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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA METALÚRGICA E DE MATERIAIS - DEMET

SELEÇÃO DE MATERIAIS
ESTUDO DIRIGIDO 1.4

Seleção de materiais para uma mola-lâmina

Nome/Matrícula:
Rafael Delacqua Machado Silveira - 2016097510
Rebeca Silva Braga de Souza - 2018115744
Maria Luiza Scoralick - 2018093600
Gabriel Belchior Pereira - 2016092518
Breno Felipe de Queiroz – 2018055814

Belo Horizonte, 20/08/2021


1) Introdução
Uma mola-lâmina é um tipo simples de mola de suspensão comumente utilizado em veículos,
principalmente como uma mola de suspensão de caminhões. Este tipo de peça é tipicamente
construído de um ou mais tiras planas e finas de aço flexíveis, que são unidas em conjunto de modo a
funcionar como uma unidade única. Dessa maneira, essa mola possui um funcionamento similar ao de
uma viga elástica, suportada em ambas as extremidades e carregada centralmente com uma força 𝐹.
Dentre as principais funções, destaca-se a absorção de impactos causados pelas irregularidades do piso
e, o suporte do peso do caminhão, garantindo, assim, conforto e altura do condutor, além da ligação
do eixo ao chassi. Portanto, selecionar um material adequado para essas estruturas é de extrema
importância para a execução do projeto e para garantir a segurança do usuário.

2) Objetivos
O principal objetivo desse estudo dirigido está relacionado com a seleção de um material para uma
mola-lâmina, de forma a garantir o melhor desempenho em relação à suspensão do veículo, em que
se deseja uma maior rigidez, além de um melhor custo-benefício. Portanto, o procedimento utilizado
será baseado no método Ashby, sendo necessário efetuar os cálculos dos índices de mérito (𝐼𝑀) para
selecionar o material mais adequado em função dos requerimentos desejados.

3) Desenvolvimento
Seja, inicialmente, as dimensões fornecidas para a espessura (𝑡), para a largura (𝑏) e para o
comprimento (𝐿) da mola dadas por:
𝑡 = 8 𝑚𝑚
𝑏 = 8 𝑐𝑚
𝐿 = 100 𝑐𝑚
Dessa maneira, seja inicialmente a situação em que se deseja o melhor desempenho para a
mola-lâmina, de forma que, para exercer sua função, esta não pode ter uma deformação permanente
durante o uso, ou seja, a máxima tensão suportada deve ser menor que o seu limite de escoamento
(𝜎). Portanto, da Resistência dos Materiais, têm-se que para uma viga engastada nas suas extremidades
e, carregada em seu centro com uma força de magnitude 𝐹, o máximo deslocamento (𝛿) é dado por:
𝐹 ∙ 𝐿3
𝛿= (1)
192𝐸𝐼
, em que 𝐸 representa o Módulo de Elasticidade do material e, 𝐼 diz respeito ao momento de inércia.
Para uma viga de seção transversal retangular, o momento de inércia é calculado da seguinte maneira:
𝑏 ∙ 𝑡3
𝐼= (2)
12
Substituindo (2) na expressão do deslocamento (expressão 1), têm-se que:
𝐹 ∙ 𝐿3 𝐹 ∙ 𝐿3 1
𝛿= ⟹ 𝛿 = ( ) × ( ) (3)
16𝐸 ∙ 𝑏 ∙ 𝑡 3 16 ∙ 𝑏 ∙ 𝑡 3 𝐸
Dessa maneira, analisando a expressão obtida acima, pode-se concluir que a deflexão da mola-
lâmina irá depender apenas das propriedades do material (no caso, apenas da propriedade 𝐸), visto
que a primeira parcela da equação corresponde às dimensões da viga, as quais foram definidas
inicialmente e são valores fixos e, à força que é aplicada sobre a estrutura, a qual está associada aos
esforços aplicados e, portanto, independe do material. Logo, a fim de garantir que a mola apresente
menores deformações, deve-se selecionar um material com elevado Módulo de Elasticidade. Em
conjunto, a fim de garantir que as deformações sofridas não sejam deformações permanentes, analisa-
se o valor do limite de escoamento do material, selecionando, também, um material com elevado valor
de 𝜎, para que este atue apenas em regime elástico. Portanto, pode-se definir um índice de mérito
como sendo igual ao produto de ambas as propriedades, tal que 𝐼𝑀 = 𝜎 ∙ 𝐸, de forma a garantir os
requerimentos especificados.
Por fim, sejam os valores de propriedades fornecidos pelo enunciado da questão expressos na
tabela abaixo:
Material Limite de Escoamento Módulo de Elasticidade 𝐼𝑀 = 𝜎 ∙ 𝐸
(𝜎𝑦 ) [M𝑃𝑎] (𝐸) [GPa]
Aço de baixa liga 900 210 189000
Aço de baixo carbono 380 205 63140
Madeira de média 60 10 600
densidade
Liga de Alumínio 2014-T6 390 70 27300
Epoxy reforçado com fibra 345 30 10350
de vidro - GPRP (isotrópico)
Epoxy reforçado com fibra 464 42 19488
de carbono (isotrópico)
Tabela 1: Propriedades dos materiais e índice de mérito

Dando sequência, para determinar o material com o melhor custo-benefício, têm-se a massa
total da mola (𝑚) dada por:
𝑚 = 𝜌 ∙ ∀ (4)
, em que 𝜌 representa a massa específica e, ∀ é o volume da estrutura. Para a estrutura apresentada,
o volume é independente do material utilizado e é expresso por:
∀= (𝑏 ∙ 𝑡) × 𝐿 ⟹ ∀= (8 ∙ 0,8) × 100 ⟹ ∀= 640 𝑐𝑚3 ⟹ ∀= 0,00064 𝑚3
Portanto, o valor gasto na fabricação (𝑉) é calculado como sendo o produto do preço por
quilograma (𝑃) pela massa, tal que:
𝑉 = 𝑃 ∙ 𝑚 ⟹ 𝑉 = 𝑃 ∙ 𝜌 ∙ ∀⟹ 𝑉 = 0,00064 ∙ (𝑃 ∙ 𝜌) (5)
Dessa maneira, a partir da expressão obtida, têm-se que o valor total depende apenas da massa
específica do material e do preço por unidade de quilograma, de forma que é possível definir um novo
índice de mérito para selecionar o material de melhor custo, tal que 𝐼𝑀 = 1⁄(𝑃 ∙ 𝜌) . Logo, seja a
tabela abaixo que apresenta o preço por unidade de massa e a massa específica de cada material,
fornecidas no enunciado do problema, assim como os valores de índice de mérito e de valor total
calculados:
Material Preço por Massa específica 𝐼𝑀 = 1⁄(𝑃 ∙ 𝜌) 𝑉 [$]
quilograma (𝑃) (𝜌) [𝑘𝑔⁄𝑚3 ]
[$⁄𝑘𝑔]
Aço de baixa liga 0,60 7800 0,000214 2,99
Aço de baixo 0,45 7800 0,000285 2,25
carbono
Madeira de média 0,29 500 0,006897 0,09
densidade
Liga de Alumínio 1,20 2790 0,000299 2,14
2014-T6
Epoxy reforçado com 30,00 1900 0,000018 36,48
fibra de vidro – GPRP
(isotrópico)
Epoxy reforçado com 62,00 1590 0,000010 63,09
fibra de carbono
(isotrópico)
Tabela 2: Preço por quilograma, massa específica, índice de mérito e custo total

Por fim, para selecionar o material com o maior custo-benefício, pode-se realizar uma análise
qualitativa baseada no uso de matrizes de decisão, as quais são empregadas no método de Pahl &
Beitz. Dessa maneira, a partir das tabelas 1 e 2, têm-se a classificação dos materiais candidatos,
organizada em termos das propriedades analisadas no processo (Módulo de Elasticidade e Limite de
Escoamento) e do custo total, tal que:

Material Classificação
Desempenho 𝑉 [$]
Aço de baixa liga 1 4
Aço de baixo carbono 2 3
Madeira de média 6 1
densidade
Liga de Alumínio 2014- 3 2
T6
Epoxy reforçado com 5 5
fibra de vidro – GPRP
(isotrópico)
Epoxy reforçado com 4 6
fibra de carbono
(isotrópico)
Tabela 3: Classificação dos materiais em relação às suas propriedades e ao custo

A tabela acima, permite observar que tanto o Aço de baixo carbono quanto a Liga de alumínio
2014-T6 poderiam ser selecionados, já que apresentam propriedades e preço intermediários em
relação aos demais, além de apresentar um desempenho satisfatório como foi observado na Tabela
1.
Para uma análise quantitativa, pode-se dar prosseguimento ao método apresentado por Pahl
& Beitz, em que a próxima etapa consiste em estabelecer uma escala de valores que indica o quanto
as propriedades e o custo satisfazem aos requerimentos do projeto. Em seguida, assumindo que o
peso relacionado ao custo é de 0,4, e o peso relacionado ao desempenho é de 0,6, pode-se calcular o
Índice de Rateio (𝐼𝑅) e selecionar o material. Portanto, sejam as tabelas abaixo, em que a primeira
indica a escala de valores mencionada anteriormente e, a segunda representa o cálculo do Índice de
Rateio:
Escala Significado
0 Insatisfatório
1 Apenas tolerável
2 Adequado
3 Bom
4 Muito bom
Tabela 4: Escala de valores

Requisitos Aço de baixa Aço de baixo Madeira de Liga de Epoxy reforçado Epoxy
(Pesos) liga carbono média Alumínio com fibra de reforçado
densidade 2014-T6 vidro com fibra de
(isotrópico) carbono
(isotrópico)
Notas
Desempenho 4 4 0 2 1 1
(0,6)
Custo (0,4) 2 3 4 3 1 0
IR 3,2 3,6 1,6 2,4 1,0 0,6
Tabela 5: Determinação do Índice de Rateio

4) Conclusão
Dessa maneira, pode-se concluir que ao analisar cada um dos materiais especificados, foi
possível realizar as seguintes conclusões: em relação ao material mais adequado para a fabricação da
mola-lâmina que promove o melhor desempenho, foi possível identificar o aço de baixa liga como
sendo o material mais adequado, uma vez que este apresentou o maior índice de mérito. Por fim, ao
determinar a relação custo-benefício, o material selecionado foi o aço de baixo carbono, conforme foi
destacado na Tabela 5.

5) Referências
Artigo científico utilizado como base:

• Ferrante, Maurizio. Departamento de Engenharia de Materiais. Universidade


Federal de São Carlos. São Carlos – SP. Seleção dos Materiais de Construção
Mecânica: Estratégias e Metodologia Básica

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