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Como Identificar uma Pessoa

Bipolar? sintomas, causas e


tratamento
O Transtorno Bipolar é um transtorno de humor que atinge cerca de
15 milhões de brasileiros, de acordo com uma estimativa da
Associação Brasileira de Transtorno Bipolar (ABTB).
O diagnóstico por vezes é feito tardiamente por uma variedade de
razões: confusão dos sintomas com outros distúrbios, a pessoa
bipolar se acostuma com as oscilações de humor, os episódios de
mudança de humor são pouco frequentes, entre outras.
A falta de percepção ou o costume com as oscilações de humor é
prejudicial para a saúde mental da pessoa bipolar, pois pode levar ao
agravamento dos sintomas.
Por isso, neste artigo, vamos te explicar o que é o transtorno, quais
são os seus tipos, os seus sintomas e outras informações relevantes
sobre a bipolaridade.
Sendo assim, acompanhe o texto e tenha uma boa leitura!

O que é Transtorno Bipolar?


Também chamado de Transtorno de Bipolaridade, esta condição é
caracterizada por mudanças intensas de humor. Os estados de humor
são divididos em duas fases: a maníaca e a depressiva.
Na primeira fase, a pessoa bipolar vive uma euforia fora do comum
que a estimula a se engajar em comportamentos incomuns.
Na segunda fase, ela é dominada por um estado de humor depressivo
que consiste em uma tristeza frequente, pensamentos negativos e
até ideação suicida.
Outra alteração de humor presente nesta condição é a hipomania. Os
sintomas são semelhantes aos da fase maníaca, mas são de menor
intensidade.
Este estado de humor não interfere na vida diária da pessoa bipolar.
Embora seja desagradável, ela ainda consegue trabalhar, socializar e
estudar.

Quais são os tipos de bipolaridade?


Existem dois subtipos do distúrbio de bipolaridade:
1. Transtorno Bipolar I: Manifestação de, pelo menos, um episódio
maníaco. Ele pode ser precedido ou seguido por episódios
hipomaníacos ou depressivos. Em alguns casos, a mania pode causar
psicose. É uma condição rara;
2. Transtorno Bipolar II: Manifestação de, pelo menos, um episódio
depressivo maior e um episódio hipomaníaco, mas ausência de
episódio maníaco e possibilidade de psicose. É o subtipo mais comum
e ocorre, principalmente, entre os 20 e os 30 anos.

Ainda podemos citar a desordem ciclotímica, também conhecida


como ciclotimia. Basicamente, essa variação de bipolaridade é
caracterizada por diversos períodos de sintomas hipomaníacos, com
diversos sintomas depressivos, durante, ao menos, 2 anos.
Contudo, a ciclotimia não se encaixa no diagnóstico de episódios
hipomaníacos e depressivos.
Alguns profissionais também utilizam outra classificação de tipos de
transtorno de bipolaridade. Para alguns especialistas, existem os
tipos 1,2 e 3.
O tipo 1 é o que o paciente conta com episódios de mania, com
sintomas depressivos e até psicóticos.
O tipo 2, por sua vez, é aquele em que a mania se apresenta
levemente, não oferecendo grandes impactos no cotidiano da pessoa.
Também pode ser entendido como o transtorno em que apenas a
hipomania e o estado depressivo se apresentam.
Por fim, o tipo 3 ocorre quando os episódios de mania são causados
pela medicação.
Apesar de não haver cura definitiva para a bipolaridade, pessoas com
esta condição conseguem administrá-la através de um plano de
tratamento consistente.
A terapia é uma parte importante deste plano, pois ajuda indivíduos
bipolares a gerenciarem as suas emoções e humores, ou seja, a
desenvolverem a inteligência emocional. Dessa forma, conseguem
aproveitar as suas vidas normalmente.

Sintomas do Transtorno de
Bipolaridade: Como identificar uma
pessoa bipolar?
Para entender como identificar uma pessoa bipolar, entenda os
sintomas mais comuns:
Os sintomas da bipolaridade tendem a aparecer no final da
adolescência, no começo da vida adulta e, em casos raros, ainda na
infância.
As oscilações de humor podem ocorrer múltiplas vezes ao ano ou
somente algumas vezes. A frequência da alternância entre a fase
depressiva e a maníaca depende do quadro do paciente.
Abaixo, veja os sintomas mais comuns do transtorno bipolar.
Separamos os sintomas provocados por cada estado de humor para
facilitar a compreensão.

A fase depressiva pode acontecer antes ou depois da fase maníaca, e


durar por várias semanas ou meses. Os sintomas não diferem dos
sintomas da depressão. Por isso, eles podem ser confundidos com
esta condição.

Sentimentos de inutilidade
Durante a fase depressiva, a pessoa bipolar se sente inútil,
incapaz e indesejada. Pensamentos de rejeição passam por sua
cabeça com frequência, intensificando os sentimentos ruins e o
pessimismo. A angústia também é muito presente nesse período.

Baixa autoestima
A autoimagem da pessoa bipolar é afetada por sentimentos e
pensamentos negativos, impactando a sua autoestima. Nesse
período, ela tem dificuldade de enxergar e valorizar as suas
qualidades. Sendo assim, é normal que faça comentários se
desvalorizando em conversas casuais.
Em momentos precedentes a fase depressiva, os problemas de
autoestima podem ser inexistentes. A mudança súbita de
comportamento causa estranheza em pessoas próximas,
colaborando, assim, para um diagnóstico precoce.

Alterações no apetite
Os hábitos alimentares podem se modificar drasticamente
devido ao aumento ou a redução do apetite. A pessoa bipolar pode
sentir vontade de comer demasiadamente e ganhar peso, ou perder
o apetite e emagrecer em pouco tempo.

Irritabilidade
A irritabilidade é um sintoma muito comum da depressão. Ele
estimula conflitos interpessoais, explosões de raiva e condutas
inapropriadas no cotidiano. A falta de paciência também está
relacionada à irritabilidade. A pessoa bipolar pode puxar briga na fila
da padaria, por exemplo, por ficar impaciente com a demora do
atendimento.

Desinteresse generalizado
A pessoa bipolar perde a vontade de fazer coisas que antes
adorava, como hobbies e atividades de lazer. O desinteresse se
estende para a sua vida profissional e/ou acadêmica, fazendo com
que ela não veja sentido em comparecer ao trabalho ou às aulas.
O desinteresse generalizado é uma das causas mais comuns do
absenteísmo em empresas.
Em episódios depressivos graves, ela pode perder o desejo de
levantar da cama e passar horas deitada, somente esperando o dia
acabar.

Isolamento social
Quando não estamos nos sentindo bem, não queremos
encontrar amigos e familiares, certo? Na fase depressiva da
bipolaridade, essa vontade é bem mais forte e estimula o isolamento
social.
A pessoa bipolar deixa de querer conviver com as pessoas com
quem mora, conversar com amigos e simplesmente sair de casa para
cumprir afazeres comuns.

Pensamentos de morte
Os pensamentos de morte são um dos sentimentos mais
preocupantes. A pessoa bipolar alimenta fantasias mórbidas
envolvendo si mesma e questiona se, de fato, a sua vida é importante.
Quando não combatidos, esses pensamentos, aliados a falta de
perspectiva de vida, podem resultar em uma tentativa de suicídio.
Às vezes, ela pode fazer brincadeiras sobre suicídio ou morte.
Nesses momentos, pessoas próximas devem demonstrar preocupação
e questionar a motivação dessas “brincadeiras”.

Fase maníaca
A fase maníaca é o completo oposto da fase depressiva. Os
sintomas podem levar a pessoa bipolar a se colocar em situações de
perigo e a se machucar. É importante que ela receba tratamento para
conter comportamentos impulsivos.

Autoestima elevada
A pessoa bipolar passa a se amar subitamente. Não apenas a se
amar, mas falar frequentemente de suas qualidades, aparência e
grandes feitos. Ela inicia vários projetos de uma vez, pois acredita,
entre outras razões, que é capaz de concluir todos com excelência.

Sentimento de grandeza
O sentimento de grandeza é resultado do excesso de
autoestima. Ele ocasiona pensamentos que fogem da realidade, como
crenças de que é escolhido por Deus para realizar uma missão divina.
Em outras palavras, a pessoa bipolar alimenta delírios de
superioridade.

Explosão de energia
A pessoa bipolar não consegue ficar parada. Ela precisa ocupar
a sua mente com alguma atividade ou sair de casa para fazer coisas
interessantes. A explosão de energia resulta em uma necessidade
menor de sono. Assim, ela consegue ficar sem dormir por vários dias
enquanto procura gastar a sua energia.

Alta produtividade
Algumas pessoas aproveitam a fase maníaca para iniciarem ou
concluírem projetos pessoais ou de trabalho em virtude da alta
produtividade. O mesmo acontece na fase hipomaníaca. Ela ainda é
considerada mais apropriada para isso por ser mais gerenciável que a
mania.
Todavia, isso não significa que esse sintoma seja saudável. É
muito fácil a pessoa bipolar ultrapassar os limites do corpo enquanto
está focada em um projeto.

Fala rápida e incoerente


A pessoa bipolar fala rapidamente sobre vários assuntos, se
interrompendo a todo instante e dando opiniões contrárias sobre o
mesmo tópico. Ela se distrai com facilidade durante uma conversa,
mudando o rumo dela completamente em questão de segundos.
Sendo assim, é impossível conversar com ela de forma racional
quando está muito agitada.

Sentimento de invencibilidade
Durante a fase maníaca, a pessoa bipolar sente que pode
conquistar o mundo. Ela deixa de temer desafios, situações e pessoas
que antes considerava intimidadores.
Por exemplo, ela pode gastar compulsivamente, ter vários
parceiros sexuais, fazer investimentos financeiros insensatos ou
festejar sem parar.
Como acredita que nada poderá detê-la, ela também pode se
envolver em situações perigosas para si mesma e para as outras
pessoas, como dirigir em alta velocidade.
A pessoa bipolar deve ser observada por familiares e, se
necessário, profissionais de saúde para que não faça nada perigoso
neste período.

Pensamentos desconexos e agitados


Assim como a fala, os pensamentos da pessoa bipolar durante a
mania são acelerados e desconexos. É como se ela tivesse um milhão
de ideias por segundo e não soubesse qual acatar primeiro. Esta é
uma das razões para a sua constante inquietação e vontade de ter
novas experiências.

Como é a transição entre mania e


depressão no Transtorno Bipolar?
Muitas pessoas imaginam que a transição entre mania/hipomania e
depressão no transtorno bipolar ocorre de forma abrupta e rápida.
Vale destacar que muitas pessoas com bipolaridade não apresentam
uma rápida alteração de humor. Ela pode ser bastante expressiva,
mas não ocorre em poucos minutos.
A transição entre mania e depressão é chamada de eutimia. A eutimia
é um período de estabilidade de humor. Basicamente, é um agente de
transição entre a mania e a depressão.
Na bipolaridade ciclotímica, é comum que a transição entre os dois
estados de humor seja abrupta e mais rápida.
Outra ideia precipitada é de que o paciente no bipolaridade altera
entre episódios depressivos e maníacos o tempo todo.
Como já explicado anteriormente, existem outros tipos de transtorno
bipolar, que se manifestam de forma diferente em cada pessoa. Então
algumas pessoas podem apresentar muitos episódios de mania e
poucos de depressão ou o contrário.

O que é hipomania?
Uma pessoa bipolar pode apresentar diversos sintomas diferentes,
como os episódios de hipomania e mania.
A hipomania, por sua vez, é um tipo menos extremo de mania, que
costuma durar um tempo menor e apresentar sintomas menos graves.
Diversos pacientes que apresentam hipomania conseguem seguir com
a sua rotina tranquilamente, sem grandes impactos em suas
atividades e relações interpessoais.
De todo modo, as pessoas com hipomania também podem enfrentar
uma série de dificuldades para conseguir lidar com o cotidiano e com
suas relações.
Existem pessoas com hipomania que podem apresentar problemas na
vida pessoal e no trabalho, e por isso necessitam de
acompanhamento multidisciplinar.
A hipomania apresenta sintomas de expressão de extrema felicidade,
euforia e energia. No entanto, ela pode ser prejudicial, logo que o
paciente pode apresentar dificuldades de controlar o seu
comportamento.
É comum que, após os episódios de hipomania, a pessoa com
bipolaridade se sinta culpada, envergonhada e deprimida por conta de
seu comportamento.

Como é o comportamento de uma


pessoa bipolar? (Mudanças no
humor e outros sinais)
O comportamento de uma pessoa bipolar é marcado pelos seus
diferentes estados de humor, sobretudo a depressão e mania ou
hipomania.
Durante a depressão, a pessoa se sente triste, indisposta,
apática e desinteressada com as atividades que costumam ser
prazerosas para ela.
Além disso, nessa fase, o bipolar apresenta alterações do sono
e apetite, passam a se isolar, enfrentam dificuldade de concentração,
sentem-se cansadas, e tem uma redução em sua libido.
Em alguns casos, o pensamento suicida pode ser identificado,
bem como culpa e esquecimento.
Em episódios de mania ou hipomania, os sintomas têm sentido
oposto. A cabeça da pessoa com transtorno bipolar faz com que ela
se sinta animada, feliz e eufórica.
Além disso, na fase da mania é comum que a autoestima seja
melhorada, o corpo fique mais agitado, a atenção seja prejudicada e a
fala se mostra compulsiva.
A libido que na fase depressiva estava baixa, aumenta
consideravelmente. Além disso, a irritabilidade e o comportamento
agressivo podem fazer parte dessa fase. A necessidade de sono
também pode ser diminuída.

Como é o surto de uma pessoa


bipolar?
O chamado surto de uma pessoa bipolar, na verdade, se mostra
com os sintomas apresentados acima.
Em alguns casos, é possível que ocorra um surto psicótico em casos
mais graves, na bipolaridade de tipo 1.
Esse surto é, basicamente, uma cisão entre a realidade e a
fantasia. Nesse momento, o bipolar sente muita angústia, desespero e
até ideias suicidas.
Quando apresenta mania e psicose, o bipolar perde muitas vezes
o controle de suas emoções e até ações.
Podem ocorrer alucinações verbais/auditivas e aceleração do
pensamento.

Como lidar com uma pessoa


bipolar?
Lidar com uma pessoa bipolar exige alguns esforços. É importante,
principalmente, entender qual é a condição em que ele se encontra.
Conviver com um bipolar pode ser desgastante, cansativo e até
mesmo traumático. No entanto, é fundamental entender como lidar
com o transtorno para reduzir qualquer dano para você e para o
paciente.
As principais dicas para lidar com uma pessoa bipolar são:

 busque apresentar calma na fala, com um tom de voz adequado e uma


comunicação não-violenta;
 discutir nunca é bom. Muitas vezes a pessoa bipolar se mostra
agressiva ou estressada por conta de seus episódios de depressão ou
mania;
 se mostre disponível para a pessoa com bipolaridade, pois ela pode
precisar de seu apoio;
 preste atenção no que o bipolar diz, pois muitas vezes ele pode
concretizar uma ação apresentada previamente;
 auxilie o bipolar a procurar ajuda profissional.
A pessoa geralmente sabe que é
bipolar?
O paciente com transtorno bipolar não sabe que é bipolar até procurar
ajuda médica. Muitas vezes, ele não reconhece que o seu humor e
comportamento, seja ele depressivo ou maníaco, é patológico.
Por isso, quando os sintomas estão mais acentuados, pode não ser
efetivo dizer para a pessoa que ela pode ter o transtorno, pois ela não
deve acreditar.
Geralmente, depois de muitas situações que causam tristeza e
estresse é que a pessoa bipolar procura ajuda a fim de um
diagnóstico.

Como é feito o diagnóstico de


Transtorno de Bipolaridade?

O diagnóstico de transtorno de bipolaridade pode levar muito tempo


para ser concluído, justamente porque a pessoa bipolar e quem
convive com ela não percebem sinais do transtorno, já que eles
podem ser confundidos com os de outros transtornos e distúrbios.
Ele é feito de forma clínica, tendo como base todo o relato da história
e dos sintomas do paciente. A família e outras pessoas do convívio
também podem contribuir para o relado.
O diagnóstico se mostra muito importante para que o tratamento com
psicólogo e psiquiatra seja o mais assertivo possível.

Quais são as possíveis causas da


Bipolaridade? O histórico familiar
interfere?
A bipolaridade não tem uma causa totalmente definida. No entanto,
existem alguns indícios já apontados pela ciência.
Os fatores genéticos, por exemplo, podem interferir. Além disso,
alterações no cérebro e em neurotransmissores também podem
causar bipolaridade.
Em pessoas com predisposição ao transtorno, alguns eventos podem
desencadear o aparecimento da bipolaridade, dentre eles:
 depressão;
 puerpério;
 estresse prolongado;
 remédios que inibem o apetite;
 problemas na tireoide.

Quando e onde buscar ajuda?


Se você suspeita que possui algum dos sintomas acima ou suspeita
que pessoas próximas possam ter bipolaridade, não hesite em marcar
uma consulta com um psicólogo para fazer um diagnóstico e iniciar o
tratamento.
Este, por sua vez, é constituído por sessões de psicoterapia e
medicamentos psiquiátricos prescritos pelo psiquiatra.

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