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Formulação do Caso

1. Identificação da Paciente
Iniciais: Maria1
Idade: 27 anos
Estado Civil: Solteira.
Filhos: Não tem filhos
Identidade de Gênero e Orientação Sexual: Feminino e heterossexual
Orientação Religiosa/espiritual: Cristã evangélica
Ambiente de Vida: Mora com o avô materno e o primo
Situação Profissional: Auxiliar Administrativo
Situação Educacional: Graduada em administração
Situação Socioeconômica: Classe média baixa
Início do Acompanhamento: 30 de maio de 2017.
Final do Acompanhamento: Teve alta em 05 de julho de 2019 e voltou dia 28 de maio de 2021,
finalizando no dia 06 de dezembro de 2021.
Número de Sessões: 83 sessões no primeiro processo e 13 no segundo, totalizando 96
sessões.

Avaliação
2. Instrumentos Utilizados para Avaliação
Avaliações Periódicas da Gravidade dos Sintomas (Semanal ou Quinzenal)

Diagnósticos:

1. Entrevista semiestruturada.

2. Observação Clínica.

Manutenção:

1. Entrevista semiestruturada.

2. Observação Clínica.

1
Alguns dados foram modificados para preservar a identidade da pessoa citada.

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3. Demandas:

Por que procurou acompanhamento?


A paciente procurou tratamento por conta de várias queixas como, por exemplo,
ansiedade, compulsão alimentar, desânimo e carência afetiva.

Demandas Principais:

1. Receio de não realizar projetos pessoais como, por exemplo, casamento e filhos;

2. Em alguns momentos se alimenta compulsivamente e chega a provocar o vômito, pois


não quer engordar. Deixou claro que era uma fome incontrolável e que não conseguia se
sentir saciada;

3. Considerava-se muito ansiosa: “penso muito no amanhã”. E mesmo vivenciando um dia


bom, quando chega em casa se sente triste ou ansiosa;

Demandas Secundárias:

4. Desânimo: “eu fico sem ânimo para fazer nada”;

5. Sente incômodo quando ouve de algumas pessoas que “é muito carente”;

6. Preocupada com “a opinião do outro”.

4. Informações do Histórico
Descrever a história de vida dando ênfase aos pontos relevantes:

Durante o processo psicoterapêutico, a paciente trabalhava como auxiliar


administrativo em uma empresa, residia com os avós maternos, era cristã e solteira.
Relacionou-se com um rapaz por aproximadamente 10 anos. Esse relacionamento terminou
por volta de 2014 e a paciente afirmou que vivenciou um “sentimento muito forte de rejeição”,
que começou a pensar que não foi criada com os pais, que reside com os avós e que o pai não
a assumiu quando soube da gravidez.

Ressaltou que “quando me vi sozinha” pensou: “as pessoas mais importantes da


minha vida me deixaram”. A paciente percebeu que tem uma “necessidade de me sentir
amada” e salientou: “eu sinto um vazio”. A paciente não consegue se “sentir completa”, se
considera muito ansiosa, penso muito “no amanhã”.

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Segundo a paciente, o ex-noivo terminou o relacionamento pouco tempo antes do
casamento e a mesma assumiu todas as dívidas com os fornecedores. Maria afirmou que
passou aproximadamente 2 anos quitando dívidas. Por conta disso, acredita que “minha vida
não andou”.

Chegou a se relacionar com outro rapaz, onde se sentiu verdadeiramente


apaixonada. Depois de se relacionar por dois meses com esse rapaz, descobriu que o mesmo
também se relacionava com outra garota. Acredita que essa situação pode ser definida como
“segunda rejeição”. Ainda tentou ser amiga do rapaz, mas não conseguiu porque se sentia
muito incomodada e resolveu se afastar do mesmo.

Relacionamento familiar:
A paciente residia com os avós maternos, enquanto a mãe morava em outra cidade
com a irmã. Por mais que Maria amasse os avós e tivessem um bom relacionamento, essa
configuração familiar, distante da mãe, reforçava mais ainda o sentimento de rejeição.

Em relação ao pai, a paciente não tinha contato com o mesmo e chegou a


verbalizar: “eu tenho muita falta de um homem na minha vida”; “eu sempre tô sentindo falta de
ter alguém”. Outro dado importante, é que Maria expressou que ao sair da primeira sessão,
pensou: “eu vou ter alguém pra me ajudar”. Um possível movimento transferencial.

Relacionamentos sociais:
A paciente exibe notável habilidade social, cultivando e preservando amizades em
diversos contextos com admirável facilidade.

Relacionamentos no trabalho:
A paciente exibia desempenho exemplar na construção e manutenção de relações
laborais positivas, beneficiando-se de um ambiente de trabalho acolhedor e eficaz que reforça
o bem-estar e a produtividade.

Relacionamentos no âmbito educacional:


A paciente não forneceu informações sobre seu histórico educacional durante os
atendimentos.

História do desenvolvimento (aprendizagem, desenvolvimento emocional e


físico relevantes):
A paciente não apresentou nenhum problema de desenvolvimento.

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Lazer (interesses e atividades):
A paciente costumava sair com amigos, assistir filmes e séries e, viajar com a família
e amigos.

Histórico médico e limitações:

Em 2020, a paciente descobriu que tinha um problema na tireoide e que isso


possivelmente dificultava a perda de peso.

História de tratamento psiquiátrico ou psicológico?


A paciente não relatou nenhum histórico de tratamento psiquiátrico ou psicológico.

História de transtorno psiquiátrico na família?


A paciente não relatou nenhum histórico de transtorno psiquiátrico na família.

4.1. Medicações

Gerais:

Durante o processo psicoterapêutico, a paciente não estava utilizando nenhum tipo


de medicação.

Psiquiátricas:

Durante o processo psicoterapêutico, a paciente não estava utilizando nenhum tipo


de medicação.

Adesão e Efeitos Colaterais:

Como a paciente não estava tomando nenhum medicamento, ela não apresentou
nenhum efeito colateral.

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5. Critérios Diagnósticos

5.1. Compreende Transtornos Mentais ou sintomas isolados que não fecham um quadro clínico:

Sintomas Frequência Duração Intensidade Prejuízo Contexto Diagnóstico

Muito
sofrimento
Compulsão Alimentar Semanal Minutos Forte e afetando Psicopatológico
a vida
social

Muito
sofrimento
Vômito induzido Semanal Minutos Forte e afetando Psicopatológico
a vida
social

Muito
sofrimento
Tristeza Diariamente Dias Forte e afetando
a vida
social

“é uma ansiedade tão grande, que


dá um ardor (fez um gesto como
se a dor fosse no peito, subindo
Pouco para o pescoço)”... “penso muito
Ansiedade Diariamente Minutos Forte Caracterológico
Sofrimento no amanhã”

Maria sente isso desde que se


entende por gente.

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Muito
sofrimento
Perda do prazer e do
Diariamente Dias Forte e afetando “eu fico sem ânimo pra fazer nada” Psicopatológico
interesse (anedonia)
a vida
social

Muito
sofrimento
Choro fácil Diariamente e afetando “eu acho que eu choro todo dia” Psicopatológico
a vida
social

Pontual
Inquietação Caracterológico
(condicional)

Desânimo Diariamente “eu fico sem ânimo pra fazer nada” Psicopatológico

Solidão Mensal “eu sinto um vazio” Normal

Pontual
Insegurança Caracterológico
(condicional)

Pessimismo Semanal

“É inevitável não pensar: mais uma


vez eu não sirvo; eu não sou
escolhida. Se eu sou tão incrível…
Pontual Pontual Muito
Autocrítica Forte qual é o meu problema? É porque Caracterológico
(condicional) (condicional) sofrimento
eu sou gorda, ou talvez, ser boa
demais não seja o que interessa, o
que atrai”.

Catastrofização Semanal

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1. Sintomas

Sintomas são sinais ou manifestações fisiológicas, emocionais, comportamentais ou


cognitivos que indicam a presença de uma possível alteração que pode ser uma doença,
distúrbio, transtorno ou condição médica.

Os sintomas podem ser identificados através da observação dos sinais que o corpo
apresenta ou relato verbal.

Sintomas Emocionais: tristeza, insegurança, ansiedade, culpa, perda do prazer e do


interesse, desânimo (“eu fico sem ânimo pra fazer nada”), solidão.

➔ Como está o seu estado emocional? Você tem se sentido triste, ansioso, irritado ou com
qualquer outra emoção incomum?

Sintomas Cognitivos: pessimismo, autocrítica disfuncional, catastrofização.

➔ Como você se avalia?

➔ Você tem sido muito crítico consigo mesmo, mesmo em situações em que outras pessoas
não o seriam?

➔ "Como você costuma reagir diante de problemas ou situações desafiadoras?”

Sintomas Comportamentais: compulsão alimentar, vômito induzido.

➔ "Você tem tido dificuldade para dormir ou tem dormido mais do que o normal? Como tem
sido a qualidade do seu sono?"

➔ "Você tem notado mudanças significativas no seu apetite, como comer muito mais ou muito
menos do que o habitual?"

➔ "Você tem recorrido a comportamentos destrutivos, como abuso de substâncias,


automutilação ou comportamentos de risco?"

Sintomas Fisiológicos: inquietação, choro fácil, “é uma ansiedade tão grande, que dá um
ardor (fez um gesto como se a dor fosse no peito, subindo para o pescoço)”.

➔ "Você percebe que chora com mais facilidade do que o habitual? Isso ocorre em resposta a
situações específicas?"

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2. Frequência

Depois você vai avaliar com qual frequência a pessoa apresenta o sintoma, ou seja,
apresenta diariamente, 3 vezes na semana, quinzenal e etc. Você pode perguntar diretamente
a pessoa:

➔ Com que frequência isso acontece? Todo dia? Semanal? Mensal?

3. Duração

Em seguida você vai analisar a duração, se dura minutos, horas, dias ou semanas.
Você pode perguntar diretamente ao paciente:

➔ Quanto tempo dura? Dura segundos? Minutos? Horas? Dias?

4. Intensidade

O terceiro passo é avaliar a intensidade, ou seja, se o sintoma é leve, médio, forte


ou o mais forte que a pessoa já sentiu. Aqui você também pode perguntar diretamente a
pessoa:

➔ Você sente isso com qual intensidade? Forte? Moderada? De 0 a 100%, quanto você
classificaria?

5. Prejuízo

Por fim, você vai avaliar se os sintomas causam algum tipo de prejuízo na vida da
pessoa. Basicamente, um sintoma se torna um problema quando começa a interferir no
funcionamento social, acadêmico, profissional ou reduz a qualidade de vida da pessoa.

➔ Como esse sintoma afeta a sua vida?

➔ Esse sintoma afeta sua vida em casa? Se sim, como?

➔ Afeta suas relações sociais? Se sim, como?

➔ Afeta você nos estudos? Se sim, como?

➔ Afeta você no trabalho? Se sim, como?

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6. Contexto

O último passo é avaliar o contexto que o sintoma se apresenta, ou seja, você vai
avaliar em qual contexto os sintomas identificados se apresentaram e se tem um histórico em
outros momentos da vida da pessoa. Você pode perguntar:

➔ Quando esse sintoma começou?

A paciente não conseguiu especificar quando os sintomas começaram.

➔ Quais as consequências que esse sintoma traz para sua vida?

➔ O que você já tentou fazer para lidar com o sintoma? Qual foi o resultado?

➔ Por que acha que esse problema ocorre?

➔ Em que tipo de situações ocorre o sintoma?

➔ O sintoma se manteve sempre igual, piorou ou melhorou?

➔ Há alguma situação que você pode associar à melhora ou piora do sintoma?

7. Diagnóstico

Diagnosticar não significa “psicopatologizar”. Basicamente, diagnosticar é concluir algo a partir


de uma coleta de dados.

1. Normal
2. Psicopatológico
3. Caracterológico: Os aspectos caracterológicos são características que a pessoa aceita
como sendo parte de quem ela é, o jeito de ser, algo que faz parte da personalidade.

Hipótese ou quadro clínico

Critérios diagnósticos do Transtorno de Compulsão Alimentar2

Critério A: Episódios recorrentes de compulsão alimentar. Um episódio de compulsão


alimentar é caracterizado pelos seguintes aspectos:

2
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais:
DSM-5-TR, 5. ed., texto revisado. Porto Alegre: Artmed, 2023

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1. Ingestão, em um período determinado (p. ex., dentro de cada período de duas
horas), de uma quantidade de alimento definitivamente maior do que a maioria das
pessoas consumiria no mesmo período sob circunstâncias semelhantes.

2. Sensação de falta de controle sobre a ingestão durante o episódio (p. ex.,


sentimento de não conseguir parar de comer ou controlar o que e o quanto se está
ingerindo).

Critério B: Os episódios de compulsão alimentar estão associados a três (ou mais) dos
seguintes aspectos:

1. Comer mais rapidamente do que o normal.

2. Comer até se sentir desconfortavelmente cheio.

3. Comer grandes quantidades de alimento na ausência da sensação física de fome.

4. Comer sozinho por vergonha do quanto se está comendo.

5. Sentir-se desgostoso de si mesmo, deprimido ou muito culpado em seguida.

Critério C: Sofrimento marcante em virtude da compulsão alimentar.

Critério D: Os episódios de compulsão alimentar ocorrem, em média, ao menos uma vez por
semana durante três meses.

Critério E: A compulsão alimentar não está associada ao uso recorrente de comportamento


compensatório inapropriado como na bulimia nervosa e não ocorre exclusivamente durante o
curso de bulimia nervosa ou anorexia nervosa.

Especificar a gravidade atual:

O nível mínimo de gravidade baseia-se na frequência de episódios de compulsão alimentar


(ver a seguir). O nível de gravidade pode ser ampliado de maneira a refletir outros sintomas e o
grau de incapacidade funcional.

Leve: 1 a 3 episódios de compulsão alimentar por semana.


Moderada: 4 a 7 episódios de compulsão alimentar por semana.
Grave: 8 a 13 episódios de compulsão alimentar por semana.
Extrema: 14 ou mais episódios de compulsão alimentar por semana.

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Critérios Diagnósticos da Bulimia Nervosa (F50.2)3

Critério A: Episódios recorrentes de compulsão alimentar. Um episódio de compulsão


alimentar é caracterizado pelos seguintes aspectos:

1. Ingestão, em um período de tempo determinado (p. ex., dentro de cada período


de duas horas), de uma quantidade de alimento definitivamente maior do que a
maioria dos indivíduos consumiria no mesmo período sob circunstâncias
semelhantes.

2. Sensação de falta de controle sobre a ingestão durante o episódio (p. ex.,


sentimento de não conseguir parar de comer ou controlar o que e o quanto se está
ingerindo).

Critério B: Comportamentos compensatórios inapropriados recorrentes a fim de impedir o


ganho de peso, como vômitos autoinduzidos; uso indevido de laxantes, diuréticos ou outros
medicamentos; jejum; ou exercício em excesso.

Critério C: A compulsão alimentar e os comportamentos compensatórios inapropriados


ocorrem, em média, no mínimo uma vez por semana durante três meses.

Critério D: A autoavaliação é indevidamente influenciada pela forma e pelo peso corporais.

Critério E: A perturbação não ocorre exclusivamente durante episódios de anorexia nervosa.

Especificar se:

Em remissão parcial: Depois de todos os critérios para bulimia nervosa terem sido
previamente preenchidos, alguns, mas não todos os critérios, foram preenchidos por um
período de tempo sustentado.

Em remissão completa: Depois de todos os critérios para bulimia nervosa terem sido
previamente preenchidos, nenhum dos critérios foi preenchido por um período de tempo
sustentado.

Especificar a gravidade atual: O nível mínimo de gravidade baseia-se na frequência dos


comportamentos compensatórios inapropriados (ver a seguir). O nível de gravidade pode ser
elevado de maneira a refletir outros sintomas e o grau de incapacidade funcional.

3
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais:
DSM-5-TR, 5. ed., texto revisado. Porto Alegre: Artmed, 2023

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Leve: Média de 1 a 3 episódios de comportamentos compensatórios inapropriados por
semana.
Moderada: Média de 4 a 7 episódios de comportamentos compensatórios inapropriados por
semana.
Grave: Média de 8 a 13 episódios de comportamentos compensatórios inapropriados por
semana.
Extrema: Média de 14 ou mais comportamentos compensatórios inapropriados por semana.

Critérios diagnósticos do Transtorno Depressivo Maior 4

Critério A: Cinco (ou mais) dos seguintes sintomas estiveram presentes durante o mesmo
período de duas semanas e representam uma mudança no funcionamento anterior; pelo
menos um dos sintomas é (1) humor deprimido ou (2) perda de interesse ou prazer.
Nota: Não incluir sintomas nitidamente devidos a outra condição médica.

1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, conforme indicado
por relato subjetivo (p. ex., sente-se triste, vazio, sem esperança) ou por observação
feita por outras pessoas (p. ex., parece choroso). (Nota: Em crianças e
adolescentes, pode ser humor irritável.)

2. Acentuada diminuição do interesse ou prazer em todas ou quase todas as


atividades na maior parte do dia, quase todos os dias (conforme indicado por relato
subjetivo ou por observação feita por outras pessoas).

3. Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta (p. ex., uma
alteração de mais de 5% do peso corporal em um mês), ou redução ou aumento do
apetite quase todos os dias. (Nota: Em crianças, considerar o insucesso em obter o
ganho de peso esperado.)

4. Insônia ou hipersonia quase todos os dias.

5. Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias (observáveis por outras


pessoas; não meramente sensações subjetivas de inquietação ou de estar mais
lento).

6. Fadiga ou perda de energia quase todos os dias.

4
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais:
DSM-5-TR, 5. ed., texto revisado. Porto Alegre: Artmed, 2023

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7. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada (que podem ser
delirantes) quase todos os dias (não meramente autorrecriminação ou culpa por
estar doente).

8. Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão, quase todos


os dias (por relato subjetivo ou observação feita por outras pessoas).

9. Pensamentos recorrentes de morte (não somente medo de morrer), ideação


suicida recorrente, sem um plano específico, um plano específico de suicídio ou
tentativa de suicídio.

Critério B: Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no


funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.

Critério C: O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância ou a outra
condição médica.

Nota: Os Critérios A-C representam um episódio depressivo maior.

Critério D: Pelo menos um episódio depressivo maior não é mais bem explicado pelo
transtorno esquizoafetivo e não se sobrepõe a esquizofrenia, transtorno esquizofreniforme,
transtorno delirante ou outro transtorno do espectro da esquizofrenia e outros transtornos
psicóticos especificado ou não especificado.

Critério E: Nunca houve um episódio maníaco ou um episódio hipomaníaco.

Critérios diagnósticos do Transtorno de Ansiedade Generalizada (F41.1)5

Critério A: Ansiedade e preocupação excessivas (expectativa apreensiva), ocorrendo na


maioria dos dias por pelo menos seis meses, com diversos eventos ou atividades (tais como
desempenho escolar ou profissional).

Critério B: O indivíduo considera difícil controlar a preocupação.

Critério C: A ansiedade e a preocupação estão associadas com três (ou mais) dos seguintes
seis sintomas (com pelo menos alguns deles presentes na maioria dos dias nos últimos seis
meses). Nota: Apenas um dos itens é necessário para crianças.

1. Inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele.


2. Fatigabilidade.

5
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais:
DSM-5-TR, 5. ed., texto revisado. Porto Alegre: Artmed, 2023

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3. Dificuldade em concentrar-se ou sensações de “branco” na mente.
4. Irritabilidade
5. Tensão muscular. problemas
6. Perturbação do sono (dificuldade em conciliar ou manter o sono, ou sono
insatisfatório e inquieto).
Critério D: A ansiedade, a preocupação ou os sintomas físicos causam sofrimento
clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas
importantes da vida do indivíduo.

Critério E: A perturbação não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex.,
droga de abuso, medicamento) ou a outra condição médica (p. ex., hipertireoidismo).

Critério F: A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental (p. ex.,
ansiedade ou preocupação quanto a ter ataques de pânico no transtorno de pânico, avaliação
negativa no transtorno de ansiedade social, contaminação ou outras obsessões no transtorno
obsessivo-compulsivo, separação das figuras de apego no transtorno de ansiedade de
separação, lembranças de eventos traumáticos no transtorno de estresse pós-traumático,
ganho de peso na anorexia nervosa, queixas físicas no transtorno de sintomas somáticos,
percepção de problemas na aparência no transtorno dismórfico corporal, ter uma doença séria
no transtorno de ansiedade de doença ou o conteúdo de crenças delirantes na esquizofrenia
ou transtorno delirante).

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5.2. Inclui os Transtornos da Personalidade ou Traços da Personalidade:
Entenda Personalidade como padrões duradouros, generalizados e inflexíveis de comportamento, funcionamento e de
experiência pessoal interna, com início na adolescência ou na idade adulta jovem. Basicamente, são padrões de funcionamento,
“tendências” de comportamento diante de uma determinada situação.

Para facilitar a compreensão: todo Transtorno da Personalidade é formado por traços da personalidade, mas nem todo traço
da personalidade é um Transtorno da Personalidade.

Traços Frequência Duração Intensidade Prejuízo Contexto Diagnóstico

“é uma ansiedade tão grande, que


dá um ardor (fez um gesto como
Pouco
Ansiedade Diariamente Minutos Moderado se a dor fosse no peito, subindo Caracterológico
Sofrimento
para o pescoço)”... “penso muito
no amanhã”

Pontual
Inquietação Caracterológico
(condicional)

Pontual
Insegurança Caracterológico
(condicional)

“É inevitável não pensar: mais uma


vez eu não sirvo; eu não sou
escolhida. Se eu sou tão incrível…
Pontual Pontual Muito
Autocrítica Forte qual é o meu problema? É porque Caracterológico
(condicional) (condicional) sofrimento
eu sou gorda, ou talvez, ser boa
demais não seja o que interessa, o
que atrai”.

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Hipótese ou Traços da Personalidade

1. A paciente apresenta traços de personalidade que podem contribuir para o


desenvolvimento de transtornos mentais como, por exemplo, ansiedade como traço de
personalidade pode contribuir para o desenvolvimento de Bulimia Nervosa ou até
mesmo Transtorno de Ansiedade Generalizada.

5.3. Perturbações orgânicas:

1. Em 2020, a paciente descobriu que tinha um problema na tireoide e que isso


possivelmente dificultava a perda de peso.

5.4. Avaliação dos estressores psicossociais:

Geralmente é um evento de vida negativo, uma dificuldade ou deficiência ambiental,


um conflito familiar e/ou interpessoal, uma inadequação de apoio social ou de recursos
pessoais.

1. Problemas com o grupo de apoio primário: Abandono do pai e negligência da mãe.

5.5. Indica o nível mais elevado do funcionamento adaptativo no


período anterior ao diagnóstico:

Na época, eu não sabia avaliar isso, mas basicamente é saber o melhor


funcionamento durante a vida (incluindo pontos fortes, qualidades e recursos). Basicamente,
saber qual foi o melhor período da vida dessa pessoa antes dos sintomas. Podemos coletar
essa informação com a pergunta: como era sua vida antes dos sintomas/problemas?

6. Diagnóstico:
Após meticulosa análise dos dados coletados, concluo que a paciente Maria
manifestou sintomas característicos de Bulimia Nervosa leve. Observou-se, como condição
secundária, o desenvolvimento de sintomatologia depressiva. Também, ficou evidente que a
ansiedade constitui um aspecto intrínseco de sua personalidade.

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Conceituação Cognitiva

7. Diagramas de Conceituação Cognitiva


7.1. Diagrama de Conceituação Cognitiva Baseado nos Pontos
Fortes — DCC-PF

Dados Relevantes
Foi amparada pelos avós maternos, principalmente a avó.
Pontos Fortes e Recursos
A paciente se comunica de uma forma muito profunda e clara. Isso ajuda muito no
entendimento e consequentemente no plano de tratamento, intervenção e progresso.
Também apresentou uma excelente capacidade de insight.
Maria é uma pessoa muito simpática, carinhosa e de fácil relacionamento.
“eu gosto de supervalorizar as coisas boas que acontecem… eu aprendi a me motivar”.
Crenças Nucleares Adaptativas
A paciente tem crenças nas 2 categorias:

1. Eficiência: “eu sou boa”; “eu sou boa porque eu estudei, eu fiz faculdade, eu trabalho e eu
me esforço muito no meu trabalho”; “eu consegui vencer minhas crises de compulsão
alimentar, eu consegui mudar a minha mente… com isso eu perdi 14 quilos que não voltam
mais”

2. Amabilidade: “eu sou uma boa filha, eu me esforço muito pra ajudar a minha avó”; “eu sou
uma boa namorada, eu me esforço muito pra fazer as coisas certas, tudo com muito respeito”
Crenças Intermediárias Adaptativas
“eu não preciso ser perfeita”
“eu nunca vou ser perfeita em situação nenhuma”
“eu tô sujeita a falhar”
“o fato de eu não ser boa em tudo, não anula as coisas que eu sou boa”

Estratégias de Enfrentamento Adaptativas


Extremamente regrada com a rotina;
Modelo Cognitivo
Situação 1 Situação 2 Situação 3
Sensação de que poderia ter
Não identificado Não identificado
dado mais em uma situação
Pensamentos Automáticos Pensamentos Automáticos Pensamentos Automáticos

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“eu não preciso ser perfeita…
Não identificado Não identificado
cobro demais de mim”
Significado do P.A. Significado do P.A. Significado do P.A.
“eu não preciso ser perfeita” Não identificado Não identificado
Estado de Humor Estado de Humor Estado de Humor
Não identificado Não identificado Não identificado
Reações Físicas Reações Físicas Reações Físicas
Não identificado Não identificado Não identificado
Comportamentos Comportamentos Comportamentos
“eu sempre acho que eu
poderia ter dado mais… eu
sempre fico com essa
sensação… mas aí eu busco Não identificado Não identificado
me responder… pra que isso
amenize e eu consiga viver
melhor”

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7.2. Diagrama de Conceituação Cognitiva Tradicional - DCC

Dados Relevantes
Rejeição materna: “Eu fui deixada, abandonada. Minha mãe não me amou como filha”.
Ausência e rejeição paterna: “eu tenho muita falta de um homem na minha vida”; “eu sempre
tô sentindo falta de ter alguém”.
Esquemas
Abandono
Crenças Nucleares
A paciente tem crenças nas 2 categorias:

1. Desamparo: sou vulnerável; sou fraca; sou impotente; sou frágil; sou sozinha no mundo;
sou uma vítima; sou desamparada; não tenho ninguém por mim; sou dependente; não sou
boa o suficiente; sou incapaz; sou incompetente; sou inferior.

2. Desamor: ninguém gosta verdadeiramente de mim; sou rejeitada; sou desinteressante;


ninguém sente desejo por mim; não sou atraente; sou carente;
Crenças Intermediárias
“eu tenho sempre que tá mostrando que eu sou boa… não posso relaxar”.
“Se eu relaxar, eu não vou servir”.
“se você não melhorar, vai morar com a sua mãe… como se eu tivesse o tempo inteiro que
provar que eu sou boa… não sinto boa o suficiente em momento nenhum”.
Estratégias de Enfrentamento
Se dedica excessivamente para ser boa amiga, filha, funcionária e até mesmo paciente.
Modelo Cognitivo
Situação 1 Situação 2 Situação 3
Final do noivado em 2014 Falei que a paciente teria alta Não identificado
Pensamentos Automáticos Pensamentos Automáticos Pensamentos Automáticos
“Quando me vi sozinha”
pensou, “as pessoas mais
“Não quero ter alta” Não identificado
importantes da minha vida
me deixaram”.
Significado do P.A. Significado do P.A. Significado do P.A.
Maria não salientou o
Possivelmente, o significado
significado. Hipoteticamente
“as pessoas mais importantes Não identificado
pode significar que não é
da minha vida me deixaram”.
amada
Estado de Humor Estado de Humor Estado de Humor

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“Sentimento muito forte de
rejeição”; “necessidade de
mim sentir amada” e
Angústia, medo e ansiedade Não identificado
salientou: “eu sinto um vazio”.
E não consegue se “sentir
completa”.
Reações Físicas Reações Físicas Reações Físicas
Não identificado Não identificado Não identificado
Comportamentos Comportamentos Comportamentos
Em alguns momentos chora e
em outros consome Recaída e retorno de alguns
Não identificado
sintomas de Bulimia.
alimentos compulsivamente.

8. Distorções Cognitivas
Na situação 1 e 2 o DCC, a paciente possivelmente apresentou a distorção Raciocínio
Emocional, pois deixou os sentimentos guiarem sua interpretação da realidade.

Na distorção Raciocínio Emocional a pessoa pensa que algo deve ser verdade porque
“sente” (em realidade, acredita) isso de uma maneira tão convincente que acaba por ignorar ou
desconsiderar fatos e evidências.

9. Fatores Precipitantes (desencadeantes/gatilho)


Sinais de instabilidade nas relações como, por exemplo, na situação que falei
precipitadamente que Maria teria alta.

10. Fatores de Manutenção


As compulsões alimentares e indução do vômito eram fatores de manutenção.

11. Análise Longitudinal (aspectos da história de vida que


explicam o atual problema)
Pouco mais de 6 meses depois do processo psicoterapêutico começar, a paciente
conseguiu perceber como esse sentimento de rejeição se construiu. Segue o relato da
paciente:

“Eu fui deixada, abandonada. Minha mãe não me amou como filha. Sinto
rejeição. Eu sofro quando percebo a diferença com os meus irmãos. Eu queria
ter sido criada por ela, por admirar o jeito dela e acreditar que as coisas teriam
sido mais fáceis e eu não seria alguém que se sente tão só. Muitas vezes me

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senti um “cão sem dono”. Muitas vezes eu senti a falta dela no dia a dia, dos
detalhes, às grandes dores.

Joãozinho (ex-noivo) me deixou. Ele disse que não me amava mais e que não
queria viver a vida que eu sonhava pra gente. O desamor me doeu mais uma
vez. Como um golpe, de surpresa. Me senti abandonada pela segunda vez. Me
sinto rejeitada pela segunda vez. A autoestima abalou como nunca até então…
porque eu estava no auge do peso e ele tava namorando uma magrinha… mas
nunca tinha tido força o suficiente para conseguir vencer minhas compulsões.

Conheço Carlinhos (ex-ficante)… me apaixono pela primeira vez na vida.


Depois de Joãozinho era meu primeiro contato com outro homem (em todos os
sentidos). Ele aparenta retribuir, mas: “te amo como amiga” acaba comigo;
“acho você linda, mas também acho você muito gordinha”. E estávamos juntos,
mas ele não me escolheu.

Ele chama a namorada dele como “a mais linda” e isso acaba comigo, por mais
que eu saiba que eu não deveria. Não consigo controlar minhas reações…
sinto muito ciúme, sinto inveja dela (por mais que essa palavra me assuste),
me comparo com ela e fico sem aceitar não ter sido eu… pra mim, foi corpo. E
isso me corrói, é uma dor que só eu sei.

Vê-lo com ela me dói. Comparo a diferença… ele é muito mais carinhoso com
ela. Mais uma vez, me sinto rejeitada. E essa é a rejeição que mais incomoda
porque ela ainda vive em mim, diariamente, e eu fico numa guerra comigo pra
tentar ser certa — madura e de Deus.

Nesse caminho apareceram fulaninho e sicraninho (rapazes que ela gostou).


nada relevante, mas a história meio que se repete. Eu vejo o mesmo cenário,
ouço as mesmas frases de sempre: você é linda por dentro e por fora. Uma
pessoa incrível, de Deus. Tua energia é boa. É bom estar com você. Gosto da
sua amizade e da paz que você passa; “te amo, como amiga, como irmã”.

É inevitável não pensar: mais uma vez eu não sirvo; eu não sou escolhida. Se
eu sou tão incrível… qual é o meu problema? É porque eu sou gorda, ou
talvez, ser boa demais não seja o que interessa, o que atrai”.

Na sessão 71 (5 de fevereiro de 2019), a paciente falou que “não me acho boa o


suficiente… por mais que eu acredite que eu sou boa na coisa, não é forte, não tem força”.
Acrescentou que “outro exemplo é na questão amorosa. Por mais que eu acredite nas minhas

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qualidades… eu acredito que eu tenho essas qualidades, eu acredito… mas isso não tem
força… a qualquer momento ele pode encontrar alguém”.

Perguntei qual seria a relação dessa crença com algo da história da paciente. A
paciente associou com a mãe: “meu sentimento era esse, que eu não era boa o suficiente pra
ser filha dela”. Por conta dessa crença nuclear, a paciente apresentou a crença intermediária:
“eu tenho sempre que tá mostrando que eu sou boa… não posso relaxar… se relaxar, eu não
vou servir”.

A paciente explicou que na infância ouvia muito dos avós maternos: “se você não
melhorar, vai morar com a sua mãe… como se eu tivesse o tempo inteiro que provar que eu
sou boa… não sinto boa o suficiente em momento nenhum”. Isso provavelmente contribuiu
para o desenvolvimento das crenças intermediárias descritas anteriormente.

Maria ainda reforçou que essa crença “traz prejuízo pra mim mesmo… no sentido de
que eu nunca tô satisfeita comigo”. Acrescentou que “eu não me sinto relaxada nunca… eu não
me sinto confortável nunca… se eu der uma relaxadinha, fico com aquela sensação de opa, vai
fugir… preciso correr, preciso tá melhor… essa sensação de segurança, assim, que eu nunca
tenho”.

12. Hipótese de Trabalho

Hipótese em relação aos problemas apresentados pelo paciente:

As experiências infantis da paciente contribuíram para a construção de uma


estrutura cognitiva extremamente desadaptativa. Desenvolvendo um forte Esquema de
Abandono, onde Maria inconscientemente tinha uma percepção de que os outros com quem
poderia se relacionar são instáveis e indignos de confiança.

Envolve a sensação de que pessoas importantes não serão capazes de continuar


proporcionando apoio emocional, ligação, força ou proteção prática porque seriam
emocionalmente instáveis e imprevisíveis, não mereceriam confiança ou só estariam presentes
de forma errática ou iriam abandoná-lo por outra pessoa melhor.

Esse Esquema de Abandono era formado pelas crenças centrais relatadas na


conceitualização cognitiva. Os Esquemas são estruturas estáveis e duradouras que
armazenam crenças, regras, suposições, memórias, emoções, sentimentos e sensações
físicas. São vistos como absolutamente verdadeiros e não aceitam avaliação lógica.

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Expectativa em relação ao processo psicoterápico:

As expectativas são boas, pois a paciente apresentou motivação para vivenciar o


processo.

Planejamento das Intervenções:

As intervenções tinham o objetivo de proporcionar reestruturação cognitiva.


Inicialmente usei a psicoeducação do modelo cognitivo e depois o livro Pense Magro. Diante da
evolução da paciente e remissão dos sintomas, avançamos para o livro A Mente Vencendo o
Humor. Introduzi no processo a imagem mental, reparação parental limitada e depois o jogo
das crenças.

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Plano de Tratamento
13. Diagnóstico ou Hipótese

Após meticulosa análise dos dados coletados, concluo que a paciente Maria
manifestou sintomas característicos de Bulimia Nervosa leve. Observou-se, como condição
secundária, o desenvolvimento de sintomatologia depressiva. Também, ficou evidente que a
ansiedade constitui um aspecto intrínseco de sua personalidade.

14. Resumo da Conceituação Cognitiva

A paciente tem um forte Esquema de Abandono com Crenças Nucleares de


desamparo (“não me acho boa o suficiente”) e Desamor, ou seja, acredita que é incapaz de
receber e manter amor e intimidade com os outros. Junto a isso, apresenta Crenças
Intermediárias: “eu tenho sempre que tá mostrando que eu sou boa… não posso relaxar… se
eu relaxar, eu não vou servir”. Como estratégia compensatória, se dedica excessivamente para
ser boa amiga, filha, funcionária e até mesmo paciente.

15. Demandas Urgentes

1. Remissão total da Bulimia Nervosa leve.


2. Remissão total da sintomatologia depressiva.
3. Controle da ansiedade de forma funcional.

16. Objetivos e Metas na Psicoterapia

Objetivos do paciente — Onde o paciente quer chegar?

1. Emagrecer e ter uma vida funcional.

Meus Objetivos — Onde quero chegar?

1. Remissão total da Bulimia Nervosa leve.


2. Remissão total da sintomatologia depressiva.
3. Controle da ansiedade de forma funcional.
4. Reestruturação cognitiva dos esquemas e crenças disfuncionais.

Minhas Metas — Quais os passos para chegar nos objetivos?

1.1. Psicoeducação sobre o modelo cognitivo e as emoções;

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1.2. Psicoeducação sobre Bulimia;

1.3. Reeducação alimentar usando o livro Pense Magro;

2.1. Ativação Comportamental;


2.2. Organização da rotina;

3.1. Usar o livro A Mente Vencendo o Humor do capítulo 1 ao 12.

17. Aspirações

1. Casar e ter filhos.

18. Valores

1. Família;
2. Verdade;
3. Honestidade;
4. Amizade;

19. Motivação do paciente

A paciente se mostrou altamente envolvida e comprometida durante o processo


terapêutico. O bom vínculo terapêutico também teve um papel fundamental no avanço e
progresso do plano de tratamento.

20. Fase do Tratamento

Fase inicial do tratamento

[ x ] Aliança terapêutica forte;

[ x ] Identifica e especifica as aspirações e valores do paciente e seus objetivos para a terapia;

[ x ] Identifica os passos para atingir cada objetivo ou resolver cada problema;

[ x ] Resolve os obstáculos (pensamentos automáticos e problemas) que interferem na


execução dos passos para atingir os objetivos;

[ x ] Familiariza o paciente com o processo da terapia (p. ex., definir colaborativamente pautas
com você, dar feedback e executar os Planos de Ação);

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[ x ] Informa o paciente sobre o modelo cognitivo, seu transtorno e as várias estratégias úteis
de enfrentamento;

[ x ] Enfatiza os pontos fortes, recursos e crenças positivas do paciente;

[ x ] Ensina o paciente a identificar, avaliar e responder aos seus pensamentos automáticos;

[ x ] Ajuda o paciente a tirar conclusões positivas sobre suas experiências, incluindo o que
essas experiências dizem sobre ele;

[ x ] Ensina ao paciente as habilidades necessárias;

[ x ] Ajuda o paciente a programar as atividades (especialmente se estiver deprimido e


evitativo);

[ x ] Aumentar a emoção positiva durante o tratamento;

[ x ] Remissão parcial dos sintomas;

[ x ] Melhora em seu funcionamento.

Fase intermediária

Além de continuar trabalhando em direção aos objetivos da fase inicial, você também:

[ x ] Passa a enfatizar o fortalecimento de crenças adaptativas mais positivas do paciente,


identificando, avaliando, respondendo e modificando mais diretamente as crenças disfuncionais
dele, usando técnicas “intelectuais” e também “emocionais”.

Fase final do tratamento

[ x ] Aumenta a ênfase na preparação para o término, continuando a trabalhar em direção aos


objetivos, aumentando um sentimento de bem-estar, melhorando a resiliência.

[ ] Prevenção de recaída.

21. Relação terapêutica

Durante o processo terapêutico, foi evidente a presença de uma relação terapêutica


sólida e positiva entre o paciente e o psicólogo. Essa conexão foi fundamental para o
progresso da terapia, por proporcionar um ambiente seguro e acolhedor para o

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aprofundamento de questões emocionais e pessoais. A confiança mútua contribuiu
significativamente para o avanço do tratamento e para a obtenção de resultados.

22. Dificuldades Encontradas

Não identifiquei nenhuma dificuldade durante o processo. A paciente demonstrou ser


extrovertida e altamente sociável, gosta de interagir com as pessoas. Predominantemente,
emocional, muitas vezes agindo e decidindo com base no que está sentindo. Apresentou muita
facilidade para verbalizar pensamentos e emoções, o que facilitou o insight em vários
momentos.

23. Técnicas Utilizadas

Técnicas Cognitivas:

1. Psicoeducação;
2. Questionamento socrático;
3. Descoberta guiada;
4. Seta descendente;
5. Registro de Pensamentos;
6. Biblioterapia com os livros: Pense Magro; A Mente Vencendo o Humor;
7. Cartão de enfrentamento;
8. Jogo das Crenças.

Técnicas Comportamentais:

1. Ativação Comportamental no começo do processo psicoterapêutico.

Técnicas Vivenciais:

1. Imagem mental;
2. Reparação parental limitada;

24. Plano Geral de Tratamento

Inicialmente usar a psicoeducação do modelo cognitivo e depois o livro Pense


Magro. Diante da evolução da paciente e remissão dos sintomas, avançar para o livro A Mente
Vencendo o Humor. Introduzir nesse processo a imagem mental e reparação parental limitada
para ajudar na reestruturação cognitiva profunda. Usar o jogo das crenças na fase final do
tratamento.

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25. Plano das Sessões Individuais

Escrever o que você planeja para cada sessão. Descrevendo uma agenda básica
para guiar o seu trabalho. Sempre se perguntando de forma geral: “O que estou tentando obter,
e como posso fazer isso com mais eficiência?”.

Planejamento das Próximas Sessões

Escrever o que você planeja de forma geral como, por exemplo,

Sessão 1:

Inicie a sessão acolhendo a paciente e estabelecendo uma conexão terapêutica.

Explique o objetivo da terapia cognitivo-comportamental e como ela pode ajudar a paciente a


lidar com seus sintomas.

Introduza o modelo cognitivo, explicando a relação entre pensamentos, emoções e


comportamentos.

Discuta os conceitos de esquemas, crenças nucleares e crenças intermediárias,


relacionando-os aos sintomas específicos da paciente.

Encoraje a paciente a compartilhar suas experiências e a identificar padrões de pensamento e


comportamento relacionados à sua bulimia e sintomatologia depressiva.

Sessão 2:

Faça uma revisão do conteúdo discutido na sessão anterior, reforçando os conceitos do


modelo cognitivo.

Ajude a paciente a identificar e desafiar pensamentos disfuncionais relacionados à sua imagem


corporal, alimentação e autoestima.

Introduza estratégias práticas para lidar com a compulsão alimentar e os comportamentos


compensatórios, como a técnica de "parar e pensar" antes de agir.

Discuta a importância de estabelecer metas realistas e saudáveis para a perda de peso,


enfatizando a importância do autocuidado e da aceitação do corpo.

Sessão 3:

Faça uma revisão do conteúdo discutido nas sessões anteriores, verificando o progresso da
paciente e respondendo a quaisquer dúvidas ou preocupações que ela possa ter.

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Introduza estratégias para lidar com a sintomatologia depressiva, como a identificação e
modificação de pensamentos negativos automáticos.

Explore as crenças nucleares e intermediárias da paciente relacionadas ao desamparo e


desamor, e discuta como elas podem estar influenciando sua autoestima e relacionamentos.

Encoraje a paciente a praticar técnicas de relaxamento e autocuidado, como a respiração


profunda e a prática de atividades prazerosas.

Ideias para possíveis Planos de Ação:

Identificar gatilhos: Juntos, podemos identificar os gatilhos que desencadeiam a


compulsão alimentar e os comportamentos compensatórios. Podemos criar um plano para
evitar ou lidar com esses gatilhos de forma mais saudável.

Praticar técnicas de relaxamento: Vamos explorar diferentes técnicas de


relaxamento, como a respiração profunda, a meditação ou o relaxamento muscular
progressivo. Essas técnicas podem ajudar a reduzir a ansiedade e o estresse, que podem estar
relacionados aos sintomas da bulimia e da depressão.

Estabelecer uma rotina alimentar saudável: Vamos trabalhar juntos para criar uma
rotina alimentar equilibrada e saudável, com refeições regulares e nutritivas. Podemos incluir
alimentos que você goste e que sejam bons para o seu corpo.

Desafiar pensamentos negativos: Vamos aprender a identificar os pensamentos


negativos que podem estar contribuindo para a sua sintomatologia depressiva. Vamos trabalhar
juntos para desafiar esses pensamentos e substituí-los por pensamentos mais positivos e
realistas.

Praticar atividades prazerosas: Vamos explorar atividades que você goste e que te
tragam prazer. Isso pode incluir hobbies, esportes, arte, música ou qualquer outra coisa que te
faça se sentir bem. Essas atividades podem ajudar a melhorar o seu humor e a reduzir os
sintomas da depressão.

Buscar apoio social: Vamos discutir a importância de buscar apoio social durante o
tratamento. Isso pode incluir conversar com amigos, familiares ou participar de grupos de
apoio. Ter pessoas ao seu redor que te apoiam pode fazer uma grande diferença no seu
bem-estar emocional.

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26. Duração do Tratamento

O tratamento da paciente durou pouco mais de 2 anos e meio. Foram 96 sessões no


total. Acredito que a duração do tratamento foi longa por minha falta de experiência e ausência
de uma ferramenta como a Formulação do Caso.

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Resultados
Nessa parte final da Formulação, você analisa os principais resultados obtidos até o
momento. Basicamente, analisar se houve mudança nos sintomas, funcionamento e qualidade
de vida dos pacientes. Essa análise pode ser feita observando diretamente o comportamento
da pessoa ou usando escalas e questionários.

A análise dos resultados não é apenas sobre a melhoria dos sintomas, mas também
sobre a melhoria da qualidade de vida do paciente. Por exemplo, o tratamento pode não ter
eliminado os sintomas de um paciente com transtorno de ansiedade, mas pode ter melhorado
significativamente sua capacidade de realizar atividades cotidianas e melhorar seu
relacionamento com a família e amigos.

27. Progressos alcançados até o momento

Na sessão 71 (5 de fevereiro de 2019), a paciente falou que “eu tô começando a me


responder, mas ainda não tem força… ao mesmo tempo eu já percebo sinais de melhoria… o
dia que eu alcançar responder com força… eu vou conseguir ser a mulher segura que eu quero
ter”.

Perto da alta, a paciente se sentiu feliz lendo um texto que havíamos trabalhado no
começo da psicoterapia. Maria falou que “as coisas que me fizeram sofrer tanto… hoje tem um
lugar organizado dentro de mim”.

Percebeu “o quanto eu me apegava aquilo”, pois “achava que era uma verdade que
não mudava… hoje eu vi que é possível”. Reforçou que “eu hoje tenho um olhar muito diferente
de mim… eu não duvido mais de mim, eu não me acho mais fraca… não acho que nada seja
mais impossível pra mim” e identificou que cresceu emocionalmente.

Depois da morte da avó, a paciente se aproximou muito da mãe e isso reparou


profundamente o esquema de Abandono. A paciente chegou a verbalizar que “me fez muito
bem… a questão do meu relacionamento com a minha mãe, que só tem melhorado… ela
mudou muito, hoje ela é minha mãe… nosso relacionamento é maravilhoso e sentir que eu
tenho uma mãe… foram 15 dias de alívio na alma”.

Essa reparação deixou a paciente mais confiante para dizer não às pessoas. Foi
como se tivesse perdido o medo de desagradar ou perder as pessoas. Mesmo sendo um
processo muito profundo, a paciente conseguiu perceber e tomar consciência dessa reparação.
Trouxe no discurso que essa percepção “mudou minha vida”.

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28. Curso da Psicoterapia

O curso da psicoterapia foi bom, sem nenhuma dificuldade, pois a paciente


permaneceu engajada do início ao fim.

29. Término do Acompanhamento

O término do acompanhamento foi muito tranquilo e paciente mantém os resultados.

30. Autoavaliação: Reflexões e Melhorias

A busca por aprimoramento e melhoria contínua é essencial para garantir o


resultado e a qualidade da psicoterapia. Portanto, aqui você reflete sobre o que pode melhorar
nesse caso e em futuros casos parecidos. Você analisa principalmente as percepções e
feedbacks do paciente sobre o progresso e a efetividade da psicoterapia. Depois pensa como
você pode utilizar esse feedback para melhorar ou reforçar pontos fortes do seu trabalho.

Faça uma reflexão crítica, com o objetivo de identificar áreas que podem ser
aprimoradas e desenvolver estratégias para melhorar. Essa reflexão crítica permite que você
identifique pontos fortes e áreas de melhoria no seu trabalho. Com base nessa análise, podem
ser implementadas mudanças e ajustes para aprimorar a efetividade da psicoterapia.

A busca constante por melhorias na psicoterapia não apenas contribui para a


efetividade, mas também demonstra um compromisso ético com a qualidade dos serviços
prestados aos pacientes. Essa abordagem reflexiva e a busca por aprimoramento são
características fundamentais de um profissional comprometido em oferecer uma psicoterapia
de alta qualidade.

Algumas perguntas para ajudar na reflexão:

1. Como avalio o meu próprio desempenho?


2. Quais são as minhas principais habilidades e competências psicoterapêuticas? O que eu
poderia fazer para aprimorá-las?
3. Quais são as áreas em que eu me sinto menos confiante ou menos experiente? O que
eu poderia fazer para melhorar?
4. Como posso aprender com os meus próprios erros e sucessos em sessões anteriores?
5. Como posso obter feedback dos meus pacientes sobre o meu desempenho e utilizar
essas informações para melhorar o meu trabalho?
6. Como posso encontrar suporte e orientação em momentos de desafio ou incerteza em
meu trabalho como psicoterapeuta?

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