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SAÚDE
Sintomas, prevenção e tratamentos para uma
vida melhor

Neuralgia do trigêmeo: o que é


e como tratar uma das piores
dores do mundo

Em amarelo, destaque para o nervo trigêmeo, que causa uma dos


piores dores no ser humano
Imagem: iStock

Paula Roschel
Colaboração para VivaBem
19/06/2020 04h00

Resumo da notícia
A neuralgia do trigêmeo é uma dor na face
que !gura entre as piores do mundo
É mais comum em idosos, mulheres e
hipertensos
O controle das crises de dor pode ser feito
com medicamentos ou cirurgia
O inverno é o momento para ter atenção
redobrada ao quadro

Com um nome até que pouco conhecido entre


leigos, a neuralgia do trigêmeo é uma doença
comum no Brasil, entre as patologias
neurológicas. A incidência anual estimada no
país dessa, que é uma das piores dores que
alguém pode sentir e que é localizada na face,
é de 4,5 por 100 mil indivíduos.

Ainda sem um caminho simples e duradouro


para o alívio das crises periódicas da neuralgia
do trigêmeo, especialistas tentam afinar o
diagnóstico e melhorar a qualidade de vida de
quem, tantas vezes por décadas, sofre com tal
dor crônica.

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O que é?

A neuralgia do trigêmeo é um quadro de dor


associado a um nervo, o trigêmeo. Tal estrutura
é responsável pela sensibilidade da face. Essa
é uma doença classificada como uma dor
crônica, pois perdura por mais de três meses.
Ela costuma ser incapacitante, ou seja, pode
afastar o paciente de suas atividades sociais e
profissionais.

O que sinto?

Tal neuropatia é caracterizada por uma dor


facial intensa, aguda, forte e súbita. Pode ser
comparada a uma pontada, um choque ou um
ardor (sensação de queimação). Em 90% dos
casos, é sentida em apenas um lado do rosto
e, raramente, ultrapassa poucos segundos. O
problema é que ela causa uma crise chamada
paroxística, que recorre em vários episódios ao
longo do dia. A crise pode durar semanas ou
até meses.

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O paciente fica livre de dor, entre as crises, até


a recorrência de novos episódios. Os 'períodos
de remissão', com o passar do tempo, tornam-
se menores, aumentando a frequência e a
intensidade da crise dolorosa.

"Como todas as outras dores neuropáticas, a


neuralgia tem como característica a
intensidade elevada e extremamente
incapacitante da dor, tornando-se
reconhecidamente como uma das piores do
corpo humano. Ela causa incapacidade
extrema, distúrbios psiquiátricos e até mesmo
leva ao suicídio", diz o neurocirurgião Gleidson
Campos Rodrigues, do Hospital São Francisco,
de Mogi Guaçu (SP).

Para Samanta Coelho, esteticista de 38 anos


de Capão da Canoa (RS), a doença teve início
aos 29 anos. "Foi após uma crise epiléptica. A
princípio, extrai três dentes, pois acharam que
era o problema. Só fui diagnosticada
corretamente após 21 dias de internação
hospitalar, pois não parava em pé por causa
das intensas dores", explica Samanta.

Em 2013, tive uma crise tão forte que minha


única vontade era morrer. Tentei suicídio e
acabei 14 dias em uma clínica, para adequar
medicações.

Hoje em dia, após o uso de remédios e uma


cirurgia, ela nota as dores mais brandas e
melhora na qualidade de vida. Em junho de
2019, após crises que envolviam desmaios e
uso de morfina, Samanta passou pelo
procedimento e aguarda a chegada do inverno
de 2020 para entender se a melhora da dor
seguirá estável mesmo em baixas
temperaturas.

O que desencadeia a crise?

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Geralmente, a dor é desencadeada por um


estímulo sensorial, como um toque ou ao
escovar os dentes, mastigar, beber água, falar
e até mesmo através de um golpe de vento frio
na face.

"Quanto mais o tempo estiver frio, maior é a


dor. Me sinto bem com temperaturas acima dos
36ºC", diz Divino César de Sousa, mecânico de
Goiânia, 51. Atualmente, Divino faz tratamento
contra a neuralgia com medicamentos que,
segundo ele, causam sonolência e prejudicam
o convívio social e as atividades do trabalho.

O que fazer ao sentir os sintomas?

O paciente deve procurar um médico para


estabelecer o diagnóstico correto ao sentir as
fortes dores na face. Ele é feito, na grande
maioria dos casos, através de uma análise
clínica. Ou seja, só necessitando de exames
complementares se houver suspeita de ser um
quadro secundário a outra doença.

Qual especialista procurar?

A especialidade mais indicada para o


tratamento da neuralgia do trigêmeo é a
neurologia e a neurocirurgia. Os cirurgiões que
atuam em cabeça/pescoço e base de crânio,
nesses casos os otorrinolaringologistas e
bucomaxilofaciais, também são adequados.

É importante salientar que o diagnóstico


correto é fundamental para a adequada
proposta terapêutica. O especialista deve
afastar outras causas comuns de dor facial,
como doenças odontológicas, sinusopatias,
doenças das articulações têmporo-
mandibulares, tipos específicos de cefaleias
primárias e secundárias, doenças infecciosas e
reumatológicas, entre outras.

É necessário procurar um pronto-


socorro?

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O pronto-atendimento pode ser acionado para


momentos agudos, quando é necessária a
analgesia e sedação do paciente de forma
urgente, para diminuir o desconforto que torna-
se insuportável.

Pode ser fatal?

Por si só, a neuralgia do trigêmeo não é uma


doença fatal, mas essa é uma dor crônica que
está intimamente relacionada a casos de
depressão associados à intensidade,
recorrência e cronicidade da dor.

Qual é o per!l das pessoas que mais


sofrem com a doença?

Ela é um problema de saúde que acomete


mais os idosos. Isso é explicado pelo processo
degenerativo dos vasos sanguíneos, que evolui
com a idade, tornando as artérias e veias mais
tortuosas, endurecidas, calcificadas e
espessas.

Hipertensos apresentam maior chance de


desenvolver a doença que a população geral e
há uma maior incidência no sexo feminino
também.

A neuralgia do trigêmeo causa uma dor facial intensa,


aguda, forte e súbita
Imagem: iStock

Existe tratamento?

A neuralgia do trigêmeo é um tipo de dor que


não responde tão bem ao uso de analgésicos
conhecidos, como o paracetamol ou a dipirona.

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Entre os tratamentos que surtem efeito, a


primeira opção é o protocolo clínico,
envolvendo algumas drogas antiepilépticas.
Entre as opções estão a carbamazepina e a
oxcarbazepina. Elas devem ser administradas
em doses baixas, sempre com
acompanhamento médico, pois causam efeitos
colaterais. Outras opções são a lamotrigina, o
baclofeno, o topiramato, o clonazepam e a
fenitoína, tendo nestas quatro últimas o uso
associado à carbamazepina.

Para casos em que os remédios não


funcionam tão bem, o médico deve avaliar a
cirurgia como forma de conter as dores e
melhorar a qualidade de vida do paciente. Os
procedimentos cirúrgicos mais utilizados são
de descompressão neurovascular, rizotomia
por radiofrequência ou glicerol.

Na técnica de descompressão, há alívio por um


tempo mais longo, com controle da dor em
70% dos pacientes com mais de 10 anos de
acometimento. Essa técnica remove
irregularidades ósseas da base craniana que
estão perto do nervo trigêmeo ou vasos
sanguíneos que pulsam sobre o nervo,
desencadeando a dor.

Já a rizotomia por radiofrequência destrói, de


forma seletiva, as fibras nervosas sensoriais,
por esmagamento ou aplicação de calor. As
fibras nervosas causadoras da dor são
localizadas, selecionadas e destruídas por uma
radiofrequência, o que proporciona alívio da
dor em até 97% dos casos iniciais e 58% em 5
anos.

Em certos casos, pode ser depositado


substâncias tóxicas no local da cirurgia, tais
como o glicerol (rizotomia glicerol), para
destruição da fibra. Ambas as técnicas causam
lesões irreversíveis à fibra selecionada do
nervo trigêmeo.

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Por fim, o balão de compressão é uma técnica


que oferece conforto para um longo tempo e
com taxas de controle da dor que chegam a
91% em 6 meses, 66% em 3 anos e
recorrência de 30%, com menor morbidade e
sem mortalidade. No procedimento é inserido
um cateter no paciente, dentro da bochecha, e
um pequeno balão é insuflado na extremidade
do cateter, comprimindo o gânglio do trigêmeo
e eliminando a dor em 98% dos casos.

Causas e cura

A cura da neuralgia do trigêmeo deve ser


considerada um controle dos ataques de dor
extrema que engloba os tipos de neuralgia e
tratamentos relacionados.

Em sua forma primária ou idiopática, possui


como principal hipótese de surgimento a
compressão de um vaso sanguíneo sobre as
raízes do nervo trigêmeo. Esse tipo representa
80 a 90% dos casos. O mais comum dentro
dessa realidade é o tratamento
medicamentoso.

"Apesar de não haver uma estatística precisa,


na maioria dos casos o tratamento apresenta
resposta de controle de dor, podendo ser
considerado assim uma cura clínica. Sem dor,
o indivíduo pode voltar a ser funcional", explica
Eliane Ghirelli, neurologista e professora da
PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do
Paraná). "Outra alternativa para o tratamento é
uma cirurgia. Ele apresenta entre 70 a 90% de
controle da dor, o que remete à cura", completa
a especialista.

A neuralgia do trigêmeo também pode ser


relacionada a outras doenças que acometem o
nervo trigêmeo, como esclerose múltipla,
isquemias vasculares, tumores do ângulo
pontocerebelar, tumores do próprio nervo e
outras lesões locais. Tais quadros representam
apenas 10% dos casos e a cura está
intimamente ligada ao controle do problema de
saúde primário.

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Fontes:
Fontes: Eliane
Eliane Ghirelli
Ghirelli, neurologista e
professora da PUC-PR (Escola de Medicina da
Pontifícia Universidade Católica do Paraná),
Roberto
Roberto Debski
Debski, clínico-geral da Unimed
Santos e professor na Universidade Santa
Cecília e Gleidson
Gleidson Campos
Campos Rodrigues
Rodrigues,
neurocirurgião do Hospital São Francisco, de
Mogi Guaçu (SP).

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