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UMA JANELA DE OPORTUNIDADES:

APRIMORAMENTO DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS NA ESCOLA

VANILDA BRUNELLI

Psicóloga CRP: 16/2316

Especialista em Neuropsicologia

“No plano social, esta metodologia de trabalho pode ser adquirida por um doador, comtemplado um jovem carente,
SEJA UM DOADOR!! ou NOS AJUDE ENCONTRAR UM DOADOR, compre o programa e de Uma Janela de
Oportunidades: Aprimoramento das Funções Executivas na Escola. “
INTRODUÇÃO

Os estudos em neurociências mostram que o desenvolvimento das funções


executivas é um indicador central das capacidades de prontidão para o
trabalho escolar. Déficits das funções executivas iniciais podem estar
relacionadas a dificuldades de aprendizagem e um fator de risco para de
desenvolvimento precoce de psicopatologias (Blair, 2013). Os processos
mentais relacionados a função executivas são memória de trabalho, controle
inibitório e flexibilidade cognitiva. Estas funções nos permitem resolver
problemas complicados e tomar decisões, planejar e realizar tarefas, fazer
planos e mudá-los quando necessário, reconhecer e corrigir erros, controlar
nosso comportamento impulsivo ou estabelecer metas e monitorar nosso
progresso em direção a elas.

De modo geral, a memória de trabalho diz respeito às memórias mantidas


brevemente na mente, permitindo que determinadas tarefas sejam
desempenhadas. De acordo com (LAMBERT, K. & KINSLEY C. H. 2006) a
flexibilidade cognitiva é à capacidade de utilizar o pensamento criativo e ajustes
flexíveis para se adaptar às mudanças. Essa habilidade, por exemplo, auxilia a
pessoas a utilizar a imaginação e a criatividade para resolver problemas. O
autocontrole, é o autodomínio frente a impulsos indesejados, e está
relacionado à atenção e à capacidade de concentração, além de estar ligado a
um aumento na empatia e na habilidade social, importantes para os vínculos
afetivo-sociais.

Em nosso sistema nervoso as áreas responsáveis pela função executiva estão


localizadas no lobo frontal, como descrito na ilustração abaixo:
Contudo, contexto escolar, observamos alunos com problemas de atenção,
dificuldades para administrar emoções, para concluir tarefas, e para comunicar
verbalmente desejos e necessidades. Sendo estes comportamentos
determinantes no processo de aprendizagem, para que a criança ou
adolescente consiga definir e alcançar as metas e objetivos em sua trajetória
de vida.

As alterações das funções executivas e a falha na autorregulação promovem


grande interferência no bem-estar das crianças, bem como na de sua família,
acarretando prejuízos, em relação a qualidade de vida e nos fatores
relacionados aos aspectos comportamentais, sociais, escolares e familiares
(Benczik & Casella, 2015).

As Funções Executivas não se desenvolvem automaticamente e sem


intervenção com a maturidade e com o tempo, o seu desenvolvimento segue
processo linear, com um cronograma extenso, que começa na primeira infância
e continua na adolescência e finalizando na terceira década da vida humana,
constitui a base comum sobre a qual a aprendizagem e as habilidades sociais
iniciais são construídas. As habilidades de funções executivas são blocos de
construção cruciais para o desenvolvimento inicial das capacidades cognitivas
e sociais.

Na tabela abaixo estão descritas as características comportamentais que se


constituem a partir da função executiva, e como isso pode interferir de forma
negativa na vida a pessoa.
As funções Executivas estão
comprometidas em uma série
transtornos mentais: adição,
Transtorno de Déficit de Atenção por
Saúde Mental Hiperatividade (TDAH), Transtornos
de Conduta, Depressão, Transtorno
Obsessivo Compulsivo (TOC),
Esquizofrenia.
Funções Executivas pouco
desenvolvidas são encontradas em
Saúde Física problemas de saúde como
obesidade, compulsão alimentar,
abuso de substâncias e pobre
adesão aos
tratamentos.
Boas habilidades em Funções
Qualidade de Vida Executivas estão relacionadas a
melhor qualidade de vida.
Funções Executivas estão mais
relacionadas à habilidades de leitura
Linguagem do que o Coeficiente Intelectual (QI).
Sucesso Acadêmico Funções
Executivas são preditoras das
habilidades para leitura e matemática
ao longo do curso escolar.
.

Funções Executivas pouco


desenvolvidas estão relacionadas à
Sucesso no emprego e Harmonia no dificuldade de encontrar e manter um
Casamento emprego, além da baixa
produtividade. Um companheiro com
baixas habilidades em Funções
Executivas é mais difícil de se
conviver, menos confiável e propenso
a agir por impulso.
Baixas habilidades em Funções
Executivas estão relacionadas a
Segurança Pública problemas sociais
como envolvimento em crime,
comportamentos imprudentes,
violência e explosões emocionais.
Figura 2 – Funções Executivas (FE) são importantes em muitos aspectos da vida. Fonte:
Adaptado de Diamond, 2013.

Observa-se, contudo, que as crianças que apresentam problemas com as


habilidades de funções executivas – não só têm problemas na escola, porém,
enfrentam problemas para seguir instruções em geral, controle emocional
diante de situações novas e estressantes, comportamento agressivo e de
confronto com adultos e outras crianças. (Fuster, J.M. 2010).

A função executiva está relacionada ao desempenho escolar. A aprendizagem


requer organização de processos atencionais e de memórias para que possa
se estruturar e se consolidar. A função executiva desenvolve esse papel
organizador, atuando diretamente na cognição, na emoção e no
comportamento e possibilitando os processos de aprendizagem consciente,
com mediação da linguagem.

A importância vital dessas habilidades e de seus efeitos sobre a aprendizagem


e comportamento humano, deixa claro a necessidade de incentivar políticas
educacionais voltadas para desenvolvimento das funções executivas, sendo
assim, as políticas e programas educacionais voltada para essas funções
podem garantir melhores resultados para o futuro desta criança ou jovem no
sentido de organizar sua vida interna, para que possa refletir nas ações do dia
a dia.

Intervenção baseia-se nos princípios das neurociências em que o cérebro se


modifica em sua estrutura e funcionamento, mesmo em idades juvenis quanto
mais avançadas ou com doenças degenerativas com treino específico. O
desuso de determinadas habilidades se refere como principal agente promotor
de prejuízos cognitivos. Dessa maneira, o programa de estimulação cognitiva
se traduz como promotor de saúde cerebral. Estudos recentes ainda mostram
que estratégias de estimulação cognitiva são capazes de favorecer os aspectos
neurocognitivos em pacientes com prejuízos dessas funções, sendo mais
eficientes que medicações em alguns casos ao observar idosos com sintomas
de depressão e ansiedade.

OBJETIVOS

• Estimular das funções executivas para trazer benefícios funcionais e


cognitivos a indivíduos com adolescentes com Comprometimento Cognitivo
Leve e moderado.

• Beneficiar os adolescentes de modo qualitativos/subjetivos, tais como


melhora do bem estar, da autoconfiança e da percepção sobre a própria
memória;

• Orientar metas, incluindo a identificação de metas pessoais.

• Auxiliar o adolescente a observar próprio comportamento e usar estratégias


para modificá-los quando necessário,

• Modificação de comportamentos desadaptativos.

METODOLOGIA

As atividades Uma Janela de Oportunidades: Aprimoramento das Funções


Executivas na Escola, dispõe de 3 módulos para a promoção dos seguintes
aspectos das Funções Executivas: Memória operacional, Controle Inibitório,
Flexibilidade Cognitiva. Os encontros aconteceram semanalmente com
duração de 1 hora, no período de 4 meses, cada sessão ministrada terá grupos
de 8 adolescentes. A proposta deverá apresentar níveis de dificuldade, que vão
aumentando nas etapas seguintes. O curso fornecera material educativo.

Estrutura das sessões devem trabalhar técnicas de orientação para realidade,


revisão de notícias atuais, exercícios cognitivos (memória, função executiva,
habilidades visuoespaciais, praxia construtiva, cálculo e linguagem, aplicação
das estratégias cognitivas (categorização, classificação, associação semântica
e mental imagery), recordação das informações aprendidas e conclusão.
Durante as sessões os profissionais deveram se preocupar em reforçar a
autoestima dos participantes.

O processo de trabalho será registrado através de filmagens e fotografias,


haverá também uma pesquisa de satisfação, para que seja verificado se os
objetivos do trabalho foram alcançados

PLANEJAMENTO DAS AÇÕES (Cronograma)

Seminário I --------------------- ------------------- (-----/-----/2021)


Apresentação da
proposta de trabalho
para pais e
educadores.

Início das atividades Definição Exemplo Atividades


Habilidade de manter e ● Organização e (-----/-----/2021) Sessão 1
manipular informações planejamento ●
recentes na mente e por ● Abstração ●
Modulo I um período curto. ● habilidade para ●
Memória Operacional ou de armazenar e lidar com ●
trabalho informações
temporariamente para (---/----/2021) Sessão 2
realizar tarefas ●
cognitivas complexas. ●
● ●
● ●
● (---/----/2021) Sessão 3


Capacidade de inibir um Controlar as ações, de (---/----/2021) Sessão 1


comportamento modo a conseguir
preponderante em ignorar as distrações e ●
detrimento de tentar focar a ●
Modulo II outro. Habilidade para atenção no que está ●
filtrar nossas ações e sendo solicitado. ●
Controle Inibitório pensamentos, controlar ● Poder resistir à (---/----/2021) Sessão 2
os impulsos e resistir vontade de ficar ●
às tentações, distrações conversando. ●
e hábitos e parar e ● Conseguir “frear a ●
pensar antes de agir. língua” dizer algo gentil ●
ao invés de falar uma (---/----/2021) Sessão 3
grosseria. ●
● Aprender a esperar ●
sua vez de falar ou de ●
jogar. ●
● Aprender a controlar ●
e regular as emoções, ●
ao invés de gritar e ●
bater. ●
● Conseguir parar e (---/----/2021) Sessão 4
pensar antes e não agir ●
apenas de forma ●
impulsiva e sem ●
medir as ●
consequências (---/----/2021) Sessão 5


● Permite que sejam (---/----/2021) Sessão 1


É a habilidade de mudar aplicadas regras ●
e flexibilizar entre diferentes em ●
alternativas diferentes. diferentes contextos. ●
Capacidade de o curso ● Agirmos de forma ●
das ações e adaptá-las flexível as convenções ●
para atender as sociais. Não magoar os ●
exigências do ambiente. sentimentos de (---/----/2021) Sessão 2
Capacidade de alguém e não dizer que ●
Modulo III encontrar erros e corrigi- seu desenho está feio. ●
los, rever como estamos ● As crianças podem ●
Flexibilidade Cognitiva agindo de acordo com ser ensinadas a ●
as formas as usarem “vozes ●
exteriores” e “vozes ●
interiores” e as ●
diferentes situações (---/----/2021) Sessão 3
em que se podem ●
utilizar elas. ●
● Ser capaz de ser ●
persistente, mas ao ●
mesmo tempo (---/----/2021) Sessão 4
promover a ●
flexibilidade. ●
● Se pego sempre o ●
mesmo ônibus e hoje (---/----/2021) Sessão 5
ele quebra, tenho que ●
ser capaz de ●
pensar em uma ●
solução alternativa. ●
● Se falta um ●
ingrediente da receita, (---/----/2021) Sessão 6
posso tentar substituir
por outro semelhante.
● Contribui para a
resolução de conflitos.
● Resolução de
problemas aritméticos
e uso de regras
gramaticais.
Seminário II -------------------------- ---------------------------- Finalização da proposta e
apresentação dos
resultados

ORCAMENTO DAS DESPESAS


Material de Consumo
Transporte
Custo com Atividades/ Eventos
Serviço de Terceiros
Outras despesas(especificar)

Valor/hora Profissional Formação Valor Mensal/ Horas trabalhadas


N.º neuropsicologia

MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO

REFERENCIAS

Benczik, E.B.P (2014) Funções Executivas e aprendizagem: Um ponto de


vista neuropsicológico IN: Martins, M. A; Cardoso, M.S e Capellini, S.A.
Tópicos em Transtornos de Aprendizagem – Parte II, PP. 41-57. Fundepe
Editora. Marília/SP.

Benczik, E.B.P e Casella, B. C. Compreendendo o impacto do TDAH na


dinâmica familiar e as possibilidades de intervenção. Rev. psicopedag.,
São Paulo , v. 32, n. 97, p. 93-103, 2015 . Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
84862015000100010&lng=pt&nrm=iso>.

Blair, C. (2013). As Funções Executivas na Sala de Aula. NYU Steinhard,


EUA

Fuster, J.M. (2010)- Neuroanatomia funcional do processo executivo. O


Manual de Neuropsicologia Clínica. Second Edition. JM Gurd, U. Kischka e
JC Marshall (Eds.), Oxford University Press pp 822-833, 2010.

DIAMOND, A. . Executive functions. Annual Review of Psychology, 64,


135–68,
2013. doi:10.1146/annurevpsych113011143750

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