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Anotações e Comentários Sobre

Platão
Rodrigo Carlos Silva de Lima
rodrigo.uff.math@gmail.com

26 de janeiro de 2024
2
Sumário

1 5
1.1 Obras de Platão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.1.1 Diálogos da Juventude . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.1.2 Diálogos da Maturidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.1.3 Diálogos da Velhice . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.2 Diálogos Socráticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.2.1 Primeira Fase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.2.2 Segunda Fase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.2.3 Terceira Fase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.3 Antropologia Filosófica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.4 Resumo das Teorias de Platão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.4.1 Doutrina das Ideias e das Formas . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.4.2 Reminiscência Metafísica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.4.3 A teoria da Tripartição da Alma . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.4.4 Classes Sociais e Partes da Mente . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.4.5 Mito do Cocheiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.4.6 Alegoria da Caverna e Teoria do Conhecimento . . . . . . . . 10
1.4.7 Política . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.4.8 Construção da Cidade Perfeita . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.5 O Mito Da Caverna . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.6 A obra Político . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.7 Educação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.8 Filosofia Para Platão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

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4 SUMÁRIO
Capítulo 1

Platão( 428 − 238 a.C) foi um Filósofo grego nascido entre 428 e 423 a.C tendo vivido
até 348 ou 347 a.C.
Ele teria sido discípulo de Sócrates e difusor das ideias do mesmo em suas obras
que chama de diálogos. Era considerado um cidadão importante em Atenas onde fun-
dou a Academia e desenvolveu temas como metafísica, política, moral e artes.
Platão é filho de Ariston e Períctíone. Ele nasceu em um período na Grécia cha-
mado de século de Péricles, que foi caracterizado por liberdade política e desenvol-
vimento econômico e cultural. Recebeu excelente educação provida por sua família
aristocrata que esperava que ele fosse político, porém teria conhecido Sócrates a quem
admirou por sua capacidade de debater e conduzir diálogos. Começou a estudar filo-
sofia com 20 anos e teria convivido com Sócrates durante 8 anos até a morte do seu
mestre. Depois disso ele deixou Atenas e viajou, em especial para Sicília e roma.
Em 387 a.C Platão retorna a Atenas e funda sua academia. Tal escola valorizava a
liberdade de pensamento e promovia debates sobre temas diversos. Apesar da demo-
cracia grega não incluir mulheres elas podiam e teriam participado da academia.

1.1 Obras de Platão


Pelo fato de Platão ter aprendido com Sócrates a desenvolver filosofia por meio de
diálogos e questionamentos ele escreveu diversas obras que são chamadas de diálogos
para expor o que ele pensava por meio da forma narrativa de conversas.
Citamos abaixo algumas características dos diálogos Platônicos:
1. Algumas conversas não se mostram como finalizadas. Isso teria sido feito para
que a pessoa que lê a obra pudesse tomar seu próprio lado sobre o tema e mesmo
os diálogos finalizados ainda permitiam espaço para contestação e contra argu-
mentação.
2. Platão não se coloca como personagem nos diálogos.
Os diálogos são divididos em três partes, diálogos da:
1. juventude;
2. maturidade;

5
6 CAPÍTULO 1.

3. velhice.
Em todas fases da filosofia de Platão Sócrates é usado como personagem.

1.1.1 Diálogos da Juventude


Os diálogos da juventude, também chamados de primeiros diálogos ou diálogos so-
cráticos, tem como objetivo apresentar o modo de pensar de Sócrates.
São conversas sem conclusões que objetivam o desprendimento de opiniões in-
consistentes. Temos nessa categoria as seguintes obras:

1. A defesa de Sócrates, que relata seu julgamento e condenação.


2. Cámides, que contém reflexões sobre a temperança.
3. Crito, trata de temas sobre leis e justiça.
4. Eutidemo, versa sobre os sofistas.
5. Eutífron, tem como tema a vida religiosa.
6. Górgias, fala sobre a moralidade na ótica sofista.
7. Hippias maior, reflexão sobre virtudes.
8. Hippias menor, sobre erros involuntários e voluntários.
9. Íon, temática sobre poesia e inspiração.
10. Laques, discussão sobre a coragem.
11. Lysis, apresenta pensamentos sobre tipos de amor.
12. Menexenos, contém pensamentos sobre morte no campo de batalha.
13. Primeiro Alcebíades, um pensar sobre a natureza humana.
14. Protágoras, sobre o ensino da virtude.

1.1.2 Diálogos da Maturidade


Nessas obras ele se afasta de Sócrates e desenvolve conclusões de seu pensamento,
forma assim a filosofia platônica.

1. Menon, ensino da virtude.


2. Crátilo, linguagem.
3. Fédon, alma.
4. O banquete, amor.
5. República, política, educação, imortalidade da alma e em especial justiça.
1.2. DIÁLOGOS SOCRÁTICOS 7

6. Fedro, amor e alma.

7. Parmêndes, teoria das formas e ideias.

8. Teeteto, conhecimento.

9. República, formação do filósofo e cidade ideal.

1.1.3 Diálogos da Velhice


1. Timeu, cosmologia;

2. Crítias, sobre a mítica cidade de Atlântida.

3. Sofista, diferenças entre os sofistas e os filósofos.

4. Político, qualidade dos governantes.

5. Filebo, prazeres.

6. Leis, uma obra inacabada sobre política.

Platão teria escrito também 13 cartas, cuja autenticidade é questionada por his-
toriadores. Seu discípulo Aristóteles teria também registrado ensinamentos orais de
Platão.

1.2 Diálogos Socráticos


Nas suas obras Platão apresenta o método Socrático por meio do diálogo entre Só-
crates e outras pessoas. O primeiro objetivo no método era mostrar que na verdade
não se sabia o que imaginava-se conhecer. Tal primeira fase era chamada de ironia e
objetivava libertar da ilusão de conhecimento.
O próximo passo era o de levar ao autoconhecimento.

1.2.1 Primeira Fase


• Apresenta o Sócrates histórico.

• Não reflete sobre metafísica tratando mais de questões éticas.

1.2.2 Segunda Fase


• É apresentado um Sócrates preocupado com metafísica e epistemologia.

• Escreve sobre a teoria das ideias e formas.

• Busca atingir a verdade superando meras opiniões.


8 CAPÍTULO 1.

1.2.3 Terceira Fase


Nessa fase Sócrates aparece menos e bem diferente das anteriores, jovem e não sendo
capaz de resolver questões filosóficas importantes. Platão nessa parte trata de proble-
mas de sua filosofia.

1.3 Antropologia Filosófica


Platão identificava a essência humana com sua alma afirmando que o corpo material
é sua prisão, do qual ela quer escapar para ver contemplar o reino das ideias puras e
platônicas. Segundo o livro Fedro após a morte as almas transmigram de um corpo
para outro. Platão introduziu a dualidade entre o corpo e a mente.
A alma seria imortal e incorruptível, um problema para o ser humano seria libertar
a alma da prisão do corpo.
Segundo a perspectiva platônica, o homem vive o dualismo do “mundo sensível”(das
sensações) versus “mundo inteligível”(das ideias). Para alcançar sua plenitude, a alma
imortal deveria se voltar exclusivamente para o mundo inteligível.
Para Platão a felicidade do ser humano não se dá nas coisas materiais, efêmeras,
tais coisas poderiam corromper o que o ser humano é em sua essência, que é em es-
sência um ser racional, que vive das ideias. Apenas a alma racional contempla-nos
em nossa plenitude. O ser humano seria necessariamente identificado a suas ideias.
A alma seria o que está em nossas ideias imortais, o corpo pode ser corrompido, já a
alma não. Para ele a alma e o corpo não se tocam. Para ele somos estritamente meta-
físicos.
A pessoa plena não seria “corrompida” pelos sentidos. O ser humano para Platão
é racional. Os sentidos poderiam corromper o ser humano.
Segundo Platão a felicidade do nosso ser não se encontra nas coisas materiais e
podem corromper o que somos na nossa essência. Somente a alma racional poderia
nos tornar plenos.
Ele entendia o corpo como prisão da alma, dividida em três partes

1. Alma irascível a qual pertencem a coragem, esperança, cólera e cobiça.

2. Alma concupiscível que contém instintos de alimentação e sexo.

3. Alma racional, que tem como parte o pensamento e razão.

1.4 Resumo das Teorias de Platão


1.4.1 Doutrina das Ideias e das Formas
Segundo a teoria das ideias e das formas de Platão haveriam duas realidades:

1. Um mundo sensível em que existe tudo o que seria material, que podemos tocas
e sentir.
1.4. RESUMO DAS TEORIAS DE PLATÃO 9

2. Um mundo das ideias (também chamado de mundo inteligível), neste lugar


existem as ideais de tudo o que percebemo no mundo material. Tal mundo só
poderia ser acessado pelo pensamento.
Tudo o que existiria no mundo sensível seriam cópias do que existe no mundo
inteligível

1.4.2 Reminiscência Metafísica


O ser humano também seria cópia da ideia de ser humano do mundo das ideias. Platão
supõe que algo no ser humano é imutável, a alma, e o corpo seria o abrigo da alma que
teria contemplado o que existe no mundo das ideais. Ao se conectar ao corpo a alma
esquece o que já conhecia. Os sentidos seriam maneira de perceber as cópias, a alma
se lembraria assim do que já conhecia.

1.4.3 A teoria da Tripartição da Alma


Em duas obras Platão escreve sobre a alma: “A república” e “Fédon”. Para ela a alma é
eterna e por esse motivo ela pode acessar o mundo das ideais. Além disso ele divide a
alma em três partes que são? Razão, espírito e apetite.

• Razão: Aspecto racional da alma e relacionado à cabeça, responsável pelo pen-


samento e deveria controlar o espírito e apetite. Com essa parte que adquirimos
sabedoria.
• Espírito: Aspecto emocional ligado ao coração, desejos e fúria.
• Apetite: Aspecto do desejo sexual e necessidades básicas humanas. Com tal
parte podemos obter moderação.

Segundo Platão para não sermos injustos com nosso próprio ser é necessário equi-
líbrio entre as três partes de nossa alma.

1.4.4 Classes Sociais e Partes da Mente


• A razão equivale aos guardiões, pois eles tomam as decisões da cidade.
• Ao espírito corresponde a classe dos soldados.
• O apetite teria como analogia os trabalhadores, produtores e comerciantes.

1.4.5 Mito do Cocheiro


Na obra Fedro é feita uma analogia entre a alma e uma carruagem puxada por dois
cavalos, um deles corresponde à ira (cavalo de cor branca), o outro ao desejo sexual e
bens materiais (concupiscência). O corpo humano seria equivalente a carruagem e o
guia dela (cocheiro) seria a razão que nos conduz por meio das rédeas dos cavalos (em
analogia aos nosso pensamentos), tais cavalos são nossos sentimentos. Para Platão
deveríamos saber conduzir nossos sentimentos para o caminho do bem e da verdade.
10 CAPÍTULO 1.

1.4.6 Alegoria da Caverna e Teoria do Conhecimento


A alegoria da caverna aparece na obra A república em que narra uma conversa entre
Sócrates e Glauco e versa sobre a educação usando a teoria das ideias, formas, mundo
sensível e mundo inteligível.
Havia um grupo de prisioneiros que viviam presos numa caverna desde seu nas-
cimento. Eles eram mantidos sentados de costas para a saída da caverna com as cos-
tas encostadas sobre um muro. Por trás do muro uma fogueira iluminava a parede
no fundo da caverna a qual os prisioneiros olhavam e consideram como verdadeiras,
sendo que apenas conheciam a projeção das sombras mas não o que foi projetado.
Um dos prisioneiros consegue fugir e vai até a saída, porém fica momentânea-
mente cego por conta da luminosidade e pensa ter sofrido isso como castigo por ten-
tar sair da sua prisão. Depois de pouco tempo os olhos dele se acostumam com a luz e
observa a verdade do que havia fora da caverna.
O ex prisioneiro volta à caverna e conta o que havia visto para outros prisioneiros
mas é recebido com desconfiança por alguns que por temerem decidem o silenciar o
agredindo até a morte.
Para Platão apenas por meio da razão podemos entender a verdadeira realidade,
além de meras projeções e o ex-prisioneiro, que se liberta e vê a luz seria como o filó-
sofo que vê a verdade mas por vezes não é bem aceito por aqueles que somente vêem
as sombras.

1.4.7 Política
Platão idealiza um estado, perfeito (segundo ele), que não seria democrático pois en-
tendia tal governo como tirania da maioria sobre a minoria. Ele sugeriu uma forma
de aristocracia como melhor forma de governo.
Ele comparava o estado como o corpo humano:

• Cabeça: Governantes.

• Peito: Soldados.

• Baixo-ventre (parte inferior do abdômen): Trabalhadores.

Tal separação é semelhante a tripartição da alma proposto por ele mesmo.


Platão demonstrou sua preocupação com a política e organização social nos livros
A república, O Político e As leis.
Ele é influenciado pela constituição e política de Atenas para escrever sua teoria
política e exorta que a consciência política deve ser ensinada em especial a jovens em
formação.
Ele classifica três modos de governar: democracia, aristocracia e monarquia.

• Democracia: Governo de muitos. Forma degenerada: Anarquia (sem governo).

• Monarquia: Governo de apenas um, sua forma negativa seria a tirania, um go-
verno injusto e cruel.
1.4. RESUMO DAS TEORIAS DE PLATÃO 11

• Aristocracia: Governo de poucos intelectuais e comerciantes. Sua pior versão se


restringiria ao governo de poucos para poucos.

Quando quem governa não serve ao seu povo, deixa se seduzir pelo poder e coloca
seus interesses como prioridade tem-se a degeneração do governo. Vejamos com mais
atenção os modos de degeneração:

• Democracia: Desejo de liberdade sem regras.

• Monarquia: Violência para se manter no poder que não beneficie o povo.

• Aristocracia: Corrupção por desejo de riqueza.

Ele considera que a melhor forma de governo é a aristocracia com um filósofo


como governante. Na obra A República ele considera que quem governa deve ser uma
pessoa aprimorada e sábia, sendo necessária formação e seleção de um bom gover-
nante.
Platão viveu no auge do período democrático de Atenas na antiguidade, porém ele
não estava convencido de que essa fosse a melhor forma de governo, em especial talvez
motivado pelo fato de Sócrates ter sido condenado à morte pela mesma.
Os escritos de Platão foram produzidos após a morte de Sócrates e também depois
dele tentar uma carreira política. Pode-se ler sua produção filosófica como um pensa-
mento sobre política em amadurecimento, mas um pensamento que também tinha o
intuito de indicar como ser correto e pudesse alcançar o perene sobre o belo a verdade
e o bem.
Segundo Platão (428/427 A.C -348/347 A.C) e Sócrates (469A.C-399A.C) todas
ações seriam políticas e concernentes a ética.
Para Platão Sócrates1 é o verdadeiro político (citação feita na obra Górgias). Sócra-
tes apesar disso não participava de organizações ou associações.

1.4.8 Construção da Cidade Perfeita


Na obra a república Platão apresenta um diálogo com intuito de criar uma cidade per-
feita que serviria como modelo para todas outras cidades.
Havia algumas sugestões polêmicas para aquele tempo como:

1. Fim do formato da família tradicional com apenas pai, mãe e filhos;

2. Eugenia, controle da procriação para atingir uma raça considerada superior por
alguns;

3. Participação das mulheres na política e esfera pública.

4. Censura de obras de arte que não seriam necessárias mas criariam falsidades,
reproduções fantasiosas que poderiam enganar quem as percebe.
1 Sócrates teria sido mestre de Platão e protagonista de muitas de obras dele
12 CAPÍTULO 1.

Um dos passos para se chegar a cidade perfeita era segundo Sócrates (por meio de
Platão) a especialização do trabalho, pessoas que se focassem em apenas um tipo de
atividade, pois seriam mais produtivos que uma pessoa não especializada. desejava-se
uma maior produtividade das pessoas sem o desvio de atenção para coisas que ele con-
siderava supérfluas como arte, entre artes a pictórica e teatral que mostrava história de
confrontos, traições, vinganças que poderiam gerar sentimentos que atrapalhariam a
harmonia e equilíbrio das pessoas. Ele advogava que artistas não participassem da
cidade ideal, excluindo então poetas, atores, coristas e também artesãos de adereços
femininos.
No diálogo se defendia ocupações que se considerava mais úteis para a cidade
como o guardião:

1. Guardião que protegeria a cidade de ataques externos e da qual sairia o legisla-


dor, este último que deveria criar as melhores leis para o estado.

Segundo ele para se tornar um bom guardião as crianças não deveriam ser expos-
tas a textos de Homero e Hesíodo, como era de costume, pois com seus mitos e his-
tórias amorais poderiam levar a intemperança (falta de moderação e autocontrole).
Um guardião deveria evitar o ódio e explosões de ira que eram narradas em poemas
clássicos, mesmo que fossem verdadeiras, pois poderiam influenciar o caráter deles.
No lugar disso ele sugere que as crianças deveriam ter treinamentos físicos, estu-
dar Matemática e música, sendo esta a única arte que ele valida pois considera que o
ritmo e a harmonia penetrariam na alma mais fundo e a afetaria ajudando a pessoa a
se aperfeiçoar.
Sócrates considerava aceitável que fossem contadas certas fantasias nobres na cri-
ação de crianças que seriam guardiões. Por exemplo, repassar a ideia de que os ha-
bitantes da cidade ideal nasceram de dentro da terra, sem mãe nem pais humanos e
todos habitantes da cidade teriam um laço de irmandade, a cidade seria uma única fa-
mília, essa característica significava abolir a família centrada em mãe, pai e crianças.
Poderia haver o sentimento de harmonia social por todos serem da mesma família.
As classes na sociedade eram classificadas por metais:

1. Ferro ou Bronze: Fazendeiros ou artesãos, não poderiam ser guardiões;

2. Prata aos guardiões;

3. Ouro aos magistrados.

Tal pensar sobre a sociedade perfeita levou outras pessoas a proporem arranjos
sociais perfeitos.
Na República a busca era da felicidade de toda a cidade e não de uma classe em es-
pecífico e o poder estaria em mãos de uma única pessoa extremamente especializada:
um filósofo.
Segundo Platão para ser um filósofo era necessário uma compreensão racional da
realidade e verdade, tal compreensão poderia surgir por meio de uma educação espe-
cial, em especial com o ensino de matemática.
1.5. O MITO DA CAVERNA 13

1.5 O Mito Da Caverna


No Capítulo 7 de A república (uma das primeiras obras de Platão), Sócrates narra a
seguinte história:

• Homens acorrentados dentro de uma caverna, com apenas uma saída, rece-
bendo luz indiretamente do sol. Aprisionados, os homens só conseguem en-
xergar as sombras projetadas na parede do que acontece atrás deles. Um de-
les, contudo, se desvencilha dos grilhões e sai da gruta em direção ao sol. Num
primeiro momento, ele tem dificuldade de enxergar, mas, aos poucos, vai se
acostumando até que vê as coisas como elas são e, depois, o próprio sol. Im-
pressionado com a visão das coisas verdadeiras, ele decide voltar e contar para
os demais prisioneiros a verdade.

O filósofo narra o movimento do ser humano em direção a verdade e sua conse-


quente transformação em filósofo.
A condição inicial do ser humano seria representada por estar na caverna, tanto
em termos morais quanto intelectuais. Ao se mover para fora da caverna seria possível
ver a realidade como ela é verdadeiramente.
A única maneira de se ter uma sociedade ideal seria ter como governante uma pes-
soa que teria visto a realidade como ela realmente é e ter escapado da degradação mo-
ral da caverna.

1.6 A obra Político


Na obra de Platão chamada Político, ele novamente apresenta Sócrates como perso-
nagem e trata novamente da questão da melhor maneira de governar, porém dessa
vez tentando conciliar a possibilidade prática (mais pragmática) com as idealizações.
Ele escreveu um outro diálogo chamado Sofistas e diz-se que tinha a intenção de uma
terceira obra chamada Filósofo com a qual fecharia uma triologia e traria novamente
o protagonismo de Sócrates (diferente da obra Político em que Sócrates é um perso-
nagem menor).
Platão escreveu a obra Político depois de passar um tempo na Sicília, lá ele tentou
transformar o tirano Dionísio de Siracusa em um rei filósofo, que era o ideal máximo
platônico de governante. Porém foi proibido de sair da Sicília por Dionísio e precisou
fugir. Portanto nessa obra tratou a política de forma menos abstrata levando em conta
as contradições que acontecem na prática.
A obra sugere que um estadista deve conseguir saber o momento apropriado de
aplicação de cada conhecimento.
Em Político há dois personagens principais um chamado Estrangeiro e outro cha-
mado Sócrates (homônimo do filósofo Sócrates). O Estrangeiro explica a Sócrates
toda a técnica de tecelagem da política, contendo a capacidade de entrelaçar leis e
outros cuidados com a cidade, fazer bem tal entrelaçamento seria a capacidade do
estadista. Nesse texto o Estrangeiro faz o papel que em outras obras de Platão cabiam
ao filósofo Sócrates, o papel do desenvolvimento do raciocínio filosófico. Ele explica
14 CAPÍTULO 1.

que o estadista deveria ser capaz de encontrar respostas para todas perguntas relaci-
onadas a legislação de sua sociedade, tendo sabedoria para adaptar as leis a situações
cotidianas que poderiam ir além de uma leitura estritamente literal das leis.
Tal texto de Platão se preocupa mais com o real, porém o político construído é um
político idealizado, da mesma maneira que o rei filósofo da república.
Platão sugere que o governante da cidade possa por certas vezes ignorar leis, espe-
cialmente se elas se tornarem pouco flexíveis, o que vez ou outra seria necessário em
um mundo com eventos aleatórios e imprevisíveis, que não se encaixariam perfeita-
mente no que pensado para as leis.
Na ausência de um rei filósofo ou político ideal ele sugere que se atenha a lesgisla-
ção sustentando sobre que as leis:
1. São imitações da verdade executadas o mais perfeitamente possível sob a inspi-
ração daqueles que sabem.

1.7 Educação
Sobre a educação Platão sugeria os métodos de debate e conversação, que ambos po-
deriam levar ao conhecimento. Os próprios alunos deveriam descobrir as coisas. Os
alunos deveriam desenvolver aspectos físicos e intelectuais. Temas estudados seriam:
Educação musical, geometria, astronomia e educação militar.

1.8 Filosofia Para Platão


Para platão a filosofia é a busca do saber verdadeiro e deveria ser usada em prol da
humanidade.

• Na obra Fedro ele faz uma analogia do filósofo como uma cigarra que canta di-
ante da luz até sua morte, sendo a filosofia seu canto.

• Obra Teeteto: Filósofos se atentam a sua investigação teórica com atenção e sem
distrações menores. Ele cita que Tales teria caído em um poço ao caminhar pen-
sando, como exemplo de como o filósofo pode chegar a extremos de se concen-
trar em seus pensamentos.
• Obra Fédon: Amar a sabedoria até mesmo diante da morte como Sócrates que
continua seu discurso filosófico refletindo sobre o que é a vida e o que é a morte
mesmo antes de sua vida chegar ao fim por sua pena de morte.
• Obra república: Filósofo é aquele que se liberta da caverna se desfaz das ilusões
reconhecendo a verdadeira realidade e promovendo o bem comum após desco-
brir a verdade.

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