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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS


DEPARTAMENTO DE LÍNGUA PORTUGUESA E LINGUÍSTICA
DATA: __/ __/ __ TURNO: _____________ CURSO: ____________
DISCIPLINA: Prática de leitura e produção de textos PROFESSOR: Isaías Moreira Ferreira
ALUNO(A): _______________________________________ MAT. Nº: _______________

ESTRATÉGIAS DE LEITURA

A realização da leitura de modo eficiente depende de um conjunto de operações e proce-


dimentos, já que ela constitui um processo complexo sóciocognitivo e dialógico de produção de
sentido por meio da apropriação da língua(gem). Ler não é um ato mecânico, e sim um processo
ativo. A mente filtra as informações recebidas, interpreta essas informações e seleciona aquelas
que são consideradas relevantes. O que se fixa em nossa mente é o significado geral do texto.
Enfim, no processamento cognitivo do texto empregamos diferentes tipos de estratégias de lei-
tura, as quais desempenham um papel assaz relevante no processo de construção do sentido
textual.
Concebe-se as estratégias de leitura como sendo técnicas ou métodos que os leitores
usam para adquirir a informação, ou ainda procedimentos ou atividades escolhidas para facilitar
o processo de compreensão em leitura, constituindo planos flexíveis adaptados às diferentes
situações que variam de acordo com o texto a ser lido e a abordagem elaborada previamente
pelo leitor para facilitar a sua compreensão.
Diferentes pesquisadores tem apontado diversas classificações das estratégias de leitura,
embora haja consenso de todas elas são recursos auxiliares relevantes no processo de compre-
ensão e produção de sentidos no processamento sociopsicocognitivo da leitura. Por isso, a pre-
sentaremos a seguir apenas aquelas estratégias mais aplicáveis à aquisição da leitura. Dentre
tais estratégias. Os parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) apresentam as estratégias de
seleção, de antecipação, de inferência e de verificação. À tais estratégias, acrescentamos a es-
tratégia de decodificação por reconhecermos como preliminar no processo de leitura, bem como
exercer papel necessário, mas não suficiente à consecução eficaz do processo de produção de
sentidos por meio da leitura de textos. Sendo assim, ela carece de ser suplementadas pelas
outras estratégias, as quais em conjunto possibilitam que o leitor seja capaz de compreender e
interpretar criticamente.
Neste contexto, as estratégias de decodificação representam as ações de conversão
de uma mensagem codificada em linguagem inteligível. Na leitura de textos escritos, constitui o
processo no qual o leitor transforma as retas e curvas que compõem os grafemas em fonemas
(sons oralizados) ou numa imagem mental do som (significante). As operações de reconheci-
mento de grafemas e seus respectivos fonemas no contexto onde se inserem, possibilita a com-
posição de sílaba e identificação de palavras ou expressões, o que acontece recursivamente ao
longo do texto, cujo processamento mais global (de parágrafos ou trechos maiores) interferindo
no processamento mais local (reconhecimento das letras, sons, sílabas e palavras), consequen-
temente, gerando um ciclo em que o significado do todo colabora para a identificação das partes
e vice-versa. No início da alfabetização é comum o aprendiz confundir letras, bem como sons
que elas representam, trocar a posição das letras e ler em ordem invertida, soletrar sem conse-
guir formar sílabas ou palavras, não reconhecer a relação entre as letras e o som, não conseguir
identificar as palavras ou expressões.
As estratégias de seleção permitem que o leitor se atenha aos índices úteis, despre-
zando os irrelevantes. Ao ler, fazemos isso o tempo todo: nosso cérebro “sabe”, por exemplo,
que não precisa se deter na letra que vem após o “q”, pois certamente será “u”; ou que nem
sempre é o caso de se fixar nos artigos, pois o gênero está definido pelo substantivo.
As estratégias de antecipação tornam possível prever o que ainda esta por vir. Com
base em informações explicitas e em suposições. Se a linguagem não for muito rebuscada e o
conteúdo não for muito novo. Nem muito difícil. E possível eliminar letras em cada uma das
palavras escritas em um texto. E até mesmo uma palavra a cada cinco outras. Sem que a falta
de informações prejudique a compreensão. Além de letras, silabas e palavras. Antecipamos sig-
nificados. O gênero, o autor, o título e muitos outros índices nos informam o que é possível que
encontremos em um texto. Assim, se formos ler uma história de Monteiro Lobato chamada via-
gem ao céu, é previsível que encontraremos determinados personagens, certas palavras do
campo da astronomia e que, certamente alguma travessura acontecerá.
As estratégias de inferência permitem captar o que não está dito no texto de forma ex-
plícita. A inferência á aquilo que lemos, mas não está escrito. A inferência consiste em uma
dedução feita com base em informações ou um raciocínio que usa dados disponíveis implicita-
mente para se chegar a uma conclusão. São adivinhações baseadas tanto em pistas dadas pelo
próprio texto como em conhecimentos que o leitor possui.
Algumas vezes, as inferências se confirmam, outras vezes, não, mas de qualquer modo,
não representam meras adivinhações aleatórias. Além do significado, inferimos também pala-
vras, sílabas ou letras. Boa parte do conteúdo de um texto pode ser antecipada ou inferida em
função do contexto: portadores, circunstâncias de aparição ou propriedades de um texto. O con-
texto, na verdade, contribui decisivamente para a interpretação do texto e, com frequência, até
mesmo para inferir a intenção do autor.
As estratégias de verificação tornam possíveis os controles da eficácia ou não das de-
mais estratégias, permitindo confirmar ou não as especulações realizadas. Esse tipo de checa-
gem para confirmar, ou não, a compreensão é inerente à leitura.
Utilizamos todas as estratégias de leitura mais ou menos ao mesmo tempo, algumas de
forma automática, sem que tenhamos plena consciência de seu uso (estratégias cognitivas) e
outras de forma consciente e monitorada (estratégias metacognitivas) (cf. KATO, . Usualmente,
só nos damos conta do que estamos fazendo se formos analisar com cuidado nosso processo
de leitura, como estamos fazendo ao longo deste texto.
A leitura constitui um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de construção do
significado do texto a partir do que está buscando nele, do conhecimento que já possui a respeito
do assunto, do autor e do que já sabe sobre a língua e características do gênero, do portador ou
do sistema de escrita... Ninguém pode extrair informações do texto apenas decodificando letra
por letra, palavra por palavra, embora esta seja também uma estratégia utilizada no nível mais
elementar da leitura. Nesta perspectiva, se você analisar sua própria leitura, vai constatar que a
decodificação é apenas um dos procedimentos que utiliza para ler: a leitura fluente envolve uma
série de outras estratégias, isto é, de recursos para construírem significados: sem elas, não é
possível alcançar rapidez e proficiência.

NOTAS E REFERÊNCIAS:

KATO, Mary. O aprendizado da leitura. Ed. Martins Fontes, São Paulo: 1984.

PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: terceiro e quarto ciclos de ensino fundamental:


língua portuguesa/Secretaria de Educação Fundamental. - Brasília: MECSEF, 1998, pp. 69-70.

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