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Bioquímica Geral

8. Enzimas

http://puesoccurrences.wordpress.com/2009/07/

Dora Martins Teixeira


1
Enzimas

Catalisadores biológicos - aceleram a velocidade das


reacções energeticamente favoráveis
São específicos das reacções em que intervêm.
Adaptado de: NELSON, D., COX, M. (2004). LEHNINGER PRINCIPLES OF BIOCHEMISTRY, W. H. FREEMAN.
Enzimas
Perspectiva Histórica
Início séc. XIX  Catálise biológica:
Digestão do amido: saliva (amilase salivar)
Década de 50
Louis Pasteur concluiu que a fermentação do açúcar em
álcool pela levedura era catalisada por “fermentos”=
enzimas
Eduard Buchner (1897)
- Extractos de levedura podiam fermentar o açúcar em
álcool
- Enzimas eram activos mesmo quando removidos da
célula viva.
Enzimas
Perspectiva Histórica
James Sumner (1926)
-Isolou e cristalizou a urease.
-Postulou que “todos os enzimas são proteínas”.
John Northrop (década 30)
- Cristalizou a pepsina e a tripsina bovinas.

Década 50
- 75 enzimas isoladas e cristalizadas.
- Ficou evidenciado carácter proteico.
Actualmente
+ 2000 enzimas são conhecidos.
Enzimas
Biocatalisadores  Aumentam a velocidade das reacções
diminuindo a barreira energética de activação (Ea). No entanto, não
alteram o valor de G nem a constante de equilíbrio da reacção.

Adaptado de: GARRETT,R., H., GRISHAM, C. M.,(2001). Principles of Biochemistry With a Human Focus, Brooks Cole.
Propriedades dos Enzimas
São catalisadores biológicos que aceleram as reacções
bioquímicas termodinamicamente possíveis.
São verdadeiros catalisadores – não se consomem nem se
alteram.
São macromoléculas de natureza proteica que catalisam
reacções bioquímicas. São proteínas globulares (estrutura
quaternária).
Apresentam massa molecular muito variável:
Ex: Ribonuclease 13 700 Da; β-Galactidase 520 000 Da
Com excepção de um pequeno grupo de moléculas de RNA
com propriedades catalíticas, chamadas RIBOZIMAS, todas
os enzimas são PROTEÍNAS.
Propriedades dos Enzimas
Especificidade – os enzimas são específicos para
determinados substratos ou grupos de substratos.

Apresentam frequentemente um elevado grau de


especificidade quer em relação ao tipo de reacção que
catalisam, quer em relação aos substratos que transformam.
E +SE+P
A selectividade enzimática permite determinar qual a
reacção que ocorre entre as várias reacções possíveis.

Estão sujeitos a regulação - Regulação da actividade


catalítica.
Propriedades dos Enzimas
Quando um grupo de enzimas catalisa uma sequência de
reacções metabólicas ele tende a agrupar-se sob a forma de
complexos enzimáticos.
Alguns enzimas podem existir sob diferentes formas
moleculares – Isoenzimas (ex: Lactato desidrogenase)
Propriedades dos Enzimas
Alguns enzimas, os Proenzimas, são
sintetizados na forma de precursor inactivo que
é activado quando necessário. Ex: enzimas
digestivos (tripsinogénio  tripsina); hormona
insulina (proinsulina  insulina);
Enzimas responsáveis pela coagulação rápida
do sangue.
Classificação dos Enzimas
Século XIX – Poucos enzimas identificados
- Adição do sufixo “ASE” ao nome do substrato:
Ex: gorduras (lipo do grego) – Lipase
amido (amylon do grego) – Amilase
ureia – Urease
- Nomes arbitrários:
Ex: Tripsina e pepsina - Proteases

1960 – Classificação estabelecida pela Comissão de Enzimas da


União Internacional de Bioquímica e Biologia Molecular:

A classificação passou a ser feita de acordo com o tipo de reacção que


o enzima catalisa.
Classificação dos Enzimas
O sistema de classificação atribui quatro algarismos
precedidos pela sigla EC (Enzime Commission), seguidos do
nome sistemático e do nome comum (entre parênteses).

Cada enzima tem atribuído código com 4 dígitos que


caracteriza o tipo de reacção catalisada:

1º dígito – classe
2º dígito – subclasse
3º dígito – sub-subclasse
4º dígito – nº de série relacionado com o substrato
Ex.
EC 1.1.3.4 β–D–glucose:oxigénio redutase (glucose oxidase)
Classes dos Enzimas

Adaptado de: NELSON, D., COX, M. (2004). LEHNINGER PRINCIPLES OF BIOCHEMISTRY, W. H. FREEMAN.
Classificação dos Enzimas
1- Oxiredutases
Catalisam a transferência de electrões de um redutor para um
oxidante. Ex: Álcool desidrogenase
EC 1.1.1.1
ADH
CH3CH2OH + NAD+ CH3COH + NADH + H+
Etanol Acetaldeído

2- Transferases
Transferem grupos funcionais de um composto (dador) para outro
(aceitador). Ex: Glucocinase
EC 2.7.1.3
Classificação dos Enzimas
3- Hidrolases
Catalisam a hidrólise de diversas ligações (rompimento da ligação por
entrada de água).
Ex: Carboxipeptidases (Rompem as ligações peptídicas)
4- Liases
Catalisam a ruptura não hidrolítica de uma ligação no substrato.
Quebram ligações: C – C; C – O; C – N

5- Isomerases
Catalisam modificações geométricas ou estruturais no interior de uma
molécula. Ex: Malato isomerase EC 5.2.1.1
Malato Fumarato

6- Ligases ou sintetases
Catalisam a união de duas moléculas com hidrólise simultânea do ATP.
Subclasses dos Enzimas
Subclasses dos Enzimas

Adaptado de: GARRETT,R., H., GRISHAM, C. M.,(2001). Principles of Biochemistry With a Human Focus, Brooks Cole.
Enzimas - Especificidade
Os enzimas são específicos para determinados substratos ou grupos de
substratos.

crentinho.wordpress.com

O local de ligação do substrato ao enzima designa-se por centro activo.


Enzimas - Especificidade
O substrato liga-se ao centro activo do enzima

E+S ES E+P

http://camilalemos.com/wp-content/uploads/2008/12/enzimas-2.jpg
Natureza Proteica dos Enzimas
Os enzimas são proteínas de estrutura globular.
Apresentam estrutura terciária ou quaternária.

Os enzimas podem ser:


- constituídos apenas por proteínas;
- conjugados:
parte proteíca (apoenzima ) + grupo não proteíco (co- factor)

Holoenzima

Neste caso é o holoenzima que exibe actividade catalítica


www.enq.ufsc.br/.../ezcoenzima.gif
Co-Factores

Grupos Prostéticos – encontram-se permanentemente ligados ao


enzima por ligações fortes (geralmente covalentes)

Iões metálicos – necessários para a actividade catalítica: Ca2+,


Fe2+, Mg2+, Mn2+, Zn2+

Moléculas orgânicas – Co-enzimas


Alguns enzimas que contêm ou necessitam de
elementos inorgânicos como co-factores
Enzima Co-factor

Peroxidase Fe2+ ou Fe3+

Citocromo oxidase Cu2+

Álcool Desidrogenase Zn2+

Hexocinase Mg2+

Urease Ni2+
Co-Enzimas
A maioria deriva de vitaminas hidrosolúveis
Podem classificar-se em:
-Transportadores de hidrogénio
-Transportadores de grupos químicos
Transportadores de Hidrogénio
Coenzima Abreviatura Reacção Origem
Catalisada
Nicotinamida NAD+ Oxi-redução Niacina ou vitamina B3
adenina
dinucleótido
Nicotinamida NADP+ Oxi-redução Niacina ou vitamina B3
adenina
dinucleótido fosfato

Flavina adenina FAD Oxi-redução Riboflavina ou vitamina B2


dinucleótido
Transportadores de Grupos Químicos
Coenzima Abreviatura Reacção Catalisada Origem

Coenzima A CoA-SH Transferência de grupo Pantotenato ou vitamina B5


acil
Biotina Transferência de CO2 Biotina ou vitamina H

Piridoxal fosfato PyF Transferência de grupo Piridoxina ou vitamina B6


amino

Metilcobalamina Transferência de unidades Cobalamina ou vitamina B12


de carbono

Tetrahidrofolato THF Transferência de unidades Ácido Fólico


de carbono

Tiamina pirofosfato TPP Transferência de grupo Tiamina ou vitamina B1


aldeído
Centros activos dos enzimas
Centros activos: locais específicos na molécula de enzima que estão
envolvidos na catálise enzimática.

Estes incluem:
Centros catalíticos: possuem resíduos de aminoácidos que estão
directamente envolvidos no processo de catálise enzimática.
Centros de ligação de S: responsáveis pela ligação do S à molécula
do enzima durante o processo de catálise.
Centros alóstereos: centros distintos do centro activo a que se
ligam modificadores apropriados. Esta ligação provoca alterações de
conformação do centro activo e implica regulação da actividade
enzimática (enzimas alostéreos).
Outros centros específicos: presentes na molécula de enzima e
responsáveis pelas interacções: em complexos multienzimáticos,
enzimas ligados a membranas e co-factores.
Enzimas Alóstereos

img.blogs.abril.com.br/.../alostericas-nh.png
Características do Centro Activo
Modelo da Chave -Fechadura

Proposto por Emil Fisher em 1890


Assume que só um substrato com um forma específica pode adaptar-se ao
centro activo do enzima

home.mira.net/~reynella/debate/lock&key.gif
Características do Centro Activo
Modelo de Encaixe Induzido

Proposto por Daniel Koshland em 1958


Assume que o centro activo do enzima se pode adaptar à forma do substrato

www.mun.ca/biology/scarr/F09-20bsmc.jpg
Factores que contribuem para a eficiência
catalítica dos enzimas:
O enzima liga-se ao seu substrato de forma a que este fique muito
próximo dos resíduos aminoacídicos do centro activo, para facilitar o
estabelecimento da ligação covalente. Além disso, a ligação covalente
deve estar sempre bem orientada em relação ao grupo catalítico com
vista à rápida formação do estado de transição.

A maioria dos enzimas ligam-se aos substratos de modo a formarem


um intermediário covalente instável que se decompõe em produto.

O enzima pode induzir uma distorção na ligação covalente da molécula


de substrato de forma a provocar uma ruptura mais fácil desta ligação.

Os enzimas apresentam grupos funcionais que actuam como dadores e


receptores de protões para poderem efectuar catálise ácido-base.
Cinética Enzimática

 Enzimas - catalisadores biológicos – aceleram a velocidade


das reacções energeticamente favoráveis.
São específicos das reacções que intervém.
Estão sujeitos a regulação.
Modelo de Michaelis-Menten
(Leonor Michaelis e Maud Menten)

A reacção enzimática global é composta por duas etapas:

Etapa 1- Ligação do substrato (S) ao enzima (E) formando


o complexo intermediário enzima-substrato (ES)
Etapa 1

k1 k2
E+S k-1
ES k-2
E+P
Em Física v0=S/ t
Nas Reações Químicas v0= P/ t Etapa 2
Da Cinética Química sabemos que
para uma reação de primeira ordem: v0= k[R]

Etapa 2- Formação do produto (P) a partir do complexo


ES, com recuperação da forma livre do enzima (E)
Modelo de Michaelis-Menten
A equação pode ser simplificada:
k1 k2
E+S k-1
ES E+P
- k1 e k-1 são as constantes de velocidade para a reacção directa e
inversa de formação do complexo ES.
- k2 é a constante de velocidade da reacção de decomposição do
complexo ES em E mais P.
- A primeira reacção é muito mais rápida que a segunda.
- A velocidade da 2ª reacção limita o processo. Então a velocidade
inicial (V0) da reacção é dada por:

v0= k2[ES]
Modelo de Michaelis-Menten

k1 k2
E+S k-1
ES E+P

A baixas [S], a maior parte do enzima está livre, sob a forma de E, e a


velocidade da reacção é proporcional à [S].
A velocidade máxima da reacção é atingida quando praticamente todo
o enzima está sob a forma [ES].
A partir daqui, o enzima fica saturado e o aumento da [S] não aumenta
a velocidade da reacção.
Curva de Saturação

Adaptado de: GARRETT,R., H., GRISHAM, C. M.,(2001). Principles of Biochemistry With a Human Focus, Brooks Cole.
Modelo de Michaelis-Menten
ESTADO ESTACIONÁRIO - Considera-se que não existe variação da
concentração do intermediário da reacção (complexo ES), apesar da
variação das concentrações de S e P ([S] está a diminuir e [P] a
aumentar).
Velocidade de formação de ES = Velocidade de decomposição de ES
k1 k2
E+S k-1
ES E+P

v0= k[R] k1[E].[S] = (k-1+ k2)[ES]

[Et]= [E] + [ES] ou [Et] - [ES] = [E]


Modelo de Michaelis-Menten
Modelo de Michaelis-Menten
Constante de Michaelis- Menten (KM)
=

v0= k2[ES]

vmáx= k2[Et]

Equação de
Michaelis-
Menten
Representação de Michaelis-Menten
Parâmetros cinéticos:
Constante de Michaelis- Menten (KM) – corresponde à [S] quando a
velocidade é igual a Vmáx /2.
Velocidade máxima Vmáx – Corresponde à velocidade máxima da
reacção, quando o E está saturado.

Adaptado de: NELSON, D., COX, M. (2004). LEHNINGER PRINCIPLES OF BIOCHEMISTRY, W. H. FREEMAN.
Parâmetros Cinéticos
 Velocidade máxima Vmáx

Constante de Michaelis- Menten  KM = 1/ afinidade

 Eficiência Catalítica  KCAT = 1/ KM


Corresponde ao nº de moles de S convertido em P por mole de E e
por t (s)
 Actividade Enzimática (IU)  Quantidade de E que catalisa a
transformação de 1 μmol de S por t (min)

 Actividade Específica  Actividade enzimática por mg de proteína


Adaptado de: NELSON, D., COX, M. (2004). LEHNINGER PRINCIPLES OF BIOCHEMISTRY, W. H. FREEMAN.
Curva de Saturação

[Catecol] (mM) Velocidade inicial (s-1)

0.1 0.024

0.2 0.032

0.5 0.041

1.5 0.046

Adaptado de: GARRETT,R., H., GRISHAM, C. M.,(2001). Principles of


Biochemistry With a Human Focus, Brooks Cole.
Métodos de Linearização
Método de Lineweaver- Burk

Equação de Michaelis-
Menten
invertida

= +

= x +
Métodos de Linearização
Método de Lineweaver- Burk
[Catecol] (mM) Velocidade inicial (s-1) 1/[Catecol] (mM-1) 1/Velocidade inicial (s)

0.1 0.024 10.0 41.7


0.2 0.032 5.0 31.3
0.5 0.041 2.0 24.4
1.5 0.046 0.7 21.7
y=mx+b

Adaptado de: GARRETT,R., H., GRISHAM, C. M.,(2001). Principles of Biochemistry With a Human Focus, Brooks Cole.
Métodos de Linearização
Método de Eisenthal – Cornish – Bowden
Método directo
V0
-1
[Catecol] (mM) Velocidade inicial (s )

0.1 0.024
0.2 0.032
0.5 0.041
1.5 0.046

[S]
Cinética Enzimática

Factores que afectam a velocidade das reacções enzimáticas:


- Concentração de enzima
-Concentração de substrato
-pH
-Temperatura
-Presença de Inibidores
Influência da concentração de enzima
k1 k2
E+S k-1
ES E+P
Quanto maior a [E] maior a velocidade da reacção
A velocidade de transformação do S em P é proporcional à
quantidade de E.
Desvios da linearidade ocorrem:
-Presença de inibidores na solução de enzima
-Presença de substâncias tóxicas
-Presença de um activador que dissocia o enzima
Influência da concentração de substrato
k1 k2
E+S k-1
ES E+P
Se a [E] for constante:
- [S] pequenas  V0 aumenta linearmente
- [S] elevadas  V0 tem incrementos cada
vez menores

- Quando Vmáx é atingido mesmo que se aumente [S], o aumento de


V0 é insignificante
-Vmáx é atingido quando E estiver praticamente toda na forma ES e a
[E] livre for insignificante  Enzima saturado com substrato e não há
aumento de V0 com o aumento de [S]
Influência do pH
 Os enzimas só são estáveis para determinados valores de pH
O pH influencia kCAT e kM
 O pH pode também influenciar:
-Estados de ionização de grupos funcionais de aminoácidos (alteração da estrutura
globular da proteína)
-Estados de ionização de grupos funcionais do substrato

 A estabilidade do enzima com o pH depende também:


-Temperatura
-Força Iónica
-Natureza química do tampão
-Concentração de iões metálicos contaminantes
-Concentração de substratos ou cofactores do enzima
-Concentração do enzima
Influência do pH

 Grande parte dos enzimas tem actividade máxima para valores de


pH perto de 7, mas existem excepções.
Adaptado de: GARRETT,R., H., GRISHAM, C. M.,(2001). Principles of Biochemistry With a Human Focus, Brooks Cole.
Influência da Temperatura
 A velocidade das reacções químicas aumenta em geral com a
temperatura
No caso das reacções bioquímicas isto só acontece até
determinado valor de temperatura (temperatura óptima). A partir
deste valor há diminuição da actividade enzimática devido à
desnaturação do enzima  Irreversível
A temperaturas muito baixas o enzima fica inactivo  Reversível
O efeito da temperatura também depende do pH, força iónica do
meio e da presença de outros compostos que afectem a actividade
catalítica.
Influência da Temperatura

Adaptado de: GARRETT,R., H., GRISHAM, C. M.,(2001). Principles of Biochemistry With a Human Focus, Brooks Cole.
Regulação da actividade enzimática
 A actividade enzimática está sujeita a regulação

- Activadores: aumentam a velocidade das reacções enzimáticas.


Ex: Cofactores, substratos, etc.
- Inibidores: reduzem a velocidade das reacções enzimáticas
competindo para o S ou ligando-se ao complexo ES

- Irreversível

Inibição
- Reversível:
Competitiva, não competitiva
e anti-competitiva .
Inibidores
1- Inibição Competitiva
O inibidor compete com o substrato pelo centro activo do enzima. A
ligação de inibidores competitivos à molécula de enzima depende do
KM, do Ki (constante de inibição), da concentração de substrato e da
concentração do inibidor.

Adaptado de: NELSON, D., COX, M. (2004). LEHNINGER PRINCIPLES OF BIOCHEMISTRY, W. H. FREEMAN.
Inibidores
1- Inibição Competitiva
O inibidores competitivos aumentam o valor de KM sem afectar o
valor de Vmáx

-1/KM -1 -1/2 -1/4


KM 1 2 4
Adaptado de: GARRETT,R., H., GRISHAM, C. M.,(2001). Principles of Biochemistry With a Human Focus, Brooks Cole.
Inibidores
2- Inibição Não Competitiva
O inibidor liga-se a uma região do enzima que é diferente do centro
activo. Esta ligação provoca uma alteração da conformação na
molécula do enzima que inibe a reacção enzimática.

www.coladaweb.com/.../biologia/enzima5.jpg
Inibidores
2- Inibição Não Competitiva
O inibidores não competitivos diminuem o valor de Vmáx sem afectar
o valor de KM

Adaptado de: GARRETT,R., H., GRISHAM, C. M.,(2001). Principles of Biochemistry With a Human Focus, Brooks Cole.
Inibidores
3- Inibição Anti-Competitiva
O inibidores ligam-se ao complexo ES e nunca ao enzima livre.
A presença de inibidor diminui a concentração do complexo ES activo.

Adaptado de: NELSON, D., COX, M. (2004). LEHNINGER PRINCIPLES OF BIOCHEMISTRY, W. H. FREEMAN.
Inibidores
3- Inibição Anti-Competitiva
O inibidores anti-competitivos diminuem o valor de KM e Vmáx

Inibidor não tem semelhança


estrutural com o S

Inibidor favorece formação


de ES (porque diminui a
concentração deste activo)

Diminui KM e Vmáx do enzima

Adaptado de: GARRETT,R., H., GRISHAM, C. M.,(2001). Principles of Biochemistry With a Human Focus, Brooks Cole.
Enzimas Homólogos
São enzimas que desempenham a mesma função. Dividem-se em
dois grupos: Heteroenzimas e Isoenzimas

1- Heteroenzimas
Enzimas com funções idênticas presentes em diferentes espécies.
Ex: α-amilase suco pancreático humano e α-amilase de uma cultura
bacteriana.

2- Isoenzimas
Enzimas com funções idênticas presentes na mesma espécie.
Ex: Lactato desidrogenase (LDH)- músculo e coração humanos.
Problema 1
Os resultados obtidos num estudo da atividade enzimática da polifenoloxidase são
apresentados na tabela seguinte:

Tabela 1- Velocidades iniciais do enzima polifenoloxidase em função da concentração de catecol.

[Catecol] (mM) Velocidade inicial (s-1)

0,1 0,024

0,2 0,032

0,5 0,041

1,5 0,046

Determine os parâmetros cinéticos do enzima utilizando as linearizações de :


a) Lineweaver-Burk.
b) Eisenthal – Cornish – Bowden.
Resolução 1a)

1/[Catecol] (mM-1) 1/Velocidade inicial (s)

10.0 41.7  KM = 0.1 mM


5.0 31.3
2.0 24.4  Vmáx = 0.049 s-1
0.7 21.7
Resolução 1b)

[Catecol] (mM) Velocidade inicial (s-1)


0,1 0,024
0,2 0,032
0,5 0,041
1,5 0,046

 KM = 0.1 mM
 Vmáx = 0.049 s-1
Problema 2 (exercício 1 série de problemas)
A fosfatase alcalina presente no leite catalisa a libertação de fosfato inorgânico, Pi, a partir
de éteres fosfóricos, segundo a reacção. Com o objectivo de determinar o KM e Vmax do
enzima procedeu-se à realização de estudos cinéticos utilizando um extracto com uma
concentração óptima de enzima. A velocidade da reacção foi seguida por absorção UV/Vis a
680 nm pela libertação de fenol. Os resultados obtidos foram registados no quadro abaixo
indicado. Determine as constantes cinéticas.
Concentração de S (mM)
Tempo de incubação (s)
0,25 0,45 1,00 2,50

Absorvância (unid. Arbitrarias)

30 0,05 0,10 0,13 0,19

60 0,11 0,17 0,25 0,33

90 0,15 0,26 0,33 0,47

120 0,18 0,30 0,39 0,51

180 0,21 0,33 0,43 0,55

300 0,22 0,33 0,44 0,56

v0= P/ t v0= A/ t


Resolução 2

Gráfico Absorvância vs Tempo


0,6

0,5

0,4
Absorvância

0,3

0,2

0,1

0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330

Tempo (s)
Resolução 2
Concentração de S (mM)
Tempo de incubação (s) 0,25 0,45 1,00 2,50
Absorvância (unid. Arbitrarias)

30 0,05 0,10 0,13 0,19


60 0,11 0,17 0,25 0,33
90 0,15 0,26 0,33 0,47
120 0,18 0,30 0,39 0,51
180 0,21 0,33 0,43 0,55
300 0,22 0,33 0,44 0,56


V0 = V0 =

[S] = 0,25 mM [S] = 1,00 mM

A1 = 0,05 t1 = 30 s A1 = 0,13 t1 = 30 s
A2 = 0,11 t2 = 60 s A2 = 0,25 t2 = 60 s

0,11 − 0,05 0,25 − 0,13


V0 = = 2,00 x 10-3 s-1 V0 = = 4,00 x 10-3 s-1
60−30 60−30

[S] = 0,45 mM [S] = 2,50 mM

A1 = 0,10 t1 = 30 s A1 = 0,19 t1 = 30 s
A2 = 0,17 t2 = 60 s A2 = 0,33 t2 = 60 s

0,17 − 0,10 0,33 − 0,19


V0 = = 2,33 x 10-3 s-1 V0 = = 4,67 x 10-3 s-1
60−30 60−30
Resolução 2

[S] (mM) V0 (s-1) V0 (s-1) x10-3


0.25 2.00E-03 2.00
0.45 2.33E-03 2.33  KM  0.3 mM
1 4.00E-03 4.00
2.5 4.67E-03 4.67  Vmáx  4.8 x10-3 s-1
Resolução 2

1/ [S] (mM) 1/ V0 (s-1)


4.00 500.00  KM = 0.46 mM
2.22 428.57
1.00 250.00
0.40 214.29  Vmáx = 5.4 x 10-3 s-1
Resolução 2

 KM = 0.5 mM
 Vmáx = 5.5 x 10-3 s-1
Problema 3
As prostaglandinas são uma classe de eicosanóides derivados dos ácidos
gordos responsáveis pela formação de inflamação, febre e da dor associada a
estas condições.
A produção da prostaglandina PGG2 a partir do ácido araquidónico (ácido
gordo) é catalisada pela enzima prostaglandina endoperóxido sintetase.
O Ibuprofeno é um inibidor desta enzima. Ao inibir a síntese da PGG2, o
Ibuprofeno reduz a febre, inflamação e dor.

Tendo em conta os dados da tabela seguinte, determine o tipo de inibição


que o Ibuprofeno exerce sobre a enzima prostaglandina endoperóxido
sintetase.

Adaptado de: NELSON, D., COX, M. (2004). LEHNINGER PRINCIPLES OF BIOCHEMISTRY, W. H. FREEMAN.
Resolução 3

Sem inibidor Com inibidor

[S] (mM) Vo (min-1) 1/[S] (mM-1) 1/Vo (min) [S] (mM) Vo (min-1) 1/[S] (mM-1) 1/Vo (min)

0.5 23.50 2.000 0.043 0.5 16.67 2.000 0.060

1.0 32.20 1.000 0.031 1.0 25.25 1.000 0.040

1.5 36.90 0.667 0.027 1.5 30.49 0.667 0.033

2.5 41.80 0.400 0.024 2.5 37.04 0.400 0.027

3.5 44.00 0.286 0.023 3.5 38.91 0.286 0.026


Resolução 3

 KM aumenta
 Vmáx = 51.55 min-1
 Vmáx mantém-se
 KM = 0.59 mM (sem inibidor)
 KM = 1.0 mM (com inibidor) Inibição competitiva
Problema 4
Supondo que o estudo cinético deste enzima, na presença de um inibidor, permitiu
obter a representação gráfica indicada na figura, caracterize o tipo de inibição
promovida pela substância. Justifique.

 KM diminui
 Vmáx diminui

Inibição anti-competitiva
Problema 5 (exercício 2 série de problemas)
2- Num estudo efectuado em insectos, para avaliação do efeito da colina, na reacção
catalisada pela acetilcolinesterase, obtiveram-se os seguintes resultados:
[Acetilcolina], Velocidade inicial (unid. Arbitrárias * 102)
(mM) [Colina] = 0mM [Colina] = 20mM [Colina] = 40mM
0,10 28,5 11,9 7,5
0,15 37,5 15,6 9,9
0,25 50,0 20,9 13,2
0,40 61,5 25,7 16,2
0,70 73,7 30,7 19,4

2.1- Determine os parâmetros cinéticos Vmáx e KM utilizando o método de linearização


de Lineweaver-Burk.
2.2- Caracterize o tipo de inibição.

Para resolver este problema é necessário construir um gráfico em papel


milimétrico com três retas:
2.1- Sem a presença do inibidor (Colina), ou seja, [Colina] = 0mM.
Com esta reta determinar as constantes cinéticas da reação enzimática (KM e V máx).

2.2- Com a presença do inibidor, ou seja, [Colina] = 20mM e [Colina] = 40mM, traçar mais
duas retas e calcular KM e V máx. Comparar o que acontece aos valores das constantes
cinéticas, à medida que aumenta a concentração de inibidor, com os valores sem inibidor.

Solução: Inibição não competitiva


Problema 6 (exercício 3 série de problemas)
3 – Provou-se que o ácido isoftálico é um forte inibidor da glutamato-desidrogenase.
Utilizando os dados da tabela seguinte determine os parâmetros cinéticos e caracterize o
tipo de inibição.
Velocidade inicial (unid. Arbitrárias * 102)
[Glutamato], (M*102)
Coenzima+substrato Coenz.+subst.+inibidor
1,0 56,0 24,5
0,5 46,7 15,5
0,2 35,0 6,4
0,1 23,3 3,3
0,067 18,7 2,2
0,033 10,8 ---

 KM aumenta
 Vmáx mantém-se

Inibição competitiva

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