Ficha. Filosofia

Você também pode gostar

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 3

FICHAMENTO - INICIAÇÃO À HISTORIA DA FILOSOFIA.

Derosse Barbosa de Almeida Neto

Pg. 4 “Forma de pensamento que nasce na Grécia antiga, por volta do séc. VI a.C. De
fato, podemos considerar tal caracterização praticamente como uma unanimidade, o que
costuma ser raro entre os historiadores da filosofia e os especialistas na área.”
Pg. 4 “Aristóteles, no livro I da Metafísica, talvez tenha sido o ponto de partida dessa
concepção, chegando mesmo a definir Tales de Mileto como o primeiro filósofo.”
Pg. 4 “Não teria havido pensamento antes de Tales e desse período de surgimento da
filosofia? É claro que sim. Neste caso, o que tornaria o tipo de pensamento que afirmamos ter
surgido com Tales e seus discípulos tão especial a ponto de ser considerado como
inaugurando algo de novo, a “filosofia”? Procuraremos, portanto, explicitar as razões pelas
quais tradicionalmente se tem feito esta caracterização do surgimento do pensamento
filosófico.”
Pg. 5 “Quando dizemos que o pensamento filosófico-científico surge na Grécia no séc.
VI a.C., caracterizando-o como uma forma específica de o homem tentar entender o mundo
que o cerca, isto não quer dizer que anteriormente não houvesse também outras formas de se
entender essa realidade. É precisamente a especificidade do pensamento filosófico-científico
que tentaremos explicitar aqui, contrastando-o com o pensamento mítico que lhe antecede na
cultura grega.”
Pg. 5 “As lendas e narrativas míticas não são produto de um autor ou autores, mas
parte da tradição cultural e folclórica de um povo. Sua origem cronológica é indeterminada, e
sua forma de transmissão é basicamente oral. O mito é, portanto, essencialmente fruto de uma
tradição cultural e não da elaboração de um determinado indivíduo.”
Pg. 5 “Por ser parte de uma tradição cultural, o mito configura assim a própria visão
de mundo dos indivíduos, a sua maneira mesmo de vivenciar esta realidade. Nesse sentido, o
pensamento mítico pressupõe a adesão, a aceitação dos indivíduos, na medida em que
constitui as formas de sua experiência do real. O mito não se justifica, não se fundamenta,
portanto, nem se presta ao questionamento, à crítica ou à correção.”
Pg. 6 “Podemos considerar que este pensamento nasce basicamente de uma
insatisfação com o tipo de explicação do real que encontramos no pensamento mítico. De
fato, desse ponto de vista, o pensamento mítico tem uma característica até certo ponto
paradoxal. Se, por um lado, pretende fornecer uma explicação da realidade, por outro lado,

1
recorre nessa explicação ao mistério e ao sobrenatural, ou seja, exatamente àquilo que não se
pode explicar, que não se pode compreender por estar fora do plano da compreensão
humana.”
Pg. 6 “É nesse sentido que a tentativa dos primeiros filósofos da escola jônica será
buscar uma explicação do mundo natural (a physis, φυσιs, daí o nosso termo “física”) baseada
essencialmente em causas naturais, o que consistirá no assim chamado naturalismo da escola.
A chave da explicação do mundo de nossa experiência estaria então, para esses pensadores, no
próprio mundo, e não fora dele, em alguma realidade misteriosa e inacessível.”
Pg. 7 “A religião vai tendo seu papel reduzido, paralelamente ao surgimento de uma
nova ordem econômica baseada agora em atividades comerciais e mercantis. O pensamento
mítico, com seu apelo ao sobrenatural e aos mistérios, vai assim deixando de satisfazer às
necessidades da nova organização social, mais preocupada com a realidade concreta, com a
atividade política mais intensa e com as trocas comerciais. É nesse contexto que o pensamento
filosófico-científico encontrará as condições favoráveis para o seu nascimento.”
Pg.10 “Aristóteles (Metafísica I, 2) chama os primeiros filósofos de physiólogos, ou
seja, estudiosos ou teóricos da natureza (physis). Assim, o objeto de investigação dos
primeiros filósofos-cientistas é o mundo natural; sendo que suas teorias buscam dar uma
explicação causal dos processos e dos fenômenos naturais a partir de causas puramente
naturais, isto é, encontráveis na natureza, no mundo natural,concreto, e não fora deste, em um
mundo sobrenatural, divino, como nas explicações míticas. Segundo esse tipo de visão,
portanto, a chave da compreensão da realidade natural encontra-se nesta própria realidade e
não fora dela.”
Pg.10 “Explicar é relacionar um efeito a uma causa que o antecede e o determina.
Explicar é, portanto, reconstruir o nexo causal existente entre os fenômenos da natureza, é
tomar um fenômeno como efeito de uma causa.”

Pg. 16 “A filosofia era vista essencialmente como discussão, debate, e não como texto
escrito. Platão, por exemplo, faz Sócrates se manifestar nesse sentido no Fédon”

Pg. 17 “Vamos concentrar nossa análise nas doutrinas de Heráclito e Parmênides que,
de certo modo, representam bem as duas tendências básicas desse pensamento, com o
confronto entre as duas doutrinas podendo ser considerado o primeiro grande conflito teórico

2
da filosofia. Este confronto influencia o pensamento posterior, sendo que o próprio Platão se
preocupará em superá-lo.”
Pg. 17 “Escola jônica: Caracteriza-se sobretudo pelo interesse pela physis, pelas
teorias sobre a natureza. Tales de Mileto (fl.c.585 a.C.) e seus discípulos, Anaximandro
(c.610-547 a.C.) e Anaxímenes (c.585-528 a.C.), que formam a assim chamada escola de
Mileto Xenófanes de Colofon (c.580-480 a.C.) Heráclito de Éfeso (fl.c.500 a.C.)
Pg. 17 – 18 “Escola italiana: Caracteriza-se por uma visão de mundo mais abstrata,
menos voltada para uma explicação naturalista da realidade, prenunciando em certo sentido o
surgimento da lógica e da metafísica, sobretudo no que diz respeito aos eleatas. Pitágoras de
Samos (fl.c.530 a.C.), Alcmeon de Crotona (fl.início séc. V a.C.), Filolau de Crotona (fl.final
séc. V a.C.) e a escola pitagórica Parmênides de Eleia (fl.c.500 a.C.), e a escola eleática:
Zenão de Eleia (fl.c.464 a.C.) e Melisso de Samos (fl.c.444 a.C.) Temos uma segunda fase do
pensamento pré-socrático, denominada por vezes de pluralista, que inclui os seguintes
filósofos: Anaxágoras de Clazômena (c.500-428 a.C.) Escola atomista: Leucipo de Abdera e
Demócrito de Abdera (c.460-370 a.C.) Empédocles de Agrigento (c.450 a.C.)
Pg. 19 “Uma das principais contribuições dos pitagóricos à filosofia e ao
desenvolvimento da ciência encontra-se na doutrina segundo a qual o número é o elemento
básico explicativo da realidade, podendo-se constatar uma proporção em todo o cosmo, o que
explicaria a harmonia do real garantindo o seu equilíbrio.”
Pg. 23 “A tradição da história da filosofia inaugurada por Hegel viu em Heráclito o
primeiro filósofo a desenvolver um pensamento dialético, por valorizar a unidade dos opostos
que se integram e não se anulam, e por ver no conflito a causa do movimento no real”
Pg. 24 “Melisso de Samos foi um dos principais discípulos de Parmênides, tornando-
se conhecido pelos argumentos que desenvolveu em defesa da filosofia monistaeleática.”
Pg. 25 “De certa forma isso se tornará um traço característico da filosofia: tudo pode
ser posto em questão; a discussão filosófica está permanentemente em aberto.”

MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da filosofia. Dos pré-socráticos a Wittgenstein.In:


O Surgimento da Filosofia na Grécia Antiga, Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2004. 298
p.4-15

Você também pode gostar