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Estado Nutricional de Mulheres Grávidas atendidas no Centro de Saúde de Cerâmica

2023

dr. Simone Jovêncio José Augusto1, Msc. Filomena Boaventura Sitoe2, drª. Cristina
Gujaguja³, Msc. Balduino Aleixo⁴

Universidade Rovuma – Niassa

Simonaugusto6@gmail.com
Resumo
Introdução: O estado nutricional em mulheres grávidas é um problema de saúde pública em
Moçambique, a prevalência nacional de sobre a desnutrição em mulheres grávidas vem
aumentando devido a má nutrição durante a gestação. Objectivos: Esta pesquisa foi realizada
com o objectivo de avaliar o estado nutricional em Mulheres Grávidas atendidas no Centro de
Saúde de Cerâmica. Identificando o perfil nutricional dessas mulheres, e descrevendo os
factores que influenciam no seu estado alimentar e nutricional das gestantes, Metodologia:
tratou-se de um estudo descritivo e envolve técnicas de colecta de dados como questionário,
entrevista, e medições antropométricas, revisão bibliográfica, numa abordagem qualitativo.
Quanto a amostra foi cerca de 153 gestantes atendidas no Centro de Saúde da Cerâmica.
Resultados: cerca de 88.2%, das gestantes atendidas no Centro de Saúde da Cerâmica sem
nível de escolaridade e 11.8% com o ensino médio completo, na sua maioria são adultas e
conscientes nas exigências nutricionais nesta fase. As gestantes não conhecem a sua massa
corporal pois não são informadas no acto do controlo, factor que pode impulsionar o
sobrepeso nelas. Quanto ao estado nutricional 20 (13%) baixo peso, 47 (30,7%) peso
adequado, 77 (50,3%) sobre peso; 9 (6%) obesidade, e os dados antropométricos mostraram
que 87 (57%) apresentaram desnutrição moderada e 29 (19%) apresentaram uma desnutrição
grave e 37 (24%) com um estado nutricional normal. Conclusões: O perfil nutricional das
gestantes atendidas no centro de saúde de cerâmica é baixo. Os factores que influenciam no
baixo estado nutricional são o nível de escolaridade baixo, socioeconómicas, e
Sociodemográficas.

Palavras-chave: Avaliação, Alimentar, Nutricional, Gestantes, Cerâmica.


Summary

Introduction: Nutritional status in pregnant women is a public health problem in Mozambique, the
national prevalence of malnutrition in pregnant women comes I aurnert due to malnutrition during
pregnancy. Objectives: This research was carried out With the objective of evaluating the nutritional
status of pregnant women attended at the Center for Ceramica Health. Identifying the nutritional
profile of these women, and describing the Factors that influence the dietary and nutritional status of
pregnant women, Methodology: This was a descriptive study involving data collection techniques
from the questionnaire, Interview, and arthropometric measurements, bibiographical review, in a
qualitative approach. The sample consisted of around 153 pregnant women treated at the Ceràmica
Health Center. Results: around 88.29% of pregnant women treated at the Ceramica Health Center
without Level of education and 11.89% have completed secondary education, most of them are adults
and Aware of nutritional requirements at this stage. Pregnant women do not know their mass Body as
they are not informed at the time of control, a factor that can boost the Overweight on them. Regarding
nutritional status, 20 (13%) were underweight, 47 (30.7%) were underweight Adequate, 77 (50.39%)
overweight; 9 (6th) obesity, and anthropometic data showed That 87 (579%) had moderate
malnutrition and 29 (199%) had malnutrition Gave and 37 (24%) with a normal nutritional status
Conclusions: The nutritional profile of Pregnant women attended at the health center of Ceramica and
low. The factors that influence the Low nutritional status are low educational level, socio-economic,
and Sociodemographics

Keywords: Avabation, Food, Nutritional. Pregnant women, Ceramics.


INTRODUÇÃO

Durante a gestação, o corpo da mulher passa por constantes mudanças metabólicas e


fisiológicas. As mudanças fisiológicas incluem o aumento do volume sanguíneo, da função
cardíaca e renal e a redução do movimento do gasto intestinal. Para bem se adaptar a essas
mudanças no organismo é preciso atenção redobrada com a alimentação, no período que vai
da preconcepção a lactação, lembrando que quadros de desnutrição, sobre peso ou obesidade
necessitam de mais cuidados.5

A situação Alimentar e Nutricional em Mulheres Grávidas em todo o mundo, mais de 1 bilhão


de mulheres sofrem de desnutrição (incluindo baixo peso e baixa estatura), deficiências em
micronutrientes essenciais e anemia, com consequências devastadoras para sua vida e seu
bem-estar. A nutrição inadequada durante a gestação pode levar ao enfraquecimento da
imunidade, desenvolvimento cognitivo prejudicado e risco aumentado de complicações com
risco de vida – inclusive durante a gravidez e o parto, com consequências perigosas e
irreversíveis para a sobrevivência, o crescimento, o aprendizado e a capacidade futura de
renda de seus filhos e filhas (UNICEF sobre a Crise Nutricional Global em mulheres grávidas
(2023).

Segundo o relatório Global de Nutrição divulgado pela UNICEF (2021), O estado nutricional
em mulheres grávidas e crianças é um problema de saúde pública em Moçambique, a
prevalência nacional de sobrepeso em menores de cinco anos era de 7,8%, que aumentou para
9,6% em 2022 devido a má nutrição durante a gestação. A prevalência nacional de
insegurança alimentar em mulheres gestantes era de 42,9% (valor muito superior ao da média
dos países em desenvolvimento que era de 25%). Em 2018, a prevalência da insegurança
alimentar em mulheres era também preocupante, sendo de 6,1% (valor inferior à média dos
países em desenvolvimento que era de 8,9%).

Na cidade de Lichinga, em algumas regiões habitadas da cidade, prevalece a alimentação com


base na dieta não muito favorável principalmente em mulheres grávidas, seguidas por
tradições recomendadas pelas entidades mais velhas. Nestas regiões a alimentação tem sido
controversa da recomendada pelas entidades da Organização

Através dos mitos, tende a ter hábitos tradicionais de alimentação e inadequada e, com isso
contribui para a ocorrência de um estado nutricional baixo assim como originar ou agravar
carências nutricionais ou patologias, como a diabetes gestacional, a anemia a hipertensão ou
mesmo problema durante o trabalho de parto (SETSAN, 2015),

Metodologia
Este é um estudo qualitativo, descritivo e transversal, usou métodos de amostragem não-
probabilística por conveniência.

População em estudo: fizeram parte do estudo mulheres grávidas com os períodos de gestação
entre o primeiro e o sétimo mês de gestação todas em acompanhamento no Centro de Saúde
de Cerâmica-Lichinga e incluiu três funcionários do mesmo centro de saúde que trabalham
directamente com gestantes (2 nutricionistas e uma enfermeira das consultas pré-natal).
Foram inclusas as mulheres grávidas dentro dos parâmetros estabelecidos e em
acompanhamento naquela unidade sanitária independente da idade, raça e entre outras.

Não participaram da pesquisa as gestantes que não estiveram cadastradas naquela unidade
sanitária, as que estavam prestes a dar luz, e as que não apresentarem um bom estado de
saúde.

O cálculo da amostra foi feito de acordo com Martins F.A et al, com 95% de intervalo de
confiança e 5% de erro amostral.2

Local de estudo: o estudo foi realizado no norte de Moçambique, província de Niassa, no


Centro de Saúde de Cerâmica localizado na zona urbana da cidade de Lichinga.

Recolha de dados: os dados foram recolhidos em um mês (Agosto), usou-se o questionário


para as mulheres que sabem ler e entrevista para as mulheres que não sabem ler, que tinha
como objectivo analisar os factores sociodemográficos e os factores associados.1

A partir do roteiro de entrevista contendo perguntas fechadas e abertas, os dados foram


analisadas e tratadas de forma percentual, sendo o tratamento do mesmo feito por meio do
programa Microsoft office Excel 2019, para a pesquisa qualitativa através de gráficos e
tabelas.
Resultados
O presente estudo contou com a participação de 153 mulheres grávidas, com idades
compreendidas de 18 a 35 anos, de primeiro ao sétimo mês de gestação. Destas, 88.2%
correspondente a 135 gestantes não são escolarizadas e 18 correspondentes à 11.8% com
situação escolar oposta. Das escolarizadas 22.2% correspondentes a 4 gestantes terminaram
apenas o ensino primário, 77.8% que corresponde à 14 terminaram o ensino geral. Inerente ao
número de filhos, das 153 gestantes entrevistadas, 76 têm 2 ou mais filhos, 10 dizem ter 1
filho, e 67 afirmam ser mães da primeira viagem.

Das 153 gestantes, 125 Correspondentes à 82%, afirmaram não conhecer a sua massa
corporal, e 28 correspondente a 18% conhecem a sua massa corporal. (Gráfico 1): Peso
gestacional.
Gráfico 2: Peso gestacional
82%

18%

Nao conhecem o seu Conhecem o seu


peso peso

20 (13%) apresentaram um IMC <18,5 à 20,7 kg/m2 o que indica um baixo peso, 47
correspondentes à 30,7% apresentaram um IMC no intervalo de 22,8-27,5 kg/m2 que indica
um peso adequado, 77 que corresponde à 50,3% com um IMC de 28,7 kg/m 2 que indica um
sobre peso e 9 que corresponde à 6% mostrou um IMC >30, o que indica a obesidade, de
acordo com os padrões da OMS. (gráfico 2).
Gráfico 3: Caracterização do estado nutricional das gestantes pelo IMC, segundo critérios da
OMS.
50,3%
30.7%
13.0%
6.0%

Para o perímetro braquial, cerca de 57% que corresponde à 87 gestante apresentaram


desnutrição moderada e (29) 24% demostraram um estado de nutricional grave, e 37 (24%)
apresentaram um estado nutricional normal (Tabela 1).

Tabela 1. Medição do Perímetro Braquial nas gestantes.

Intervalos do perímetro braquial Número de Percentagem Classificação


(cm) gestantes (%) segundo a
OMS
] ≤ 21] 29 19 Grave
[22 – 23] 87 57 Moderada

[≥ 23.5] 37 24 Normal

Total 153 100

Para os factores verificados, quando questionadas se participam em palestras ligadas em saúde


nutricional, (135) 90.2% afirmam não participar, alegando “não haver palestras no centro de
saúde”, ou “não terem conhecimento dessas palestras”. (15) 9.8% afirmam participar em
palestras sobre saúde nutricional durante a gestação, neste centro de saúde. (Gráfico 3).
Gráfico 3: Participação em palestras nutricionais.
90.20%

9.80%
Das 153 gestantes entrevistadas, 8 (5.2%) dizem ter uma profissão, 145 (94.8%) afirmam não
terem uma profissão.

Gráfico 4: dados referentes a profissão.


0.948

0.052

Tem Não tem


profissão profissão
Entrevistas com os funcionários que trabalham com as gestantes.

Questionadas se tem realizado palestras naquela unidade sanitária responderam: “sim, duas
vezes por semana com uma escala ideal”.
Questionadas sobre o acompanhamento nutricional das gestantes atendidas naquele centro de
saúde, estas, declararam que “sim e sempre”.

DISCUSSÃO
O aumento de prevalência do sobrepeso está relacionado com os hábitos alimentares
inadequados durante a gestação pode acarretar complicações ao concreto como: aborto
espontâneo, macrossomia, restrição de crescimento intra-uterino, parto prematuro, baixo peso
ao nascer e aumento das taxas de morbi-mortalidade perinatal. Nas gestantes: diabetes
gestacional, hipertensão arterial e pré-eclâmpsia que na gestação aparece como principal
causa de morbidade materna entre gestantes obesas e, hipertensão induzida pela gestação. 8

Num estudo sobre assistência nutricional no pré-natal de mulheres atendidas em Unidades de


Saúde, destaca que a insegurança alimentar como proveniente das situações socioeconómicas
apresentadas pelas participantes deste estudo. Condições desfavoráveis relacionadas a
educação dessas gestantes, restrições financeiras, situações adversas relacionadas à família,
como as impacto racial e laboral contribuem para a acentuação e/ ou potencialização da
prevalência de insegurança alimentar e nutricional.6
Um dos factores a falta de acompanhamento e a realização de palestras acerca da relevância
dos hábitos alimentares de gestantes se devem ao impacto da alimentação na saúde da mãe e
do filho. Portanto, o acompanhamento nutricional pode ser considerado um factor positivo
para prevenir a morbimortalidade da gestante, melhorar a saúde da mãe e do bebé, e os
desfechos pré e pós-parto, além de promover um bom prognóstico nos primeiros anos de
saúde da criança.5,7

Em um estúdio realizado com cerca de 428 gestantes em Maceió- AL, os autores afirmam
que, condições como famílias numerosas é factor que se mostrou associado a prevalência de
insegurança alimentar, tendo como consequências importantes nesse cenário, para as
gestantes, casos de anemia mais elevadas e outros distúrbios decorrente da má alimentação, o
que reforça a hipótese da relação de algumas doenças com menor padrão socioeconómico.4

O estado nutricional e segurança alimentar mostra dados semelhantes ao deste estudo no que
se refere ao número de agregados familiares como um dos factores principais que contribuem
para a ocorrência da insegurança alimentar e o estado nutricional desfavorável, das
entrevistadas, onde das 150 participantes em sua pesquisa 79% estavam morando com cerca
de 8 - 9 membros em uma família.2

A falta de renda familiar impossibilita na aquisição de alimentos, é um factor importante que


pode predispor ao aparecimento de situações potencialmente de risco para a mãe e ao recém-
nascido, pois está associada ao baixo peso ao nascer, à mortalidade perinatal, mortalidade
neonatal, mortalidade infantil, assim como a um maior número de gestações.6
As palestras ou educação nutricional visa dar uma melhor escolha de alimentação para a mãe
assim como saber o que comer, e assim, melhorar seus hábitos alimentares.9

As recomendações nutricionais na gestação devem abranger todas as necessidades específicas


desta fase, mas também ter em conta cada mulher em particular, considerando as variações
individuais quanto às necessidades específicas, incluindo dimensões corporais, actividade
física, idade e número de gestações.1

As palestras vêm contribuindo de uma forma significativa para o combate a desnutrição e


desfechos de gravidezes com carências nutricionais. A educação alimentar e nutricional é uma
estratégia fundamental de promoção da saúde, com o intuito de estimular o hábito da boa
alimentação. Os conteúdos ligados em nutrição devem ser divulgados de forma constante e
frequente, não só nos hospitais e/ou centro de saúde, mas também no ceio da comunidade
através de meios de informação.7
A assistência pré-natal o acompanhamento nutricional é de extrema importância e que deve
ser feita de forma constante e sempre que a mulher for a unidade sanitária, fazer tanto para a
mulher como para o feto, pois, tem como objectivo principal, reconhecer os factores de risco,
identificar o estado nutricional, permitindo intervenções terapêuticas e preventivas na
intenção de reduzir ou eliminar factores e comportamento de risco passíveis de serem
corrigidos, além de planejar a educação nutricional.3,6

CONCLUSÕES

 Concluiu-se neste estudo que o perfil nutricional das mulheres grávidas atendidas no
centro de saúde de Cerâmica é inadequado ou baixo,

 Os factores que influenciam no baixo estado nutricional das gestantes atendidas no


Centro de Saúde da Cerâmica são: condições socioeconómicas, a não realização de
palestras, nível de escolaridade baixo e sociodemográficos.

 Propõe-se o aumento da disseminação das informações referentes á alimentação


nutricional das gestantes através dos rádios comunitários, cartazes, partindo das
entidades locais assim como os agentes de saúde daquele centro de saúde, através de
palestras constantes nos quarteirões e diárias no centro de saúde, controlo rigoroso
pelos agentes da saúde, das gestantes que frequentam aquele centro de saúde.
Bibliografia

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