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ANÁLISE

FUNCIONAL DO
COMPORTAMENTO
Profa. Ana Terra
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EMENTA
• O modelo aplicado da Análise do Comportamento para a compreensão do comportamento humano.
Metodologias de avaliação e intervenção em análise do comportamento.
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OBJETIVOS
• Garantir a apropriação crítica do conhecimento teórico e assegurar uma visão abrangente dos diferentes
métodos e estratégias de produção de conhecimento científico em Psicologia, abordam-se o referencial teórico
e metodológico da Análise Funcional do Comportamento enfatizados os seus aspectos epistemológicos e
históricos.

• ESPECÍFICOS:
• Analisar, descrever e interpretar relações funcionais entre contextos ambientais e comportamentos.
• Descrever e analisar manifestações verbais e não verbais.
• Ler e interpretar comunicações científicas e relatórios na área de Psicologia Comportamental.
• Levantar informação bibliográfica em indexadores, periódicos, livros, manuais técnicos e outras fontes especializadas
através de meios convencionais e eletrônicos.
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COMPETÊNCIAS
• Análise do campo de atuação da Psicologia Comportamental e seus desafios contemporâneos.
• Avaliação dos fenômenos de ordem comportamental em ambientes de atuação profissional.
• Planejamento e ação coerente com referenciais teóricos da análise do comportamento e características da
população-alvo.
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
1. Contribuições da filosofia do behaviorismo radical para a prática profissional:
- Modelo de seleção por consequências e conceito de liberdade.
2. Contribuições da análise do comportamento para a prática profissional:
- Operações motivadoras e episódios emocionais.
3. Avaliação e Análise Funcional do Comportamento.
4. Transtornos psiquiátricos.
5. Primeira, Segunda e Terceira geração das terapias comportamentais.
6. Psicoterapia Analítico Funcional.
7. Procedimentos e metodologias de aplicação:
- Brincar como ferramenta de avaliação e intervenção.
- Treino de habilidades comportamentais.
- Redução do medo e ansiedade.
- Modificação do comportamento cognitivo.
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AVALIAÇÃO
1. Provas bimestrais, individuais, escritas, sem consulta:
1.1. As provas irão conter 12 questões, sendo 10 questões objetivas e 2 questões dissertativas.
1.2. O valor de cada uma das 10 questões objetivas é de 0,6 pontos.
1.3. O valor de cada uma das 2 questões dissertativas é de 2,0 pontos.

2. Trabalho: No segundo bimestre será solicitada a realização de um trabalho em grupo (máximo de 5 alunos)
elaborado em conformidade com as normas da ABNT.
Os alunos deverão escolher um filme e realizar a análise funcional de comportamentos de algum
personagem.
No trabalho escrito, o grupo deverá: introduzir com um resumo do enredo do filme; introduzir o
personagem escolhido e os comportamentos-alvo da análise; realizar a análise funcional de cada um dos
comportamentos.
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AVALIAÇÃO
Composição da nota bimestral:

• NP1: Prova avaliada de zero (0,0) a dez (10,0) pontos.

• NP2: Prova avaliada de zero (0,0) a dez (10,0) pontos, com peso 8 (oito) e o trabalho valendo de zero (0,0) a dez
(10,0) pontos com peso 2 (dois).
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BIBLIOGRAFIA
• BÁSICA
• BORGES, N. B.; CASSAS, F. A. Clínica analítico-comportamental: aspectos teóricos e práticos. Porto Alegre: ARTMED,
2012.
• DE FARIAS, A. K. C. R. Análise Comportamental Clínica: aspectos teóricos e estudos de caso. Porto Alegre: Artmed,
2010.
• SANTOS, L. P.; GOUVEIA, J. P. & OLIVEIRA, M. S. Terapias comportamentais de terceira geração: guia para
profissionais. Novo Hamburgo: SINOPSYS, 2015.
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BIBLIOGRAFIA
• COMPLEMENTAR
• MARTIN, G.; PEAR, J. Modificação de Comportamento - O que é e Como Fazer? São Paulo: Editora Roca, 2009.
• MILTENBERGER, R. G. Modificação do Comportamento: Teoria e Prática. São Paulo, SP: CENGAGE, 2018.
• SILVARES, E. F. M. Estudos de Caso em Psicologia Clínica Comportamental Infantil. Campinas: Papirus, 2000.
• SKINNER, B. F. Ciência e Comportamento Humano. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
• VANDENBERGHE, L. (2017). Três faces da Psicoterapia Analítica Funcional: Uma ponte entre análise do
comportamento e terceira onda. Revista Brasileira De Terapia Comportamental E Cognitiva, v. 19, n. 3) p. 206–219.
Disponível em: https://doi.org/10.31505/rbtcc.v19i3.1063
10

BIBLIOGRAFIA
• Artigos de Periódicos
• ANDERY, M. A.; MICHELETTO, N.; SÉRIO, T. M. Modo causal de seleção por consequências e a explicação do
comportamento. Comportamento e Causalidade, p. 31-48, 2006. Disponível em:
https://www.pucsp.br/sites/default/files/download/posgraduacao/programas/psicologia-
experimental/comportamento_causalidade_2009.pdf
• BANACO, R. A. O acesso a eventos encobertos na prática clínica: um fim ou um meio? Revista Brasileira de
Terapia Comportamental e Cognitiva, v. 2, n. 2, p. 135-142, 1999.
• BOLSONI-SILVA, Alessandra Turini. Habilidades sociais: breve análise da teoria e da prática à luz da análise do
comportamento. Interação em psicologia, v. 6, n. 2, 2002. Disponível em:
http://dx.doi.org/10.5380/psi.v6i2.3311
• BOLSONI-SILVA, Alessandra Turini; CARRARA, Kester. Habilidades sociais e análise do comportamento:
compatibilidades e dissensões conceitual-metodológicas. Psicol. rev. (Belo Horizonte), Belo Horizonte, v. 16, n.
2, p. 330-350, ago. 2010. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-
11682010000200007&lng=pt&nrm=iso
• BRANDENBURG, O. J.; WEBER, L. N. D. Autoconhecimento e liberdade no behaviorismo radical. Psico-USF
[online]. 2005, v. 10, n. 1, pp. 87-92. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1413-82712005000100011
11

BIBLIOGRAFIA
• Artigos de Periódicos
• BUENO, G. N.; NOBREGA, L. G.; MAGRI, M. R.; BUENO, L. N. (2014). Psicopatologias de acordo com as
abordagens tradicional e funcional. Comportamento em foco, v. 4, p. 27-37, 2014. Disponível em:
https://abpmc.org.br/wpcontent/uploads/2021/08/141622281567a933aae65d.pdf
• COSTA, S. E.; MARINHO, M. L. Um modelo de apresentação de análise funcional do comportamento. Revista
de Estudos de Psicologia (Campinas), 19(3), 43-54, 2002. Disponível em: http://www.puc-
campinas.edu.br/centros/ccv/estudos psicologia/artigos/5-19-3.pdf
• LEONARDI, J. L. O lugar da terapia analítico-comportamental no cenário internacional das terapias
comportamentais: um panorama histórico. Perspectivas em Análise do Comportamento, v. 06, n. 2, p. 119–131,
2015. Disponível em: http://doi.org/10.18761/pac.2015.027
• MATOS, M. A. (2001). Comportamento governado por regras. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e
Cognitiva, 3(2), 51-66 (2001) Disponível em:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-55452001000200007
12

BIBLIOGRAFIA
• Artigos de Periódicos
• MATOS, M. A. Análise funcional do comportamento. Revista Estudos de Psicologia, 16(3):8-18, 1999.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/estpsi/v16n3/a02v16n3.pdf
• MIGUEL, C. F. O conceito de operação estabelecedora na análise do comportamento. Psicologia: Teoria e
Pesquisa [online]. 2000, v. 16, n. 3, pp. 259-267. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0102-
37722000000300009>
• SKINNER, B. F. Seleção por consequências. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva. Belo
Horizonte, v. 9, n. 1, 2007. Disponível em: <http://pepsic.bvs-
psi.org.br/scielo.php?script=sciarttext&pid=S1517554520070001000 10&lng=pt&nrm=iso>
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AULA 2
O modelo de seleção por consequências e sua
implicação para a compreensão do
comportamento humano.
MODELO DE CAUSALIDADE
14

• Um sistema explicativo é um conjunto de leis e descrições sobre um dado


fenômeno/objeto de estudo
• Intervenções analítico-comportamentais baseadas no sistema explicativo ANÁLISE
DO COMPORTAMENTO

• Todo sistema explicativo fundamenta-se em um Modelo de Causalidade


• Modelos de Causalidade compreendem as suposições do profissional sobre:
• Como os objetos de estudo/eventos são constituídos
• ‘Causas’ desses objetos de estudo/eventos
• Relações entre os eventos de interesse
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MODELO DE CAUSALIDADE
• Modelo de Causalidade assumido pelo Sistema Explicativo Análise do
Comportamento – MODELO DE SELEÇÃO PELAS CONSEQUÊNCIAS
• Fundamentando nas proposições de Charles Darwin sobre Evolução das Espécies
• Substitui:
• Explicações baseadas em agentes iniciadores autônomos – desejo, vontade, força
psíquica/mente (“fiz porque quis”)
• Explicações teleológicas – propósitos ou intenção como causa final (“ele fez porque é da
personalidade dele!”)
16

MODELO DE CAUSALIDADE
• Dois processos relevantes:
• VARIAÇÃO: pequenas variações anatômicas/fisiológicas/comportamentais. Algumas promovem
sobrevivência

• SELEÇÃO: algumas variações são selecionadas por suas consequências (sobrevivência e


reprodução)

• Skinner (1953) aplicou esse mesmo paradigma ao comportamento


17

MODELO DE CAUSALIDADE
• “A existência de um operante (entendido como conjunto de interações organismo-
ambiente que envolvem especialmente ações e suas consequências) – é explicada
pela existência de certas variações (que ocorrem sem direção certa) nas respostas
emitidas por um indivíduo e pela seleção de tais variações por consequências
comportamentalmente relevantes (fundamentalmente, estímulos reforçadores),
ou seja, pela aumentada recorrência de tais respostas e de suas consequências”
(p.4)
18

MODELO DE CAUSALIDADE
• Unidade de Análise comportamental: operante (e se dá no âmbito individual –
ontogênese)
• Operante = ‘uma população de respostas individuais que produzem (ou produziram)
certa consequência’ (p.4)
• Ex: operante ‘ir para casa’ – É parte do repertório de um indivíduo e composto por todas
as respostas necessárias para chegar em casa (a pé? de ônibus? De bicicleta?).
SELEÇÃO PELAS
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CONSEQUÊNCIAS
• Ênfase em variáveis históricas e atuais; importância de considerar diferentes
contextos
• O papel da interação – o comportamento não ocorre no vácuo e nem é uma
entidade em si mesma
• ‘ (um comportamento) que se constituiu no curso das interações dela, e que
ocorre hoje e tenderá continuar ocorrendo, caso o ambiente selecionador não
mude, porque foi selecionado pelas consequências que produziu”
SELEÇÃO PELAS
20

CONSEQUÊNCIAS
• NA CLÍNICA. É possível promover seleção de comportamento operante através
de estratégias de intervenção baseada no reforço diferencial (DRA, DRO, DRI,
DRL)
SELEÇÃO PELAS
21

CONSEQUÊNCIAS
• NA CLÍNICA. É possível promover seleção de comportamento operante através
de estratégias de intervenção baseada no reforço diferencial (DRA, DRO, DRI,
DRL)
• (1) reforço diferencial de outros comportamentos (DRO): liberação do reforço após um
determinado intervalo de tempo no qual o comportamento inadequado não é emitido, reforçando-
se assim a ocorrência de qualquer outro comportamento que não aquele que se pretende reduzir a
frequência ou extinguir
• (2) reforço diferencial de baixas taxas (DRL): reforço é liberado depois de um intervalo fixo
durante o qual o comportamento indesejado é emitido em número igual ou inferior a um índice
pré-determinado
SELEÇÃO PELAS
22

CONSEQUÊNCIAS
• NA CLÍNICA. É possível promover seleção de comportamento operante através
de estratégias de intervenção baseada no reforço diferencial (DRA, DRO, DRI,
DRL)
• (3) reforço diferencial de comportamentos incompatíveis (DRI): liberação do reforço depois de
uma ou mais ocorrências de um comportamento que seja topograficamente incompatível com o
comportamento inadequado
• (4) reforço diferencial de comportamentos alternativos (DRA): reforço é liberado depois de
uma ou mais ocorrências de um comportamento particular, que seja ensinado ou treinado, e que
não necessariamente seja incompatível com o comportamento indesejado
SELEÇÃO PELAS
23

CONSEQUÊNCIAS
• Ambiente tem papel tanto de SELECIONADOR quanto INSTANCIADOR
• Papel selecionador – consequências ambientais (SR) selecionam classes de
respostas com certas características
• Classes de Respostas tornam-se mais prováveis naquele ambiente

• Papel instanciador – ambiente evoca instância de comportamento (SDs)


• Ex: queremos ensinar Juliana a solicitar o que deseja para os pais
• a presença dos pais torna mais provável que Juliana solicite algo que deseja
• Selecionador ou Instanciador?
SELEÇÃO PELAS
24

CONSEQUÊNCIAS
• Ambiente tem papel tanto de SELECIONADOR quanto INSTANCIADOR
• Importância dessa distinção?
“DESCUBRA SE A PESSOA SABE O QUE FAZER E COMO FAZÊ-LO, MAS NÃO OU
FAZ;
OU SE ELA NÃO SABE O QUE FAZER OU NÃO SABE COMO FAZÊ-LO” (Glenn e
Field, 1994, p. 256)
SELEÇÃO PELAS
25

CONSEQUÊNCIAS
• Ambiente tem papel tanto de SELECIONADOR quanto INSTANCIADOR
• Importância dessa distinção?
• Saber qual papel do ambiente que precisa ser alterado na intervenção –
selecionador ou instanciador
MULTIDETERMINAÇÃO
26

• Multideterminação do Comportamento = inter-relação entre diversas causas no


comportamento humano
• Comportamento humano é produto de:
• Contingências de sobrevivência responsáveis pela seleção natural das espécies
• Contingências de reforçamento responsáveis pelos repertórios adquiridos
individualmente
• Contingências especiais mantidas por um ambiente social evoluído
MULTIDETERMINAÇÃO
27

• Filogênese – explica evolução de


• Características fisiológicas e anatômicas das espécie
• Relações comportamentais específicas (inatas)
• Processos envolvidos na aprendizagem (o próprio condicionamento respondente/operante é
filogeneticamente selecionado)
MULTIDETERMINAÇÃO
28

• Cultura – outros membros de uma mesma espécie são presentes e fundamentais


para o ambiente de qualquer organismo
• O outro favoreceu a ampliação de comportamentos sociais no repertório individual
• Na espécie humana, foi fundamental para a seleção do comportamento verbal
• Operantes selecionados por reforçamento a nível individual passaram a ser
propagados entre diferentes indivíduos – gera práticas culturais (reprodução de
comportamentos em diferentes indivíduos e em diferentes gerações)
MULTIDETERMINAÇÃO
29

• Cultura – junto com o comportamento verbal, é possível a troca de informações e


o acesso ao mundo privado
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO
30

• Comunidade verbal – essencial para a construção da subjetividade


• Subjetividade = história de condicionamento operante + cultura
• ESSENCIAL que o Analista do Comportamento em sua prática compreenda não
só da teoria analítico-comportamental, mas também das influencias biológicas e
comportamentais do comportamento do indivíduo (três níveis de seleção;
multideterminação)
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO
31

• Exemplo do texto:
32

AULA 3
Operações motivadoras e suas funções. Tipos
de operações motivadoras: estabelecedoras,
abolidoras, condicionais e incondicionais.
DISCUSSÃO
33

• Diferenças entre a abordagem da motivação no senso comum e na análise do


comportamento
OPERAÇÕES MOTIVADORAS
34

• Na Psicologia, o termo “motivação” tem um significado diverso, amplo e


confuso
• Mook (1996, p. 4): Na Psicologia, “o estudo da motivação é a busca de princípios
que nos ajudem a entender por que as pessoas e animais iniciam, escolhem ou
persistem em ações específicas em circunstâncias específicas”
• Dicionário de Psicologia de Reber (1985): “Processos intervenientes ou estados
internos do organismo que o impelem ou impulsionam para a ação”
OPERAÇÕES MOTIVADORAS
35

Operações motivadoras: entendido como um ‘drive’, um ‘impulso, para modificações


no comportamento
• CUIDADO! Não entender enquanto estado interno, mas como um produto da
relação entre organismo e ambiente
OPERAÇÕES MOTIVADORAS
36

• Michael (1982) propôs o termo operação estabelecedora – estímulos antecedentes


envolvidos numa relação comportamental e que estão relacionados aos aspectos
motivacionais
• Dupla função do estímulo antecedente: evocador e alterador de função
• “Pode-se levar o cavalo até a água, mas não pode obriga-lo a beber”
CONTINGÊNCIA

ANTECEDENTES que CONSEQUENTES


evocam CPTO
SD produz . Reforços + e –

ANTECEDENTE não que CONSEQUENTES


CPTO
S∆ evoca produz . Punidores + e –
. Extinção
CONTINGÊNCIA

ANTECEDENTES
que CONSEQUENTES
SD evocam CPTO
produz . Reforços + e –
Operações Motivacionais

ANTECEDENTE
S∆ não que CONSEQUENTES
CPTO
Operações Motivacionais evoca produz . Punidores + e –
. Extinção

Interação entre
Contingências passadas Contingências atuais
OPERAÇÕES MOTIVADORAS
39

• Apresentam dois efeitos principais sobre o comportamento:


1. Alteram a efetividade de algum evento como reforçador ou punidor
2. Alteram a probabilidade de respostas que no passado tenham produzido tal consequência

• Exemplos: ingestão de sal, mudança de temperatura, estimulação aversiva


• O controle exercido pelo SD e os SRs contingentes ao compto seriam suficientes
para ocorrência de um compto?

• Os estímulos não são per se reforçadores, como também não são reforçadores
o tempo todo

Ex: Ir à praia não é reforçador para algumas pessoas


Ir à praia tende a ganhar valor reforçador no verão

Ex: Tirar boas notas não é reforçador para algumas pessoas


Tirar boas notas pode perder valor reforçador quando o aluno está apaixonado

O aumento da temperatura e estar apaixonado são variáveis motivacionais, ou seja, variáveis que
aumentam e diminuem, respectivamente, o valor reforçador de um estímulo.

Essas variáveis são denominadas de Operações Estabelecedoras ou Abolidoras


OPERAÇÕES MOTIVADORAS
41

1) Função Alteradora da Efetividade dos Estímulos: aumenta ou diminui a


efetividade. Podem ser:
• ESTABELECEDORA: eventos ambientais que tornam as respostas de uma classe
operante mais prováveis de serem emitidas, por aumentar a efetividade reforçadora
ou diminuir a efetividade punidora da consequência
• Exemplos?
OPERAÇÕES MOTIVADORAS
42

1) Função Alteradora da Efetividade dos Estímulos: aumenta ou diminui a


efetividade. Podem ser:
• ABOLIDORA: tornam respostas de uma classe operante menos prováveis de
ocorrerem por diminuir a efetividade reforçadora ou aumentar a efetividade
punidora da consequência
• Exemplos?
Título da apresentação 43

OPERAÇÕES MOTIVADORAS
OM ESTABELECEDORA: respostas mais prováveis
por
Aumenta efetividade --> SR
Diminui efetividade --> P

OM ABOLIDORA: respostas menos prováveis por


Aumenta efetividade --> P
Diminui efetividade --> SR
OPERAÇÕES MOTIVADORAS
44

• OPERAÇÕES MOTIVADORAS
• INCONDICIONADAS: Operações ambientais que afetam o valor reforçador/punitivo
de uma consequência a partir de uma história filogenética
• Funcionam como variáveis motivacionais, de maneira geral, para os membros de uma mesma espécie
• Abrangem SRs/SPs incondicionados
• São inatas, mas a motivação evoca um compto aprendido

• Ex: Se a pessoa está com calor, há uma probabilidade alta que emita comptos que produzam alívio do
calor.
• O tipo de compto (ligar o ar condicionado, tirar a roupa, solicitar que alguém lhe abane etc.) depende da
história de aprendizagem e do contexto cultural
OPERAÇÕES MOTIVADORAS
45

• OPERAÇÕES MOTIVADORAS

• INCONDICIONADAS: Operações ambientais que afetam o valor reforçador/punitivo de uma consequência a


partir de uma história filogenética

• Privação
• Ex: muito tempo sem contato físico (carinho, sexo), comida, água

• Saciação
• Ex: fazer sexo repetidas vezes, comer muito, beber muita água

• Estimulação aversiva
• Ex: ferimento doloroso (analgésico)

• Emoções
• Ex: estar apaixonado (fazer coisas que deixam o outro feliz)

• Ex: estar com medo (local seguro)


OPERAÇÕES MOTIVADORAS
46

• OPERAÇÕES MOTIVADORAS
• CONDICIONADAS: ao longo das nossa história, nos tornamos mais sensíveis a
alguns eventos que anteriormente não éramos
• São de origem ontogenética, portanto, relacionadas à história de reforçamento de
cada organismo
• Sensibilidade adquirida por meio da aprendizagem que relaciona esses eventos
com eventos aversivos/apetitivos
Andar de ônibus diariamente (S) – Aplicar salário (R) → Comprar um carro (SR)
(OEC)
• Estímulos Discriminativos • Operações Motivacionais
• (SD e S∆) • (OMs)

• Sinalizam a disponibilidade (ou não) do • Alteram o valor do SR/SP


SR/SP
• Estabelecedora (OE): ↑ o valor do
• SD: Presença do SR SR/SP

• Abolidora (OA): ↓ valor do SR/SP


• S∆: Ausência do SR (EXT)
Presença de um SP

Estímulos discriminativos (SD e S∆) e operações motivacionais (OE e OA)


São eventos antecedentes ao comportamento
Relacionam-se com a consequência
Têm função evocativa/supressiva da resposta
SD
• Evoca comportamentos por sinalizar a disponibilidade do reforço
• Ex: Luz da caixa acesa sinaliza que, se pressão à barra ocorrer, o SR
será produzido

OE
• Evoca comportamentos por aumentar o valor do SR
• Potencializa o efeito do SD
• Ex: Privação de água aumenta o valor desse reforço e potencializa
a função evocadora da luz da caixa
OE CONDICIONADA SUBSTITUTA

• Emparelhar estímulo neutro (NS) a uma OE.


• Após o emparelhamento, a apresentação do NS altera o valor da consequência que a
OE influenciava.
• NS se tornou uma OEC-S.

Exemplo
. A palavra “batom” é emparelhada com a OE de privação de chocolate.
. A apresentação da palavra poderá ser suficiente para alterar o valor reforçador do
chocolate (mesmo sem privação, poderá haver aumento do compto de busca de
chocolate)
OE CONDICIONADA REFLEXIVA
• Evento que:
.. Estabelece sua própria retirada como uma consequência reforçadora
.. Evoca fuga/esquiva
• O evento sinalizador de estimulação aversiva funciona como uma variável motivacional
(OEC-R)

Exemplos
• Som sinalizando a ocorrência de choque
.. Estabelece sua retirada como SR-
.. Evoca compto que, no passado, o eliminou (RPb)

• Cobrador sinalizando despesas extras


.. Estabelece sua retirada como SR-
.. Evoca compto de não abrir a porta

• Luz do combustível acesa sinalizando falta de gasolina


.. Estabelece sua remoção como SR-
.. Evoca compto de abastecer o carro
53

AULA 4
Compreensão comportamental das
emoções. Funções de estímulo,
ansiedade e supressão condicionada.
DISCUSSÃO
54

• Como vocês analisariam os seguintes casos:


1. Juliana tinha 8 anos quando foi mordida pelo cachorro de sua avó. Na ocasião, Juliana sentiu muita dor e chorou
bastante, tendo que ir ao hospital para tomar injeção contra a raiva. Certo dia, Juliana foi visitar uma colega que
tinha um cachorro e começou a se sentir mal, com palpitações e sudorese, inventando a desculpa de que é
alérgica a cachorros para ir embora. Desde esse dia, Juliana sempre diz ser alérgica a cachorro para evitar sentir
palpitações e sudorese.
EPISÓDIOS EMOCIONAIS
55

• Comportamentos que ocorrem ‘dentro da pele’, ou seja, privados, não diferem de


qualquer comportamento observável, e devem ser analisados como qualquer outro
comportamento
• Emoção é um comportamento privado e é estudado pela Análise do
Comportamento (ao contrário do que muitos pensam)
• Emoções para a análise do comportamento – interação respondente e operante
EPISÓDIOS EMOCIONAIS
56

• Antes, importante relembrar da múltipla função do estímulo antecedente:


• 1) Discriminativa: evoca respostas reforçadas em sua presença (SD)
• 2) Reforçadora Condicionada: aumenta a probabilidade futura de respostas que o
antecedem
• 3) Eliciadora em relação respondente: o reforçamento de uma resposta na
presença de um estímulo o faz adquirir função de eliciador condicionado das
alterações corporais produzidas incondicionalmente (respondente) pelo estímulo
reforçador
EPISÓDIOS EMOCIONAIS
57

• Definição de Emoção para Análise do Comportamento: não é um estado do


organismo (feliz, triste), mas uma alteração na predisposição para a ação
• Tanto estímulos antecedentes (S) quanto consequentes (SR), eliciam respostas
respondentes
• Respostas respondentes = aquelas dos músculos lisos e glândulas
EPISÓDIOS EMOCIONAIS
58

• Definição Analítico-Comportamental de “Estar com raiva porque perdeu um


jogo”
1. Respostas que produzam dano ao outro, como xingar, reclamar, gritar e socar, terão sua
probabilidade aumentada
2. Respostas como aumento de batimentos cardíacos, enrubescimento, ofegar, serão eliciadas pela
punição/extinção característica da perda do jogo
3. Efetividade reforçadora de outros estímulos, como a presença da família, poderá diminuir, e a
pessoa poderá relatar que precisa ficar sozinha
EPISÓDIOS EMOCIONAIS
59

• Definição Analítico-Comportamental de “Estar com raiva porque perdeu um


jogo”
1. Respostas que produzam dano ao outro, como xingar, reclamar, gritar e socar, terão sua
probabilidade aumentada (Operante + operação motivadora estabelecedora)
2. Respostas reflexas, como aumento de batimentos cardíacos, enrubescimento, ofegar, serão
eliciadas pela punição/extinção característica da perda do jogo (relação operante e respondente)
3. Efetividade reforçadora de outros estímulos, como a presença da família, poderá diminuir, e a
pessoa poderá relatar que precisa ficar sozinha (Operações motivadoras abolidora)
Título da apresentação 60
EPISÓDIOS EMOCIONAIS
61

• Importância de saber discriminar e descrever episódios emocionais


• O mesmo nome pode ser usado sob controle de diferentes contingências (ex: ansiedade;
pode ser associada a situações ‘positivas’ ou ‘negativas’)
• Condições corporais fisiologicamente iguais estão presentes em diferentes episódios
emocionais (ex: raiva por pessoa que não consegue usar um objeto x por ter sido punido
no trabalho e é agressivo com os outros)
EPISÓDIOS EMOCIONAIS
62

• O exemplo da Ansiedade. Supressão condicionada – redução na taxa de resposta


diante de um estímulo pré-aversivo (imobilização)
• Estes e Skinner (1941). Ratos privados de alimento
• Condição 1: resposta de pressão a barra em um esquema FI 4 min até a estabilidade
• Condição 2: FI 4 min (comida) + som ( por 5 min) + choque elétrico inevitável

pareamento som + choque


• O que aconteceu?
EPISÓDIOS EMOCIONAIS
63

https://www.youtube.com/watch?v=ZlZekx1P1g4
EPISÓDIOS EMOCIONAIS
64

• O exemplo da Ansiedade. Interação respondente operante


• Respondentes: taquicardia, sudorese, alteração na pressão sanguínea que são
eliciadas por estímulos condicionais
• Operante: fuga e esquiva de estímulos aversivos condicionados e incondicionados
EPISÓDIOS EMOCIONAIS
65

“Suponha que uma pessoa diz ficar muito ansiosa para falar em público e que tem que apresentar um
seminário no trabalho no final do dia. Ela afirmará que, com o passar do tempo, sente-se cada vez mais ansiosa
e que iria embora, se pudesse. Relata taquicardia, sudorese, respiração ofegante e, na hora do almoço, diz que
não vai comer porque perdeu o apetite. Quando seus colegas vêm conversar com ela e contar piadas, não se
diverte na companha deles e quer distância das pessoas. Na hora do seminário, gagueja, treme e olha para
baixo.”
Alteração na predisposição para responder – respostas que reduzam ou evitem contato com público tem maior probabilidade
de ocorrência; e as que aumentam contato, diminuem de probabilidade

Eliciação de respondentes

Diminuição da efetividade reforçadora de outros estímulos


EPISÓDIOS EMOCIONAIS
66

• Compreensão de episódios emocionais pelo viés analítico-comportamental e


sua relevância para a clínica:
• Não cair no erro de considerar a queixa emocional apenas do paradigma respondente –
e intervir só nesse aspecto
• Tratamentos exclusivamente medicamentosos alteram apenas o padrão respondente –
mas não ensina um desempenho operante de enfrentamento e nem aumenta a
efetividade de outros estímulos – que não os que causam respostas emocionais – como
reforçadores positivos
EPISÓDIOS EMOCIONAIS
67

• E o Relato dos Episódios Emocionais?


• Importância de fornecer relatos acurados dos episódios emocionais pois oferece pistas sobre o
ambiente (privado) presente e passado do indivíduo, que são inacessíveis à observação do clínico
• PORÉM, muitas vezes as descrições verbais apresenta imprecisões quando o evento descrito está
ausente; e nomear alterações em seu corpo é um processo de aprendizagem conduzido pela
comunidade verbal (repertório auto descritivo pobre)
• O comportamento de relatar respostas verbais é um operante verbal do tipo TATO
EPISÓDIOS EMOCIONAIS
68

• Antes de aprender a relatar de maneira acurada, precisamos aprender a


observar
• O clínico, ao observar, tem dificuldade por várias das respostas serem privadas – e
mesmo quando públicas, podem ser difíceis de discriminar (ex: contrair os músculos da
face, arregalar os olhos, tremer, mudança tom da voz, lagimas)

• Importância do clinico estar avaliando a variabilidade comportamental


apresentada e comparando o repertorio do cliente previamente observado em
outros momentos - e ensinar o paciente também a observar e descrever
EPISÓDIOS EMOCIONAIS
69

• Antes de aprender a relatar de maneira acurada, precisamos aprender a


observar
• Depois, é importante se atentar aos relatos verbais – quando as verbalizações do
cliente sobre seu estado emocional estão de acordo com as mudanças corporais
observadas, traz maior confiabilidade às observações (concordância verbal x não verbal)
• A falta de repertório para descrição de comportamentos privados pode vir por uma
ausência de repertório autodescritivo ou por se esquivar de tatear acuradamente
por ser sentimentos socialmente punidos
EPISÓDIOS EMOCIONAIS
70

• Antes de aprender a relatar de maneira acurada, precisamos aprender a


observar
• O que trouxemos até aqui, foi uma identificação puramente topográfica
• Importância identificar as funções das respostas emocionais – é complexo!
• Importância de identificar os comportamentos verbais e não verbais do comportamento
emocional
• E entender como esses componentes se relacionam entre si e com o ambiente
EPISÓDIOS EMOCIONAIS
71

• Algumas funções desempenhadas por respostas emocionais


• A) Comportamento Respondente. Emoções primarias como raiva, medo, alegria são
eliciadas por condições ambientais sem necessidade de uma história de
condicionamento
• B) Reforçadora das respostas emocionais. Estados emocionais podem ser
potencialmente reforçadores ou punidores por serem naturalmente eliciados pelo
próprio comportamento do indivíduo. Ex. uso de álcool – reações corporais – reforça o
comportamento de procurar álcool
EPISÓDIOS EMOCIONAIS
72

• Algumas funções desempenhadas por respostas emocionais


• C) Operações motivadoras. Respostas emocionais podem interferir em toda cadeia
emocional subsequente, aumentando ou diminuindo a efetividade de consequências
reforçadoras, alterando a probabilidade de ocorrência de uma resposta (o exemplo da
ansiedade que vimos agora a pouco!)
AULA 5
73

Tema da Aula: Determinismo, Liberdade e as alternativas ao uso da coerção.


Liberdade como autoconhecimento

Bibliografia Básica:

DITTRICH, A. O conceito de liberdade e suas implicações para a clínica. Em: BORGES, N. B.; CASSAS,
F. A. Clínica analítico-comportamental: aspectos teóricos e práticos. Porto Alegre: ARTMED, 2012, p.
87-94.

Bibliografia complementar:

BRANDENBURG, O. J.; WEBER, L. N. D. Autoconhecimento e liberdade no behaviorismo radical.


Psico-USF [online]. 2005, v. 10, n. 1, p. 87-92. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1413-
82712005000100011
DETERMINISMO, 74

LIBERDADE E COERÇÃO

• Existe livre-arbitrio?

• Somos 100% livres?

• Nosso comportamento pode ser completamente livre de variáveis


determinantes?
DETERMINISMO
75

• Para a Análise do Comportamento – relações comportamentais são relações


causais – identificamos no ambiente de uma pessoa as causas para aquilo que ela
faz (comportamento)
• Concepção que passa a ideia de que o ser humano é PASSIVO para os analistas do
comportamento
• Correto?
DETERMINISMO
76

• Para a Análise do Comportamento – relações comportamentais são relações


causais – identificamos no ambiente de uma pessoa as causas para aquilo que ela
faz (comportamento)
• Concepção que passa a ideia de que o ser humano é PASSIVO para os analistas do
comportamento
• Correto? NÃO!
DETERMINISMO
77

• Ideia de passividade do ser humano é inadequada

• “Os homens agem sobre o mundo e o modificam e, por sua vez, são modificados pelas

consequências de sua ação.” (Skinner, 1957, p.1)

• Comportamento humano é causa para vários efeitos (modificações) em seu ambiente

• Além disso, para a análise do comportamento DECIDIR é COMPORTAR-SE – fazer algo

e, com isso, produzir consequências

• Além disso, TODO COMPORTAMENTO É UM COMPORTAMENTO DE ESCOLHA


DETERMINISMO
78

• Fazemos muitas coisas no automático por conta da nossa história de

condicionamento (experiências em situações semelhantes nos dá segurança dos

resultados de que obteremos aos nos comportar daquela forma)

• Entretanto, quando não é algo previsível, DECIDIMOS sobre como vamos nos

comportar – procurando subsídios que nos permitam tomar um curso de ação


DETERMINISMO
79

• Decidir = comportar-se

• Nascemos sabendo como decidir? Por que algumas pessoas decidem melhor, ou

com mais frequência, do que outras?


DETERMINISMO
80

• Decidir = comportar-se

• Nascemos sabendo como decidir? Por que algumas pessoas decidem melhor, ou

com mais frequência, do que outras?

• O comportamento de decidir é APRENDIDO, isso é, SELECIONADO PELAS SUAS

CONSEQUÊNCIAS

• Se é aprendido, também pode ser ENSINADO → importância para questões clínicas


DETERMINISMO
81

• Para alguns, há a ideia de indeterminismo moderado

• Segundo este pensamento, alguns comportamentos humanos não são controlados

como os outros

• O que é chamado de escolha, decisão ou livre-arbítrio, que determinantes (sejam

eles genéticos, ontogenéticos ou culturais) não exerceriam qualquer influência


DETERMINISMO
82

• O COMPORTAMENTO HUMANO É LIVRE?

• Existe livre arbítrio no determinismo?

• Primeiramente, é importante compreender que existem diversos tipos de

determinismo, inclusive na psicologia (ex. determinismo genético, determinismo

social, pré-determinismo, etc)


DETERMINISMO
83

• O COMPORTAMENTO HUMANO É LIVRE?

• Existe livre arbítrio no determinismo?

• Para Skinner, é necessário estudar as determinações do comportamento o que torna

possível vê-lo e controlá-lo

• O tipo de determinismo adotado pelo behaviorismo radical encontra-se nas

relações funcionais entre organismo e ambiente


DETERMINISMO
84

• O COMPORTAMENTO HUMANO É LIVRE?

• Isso é, o cientista do comportamento/psicólogo analista do comportamento precisa

pressupor que o comportamento é determinado – uma vez que tem como

objetivos prever e controlar o comportamento – investigar as variáveis que o

determinam

• Ora, se o comportamento é determinado pelas suas relações com o ambiente,

devemos intervir nessas relações para observar mudanças no repertório


DETERMINISMO
85

• Dessa forma, é importante salientar que a adoção de uma perspectiva determinista

não implica que ao cliente restará um papel “passivo” durante o atendimento --

cabe ao cliente mudar as variáveis das qual seu comportamento é função

• E o psicólogo o auxilia nesse processo de identificar as relações de seu comportamento

com seu ambiente


DETERMINISMO
86

“um clinico analítico-comportamental jamais desistirá de mudar o

comportamento de um cliente por julgar que ele não tem causas. Essa é a

utilidade do determinismo enquanto pressuposto no trabalho clinico”

(Dittrich, 2018, p.91)


DETERMINISMO
87

• É ai que entra o autoconhecimento/autocontrole -- torna importante para a

própria pessoa – por exemplo, em se gerenciar ou controlar – saber a variáveis que

controlam seu comportamento


LIBERDADE
88

• E o que seria a LIBERDADE adotando o DETERMINISMO como pressuposto?


LIBERDADE
89

• A) LIBERDADE COMO SENTIMENTO

• Sentimento de liberdade – quando nosso comportamento é reforçado positivamente,

sentimentos que fazemos o que queremos, escolhermos, gostamos

• B) LIBERDADE COMO DIMINUIÇÃO OU ELIMINAÇÃO DA COERÇÃO

• Do outro lado, relações comportamentais coercitivas podem gerar uma ‘luta pela

liberdade’, i.e., uma luta contra relações coercitivas – luta por liberdade politica,

econômica, religiosa, sexual


LIBERDADE
90

• C) LIBERDADE COMO AUTOCONTROLE. O clinico analítico-

comportamental deseja que seu cliente ‘tome as rédeas de sua vida’

• Independente do psicólogo – como?

• Psicólogo pode ensinar os clientes a analises seu próprio comportamento e as variáveis que

o controlam – gera nos clientes AUTOCONTROLE

• Autocontrole = capacidade de identificar e controlar algumas variáveis que controlam seu

próprio comportamento
LIBERDADE
91

• C) LIBERDADE COMO AUTOCONTROLE.

• ATENÇÃO! Autocontrole não significa que o comportamento da pessoa que o

exerce não esteja sujeito à determinação ambiental

• Porém, pessoas que exercem autocontrole são mais autônomas, independentes e

livres do que as que não o fazem


Título da apresentação 92

DICAS DE LEITURA
AULA 6
93

• Entender problemas de comportamento por meio da análise funcional.

Definição, métodos e intervenções

• Bibliografia Básica:

• NERY, L. B.; FONSECA, F. N. (2018). Análises funcionais moleculares e molares: um passo a

passo. In: FARIA, A. K. C. R.; NERY, L. B.; FONSECA, F. N. (Orgs.), Teoria e formulação de

casos em análise comportamental clínica. Porto Alegre: Artmed, p. 22-54.


ANÁLISE FUNCIONAL
94

• O modelo de seleção pelas consequências considera a causalidade ao longo do

tempo – não há um evento único ou causa única que produza linear e diretamente

um efeito – MAS RELAÇÕES FUNCIONAIS

• Qual a função daquele comportamento, para aquela pessoa, naquele contexto?

• É fundamental que se compreenda os comportamento como contingente – ou

seja, com uma relação de dependência entre o comportamento e as variáveis

ambientais que o controlam


ANÁLISE FUNCIONAL
95

• A Contingência de Reforçamento mostra relações funcionais entre o

comportamento operante e o ambiente com o qual o indivíduo interage

• Comportamento operante pode ser definido

• TOPOGRAFICAMENTE

• FUNCIONALMENTE

• Comportamentos operantes com topografias diferentes podem constituir uma classe

funcional – produzem consequência em comum


ANÁLISE FUNCIONAL
96

• A Contingência de Reforçamento mostra relações funcionais entre o

comportamento operante e o ambiente com o qual o indivíduo interage

• Como essas relações funcionais são apresentadas?

S:R→C

• A ocasião que ocorre uma resposta; a resposta; as consequências

por ela produzidas


ANÁLISE FUNCIONAL
97

• S:R→C

• ANALISE FUNCIONAL É: a identificação de relações entre o indivíduo e o seu

mundo – a observação de um comportamento (R), em um contexto (S) e a

identificação e compreensão de quais consequências (C) ele produz


ANÁLISE FUNCIONAL
98

• No comportamento operante, a probabilidade de ocorrência de uma resposta

depende de suas consequências – essencial identificar quais consequências

mantém, ou não, aquele comportamento

• A análise funcional é um instrumento básico de trabalho do

analista do comportamento -
ANÁLISE FUNCIONAL
99

• A análise funcional é um instrumento básico de trabalho do

analista do comportamento – buscamos avaliar os efeitos (C) das

condições externas (S) das quais o comportamento (R) é função

• IMPORTANTE! Não nos focamos apenas nas contingências atuais,

mas inferimos e investigamos também contingências do passado


ANÁLISE FUNCIONAL
100

• É a partir da análise funcional que o analista do

comportamento:

• Elabora hipóteses a respeito da aquisição e manutenção do

comportamento

• Possibilita a elaboração de intervenções

• Possibilita planejamento de manutenção e generalização


ANÁLISE FUNCIONAL
101

• É a Análise Funcional que permite o levantamento dos dados

necessários para o desenvolvimento do processo terapêutico, do

início ao fim

• IMPORTANTE!! TODO comportamento tem uma função. Seja ele

socialmente adequado ou inadequado, ele tem uma função no

repertório daquele indivíduo e foi selecionado por suas consequências


ANÁLISE FUNCIONAL
102

• E como investigamos as contingências que o comportamento se

instalou e se mantem?

• Dados de história de vida do cliente, das contingências atuais e da relação

terapêutica

• Coletados por meio de relatos verbais e dos comportamentos públicos

observados em sessão
ANÁLISE FUNCIONAL
103

• Alguns desafios comuns na realização da Análise Funcional

• Definir com clareza qual a unidade de analise que pretende estudar – definir o

comportamento-alvo

• Ex: “depressão” x “relato autodepreciativo”


ANÁLISE FUNCIONAL
104

• Alguns desafios comuns na realização da Análise Funcional

• Fonte de informação geralmente restrita ao relato do cliente e cpto observado na

sessão

• Distorções, variáveis das quais o cliente não conhece ou não se lembre

• Solução – convidar pessoas relevantes, com consentimento do cliente; sugerir registros


ANÁLISE FUNCIONAL
105

• Alguns desafios comuns na realização da Análise Funcional

• Análises funcionais podem envolver operantes complexos – múltiplas contingências

em operação ao mesmo tempo; contingências contraditórias (reforço x estimulação

aversiva) controlando o mesmo comportamento


ANÁLISE FUNCIONAL
106

• Dois modelos de análises funcionais – molares (macroanalises) e

moleculares (microanálises)
ANÁLISE FUNCIONAL
107

• ANÁLISES FUNCIONAIS MOLECULARES (MICROANÁLISES)

• Análise de contingencias mais pontuais, importantes para comportamentos específicos em

contextos específicos

• Essencial para composição de análises mais amplas – molares

• COMPOSIÇÃO: tríplice contingencia + efeitos (emocionais e/ou de frequência) e o

processo comportamental envolvido


ANÁLISE FUNCIONAL
108

• ANÁLISES FUNCIONAIS MOLECULARES (MICROANÁLISES)

• 1) IDENTIFICAR A RESPOSTA/COMPORTAMENTO. Envolve eventos públicos e

privados.

• Escolher respostas relevantes ao caso, considerando a queixa do cliente, as demandas

identificadas pelo terapeuta e os objetivos terapêuticos – selecionar respostas de importante

valor terapeutico
ANÁLISE FUNCIONAL
109

• ANÁLISES FUNCIONAIS MOLECULARES (MICROANÁLISES)

• 3) EVITAR CPTOS QUE NÃO ESTÃO SOB CONTROLE OPERANTE: exemplo

cair, esbarrar acidentalmente, taquicardia, sudorese, ansiedade. Respostas não estão sob

controle de consequências, por serem acidentais ou por ser respondente

• OBS: no caso de respondentes, é importante especificar que é consequente e que está

sob controle de antecedentes, e não das consequencias


ANÁLISE FUNCIONAL
110

• ANÁLISES FUNCIONAIS MOLECULARES (MICROANÁLISES)

• 3) EVITAR CPTOS QUE NÃO ESTÃO SOB CONTROLE OPERANTE: duas formas

de retratar comportamentos respondentes na analise funcional


ANTECEDENTE COMPORTAMENTO CONSEQUÊNCIA

Chefe autoritário entra Ansiedade (Não se aplica -


na sala RESPONDENTE)
Semana de prova Estudar a semana Nota baixa Resposta emocional:
inteira frustração
(Respondente –
taquicardia, sudorese)
ANÁLISE FUNCIONAL
111

• ANÁLISES FUNCIONAIS MOLECULARES (MICROANÁLISES)

• 4) IDENTIFICAR ANTECEDENTES. Antecedentes são a ocasião em que o

comportamento ocorre

• Podem ser: Estímulos discriminativos (SDs) ou Operações estabelecedoras (OEs)

ANTECEDENTES COMPORTAMENTOS CONSEQUENCIAS


Presença do namorado (SD) Falar “estou com dor” Atenção e carinho (SR+)
Muito tempo longe do Falar “estou com dor” Atenção e carinho (SR+)
namorado (OE)
Presença do namorado (SD)
ANÁLISE FUNCIONAL
112

• ANÁLISES FUNCIONAIS MOLECULARES (MICROANÁLISES)

• 4) IDENTIFICAR CONSEQUÊNCIAS. Estímulos ambientais produzidos por uma

resposta e que alteram a probabilidade de ocorrência dessa resposta no futuro – pode-

se especificar consequências a curto, médio e longo prazo


ANÁLISE FUNCIONAL
113

• ANÁLISES FUNCIONAIS MOLECULARES (MICROANÁLISES)

• 5) IDENTIFICAR PROCESSOS. Para cada consequência, especificar qual a

contingencia envolvida entre RESPOSTA e CONSEQUENCIA PRODUZIDA

• Isso é: reforço positivo, negativo; punição positiva, negativa; extinção


ANÁLISE FUNCIONAL
114

• ANÁLISES FUNCIONAIS MOLECULARES (MICROANÁLISES)

• 6) IDENTIFICAR POSSIVEIS EFEITOS. Subprodutos de contingencias operantes.

Definem comportamentos bem e malsucedidos – o primeiro quando é reforçada, o

segundo quando são menos reforçadas ou punidas – e aumentam ou diminuem a

frequência do comportamento no futuro

• Frequência – respostas reforçadas tendem a ocorrer com mais frequência

• Emoções – sentimentos produzidos pelo contato com as consequências


ANÁLISE FUNCIONAL
115

• ANÁLISES FUNCIONAIS MOLECULARES (MICROANÁLISES)

• 6) IDENTIFICAR POSSIVEIS EFEITOS.


ANÁLISE FUNCIONAL
116

• ANÁLISES FUNCIONAIS MOLECULARES (MICROANÁLISES)

• TREINO – Antecedentes, respostas, consequências, processos e efeitos?


ANÁLISE FUNCIONAL
117

• ANÁLISES FUNCIONAIS MOLECULARES (MICROANÁLISES)

• TREINO
ANÁLISE FUNCIONAL
118

• ANÁLISES FUNCIONAIS MOLECULARES (MICROANÁLISES)

• TREINO
ANÁLISE FUNCIONAL
119

• ANÁLISES FUNCIONAIS MOLECULARES (MICROANÁLISES)

• TREINO
ANÁLISE FUNCIONAL
120

• ANÁLISES FUNCIONAIS MOLECULARES (MICROANÁLISES)

• ERROS COMUNS:

• 1) Realizar Análises Lineares – resposta antecedida por apenas um estimulo e

produz apenas uma consequência, mesmo havendo dados de outras relações

disponíveis
• 1) Realizar Análises Lineares 121
ANÁLISE FUNCIONAL
122

• ANÁLISES FUNCIONAIS MOLECULARES (MICROANÁLISES)

• ERROS COMUNS:

• 2) CONFUNDIR CONSEQUENCIAS E EFEITO. Consequência e efeito são

diferentes – CONSEQUENCIA = estimulo do ambiente que é produzido pela resposta,

e altera a sua probabilidade de ocorrência futura

• EFEITO = produto de toda a contingencia, e varia de acordo com a consequência


ANÁLISE FUNCIONAL
123

• ANÁLISES FUNCIONAIS MOLECULARES (MICROANÁLISES)

• 2) CONFUNDIR CONSEQUENCIAS E EFEITO.


ANÁLISE FUNCIONAL
124

• ANÁLISES FUNCIONAIS MOLECULARES (MICROANÁLISES)

• 2) CONFUNDIR CONSEQUENCIAS E EFEITO.


ANÁLISE FUNCIONAL
125

• ANÁLISES FUNCIONAIS MOLECULARES (MICROANÁLISES)

• ERROS COMUNS:

• 3) ESPECIFICAR RESPOSTAS COMO ANTECEDENTES E/OU

CONSEQUENCIAS. Antecedentes e consequentes são estímulos do ambiente;

respostas são do próprio individuo


ANÁLISE FUNCIONAL
126

• ANÁLISES FUNCIONAIS MOLECULARES (MICROANÁLISES)

• 3) ESPECIFICAR RESPOSTAS COMO ANTECEDENTES E/OU

CONSEQUENCIAS.
ANÁLISE FUNCIONAL
127

• ANÁLISES FUNCIONAIS MOLECULARES (MICROANÁLISES)

• 3) ESPECIFICAR APENAS RESPONDENTES EM ANALISE MOLECULAR

OPERANTE – comum enfocar apenas respondentes nas análises moleculares –

especifica antecedentes e consequências, mas não a resposta operante


128
ANÁLISE FUNCIONAL
129

• ANÁLISES FUNCIONAIS MOLARES (MACROANALISES)

• Análises mais amplas – como se deu a construção de padrões comportamentais

• Integrar repertórios atuais e suas variáveis mantenedoras aos aspectos históricos que

contribuíram para a instalação/aquisição dos padrões comportamentais do cliente

• Análises Molares envolvem: 1) padrões comportamentais; 2) comportamentos que

caracterizam o padrão; 3) história de aquisição; 4) contextos atuais mantenedores; 5)

consequências que fortalecem o padrão; 6) consequências que enfraquecem o padrão


ANÁLISE FUNCIONAL 130

• ANÁLISES FUNCIONAIS MOLARES (MACROANALISES)

• 1) IDENTIFICAR PADRÕES COMPORTAMENTAIS. Comportamentos ou

características que ocorrem em diversos contextos e apresentam uma mesma função

(i.e., produz as mesmas consequências)

• Identificação de padrões → ex: autoexigência/perfeccionismo

• Operacionalização → faz e refaz os trabalhos, os avalia como não suficientemente bons,

receio de falar besteira em situações sociais, regra “tudo deve ser bem feito, ou melhor

não fazer”
ANÁLISE FUNCIONAL 131

• ANÁLISES FUNCIONAIS MOLARES (MACROANALISES)

• 3) IDENTIFICAR CONTEXTOS ATUAIS MANTENEDORAS. Identificar possíveis

contextos atuais mantenedores – favorecem manutenção do padrão

• 4) CONSEQUENCIAS QUE FORTALECEM/ENFRAQUECEM O PADRÃO.

Analise motivacional
ANÁLISE FUNCIONAL 132

• ANÁLISES FUNCIONAIS MOLARES (MACROANALISES)

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