art. 801.º,
n.º1, deve S ser responsabilizada nos termos do art. 798.º. Nos termos do art. 798.º, temos de ter atenção a vários
pressupostos: facto, ilicitude, culpa, nexo e o dano. S não atuou, por isso, incumpriu a obrigação a que estava
vinculada com R, art. 762.º , n.º 1 à contrario, inclusive, comunica que não efetuará a prestação, nem encontrou
substituto, gerando um dano para R, ou seja, a festa foi um fracasso, sendo que se verifica o nexo causal, pois sem
música ambiente, o bar de R não foi tao apelativo, muito menos proporcionou a venda de tantas bebidas.

Para o cálculo da indemnização, deveremos ter em atenção ao interesse contratual negativo, ou seja, tudo o que S
acabou por cair em prejuízo ao se vincular com S. R tem direito a ser indemnizada pelos danos que não teria tido,
caso não tivesse celebrado o contrato e, eventualmente, por danos relativos ao interesse contratual positivo: os
valores que o credor teria conseguido se o contrato fosse válido e tivesse sido cumprido, caso admissível.

490º: Só se a Lia tiver que respeitar o direito de crédito do alheio.

Lia não seria responsabilizada, tese tradicional. Princípio da relatividade. Terceiro, mais típico de casos, 3º cúmplice.
Instiga o não cumprimento por parte do devedor. Concorrência desleal. Empresas contratarem trabalhadores
particularmente talentosos, produtivos.

3º interfere, não com a vontade do devedor, mas em relação ao objeto da prestação. Terceiro, transportador. Entra
na loja de música, destrói o violino, coisa não fungível. Impossibilidade do cumprimento. Terceiro atua sob a
própria pessoa do devedor, sequestra. A que sequestra o B, tem que indemnizar a credora do B, a C, que deixa de
receber a prestação que o B deixa de poder fazer, porque está sequestrado.

Atuação sob a própria pessoa do credor, sequestrar a própria noiva. Indemnizar a noiva sequestrada, danos não
patrimoniais e danos não patrimoniais porque não recebeu a prestação no dia do casamento. Terceiro interferir,
não com o cumprimento, mas com a satisfação do interesse do credor. Credor retira ou não o proveito da
prestação, se realiza o fim a que era destinada. Se o 3º, C, não raptar a noiva, nem o costureiro, mas durante o
casamento, der um concerto de heavy metal.

Abuso do direito e da eficácia externa das obrigações. Ponto de partida, Lia responsável na r. civil extra-
obrigacional. Não tem nenhuma relação em relação à Raquel. Art. 483/1 no C.C. Para haver r. civil extra-
obrigacional, tem que haver alguma cláusula de ilicitude. Particularmente importante.
Ilicitude: violação do direito de outrem. Ilicitude, porque a r. civil nasce de uma interação entre duas pessoas. O
que fundamenta a responsabilidade, uma das pessoas ter interferido na esfera jurídica de outrem. Violada a
liberdade de um, em relação ao outro. Ilicitude, filtra a r. civil no nosso sistema. Preenchimento de uma cláusula de
ilicitude, pode haver r. civil extra-obrigacional. 483/1. 2 hipóteses: direito de outrem e norma de proteção.

Violação ilícito, direito de crédito, de outrem. D. de crédito não era um d. de outrem para estes efeitos. Um
anónimo pode-se reconhecer o espaço de proibição que não poderia infringir. Não tem que indemnizar. R. extra-
obrigacional, entre estranhos. Estranhos não devem mais que o dever genérico de respeito. D. absoluto. Elemento
teleológico. D. absoluto, só esses são socialmente visíveis, palpáveis, facilmente conhecidos pelos outros
participantes do tráfego.

Não há nenhum mecanismo de publicidade para saber que o outro tinha um direito de crédito em relação a outros.
Direito de outrem, não podem ser facilmente conhecidos. Só se o devedor informar. Direito de crédito de outrem
não se subsume do 483º/1.

Risco de excesso de responsabilidade. Ou não contratam ou cada contrato uma auditoria jurídica. M. Lurdes
Pereira, MC: excesso de responsabilidade pode ser evitado por outra via. 483º/1, aquele violar ilicitamente o
direito de outrem. Violá-lo ilicitamente.

Às vezes, uma causa de justificação, estado de necessidade, ação direta, etc... Podia dizer que estava a exercer a
sua liberdade, autonomia privada. Liberdade de contratar, só surgem se tiverem sido a razão para o contrato,
motivo da celebração do contrato. Mero pretexto para se conseguir o devedor a violar prestações previamente
assumidas. Causa de justificação da autonomia privada, liberdade de contratar, não pode ser abusivamente. Se o
terceiro sabe que há uma obrigação anteriormente assumida, implica incentivar, instigar o devedor a incumprir a
outra obrigação, já não é autonomia privada.
Se entendermos que o d. de crédito é um direito de outrem, 483º/1. Não basta a violação objetiva do direito de
outrem para haver ilicitude. Ausência de uma liberdade de contratar.

Teoria do desvalor do resultado e do facto. Como se afere a ilicitude? Ilicitude da conduta e a ilicitude do resultado.
Do resultado? Ao carregar no pedal, criei a ilicitude. Violou ilicitamente esses direitos de outrem. Ilicitamente. Não
tem culpa, se conduzir com todo o resultado. Não tive negligência/culpa.

Violação do d. de crédito. Lia ao ter contratado com a Sara, provocou o resultado de Raquel não receber a
prestação. Causa de justificação. Crédito anterior, ofereceu mais depois. Não há causa de justificação, mas ilicitude,
483º/1, nem toda a gente responde da mesma maneira. Há quem diga, se estou a conduzir com todo o cuidado,
deveres de cuidado no tráfego, exercício da sua atividade, proporcionado um resultado lesivo, peão foi lesionado,
isso por si não é ilicitude. Não apenas numa maneira negativa, causa de justificação, mas positivo. Comportamento
tem que ser ilícito. Intenção de violar o direito de outrem ou negligência. Não quis violar o peão, nem omiti uma
medida de segurança. Não há ilicitude neste ponto de vista, só na teoria de desvalor do resultado.

Direito de credor, quando o credor soubesse ou devesse saber. Não há nenhum ónus de saber. Em princípio, só há
responsabilidade de terceiro, quando há conhecimento.

483º/1- direitos absolutos. Mas lia não pode contratar como quiser. Exercer abusivamente. Art. 334º.
Direito/liberdade de contratar.

Terá agido de má-fé. (artigo 334º). Intenção 280º/2. Por via da eficácia externa e do abuso de direito. Tese de
doutoramento: Santos Junior, teoria da eficácia externa. 334º, teoria mais dominante, mais seguida.

Sara, devedor em primeira linha. Duvidoso haver solidariedade. 490º. Porquê? Lógica segundo os autores, o
terceiro só vai responder para garantir, assegurar o interesse da Raquel em receber a indemnização. Sara está
insolvente, e contribuiu para o incumprimento para aquele risco, ficaria contra a justiça material das obrigações
desonerar-se de qualquer responsabilidade.

Caso n.º 6

Antónia vendeu uma bicicleta de dois lugares a Benta e Carla. Recebeu logo ¼ do
preço, pago com um cheque de Benta. O resto seria pago daí a um mês. Pode Antónia exigi-
lo a Carla?
Bicicleta, prestação de coisa, fungível. Conceções do tráfego, não é um objeto insuscetível de ser
substituído por outro. Prestação determinada se for aquela mesma, usada. Indeterminada, ainda não a
escolhi. Obrigação de coisa genérica.

Indivisibilidade natural. Do valor e do uso. Indivisibilidade económica e natural. Interesse do credor, tem
que satisfazer. Realização do fim que ele reservou à prestação, que ela representa para o seu credor.

Obrigação divisível com pluralidade de credores. 538º/1, 1ºp. Qualquer um pode exigir, por inteiro.
Favorecimento do interesse do credor. Não precisa de colher o consentimento dos outros para exercer o seu
direito à prestação. Encontro de contas, relação interna com os demais credores, oferece a quota-parte dos
outros em espécie ou equivalente. Os dois compraram a bicicleta, usada da Ana. Quem é o proprietário? É
de Ana. Dos compradores. B e C. Imediatamente, logo com a celebração do contrato. 408º/1. Só é assim
quando o contrato real tiver por objeto a coisa determinada. Nr. 2, se não fosse determinada. B e C
coproprietários.
Regime da copropriedade. B pode exigir a bicicleta a A.

Neste caso, estamos diante um contrato de compra e venda (art. 874º) entre António, e por outro lado,
Benta e Carla, em que o efeito real é a transmissão da propriedade ou da titularidade do direito, e os efeitos
obrigacionais são a entrega da coisa e o pagamento do preço (art. 879º).
Neste caso, o pagamento do preço, uma obrigação divisível com pluralidade de devedores. De acordo com
o art. 534º, são iguais as partes que têm na obrigação divisível os vários credores ou devedores, se outra
proporção não resultar da lei ou do N.J.

De acordo com o artigo 777º, regra geral, o credor tem o direito de exigir a todo o tempo o cumprimento da
obrigação, assim como o devedor pode a todo o tempo exonerar-se dela, mas neste caso, o prazo foi
estipulado, sendo que existe o benefício do prazo (art. 779º). Ou seja, o prazo tem-se por estabelecido a
favor do devedor. António não pode exigir o pagamento do preço até findar o prazo de 1 mês.

De acordo com o art. 763º/1, regra geral, a prestação deve ser realizada integralmente e não por partes,
exceto se outro for o regime convencionado ou imposto por lei ou pelos usos. Neste caso, as partes, ao
abrigo da autonomia privada (art. 405º) estipularam que o resto seria entregue daí a um mês.

Dação em comprimento, 837º, em função do cumprimento ou para o solvente, 840º. Ou seja, a prestação de coisa
diversa da que for devida, embora de valor superior, só exonera o devedor se o credor de o seu assentimento.
Cheque de facilitar, promover a satisfação do interesse do credor. Direito de crédito, em relação ao banco.
Pagando, extingue-se a obrigação na medida do que for pago. Presunção, sempre que aquilo que é entregue em
vez da prestaçao, for um crédito, dação em função do cumprimento.

538º/1. Não pode o devedor colocar em causa o risco de um ou vários credores, cumprir só em relação a um. Tem
que cumprir em relação a todos. Se o devedor for judicialmente citado, o credor por cumprir só em relação a um
devedor.

Obrigação conjunta, continua a ser indivisível, mas parciária. Subjetivamente indivisíveis.

Devedor cumprir diante todos. Depois de judicialmente citado, passa a ser solidária.

Eficácia externa:
A tese mais clássica (e arcaica) é uma tese negativista que se baseia no argumento estrutural: o 3º não é
parte da relação, o devedor é que está obrigado à prestação, pelo que o 3º não pode ser responsabilizado
pela falta de prestação.
Tese intermédia: ainda hoje a que tem mais acolhimento na nossa jurisprudência e doutrina, em geral os
direitos de crédito não geram pretensões para com quem não é devedor, no entanto há casos em que os 3º
podem interferir de tal forma no direito de crédito que podem ser responsabilizados (caso do abuso de
direito). Em termos práticos esta tese circunscreve os casos em que o 3º pode ser responsabilizado,
requisitos muito exigentes, só em casos muito BAV| 11 censuradas da atuação do 3º é que podiam geral
uma pretensão… tem que mostrar que a atuação do 3º atentava contra a boa-fé ou costumes.

Tese da eficácia externa: SANTOS JÚNIOR – direitos de crédito devem ser respeitados por 3os como
qualquer outro direito. Total eficácia externa, mas nunca chega ao ponto de responsabilizar o 3º pelo… (?).
Porque numa % muito significativa de casos, o 3º age sem culpa porque desconhece a obrigação, falta o
requisito da culpa. Violação da titularidade do credor – casos em que a interferência do 3º não assenta em
impedir o devedor de cumprir, mas em receber a prestação que era dirigida ao credor. O credor não pode
exigir nada ao devedor porque este cumpriu para com um 3º que não o credor.
Doutrina portuguesa, três teses diferentes:
1º: Em termos históricos, analógicos, não há eficácia externa. Único responsável, devedor. Doutrina tradicional.
Seguida pelo STJ até 1964/1967. Fundamento: Artigo 406º/1. Princípio da relatividade. Fundamento é a
relatividade das obrigações. Consta do 406º/1, só não é assim que uma lei o diga. Não há lei que diz que se um
terceiro contribuir para o cumprimento, é responsável para contribuir para a solução.

2º: Totalmente oposta. 1º resposta não, em caso algum, nesta é oposta. Terceiro responde. Doutrina da eficácia
externa. As obrigações são vínculos relativos apenas em termos estruturais, mas em relação à eficácia, não são
nada vínculos relativos, também podem ser responsabilizados. Diz que este terceiro, Valentino de Carvalho,
quando viola o primeiro direito, da primeira editora, ou de sócio, está a violar um direito de outrem. 483º/1. R.
Civil extra-obrigacional. 5 pressupostos. Maior parte da doutrina diz é que o direito, que está no 483/1 é o direito
absoluto. Se for um direito de crédito, temos de ir para o 798º, r. contratutal.
Doutrina tradicional, 483/1, introdução de direitos absolutos. Lei diz direito, pode ser absoluto ou relativo (esta
doutrina). 1ºUma pessoa que ilicitamente, culposamente viola o direito de crédito de outrem, mesmo não sendo
uma das duas partes, deve-lhe plena r. civil. 2º. Própria lei aponta situações de eficácia externa, 495/3. 3º: Há quem
advogue, retire do regime da r. civil, se nós utilizarmos uma linguagem do d. criminal, penal, aqui, há um contrato
entre a e b, malandro incumpre o contrato contratando com outra entidade. Outro malandro, linguagem de direito
penal, é o autor do ato ilícito. Só que o ato ilícito é o incumprimento do outro contrato, autor do ato ilícito, é o
Rafael por ex. Violar o contrato, fazer outro incompatível. Contratando com terceiro. Se este é autor do ato ilícito,
este terceiro será cúmplice. Encontram algumas doutrinas, a propósito desta eficácia externa, com o apelo à teoria
do 3º cúmplice. Ver o terceiro como cúmplice do autor do ato ilícito. Ganha-se a aplicação do artigo 490º. Se forem
vários os autores, instigadores, ou auxiliares... todos eles respondem. Autores, instigadores e auxiliares. Valentino
Carvalho sabia. Seria o auxiliar. Cúmplice. Cúmplice ajuda na prática do ato ilícito. Instigador: instiga, convence.

3º: Intermédia, a mais importante. A melhor (prof.), porque é aquela aperfilhada por maioria da doutrina.
Claramente aquela perfilhada pela maioria dos tribunais portugueses. Não encontramos uma resposta de sim ou
não, às vezes sim.

Na base temos a relatividade, em princípio, só o devedor é responsável, 406º, característica da relatividade, 483º
não se deve aplicar a direitos de crédito. Excecionalmente, admite-se a responsabilização de terceiro, por abuso de
Direito, 334º. Quando a conduta de terceiro for contraditória aos princípios da boa-fé. Quando viola a boa-fé? Não
há resposta única. Duas respostas:
Resposta mínima: “Coloque-se pelo menos que este terceiro saiba (conhecimento). Contrato o jogador de futebol,
distrital, estou convencido que ele não estava empregado e descubro na véspera assinou por outro clube, não
sabia, como estaria a atuar segundo as regras da boa-fé. Conhecimento da pré-existência de um direito de crédito.
Alguma jurisprudência: não basta o conhecimento. Conhecimento + intenção de prejudicar o credor. Porquê?
Regra da liberdade contratual. Em princípio podemos fazer aquilo que queremos.

Subjetivamente plurais e as divisíveis e indivisíveis. Caso 6 e o 7, entrar


no 8.
Um devedor e vários credores: pluralidade ativa, UM credor e vários devedores: pluralidade passiva.
Pluralidade mista: vários credores e devedores.
Divisível: quando o seu cumprimento pode ser fracionado sem prejudicar o interesse do credor, porque
não afeta a sua substância, o seu valor económico, nem o uso a que se destina (divisível). Por uma
destas 3 vias. Se faltar um, indivisível.

Caso n.º 7
a) Joana obrigou-se a instalar um sistema comum de alarmes nas moradias de Luísa, Manuela e
Noémia. Estas ficaram solidariamente obrigadas a pagar o preço respectivo. Feita a obra, Joana recebeu
todo o dinheiro de Luísa. Esta exige agora 2/3 desse valor a Manuela. Esta responde-lhe que não paga coisa
alguma, visto que, durante a instalação, Joana lhe causou por negligência danos equivalentes a 1/3 do
preço. Quid juris?b) Suponha, pelo contrário, que Luísa recebeu 1/3 de Manuela, mas que Noémia, agora,
não paga a sua parte, tendo desaparecido para local incerto. Quid juris?
R: Prestação de facto positivo (prestação de facere). Contrato de prestação de serviços (1154º). Obrigação
solidária, vários devedores em relação ao preço, um credor= pluralidade passiva. Temos uma obrigação
solidária, da qual decorre da vontade das partes (art. 513º). Luísa respondeu por todos os devedores (art.
519º/1), ficando assim todos os outros liberados da obrigação perante Joana. (art. 512º), no entanto, Luísa
tem o direito de regresso de Manuela e Noémia, porque satisfez o direito do credor, além da parte que lhe
competia (art. 524º). Relação externa, em relação ao credor, extingue-se. Relação interna, dos codevedores
em relação àquele que pagou. Manuela entra em mora quando recusa pagar a Luísa (art. 804º), seria
judicialmente interpelada. E Luísa comunica a Manuela, é interpelada. Depois será dado um prazo para
cumprir. Interpelação admonitória.
A interpelação admonitória consiste no ato pelo qual o credor demanda o devedor em mora para que este
realize a obrigação a que está vinculado, sob pena de entrar em incumprimento definitivo. Na interpelação
admonitória, o credor deve fixar um prazo suplementar razoável ao devedor para que cumpra, sob pena de,
não o fazendo, se considerar a obrigação definitivamente incumprida. Passado o prazo admonitório, dá-se o
incumprimento definitivo, tendo o credor todos os direitos provenientes do incumprimento definitivo,
designadamente o direito de resolver o contrato.
Art. 798º, pressupostos. Facto, ilicitude, culpa, dano, nexo de causalidade.
No entanto, temos um incumprimento defeituoso de Joana perante Manuela. Esta pode intentar uma ação
contra Joana, entrando esta em mora (804)º, ficando na obrigação de reparar os danos causados ao credor.
Se houver incumprimento definitivo, então o efeito será a da responsabilidade civil obrigacional. No
entanto, Manuela tem ainda assim a obrigação perante Joana de lhe restituir o 1/3 do preço.
R: Noémia entra em mora (804º).
R: Caso 7

Qualificação do contrato como empreitada. Credores da prestação L, M, N. Devedor da prestação de


serviço, J. Credor do pagamento J. devedores solidários do pagamento L, M, N. Cada uma comparticipa em
um terço.
Aplicar o art. 516.º, solidariedade excecional.
Art. 513.º, fontes de solidariedade, L pagou, solvendo a dívida em relação às demais co-devedores.
Art. 512.º- L tem direito de regresso perante as demais co-devedoras, isto é, de 2/3 do valor pago.
Art. 524.º - L por isso só pode pedir M 1/3 e N outro 1/3.
M alega uma compensação pelos danos, sendo esta uma compensação pelo pagamento como uma
indemnização pelo estrago, é então um meio de defesa pessoal pois refere-se a um dos condevedores,
aplicar o art. 514.º, n.º 1.
M poderá opor o pagamento da sua quota parte diretamente ao credor, mas apenas M, pois o contracrédito
é pessoal.
Aplicar o art. 851.º e verificar se estão verificados os requisitos da compensação nos termos do art. 847.º
A eficácia da compensação depende dos termos do art. 848.º, ao qual extingue o credito de 1/3 e com
benefício para todos os credores.
Aplicação do art. 523.º
Nos demais 2/3 o devedor teria direito de regresso; ou seja: a obrigação extingue-se, nos termos do art.
523º, em face do credor, mas não em face dos demais condevedores
Aplicação novamente do art. 524.º.
Contudo, como referido anteriormente, a oposição ao crédito só pode ser feito pelo devedor que possuiu a
defesa, o que não aconteceu, pois L pagou a dívida na totalidade.
Para isso, temos de aplicar o art. 525.º
A este propósito AV, Ob I, 810, escreve que “os outros não perdem A este propósito AV, Ob I, 810,
escreve que “os outros não perdem a faculdade de invocar contra” o devedor que cumpriu “quando exerça
o direito de regresso, os meios de defesa que lhes seria lícito opor ao credor”, tanto comuns:
Nulidade do contrato
Excepção do não cumprimento
Como pessoais:
incapacidade
Por isso, pode a M invocar a compensação, o que conduz à redução da obrigação em 1/3, com benefício de
todos, devendo a L pedir a restituição do 1/3 que pagou a mais.
Quanto à segunda pergunta do caso 7:
L terá de colocar uma ação judicial contra N para esta lhe pagar, apenas na situação de insolvência ou
impossibilidade de cumprimento é que se aplica o art. 526.º

Outros não podem ficar numa situação pior que ficariam se L não tivesse pago. Manuela não pode ficar
prejudicada por causa disso. Pode recusar-se a pagar a L, mas L já pagou tudo. L pode exigir 1/3. À
Manuela 1/3. Luísa paga 2/3. Manuela pode recusar-se a pagar a Luísa, 525º. Faz com que haja uma pessoa
a enriquecer injustamente, a Joana, recebeu a totalidade da dívida e não paga a Manuela porque já
“recebeu” da Luísa, que satisfez. Luísa empobrece. 2/3 da prestação. Enriquecimento sem causa.
Obrigação de Joana, em parte perdeu causa. Extinção da obrigação.
Se ela foge, 526º/1. Quota do devedor insolvente, repartida proporcionalmente entre todos os demais.

Luísa pode pedir metade a M, repartir paritariamente entre M e N.

Eu devo 1300 euros, por exemplo. Jardineiro. Eu sou pintor. Um dia precisou de mim para pintar a casa.
1300 euros. Ele não pagou. Entretanto precisa de um jardineiro. Ficava a dever 1300 euros. Se os valores
forem diferentes, pode haver compensação, mas só do valor igual.

Caso n.º 8
Yehudi e Stéphane, violinistas, obrigaram-se a tocar uma série de duetos por ocasião do aniversário
de Niccolò. Acordou-se ainda que, «havendo motivo grave para isso», poderiam os artistas fazer-se
substituir, um deles ou ambos, por intérpretes de igual valor (por assim dizer). Niccolò pagaria €200.000
pelo serviço. Stéphane, sentindo-se preguiçoso, solicitou ao credor que o libertasse da obrigação, o que foi
concedido. Quid juris? Qual a solução se o contrato inicial fosse gratuito?

R: No caso concreto, estamos perante um contrato de prestação de serviços, art. 1154.º do


CC. A prestação de serviços em questão é onerosa, isto é, a prestação desenvolvida é feita
em troca do pagamento de um valor. Estamos perante uma prestação de facto positivo,
porque Y e S obrigam-se a desempenhar um determinado comportamento: atuar no
aniversário de N. Estamos, igualmente, perante uma obrigação indivisível, porque as partes
obrigam-se a desempenhar a atividade em conjunto, o caso, refere “em dueto”, o que
configura uma pluralidade de devedores (Y e S), art. 535.º, n.º1 : se a prestação for
indivisível, e vários os devedores, então o credor só pode exigir a prestação a ambos, ao
mesmo tempo, salvo se houver estipulado solidariedade, o que não se verifica.
Obrigação subjetivamente indivisível. Costa Gomes, Rui Ataíde, o regime que se aplica,
535º. Adaptações. Fungibilidade, possibilidade de haver cumprimento da obrigação por
terceiro. 767º, nr 1. Ou há convenção para não ser assim, pela natureza da prestação,
satisfazer o seu interesse, se essa prestação for oferecida por esse devedor. Infungibilidade
natural.
Não obstante, as partes estipularam que caso houvesse um motivo grave, poderiam os
devedores da prestação ser substituídos. Estamos perante uma clausula faculdade
alternativa, isto é, o credor exonerar o devedor. Pode o credor exonerar um credor sem o
consentimento do outro? A resposta, a esta questão responde por aplicação do art. 863.º, n.º
1, isto é, a remissão da dívida, o perdão da obrigação. Para haver remissão tem de haver um
contrato celebrado entre as partes, pois tem de haver um acordo entre as partes nesse
sentido.
A aplicação da remissão a uma obrigação indivisível, pressupõe a aplicação do art. 865.º,
n.º1. Este artigo remete-nos para o 536.º. Segundo esta norma, se a obrigação indivisível se
remitir em relação a um dos devedores, o credor continua a ter a possibilidade de exigir a
prestação ao outro devedor, sendo que neste caso, teria de pagar os 100 mil euros do
devedor remitido.
Esse outro devedor não remitido, leva com tudo? Era ou não obrigado? Possível dizer que
não estava obrigado, obrigação a dar um dueto, exonerou um dos devedores.
Subjetivamente indivisível. Importante para o credor que prestem todos subjetivamente. Se
um deles já não pode, obrigação já não seria a mesma. Conduz também à extinção da
obrigação do outro.
790º, impossibilidade superveniente. Extingue-se quando a prestação se torna impossível
por causa não imputável ao devedor.
801º- Impossibilidade culposa- 1: tornando-se impossível a prestação por causa imputável
ao devedor, é este responsável como se faltasse culposamente ao cumprimento da
obrigação.
Nesta sub-hipótese, obrigado a tocar, o outro. Direito à totalidade, 536º.
Custos do cumprimento, sacrifício económico, para haver cumprimento. Atividade,
resistência, custo de oportunidade que o devedor tem de tolerar.
Posição não se vê agravada. Que sentido tem-lhe dar toda a totalidade? Redução
teleológica, restritiva. Apenas se aplique nos casos em que a subsistência de um de algum
dos devedores da obrigação indivisível tenha tido a consequência de agravar os custos da
prestação.
1º- Impossibilidade da obrigação
2º 536º + 865º. Nenhum esforço acrescido por ser só um. Só à sua quota-parte.

Caso n.º 9
Zoroastro contratou Xenofonte para lhe decorar a casa de campo, um solar
na região do Douro. Acordou-se a retribuição de € 1.500. Xenofonte, porém,
anteviu dificuldades para a realização do trabalho, porque talvez tivesse
outras ocupações na altura acordada. Assim, ficou acordado que
Xenofonte, em vez de realizar aquele trabalho por aquele valor, podia
simplesmente desincumbir-se pagando a Zoroastro €250, desde que o
fizesse com certa antecedência. Antes de tudo isso, porém, o solar de
Zoroastro foi destruído num incêndio fortuito. Quid juris?
Prestação de facto positivo, material, de resultado. Contrato de prestação de
serviços (1154º). Pagamento de 250º euros caso desistisse.
Prestação de faculdade alternativa. Cláusula penitencial. Não é bem uma
indemnização, pode não haver dano, credor conseguir contratar outro credor.
Preço da desvinculação. Não tem um regime típico. Socialmente típico. Surge
convencionado, art. 405º/1. Pode não haver nenhum dano, não é uma
indemnização. Devedor, faculdade de querendo, desonerar-se, pagando apenas
isto. Parecido com o sinal. Sinal penitencial. Normalmente, obrigado a cumprir.
Partes podem afastar. Cláusula de tipo penitencial.
545º: Impossibilidade não imputável às partes? Risco correspondente pelo
devedor. Aplicamos o 790º, impossibilidade objetiva. A obrigação extingue-se
quando a prestação se torna impossível por causa não imputável ao devedor.
1º premissa, não é alternativa. As obrigações alternativas, regime legal típico,
543º e ss. A 549º. As obrigações com faculdade alternativa não têm um regime
legal específica. 558º, por exemplo. Não há regime geral.
Obrigação alternativa é indeterminada. Não se sabe qual é o objeto da prestação.

A contrata com B entregar ou uma bicicleta ou uma trotinete contra o


pagamento de 200 euros. Temos uma obrigação com duas prestações. Entregar
bicicleta ou trotinete, não têm que ser as duas realizáveis para que haja
cumprimento. Cumprimento se entregar ou a bicicleta ou a trotinete.
Neste caso, A vende ao B, a trotinete ou a bicicleta. Contrato celebrado. De
quem é a bicicleta e a trotinete. Quem é o proprietário destes dois bens? O
vendedor ou o comprador? Não é necessária a tradição? Eficácia real dá-se
sobre coisa determinada. Não está determinado. Aplica-se o nr2.
Quando o devedor disser ao B o que lhe irá entregar. Artigo 408º/2. Professor
Menezes Cordeiro, concentração.
Próprio contrato atribui a uma das partes, direito potestativo de o modificar.
Consiste na faculdade alternativa. Pode ser atribuída ao devedor, credor ou
terceiro.
Tem numa das suas cláusulas a atribuição de um direito potestativo à
modificação unilateral do objeto da prestação.
Contrato já celebrado.
Caso n.º 10

Camila obrigou-se a fazer reparações numa das duas casas sitas em


certa quinta de que Daniela era dona, pelo preço global de €35.000. Caberia
a Daniela indicar a Camila qual das casas pretendia recuperar. Por lapso
dos trabalhadores de um outro empreiteiro de Daniela, uma das casas foi
demolida antes da indicação. Quid iuris?
Obrigação alternativa, de facto positivo, material, fungível. Escolha competia ao
credor, 543/2, regras supletivas. Culpa não foi do devedor.
Empreiteiro que destruiu a casa, por conta de Daniela. Injusto. Credor deve
suportar o risco. Aplicar o 547º, impossibilidade imputável ao credor. Imputação
ao credor.
Art. 800º, devedor a representar o credor, pelos atos dos seus representantes
legais ou das pessoas que utilize para o cumprimento da obrigação, credor
também.
Mora do credor, 513º e ss. Zona de riscos do credor, propriedade do credor,
funcionamento da empresa do credor. 547º. Impossibilidade imputável ao
credor, 547º/1º p. Obrigação considera-se cumprida, extingue-se por isso.
O credor suporta o risco da prestação a ponto de a prestação não se ter
cumprido, impossibilidade por causa do credor, zona de riscos, tudo se passa
como o devedor estivesse cumprido. Transferência do risco para o credor.
Direito aos 35 mil euros, se a obrigação foi cumprida. Não teve nenhum custo
de cumprimento.
547º, casos em que o devedor já ter feito, realizado algum sacrifício, esforço, a
preparar o cumprimento da prestação que se tornou impossível, prestação de
coisas, já tinha escolhido as coisas. Não deveria exigir a coisa que não se
estragou. Inutilização do custo da prestação tornada impossível o devedor.
Culpa do credor. Isso seria injusto.
Próxima aula: obrigações genéricas, específicas e com o regime do risco e da
transferência da propriedade. Casos 11, 12 e o 13, se conseguirmos., 14 e 15,
resolver em casa. Segunda aula da semana, negócios jurídicos unilaterais e
contrato-promessa.

Caso 11
No ano passado, PM encomendou à Rem, S.A., por e-mail, um computador com
processador Xenpium VII.3, a 1 GHz, com 256 Mb de RAM, 20 Gb de disco
rígido (marca Wot), sem monitor, com placa de som e colunas (marca Col), em
caixa azul esverdeada. Segundo o catálogo, a compra ficava por €1234. A Rem
aceitou o contrato noutro e-mail. A Rem só tem em stock um aparelho daqueles.
Que modalidade de obrigação se gerou? Quem é o proprietário daquele
aparelho?

No caso concreto, estamos perante um contrato de compra e venda, art. 874.º. O


contrato de compra e venda visa a transferência da propriedade do bem. O bem
em questão é um bem movel, art. 205.º por remissão ao 204.º. Na compra e
venda, por se tratar de um negocio jurídico, segue a regra da liberdade de forma,
art. 219.º, portanto, a mera celebração do contrato é suficiente para produzir os
efeitos do mesmo, ou seja, a transmissão da propriedade, por conjugação do art.
219.º e 874.º. Contudo, cabe fazer referência ao art. 879.º, onde está definido os
efeito da compra e venda, sendo que, por conjugação e interpretação do art.
879.º com o 874.º, outra interpretação não pode haver que aquela que define o
contrato de compra e venda como aquele que transmite a propriedade do bem,
única e exclusivamente, isto é, este é o efeito essencial da compra e venda, o
efeito real. O efeito real está definido no âmbito do art. 408.º, a eficácia real do
contrato dá-se por mero efeito da sua celebração, portanto, pela celebração do
contrato, através das declarações negociais efetuadas por email, art. 217.º, n.º 1 e
232.º, quando as acordam todas as especificidades do negocio, dá-se os efeitos
do mesmo, a transmissão da propriedade da esfera jurídica do vendedor para o
comprador. Em conclusão, a propriedade do computado transferiu-se da esfera
da REM para PM. Consequentemente, e pela transferência da propriedade, surge
dois efeitos obrigacionais, a entrega da coisa e a obrigação de pagar o preço,
alínea b) e c) do art. 879.º.

Caso 12
a) Teodora é proprietária de uma garrafa antiga de vinho do Porto, a única que sobra de
certa colheita. Vendeu-a pelo telefone a Teodorico, que ficou de vir buscá-la no dia
seguinte. De manhã, porém, vendeu-a de novo a Teodósio, que a levou. Pode
Teodorico exigi-la a Teodósio?
R: Estamos perante um contrato de compra e venda, art. 874.º. Por se tratar de um bem
movel, há liberdade de forma, art. 219.º em conjugação com o art. 205.º. Temos por efeito
principal a transmissão da propriedade, alínea a) do 879.º. O contrato em questão, por
seguir aquilo que e o princípio do consensualismo, basta a celebração do contrato para que
se transmita a propriedade do bem, art. 408.º, n.º 1. Atraves da celebração do contrato temos
a transferência de Teodora para Teodorico, no momento em que celebração por chamada
telefónica. A venda da garrafa, posteriormente, a Teodósio não é valida, pois a garrafa já
não se encontrava na esfera jurídica de Teodora, mas sim de Teodorico, portanto, estamos
perante uma venda de bens alheios, art. 892.º, a nulidade implica a não produção dos efeitos
à data da sua celebração. Teodora, à data da celebração do negócio, já não detém a
propriedade do bem. Teodorico pode exigir a propriedade a Teodisio, pois a garrafa é da sua
propriedade.
b) Teodora é proprietária de duas garrafas antigas de vinho do Porto, as únicas que
sobram de certa colheita. Vendeu «uma delas» (sic) pelo telefone a Teodorico, que
ficou de vir buscá-la no dia seguinte. De manhã, porém, vendeu ambas a Teodósio,
que as levou. Pode Teodorico exigir uma delas a Teodósio? Quid juris se Teodósio
soubesse do negócio anterior?
R: estamos perante um contrato de compra e venda, art. 874.º. O contrato em questão versa
um objeto movel, mas especifico, um vinho do porto de uma colheita especial. Só há duas
garrafas, mas B ainda não especificou qual das garrafas é que pretende, pois é “uma delas”,
logo, teremos de interpretar como uma indeterminação do objeto, pelo que há apenas uma
identificação do género e da quantidade, 1- vinho daquela colheita; e 2- uma garrafa.
Estamos perante uma obrigação genérica, art. 539.º e ss. Uma vez indeterminada, a
propriedade só se transmite com a escolha, a determinação da coisa, art. 408.º, n.º2, ou seja,
exceção ao principio do consensualismo, não é suficiente a celebração do contrato.
Teodora tem um direito de crédito, não de propriedade, sendo que o seu direito de credito é
cumprido com a concentração/determinação do objeto do contrato, e, posteriormente, a
transmissão da propriedade.
Na manha seguinte, Teodora vendeu as duas garrafas a teodosio, sendo que havendo apenas
duas garrafas, há concentração, art. 541, e como tal transmite-se para C a propriedade das
garrafas, art. 408.º, n.º 2.
Tambem podemos interpretar interpretar a questão como sendo uma compra e venda de
bens determinados de Teodora para teodisio e, pela mera celebração do negocio, dá-se a
transferência da propriedade, art. 219, 874.º, 879 a) e 408 n.º 1.
Teodora no dia seguinte não tem as garrafas disponíveis, não obstante, Teodora tem uma
obrigação para com Teodorico, sendo que o perecimento das mesmas não resolve a
obrigação (não estão verificados nenhum dos casos previstos no art. 541.º), tem a obrigação
de dar as garrafas. Agora, Teodora tem de arranjar maneira de cumprir com a obrigação,
eventualmente, recomprar as garrafas a teodisio, a qualquer custo, sob pena de
incumprimento da obrigação, art 798.º. Teodorico não pode exigir a Teodisio a obrigação,
mas pode exigir o cumprimento a Teodora, no âmbito do 817.º.

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