Você está na página 1de 24

Processo de colonização e de descolonização do Pais na CPLP

A ideia de criação de uma comunidade de países e povos que partilham a Língua


Portuguesa – nações irmanadas por uma herança histórica, pelo idioma comum e por uma
visão compartilhada do desenvolvimento e da democracia – foi sonhada por muitos ao longo
dos tempos. Em 1983, no decurso de uma visita oficial a Cabo Verde, o então ministro dos
Negócios Estrangeiros de Portugal, Jaime Gama, referiu que: "O processo mais adequado para
tornar consistente e descentralizar o diálogo tricontinental dos sete países de língua
portuguesa espalhados por África, Europa e América seria realizar cimeiras rotativas bienais
de Chefes de Estado ou Governo, promover encontros anuais de Ministros de Negócios
Estrangeiros, efectivar consultas políticas frequentes entre directores políticos e encontros
regulares de representantes na ONU ou em outras organizações internacionais, bem como
avançar com a constituição de um grupo de língua portuguesa no seio da União
Interparlamentar".
O processo ganhou impulso decisivo na década de 90, merecendo destaque o empenho do
então Embaixador do Brasil em Lisboa, José Aparecido de Oliveira. O primeiro passo
concreto no processo de criação da CPLP foi dado em São Luís do Maranhão, em Novembro
de 1989, por ocasião da realização do primeiro encontro dos Chefes de Estado e de Governo
dos países de Língua Portuguesa - Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-
Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe, a convite do Presidente brasileiro, José
Sarney. Na reunião, decidiu-se criar o Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP),
que se ocupa da promoção e difusão do idioma comum da Comunidade.
Em Fevereiro de 1994, os sete ministros dos Negócios Estrangeiros e das Relações Exteriores,
reunidos pela segunda vez, em Brasília, decidiram recomendar aos seus Governos a realização
de uma Cimeira de Chefes de Estado e de Governo com vista à adopção do acto constitutivo
da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.
Os ministros acordaram, ainda, no quadro da preparação da Cimeira, a constituição de um
Grupo de Concertação Permanente, sedeado em Lisboa e integrado por um alto representante
do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal (o Director-Geral de Política Externa) e
pelos Embaixadores acreditados em Lisboa (única capital onde existem Embaixadas de todos
os países da CPLP).
Relativamente às várias vertentes do processo de institucionalização da CPLP, o Grupo
analisou em substância a cooperação existente entre os Sete e a concertação a estabelecer.
Foram abordadas, de forma aprofundada, áreas como a concertação político-diplomática, a
cooperação económica e empresarial, a cooperação com organismos não governamentais e a
entrada em funcionamento do IILP.
Os sete Ministros voltaram a reunir-se em Junho de 1995, em Lisboa, tendo reafirmado a
importância para os seus países da constituição da CPLP e reiterado os compromissos
assumidos na reunião de Brasília. Nessa ocasião, validaram o trabalho realizado pelo Grupo
de Concertação Permanente (que passou a denominar-se Comité de Concertação Permanente)
e concordaram em recomendar a marcação da Cimeira para o final do primeiro semestre de
1996, em Lisboa, fazendo-a preceder de uma reunião ministerial em Abril do mesmo ano, em
Maputo. A 17 de Julho de 1996, em Lisboa, realizou-se a Cimeira de Chefes de Estado e de
Governo que marcou a criação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP),
entidade reunindo Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São
Tomé e Príncipe. Seis anos mais tarde, em 20 de Maio de 2002, com a conquista de sua
independência, Timor-Leste tornou-se o oitavo país membro da Comunidade. Depois de um
minucioso processo de adesão, em 2014, a Guiné Equatorial tornou-se o nono membro de
pleno direito.
A CPLP assume-se como um novo projecto político cujo fundamento é a Língua Portuguesa,
vínculo histórico e património comum dos Nove – que constituem um espaço
geograficamente descontínuo, mas identificado pelo idioma comum. Esse factor de unidade
tem fundamentado, no plano mundial, uma actuação conjunta cada vez mais significativa e
influente. A CPLP tem como objectivos gerais a concertação política e a cooperação nos
domínios social, cultural e económico. Para a prossecução desses objectivos a Comunidade
tem promovido a coordenação sistemática das actividades das instituições públicas e
entidades privadas empenhadas no incremento da cooperação entre os seus Estados-membros.
As acções desenvolvidas pela CPLP têm objectivos precisos e traduzem-se em directivas
concretas, voltadas para sectores prioritários, como a Saúde e a Educação, a Segurança
Alimentar e o Ambiente, entre outros domínios. Para tal, procura-se mobilizar interna e
externamente esforços e recursos, criando novos mecanismos e dinamizando os já existentes.
Neste esforço, são utilizados não apenas recursos cedidos pelos governos dos países
membros, mas também, de forma crescente, os meios disponibilizados através de parcerias
com outros organismos internacionais, organizações não-governamentais, empresas e
entidades privadas, interessadas no apoio ao desenvolvimento social e económico dos países
de língua portuguesa.
No tocante à concertação político-diplomática, tem-se dado expressão crescente aos interesses
e necessidades comuns em organizações multilaterais, como, por exemplo, a ONU, a FAO e a
OMS.
Nos fora regionais e nas negociações internacionais de carácter político e económico, a CPLP
tem-se assumido como um factor capaz de fortalecer o potencial de negociação de cada um de
seus Estados-membros.

Para a valorização e difusão do idioma comum, realça-se o papel crescente que é exercido
pelo Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), sedeado em Cabo Verde, assim
como pelo Secretariado Executivo da CPLP, que desenvolveu uma rede de parcerias voltadas
para o lançamento de novas iniciativas nas áreas da promoção e difusão da língua portuguesa.
Objectivo
A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) é o foro multilateral privilegiado
para o aprofundamento da amizade mútua e da cooperação entre os seus membros. Criada em
17 de Julho de 1996, a CPLP goza de personalidade jurídica e é dotada de autonomia
financeira. A Organização tem como objectivos gerais:

A concertação político-diplomática entre seus estados membros, nomeadamente para o


reforço da sua presença no cenário internacional;
A cooperação em todos os domínios, inclusive os da educação, saúde, ciência e tecnologia,
defesa, agricultura, administração pública, comunicações, justiça, segurança pública, cultura,
desporto e comunicação social;
A materialização de projectos de promoção e difusão da língua portuguesa.
A CPLP é regida pelos seguintes princípios:
Igualdade soberana dos Estados membros;
Não-ingerência nos assuntos internos de cada estado;
Respeito pela sua identidade nacional;
Reciprocidade de tratamento;
Primado da paz, da democracia, do estado de direito, dos direitos humanos e da justiça social;
Respeito pela sua integridade territorial;
Promoção do desenvolvimento;
Promoção da cooperação mutuamente vantajosa.
No acto de criação da CPLP, foram estabelecidas como órgãos da Comunidade as seguintes
instâncias:
A Conferência de Chefes de Estado e de Governo;
O Conselho de Ministros;
O Comité de Concertação Permanente;
O Secretariado Executivo.

Posteriormente, os Estatutos revistos na IV Conferência de Chefes de Estado e de Governo


(Brasília, 2002) estabeleceram como órgãos adicionais da CPLP:

As Reuniões Ministeriais Sectoriais;


A Reunião dos Pontos Focais da Cooperação.

Em Luanda, o X Conselho de Ministros em 2005 estabeleceu também como órgão adicional:


O Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP).
O XII Conselho de Ministros, decorrido em Lisboa, em Novembro de 2007, decidiu dar um
cariz parlamentar à CPLP, estabelecendo:

A Assembleia Parlamentar.

A Conferência de Chefes de Estado e de Governo reúne-se, ordinariamente, de dois em dois


anos e, extraordinariamente, quando solicitada por 2/3 dos Estados membros. Este órgão,
integrado pelas autoridades máximas dos oito países, é a instância deliberativa superior da
Organização. Como é regra em todas as instâncias deliberativas da CPLP, as suas decisões
são sempre tomadas por consenso.

O Conselho de Ministros é constituído pelos ministros dos Negócios Estrangeiros e das


Relações Exteriores dos oito países membros e reúne-se, ordinariamente, uma vez por ano e,
extraordinariamente, quando solicitado por 2/3 dos Estados membros. O Conselho de
Ministros responde perante a Conferência de Chefes de Estado e de Governo, a quem deve
apresentar os respectivos relatórios. O Conselho de Ministros elege, entre os seus membros,
um presidente de forma rotativa, por mandato de um ano.
Tanto a Conferência de Chefes de Estado e de Governo quanto o Conselho de Ministros são
hospedados, em carácter rotativo, por um dos Estados membros, que organiza os respectivos
eventos em cidade de destaque, no mês de Julho, o mês da criação da CPLP.
O Comité de Concertação Permanente reúne-se, ordinariamente, em Lisboa, na sede da CPLP,
uma vez por mês e, extraordinariamente, sempre que necessário. O Comité é coordenado pelo
representante do país que detém a presidência do Conselho de Ministros.
A Assembleia Parlamentar é o órgão que reúne as representações de todos os Parlamentos da
Comunidade, constituídas na base dos resultados eleitorais das eleições legislativas dos
respectivos países. A Assembleia Parlamentar da CPLP foi instituída pelo XII Conselho de
Ministros, em Novembro de 2007.
O Secretariado Executivo é o principal órgão executivo da CPLP e tem por incumbência
implementar as decisões dos três órgãos deliberativos (Conferência, Conselho e Comité). É
dirigido pelo Secretário Executivo, alta personalidade de um dos países membros, eleito
rotativamente por um mandato de dois anos, que pode ser renovado uma única vez. O
Secretário Executivo é auxiliado nas suas funções pelo Director-Geral.

As Reuniões Ministeriais Sectoriais são constituídas pelos ministros e secretários de Estado


dos diferentes sectores governamentais de todos os Estados membros. Compete às Reuniões
Ministeriais coordenar, ao nível ministerial ou equivalente, as acções de concertação e
cooperação nos respectivos sectores governamentais.
A Reunião dos Pontos Focais de Cooperação congrega as unidades responsáveis, nos Estados
membros, pela coordenação da cooperação no âmbito da CPLP. É coordenada pelo
representante do país que detém a Presidência do Conselho de Ministros. Compete-lhe
assessorar os demais órgãos da CPLP em todos os assuntos relativos à cooperação para o
desenvolvimento no âmbito da Comunidade. Os Pontos Focais da Cooperação reúnem-se,
ordinariamente, duas vezes por ano e, extraordinariamente, quando solicitado por 2/3 dos
Estados membros.
Os fundos do Secretariado Executivo da CPLP são provenientes das contribuições dos
Estados membros, mediante quotas fixadas pelo Conselho de Ministros. A CPLP dispõe
também de um Fundo Especial, dedicado exclusivamente ao apoio financeiro das acções
concretas efectuadas no quadro da Organização. Este Fundo é alimentado por contribuições
voluntárias de entidades públicas e privadas e está submetido a Regimento próprio.
Aspectos Geográfico de Moçambique
Moçambique situa-se na costa sudeste de África e faz fronteira com a África do Sul e
a Suazilândia a sul e a sudoeste, o Zimbabwe a oeste, a Zâmbia e o Malawi a noroeste, e
a Tanzânia a norte, sendo a costa leste banhada pelo oceano Índico que, através do canal de
Moçambique, o separa da ilha de Madagáscar. Tem uma área de 801 590 km 2. As principais
cidades são o Maputo (ex-Lourenço Marques), a capital, a Beira e Nampula.
O rio Zambeze, o maior rio do país, divide Moçambique ao meio, constituindo uma autêntica
fronteira natural entre as duas regiões geográficas distintas que existem no país: a região
norte, de terras altas, com solos férteis e onde há maior concentração florestal; e a região sul,
de terras baixas e com solos mais pobres, com uma paisagem caracterizada pela existência de
savanas.
Clima

O clima de Moçambique é tropical de monções, havendo a registar a existência de uma


estação das chuvas sob a ação da monção marítima de nordeste (que decorre entre novembro e
março) e de uma estação seca sob a influência da monção terrestre de sudoeste (de abril a
outubro). É de salientar que a região norte é mais húmida que a do sul, facto ao qual não está
alheia a influência das monções vindas do oceano Índico e que atingem com maior incidência
a costa norte, já que a costa sul está de certa forma protegida pela barreira geográfica
constituída pela ilha de Madagáscar. As zonas de altitude superior a 1000 metros têm um
clima tropical de altitude que se aproxima, pelas suas características, dos climas temperados.
História

Quando a armada de Vasco da Gama atingiu a costa moçambicana, encontrou um território


com um complexo sistema político, económico e social, estruturado por povos que, não só
habitavam aquela zona desde o século III d. C., como também tinham contactos comerciais
com árabes e asiáticos desde os finais do primeiro milénio, contactos esses que assentavam na
bem-sucedida exploração do ouro, ferro e cobre.

Tendo como pontos de partida Sofala e a Ilha de Moçambique, os exploradores portugueses


foram penetrando no interior do território, estabelecendo os primeiros entrepostos comerciais
e fazendo as primeiras concessões de terras aos colonos ao longo do rio Zambeze, como
medida para obter o controlo das rotas comerciais, ao mesmo tempo que se assegurava o
povoamento do território pelos portugueses. Todo este processo teve, desde o início, de lutar
contra as movimentações árabes na região, conseguindo Portugal controlar praticamente toda
a costa moçambicana até ao início do século XVIII, situação que se inverteu a partir do
momento em que os portugueses perderam, em 1698, o Forte Jesus em Mombaça (Quénia)
para os árabes.
Durante o século XVIII, outro comércio floresceu no território - o comércio escravista. De
facto, devido à necessidade de mão de obra existente no Brasil, os naturais das regiões do
interior começaram a ser capturados para serem vendidos como escravos. E, apesar dos
acordos feitos, em meados do século XIX, entre Portugal e a Inglaterra com vista à cessação
deste comércio, a verdade é que o tráfico clandestino de escravos se manteve até aos
primeiros anos do século XX.

Ainda no século XIX, Portugal deparou com outra contrariedade no território moçambicano:
o desencadear de conflitos tribais no sudoeste de Moçambique, com origem em ataques
perpetrados, quer pelo emergente reino dos Zulos, quer pelos povos Zwangendaba e
Soshangane (que recusavam subjugarem-se aos portugueses). Este último foi responsável pela
fundação do estado de Gaza, no Sul de Moçambique, que apenas em 1897 foi desmantelado
pelos portugueses, passando, assim, todo o território a ser controlado por Portugal.
Este quadro não se alterou quando em Portugal o golpe de Estado de 1926 instituiu uma
ditadura (batizada depois de Estado Novo) que passou a controlar diretamente as colónias, e
entre elas Moçambique. O governo português terminou neste caso com as concessões a
empresas privadas, e instituiu políticas protecionistas por altura da Grande Depressão de
1930. Estas medidas viriam a resultar na acumulação de capital que só seria investido na
década de 50, em grandes projetos para o desenvolvimento de infraestruturas de
comunicações. Este investimento coincidiu com a chegada de milhares de colonos
portugueses que pretendiam aproveitar as várias oportunidades que o Estado Novo lhes
oferecia e que eram recusadas aos moçambicanos.

Este aspecto da política ultramarina portuguesa proporcionou o aparecimento de ideais


independentistas. Estes ideais foram consolidados, em 1962, com o nascimento da Frente de
Libertação de Moçambique (FRELIMO) que, após alguns desentendimentos internos, iniciou
uma política de guerrilha armada em 1964, uma guerra que, para Portugal, representava mais
um conflito a juntar aos que ocorriam nas outras colónias portuguesas em África.
O golpe de Estado de 25 de Abril de 1974, ocorrido em Portugal, derrubou a ditadura e
implantou a democracia, abrindo as portas ao processo de descolonização. A FRELIMO,
aproveitando as suas posições militares no Norte e Centro de Moçambique, liderou o processo
de independência, declarando, a 25 de junho de 1975, a República Popular de Moçambique
como estado independente com uma Constituição que permitia apenas a existência de um
partido - a FRELIMO.
Contudo, pouco tempo depois da independência, Moçambique mergulhou numa guerra civil
que opunha a FRELIMO à Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO). Este movimento
contava com o apoio dos governos da Rodésia e da África do Sul (como resposta ao apoio
dado pela FRELIMO quer à guerrilha oposicionista, quer ao movimento do ANC), para além
do apoio de antigos colonos portugueses e de algumas camadas da população moçambicana.
Este conflito teve consequências extremamente negativas na vida do país, e nem o acordo de
Nkomati, assinado em 1984, e que previa o fim do apoio sul-africano à RENAMO, conseguiu
alterar o quadro belicoso que caracterizava Moçambique. A situação só foi ultrapassada com
o acordo de paz assinado entre a FRELIMO e a RENAMO a 4 de outubro de 1992, após uma
alteração constitucional que previa a abertura da vida política a outras forças que não a
FRELIMO.
A 27 e 28 de outubro de 1994 tiveram lugar as primeiras eleições multipartidárias para a
legislatura e a presidência da República, cujos resultados deram a vitória à FRELIMO
(44,3%) e a Joaquim Chissano (53,3%), líder daquele partido. Por outro lado, a RENAMO,
pela voz do seu líder Afonso Dhlakama (que obtiveram, respetivamente, 33,7% e 37,7% dos
votos), reconheceu e aceitou a vitória da FRELIMO, ao mesmo tempo que assegurava o
empenho em desmobilizar as suas forças militares, compromisso esse assumido, também,
pelo governo.
Esta estabilidade política e social veio encorajar o investimento estrangeiro no território,
destacando-se a Inglaterra pelas medidas tomadas no que tocava não só à redução drástica da
enorme dívida que Moçambique tinha para com aquele país, como também à enorme doação
de capital efetuada por aquele país. Estas iniciativas tiveram o condão de fortalecer os laços
entre os dois países, levando mesmo a que, em 1995, Moçambique entrasse para a
Commonwealth, embora sem alteração, por exemplo, na língua oficial, que continua a ser o
português.
Símbolo da Republica de Moçambique

As cores representam:
Vermelha – resistência secular ao colonialismo, a luta armada de libertação nacional e a
defesa da soberania;
Verde – as riquezas do solo;
Preta – o continente africano;
Amarela dourada – as riquezas do subsolo;
Branca – a Justiça da luta do povo moçambicano e a paz.

Número de Habitantes em Moçambique


População projectada por sexo segundo províncias. Moçambique, 2021
Provinciais Total Sexo
Homens Mulheres
Total 30,832,244 14,885,787 15,946,457
Niassa 2,064,645 1,062,150
1,002,495
Cabo Delgado 2,597,016 1,334,331
1,262,685
Nampula 6,335,121 3,246,919
3,088,202
Zambézia 5,709,418 2,961,004
2,748,414
Tete 2,989,258 1,519,883
1,469,375
Manica 2,174,432 1,126,418
1,048,014
Sofala 2,528,442 1,298,570
1,229,872
Inhambane 1,547,906 716,772 831,134
Gaza 1,455,550 662,292 793,258
Maputo Província 2,302,891 1,193,163
1,109,728
Maputo Cidade 1,127,565 547,938 579,627

Línguas de Moçambique
As línguas de Moçambique são todas de origem bantu, com exceção do português, que é
a língua oficial, desde que o país se tornou independente, em 25 de junho de 1975.
O Ethnologue lista para Moçambique 43 línguas, compiladas abaixo, das quais 41 são línguas
bantu, chamadas “línguas nacionais” na Constituição, e as restantes são o português e a língua
de sinais. De acordo com o censo de 2007 50,4% dos moçambicanos falam português
(contexto urbano: 80,8%; contexto rural: 36,3%); 12,8% falam maioritariamente o português
em casa e 10,7% da população total do país considera o português a sua língua materna, sendo
que esta percentagem em Maputo chega a 25%.
De acordo com o censo populacional de 1997, as línguas mais faladas em Moçambique como
primeira língua (língua materna) são o macua (emakhuwa), com 26,3%, seguida
do changana (11,4%) e do elomwe (7,9%).
Moçambique é um PALOP (um dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa) e é
membro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Duas das suas cidades,
Maputo, a capital, e a Ilha de Moçambique são igualmente membros da União das Cidades
Capitais Luso-Afro-Américo-Asiáticas, também conhecida como “União das Cidades Capitais
de Língua Portuguesa”.
Relação de línguas faladas em Moçambique
O=Oficial C= Reconhecida pelo Centro de Estudos de Línguas Moçambicanas (NELIMO)
E=Listada no Ethnologue:
 C Ajaua (Ciyao), C Angone (Xingoni, Cingoni) - possivelmente um dialeto do nianja,
C Chope (Cicopi), C Chuabo (Echuwabo), C Cibalke, E Cidema, E Cikunda, C Cinsenga,
E Ciphimbi, E Citawara, E Citewe, E Echirima, E Ekokola, C Ekoti, E Elolo, C Elomwe,
E Emaindo, E Emanyawa, E Emarenje, E Emarevoni, E Emeetto, E Emoniga,
E Enathembo, E Esaaka, E Etakwane, C Guitonga, C Macua (Emakhuwa), E Manica
(Emanyika), C Ndau (Cindau), C Nianja (cinyanja), E Kimakwe, C Quimuane (Kimwani)
- próxima do suaíli [7], C Maconde (Shimakonde), C Nhúngue (Cinyungwe), O Português,
C Ronga (Xirhonga), C Sena (CiSena), C Suaíli (Kiswahili), C Suázi (Siswati), C Tswa
(Citshwa ou Xitswa), C Tsonga - inclui o ronga, o changana e o tswa, C Zulu (Isizulu).

Religião em Moçambique
A Situação actual da religião em Moçambique está mal documentada. O censo de 2007
revelou que os cristãos formam 56,1% da população, os muçulmanos compunham 17,9% da
população de Moçambique, enquanto 7,3% das pessoas afirmaram praticar outras crenças,
principalmente o animismo, e 18,7% não tinham crenças religiosas.
As diferentes comunidades religiosas estão distribuídas por todo o país. As província do norte
são predominantemente muçulmanas, mas algumas áreas do interior do norte têm uma forte
concentração de comunidades católicas e protestantes. Protestantes e católicos são geralmente
mais numerosos no Sul e nas regiões centrais, mas a minoria muçulmana também está
presente nessas regiões.
A Direcção Nacional dos Assuntos Religiosos do Ministério da Justiça afirma que os cristãos
evangélicos são o grupo religioso que mais cresce no país. A crescente população de
imigrantes da Ásia Meridional é predominantemente muçulmana e segue a escola
Hanafi da jurisprudência islâmica.
A Constituição prevê a liberdade de religião, e o governo de modo geral respeita esse direito
na prática. Em 2010 estavam registradas no Departamento de Assuntos Religiosos do
Ministério da Justiça 732 denominações religiosas e 144 organizações religiosas. Os
principais grupos religiosos cristãos incluem Anglicana, Batista, A Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias (Mórmons), Congregacional, Metodista,
Nazareno, Presbiteriana, Testemunhas de Jeová, Católica Romana, Igreja Batista do Sétimo
Dia, Adventista do Sétimo Dia e Igreja Universal do Reino de Deus, bem como
igrejas evangélicas, apostólica e pentecostal. Muitas igrejas evangélicas e protestantes
pequenas e independentes que se separaram das principais denominações reúnem crenças e
práticas tradicionais africanas na estrutura cristã.
O governo informa que nenhum subgrupo islâmico está registrado; no entanto, a grande
maioria dos muçulmanos é sunita, com a pequena minoria xiita principalmente originária da
Ásia Meridional. As três principais organizações islâmicas são a Comunidade Maometana, o
Congresso Islâmico e Conselho Islâmico. Jornalistas muçulmanos informam que as diferenças
entre o sunismo e o xiimo não é particularmente importante para muitos muçulmanos em
Moçambique, que têm mais probabilidade de se identificarem com um líder religioso,
independentemente de este ser sunita ou xiita. A população muçulmana do país representa as
quatro escolas de pensamento do islamismo: Hanafi, Shafi, Maliki, e Hanbali.
Estão também registrados grupos de judeus, hindus e bahá'í, mas estes e constituem uma
percentagem muito pequena.
As principais mesquitas do país e a Igreja Católica tentam eliminar práticas tradicionais
indígenas nos locais de culto, instituindo práticas que refletem uma interpretação mais estrita
dos textos sagrados; no entanto, alguns adeptos cristãos e muçulmanos continuam a
incorporar práticas e rituais tradicionais, e as autoridades religiosas geralmente são
permissivas.

As tradições (danças, trajes, ritos).


Dança Xigubo
É uma dança tradicional moçambicana e que representa a resistência colonial do país
sobretudo na região sul. Maioritariamente praticada nas regiões interiores de Gaza e Maputo,
a dança tem poucos praticantes ao nível das cidades.
Dança Mapiko
É uma dança originária da comunidade makonde, e é sem dúvida, a dança mais
conhecida e mais divulgada em toda a província de Cabo Delgado e até mesmo em todo país.
A sua difusão chega a ultrapassar as fronteiras nacionais.
O mapiko, é uma das principais danças tradicionais makonde, é praticado nos ritos de
iniciação e cumpri a função lúgubre, em caso de morte de um membro do grupo ou da
comunidade. Pratica-se também em algumas cerimónias de investidura de chefes clânico-
linhageiros (vahumu).
A dança inicia com o tocar do batuque, likuti, e é acompanhada por um coro formado pela
assistência, que se dispõe de modo a formar um corredor por onde deve passar o lipiko. Na
extremidade, surge o dançarino que, à grande velocidade, entra no recinto de dança e se atira
contra o muro formado pela assistência, que recua assustada. O coro canta e dialoga, através
de gestos, com o lipiko.
Dança Lingundumbwe
É uma versão feminina do mapiko, sendo a bailarina principal a mulher. Ela tanto pode
ser adulta como adolescente. Aliás, o habitual tem sido uma rapariga adolescente, capaz de
executar os movimentos com maior vigorosidade.
A dança tem lugar no lipanda, local onde decorrem as cerimónias de iniciação feminina.
Todavia, a prática do lingundumbwe tornou-se de tal modo livre que toda a gente pode
conhecer a mulher mascarada. Esta dança é a mis característica dos ritos femeninos,
constituindo o principal divertimento das iniciadas, do primeiro ao último dia.
A dança Tahura
Considerada muito antiga pelos habitantes de Nanhupu, em Montepuez. Em língua
makhuwa, tahura quer dizer “batuque grande”.
Participam na dança homens e mulheres adultos, que usam um pano preto cingido em forma
de saia, uma camisola interior, um lenço branco e um cinto. Nas pernas, os dançarinos
amarram chocalhos que, com o bater dos pés no chão, produzem um som. Dispõem-se em
círculo, empunhando objectos como machadinhos, enxadas ou paus. Esta dança é praticada à
noite, em cerimoniais fúnebres, ritos de iniciação e no período de colheitas.
Dança Tamadune
É uma dança feminina. Os homens apenas participam como instrumentistas. A esta dança
foi atribuído o nome de tamadune em honra de uma mulher makhonde, co-fundadora do
grupo cultural, que era assim chamada.
É praticada por ocasião da recepção dos recém-iniciados, rapazes ou raparigas, e também em
dias festivos. Não possui nenhum traje específico e, para a sua execução, as dançarinas
formam um círculo, destacando-se duas a duas para o meio da roda.
Usa-se, como instrumentos, seis batuques: um ntodje, três makuti e dois três magoma. As
canções entoadas evocam alguns acontecimentos importantes da comunidade e factos ligados
à Luta de Libertação Nacional, como é o caso do Massacre de Mueda.
Dança Tufo
É uma dança de origem árabe, ligada à religião muçulumana, que pode ser praticada em
cerimónias, festas e datas específicas do calendário islâmico. Ela tornou-se vulgar na região
nortenha do país, mais precisamente, no litoral das províncias de Cabo Delgado, Nampula e
Zambézia. É uma dança essencialmente feminina, na qual os homens apenas participam como
instrumentistas. Todavia, há casos em que os grupos são compostos só por mulheres.
Participam na dança principalmente mulheres adultas. No momento da actuação elas
apresentam-se, habitualmente, maquilhadas e com o rosto pintado de mussiro, um produto
cosmético natural, que trata a pele feminina e empresta as mulheres um ar singular. Entre as
dançarinas do tufo é estabelecida uma hierarquia, com a designação de uma rainha. Um dos
critérios adoptados para a sua escolha é a graciosidade e beleza das linhas do rosto e do corpo,
assimtomadas para simbolizar a feminidade da mulher makhuwa.

Dança Nhau
Habitantes da província de Tete, que exige bastante agilidade do seu dançarino, duma
máscara de madeira e a dança tabu de ritos de iniciação. Como tradição dos habitantes desta
província, usam certos símbolos de seus hábitos e costumes, como símbolos de maniqueira,
que representam matéria prima para fazer sumo, doces, bebidas alcoólicas e alimentação , e o
de cabrito que representa fonte de riqueza. Como uma indumentária deste povo, para
mulheres ” chithero”, capulana com blusa “bhaju” mesmo tecido e os homens ” ngonda”
tecido branco denominado “tchiria” para os adultos. Os mitos, Deus da chuva considerado
“nsato”.
Relato de um espectador: “O nhau estava forte. A princípio chegara um homem alto, tão alto
que tocava com a cabeça as últimas folhas dos eucaliptos. Por detrás dele vinha uma jibóia. A
seguir veio um contingente de dançarinos. Todos traziam máscaras medonhas, de animais e
aves. Estavam nus. Os seus corpos eram pintados de um branco forte que lembrava a cal.
Empunhavam azagaias, chuços, catanas, machados. Alguns tinham os flancos cobertos com
pequenas esteiras de bambu, à primeira vista, poder-se-ia julgar que tinham os movimentos
presos. Mas a agilidade é a condição primária do nhau”.
Dança Maulide
Uma dança em vias de desaparecer. É uma demonstração da fé apresentada só por
homens que dançam e cantam e com uma espécie de alfinete, navalhas, pregos grandes de aço
ou ferro, espetos de ferro ou outros instrumentos afiados que se dá o nome de “tupachi”, que
penetram no corpo, perfurando a carne e que tem como admiração do público esses
dançarinos não sangram nem os corpos ficam com marcas das perfurações. Segundo a
informação que obtivemos, para se preparar o corpo do dançarino para este ritual, eles ficam
no mínimo 15 dias sem actividade sexual e sem comer polvo nem peixe. Esta dança era
antigamente muito praticada nos casamentos islâmicos. Esta dança ainda pode ser
encontrada na ilha de Moçambique, Angóche e Pemba.
Regime Politico em Moçambique
A Frelimo, Frente de Libertação de Moçambique, foi o movimento que dirigiu a luta de
libertação nacional que culminou com a independência nacional em 25 de Junho de 1975.
Desde então que esse movimento político ou os seus sucessores dirigem a política nacional.
Em 1978, a Frente tornou-se num partido político marxista-leninista, denominado Partido
Frelimo, e Samora Machel ocupou a presidência do país, num regime de partido único, desde
a independência até à sua morte em 1986.
Em 1990, foi aprovada uma nova constituição que transformou o estado
numa democracia multi-partidária. O Partido Frelimo permaneceu no poder, tendo ganho por
cinco vezes as eleições legislativas e presidenciais realizadas
em 1994, 1999, 2004, 2009 e 2014. A Renamo é o principal partido da oposição.
De acordo com a constituição em vigor, o regime político em Moçambique é presidencialista:
o chefe de Estado é igualmente chefe do governo. No entanto, existe desde 1985 o cargo
de Primeiro Ministro, que tem o papel de coordenador e pode dirigir as sessões do Conselho
de Ministros na ausência do presidente.
O parlamento tem a designação de Assembleia da República e é constituído por 250 assentos.
Para além do Presidente da República e dos membros do parlamento, os presidentes e os
membros das assembleias dos municípios e das províncias (desde 2009) são
igualmente eleitos democraticamente, para mandatos de cinco anos.
Aspectos económica de Moçambique

A economia de Moçambique desenvolveu-se desde o fim da Guerra Civil


Moçambicana (1977–1992). Em 1987, o governo embarcou em uma série de reformas
macroeconómicas destinadas a estabilizar a economia. Essas medidas, combinadas com a
assistência dos doadores e com a estabilidade política desde as eleições multipartidárias em
1994, levaram a melhorias dramáticas na taxa de crescimento do país. A inflação foi reduzida
para um dígito durante o final dos anos 1990, embora tenha voltado para dois dígitos em
2000-02. As reformas fiscais, incluindo a introdução de um imposto sobre o valor
acrescentado e a reforma do serviço alfandegário, melhoraram a capacidade do governo de
arrecadar receitas. Apesar destes ganhos, Moçambique continua dependente da assistência
externa para grande parte do seu orçamento anual. A agricultura de subsistência continua a
empregar a grande maioria da força de trabalho do país. Um desequilíbrio comercial
substancial persiste, embora a abertura da fundição da Mozal alumínio, o maior projeto de
investimento estrangeiro do país até hoje, tenha aumentado as receitas de exportação. Projetos
de investimento adicionais na extração e processamento de titânio e na fabricação de roupas
devem fechar ainda mais a lacuna de importação / exportação. A outrora substancial dívida
externa de Moçambique foi reduzida através do perdão e reescalonamento no âmbito das
dívidas de Países pobres altamente endividados (HIPC) e das iniciativas HIPC reforçadas
pelo Fundo Monetário Internacional e está agora a um nível administrável. O
desenvolvimento é dificultado pela existência de minas terrestres não desativadas e também
por conta disso ainda fica no grupo dos países subdesenvolvidos.

O principal setor económico é a agricultura, que tem como principais produções o milho, a
mandioca, o feijão e o arroz, sendo a atividade complementada pela criação de gado. Por
outro lado, a produção agrícola para exportação assenta no açúcar, no chá e nos citrinos,
produtos incrementados na era colonial e que continuaram a ser produzidos. Também a
exploração florestal decresceu após a independência, apesar do interesse já revelado por
investidores internacionais. A atividade piscatória tem progredido, já que os rendimentos
provenientes da captura e venda de cavala, sardinha, atum e, sobretudo, camarão e lagosta,
têm vindo a aumentar gradualmente desde o início da década de 70.
O setor industrial engloba pequenas indústrias ligadas quer à exploração mineira quer à
manufaturação de matérias-primas para exportação. Ambas as vertentes se encontram pouco
exploradas, principalmente a ligada à exploração mineira, uma vez que os recursos
minerais são consideráveis, pois, para além de possuir a maior reserva de tantalite (minério
raro e muito importante para a indústria eletrónica), encontram-se facilmente outros minérios
com elevados níveis de qualidade, como o ferro, bauxite, cobre, grafite, mármore, granada
(pedra preciosa) e pedra de cal.
Os principais parceiros comerciais de Moçambique são a África do Sul, a Espanha,
o Japão e Portugal.
Comércio exterior
Em 2020, o país foi o 110º maior exportador do mundo (US $ 5,9 milhões em mercadorias e
serviços). Já nas importações, em 2019, foi o 114º maior importador do mundo: US $ 6,4
bilhões.O país é plenamente integrado a economia globalizada com altos níveis de
crescimento capitalistas apesar disto ter gerado corrupção.

Aspectos culturais de Moçambique


Gastronomia Moçambicana e influências nacionais
A culinária de Moçambique foi profundamente influenciada pelos portugueses, que
introduziram novas culturas, aromas e métodos de cozimento.
O alimento básico para muitos moçambicanos é o ncima, um mingau grosso feito de milho /
farinha de milho. Mandioca e arroz também são consumidos como carboidratos básicos.
Todos estes são servidos com molhos de legumes, carne, feijão ou peixe.
Outros ingredientes típicos incluem castanha de caju, cebola, louro, alho, coentro, pimentão,
pimenta, pimenta vermelha, cana de açúcar, milho, sorgo e batata.
Tradicionalmente, as várias cozinhas da África usam uma combinação de frutas disponíveis
localmente, como cereais e vegetais, além de produtos de leite e carne, e geralmente não têm
alimentos importados.
A África Central, a África Oriental, a África do Norte, a África Austral e a África Ocidental
têm pratos distintos, técnicas de preparação e hábitos de consumo.
A culinária tradicional continua a preservar as formas de confecção transmitidas desde um
passado longínquo. Os principais pratos são: arroz n’tsoro, mapira, mele, nakuwo (milho),
djampa (arroz de milho). Molhos como caril de castanha, tokosadu de peixe, de carne, de
galinha, mwalaku ofumariya (galinha defumada), galinha assada, nimino (prato de peixe
misturado com batata-doce ou mandioca), nikhotonkoro (prato de feijão nhemba misturada
com batata doce ou mandioca), mathapa siri-siri (caril preparado a base de uma erva que
predomina nas regiões costeiras), ntikwa (caril de folhas de mandioqueira), doce de abóbora,
maheu (bebida fermentada de milho ou arroz).
Destes pratos, os únicos que são tipicamente nahara são os caris de castanha e a matapa de
siri-siri. Os restantes só se diferenciam no modo de confeccionar e na quantidade e qualidade
de temperos adicionados ao prato. Note-se que a grande convivência dos nahara com povos
vindos de diferentes regiões do mundo, mais concretamente da Europa e da Ásia, trouxe à
culinária novos empréstimos que juntaram novos sabores aos pratos locais. São estes
empréstimos os temperos guardamungo, pimenta preta, folhas de louro, cravinho, massala
(mistura de temperos), rajá (mistura de temperos), piripiri, coentros, etc.
Para alguns pratos típicos, a preparação varia em função da época. O nimino, por exemplo,
uma vez preparado à base de mandioca, o período ideal para a confecção, vai de Março a
Julho e o doce de abóbora só pode ser confeccionado no período em que pode ser colhida na
machamba, sendo o tempo apropriado de Março a Julho. Todos os pratos são consumidos
diariamente, havendo apenas a distinguir o momento das celebrações como casamentos ou
cerimónias (osinkiya ou Ide), onde predomina o consumo de carne, seja ela de vaca, de
galinha ou de cabrito. Com efeito, é comum afirmar-se que um casamento sem carne não é
casamento.
Os alimentos são geralmente confeccionados pelas mulheres, jovens ou adultas. Quanto ao
servir é normal que a mãe, dona de casa, sirva os membros da família, uma vez que ela
conhece a quantidade e a qualidade de alimento a proporcionar a cada um. Durante a refeição
o pai, chefe de família, fica num lugar à parte, geralmente numa mesa, na sombra do quintal.
Caso o casal tenha filhos crescidos (com idade acima dos 15 anos) estes podem também
sentar-se à mesa com o pai. O mesmo acontece quando se recebe um visitante. Este sentar-se-
á à mesa junto com o dono da casa. A mãe come com os filhos normalmente numa esteira.
Também, caso haja uma visitante, esta se acomodará junto com a mãe e as crianças, na
esteira.
De que se compõe a refeição típica (almoço ou jantar) dos macua nahara? Fazem parte da
refeição: um cereal (karakata – farinha de mandioca ou nakuwo – farinha de milho) ou um
arroz, um caril que pode ser de peixe, de feijão, uma mathapa (caril de folhas) e um
acompanhante (que pode ser um peixe frito, uma carne ou outra coisa diferente do caril).
Algumas Receitas
Espetada do Mar ou de Lagosta
Misturam-se todos os mariscos no alho pilado e, em seguida, coloca-se tudo no pauzinho em
forma de espeto, separando cada pedaço de marisco com cebola ou tomate e, por fim, põe-se
no fogão ou na grelha durante 10 minutos. É um prato simples e adequado a todo os
ambientes.
Matapa ou Matapinha
É outro prato típico e símbolo da gastronomia local, que combina bem com outros produtos.
Quem vier à Ilha não pode deixar de degustar a matapa aqui confecionada, feita a partir de
uma alga muito apreciada, o siri-siri. Trata-se de uma mistura da própria matapa de siri-siri,
com molho de coco, castanha, alho, folha de louro e cebola. Matapa é um prato ou refeição
normal, enquanto a Matapinha é um petisco normalmente apresentado numa pequena taça.
Caril de castanha
Para a confecção deste prato, primeiro coze-se a castanha muito bem em água e sal e reserva-
se. De seguida, leva-se uma panela ao fogo com um pouco de óleo, refoga-se a cebola, o
tomate e o alho junto com os temperos. Depois, acrescenta-se a castanha e deixa-se ferver
algum tempo. Adiciona-se de seguida o leite de coco da segunda extracção. Mete-se no caril a
manga seca depois de bem lavada e amolecida em água. Já quase no fim da cozedura,
adiciona-se o leite grosso de coco (corresponde à primeira extração do leite), deixa-se apurar
por alguns minutos. Rectifica-se o sal e está pronto para ser servido. Este prato é
acompanhado com arroz ou xima branca.
Arroz de milho
Mergulha-se o milho em água fria, tira-se de seguida e pila-se para separar a película do
farelo. À medida que se pila, vai-se fazendo pausas para se peneirar e se continua a pilar e a
peneirar até que o milho esteja totalmente limpo. Após a obtenção do milho limpo, continua-
se a pilar até que os grãos obtenham o formato de arroz. Geralmente o processo pode requerer
que se pile o milho 3 vezes e se peneire, para a obtenção do arroz de milho.
Djampa
Lava-se o arroz de milho, e coloca-se na panela com leite de coco e leva-se ao fogo e deixa-se
ferver até estar prestes a cozer. Lava-se o feijão e adiciona-se ao arroz de milho e acrescenta-
se água previamente fervida, deixa-se ferver até acabar a água. Depois que a água seque,
junta-se o leite de coco denso (primeiro leite), o sal e deixa-se ferver em fogo brando até
secar o leite. Por fim, retira-se do fogo e está pronto para servir acompanhado de qualquer
tipo de molho.
Nikhotonkoro
Prepara-se o leite de coco conforme a receita e reserva-se em separado o leite denso. Coloca-
se numa panela o feijão nhemba com água e deixa-se ferver, a meio da cozedura, adiciona-se
a mandioca, leite de coco da segunda extracção, água e o sal, para que o feijão e a mandioca
cozam juntos. Por fim coloca-se o leite de coco denso e deixa-se apurar e amassa-se. Serve-se
acompanhado de tomate assado moído e misturado com piri-piri e galinha assada ou ainda
acompanhado por uma salada. Note-se que, quando o feijão é fresco, coze-se o feijão e a
mandioca em simultâneo.
Doce de banana
Descasca-se a banana, corta-se ao comprido e frita-se em óleo quente e reserva-se. Numa
panela, coloca-se o açúcar, leva-se ao fogo e deixa-se derreter até obter calda. De seguida,
junta-se a banana à calda e deixa-se ferver em lume brando para ligar. Retira-se do fogo e
deixa-se arrefecer. Serve-se frio.
Turismo Gastrónomico
Turismo gastronómico é um segmento do turismo cultural, no qual o deslocamento de
visitantes se dá por motivos vinculados às práticas gastronómicas de uma determinada
localidade (Gândara et al., 2009). Para melhor compressão do turismo gastronómico é
importante definir, inicialmente, o conceito de gastronomia, objecto da nossa pesquisa.
Segundo o Glossário de Gastronomia e Culinária (2009, como citado por Costa, 2009).
Como se pode depreender pela definição, a prática gastronómica abrange um rico universo de
bens culturais de natureza material (os alimentos em si e os utensílios culinários) e imaterias
(técnicas de preparo, rituais relacionados à degustação, representações do próprio alimento,
saberes, etc.), associados à identidade de um povo.
Como actividade, o turismo gastronómico já vem sendo desenvolvido com sucesso há
bastante tempo na Europa, mas a sua nomenclatura, de acordo com Long (2004, como citado
em Costa, 2009), só foi adquirida no final dos anos 1990, alicerçada ao preceito do
desenvolvimento sustentável, um conceito que emerge, segundo Santana (2016), por volta da
década 1980, como resposta à massificação da actividade turística e das consequências que
esta gera.
Com a expansão das linhas férreas e do parque automobilístico, as empresas passam a
explorar mais as regiões e as especialidades culinárias. Estas juntaram-se a outras
representações estereotipadas do “local”, os guias turísticos. Sob esta perspectiva, em 1920, o
Guia Michelin lança uma edição na França na qual aparecem os primeiros conselhos
gourmet2 . Entre 1930 e 1950, vários guias dedicados ao turismo gastronómico relançam
receitas das suas províncias com itinerários, rotas, passeios e excursões que fazem da
gastronomia local uma ponte essencial da experiência turística. A título de exemplo, temos o
Guide Bleu Bords de Loure et Sud, lançado em 1930 (que tinha como especialidade
gastronómica os principais vinhos de cada região da França) e o Guia Gastronómico d’Italia,
lançado em 1931 pela empresa de transporte Touring Club (Santana, 2016; Silva, 2013).
Literatura Moçambicana

A língua portuguesa pode não ter o mesmo prestígio que a língua Inglesa, mas também é uma
das mais faladas no mundo. Além de ser uma das mais belas línguas ela nos une a povos de
diversos países do mundo. Um ótimo exemplo disso é a Literatura Moçambicana que nos
permite sentir mais próximos do país.
Tendo o mesmo idioma que o nosso Moçambique é um país que mesmo estando tão distante
geograficamente pode ficar absurdamente perto através de seus livros e poesia. Porém, há que
se ressaltar que a literatura desse país tem uma história recente e um tanto curta se
compararmos com outros países.
Definição de Literatura Moçambicana
A literatura tida como literatura de Moçambique é aquela em português e que conta com
adição de expressões moçambicanas dentro do texto. Trata-se de um estilo literário ainda
bastante jovem, mas que já conta com autores de destaque como, por exemplo, José
Craveirinha, Mia Couto e Paulina Chiziane.
Como toda história literária a literatura de Moçambique também pode ser dividida em
períodos, confira abaixo um esquema com os principais acontecimentos e dados históricos de
cada período.
Periodização da Literatura Moçambicana
1º Período
Esse primeiro período da Literatura Moçambicana vai desde as suas origens até mais ou
menos o ano de 1924, ano em que os portugueses se retiraram da região. Em 1925, houve o
lançamento de O livro da dor, de João Albasini que marcou um novo período dessa rica
literatura.
O grande marco desse período foi a introdução do prelo no ano de 1854, porém, com menos
sucesso do que teve em Angola. Podemos dizer que até a década de 20 do século XX não
houve grande atividade literária em Moçambique. Um dos textos que mais se destacam nesse
período é o de Campos Oliveira (1847 a 1911).

2º Período
Esse é um período com uma produção um pouco mais extensa que o anterior e começa com o
lançamento de O Livro da Dor de João Albasini no ano de 1925 até o final da Segunda Guerra
Mundial.
Outro destaque desse período são os poemas de Rui de Noronha (1905 a 1943) publicados na
década de 30 de forma dispersa. No ano de 1946 foi lançado um livro chamado Sonetos com
uma compilação um tanto incompleta desses poemas, mas que serve de registro.
3º Período
O período tido como o 3º da literatura moçambicana vai de 1945/48 a 1963 e se caracteriza
por ser um período de formação dessa literatura. Passa a existir uma consciência de grupo
entre esses escritores. Além disso, é nesse período que Noémia de Sousa escreve todos os seus
principais poemas.
No ano de 1951 o livro Sangue Negro é publicado com 43 poemas dessa escritora. Outro
nome muito importante nesse período é o de José Craveirinha além de outros como Rui
Guerra, Rui Knopfli, Fonseca Amaral, Rui Nogar, Virgílio de Lemos, Orlando Mendes, entre
outros.
4º Período
Esse período da literatura de Moçambique se inicia em 1964 e vai até o ano de 1975. Esse
também é o período da guerra civil que tinha como objetivo libertar o país. O ano de 1964 foi
marcante pelo lançamento de Luís Bernardo Honwana publica Nós matámos o cão-tinhoso
que marca o começo da presença da prosa em detrimento da poesia.
As décadas de 60 e 70 são marcadas pela presença de muitos escritores de qualidade em
Moçambique. Dentre os principais nomes podemos destacar Heliodoro Baptista, Rui Knopfli,
Guilherme de Melo, Jorge Viegas, Sebastião Alba, Eduardo Pitta, Glória de Sant’Anna, João
Pedro Grabato Dias, Lourenço de Carvalho, Eugénio Lisboa, Ascêncio de Freitas.
5º Período
Esse é o período da consolidação da literatura moçambicana e vai de 1975 a 1992. Nesse
período não existem mais dúvidas a respeito da existência de uma literatura própria desse
país. O livro Silêncio escancarado (1982), de Rui Nogar (1935-1993) é um dos principais
marcos dessa época.
A literatura de Moçambique é uma parte importante da literatura da África como um todo e
perpassa pela história de luta civil desse país. Trata-se de um conjunto de obras muito
importante e que tem uma grande variedade de temáticas importantes para esse povo.
Monumentos icónicos
O Monumento aos Mortos da Grande Guerra em Lourenço Marques (Maputo)
Monumento da Grande Guerra, projecto do Escultor Rui Roque Gameiro. Representa a Pátria
fortalecida pela vitória militar.
Situada na Praça dos Trabalhadores em frente à estação dos Caminhos de Ferro ergue-se uma
estátua de granito em memória dos mortos da Grande Guerra.
Foi inaugurada no dia 11 de Novembro de 1935. Da autoria de Rui Roque Gameiro, é
constituída por um pesado bloco de forma cilíndrica, de pedras graníticas, com quatro
magníficos relevos alusivos ao esforço e sacrifícios dos que em Moçambique morreram pela
Pá tria nessa guerra, como descreve Alfredo Pereira Lima, no seu livro Lourenço Marques.

O Monumento aos Mortos da Grande Guerra em Mocimboa da Praia

O Monumento aos Mortos da Grande Guerra na Ilha de Moçambique


O Monumento aos Mortos da Grande Guerra em Goba
Referencia Bibliográfica

 https://www.cplp.org/id-2763.aspx
 http://bip.inage.gov.mz/wp
content/uploads/2021/04/Simbolos_Nacionais_Mocambique.pdf
 Constituição da República Popular de Moçambique
 «Página do Ethnologue com as línguas de Moçambique» (em inglês)
 «Lusofonia em Moçambique» (PDF). Consultado em 22 de julho de 2015
 "Moçambique: Inquérito de Indicadores de Imunização, Malária e HIV/SIDA em
Moçambique (IMASIDA), 2015" (PDF) (in Portuguese). Ministério da Saúde &
Instituto Nacional de Estatística. p. 40. Retrieved 20 April 2018.
 «3º Recenseamento Geral da População e Habitação». Instituto Nacional de
Estatística. 2017. Consultado em 27 de janeiro de 2021.
 WorldBank. «GDP (current US$) - Mozambique». Consultado em 4 de dezembro de
2020.
 WorldBank. «Gross domestic product 2019, PPP» (PDF). Consultado em 4 de
dezembro de 2020.

Você também pode gostar