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Capítulo 6

6.3 Inibição da atividade enzimática

David João Horta Lopes


(Campos, 1998)
Regulação Enzimática por Ativadores e Inibidores

Inibidor irreversível – são aqueles que modificam de forma


permanente as enzimas

Grande parte dos medicamentos funciona como inibidores de


enzimas daí a importância da cinética enzimática e dos inibidores no
desenvolvimento e testagem de medicamentos
Regulação Enzimática por Ativadores e Inibidores

(Pavão, 2005)
TIPOS DE INIBIDORES
E CINÉTICA DA INIBIÇÃO
Análogos aos substratos - assemelham-
se nas suas propriedades aos substratos
dos enzimas alvo

Inibidor não competitivo – reage com


um grupo importante para a atividade do
enzima, modificando-os, sem danificar a
ligação do substrato

Substratos suicidas - são análogos dos


substratos com capacidade extra de
reação (ex. penicilina)

Inibidores alostéricos – ligam-se a sítios


separados fora do centro ativo
provocando a alteração da conformação
da proteína-enzima e que não diminuem
a sua ação por adição de um excesso de
(Koolman & Rohm, 2005)
substrato.
(Pavão, 2005)
Regulação Enzimática por ativadores e inibidores
Há inibidores competitivos que se caracterizam por:
- uma grande analogia estrutural com os substratos, não sendo
distinguidos pela enzima o verdadeiro substrato do inibidor
- ligam-se ao centro ativo do enzima, impedindo a ligação do enzima ao
substrato (qualquer análogo estrutural pode intervir como inibidor
competitivo)
- concorrem com o substrato pelo mesmo sítio de ligação à enzima

inibidor

Tradução da ação
do inibidor (Campos, 1998)
Regulação Enzimática por ativadores e inibidores
Exemplos de inibição competitiva:
• > concentração de sulfamidas => bactérias perniciosas para
o organismo humano necessitam de ácido p-aminobenzóico =>
síntese do ácido fólico, vital para as bactérias => fornecimento
sulfamidas (medicamentos) a enzima não as distingue do
substrato e não consegue sintetizar o acido fólico => morte das
bactérias perniciosas
• metanol (tóxico para os mamíferos) => é inibidor
competitivo da álcool-desidrogenase cujo substrato natural é o
etanol

(Campos, 1998)
Ex: Aumento da
concentração de sulfamidas
EXEMPLOS

(Pavão, 2005)
Inibidor competitivo vs inibidor não competitivo

INIBIDOR – grande analogia


estrutural com os substratos a
enzima não distingue o
substrato do inibidor => ligação
do inibidor ao centro ativo
impedindo a ligação do
(Campos, 1998) substrato

(Campos, 1998)
EXEMPLOS

(Pavão, 2005)
Inibidores de proteases são medicamentos importantes

A maior parte dos inibidores de proteases naturais têm estrutura semelhante à


dos substratos peptídicos da enzima que cada um inibe. Têm de ser muito
específicos para que não inibam outras proteínas dentro do organismo.

Ex: captopril – inibidor da metaloprotease, enzima conversora de angiotensina


(ACE) que tem sido usada para regulação da pressão arterial

Ex: crixivan – inibidor da protease do HIV. Protease que cliva proteínas virais
com múltiplos domínios para as suas formas ativas impedindo o vírus de ser
infecioso

A ligação que é cindível no substrato

(Berg et al., 2004)


Inibidor competitivo para tratamento da SIDA

Perante a dificuldade de criação de uma vacina tem sido muito desenvolvida a pesquisa de
inibidores específicos que bloqueiem a atividade de enzimas exclusivas do vírus da HIV

(ex: HIV- protease) => catalisa o processamento das proteínas virais


numa célula infetada

as partículas virais de HIV não


são libertadas nas células hospedeiras

(Campos, 1998)

AG-1284 – potente inibidor da HIV- protease


(mesmo em
concentrações baixas) (Agouron Pharmaceutical)
(desenhado a partir do
conhecimento da estrutura da enzima e do seu centro
ativo)
Aspeto do processo
de inibição
competitiva para
tratamento da SIDA

(Berg et al., 2004)


(Pavão, 2005)
(Pavão, 2005)
(Pavão, 2005)
(Pavão, 2005)
(Pavão, 2005)
(Pavão, 2005)
Regulação da Atividade Enzimática
Regulação da Atividade Enzimática

A atividade das enzimas está regulada por uma série de fatores:


- temperatura
- pH
- concentração dos substratos
- concentração de cofatores e coenzimas

Existem até enzimas especializadas denominados de reguladores das


sequências metabólicas, que se agrupam em três grupos principais:
- interaçõesalostéricas
- modificação covalente reversível
- ação sobre as subunidades catalíticas
(Pavão, 2005)
(Pavão, 2005)
Regulação alostérica
Tipo de regulação que inclui ativação e inibição e assume a maior relevância em
bioquímica

Enzimas que possuem outros lugares de união para além do correspondente ao


substrato, aos quais se unem efetores (+) e (-)

Enzimas que intervêm no controlo das sequências centrais do


metabolismo (ex: síntese do triptofano em E. coli; fosfofrutocinase)

retroinibição (suspende a síntese de um aminoácido quando atinge


determinados valores em que já não é utilizado pela célula => atuando
sobre a 1ª enzima responsável pela síntese suspendendo-a => economia de energia
dispendida)

(Campos, 1998)
(Pavão, 2005)
(Pavão, 2005)
(Pavão, 2005)
Regulação por modificação de natureza covalente

Enzimas que podem ser fosforiladas reversivelmente a partir do ATP

serina
tirosina

(Campos, 1998)
Ex: controlo do transporte através dos canais membranários e das
proteínas -alvo
(Pavão, 2005)
Ativação por ação sobre as subunidades catalíticas

Ativador alostérico

(Campos, 1998)

Ligações do tipo: proteína + ATP Proteína –P +ADP


EXEMPLOS

(Pavão, 2005)
(Pavão, 2005)

Zimogénios ou pró-enzimas são precursores inativos de proteínas que precisam ser clivados em um ponto
específico para dar origem a proteínas funcionais.

A síntese de proteínas em forma de zimogénios é uma estratégia utilizada pela célula para evitar que uma
proteína exerça uma atividade perigosa em hora e local errado. Por exemplo, as proteínas com função
digestiva não podem se tornar ativas no citosol porque começariam a degradar deliberadamente outras
proteínas, então a célula sintetiza essas proteínas numa forma inativa (os zimogénios).
Exemplos conhecidos são a tripsina e a quimiotripsina.

As caspases, responsáveis pelo disparo do processo de apoptose, também só podem se tornar ativas em
situações específicas, por isso são também sintetizadas na forma de pró-enzima.

A modificação pós-traducional em questão é a clivagem de zimogénios


(Pavão, 2005)
(Pavão, 2005)
(Pavão, 2005)
(Pavão, 2005)
Enzimas e diagnóstico
Aplicações práticas
(Pavão, 2005)
Enzimas e Enzimologia de diagnóstico
Entre as proteínas circulantes no plasma encontram-se enzimas que
podem ser específicas do plasma sanguíneo ou que resultaram de algum
órgão ou tecido e que passaram para o sangue => enzimologia clínica

Diagnóstico de diversos estados patológicos


e seguir a sua evolução
Enzimas e Enzimologia de diagnóstico
Nos problemas hepáticos
(cirrose; hepatite aguda; obstrução hepatobiliar e tumores hepáticos)

As enzimas com valor de diagnóstico são:


- Transaminases (ASAT => hepatite vírica aguda
e ALAT;
- lactatodesidrogenase (LDH);
- > Fosfatase alcalina (AP); Obstruções hepatobiliares
- > yGT;

E permitem distinguir e seguir a evolução das hepatites crónicas (níveis


mais elevados) e cirroses hepáticas
Formas múltiplas de enzimas - Isoenzimas
Formas moleculares múltiplas de um enzima provenientes de um mesmo
organismo que apresentem entre si diferenças geneticamente=> diferentes KM e Vmáx
=> atividade metabólica variável

Exemplo: sistema lactato–desidrogenase (LDH)(constituída por 4 monómeros sendo


cada um deles uma cadeia peptídica com 344 aa)=> por electroforese =>diferentes
bandas correspondentes a enzimas com atividade LDL => presença de 2 tipos de sub-
unidades (M (músculo) e H (coração))=> por permutações na constituição da enzima
ativa => dão origem a 5 estruturas diferentes

(adapt.
Campos, 1998)
(Pavão, 2005)
(Pavão, 2005)
(Pavão, 2005)
Enzimas e Enzimologia de diagnóstico
A determinação das várias atividades enzimáticas no plasma sanguíneo
permite efetuar com maior exatidão um diagnóstico diferencial:
- enfarte do miocárdio (>CK; >LDH; ASAT)(antes e depois)

CK
(cretina
quinase) Aspártico transaminase

Lactacto desidrogenase
(Pavão, 2005)

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