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Índice
1 Introdução............................................................................................................................ 4

2 Objectivos............................................................................................................................ 5

2.1 Geral ............................................................................................................................. 5

2.2 Específicos ................................................................................................................... 5

3 Metodologia ........................................................................................................................ 5

4 Informação Financeira por Segmento ................................................................................. 6

4.1 Conceito de segmento .................................................................................................. 6

4.1.1 Tipos de Segmento ............................................................................................... 6

4.2 Relato por Segmento – Perspectiva Normativa ........................................................... 8

4.2.1 Aplicação 01 ....................................................................................................... 10

4.3 Relato por Segmento – Perspectiva de Gestão .......................................................... 14

4.3.1 Aplicação 02 ....................................................................................................... 17

5 Conclusão .......................................................................................................................... 20

6 Referências Bibliográficas ................................................................................................ 21


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1 Introdução
“Conhecer o balanço, a demonstração dos resultados, a demonstração dos fluxos de
caixa e correspondentes anexos, pode, em muitas situações, constituir apenas uma vaga
referência para o conhecimento dos riscos e rendibilidades associados a empresas, ou grupo de
empresas, que operam em mercados muito diversificados ou que realizam negócios em
diferentes fases do ciclo de vida ou que apresentam diferenças significativas de uns para outros
e que, por isso, podem condicionar futuros fluxos de caixa”. (Borges, et al, 2007, p.865)

É com base nesse pequeno enunciado, que se baseará nosso objecto de estudo “o
segmento”. A informação financeira, pode ser disseminada por meio de segmentos. Nesse
trabalho, abordaremos primeiramente o conceito de segmento, para podermos estar a par do
significado deste conceito na divulgação da informação financeira.

Também é de extrema importância que definamos os tipos que segmentos que existem
na divulgação da informação financeira. Não obstante, falaremos também do relato por
segmento em duas vertentes: na perspectiva normativa, e o relato por segmento na perspectiva
de gestão.
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2 Objectivos
2.1 Geral
 Falar da informação financeira por segmento na perspectiva de gestão e normativa.

2.2 Específicos
 Definir o conceito de segmento;
 Definir os tipos de segmentos que existem;
 Definir o relato por segmento na perspectiva normativa; e
 Definir o relato por segmento na perspectiva de gestão.

3 Metodologia
Quanto a abordagem do tema, a presente pesquisa é qualitativa. Depois de uma série de
leituras sobre o assunto pesquisado, foram colectadas informações pertinentes a elaboração do
artigo e de maneira minuciosa, foi relatada o que os diferentes autores escrevem sobre o tema
aqui pesquisado. Ainda na esfera da metodologia do trabalho, importa referenciar que quanto
aos procedimentos técnicos a pesquisa é bibliográfica, pois no presente estudo, a pesquisa foi
elaborada a partir de material já publicado, fonte secundária, constituído fundamentalmente, de
livros.
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4 Informação Financeira por Segmento


4.1 Conceito de segmento
“Atendendo que a informação proporcionada pelas demonstrações financeiras
preparadas a partir dos elementos fornecidos pela contabilidade geral se restringe aos valores
globais da empresa (entidade), constata-se que este tipo de informação se afigura insuficiente
para um mais profundo conhecimento do seu valor actual e potencial de criação de valor
futuro”. (Borges, A.R & R.R, 2007, p.865)

Para ultrapassar estas limitações, tem vindo a ser divulgada a necessidade das empresas, ou
grupos de empresas, divulgarem a sua informação financeira por segmentos.

“Por segmento entende-se um subconjunto de uma empresa (ou entidade) que interessa
acompanhar em termos económicos e financeiros, dado proporcionar diferentes rendibilidades
(resultados) ou estar sujeito a riscos diferentes”. (Borges, et al, 2007, p.865)

Operar em mercados de risco elevado (países com instabilidade politica) ou em


mercados de risco reduzidos (países mais desenvolvidos) conduz a diferentes expectativas em
termos de resultados futuros. Fornecer produtos ou serviços que se encontrem no ciclo de vida
de maturidade ou declínio é muito diferente de fornecer produtos na fase de lançamento ou
crescimento. Vender tecnologia ou know-how 1não tem os mesmos factores de criação de valor
de vender hortaliças ou mercearias, etc. etc…

Assim, a obtenção de informação financeira por segmentos assume-se como muito


relevante, em particular, para conhecer o potencial de geração de valor futuro das empresas.

4.1.1 Tipos de Segmento


Os segmentos das organizações podem ser classificados sob diferentes perspectivas. De acordo
com a sua abrangência, podemos distinguir entre segmentos:

 Externos – quando relatam informação económica e financeira das transações e da


posição financeira com entidades externas à empresa, tais como mercados, canais de
distribuição, clientes, regiões, países, fontes de abastecimento, etc.
 Internos – quando a referida informação reporta a elementos da própria empresa, tais
como produtos ou famílias de produtos, projectos, centros de responsabilidade,
unidades de negócios, etc.

1
Expressão Inglesa que significa “saber-fazer” – Wiktionary – CC BY-SA 3.0 license
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Os segmentos ainda são classificados em:

 De mercado – componente distinguível de uma entidade, destinada a proporcionar


produtos ou serviços individualizados ou um grupo de produtos ou serviços
relacionados sujeito a diferentes riscos e retornos. Os factores que devem ser
considerados para determinar quais os produtos e serviços que estejam relacionados
incluem:
a) A natureza dos produtos ou serviços. Exemplos, entre muitos outros:
 Numa seguradora: Seguros vida vs seguros não vida;
 Numa empresa de tecnologias: Vendas equipamentos vs vendas software;
 Num grupo económico: venda produtos industriais vs serviços de hotelaria;
 Num prestador de serviços: projectos consultoria vs apoio corrente;

b) A natureza dos processos produtivos. Exemplos:


 Produção própria vs produção subcontratada;
 Moagem vs panificação;
 Trituração vs aglomeração.

c) O tipo ou classe de clientes de produtos ou serviços. Exemplos:


 Produtos hospitalares vs produtos de farmácia;
 Secção de talho vs secção de legumes e hortaliças.
d) Os métodos usados para distribuir os produtos ou fornecer os serviços como, por
exemplo;
 Vendas por grosso vs vendas a retalho;
 Vendas directas vs vendas por comissionistas (agentes).
e) Natureza do enquadramento regulador, como, por exemplo, a banca, os seguros,
serviços de utilidade pública, produtos farmacêuticos de venda livre (OTCs) vs produtos
com receita médica, etc..
 Geográfico – componente distinguível de uma entidade, destinado a fornecer produtos
ou serviços num espaço económico especifico, sujeito a riscos e retornos diferentes.
Os factores que devem ser considerados na identificação de segmentos geográficos
incluem:
a) Semelhança de condições económicas e politicas como, por exemplo a segmentação
por país;
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b) Relações entre unidades operacionais actuando em diferentes áreas geográficas como,


por exemplo, a segmentação por áreas de responsabilidade;
c) Proximidade de unidades operacionais, como por exemplo a segmentação por região
ou zona;
d) Riscos especiais associados a unidades operacionais actuando numa determinada área,
como por exemplo, a segmentação por regiões de acordo com risco politico;
e) Regulamentação do controlo de divisas como, por exemplo, a segmentação por país de
acordo com as restrições ou liberdades de transferências de divisas;
f) Riscos subjacentes a moedas, como por exemplo, a segmentação por regiões com
redizada, média ou elevada taxa de inflação.

“O que se torna de facto relevante a escolha do segmento ou segmentos que irão ser
relatados em termos económicos e financeiros são, para além das habituais razões estratégicas,
o tipo de negócio da empresa, as regiões onde realiza os seus negócios, a sensibilidade e
interesse dos gestores e a necessidade e interesse de informação pelos utilizadores”. (Borges, et
al, 2007, p.867)

O relato por segmentos ajuda os utentes das demonstrações financeiras a:

 Melhorar a compreensão do desempenho da entidade;


 Melhorar a avaliação dos riscos e dos retornos da entidade; e
 Ajuizar mais esclarecidamente sobre a entidade como um todo.

4.2 Relato por Segmento – Perspectiva Normativa


“No âmbito da prestação de informação semestral, os emitentes de acções admitidos à
negociação em mercado regulamentado devem apresentar, no anexo ao balanço e à
demonstração dos resultados, um resumo da informação financeira por segmentos que contenha
elementos sobre os réditos segmentais e os resultados segmentais para os segmentos de
negócios ou para os segmentos geográficos, consoante aqueles segmentos que sejam
considerados principais”. (Borges, et al, 2007, p.868)

“De acordo com a directriz contabilística nº 27 o relato por segmentos é, a nível


internacional, obrigatório para as entidades com valores mobiliários negociados em bolsas de
valores e para as que se preparam para o processo de admissão dos seus valores mobiliários à
negociação em bolsas”. (Borges, et al, 2007, p.868)
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Considera-se também recomendável a sua adopção por todas as entidades com as características
indicadas nesta directriz.

Entende-se por segmento relatável todo o segmento de negócio ou um segmento


geográfico cuja informação segmental deva ser divulgada nos termos da directriz contabilística
nº 27. Assim, um segmento é relatável se a maioria dos seus réditos for derivada das vendas a
clientes externos e:

a) Se o rédito dessas vendas e das operações com outros segmentos representar pelo menos
10% do rédito total, interno e externo, de todos os segmentos; ou
b) Se o resultado do segmento, quer lucro quer prejuízo, representar pelo menos 10% do
resultado agregado de todos os segmentos lucrativos ou do resultado agregado de todos
os segmentos que apresentam prejuízos, dos dois o maior em valor absoluto; ou
c) Se os seus activos representam pelo menos 10% dos activos totais de todos os
segmentos.

Quando um segmento for relatável, deve ser classificado em principal ou secundário,


tendo em conta a origem e natureza dominantes dos riscos e das rendibilidades. Assim se o
risco e rendibilidade estiverem muito dependentes da região onde a empresa opera, os
segmentos geográficos devem ser relatados como principais e os de negócio como
secundários. Caso contrário, se a rendibilidade e risco estiverem mais dependentes dos
produtos e serviços fornecidos, então os segmentos de negócio serão relatados como principais
e os geográficos como secundários.

Os elementos que devem constar de um segmento principal são nomeadamente:

 Rédito segmental – é o rédito, identificado na DRE da entidade, que seja directamente


atribuível a um segmento e a parte relevante do rédito da entidade que possa ser
imputada a um segmento numa base razoável, quer seja proveniente de vendas a clientes
externos quer seja proveniente de operações com outros segmentos (operações internas).
O rédito segmental não inclui:
i. proveitos de juros ou dividendos, incluindo juros obtidos sobre adiantamentos ou
empréstimos a outros segmentos, a menos que sejam de natureza financeira.
ii. Ganhos em vendas de investimentos ou ganhos na extinção de dividas a terceiros,
a não ser de natureza financeira, etc.
 Gasto segmental – é o gasto resultante das actividades operacionais de um segmento
que lhe seja directamente atribuível e a parte relevante de um gasto que lhe possa ser
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imputada numa base razoável, que de natureza externa quer interna (operações internas).
Os gastos segmentais não incluem:
i. Juros, incluindo os incorridos em adiantamentos ou empréstimos de outros
segmentos, a não ser de natureza financeira;
ii. Prejuízos em vendas de investimentos ou prejuízos na extinção de dividas a
terceiros;
iii. Impostos sobre o rendimento, gastos gerais administrativos, etc.
 Resultado segmental – respeita à diferença entre os réditos 2e os gastos do segmento.
 Activos segmentais – são os activos operacionais que sejam usados por um segmento
nas suas actividades operacionais e que lhe sejam directamente atribuíveis, ou possam
ser-lhe imputados numa base sustentável.

Se um resultado operacional incluir juros obtidos ou dividendos, os activos desse


segmento incluem as correspondentes contas a receber, empréstimos, investimentos ou
outros activos geradores de réditos. Como os gastos por segmento não incluem os
impostos sobre rendimento, então também não deverão ser atribuídos ao segmento os
activos derivados desse imposto.

 Passivos segmentais – são os passivos operacionais de um segmento que derivem das


actividades operacionais e que lhe sejam directamente atribuíveis, ou possam ser-lhe
imputados numa base sustentável.

Se um resultado segmental incluir juros suportados, os passivos desse segmento incluem


os correspondentes passivos que origem juros. Pelos motivos anteriormente apresentados, os
passivos segmentais não incluem os passivos derivados de impostos sobre o rendimento.

4.2.1 Aplicação 01
A empresa comercial, S.A iniciou actividade a 2 de janeiro de 2000, dedicando-se à
comercialização de diversas marcas de tintas, diluentes, colas e outros produtos similares. A
empresa opera em três mercados regionais (regiões A, B e C). Cada uma das regiões encontra-
se sob a responsabilidade de um Director de região, por forma a ser possível determinar os
respectivos desempenhos.
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O presidente da empresa, que tinha planeado, para o ano de 2002, um resultado antes de
impostos francamente positivo, viu-se confrontado com os resultados negativos apurados pela
empresa. Decidiu, então, solicitar ao seu departamento de contabilidade uma conta de
resultados por cada um dos seus três mercados regionais. O seu objectivo é tentar perceber qual
ou quais das regiões ficaram aquém das expectativas.

Relativamente ao exercício findo em 31 de Dezembro de 2002, recolheram-se os


seguintes elementos da empresa:

RUBRICAS REGIÃO A REGIÃO B REGIÃO C COMUM


Unidades vendidas 40.000 32.000 38.000
P. de venda uni.(médio) 200 250 100
Margem bruta s/Pv 35% 35% 42%
Comissões nas vendas 5,0% 4,5% 4,0%
Outros c. comerciais da 824.000 698.000 566.000
região
Nº de vendedores 7 8 10
CUSTOS DA SEDE
Custos comerciais (1) 1.851.000
Despesas administrativas (2) 1.382.000
Custos financeiros (3) 713.000
Crédito a clientes (dias) 60 75 75
Crédito de fornecedor (dias) 45 45 45
Duração média. existen (dias) 60 45 45
Instalações, equipamentos,
Mobiliário e viaturas 1.500.000 1.400.000 500.000 450.000
Taxa de amortização (média) 12,5% 12,5% 12,5% 12,5%

Notas sobre os elementos apresentados:

(1) Dizem respeito aos custos de estrutura comercial central, que incluem remunerações,
deslocações e estadas, despesas de representação, comunicação e publicidade dos produtos
(excepto a nível local que é feita na zona), estudos de mercado, etc, que foram considerados
comuns às três regiões.

(2) Correspondem aos custos da administração e dos serviços administrativos.


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(3) Os custos financeiros dizem respeito sobretudo a descontos de p.p concedidos e a juros de
empréstimos bancários.

(4) No inicio de 2002, a região A registava “stocks” no valor de 650.000 euros, a B no valor de
450.000 euros e a C no valor de 300.000 euros.

O imposto sobre o rendimento é de 30% sobre o RAI, positivo ou negativo.

Pretende-se apurar os réditos, os gastos, os activos e os passivos segmentais, tal como definidos
no normativo contabilístico.

4.2.1.1 Resolução da aplicação


Resultado por segmento Geográfico

Demonstração dos resultados por segmento a 31 Dezembro 2002

REGIÃO A REGIÃO B REGIÃO C TOTAL


Rendimentos/réditos
Vendas externas 8.000.000 8.000.000 3.800.000 19.800.000
Tota rendimentos 8.000.000 8.000.000 3.800.000 19.800.000
Gastos
Custo das mercadorias vendidas 5.200.000 5.200.000 2.204.000 12.604.000
Comissões nas vendas 400.000 360.000 152.000 912.000
Custos comerciais da região 824.000 698.000 566.000 2.088.000
Amortizações do exercício 187.500 175.000 62.500 425.000
Total gastos operacionais 6.611.500 6.433.000 2.984.500 16.029.000
Resultado operacional segmental 1.388.500 1.567.000 815.000 3.771.000
Custos comuns aos segmentos (sede) 4.002.250
Resultado antes de imposto (RAI) -231.250
Imposto sobre o rendimento -69.375
RESULTADO L. DO EXERCÍCIO -161.875
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Activos e passivos por Segmento Geográfico

ACTIVOS E PASSIVOS POR SEGMENTO


REGIÃO A REGIÃO B REGIÃO C TOTAL
Activos segmentais
Não correntes 937.500 875.000 312.500 2.125.000
Imobilizados brutos 1.500.000 1.400.000 500.000 3.400.000
Amortiz. acumuladas -562.500 -525.000 -187.500 -1.275.000
Correntes 2.200.000 2.316.667 1.067.167 5.583.834
Créditos a clientes 1.333.333 1.666.667 791.667 3.791.667
Existências 866.667 650.000 275.500 1.792.167
Passivos Segmentais 677.083 675.000 272.438 1.624.521
Crédito de fornecedores* 677.083 675.000 272.438 1.624.521
Activos não segmentais
(sede)
Imobilizado Bruto 450.000
Amortizações acumuladas -168.750
Activos por impos. diferidos 69.375

Função das compras 5.416.667 5.400.000 2.179.500


+ CMV 5.200.000 5.200.000 2.204.000
+ Existências finais 866.667 650.000 275.500
+ Existências iniciais 650.000 450.000 300.000

Para além da informação proporcionada pelos elementos atribuíveis (activos, passivos,


gastos e rendimentos), também importa divulgar um conjunto de informações que podem ser
sintetizadas nas seguintes:

i. Os réditos do segmento, evidenciado separadamente os provenientes de vendas a


clientes externos e os provenientes de operações com os outros segmentos;
ii. O resultado liquido; A quantia liquida do activo;
iii. A quantia do passivo; O investimento feito no exercício em imobilizações corpóreas e
incorpóreas;
iv. As amortizações do imobilizado respeitantes ao exercício;
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v. A quantia total dos gastos significativos que não impliquem desembolsos, excluindo as
amortizações já tratadas na alínea anterior;
vi. A natureza e quantia de quaisquer rubricas de réditos e gastos, cuja dimensão, natureza
ou incidência seja, relevante para explicar o desempenho do segmento no exercício, etc.

4.3 Relato por Segmento – Perspectiva de Gestão


Numa perspectiva de gestão o segmento constitui um elemento fundamental de apoio à
tomada de decisão, dado que permite que os gestores disponham de informações económicas e
financeiras sobre os segmentos geradores ou destruidores de valor. (Borges, et al, 2007, p.873)

Por esse motivo, a segmentação é menos “normativa”, mas mais dependente do poder
de decisão dos responsáveis, ou seja, a criação dum segmento de análise só deverá ocorrer se o
gestor puder actuar sobre esse segmento. Ou seja, conhecer os resultados por cliente só terá
interesse se houver capacidade para actuar de forma diferenciada em cada cliente, e se for o
caso, abandonar os clientes com rendibilidades negativas.

Para obter informação económica e financeira por segmento torna-se necessário dispor
de um adequado sistema de informação contabilístico que permita proceder ao apuramento do
valor de cada conta por cada um dos segmentos que tenham sido definidos.

Os modelos mais tradicionais têm-se preocupado sobretudo com a afectação dos custos
(consumo de recursos) aos segmentos produto, enquanto a tendência mais actual é para análise
do valor gerado por outros segmentos mais orientados para o exterior da empresa, isto é, quanto
“rende” operar no mercado nórdico ou numa determinada área de negócios, ou em certos
clientes ou canais de distribuição ou realizar determinados projectos, etc.

Desta forma, não é suficiente a afectação apenas dos custos, mas também de outras
rubricas económicas e financeiras, como sejam os proveitos gerados e os activos e passivos
utilizados e que possam ser identificados com esses segmentos.

Esta tendência leva a que os modernos sistemas contabilísticos procurem organizar


informação económica e financeira em torno de segmentos (custos, proveitos, activos e
passivos) por forma a proporcionar uma informação mais globalizante e fidedigna para
conhecimento dos gestores e apoio à tomada de decisão. Esta característica diferencia-se dos
sistemas mais tradicionais, na medida em que esses últimos se preocupam mais com a
afectação dos custos a determinados objectos, em regra, centros de custo ou produtos.
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“Numa economia de mercado torna-se fundamental a orientação da empresa para o


exterior, focalizando-se no cliente e na qualidade de serviço, o que tem vindo a revelar que são
muito limitados os sistemas contabilísticos orientados apenas para a determinação dos custos
e, em particular, os que se limitam apenas à determinação do custo do produto”. (Borges, et
al, 2007, p.874)

A análise de valor por segmento implica que todos factores económicos e financeiros
relacionados com determinado segmento escolhido pela empresa como, por exemplo, clientes,
linhas de produtos, centros de responsabilidade, projectos, mercados, canais de distribuição, lhe
devem ser atribuídos, independentemente da função em que ocorram. Inversamente, quando
não lhes digam respeito, não lhes devem ser atribuídos, sob pena de se distorcer o conhecimento
sobre o seu verdadeiro contributo para os resultados globais.

Sabendo que os segmentos:

a) Geram rendimentos, na medida em que proporcionam determinados níveis de proveitos


externos (vendas ou prestação de serviços) e internos (com outros segmentos);
b) Consomem e utilizam recursos, alguns dos quais se traduzem apenas em custos (energia,
material consumível, combustíveis, etc) e outros em custos e activos ou passivos
(equipamentos, viaturas “stocks” créditos negociados), quer interna quer externamente;
c) Libertam margens, ou seja, diferenciais entre os rendimentos obtidos e os custos dos
recursos utilizados.

Então exige-se um sistema de informação contabilístico que proporcione este de


informação, sabendo-se que tal é cada vez mais relevante para a gestão das empresas e demais
entidades. O apuramento das margens deve dar a conhecer o grau de contribuição para o valor
da empresa. O produto final de um sistema contabilístico com as características referidas poderá
traduzir-se numa demostração económica e financeira por segmentos, que servirá de suporte
à avaliação da sua performance financeira. Veja-se o quadro abaixo:
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Rubricas Valor
A – Proveitos directos
Proveitos externos e internos, identificáveis por P
cada segmento (vendas, serviços, rendas, etc)
B – Custos directos
Custos dos recursos, efectivamente consumidos
ou utilizados por cada segmento, tais como
água, telefones, energia, papel, amortizações,
pessoal), podendo ser: Cv
Cv – Custos variáveis (dependem do nível de
actividade do segmento, ex: materiais) MCB = P − Cv
Margem de contribuição bruta Cf
Cf – Custos fixos (independem do nível de
actividade do segmento, ex: ordenados) MC = P− (Cv + Cf)
Margem de contribuição Cc
Cc – Custo do capital (t% × 𝐼𝐷) MCR = P− (Cv + Cf +Cc)
Margem de contribuição residual I
C – Imposto sobre o rendimento directo VAE = P− (Cv + Cf +Cc)
VAE – Valor acrescentado económico* −I
D – Investimento directo ID = ID1 + ID2
ID.1: Imobilizado liquido ID1
ID.2: Crédito médio concedido a clientes
Nível médio de existências ID2
(Crédito médio obtido de fornecedores)

* Conhecido por EVA – Economic Value Added, marca registada pela empresa norte
americana Stern and Stewart

A margem de contribuição pode identificar-se com o resultado operacional do


segmento. O custo do capital diz respeito ao custo financeiro do investimento médio afecto ao
segmento, dado que exercer actividade num determinado segmento implica fazer
investimentos, quer em activos fixos, (imobilizados), quer em activos circulantes (conceder
crédito aos clientes, constituir um certo nível de existências, etc), os quais podem ser
compensados, pelos créditos obtidos de fornecedores, pelo que a empresa tem de recorrer a
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financiamentos quer em capitais, quer em capitais alheios, ambos com um determinado custo,
tendo no primeiro caso um custo de oportunidade e no segundo uma taxa de juros. Daqui resulta
uma taxa média de custo médio de capitais (que representamos por t%) que aplicada ao
investimento afecto ao segmento nos permite apurar um custo financeiro directo.

A titulo de exemplo, se no canal de distribuição “grossistas” o saldo médio de dividas


a receber de clientes for de 3.000.000 de euros e o saldo médio de existências afectas atingir
1.800.000 euros e se o custo do capital da empresa for de 8%, o custo financeiro que se deveria
atribuir mensalmente a este canal de distribuição, seria de 4.800.000 × 8% /12 = 32.000 euros.

A margem de contribuição residual é um conceito mais avançado que o da margem de


contribuição, representando o valor gerado pelo segmento, dado que inclui o custo financeiro
de investimento associado ao segmento.

Se for identificável imposto por segmento (caso de operações em mercados externos


sujeitas a diferentes taxas de tributação), então pode apurar-se o valor acrescentado
económico (EVA), o qual representa o valor gerado/destruído (positivo/negativa) pelo
segmento, depois de remunerados todos os factores com ele relacionados, incluindo custo
financeiro do investimento, e de deduzidos os impostos que recaem sobre os seus rendimentos.
Noutras palavras, representa o valor que “resta” para o investidor ou acionista. Dai que o valor
acrescentado económico (do inglês EVA – economic value added) representa uma das
principais (se não mesmo a mais relevante) medidas de valor na perspectiva do acionista.

4.3.1 Aplicação 02
Ainda relativamente à comercial, anteriormente referida, considere-se que na empresa
se pretendia apurar o valor gerado de cada uma das regiões, utilizando a metodologia EVA.
Sabe-se que o custo do capital na empresa é de 12%.
18

4.3.1.1 Resolução
DEMONSTRAÇÃO ECONÓMICO-FINANCEIRA POR SEGMENTO

REGIÃO A REGIÃO B REGIÃO C TOTAL


Proveitos por segmento
8.000.000 8.000.000 3.800.000 19.800.000
Vendas de mercadorias
Total rendimentos 8.000.000 8.000.000 3800.000 19.800.000
Custos directos por segmento
Custos da mercadoria vendida 5.200.000 5.200.000 2.204.000 12.604.000
Comissões nas vendas 400.000 360.000 152.000 912.000
Custos comerciais da região 824.000 698.000 566.000 2.088.000
Amortizações do exercício 187.500 175.000 162.500 425.000
Total custos directos 6.611.500 6.433.000 2.984.500 16.029.000
MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO 1.388.500 1.567.000 815.500 3.771.000
Custos de capital (12%× 𝑖𝑛𝑣. 𝑑𝑖𝑟𝑒𝑐𝑡𝑜) 306.500 312.500 136.618 755.618
MARGEM CONTRI. RESIDUAL 1.082.000 1.254.500 678.883 3.015.383
Custos comuns aos segmentos (sede)-
3.289.250
excepto financeiros
37.112
Custo de cap do activo liquido (sede)
-69.375
Imposto sobre rendimento
-241.618
ECONOMIC VALUE ADDDE (Eva)
INVESTIMENTO DIRECTO POR SEGMENTO
REGIÃO A REGIÃO B REGIÃO C TOTAL
Activo líquido médio do ano
1.031.250 962.500 343.750 2.337.500
Imobilizado líquido médio
Imobilizados brutos médios 1.500.000 1.400.000 500.000 3.400.000
Amort. Acumuladas médias -468.750 -437.500 -156.250 -1.062.500
NECESSIDADES FUNDO MANEIO 1.522.917 1.641.667 791.729 3.969.313
Créditos a clientes 1.333.333 1.666.667 791.667 3.791.667
Existências 866.667 650.000 275.500 1.792.167
Credito de fornecedores -667.083 -675.000 -272.438 -1.624.521
INV.DIREC MÉDIO P/SEGMENTO 2.554.167 2.604.167 1.138.479 6.296.813
19

O valor do custo de capital atribuído à “sede” resulta do activo médio do exercício que lhe está
afecto. O seu valor foi apurado da seguinte forma:

Activo liquido médio da SEDE 309.375


Imobilizações brutos médios 450.000
Amortizações acumuladas médias -140.625
Activo por imposto diferido 0
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5 Conclusão
Da análise de todos os aspectos pertinentes relacionados com a informação financeira
por segmento, concretamente o conceito de segmento, resultam as seguintes ilações gerais do
trabalho:

1. O segmento de forma sumária, representa um subconjunto de empresas pertencentes a


uma entidade na qual se faz uma analise económico-financeira das mesmas. Isto
acontece devido ao facto de cada uma delas proporcionar lucros ou rendibilidades
diferentes umas das outras;
2. O acompanhamento económico-financeiro do subconjunto da empresa, ajuda na
obtenção de informação que assume-se muito relevante, em particular, para conhecer o
potencial de geração de valor futuro das empresas;
3. Numa perspectiva normativa, à negociação em mercado regulamentado é obrigatório
apresentar, no anexo ao balanço e à DRE, o resumo da informação financeira por
segmentos com os respectivos réditos segmentais e os resultados segmentais para os
seja de negócios ou segmentos geográficos; e
4. Na perspectiva de gestão, o segmento ajuda os gestores a tomarem melhores decisões,
visto disporem das informações económico-financeiras, e com isso, serem capazes de
saber quais os geradores de valor e os destruidores do mesmo.
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6 Referências Bibliográficas
1. Borges, A., Rodrigues, J.A., & Rodrigues, R., (2007), Elementos de Contabilidade Geral,
24ª ed, s/l.
2. Borges, A., Rodrigues, J.A., & Rodrigues, R., (2006), Elementos de Contabilidade Geral,
23ª ed, s/l.
3. Rodrigues, J.A., s/d, Práticas de Consolidação de contas, 3ª ed, s/l.
4. Borges, A., et al, s/d, Práticas de Contabilidade Financeira, 3ª ed, s/l
5. Pais, C., s/d, Impostos sobre lucros, s/e, s/l

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