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ÉTICA E CIDADANIA

ÉTICA E CIDADANIA – PRINCIPAIS TEORIAS E


PENSADORES – SOFISTAS, SÓCRATES E PLATÃO.

Prof. Ms. Daniel Justiniano Andrade

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ÉTICA E CIDADANIA
EMENTA

O componente curricular de Ética e Cidadania objetiva dialogar


sobre os conceitos de ética, moral e cidadania, abordando suas
relações e inter-relações com outros ramos da Filosofia,
destacando seus aspectos históricos, principais textos, teorias e
pensadores.
ÉTICA E CIDADANIA

SOFISTAS:HUMANISMO E RELATIVISMO

• Os sofistas foram mestres de retórica e oratória;


• Os sofistas possuíam uma concepção filosófica segundo a qual
o conhecimento seria relativo à experiência humana concreta
do real (humanismo), a verdade resultando apenas de nossas
opiniões sobre as coisas e do consenso que se forma em torno
disso, a verdade seria, portanto, relativa e mutável
(relativismo).
• Os Sofistas mais importantes e influentes foram Protágoras e
Górgias.
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SOFISTAS - HUMANISMO E RELATIVISMO

PROTÁGORAS (490-421 A.C.) – “o homem é a medida de todas as coisas,


das que são como são e das que não são como não são” – sem apelo a
questões transcendentais – as coisas são como nos parecem ser, como se
mostram à nossa percepção sensorial – Antilógica – argumentação pró e
contra determinada posição, sendo ambas igualmente verdadeiras e
defensáveis – desenvolvimento de argumentos opostos – preparação para
a discussão e o debate – antecipar as possíveis objeções à sua posição.
GÓRGIAS (487-380 A.C.): Impossibilidade do conhecimento em um
sentido estável e definitivo - “nada existe que possa ser conhecido; se
pudesse ser conhecido não poderia ser comunicado; se pudesse ser
comunicado não poderia ser compreendido”.
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SÓCRATES (470 – 399 a.C.)

• Método de análise conceitual – doxa (mera opinião irrefletida);


processo de reflexão do indivíduo; indicar o caminho (método) –
revisão de crenças e opiniões – diálogos aporéticos – maiêutica – o
papel do filósofo não é transmitir conhecimento pronto e acabado,
mas fazer com que os outros tragam à luz suas próprias ideias;
dialética socrática – questionamento de crenças habituais – ironia,
problematização, contradições, ignorância – reconhecer a
ignorância é o princípio da filosofia – encontrar o conhecimento
(episteme), afastando-se do domínio da opinião (doxa) – VERDADE
ÚNICA.
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SÓCRATES (470 – 399 a.C.)

Sócrates opôs-se aos sofistas ao defender a necessidade do


conhecimento de uma verdade única sobre a natureza das coisas,
afastando-se das opiniões irrefletidas e buscando a definição das
coisas.

Diálogo Teeteto (210c) - “Mas, Teeteto, se você voltar a conceber,


estará mais preparado após esta investigação, ou ao menos terá uma
atitude mais sóbria, humilde e tolerante em relação aos outros
homens, e será suficientemente modesto para não supor que sabe
aquilo que não sabe”
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PLATÃO (428-347 a.C.)

“A obra de Platão se caracteriza como a síntese de uma preocupação com a


ciência (conhecimento verdadeiro e legítimo), com a moral e a política.
Envolve assim um reconhecimento da função pedagógica e política da
questão do conhecimento. Sua conclusão é que o conhecimento em seu
sentido mais elevado identifica-se com a visão do Bem” [...] “A natureza
essencial das coisas que Platão chama de forma ou ideia [...] o que Platão
pretende é estabelecer, num nível bastante abstrato – a metafísica, uma
teoria da natureza essencial das coisas [...] Capacidade de ver através de um
processo de abstração e de superação de nossa experiência concreta, a
verdadeira natureza das coisas em seu sentido eterno e imutável, de
conhecer a verdade portanto.” (MARCONDES, 2008, pp. 51, 57)
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PLATÃO (428-347 a.C.)

“Como começa o processo de conhecimento [...] doutrina da


reminiscência ou anamnese, uma das primeira formulações da
hipótese inatista [...] conhecimento inato serve de ponto de partida para
todo processo de conhecimento” [...] supor que temos um
conhecimento prévio que a alma traz consigo [...] que resulta da
contemplação das formas, às quais contemplou antes de encarnar no
corpo material e mortal [...] ao encarnar, a alma tem a visão das formas
obscurecida [... O filósofo, através da maiêutica socrática, é despertar
esse conhecimento esquecido [...] indivíduo possa aprender por si
mesmo (MARCONDES, 2008, p. 59).
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PLATÃO (428-347 a.C.)

“Para Platão, é necessário, assim, uma metafísica, entendida como


doutrina sobre a natureza última e essencial da realidade, para que se
possa definir o tipo de compreensão e de conhecimento que se possa ter
dessa realidade. A teoria do conhecimento (EPISTEMOLOGIA)
pressupõe, portanto, a teoria sobre a natureza da realidade a ser
conhecida (a metafísica, ou segundo uma terminologia posterior, a
ontologia” “Como procurar - Paradoxo do Ménon: “Como procurar por
algo, Sócrates, quando não se sabe pelo que se procurar? Como propor
investigações acerca de coisas as quais nem mesmo conhecemos? Ora, mesmo
que viéssemos a deparar-nos com elas, como saberíamos que são o que não
conhecíamos? (MARCONDES, 2008, pp. 57, 59).
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PLATÃO (428-347 a.C.)

Mito da linha dividida: Mundo inteligível (formas) X Mundo material


(objetos concretos) [...] eikasia: visão de imagens das coisas concretas pelo
homem comum [...] pistis: conhecimentos dos objetos naturais [...] dianoia:
conhecimento dos objetos matemáticos pelo geômetra [...] noesis:
conhecimento das formas pelo dialético [...] (MARCONDES, 2008, p. 65).
Alegoria da Caverna: [...] ser humano passar da visão habitual das coisas,
condicionadas por hábitos e preconceitos, até o conhecimento da realidade
em seu sentido mais elevado [...] a visão do sol representa a Verdade e a causa
de tudo [...] nos limites do mundo inteligível aparece a ideia do Bem, causa de
tudo o que é Belo e Reto [...] é preciso vê-la se se quer comporta-se com
sabedoria, seja na vida privada, seja na vida pública [...] (MARCONDES,
2007, p. 32).
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PLATÃO (428-347 a.C.)

• Alegoria da Caverna: [...] o sol simboliza para Platão o grau máximo da


realidade, o ser em sua plenitude, a própria ideia do Bem [...] compreende
não só o Sol como tal, mas a totalidade do real; todo o nexo causal do
qual o sol pode ser visto como a causa primeira [...] dialética ascendente
[...] prisioneiro sai da caverna para a região superior [...] dialética
descendente [...] volta à caverna [...] missão político-pedagógica do
filósofo (MARCONDES, 2008, p. 67).

• O conhecimento e o Bem como forma suprema é fundamento da ética e da


justiça [...] metafísica, epistemologia, ética, política e pedagogia em
uma discussão integrada acerca desses temas (MARCONDES, 2007, p.
30).
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PLATÃO (428-347 a.C.)

Textos (diálogos): Górgias – é melhor sofre uma injustiça do que


praticá-la – “o maior mal não é ser golpeado na face sem motivo, ou
ser ferido, ou roubado. Bater-me e ferir a mim e aos meus, escravizar-
me, assaltar minha casa ou, em suma, causar a mim e aos meus
algum dano é pior e mais desonroso para quem o faz do que para
mim, que sofro esses males [...] fazer o mal é o pior que pode ocorrer
para aquele que o pratica, e maior mal ainda, se possível, é não ser
punido por isto [...] o mais feliz é aquele que não tem maldade na
alma [...]pagar pelos próprios crimes é uma libertação do mal [...] não
pagar é permanecer no mal (MARCONDES, 2007, p. 24)
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PLATÃO (428-347 a.C.)

Textos (diálogos): Górgias – o melhor é o mais forte? – Platão defende


que no exercício do Poder político, os princípios éticos devem
prevalecer sobre a força [...] melhor é aquele que é capaz de
equilíbrio e autocontrole [...]“as pessoas entendidas em negócios
políticos e com coragem para realizar seus propósitos [...] estes devem
governar os estados e, enquanto governantes, é de direito que os demais
estejam subordinados a eles [...] mas em relação a si mesmos, eles
governam ou são governados? [...] o que entendes por governar a si
mesmo?[...] uma coisa simples, como todos entendem: ser equilibrado e
capaz de autocontrole, dominar os desejos e as paixões (MARCONDES,
2007, p. 23).
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PLATÃO (428-347 a.C.)

Textos: A República (o anel de Giges) – a conduta ética depende apenas


do medo da punição? a justiça é praticada contra a própria vontade dos
indivíduos [...] agir como se fosse um deus [...] ninguém é justo porque
deseja, mas por imposição [...] se um homem tivesse tal poder nunca
consentisse em cometer um ato injusto e tomar o que pudesse de outro,
acabaria por ser considerado por aqueles que conhecessem o seu segredo,
como o mais infeliz e tolo dos homens [...] não deixariam de elogiar
publicamente a sua virtude, mas para disfarçarem, por receio de sofrerem
eles próprios alguma injustiça [...] a justiça não é, portanto, uma
qualidade individual, pois sempre que acreditamos que podemos
praticar atos injustos não deixaremos de fazê-lo [...] (MARCONDES,
2007, p. 32).
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PLATÃO (428-347 a.C.)

Textos: A República (a natureza humana)[...]o melhor e o mais justo é


também o mais feliz, é aquele que tem a natureza de um Rei, governa a si
mesmo como tal [...] a faculdade que é instrumento do juízo não pertence
nem ao ambicioso, nem ao amigo do ganho, mas ao filósofo [...] a razão é o
instrumento específico do filósofo [...] o mais verdadeiro é o que o filósofo
e amigo da razão aprova [...] concluímos que os prazeres da parte
inteligível da alma são os melhores (MARCONDES, 2007, p. 32).
Textos (diálogos): Mênon – o que é a virtude – “é possível ensinar a virtude
(areté) [...] para Platão a virtude não pode ser ensinada [...] a virtude é inata
[...] porém, encontra-se adormecida em cada pessoa [...] a doutrina da
reminiscência ou anamnese, é o modo pelo qual o inatismo platônico é
explicado nesse diálogo (MARCONDES, 2007, p. 26).
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PLATÃO (428-347 a.C.)

“Platão se opôs á cosmovisão mecanicista atomista a favor de uma


visão teleológica que requer uma fonte para a ordem e o plano, a
qual transcende o mundo físico”. (NASH, p. 48).

Platão se opôs a algumas crenças predominantes em sua época:


Empirismo; Relativismo; Materialismo: Mecanicismo: Ateísmo:
Naturalismo: Humanismo; Hedonismo;

Podemos identificar na concepção platônica as seguintes oposições:


Opinião X Verdade; Desejo X Razão; Interesse Particular X Interesse
Universal; Sendo Comum X Filosofia (MARCONDES, 2008, p. 51)
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PLATÃO (428-347 a.C.)

Empirismo: crença de que todo conhecimento humano tem origem


na experiência sensorial humana.
Relativismo (ético ou epistemológico): julgamentos morais ou
sobre o conhecimento sejam de um tipo para alguns e de outros para
outras pessoas [...] Platão proclamou a existência de padrões
absolutos e imutáveis.
Materialismo: negação da existência de um mundo imaterial ou
ideal.
Mecanicismo: crença de que tudo ocorre segundo leis e princípios
que operam mecanicamente, sem propósito ou projeto. (NASH, 2008,
pp. 65,66).
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PLATÃO (428-347 a.C.)

Ateísmo: inexistência de um ser divino criador.


Naturalismo: crença de que o universo natural é autossuficiente e
auto explanatório
Humanismo: o homem é a medida de todas as coisas; todo
conhecimento é relativo à experiência humana individual; as coisas
como se apresentam e são vistas por cada humano; ênfase no
indivíduo que conhece;
Hedonismo: crença de que o prazer é o bem maior (NASH, 2008, pp.
65,66).
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da Filosofia: dos pré-


socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008.

MARCONDES, Danilo. Textos básicos de Ética: de Platão a


Foucault. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2007.

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