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Justiça Federal da 2ª Região

Laudo Médico de Incapacidade


Autos: 5014760-28.2023.4.02.5121

Data da perícia: 30/01/2024 11:30:00


Examinado: ANTHONY SILVA DE SOUZA FERREIRA
Data de nascimento: 22/02/2017
Idade: 6
Estado Civil: Solteiro
Sexo: Masculino
UF: RJ
CPF: 21948457717
O(a) examinando(a) é ou foi paciente do(a) perito(a)? NÃO

Escolaridade: Analfabeto
Formação técnico-profissional: segundo ano escolar
Última atividade exercida: Não se aplica.
Tarefas/funções exigidas para o desempenho da atividade: Não se aplica.
Por quanto tempo exerceu a última atividade? Não se aplica.
Até quando exerceu a última atividade? Não se aplica.

Já foi submetido(a) a reabilitação profissional? NÃO


Experiências laborais anteriores: Não se aplica.

Motivo alegado da incapacidade: TEA

Histórico/anamnese: QP.: TEA

HDA.:
Periciando 6 anos, no segundo ano escolar, mora com a mãe, que o acompanha durante o ato
pericial.

Periciando fala e se comunica perfeitamente, questiona as coisas, diz gostar de jogar futebol,
quando crescer quer ajudar a mãe e pai.

Efetua conta nos dedos das mãos.

Apresenta agitação psicomotora, hiperatividade.

Mãe relata ser bastante agitado, se não tomar medicação agride e grita se contrariado, que tem
dificuldade para compreender algumas brincadeiras.

Que efetua fonoaudiologia e psicólogo 1 vez por semana, pago pelo plano de saúde.

EEG, sem alterações significativas.

Laudo de 31/05/2019, com CID10 F84.1 - AUTISMO ATÍPICO, F79 - RETARDO MENTAL
NÃO ESPECIFICADO

Laudo de 22/11/2019, com CID10 F84.1 - AUTISMO ATÍPICO

Laudo de 01/07/2021, com CID10 F84.0 - AUTISMO INFANTIL.

Laudo de 28/04/2023, com CID10 F84 - TRANSTORNOS GLOBAIS DO


DESENVOLVIMENTO, F90 - TRANSTORNOS HIPERCINÉTICOS.

Em uso de piracetam e neuleptil.

HPP.: Nega

Documentos médicos analisados: Todos os pertinentes ao caso.


Exame físico/do estado mental: Psíquico:
- Consciência: consciente;
- Orientação: orientado(a) auto e alopsiquicamente;
- Atenção: atenção preservada, normovigil e normotenaz;
- Pensamento (curso, forma e conteúdo): pensamentos sem alterações em curso, forma e
conteúdo;
- Comportamento: ausentes movimentos anormais, cooperativo(a), sem alteração do
comportamento;
- Humor/afeto: humor eutímico, e afeto normo-modulado;
- Coerência: discurso coerente;
- Relevância do Pensamento: adequada a ocasião;
- Conteúdo ideativo: adequado a entrevista, presentes planos para o futuro, com pragmatismo;
- Sensopercepção: não relata alterações sensoperceptivas e não apresenta sinais indiretos de
alterações;
- Hiperatividade: sinais de hiperatividade motora, fala logorreica;
- Encadeamento de ideias: normal, sem alterações;
- Memória recente (anterógrada): ausente prejuízos;
- Memoria remota (retrógrada): ausente prejuízos;
- Cognição/ inteligência: habitual para faixa etária, ausentes prejuízos;
- Capacidade de tirocínio e juízo crítico: capacidade de tirocínio preservada, juízo crítico e
realidade preservada;
- Linguagem: normal, sem alterações;
- Compatível com sua idade cronológica

Diagnóstico/CID:
- F90 - Transtornos hipercinéticos

Causa provável do diagnóstico (congênita, degenerativa, hereditária, adquirida, inerente à


faixa etária, idiopática, acidentária, etc.): Hereditária
A doença, moléstia ou lesão decorre do trabalho exercido ou de acidente de trabalho? NÃO
O(a) autor(a) é acometido(a) de alguma das seguintes doenças ou afecções: tuberculose
ativa, hanseníase, alienação mental grave, neoplasia maligna, cegueira, paralisia
irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose
anquilosante, nefropatia grave, estado avançado da doença de Paget (oesteíte deformante),
S.I.D.A., contaminação por radiação ou hepatopatia grave? NÃO
DID - Data provável de Início da Doença: 28/04/2023

O(a) autor(a) realiza e coopera com a efetivação do tratamento adequado ou fornecido pelo
SUS para sua patologia? SIM
Em caso de recebimento prévio de benefício por incapacidade, o tratamento foi mantido
durante a vigência do benefício? Não é caso de benefício prévio
Observações sobre o tratamento:

Conclusão: sem incapacidade atual


- Justificativa: • A referência de uma sintomatologia não significa necessariamente a
veracidade da existência dela (apesar de o perito sempre informar as queixas do autor).
• A presença de uma doença nem sempre vem acompanhada de uma incapacidade ou
sintomatologia.
• Uma incapacidade não é necessariamente incapacitante para todos os tipos de
atividades laborativas.
• Esclarece que a simples existência de uma, duas ou múltiplas patologias não implica
necessariamente em concluir-se pela incapacidade laborativa ainda que as causas sejam
degenerativas, crônicas, hereditárias ou congênitas.
• O item “Queixa Principal” descreve ipsis litteris a queixa incapacitante declarada pela
parte autora, durante o momento pericial.
• Os exames complementares e documentos importantes apresentados, quando
relacionados a queixa/patologia informada, estão descritos no corpo do laudo.
• As respostas aos quesitos usam como base os elementos contidos no laudo e os
fundamentam.
• Apesar de desejável, a medicina não é uma ciência exata. Por tal motivo, algumas
respostas, se respondidas diretamente, trariam um erro técnico que consistiria em falha
dolosa do perito.

O Transtorno do Espectro Autista é uma condição neurodesenvolvimental que diz


respeito à comunicação, interação social e comportamento. É chamado de "espectro"
porque engloba uma ampla gama de características e níveis de gravidade. Algumas
pessoas com TEA têm dificuldades significativas na comunicação verbal e não verbal,
enquanto outras têm habilidades de linguagem bastante desenvolvidas. Além disso, as
pessoas com TEA podem apresentar padrões de comportamento repetitivos e interesses
restritos.

O TEA é geralmente detectado na infância, embora os sintomas possam variar de pessoa


para pessoa. Os sinais de TEA podem incluir:

Dificuldades na comunicação, como atraso na fala, uso limitado da linguagem,


dificuldade em manter conversas e dificuldades em compreender nuances da linguagem.

Dificuldades na interação social, como dificuldade em entender e expressar emoções,


dificuldade em fazer amigos e dificuldade em interpretar as pistas sociais.

Comportamentos repetitivos, como agitar as mãos, balançar o corpo ou fixar-se em


interesses específicos.

O TEA não é considerado uma deficiência no sentido tradicional, como uma deficiência
visual, auditiva ou motora. Em vez disso, é classificado como um transtorno
neuropsiquiátrico. No entanto, as pessoas com TEA podem enfrentar desafios
significativos na vida cotidiana, especialmente na escola, no trabalho e nas interações
sociais. Esses desafios podem variar de nível de gravidade, dependendo do indivíduo.

Muitas vezes, o TEA é tratado com terapia comportamental, fonoaudiologia e


intervenções educacionais que visam melhorar as habilidades de comunicação, interação
social e reduzir comportamentos problemáticos. Algumas pessoas com TEA podem se
beneficiar significativamente dessas intervenções e levar vidas produtivas e satisfatórias.

É importante notar que as pessoas da TEA têm muitas habilidades e talentos únicos, e
muitas delas interessantes de maneira valiosa para a sociedade. Reconhecer a
diversidade do espectro autista e apoiar a inclusão e a compreensão é fundamental para
garantir que todas as pessoas tenham oportunidades iguais e sejam tratadas com respeito
e dignidade.

• F90.0: Distúrbios da atividade e da atenção


O entendimento de que o TDAH não é Deficiência se baseia no fato do transtorno ser
uma disfunção, não podendo ser contemplado pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência.
Isso porque não é uma condição que impossibilita seu portador de exercer uma função
específica, mas sim somente dificulta a realização da mesma.
TDAH é um transtorno neurobiológico comum em crianças e jovens e pode acompanhar
o indivíduo até o fim da vida. Segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção,
sua causa é genética.
TDAH, dislexia e dispraxia — não possuem direito às cotas para deficientes, ainda que
essas condições prejudiquem na maioria das vezes o aprendizado.

Segundo o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5.ª edição ou


DSM-5 (é um documento criado pela Associação Americana de Psiquiatria ou APA
(American Psychiatric Association), principal organização de estudantes e profissionais
de Psiquiatria dos Estados Unidos) consiste em:
Padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade que interfere no
funcionamento ou desenvolvimento, caracterizado por 1 (desatenção) e/ou 2
(hiperatividade-impulsividade);
Pode haver predomínio de impulsividade ou desatenção, com diferentes subtipos;
Se predominarem os 2: subtipo combinado.
Para fazer o diagnóstico com esse critério é necessário ≥ 6 sinais e sintomas de um ou
ambos os grupos.

Desatenção
Os sintomas precisam durar mais de 6 meses em uma intensidade que não é adequada
para o nível de desenvolvimento. Além disso, esses sintomas devem ter impacto
negativo nas atividades sociais, acadêmicas e ocupacionais desses pacientes. Para
pessoas com mais de 17 anos, são necessários pelo menos 5 sintomas.

Dentre os principais sintomas, estão:

Falhar em prestar atenção a detalhes ou cometer erros por desatenção nos trabalhos
escolares no trabalho ou durante atividades (passa por cima de detalhes);
Com frequência, ter dificuldade em manter atenção em tarefas ou jogos (dificuldade em
manter o foco na leitura, conversação ou manter período prolongado de leitura;
Com frequência, não escutar enquanto lhe falam diretamente (parece estar em outro
lugar, mesmo na ausência de um distrator evidente);
Ter dificuldade, com frequência, para seguir as instruções, não terminar as tarefas
escolares ou obrigações no trabalho (começa tarefas, mas rapidamente perde o foco);
Com frequência, evitar ou relutar em participar de tarefas que exijam esforço mental
(trabalhos escolares, preparar relatórios, completar formulários, revisar artigos);
Perder coisas necessárias para tarefas ou atividades (celular, chave, óculos, material
escolar);
Ser facilmente distraído por qualquer estímulo (até mesmo os próprios pensamentos
podem distrair em casos de adolescentes e adultos);
Esquecer com frequência das atividades diárias (tarefas, retornar ligações, pagar contas,
compromissos).
Hiperatividade-impulsividade
Relacionado a hiperatividade-impulsividade, o paciente deve ter 6 ou mais dos sintomas
seguintes por pelo menos 6 meses, causando má adaptação. Dentre os principais
sintomas, estão:

Agitar mãos ou pés ou se remexer na cadeira


Levantar da cadeira em sala de aula ou em outras situações em que deveria ficar sentado
Correr ou pular demais quando não deveria ou quando outras pessoas não queriam que
fizesse isso
Ter dificuldade de brincar em silencio
Sente-se a “todo vapor” ou a “mil por hora”
Falar demais
Responder precipitadamente, antes mesmo que as perguntas fossem completadas
Ter dificuldade de esperar sua vez
Interromper ou se intrometer nos assuntos dos outros
No geral, os sintomas geraram problemas e começaram antes dos 12 anos de idade.
Essas adversidades geradas estão presentes em pelo menos 2 ambientes entre casa e
escola, amigos e parentes, em outras atividades. Além disso, existem evidencias de
problemas no funcionamento social, escolar e ocupacional (esse último no caso de
adultos).
Não apresenta os critérios mínimos para diagnóstico de TEA, conforme disposto em
DSM 5-Manual Diagnósticos e Estatísticas de Transtornos Mentais, em sua 5ª Edição, é
um documento criado pela Associação Americana de Psiquiatria ou APA (American
Psychiatric Association), para se enquadrar como TEA é necessário possuir três
características concomitantes:
1º- Prejuízo na interação social;
2º Prejuízo na fala/comunicação social;
3º- Interesses/atividades/movimentos restritos e repetitivos;

Periciando(a) em boas condições clínicas e psíquicas, sem limitação funcional, sem


déficit cognitivo ou motor.
Não apresenta atraso no seu desenvolvimento, ou idade mental abaixo de sua faixa
etária, não possuindo impedimentos de longo prazo. Não apresenta alteração do
comportamento e do humor.
Não reúne elementos técnicos de convicção para concluir-se pela incapacidade ou
impedimentos de longo prazo, desenvolvimento dentro dos marcos temporais, não se
enquadra como PCD.
Queixa apresentada, em interação com uma ou mais barreiras (tais como idade, grau de
instrução, condição sociocultural, preconceito social, desfiguração etc.), não obstrui a
participação plena e efetiva do periciando na sociedade em igualdade de condições com
as demais pessoas.
- Houve incapacidade pretérita em período(s) além daquele(s) em que o(a) examinado(a) já
esteve em gozo de benefício previdenciário? NÃO
- Caso não haja incapacidade atual, o(a) examinado(a) apresenta sequela consolidada
decorrente de acidente de qualquer natureza? NÃO

- Foram avaliadas outras moléstias indicadas nos autos, mas que não são incapacitantes?
NÃO
- Havendo laudo judicial anterior, neste ou em outro processo, pelas mesmas patologias
descritas nestes autos, indique, em caso de resultado diverso, os motivos que levaram a tal
conclusão, inclusive considerando eventuais tratamentos realizados no período, exames
conhecidos posteriormente, fatos ensejadores de agravamento da condição, etc.: Não se aplica.
- Pode o perito afirmar se os sintomas relatados são incompatíveis ou desproporcionais ao
quadro clínico? NÃO

Nome perito judicial: VITOR DA SILVA GONCALVES (CRMRJ5201216511)


Especialidade(s)/área(s) de atuação: Psiquiatra, Clínico geral, Neurologista

Assistentes presentes:
Assistente do réu: Ausente
Assistente do autor: Ausente

Outros quesitos do Juízo:


Como quesitos do Juízo, deverá o perito responder fundamentadamente, não obstante os
eventualmente apresentados pelas partes:

a) O(A) autor(a) é portador(a) de alguma doença? Qual?

b) Qual o estágio de evolução desta doença?

c) Em caso positivo, a doença de que é portador(a) o(a) autor(a) causa deficiência física ou
mental? Qual?

d) Essa deficiência física/mental, associada à escolaridade, idade, condição social, cultural e


psicológica do(a) autor(a), em interação com uma ou mais barreiras, tem o potencial de obstruir
sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas,
de modo a impedir que obtenha sua subsistência? Resposta fundamentada.

e) Em caso positivo, esse impedimento produz ou tem o potencial de produzir efeitos por prazo
superior a 2 (dois) anos? Resposta fundamentada.

f) Em sendo o autor menor, é possível estimar se a deficiência detectada, tendo em vista a


evolução natural do quadro, implicaria impedimento para exercer atividade produtiva ao
completar 14 anos de idade, quando o adolescente alcança idade mínima como aprendiz, na
forma do art. 7º, XXXIII, da CR/88?

g) Ainda em caso de autor menor, é possível estimar se a deficiência detectada, tendo em vista a
evolução natural do quadro, implicaria impedimento para prover sua subsistência na fase adulta?

h) Encontra-se o(a) autor(a) incapacitado(a) para os atos da vida independente?

i) Queira o(a) Sr.(a) Perito(a) prestar outros esclarecimentos adequados ao caso


Respostas:

Como quesitos do Juízo, deverá o perito responder fundamentadamente, não obstante os


eventualmente apresentados pelas partes:

a) O(A) autor(a) é portador(a) de alguma doença? Qual?


R. Indicada em campo diagnóstico/CID.

b) Qual o estágio de evolução desta doença?


R. Estável, sem prejuízo.

c) Em caso positivo, a doença de que é portador(a) o(a) autor(a) causa deficiência física ou
mental? Qual?
R. Não, vide laudo.

d) Essa deficiência física/mental, associada à escolaridade, idade, condição social, cultural e


psicológica do(a) autor(a), em interação com uma ou mais barreiras, tem o potencial de obstruir
sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas,
de modo a impedir que obtenha sua subsistência? Resposta fundamentada.
R. Prejudicado.

e) Em caso positivo, esse impedimento produz ou tem o potencial de produzir efeitos por prazo
superior a 2 (dois) anos? Resposta fundamentada.
R. Prejudicado.

f) Em sendo o autor menor, é possível estimar se a deficiência detectada, tendo em vista a


evolução natural do quadro, implicaria impedimento para exercer atividade produtiva ao
completar 14 anos de idade, quando o adolescente alcança idade mínima como aprendiz, na
forma do art. 7º, XXXIII, da CR/88?
R. Prejudicado.

g) Ainda em caso de autor menor, é possível estimar se a deficiência detectada, tendo em vista a
evolução natural do quadro, implicaria impedimento para prover sua subsistência na fase adulta?
R. Prejudicado.

h) Encontra-se o(a) autor(a) incapacitado(a) para os atos da vida independente?


R. De acordo com sua idade.

i) Queira o(a) Sr.(a) Perito(a) prestar outros esclarecimentos adequados ao caso


R. Nada mais.

Quesitos da parte autora:

Laudo gerado por VITOR DA SILVA GONCALVES (CRMRJ5201216511), em 30/01/2024 às 17:51:21.

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