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Capítulo 6 – Enzimas e catálise enzimática

• Cinética das reações químicas


• Enzimas
• Atividade enzimática
• Nomenclatura e classificação dos enzimas
• Co-Fatores Enzimáticos

David João Horta Lopes


(Pavão, 2005)
Cinética das reações bioquímicas - Enzimas
As células vivas dos organismos heterotróficos obtêm a sua energia que
imediatamente necessitam a partir da oxidação dos poliósidos de reserva a CO2 e
água.

O processo organizado do metabolismo só é possível porque cada célula tem à sua


disposição uma provisão de enzimas definida individualmente pela genética =>
sequência ordenada de reações (vias metabólicas)

Estes processos como os de síntese de macromoléculas só são possíveis


devido à intervenção de catalizadores bioquímicos => ENZIMAS

Quase todas as enzimas são proteínas (proteínas globulares) havendo ácidos


ribonucleicos com atividade catalítica (riboenzimas)

O aspecto mais relevante da ação enzimática é o relacionamento da enzima com o


substrato

A energia de ativação requerida para iniciar um processo bioquímico pode ser


fornecida através de uma elevação de temperatura que aumenta a agitação molecular
(Pavão, 2005)
(Pavão, 2005)
(Pavão, 2005)
(Pavão, 2005)
Enzimas
Centro ativo
ou sítio ativo é constituído pelo conjunto dos
aminoácidos que entram
em contato com o substrato

Local de fixação Centro catalítico


(que se combina com (que atua sobre o substrato
o substrato por ligações levando-o a sofrer a reação
fracas) química); Conjunto de aminoácidos
que entra em contato com o substrato

Induz uma alteração da


conformação do local de Serina (muitas enzimas); cisteína,
fixação histidina, tirosina, lisina

Nas enzimas que atuam através de um cofator, este encontra-se


ligada à enzima na vizinhança muito próxima do centro catalítico e esse
Cofator– é o responsável pela transformação estrutural do substrato.
Especificidade da ligação • (Pavão, 2005)
(Pavão, 2005)
(Pavão, 2005)
(Pavão, 2005)
(Pavão, 2005)
(Pavão, 2005)
(Pavão, 2005)
Enzimas

(Campos, 1998)
Enzimas

(Campos, 1998)

O centro ativo inclui 3 aminoácidos que estão próximos devido


à estrutura secundo-terciária da enzima e às pontes de enxofre
(Pavão, 2005)
Nomenclatura das
Enzimas
Nomenclatura das Enzimas
• Bases para a classificação
• São conhecidas mais de 2.000 tipos diferentes de enzimas .
• Dois tipos de nomenclatura:
• sistemático => revela a acção de uma enzima tão completamente quanto possível,
identificando-a com precisão
• trivial ou recomendado=> o correntemente usado
• O sistema de classificação em vigor também serve de base para atribuição de número de
código às enzimas. Este número precedido de EC (Enzyme Classification) contêm 4
algarismos separados por pontos:
• 1º algarismo => indica a qual das 6 categorias principais (classes) a que pertence a enzima
• 2º algarismo => indica a subclasse (Ex: 4.99)
• 3º algarismo => a sub-subclasse
• 4ºalgarismo => nº de série da enzima em cada sub-subclasse
(Pavão, 2005)
Nomenclatura das Enzimas

Os nomes das enzimas consistem de duas partes:


- 1ª parte - nome do substrato
- 2ª parte - indica a natureza da reacção, termina em ase
(ex: lactato-desidrogenase; glucose-6-fosfato-desidrogenase)
(Pavão, 2005)
(Pavão, 2005)
(Pavão, 2005)
A - Altamente específicas
B - Especificidade de efeito definida
(aceitam grande número de
substratos)
C – baixa especificidade de efeito e de
substrato (raras)

Classificação das
Enzimas

6 Classes principais

(Koolman & Rohm, 2005)


1. OXIDORREDUTASES ( ex: desidrogenases, oxidases,
peroxidases, hidroxilases, oxigenases)
Catalisam reacções do tipo:
AH2 + B → BH2 +A
Inclui todas as enzimas que catalisam oxirreduções
(oxidases e desidrogenases). O substrato oxidado é o
dador de hidrogénio ou electrões.
Classificação baseia-se no esquema dador: aceitador-
oxidorredutase
Aceitadores: NAD+; NADP+; NADH; NADPH;
citocromo; oxigénio;
=> Catalizam a transferência de equivalentes da redução
entre dois sistemas óxido-redução
OXIDORREDUTASES

(Campos, 1998)
Classificação das Enzimas

2. TRANSFERASES (ex: transmetilases, transformilases,


transaminases, fosfocinases e cinases, fosfomutases)
Catalisam reacções do tipo:
A-B + C → A-C + B
São enzimas que transferem um grupo, metilo ou glicosilo de um
composto (dador) para outro (aceitador)
A sua classificação baseia-se no esquema “dador: aceitador-grupo-
transferase”
Em muitos casos o dador é um cofactor (coenzima) que transporta o
grupo transferido
=> Catalizam a transferência de grupos de uma molécula para outra.
Necessitam por isso de coenzima
TRANSFERASES

(Campos, 1998)
Classificação das Enzimas

3. HIDROLASES (ex: lipases, esterases, osidases, enzimas


proteolíticas)
Catalisam reacções do tipo:
AB + H2O → AOH + BH
São enzimas que catalisam a hidrólise de diversos tipos de ligação
Um certo número de hidrolases actuam sobre ligações éster, glicosilo,
péptido e amida

=> Transferem grupos. Como aceptor aparece a molécula de água


HIDROLASES

(Campos, 1998)
Classificação das Enzimas
4. LIASES (SINTETASES) (ex:descarboxilases,
aldolases)
Catalisam reações do tipo:
A-B → A + B => eliminação da molécula
com formação de resíduo
insaturado
São enzimas que quebram as ligações C-C; C-O;
C-N e outras por mecanismos distintos da hidrólise
ou oxidação
Distinguem-se das outras porque num dos sentidos
da reação estão envolvidos dois substratos e noutro
sentido apenas um (Campos, 1998)

O nome sistemático => “substrato-grupo-liase“


=> Catalizam a quebra ou a formação de uma
ligação química com a qual ocorre a formação ou
desaparecimento de ligações duplas
5. ISOMERASES (ex: racemases, epimerases, mutases)
Catalisam modificações geométricas ou estruturais no interior de uma
molécula
Modificam grupos dentro de uma molécula sem alterar a fórmula
molecular do substrato

(Campos, 1998)
Classificação das Enzimas
6. LIGASES (SINTETASES) (ex: carboxilases, aminoacil-tRNA-
sintetases, acil-coA-sintetases)
São enzimas que catalisam a união de duas moléculas, com hidrólise
simultânea da ligação pirofosfato do ATP ou de outro trifosfato
Ligações formadas possuem “potencial energético elevado”
Nome sistemático é formado com base no esquema X:Y ligase
(formadora de ADP)
=>Dependem de energia e por isso aparecem acopladas à hidrólise do
ATP

(Campos, 1998)
(Campos, 1998)

(Campos, 1998)
Cofatores enzimáticos
(Pavão, 2005)
(Pavão, 2005)
Cofatores - os co-autores da reação
Uma grande número de enzimas necessita para a sua ação catalítica de
co-fatores => função de promover a reação

Tipos de cofactores (ou promotores da reação)


- iões metálicos
- grupos prostéticos (co-fatores orgânicos de natureza não proteica => ex: porfirina
nas catalases, peroxidases e citocromos) (Campos, 1998)

- Coenzimas => NAD e NADP

Nas reações catalisadas por enzimas sempre participam outras


moléculas que temporariamente recebem o grupo a ser transferido
=> Coenzimas (não são cataliticamente ativas)
Coenzimas

Algumas coenzimas fazem parte do centro ativo e encontram-se com


a mesma estrutura no fim da reação

Outros coenzimas encarregam-se da transferência, quer do hidrogénio,


quer de eletrões, quer de diversos grupos ou radicais

Um certo número de Vitaminas (vitaminas do grupo B- hidrossolúveis)


são coenzimas ou constituintes essenciais de coenzimas

Sistema transportador de electrões (cadeia respiratória) => Respiração que


ocorre na membrana interna das mitocôndrias
(Pavão, 2005)
(Pavão, 2005)
Coenzimas

(Campos, 1998)
(Koolman & Rohm, 2005)
NAD (Nicotinamida – adenina-dinucleótido) e
NADP (Nicotinamida- adenina-dinucleótido- fostato)
• NAD ou NADP são coenzimas de numerosas desidrogenases que
derivam do ácido nicotínico ou vitamina PP

• As suas designações decorrem das suas estruturas serem constituídas


a partir de dois nucleótidos (nicotinamida e a adenina) diferindo o
NADP do NAD por ter mais um grupo fosforilo na extremidade

• Fixam o hidrogénio proveniente de um substrato AH2 originando


NADH ou NADPH podendo logo noutra reação cedê-lo sendo por
isso reoxidada em NAD ou NADP

• Por absorverem nos ultravioleta a 260nm (forma oxidada) e 340nm (a


sua forma reduzida) => espectrofotometria => acompanhar as reações
enzimáticas onde participam
NAD+ e NADP+ na oxidação dos substratos

(Campos, 1998)
NAD e NADP => derivam do ácido nicotínico ou vitamina PP

(adapt. Campos, 1998)


Coenzima A (Co-A ou CoA-SH)
• parte ativa da molécula é o grupo tiol
• o seu radical H pode ser substituído por diversos radicais acilo para
formar acilcoenzimas A ou ácidos gordos ativados (compostos muito
reativos => acetilcoenzima A)

(Campos, 1998)
FMN (Flavina –mononucleótido) e
FAD (Flavina- adenina– dinucleótido)
São também coenzimas das desidrogenases
A sua solução tem
Derivam da riboflavina ou vitamina B2 cor amarela e quando
oxidadas passa a
sua solução a
incolor

(Campos, 1998)

Às desidrogenases que têm estas estruturas (FMN e FAD) como


coenzimas denominam-se de flavoproteínas
Flavina-adenina-dinucleótido
Erro do livro

(Campos, 1998)
Outra coenzima de oxidação-redução: Ácido lipóico

Ácido lipóico- intervém como transportador de hidrogénio nas


reacções de descarboxilação oxidante => formação do ácido pirúvico

(Campos, 1998)
Biotina –
• é a coenzima de diversas reações de carboxilação
• fixa HCO3- da solução e a partir dele transfere CO2

(Campos, 1998)
Fosfato de piridoxal (PLP)–
• deriva da piridoxina ou vitamina B6
• é parte integrante do centro ativo de
diversas enzimas que intervêm na
síntese dos aminoácidos
• este composto não pode ser
sintetizado pelo nosso organismo

S-Adenosilmetionina–
• forma-se por ativação de metionina
através da ligação ao nucleósido
adenosina
• é transportador dos grupos metilo
(Campos, 1998)
Derivados do FH4 (THF ou ácido tetra-hidrofólico)–
• são as formas mais activas do ácido fólico
• são coenzimas transportadores de unidades com um átomo de
carbono (radicais monocarbonados, mono (grupo aldeído) e bivalentes
(grupo metileno)

(Campos, 1998)
Coenzimas de cobalamina–
• derivam da cobalamina que contém
um núcleo corrina
• participam em reações de
isomerização e em algumas reações de
metilação
• a mais conhecida é a
cianocobalamina que é uma das
formas da vitamina B12
• também podem apresentar na ligação
de coordenação ao Co uma molécula
de adenina
(Campos, 1998)

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