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Capítulo 8

• Glícidos
• Metabolismo dos glícidos:
– Glicólise
– Neoglicogénese
– Glicogenólise

David João Horta Lopes


DEFINIÇÃO

• Os glícidos são poli-hidroxialdeídos ou


poli-hidroxiacetonas (ou compostos
derivados), ou polímeros suscetíveis de
libertar por hidrólise aqueles compostos.

Oses Ósidos
(glúcidos simples ou (hidrólise origina várias oses)
monossacáridos)
Possuem várias funções álcool e
uma função redutora, aldeído ou cetona
DEFINIÇÃO
OLIGOSSACARíDEOS
Glúcidos, Glícidos, açúcares ou hidratos de
carbono?
Muitos destes compostos constituem uma fonte de energia
para os organismos vivos:
• imediatamente utilizável => glucose
• como reserva energética => amido; glicogénio
Outros desempenham função estrutural => celulose; quitina;
ácido hialurónico
Hidrato de carbono = carbohydrate => Cm(H2O)n

Muitas exceções => desoxiribose C5H10O4


alguns glúcidos => compostos com S e N
Ósidos – sua hidrólise origina várias oses

Oses – glúcidos simples

Heterósidos – por hidrólise originam, além de


oses, compostos não glucídicos (ou aglíconas)

Holósidos – cuja hidrólise origina Oses ou derivados:


Poli-heterósidos
(ou heteropoliósidos)
Apenas oses (Oligossacarídeos):
- di-holósidos (dissacárideos) Lactose; Maltose; Sacarose
- tri-holósidos (trissacáridos)
- oligossacarídeos
- polissacarídeos

Heteropoli-holósidos
Homopoli-holósidos (oses de tipos diferentes) Amido; Glicogénio; Celulose
(a mesma ose)
Glícidos – Ligação Glicosídica

(Silva, 2021)
(Silva, 2021)
(Koolman & Klaus, 2005)
Açúcar => oses simples e di- e tri-sacáridos
(Campos, 1998)

Todas as oses que intervêm no metabolismo apresentam configuração D


(Campos, 1998)
(Campos, 1998)

Aldoses e Cetoses
Glícidos – Ligação Glicosídica

(Silva, 2021)
Estrutura cíclica das oses

piranose

Mecanismo de Ciclização

• Em solução aquosa ou seja no metabolismo as moléculas das oses estão, na


sua maior parte ciclizadas
• Esta ciclização ocorre após hidratação, por eliminação de uma molécula de
água, entre o OH ligado ao carbono 1 das aldoses (ou carbono 2 das cetoses)
e o OH ligado ao penúltimo ou ao antepenúltimo carbono da estrutura ( ir-se-
á originar uma forma piranose ou uma forma furanose, respetivamente).
(Campos, 1998)
• Na representação cíclica, verifica-se a
existência de mais um carbono assimétrico
(carbono 1- aldoses e carbono 2- cetoses).

• Na representação cíclica de
Tollens, para a série D, nos isómeros
alfa, o oxidrilo está ligado ao carbono
1 (aldoses) ou ao carbono 2
(cetoses) está à direita (do mesmo
lado da ponte oxídica)e nos isómeros
beta este oxidrilo aparece à
esquerda.

• O prefixo anomérico (alfa ou beta) apenas deve ser utilizado em conjugação com o prefixo
configuracional (D ou L)
Na representação cíclica de Haworth, a mais utilizada, os grupos oxidrilo que
figuram à direita em Tollens são representados para baixo e os que
figuram à esquerda são representados para cima

(Campos, 1998)
Derivados das oses
Desoxirribose (uso do prefixo desoxi) – quando um grupo oxidrilo
de um monossacárido for substituído por um átomo de hidrogénio,
entre hífens e precedido do nº do algarismo de posição
(ex: 2-desoxi-beta-D-ribofuranose que intervém na estrutura do DNA)

(Campos, 1998)
(Campos, 1998)

Outros derivados das Oses:


- ácidos aldónicos
- ácidos urónicos => ácido glucónico => via pentoses-fosfato
- ácidos aldáricos
- ácidos siálicos=> constituintes das glicoproteínas e glicolípidos
- glicósidos
- glicerol
- ciclitóis=> poliálcoois existentes nos tecidos vegetais – mioinositol - fosfolípidos
Ésteres fosfóricos das oses – Resultam da esterificação da função álcool
primária, do oxidrilo semiacetálico, ou de ambas as funções

(Campos, 1998)

Compostos
intermediários
do
Metabolismo
dos glúcidos
Ciclo de Krebs
(Silva, 2021)
Di-holósidos ou dissacáridos redutores – a função semiacetálica de
uma das oses está empenhada numa ligação osídica com um oxidrilo alcóolico
da segunda ose, subsistindo o carácter redutor desta => Maltose e Lactose

Dissacárido ou açúcar do leite – constituída por uma galactose unida à glicose


Leite de vaca – 4% de lactose; leite das mulheres 7,5%

(Campos, 1998)

É hidrolisada nas suas oses pela enzima lactase nos seres humanos
União de duas unidades de glicose

(Campos, 1998)

• A maltose resulta da hidrólise do amido do malte e por sua vez é hidrolisada a glicose pela maltase
• Age como produto intermediário da digestão no intestino
A sacarase, maltase e a lactase, localizam-se nas superfícies externas das
células epiteliais que forram o intestino delgado
Di-holósidos ou dissacáridos não redutores – as duas oses estão ligadas
pelas suas funções semiacetálicas => Sacarose

Pode ser cindida pela enzima sacarase

(Campos, 1998)
Polissacárideos
• Constituídos por grande número de moléculas da mesma ose (homopoli-holósidos) ou de oses diferentes
(heteropoli-holósidos) ou glucosanas.
• Desempenham papéis de armazenamento de energia e na manutenção da integridade estrutural dos
organismos
Rapidamente hidrolisadas pela amilase-alfa, secretada nas
glândulas salivares e pâncreas
Amido, amilose e amilopectina
• São glucosanas - apenas constituídas por unidades de glucose.

• O Amido é a forma de reserva glucídica nos vegetais, podendo ser constituído por
amilopectina (estrutura ramificada) ou, mais frequentemente, por amilose (estrutura não ramificada) e
amilopectina. Constitui a forma em que mais de metade dos glúcidos são ingeridos pelo seres
humanos

Amido

(Campos, 1998)
Polissacárideos
Glicogénio Polissacárideos
• É formado por moléculas de glicose ligadas entre si.
• É a forma de reserva da glucose nos animais (células
musculares e do fígado dos vertebrados);
• A sua estrutura ramificada é idêntica à da amilopectina,
apresentando porém mais ligações glucosídicas, ou seja
mais ramificações;.
• Polímero apenas formado por glucoses (ligações1,4 e
1,6).

(Campos, 1998)
Polissacárideos
Celulose
• É um dos compostos orgânicos mais abundantes da bioesfera
• É a principal substância pela estrutura das paredes celulares dos vegetais
• Não é hidrolisável pelas enzimas presentes no aparelho digestivo do homem
porque não dispõem de celulases. Ruminantes têm bactérias que as digerem
no seu trato digestivo.
• É uma molécula linear cujo monómero estrutural é a celobiose.
• As cadeias de celulose associadas através de ligações de hidrogénio ou do
tipo van der Waals => estruturas complexas, praticamente insolúveis e que
constituem a base da sua utilização industrial (fibras de papel, tecidos, etc.).
• Para além das pontes entre cadeias também dentro da cadeia ocorrem estas
ligações.

Outros homopoliósidos
- Quitina; frutosanas (como a insulina); pectinas; dextranas.
Polissacárideos

Formada por uma cadeia linear de glucoses


(Campos, 1998)
(Campos, 1998)
Heterósidos – Glucuroconjugados
• Resultam da reação de uma ose, através da função semi-acetálica com um composto
que não é uma ose nem um derivado de ose.
•A parte não glúcida é denominada de aglicona
• São abundantes nos vegetais embora desempenhem funções importantes em todos
os organismos => gomas
• Constituem a capa das bactérias como os Pneumococus e os Estreptococus

GLUCUROCONJUGADOS- heterósido cuja ose é o ácido glucurónico e como os


outros mucopolissacáridos aparecem associados a uma cadeia peptídica formando
macromoléculas => proteoglicanos

Proteoglicano
da cartilagem

(Campos, 1998)
Mucopolissacáridos ou Glicosilaminoglicanos ácidos
• Sempre associados a cadeia peptídica e intervêm na constituição de proteoglicanos de
estrutura dos tecidos conjuntivos

Heteropoliósidos
Glicoproteínas
• Resultam da associação por ligações covalentes, de uma proteína com um grupo
glúcidico (glicano).
• São heterósidos cuja parte glúcida é o glicano
• Pertencem ao grupo dos glicoprótidos com os glicoaminoácidos e os glicopéptidos
• Encontram-se largamente distribuídas nos tecidos animais, vegetais e nos
microorganismos :
• no tecido conjuntivo (fibras de elastina, reticulina e colagénio)
• nas membranas celulares (coesão dos tecidos e nos processos imunitários =>
antigénios humanos específicos dos grupos sanguíneos A, B e O e na adesão
celular e na ligação de espermatozóides aos óvulos)
• nos líquidos biológicos (saliva, urina, bílis, leite, lágrimas, sangue)
• no sangue (à excepção da soralbumina as proteínas presentes no soro
sanguíneo são todas glicoproteínas)
• em diversas hormonas que são de origem glicoproteica
GLICOPROTEÍNAS - Resultam da associação por ligações covalentes, de uma
proteína com um grupo glúcidico (glicano).

Glicoprótidos
(Campos, 1998)
Vantagens das inúmeras associações glúcidos-proteínas?

Numerosas funções uma vez que são abundantes no organismo mas a sua intervenção no
metabolismo está longe de ser esclarecida:

- lectinas (oligossacáridos específicos para ligação a proteínas):


=> detetores fundamentais da superfície das paredes celulares;
(ex: lectina dos pelos radiculares de leguminosas que reconhece resíduos glúcidos
da parede bacteriana do Rhizobium)
=> permite a adesão da bactéria Escherichia coli às células epiteliais do trato
intestinal;

- imunoglobinas e hormonas peptídicas que têm unidades glucídicas com resíduos


terminais de ácido siálico => formação de asialoglicoproteínas, recetores da
membrana plasmática das células do fígado que as retiram de circulação.

- permitem a entrada de esperma através da dissolução da zona pelúcida, película


extracelular que rodeia os óvulos nos mamíferos

- contadores de tempo – os resíduos oligossacáridos intervém como regulador da


permanência em circulação das proteínas
• Metabolismo dos Glícidos
Metabolismo dos Glícidos
A oxidação das oses e em particular os glícidos fornecem aos
organismos vivos parte da energia que lhes é necessária

Por outro lado, os átomos de carbono da glucose vão encontrar-se


num grande número de compostos (aminoácidos, ácidos gordos,
esteróis, glicerol)

Os glícidos presentes nos alimentos dos animais ou dos


microrganismos são geralmente:
- di-holósidos (lactose e sacarose)
- poliósidos (amido e glicogénio)
que têm de ser hidrolizados, antes de poderem atravessar as
membranas celulares
Hidrólise enzimática – a digestão dos glícidos
No intestino dos mamíferos a hidrólise dos di e poli-holósidos é
catalisada por exoenzimas => enzimas libertadas das células nas quais
foram sintetizadas

(Berg. et al.,2002)
Os restantes poliósidos são hidrolisados por enzimas produzidos por
microorganismos (ex: ruminantes => celulose => celulase => fibra
=> ação intestinal)

O amido e glicogénio são parcialmente hidrolisados por amilases que catalizam a rutura das
ligações glucosídicas

Nos animais por alfa-amilases => enzimas da saliva e do suco pancreático


Polissacarídeos ou Poliósidos
• Os polímeros dos carbohidratos, principalmente o amido e alguns dissacarídeos são
importante componentes da alimentação

• No intestino são degradados os monossacarídeos que depois são absorvidos

• A forma de transporte dos carbohidratos no sangue e a glicose, que entra nas células e é
degradada em energia (glicólise) ou transformada em outros metabolitos.

• Alguns órgãos (fígado e músculos) armazenam glicogénio como polímero de reserva de


carbohidratos.

• Aparecem também como elementos estruturais.

• A sacarose serve nas plantas como forma de transporte de carbohidratos e como reserva
solúvel de carbohidratos. As plantas com grandes quantidades de sacarose são a beterraba,
cana de açúcar e o resultante das flores , o mel que é uma mistura de glicose com frutose.

• Os polissacarídeos de acordo com as suas funções podem ser divididos: estruturais, os que se
ligam a água e os de reserva.
Polissacarídeos ou Poliósidos
A hidrólise das dextrinas residuais das ligações glucosídicas da
amilopectina e do glicogénio é realizada por enzimas denominadas de
desligantes (que são segregadas por células da mucosa intestinal)
e a hidrólise dos poliósidos é completada pela maltase => quebra as
unidades de maltose em 2 moléculas de glucose

No intestino do homem encontram-se ainda duas outras enzimas que


atacam os di-holósidos (1- sacarase ou invertase; 2 – lactase), catalizam:
1- hidrólise da sacarose => glucose + frutose
2- hidrólise da lactose => galactose + glucose
Produtos onde conduz a
digestão dos glúcidos
alimentares
Distúrbios do metabolismo dos glícidos -
Intolerância ao Leite e carência de lactase
• Existem muitos adultos incapazes de metabolizar a lactose e
sofrem distúrbios gastro-intestinais quando o ingerem –
intolerância à lactose ou hipolactasia - causada pela carência
da enzima lactase que separa a lactose em glucose e galactose

(Berg. et al.,2002)
Galactose altamente tóxica sem transferase -
Galactosemia
• Carência hereditária na atividade da galactose 1-fosfato uridiltransferase
=>crianças com atraso no crescimento, diarreia ou vomitam após ingestão
de leite=> icterícia e cirrose => catarata (galactose => reduzida a
galactitol) e letargia e atraso mental => nível sanguíneo com elevado teor
em galactose e aparece na urina – diagnóstico definitivo => a ausência da
transferase nas hemáceas
• Solução- remover a galactose ou lactose da dieta

Ex. aparecimento e cataratas em populações adultas que consomem grandes


quantidades de leite na fase adulta

(Berg. et al.,2002)
Homeostase da Glucose
(Glicólise, Glicogenólise), (Neoglicogénese, Gluconeogénese)

Glicólise
Vias de metabolismo da
glucose-6-fosfato no
fígado:
1: Formação e exportação de
glucose

2: Formação de glicogénio

3: Metabolização via glicólise,


ciclo Krebs e fosforilação
oxidativa → ácido pirúvico->
ATP

4: ACoA -> Síntese de AG e


colesterol

5: Síntese de ribose-5-P e
NADPH (imp síntese AG e Col)
através da via das pentoses->
nucleótidos
Metabolismo da Glucose
O metabolismo das outras oses acompanha o da glucose, porque:
- os glúcidos de reserva (amido e glicogénio) são constituídos exclusivamente
por glucose;
- o metabolismo da frutose integra-se no da glucose;
- as outras oses provenientes dos glúcidos alimentares (galactose e manose) são
convertíveis em glucose.

(adapt. Campos, 1998)


Quando na célula forem requeridas grandes quantidades de ATP há
oxidação, tão completa quanto possível de glucose-6-P

A oxidação da glucose consiste em duas séries de reações:


- 1ª extramitocondrial (ocorre no citosol) => conduz à formação de 2
moléculas de ácido pirúvico => glicólise ou via de Embden-Meyerhof
=> Fase anaeróbia de oxidação da glucose

- 2ª intramitocondrial => permite a oxidação total do ácido pirúvico a


CO2
Glicólise => glic (doce)
e lisis (dissolução)

(adapt, Campos, 1998)


Metabolismo dos Glícidos - Reações da Glicólise

Os intermediários do metabolismo da glucose possuem 3 ou 6


carbonos :
- as unidades de 6 carbonos são derivados fosforilados da glucose ou
da frutose
- as unidades de 3 carbonos são derivados fosforilados da
di-hidroxiacetona, gliceraldeído, ácido glicérico e ácido pirúvico
Metabolismo dos Glícidos - Reações da Glicólise

Reação exergónica
(-) e praticamente
irreversível

(consumo de ATP)
(+)

(-)
O Mg2+ é frequentemente o cofactor nas reações em que intervêm compostos
fosforilados, formando um complexo com o ATP
Todos os intermediários da oxidação da glucose a ácido pirúvico são
fosforilados
=> Reações 2 e 3. Da glucose – 6-P à frutose –1, 6-difosfato
A glicólise inicia-se com o consumo de 2 ATP e todos os compostos no
metabolismo têm de ser ativados antes de sofrerem degradação

Consumo
de ATP
(-)

Isomerização da glucose-6-P em frutose-6-P e sua fosforilação em


frutose 1,6-difosfato por ação de uma fosfofrutocinase (enzima chave)
Entrada da Frutose e da Galactose na Glicólise

(Berg. et al.,2002)
Reação 4. Cisão da frutose–1, 6-difosfato em trioses-fosfato

2 moléculas

Os gliceraldeído-3-P e a di-hidroxiacetona-fosfato, formados por


rutura hidrolítica e por ação da aldolase => são isómeros e
interconvertíveis pela ação de uma isomerase

É um equilíbrio químico que gradualmente se vai deslocando no


sentido da formação de gliceraldeído-3-P => continuação da glicólise

A partir desta etapa produz-se energia (até agora consumo de 2 ATP)


Reação 5. O gliceraldeido-3-P é oxidado a ácido 1,3 difosfoglicérico

2 moléculas

Trata-se na realidade de 2 reações:


- oxidação (única na glicólise) 2 moléculas
- fosforilação

O NADH formado pela oxidação será reoxidado no sistema


transportador de electrões com a consequente produção de ATP
Reoxidação e Oxidação
Reoxidação do NADH em aerobiose ou em anaerobiose

(adapt. Campos, 1998)


Reação 6. Transformação do ácido 1,3-difosfoglicérico em
ácido-3-fosfoglicérico

Na glicólise ocorrem duas fosforilações de ADP a ATP à custa do


substrato (a energia da ligação acilfosfato do ácido 1,3-difosfoglicérico
é utilizada na síntese de um ATP) => processo não habitual de formação
de ATP

Só ocorrem 3 reações deste tipo em todo o metabolismo:


- duas na glicólise
- uma no ciclo de Krebs
Reações 7, 8 e 9. As três últimas reações conduzem à formação
de ácido pirúvico

Ocorre mais uma


Fosforilação à custa de substrato fosforilação de ADP e ATP

CONCLUSÃO:
Glucose => Ácido pirúvico => saldo 2 ATP (2 gastos e 4 produzidos)
Balanço global da Glicólise

Incluindo a reoxidação do NADH pela cadeia respiratória


(variação causada pelo transporte de electrões do NADPH citoplasmático
ser via glicerol-3-fosfato ou pelo malato)
Balanço global da Glicólise

Rendimento em ATP na oxidação completa de Glucose


Processo Produto directo ATP final
Glicólise 2 NADH (citoplasma) 3 ou 5*
2 ATP 2
Oxidação do piruvato 2 NADH (matriz 5
(2/glucose) mitocondrial)

Oxidação do acetil-CoA 6 NADH (matriz 15


no ciclo de Krebs mitocondrial)
(2/glucose)
2 FADH2 3
2 ATP ou 2 GTP 2
Total produzido 30 ou 32
por molécula de glucose

* O número depende da lançadeira utilizada para transportar os equivalentes redutores


para a matriz mitocondrial.
Reoxidação do NADH em aerobiose
ou em anaerobiose

Em presença de oxigénio a glicólise


pode prosseguir através do
(adapt, Campos, Ciclo de Krebs
1998)
Reoxidação do NADH em anaerobiose
Quando a glicólise decorre na ausência de oxigénio=> não funciona o sistema de
transporte de electrões => célula utiliza outras reações para reoxidar o NADH

Pode processar-se por 3 vias:


- redução ácido pirúvico a ácido láctico (fermentação láctica)
- transformação do ácido pirúvico em etanol (fermentação alcoólica)
- redução da di-hidroxiacetona-fosfato a glicerol
Os diversos destinos do Piruvato (ácido pirúvico)

• Como na célula há uma quantidade de NAD+ limitada, que deriva da


vitamina niacina, necessidade dietética nos seres humanos => NAD+ tem de
ser regenerado para ocorrer a glicólise => regeneração do NAD+ pelo
metabolismo do ácido pirúvico

• O destino do ácido pirúvico é variável havendo 3 reações de importância


fundamental:
- transformação em etanol (em leveduras e outros microorganismos)
- transformação em ácido láctico (formado através da fermentação láctica em
diversos microorganismos e nas células de organismos superiores quando o
oxigénio é limitado-músculo em atividade)
- transformação em dióxido de carbono (através do ciclo do ácido cítrico, via
Acetil CoA, formado na mitocôndria)
(Berg. et al.,2002)
Reoxidação do NADH citoplasmático em aerobiose

- é obtido praticamente metade do rendimento energético da glicólise


- processa-se através do sistema transportador de electrões (shuttle)
(processo mitocondrial) mas o NADPH citoplasmático não atravessa
a membrana mitocondrial interna => existência de um
transportador (glicerol-3-fosfato e o ácido málico)

Reação global => Transferência de 2 electrões do NADH do citosol para


a cadeia de transporte electrónico mitocondrial
Shuttle Glicerol 3-fosfato
Glicerol-3-fosfato
desidrogenase ligada à
membrana (mitocondrial)

Glicerol-3-fosfato
desidrogenase
solúvel
(citoplasmática)
(adapt. Campos, 1998)
Shuttle Glicerol 3-fosfato

Glicerol 3-fosfato
desidrogenase
citosólica

Di-hidroxiacetona Glicerol
fosfato 3-fosfato

Glicerol 3-fosfato
desidrogenase
Citosol mitocondrial

Matriz
É utilizado pelos mamíferos
Shuttle do malato ao nível dos rins,
fígado e coração

Ácido málico

(adapt. Campos, 1998)

Não há perda no rendimento energético da glicólise


Shuttle Malato-Aspartato

Aspartato Oxaloacetato Malato

a-Cetoglutarato Glutamato

Citosol

a-Cetoglutarato Glutamato
Matriz
Aspartato Oxaloacetato Malato
Hexocinase e a piruvato cinase participam na
regulação da velocidade da Glicólise
• Hexocinase – enzima que catalisa a 1ª etapa da glicólise que é inibida pelo
seu produto
• Altas concentrações desta enzima => célula sinaliza não necessitar mais de
glicose=> para armazenamento na forma de glicogénio=> ou para
percursores da biossíntese=> glicose permanecerá no sangue
• A inibição da fosfofrutocinase conduz a uma inibição da hexocinase
• Piruvato-cinase – enzima que catalisa a 3ª etapa da glicólise, que é
irreversível e controla a saída desta via=> piruvato e ATP (L- no fígado e
M –no músculo)
Cancro e Glicólise
• Durante décadas pensou-se que os tumores exibiam velocidades
aumentadas de captação de glicose. Hoje sabe-se que essa capacidade não
está intimamente relacionada com, o desenvolvimento do cancro, apesar de
as células cancerígenas crescerem mais rapidamente do que os vasos
sanguíneos que as nutrem
• Quando os tumores sólidos crescem são incapazes de obter de modo
eficiente o oxigénio=> glicólise produz ácido láctico=> fermentação é a
fonte principal de ATP=>captação da glicose está correlacionada com a
agressividade do tumor e é um mau prognóstico=> capacitação da célula
cancerosa a sobreviver até a vascularização acontecer=> estimulação do
crescimento de novos tumores=> desenvolvimento de medicamentos que
inibam a vascularização dos tumores

(Berg. et al.,2002)
Neoglicogénese (Gliconeogénese), a via
inversa da glicólise
(do piruvato à glucose)
A neoglicogénese é também, denominada de
síntese de glicose a partir de precursores não
glucídicos

A neoglicogénese é muito importante porque o


cérebro depende de glicose como fonte primária de
energia e as hemáceas usam apenas glicose

Necessidade diária do cérebro de 1 adulto = 120 g


de glicose quando para todo o organismo são
necessários 160 g

A quantidade de glicose presente nos líquidos


orgânicos é de 20g e a que é disponibilizada pelo
glicogénio é de 190 g => as reservas diretas de
glicose dão para atender às necessidades de 1 dia =>
em período de maior jejum tem de haver a formação
(Berg. et al.,2002)
de glicose a partir de fontes não glucídicas
Gliconeogénese ou
Neoglicogénese

(Koolman & Rohm, 2007)


Neoglicogénese, a via inversa da glicólise
(do piruvato à glucose)

A neoglicogénese não segue em sentido inverso a via da glicólise


porque há 3 reações, por razões de ordem termodinâmica , não são
reversíveis nas condições fisiológicas:

- ácido fosfoenolpirúvico => ácido pirúvico (piruvato-cinase)

- fosforilação frutose-6-fosfato => frutose 1,6-difosfato (fosfofrutocinase)

- fosforilação glucose => glucose-6-fosfato (glucocinase ou hexocinase)


Neoglicogénese Glucose-
6-phosphatase

Diferenças enzimáticas entre:

Glicólise Neoglicogénese

Hexocinase Glucose-6-
fosfatase*
Fosfofrutocinase Frutose-1,6-
bisfosfatase

Piruvato cinase Piruvato


carboxilase*
e
Fosfoenolpiruvato
(PEP) carboxicinase

* Não existe no cérebro ou no músculo


* Enzima mitocondrial
Regulação do tipo
alostérico
Activada em falta de ATP
ou
excesso de AMP ou ADP

+ activação
- inibição

(adapt. Campos, 1998)


Porque a neoglicogénese se inicia com a passagem pelas
mitocôndrias?
1. Tem a ver com o quociente NADH/NAD+ que no citosol tem um
valor 100.000 vezes inferior ao que apresenta nas mitocôndrias

2. Passagem de malato => ácido oxalacético => Transferência de


NADH para o citosol enquanto funciona a neoglucogénese, que requer
NADH

3. Nos Vertebrados, situação particular, sobretudo após esforço intenso a


via de conversão do ácido pírúvico em fosfoenolpirúvico é mais simples
através do ácido lático produzido nos eritrócitos ou no tecido muscular

A conversão do lactato em piruvato => NADH

A necessidade de exportação do ácido málico para as mitocôndrias deixa


de existir e o ácido oxaloacético é convertido diretamente em
fosfoenolpirúvico
NEOGLiCOGÉNESE OU GLICONEOGÉNESE

1. Transformação do ácido pirúvico em fosfoenolpirúvico


Reação 1. Carboxilação a ácido oxaloacético pela piruvato
carboxilase

(adapt. Campos, 1998)

• Esta enzima mitocondrial (as outras são citoplasmáticas) contém a


biotina (coenzima transportadora de CO2), sendo o Mg2+ cofactor da
reação que se realiza à custa de ATP
NEOGLICOGÉNESE OU
GLICONEOGÉNESE

• Uma vez que a membrana


mitocondrial é impermeável
ao ácido oxaloacético, este
atravessa a membrana
mitocondrial na forma de
ácido málico (malato) a que
foi reduzido por acção de uma
malato-desidrogenase e de
NADPH ligado ao enzima;

• Depois de transportado
através da membrana o malato
é reoxidado a oxaloacetato no
citosol (através de uma
malatodesidrogenase de
NAD+
(adapt. Campos, 1998)
NEOGLICOGÉNESE OU GLICONEOGÉNESE

(Berg. et al.,2002)
NEOGLICOGÉNESE OU GLICONEOGÉNESE

Reação 2. Descarboxilação fosforilante do ácido oxaloacético a ácido


fosfoenolpirúvico

(Campos, 1998)

Realizada pela fosfoenolpiruvato-carboxicinase em presença de inosina-


trifosfato(ITP) ou de guanosina-trifosfato (GTP)
NEOGLICOGÉNESE OU GLICONEOGÉNESE

2. Da frutose-1,6-difosfato à frutose-6-fosfato

Hidrólise catalisada pela enzima frutose-1,6-difosfatase

Existem fenómenos de regulação uma vez que a enzima é inibida pelo


AMP e activada pelo ATP

3. Hidrólise da glucose-6-fosfato

As oses só podem passar através da membrana celular para o exterior


depois de desfosforiladas

Hidrólise da ligação éster catalizada por glucose-6-fosfatase presente


nas células hepáticas e está largamente distribuída nos tecidos vegetais
Frutose-2,6-difosfato –nas plantas e no fígado dos mamíferos
é um forte regulador alostérico => da glicólise e neoglucogénese
(descoberta em 1980 por Henry Hers e Von Schaftingen)

Desempenha ainda um papel fundamental nas plantas


 na regulação do metabolismo do carbono proveniente da
fotossíntese => ao nível da síntese da sacarose

(adapt. Campos, 1998)


A enzima bifuncional que regula a frutose-2,6-difosfato
Situam-se na mesma cadeia peptídica => cinase e uma fosfatase

São controladas por um mecanismo de fosforilação-desfosforilação

Degradação de F-2,6-diP Formação de F-2,6-diP

fosforilação activa o desfosforilação activa o

(adapt. Campos, 1998)

Nos mamíferos quando nível glucose é baixo => aumento de glucanon


=>ativa síntese de AMP cíclico=> fosforilação de F-2,6-diP=>degradada
=> ativação da neoglucogénese
Nos mamíferos quando nível glucose é alto => desfosforilação da enzima
síntese de F-2,6-diP => potente activador de fosfofrutocinase
 glicólise estimulada
(adapt. Campos, 1998)
OU GLICONEOGÉNESE

(adapt. Campos, 1998)


Cooperação entre glicólise e neoglicogénese

(Berg. et al.,2002)
(adapt. Campos, 1998)
Ciclo de Krebs

Associado à cadeia de transporte eletrónico, além de constituir a


sequência final da oxidação dos glúcidos é também o destino final
e comum da degradação dos aminoácidos e dos ácidos gordos

Em aerobiose o destino de todos os compostos metabólicos vais ser o


ciclo de Krebs

O ácido pirúvico, o acetil-coA e os intermediários do Ciclo constituem


as cadeias carbonadas para a síntese de aminoácidos e outros compostos,
e o ácido cítrico está relacionado com a síntese dos lípidos

O ciclo de Krebs é placa giratória de todo o metabolismo e está associado


à glicólise através da transformação ácido pirúvico=> acetil-coA

Os intermediários do ciclo são os percursores que fornecem as cadeias


hidrocarbonadas que após transformações ligeiras e incorporação do
grupo amina irão originar os aminoácidos
As reações do ciclo de
Krebs ocorrem dentro da
mitocôndria ao
contrário das da glicólise
que ocorrem no citoplasma

(adapt. Campos, 1998)


Entrada do ácido pirúvico no Ciclo de Krebs
Em aerobiose o NADH é reoxidado através do sistema transportador
de electrões
e o ácido pirúvico é completamente oxidado a CO2 + H2O

Esta oxidação completa ocorre no ciclo de Krebs (ou do Ácido Cítrico


ou Ciclo dos Ácidos Tricarboxílicos)

Reação 1. Descarboxilação do ácido pirúvico a acetilcoenzima A


(elo de ligação entre glicólise e ciclo de Krebs)

O ácido pirúvico tem de ser previamente convertido em acetil-coA


através de reações da descarboxilação oxidante (matriz mitocondrial):
• descarboxilação do ácido pirúvico a acetaldeído;
• oxidação do acetaldeído;
• transferência do grupo acetilo para coenzima A;
• reoxidação do ácido lipóico pelo FAD e NAD+
(adapt. Campos, 1998)
Ciclo de Krebs ou do ácido cítrico
Em 1932, Krebs descobriu a formação de ureia no fígado e 4 anos
depois elucidou as reações que convertem os alimentos, em particular
os glúcidos em energia utilizável

Em termos de processo oxidante o ciclo de Krebs traduz-se na


conversão do acetil-coA em 2 moléculas de CO2 e na perda de 8 átomos
de hidrogénio para os aceitadores NAD+ e FAD

O ciclo de Krebs que permite a oxidação completa da glucose é um


cruzamento dos metabolismos glucídico, lipídico e proteico e ainda
permite a oxidação completa de CO2 + H2O, dos ácidos gordos(=>
acetil-coA) e de aminoácidos (=> ácido pirúvico) ou dos próprios
intermediários do ciclo (ácidos alfa-cetoglutárico, succínico, fumárico ou
oxaloacético)
(adapt. Campos, 1998)

Condensação /
transferência do
Acetil-coA

Oxidação Transferência de OH

Desidrogenação
ao nível do OH
Hidratação

Oxidação e
cedência
Carboxilações
de e- do
FADH2 Síntese de ureia
ao sistema Biossíntese de
transportador nucleótidos ou
via pulmonar

Síntese de ATP
Descarboxilação
por hidrólise do oxidante
substrato
REAÇÕES DO CICLO DE KREBS

• 1ª reação (irrev)- O ciclo de Krebs inicia-se pela condensação de uma unidade de 4 carbonos
(ac. Oxalacético) com uma de dois carbonos (ACoA), catalisada pela enzima citrato sintase
=> originando ácido cítrico e CoA

• 2ª, 3ª e 4ª (irrev) reações – transferência do OH de posição (3=>4) com formação de ácido


cis-aconítrico e depois ácido isocítrico=> desidrogenação => ácido alfa-cetoglutárico (enzima
isocitrato-desidrogenase)

• 5ª reação (irrev) – descarboxilação oxidante do ácido alfa-cetoglutárico com várias


coenzimas (pirofosfato de tiamina, ácido lipóico e CoA e ainda cofactor Mg) => Succinil-coA

• 6ª reação – ocorre com síntese de ATP por hidrólise do Succinil-coA e envolve a


transferência do grupo fosfato para a GDP e posteriormente desta para o ADP com formação
de ATP=> ácido succínico

• 7ª reação – oxidação de ácido succínico => ácido fumárico (succinato desidrogenase com
coezima FAD que cede 2 eletrões ao sistema transp. eletrões)

• 8ª etapa - ácido fumárico => ácido málico (por hidratação)

• 9ª etapa - ácido málico => oxidado a ácido oaxalacético (interferência do NAD+)


O CO2 formado nas reações 4 e 5
pode ser utilizado em diversas
sínteses:
- carboxilações e
descarboxilações
(ácido pirúvico e aminoácidos)
- síntese da ureia
- biossíntese de nucleótidos
- eliminado via pulmonar
através do transporte pelo
sangue
- via das pentoses

(adapt. Campos, 1998)


CICLO DE KREBS

(adapt. Campos, 1998)


do Ciclo de Krebs

(adapt. Campos, 1998)


Estequiometria do ciclo de Krebs

(Berg. et al.,2002)
Regulação do ciclo de Krebs
Ao nível das três reacções
Irreversíveis =>1,4 e 5

(adapt. Campos, 1998)


(adapt. Campos, 1998)

Saldo energético da oxidação completa da glucose


(adapt. Campos, 1998)
Reposição dos intermediários do ciclo
de Krebs
(Berg. et al.,2002)

Os intermediários do ciclo de Krebs tem de ser rapidamente repostos se forem


retirados para a biossíntese
(ex: saída de oxalato para formação de proteínas => redução do funcionamento do
ciclo de Krebs=> reposição do acido oxalacético por carboxilação do ácido pirúvico)
(adapt. Campos, 1998)
(adapt. Campos, 1998)
(adapt. Campos, 1998)
Perturbação do metabolismo do ácido
pirúvico
• Beribéri – doença neurológica e cardiovascular causada por
deficiência de tiamina (vit B1)=> problema Oriente porque
arroz pobre em tiamina
Aparece também nos alcoólicos mal nutridos
• Envenenamento por mercúrio e arsénio (doença
dos fotógrafos e dos chapeleiros)=> administração de
reagentes com sulfidrilas adjacentes

(Berg. et al.,2002)
Via das Pentose - Fosfato ou via de Dickens -
Hoerecker

Possui 2 fases :
Fase oxidante – a glucose-6-P é
oxidada a ribulose-5-P com
formação de NADPH
Fase não oxidante – transferências
de grupos com 3 átomos de
carbono
(transaldolisação) e com 2
(transcetolisação)

(Berg. et al.,2002)
Metabolismo da glucose pela Via das Pentose-
Fosfato ou via de Dickens -Hoerecker
Série de reações que:

- produz NADPH para a síntese de ácidos gordos e dos esteróides e de


outros lípidos (colesterol);

- permite também às células metabolizar a glucose-6-fosfato através da


oxidação da glucose a CO2 (processo aeróbio) com produção de ATP, sem
utilizar a via da glicólise;

- funcionando no sentido inverso, converte a glucose-6-fosfato em ribose-5-


fosfato para a síntese dos ácidos nucleicos.
Fase oxidante
descarboxilação oxidante

-2 oxidações com
formação de NADPH Isomerização
e de 3 a 5 ATP
Fase não oxidante

(adapt. Campos, 1998)

Nesta fase ocorrem transferências de grupos com 3 átomos de carbono (transaldolisação) e


com 2 átomos de carbono (transcetolização-duas)

Xilulose - 5-fosfato + ribose -5-fosfato <=> gliceraldeido-3-fosfato + sedo-heptulose -7-fosfato

Xilulose - 5-fosfato + eritrose -4-fosfato <=> gliceraldeido-3-fosfato + frutose-6-fosfato


Reversibiliddae
das hexoses às
Fase pentoses
oxidante Síntese de ácidos
Formação de
nucleicos
NADPH
para a síntese
de ácidos gordos Fase
e esteróides não
oxidante
Regulação
(aceitação e-)

(adapt. Campos, 1998)


(adapt. Campos, 1998)

Balanço energético => 2 oxidações com formação de NADPH=> 2,5 ATP/cada


1 glucose-6-fosfato+12 NADP+=> 6 CO2+12 NADPH +12 H+ + Pi
Metabolismo do
Glicogénio ou
Glucogénio

(Koolman & Rohm, 2007)


Degradação do glucogénio - Glicogenólise
O glicogénio é nos animais uma forma de armazenamento de glucose
facilmente mobilizável

A sua degradação ocorre por fosforólise (reação em que o ião


ortofosfato desempenha papel análogo ao da água na hidrólise)

(Glucose) n + Pi <=> (Glucose) n-1 + glucose -1-fosfato => glucose 1,6-difosfato => glucose-6-fosfato
Glicogénio Glicogénio

Seguidamente a glucose -1-fosfato


é transformada em glucose -6-fosfato
por ação da fosfoglucomutase

(Campos, 1998)
Degradação do glicogénio - Glucogenólise

(Berg. et al.,2002)
Degradação do glicogénio - Glucogenólise

(Berg. et al.,2002)
Papéis da epinefrina e da insulina
na degradação e síntese do
Glicogénio

A insulina estimula a síntese


do glicogénio por ativar a
proteína fosfatase

A epinefrina estimula a degradação


do glicogénio por ativar a fosforilase cinase (Berg. et al.,2002)
Degradação e Síntese do Glicogénio
(o efeito de “cascata”)

Degradação

Síntese

(Berg. et al.,2002)
Glicogenólise
Glucagina Epinefrina
(fígado)
 Glucose

R
G
AC Fosfodiesterase
citosol
AMPc AMP
 Glucose
Glucocinase
PKA PKA
inactiva activa Glucose-6-P

Glicogénio sintetase
Fosforilase cinase activa Glucose-1-P
inactiva
Fosfatase
(UDP-glucose)
Glicogénio sintetase
Fosfatase
Fosforilase cinase inactiva
activa

Glicogénio
Glicogénio fosforilase b Glicogénio fosforilase a
(inactiva) (activa) Fosfoglucomutase
Fosfatase
Glucose-1-P Glucose-6-P
Glucose-6-fosfatase
(fígado)
Glucose sanguínea
Via não activa
A Regulação é feita por controlo hormonal com intervenção
da adrenalina ou epinefrina (no músculo e no fígado) ou
pelo glucanon (no fígado)

As enzimas glicogénio-fosforilase e glicogénio-sintetase,


catalisam a degradação e a síntese, atuando
simultaneamente e com efeitos opostos

(Campos, 1998)
• Controle do
metabolismo dos
Glícidos
(Glúcidos ou
Hidratos de
carbono)
• Papel do
Glucagon e da
Insulina

(Koolman & Rohm, 2007)


Síntese do glucogénio
Este metabolismo é um exemplo típico de como as vias biossintética e
de degradação são quase sempre distintas o que facilita a regulação do metabolismo

Ocorre em 5 passos:
1. Glucose-6-fosfato => Glucose-1-fosfato
2. Glucose-1-fosfato + UTP => UDP- glucose + PPi
3. PPi +H2O => 2 Pi
4. UDP- glucose + (glicogénio)n => (glicogénio)n+1 +UDP
5. UDP +ATP => UTP +ADP

Dador de glucose na biosíntese

(Campos, 1998)
Fontes de energia para a contração muscular
(Campos, 1998)
Ciclo de Cori
A ausência de glucose-6-fosfatase no músculo impede aí a formação de glucose livre.

Mas, o metabolismo muscular pode contribuir para o aumento do teor de glucose no


sangue => a glucose sintetizada no fígado a partir do ácido pirúvico é fornecida ao
músculo => que retira ATP da conversão da glucose em ácido láctico(lactato) pela via
da glicólise

(adapt. Campos, 1998)


=> Quando o músculo está em atividade ocorre através do sangue um
fornecimento contínuo de glucose ao fígado=> o músculo esqueléctico em atividade é a fonte
de energia para outros órgãos.
Cooperação metabólica
entre o músculo e o
fígado:

- Músculos ativos usam


glicogénio → lactato
(glicólise)

- O lactato é usado pelo


fígado para formar glucose

- A glucose regressa ao
músculo → glicogénio

glucose → lactato → glucose


(Ciclo de Cori)
Canais de Ca2+
(sensíveis à voltagem)

Trocador Na+/Ca2+
(mantem baixa
[Ca2+]i em
repouso)

Na+
Ca2+

Glicólise
Metabolismo de outras Oses - Conversão reversível
galactose-glucose
Esta interconversão entre UDP-galactose e a UDP-glucose é importante
tanto na degradação da galactose como para a síntese de glúcidos
complexos

(Campos, 1998)
(Campos, 1998)
Glícidos e sangue
Os monossacáridos glucose, frutose e galactose, produtos finais do
da digestão dos glúcidos da dieta são absorvidos no intestino, passando
para o sangue de onde são retirados em diversos órgãos.

São várias as hormonas que participam na regulação da concentração


sanguínea da glucose (70-100mg/100ml):
- insulina => glucogénese e lipogénese => descida dos níveis de
glucose sanguínea => aumento da permeabilidade das células
- glucagon => aumenta a concentração de glucose => estimula
glucogenólise hepática
- hormona de crescimento e ACTH => tendem a aumentar os teores
de glucose no sangue
- adrelanina e tiroxina => aumento do teor de glucose no sangue
- cortisol => aumento do teor de glucose no sangue
Alterações do metabolismo dos glícidos
O mais conhecido é a Diabetes mellittus tendo sido encontrada uma
certa propensão hereditária pela presença de 2 genes defeituosos e
recessivos nos humanos afetados por esta doença.

Existem vários outros defeitos hereditários do metabolismo dos


glúcidos que conduzem à sua acumulação através da inibição da sua
degradação pela glicólise:
- frutoquinase muscular
- glucose-6-fosfatase hepática

Um outro defeito hereditário do metabolismo é a galactosemia,


traduzida pela falta de algumas enzimas que fazem a hidrólise intestinal
da lactose ingerida pelo leite que vai introduzir a galactose no
metabolismo geral dos açúcares => nestes doentes a galactose não se
degrada e acumula-se no sangue => tratamento pela supressão das
fontes de galactose da dieta (leite)

Frutossuria essencial e pentossurias => medida da presença de frutose e pentoses eliminadas


na urina

Hepatomegalia (aumento maciço do fígado) e doença de Von Gierke (falta de glicose-6


fosfato no fígado)
A frutosemia trata-se de uma desordem genética, de caráter autossómico recessivo,
caracterizada pelo erro inato do metabolismo da frutose, em decorrência da deficiência da
enzima aldolase B.. Os portadores desta desordem não apresentam sintomas até ingerirem
alimentos que contenham frutose (como frutas e legumes).
A intolerância hereditária à frutose é um distúrbio do metabolismo dos hidratos de
carbono que é causada pela falta da enzima necessária para metabolizar a frutose.

Quantidades muito pequenas de frutose causam níveis baixos de glicose no sangue e podem
causar danos renais e hepáticos. Os distúrbios de intolerância à frutose ocorrem quando os
pais transmitem aos filhos os genes defeituosos que causam esses distúrbios.

• A intolerância à frutose é causada pela falta de uma enzima necessária para decompor a
frutose.
• Os sintomas normalmente incluem níveis baixos de glicose no sangue, sudorese, confusão e
danos renais.
• O diagnóstico é feito por meio do exame de uma amostra de tecido do fígado.
• O tratamento inclui evitar frutose na dieta e, quando necessário, tomar comprimidos de
glicose.

Pentossuria - é uma patologia de origem genética, causada por um erro inato do metabolismo.
É caracterizada pela eliminação de xilulose na urina.
Níveis normais glucose no sangue:
- 70-100 mg/ 100 ml (4,0-5,5 mmol/l)

Excreção pela urina => quando concentração >160-180 mg/ 100ml (9,0- 10,0
mmol/l)

Distúrbios frequentes
Diabetes => níveis insuficientes de insulina => não entrada de glucose nas células
hepáticas => aumento do nível de glucose no sangue => degradação nas células de
ácidos gordos e proteínas => corpos cetónicos => passam sangue => acidosis
(processo de diminuição do pH sanguíneo para menos de 7,35) e coma

Hipoglicémia => falta de glucose => total ou parcial hiperinsulinismo

Recém-nascido => pode provir de:


- inadequada reserva de glucogénio
- ou mecanismos hormonais e enzimáticos ainda não desenvolvidos

DETEÇÃO => Os estados diabéticos detetam-se pela medida dos níveis de


glucose sanguínea => deteção de glucose na urina e provas de tolerância à
glucose
Prova de tolerância à glucose
Administração oral de 100 g de glucose e medição das condições
algum tempo depois (30, 60, 120 e 180 minutos)
Perturbação do metabolismo do glicogénio no
músculo

• Doença de McArdle
(actividade da fosforilase
muscular está ausente)

NMR – ressonância magnética

(Berg. et al.,2002)
Hepatomegalia
Causas comuns:
O fígado está envolvido em muitas funções corporais e é afetado por uma variedade de enfermidades,
muitas das quais resultam em hepatomegalia.

As causas de hepatomegalia podem incluir:


• Consumo de álcool
• Insuficiência cardíaca congestiva
• Doença do armazenamento do glicogénio
• Síndrome hemolítico-urémica (SHU)
• Hepatite A
• Hepatite B
• Carcinoma hepatocelular
• Intolerância hereditária à frutose
• Mononucleose infecciosa
• Leucemia
• Neuroblastoma
• Doença de Niemann-Pick
• Cirrose biliar primária
• Síndrome de Reye
• Sarcoidose
• Colangite esclerosante
• Esteatose hepática (gordura no fígado derivada de problemas metabólicos como obesidade, diabetes e
triglicéridos elevados)
• Metástase dos tumores www.wikipédia.org
Hepatomegalia
Hepatoesplenomegalia; Aumento do fígado; Fígado aumentado.
É a inflamação do fígado, para além do seu tamanho normal.
Se tanto o fígado como o baço estão aumentados, denomina-se de
hepatoesplenomegalia.
Veja-se também: Esplenomegalia.

Considerações gerais:
O canto (borda) inferior do fígado normalmente chega apenas até ao canto inferior das costelas (margem
costal), do lado direito. A borda do fígado normalmente é fina e firme e não pode ser sentida com a ponta dos
dedos sob a borda das costelas, exceto quando se efetua uma respiração profunda. O fígado pode ser
considerado aumentado, e pode-se sentir nessa área.

Os exames para determinar as causas da hepatomegalia podem variar dependendo da causa suspeita, mas
podem incluir:
• Radiografia Abdominal
• Ecografia do fígado (deve ser feita para confirmar a condição, se o seu médico pensa que o fígado parece
aumentado durante um exame físico)
• TC (tomografia computadorizada) abdominal
• Provas de função hepática, incluindo exames de coagulação do sangue
• Outros exames para detetar causas suspeitas.

www.wikipédia.org
Manifestações clínicas na doença hepática
Doença de von Gierke ou Glicogenose tipo I
• A doença de von Gierke ou Glicogenose tipo I é um distúrbio metabólico hereditário autossómico
recessivo que leva à acumulação de glicogénio.
• Há a deficiência da enzima glicose-6-fosfatase, que faz com que o fígado não consiga produzir
mais glicose a partir de suas reservas de glicogénio (glicogenólise), e a partir da gliconeogénese.
Como estas são as duas formas principais de obtenção de glicose pelo fígado nos períodos de jejum
(para ser libertada no sangue), essa doença causa uma grave hipoglicemia.

• Pessoas com este síndrome possuem fígados incapazes de libertar glicose no sangue nos períodos de
jejum resultando em grave hipoglicemia. A acumulação de glicógenio no fígado causa o seu aumento
de volume (hepatomegalia) e os depósitos nos rins (nefromegalia), prejudicando seu funcionamento.
A hipoglicemia pode causar: Convulsões, Irritabilidade, Palidez e cianose, Fraqueza e tremores, Falta
de ar e Desmaios.
• Quantidades anormais de glicogénio acumulam-se em diversos tecidos, causando uma série
de sintomas, como: convulsões, problemas de sangramento, distúrbio do crescimento, xantomas na
pele (placas cerosas amarelas) e aumento da lordose (curvatura da coluna lombar). Além disso,
o fígado e os rins aumentam de tamanho devido à acumulação de glicogénio que não é degradado.
Estes dois órgãos funcionam normalmente durante a infância, mas estão suscetíveis a uma série de
problemas na idade adulta.
• Outros distúrbios metabólicos incluem acidose láctica (aumento de ácido láctico no corpo)
e hiperlipidemia.

www.wikipédia.org
Doença de von Gierke ou Glicogenose tipo I
• O tratamento principal é a dieta a base de maizena ou outros hidratos de carbono. Outras medidas
terapêuticas podem ser necessárias para tratar problemas associados à doença. TERAPIA COM
GLUCAGON; INCRETINAS.

• Diagnóstico laboratorial => O diagnóstico das glicogenoses é de grande importância visto que a
abordagem terapêutica é simples e eficiente.
• As alterações laboratoriais mais frequentes são:
– hipoglicemia após 3 ou 4 horas de jejum;
– aumento de ácido láctico, colesterol, ácidos graxos, triglicéridos, fosfolípidos e ácido úrico;
– aumento discreto de aminotransferases.

• Tradicionalmente, os testes de tolerância ao glucagon, galactose, frutose e glicose foram usados


no diagnóstico das glicogenoses. Na glicogenose tipo I a glicemia não responde à administração
de glucagon.
• Como os pacientes são incapazes de converter a galactose e a frutose em glicose, a administração
desses açúcares é seguida de aumento do lactato e, consequente, de acidose metabólica, sem resposta
glicémica. Com a administração de glicose, o nível de lactato normaliza-se. É importante lembrar que
o teste de tolerância com o glucagon pode ser útil para distinguir as glicogenoses do tipo I e III.
• Na glicogenose tipo I, não há resposta ao glucagon tanto em jejum quanto após a alimentação. No
entanto, na glicogenose tipo III ocorre resposta glicémica ao glucagon quando o teste é realizado
após dieta. Os testes devem ser interrompidos logo que o paciente apresente sintomas
www.wikipédia.org
(Campos, 1998)

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