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UNIVERSIDADE ADVENTISTA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE CIÊNCIAS DE SAÚDE


LICENCIATURA EM ENFERMAGEM E OBESTRICIA
1°Ano

CADEIRA:

NUTRIÇÃO HUMANA

TEMA:

Necessidade Nutricionais para grupos especiais: Alimentação infantil, amamentação, leite


materno, fórmulas, alimentação complementar, introdução a dieta familiar.

Considerações especiais: distúrbios nutricionais: Na adolescência (anorexia nervosa, bulimia),


Mulher gravida, Nutrição na gravidez e durante a lactação, os idosos: necessidades
nutricionais geriátricas especiais.

Discentes:

Sharon Carina Sadat Momad Omar

Aida Agostinho

Cleotilde Miguel

Gizera José

Lurdes Joaquim

Roberto Semende

Beira, Abril de 2024


Sharon Carina Sadat Momad Omar
Aida Agostinho
Cleotilde Miguel
Gizera José
Lurdes Joaquim
Roberto Semende

1°Ano

CADEIRA:
NUTRIÇÃO HUMANA

TEMA:
Necessidade Nutricionais para grupos especiais: Alimentação infantil, amamentação, leite
materno, fórmulas, alimentação complementar, introdução a dieta familiar.
Considerações especiais: distúrbios nutricionais: Na adolescência (anorexia nervosa, bulimia),
Mulher gravida, Nutrição na gravidez e durante a lactação, os idosos: necessidades
nutricionais geriátricas especiais.

Docente: dra. Fátima

Beira, Abril de 2024


Índice
1. Introdução............................................................................................................................2
1.1 Objectivo...............................................................................................................................2
1.1.1 Objetivo Geral....................................................................................................................2
1.1.2 Objetivos Específicos.........................................................................................................2
1.2 Metodologia..........................................................................................................................2
2. As necessidades nutricionais...............................................................................................3
2.1 Alimentação na Infância.......................................................................................................3
2.5 Alimentação complementar................................................................................................10
2.5.1 Os atributos da alimentação saudável..............................................................................11
2.5.2 Alimentação complementar para crianças menores de dois anos....................................12
2.5.3 Problemas nutricionais mais prevalentes na infância......................................................13
3. Dieta familiar.....................................................................................................................13
4. Distúrbios Nutricionais em Crianças e Adolescentes........................................................14
5. Obesidade..........................................................................................................................16
6. Transtornos Alimentares....................................................................................................16
6.2 Nutrição durante a Gravidez e Lactação.............................................................................18
6.3.1 Hidratação........................................................................................................................19
6.3.2 Calorias Extras.................................................................................................................19
6.3.3 Continuar a Suplementação.............................................................................................19
6.3.4 Alimentos Ricos em DHA...............................................................................................19
6.3.5 Evitar Alérgenos..............................................................................................................20
6.3.6 Moderação na Cafeína e Álcool.......................................................................................20
7. Nos idosos: Necessidades nutricional geriatrica especiais...............................................20
7.1 Necessidades/Erros Nutricionais Comuns Do Idoso..........................................................20
7.2 Recomendações nutricionais...............................................................................................21
8. Conclusão..........................................................................................................................24
9. Referencia Bibliográfica....................................................................................................25
1. Introdução
Neste presente trabalho de pesquisa com tema necessidade nutricionais para grupos
especiais: Alimentação Infantil, Amamentação, Leite Materno, Formulas, alimentação
complementar, introdução a dieta familiar e crianças e adolescente: considerações especiais:
Distúrbios nutricionais, na adolescência (anorexia, nervosa, bulimia), Nutrição na gravidez e
durante a lactação e nos idosos: Necessidades nutricional geriátrica, falando de necessidades
nutricionais que referem-se aos nutrientes essenciais que o corpo humano requer para
funcionar adequadamente. Esses nutrientes são obtidos a partir dos alimentos que
consumimos e são fundamentais para o crescimento, desenvolvimento, manutenção e reparo
do corpo. As necessidades nutricionais variam de pessoa para pessoa, dependendo de vários
fatores, como idade, sexo, nível de atividade física, estado de saúde e condições específicas,
como gravidez ou amamentação.
1.1 Objectivo
1.1.1 Objetivo Geral
 Conhecer as necessidades nutricionais para grupos especiais.
1.1.2 Objetivos Específicos
 Explicar sobre Alimentação infantil
 Descrever a amamentação
 Falar de alimentação complementar
 Descrever os distúrbios nutricionais
 Falar de anorexia nervosa, bulimia
 Explicar sobre nutrição na gravidez e durante a lactação,
 Falar das necessidades nutricional nos idosos.
1.2 Metodologia
Para o presente trabalho recorreu-se a pesquisa documental e bibliográfica para acedera
informação para a realização do mesmo, neste sentido, apresentam citando as fontes de cada
consulta feita, distanciando se de plagio ou mal entendido sobre a origem material do
conteúdo e o autor, quanto a natureza do problema recorreu-se a uma metodologia qualitativa.

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2. As necessidades nutricionais
As necessidades nutricionais referem-se aos nutrientes essenciais que o corpo humano
requer para funcionar adequadamente. Esses nutrientes são obtidos a partir dos alimentos que
consumimos e são fundamentais para o crescimento, desenvolvimento, manutenção e reparo
do corpo. As necessidades nutricionais variam de pessoa para pessoa, dependendo de vários
fatores, como idade, sexo, nível de atividade física, estado de saúde e condições específicas,
como gravidez ou amamentação.
2.1 Alimentação na Infância
Somente o leite materno, nos primeiros seis meses de vida, é suficiente para garantir uma
alimentação completa. A partir dessa idade é preciso diversificar os alimentos, fornecendo
todos os nutrientes que serão utilizados no metabolismo alimentar.
A partir dos seis meses o bebê está pronto para receber, de forma lenta e em pequenas
porções, alimentos complementares: papas de legumes, verduras, carnes e cereais; papas de
frutas; água e sucos de frutas. Mas o leite materno deve continuar até o segundo ano de vida
do bebê.
Entre 1 e 6 anos, é a fase muito importante para formação do hábito alimentar, pois a criança
já consome a mesma alimentação da família. A alimentação deve ser distribuída em 5 ou 6
refeições (café da manhã, lanche, almoço, lanche da tarde, jantar e ceia). As refeições devem
ser oferecidas em pequenas porções e ter uma preocupação maior com a qualidade, para evitar
carências nutricionais. Alguns nutrientes são fundamentais para crianças de 1 a 6 anos, como:
 Ferro: carne vermelha e gema de ovo;
 Cálcio: leite, queijos, iogurte e vegetais verde escuros;
 Zinco: carne vermelha;
 Vitamina A: cenoura, beterraba e mamão;
 Vitamina D: carnes em geral e peixes.
Entre 6 e 10 anos é a fase caracterizada por maior atividade física, ritmo de crescimento mais
lento em relação à altura, mas com predomínio do ganho de peso. Resumidamente, as
diretrizes gerais para alimentação nesta fase são:
Ingestão de nutrientes em quantidade e qualidade adequadas ao crescimento e
desenvolvimento desta faixa etária.
Alimentação variada, que inclua todos os grupos alimentares (grãos, frutas, hortaliças, leite e
derivados e carnes).
Consumo moderado de gorduras, sal e açúcar.

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Controle do ganho excessivo de peso, com a adequação do consumo de alimentos e
desenvolvimento de atividade física regular.
A falta ou o excesso de alimentos, na infância, podem causar doenças nutricionais como
desnutrição, anemia, raquitismo, hipovitaminoses e obesidade.
Importante ressaltar, que a obesidade infantil é uma doença de consequências graves, podendo
causar problemas na coluna e nas articulações; diabetes ao atingir a idade adulta; e, ainda,
interferir na autoestima da criança. Além do que, o consumo exagerado de refrigerantes,
balas, doces e frituras causa acúmulo de sal, gordura e açúcar no organismo e pode ser
responsável por colesterol alto, mau rendimento escolar e maior risco de contrair doenças.
2.2 Amamentação
O leite materno é o alimento ideal para recém-nascidos e bebês. Ainda que os bebês possam
ser alimentados com leite materno ou fórmula láctea, a Organização Mundial da Saúde
(OMS) e a Academia Americana de Pediatria (AAP) recomendam amamentação exclusiva, se
possível, durante cerca de seis meses, com a introdução de alimentos sólidos depois desse
período. Outras organizações sugerem os pais introduzam alimentos sólidos entre 4 e 6 meses
de idade enquanto continuam a amamentar o bebê. Os sinais de que um bebê está pronto para
alimentos sólidos incluem um bom controle da cabeça e do pescoço, capacidade de sentar-se
ereto quando apoiado, interesse em alimentos, abrir a boca quando alimentos são oferecidos
em uma colher e engolir alimentos em vez de empurrá-los para fora. A maioria dos bebês
começa a mostrar esses sinais até os seis meses de idade. Não se recomenda a introdução de
alimentos sólidos antes dos quatro meses de idade. A introdução de alimentos contendo
amendoim e ovos antes dos 12 meses de idade é incentivada porque há evidências de que isso
pode prevenir o desenvolvimento de alergia a esses alimentos.
A amamentação pode ser continuada depois da criança completar um ano de idade, a
depender das preferências da mãe. Contudo, depois de um ano de idade, a amamentação deve
ser usada para suplementar uma dieta plena de alimentos sólidos e outros líquidos.
2.2.1 Fórmula infantil

A fórmula infantil (ou apenas fórmula) é um produto dietético especial destinado à


alimentação de bebês. Geralmente é feito de leite de vaca, embora você possa encontrar leite
para bebês à base de leite de cabra. O leite animal é tratado previamente, para ser adequado
para bebês. Você não deve alimentar seu bebê com leite de vaca comum em vez de fórmula
infantil. Bebês pequenos (até um ano de idade) não conseguem digerir adequadamente o leite
de vaca não tratado, o que pode levar a problemas de saúde. O leite de vaca também não tem a
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quantidade certa de nutrientes importantes, como vitamina C e ferro, o que pode levar à
anemia por deficiência de ferro (confira a nossa calculadora de deficiência de ferro 🇺🇸 para
saber mais). Além disso, as fórmulas geralmente são enriquecidas com ferro e DHA e
ARA (ácidos docosa-hexaenóico e araquidônico), que auxiliam o desenvolvimento do cérebro
do bebê.
Tabelas de alimentação com fórmula para bebês recém-nascidos
Quanto leite um bebê deve beber por dia?
Idade Quantidade de fórmula por dia
1 a 4 dias de vida 30-60 ml/kg
5 dias a 3 meses de idade 150 ml/kg*
3 a 6 meses de idade 120 ml/kg
6 a 12 meses de idade 100 ml/kg

*Alguns bebês podem precisar de 180-200 ml/kg.


Tabela de alimentação com fórmula para bebês: com que frequência eles devem ser
alimentados?
Idade Quantidade aproximada de Número de alimentações por dia
fórmula por alimentação
Recém-nascido 60-90 ml (talvez entre 15-60ml 8-12 vezes (a cada 2-3 horas)
nos primeiros dias)
1 mês 60-120 ml 6-8 vezes (a cada 3-4 horas)
2 meses 150-180 ml 6-7 vezes (aproximadamente a cada
3-4 horas)
4 meses 120-180 ml 5-6 vezes (aproximadamente a cada
4-5 horas)
6 meses* 180-240 ml 5-6 vezes (aproximadamente a cada
4-5 horas)
7-9 meses 180-360 ml 3-5 vezes (aproximadamente a cada
5-8 horas)
10-12 meses 180-330 ml 3-4 vezes (aproximadamente a cada
6-8 horas)

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2.2.2 Início da amamentação
Nos primeiros dias após o parto são fundamentais para o sucesso da amamentação. É um
período de intenso aprendizado para a mãe e o bebê.
2.2.3 Duração da amamentação
Quando a criança recebe leite vários estudos sugerem que a duração da amamentação na
espécie humana seja, em média, de dois a três anos, idade em que costuma ocorrer o desmame
naturalmente (KENNEDY, 2005).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde recomendam aleitamento
materno exclusivo por seis meses e complementado até os dois anos ou mais. Não há
vantagens em se iniciar os alimentos complementares antes dos seis meses, podendo,
inclusive, haver prejuízos à saúde da criança, pois a introdução precoce de outros alimentos
está associada a:
 Maior número de episódios de diarreia
 Maior número de hospitalizações por doença respiratória;
 Risco de desnutrição se os alimentos introduzidos forem nutricionalmente in-feriores ao
leite materno, como, por exemplo, quando os alimentos são muito diluídos;
 Menor absorção de nutrientes importantes do leite materno, como o ferro e o zinco;
 Menor eficácia da lactação como método anticoncepcional;
 Menor duração do aleitamento materno.
No segundo ano de vida, o leite materno continua sendo importante fonte de nutrientes.
Estima-se que dois copos (500ml) de leite materno no segundo ano de vida fornecem 95% das
necessidades de vitamina C, 45% das de vitamina A, 38% das de proteína e 31% do total de
energia. Além disso, o leite materno continua protegendo contra doenças infecciosas. Uma
análise de estudos realizados em três continentes con-cluiu que quando as crianças não eram
amamentadas no segundo ano de vida elas tinham uma chance quase duas vezes maior de
morrer por doença infecciosa quando compara-das com crianças amamentadas. (WORLD
HEALTH ORGANIZATION, 2000)
2.2.4 Importância do aleitamento materno
Já está devidamente comprovada, por estudos científicos, a superioridade do leite materno
sobre os leites de outras espécies. São vários os argumentos em favor do aleitamento materno.
2.2.4.1 Evita mortes infantis
Graças aos inúmeros fatores existentes no leite materno que protegem contra in-fecções,
ocorrem menos mortes entre as crianças amamentadas. Estima-se que o aleita-mento materno

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poderia evitar 13% das mortes em crianças menores de 5 anos em todo mundo, por causas
preveníveis (JONES et al., 2003).
2.2.4.2 Evita diarreia
Há fortes evidências de que o leite materno protege contra a diarréia, principal-mente em
crianças mais pobres. É importante destacar que essa proteção pode diminuir quando o
aleitamento materno deixa de ser exclusivo. Oferecer à criança amamentada água ou chás,
prática considerada inofensiva até pouco tempo atrás, pode dobrar o risco de diarréia nos
primeiros seis meses. (BROWN et al., 1989; POPKIN et al., 1992)
Além de evitar a diarréia, a amamentação também exerce influência na gravidade dessa
doença. Crianças não amamentadas têm um risco três vezes maior de desidrata-rem e de
morrerem por diarréia quando comparadas com as amamentadas. (VICTORIA et al., 1992).
2.2.4.3 Evita infecção respiratória
A proteção do leite materno contra infecções respiratórias foi demonstrada em vários estudos
realizados em diferentes partes do mundo, inclusive no Brasil. Assim como ocorre com a
diarréia, a proteção é maior quando a amamentação é exclusiva nos primeiros seis meses.
Além disso, a amamentação diminui a gravidade dos episódios de infecção respiratória. Em
Pelotas (RS), a chance de uma criança não amamentada internar por pneumonia nos primeiros
três meses foi 61 vezes maior do que em crianças amamentadas exclusivamente (CESAR et
al., 1999). Já o risco de hospitalização por bronquiolite foi sete vezes maior em crianças
amamentadas por menos de um mês. (ALBERNAZ; MENEZES; CESAR, 2003)
2.2.4.4 Diminui o risco de alergias
Estudos mostram que a amamentação exclusiva nos primeiros meses de vida diminui o risco
de alergia à proteína do leite de vaca, de dermatite atópica e de outros tipos de alergias,
incluindo asma e sibilos recorrentes (VAN ODIJK et al., 2003). Assim, retardar a introdução
de outros alimentos na dieta da criança pode prevenir o aparecimento de alergias,
principalmente naquelas com histórico familiar positivo para essas doenças.
2.2.4.5 Diminui o risco de hipertensão, colesterol alto e diabetes
Há evidências sugerindo que o aleitamento materno apresenta benefícios em longo prazo. A
OMS publicou importante revisão sobre evidências desse efeito (HORTA et al., 2007). Essa
revisão concluiu que os indivíduos amamentados apresentaram pressões sistólica e diastólica
mais baixas (-1,2mmHg e -0,5mmHg, respectivamente), níveis menores de colesterol total (-
0,18mmol/L) e risco 37% menor de apresentar diabetes tipo 2.

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Não só o indivíduo que é amamentado adquire proteção contra diabetes, mas também a
mulher que amamenta. Foi descrita uma redução de 15% na incidência de diabetes tipo 2 para
cada ano de lactação (STUEBE et al., 2005). Atribui-se essa proteção a uma melhor
homeostase da glicose em mulheres que amamentam.
2.2.4.6 Reduz a chance de obesidade
A maioria dos estudos que avaliaram a relação entre obesidade em crianças maiores de 3 anos
e tipo de alimentação no início da vida constatou menor frequência de sobre peso / obesidade
em crianças que haviam sido amamentadas. Na revisão da OMS sobre evidências do efeito do
aleitamento materno em longo prazo, os indivíduos amamentados tiveram uma chance 22%
menor de vir a apresentar sobrepeso/obesidade (DEWEY, 2003).
2.2.4.7 Melhor nutrição
Por ser da mesma espécie, o leite materno contém todos os nutrientes essenciais para o
crescimento e o desenvolvimento ótimos da criança pequena, além de ser mais bem digerido,
quando comparado com leites de outras espécies. O leite materno é capaz de suprir sozinho as
necessidades nutricionais da criança nos primeiros seis meses e continua sendo uma
importante fonte de nutrientes no segundo ano de vida, especialmente de proteínas, gorduras e
vitaminas.
2.2.4.8 Efeito positivo na inteligência
Há evidências de que o aleitamento materno contribui para o desenvolvimento cognitivo. A
maioria dos estudos conclui que as crianças amamentadas apresentam vantagem nesse aspecto
quando comparadas com as não amamentadas, principalmente as com baixo peso de
nascimento. Essa vantagem foi observada em diferentes idades, (ANDERSON;
JOHNSTONE; REMLEY, 1999).
2.2.4.9 Evita nova gravidez
A amamentação é um excelente método anticoncepcional nos primeiros seis meses após o
parto (98% de eficácia), desde que a mãe esteja amamentando exclusiva ou
predominantemente e ainda não tenha menstruado (GRAY et al., 1990). Estudos comprovam
que a ovulação nos primeiros seis meses após o parto está relacionada com o número de
mamadas; assim, as mulheres que ovulam antes do sexto mês após o parto em geral
amamentam menos vezes por dia que as demais.
2.2.4.10 Promoção do vínculo afetivo entre mãe e filho
Acredita-se que a amamentação traga benefícios psicológicos para a criança e para a mãe.
Uma amamentação prazerosa, os olhos nos olhos e o contato contínuo entre mãe e filho

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certamente fortalecem os laços afetivos entre eles, oportunizando intimidade, troca de afeto e
sentimentos de segurança e de proteção na criança e de autoconfiança e de realização na
mulher.
2.2.4.11 Melhor qualidade de vida
O aleitamento materno pode melhorar a qualidade de vida das famílias, uma vez que as
crianças amamentadas adoecem menos, necessitam de menos atendimento médico,
hospitalizações e medicamentos, o que pode implicar menos faltas ao trabalho dos pais, bem
como menos gastos e situações estressantes. Além disso, quando a amamentação é bem
sucedida, mães e crianças podem estar mais felizes, com repercussão nas relações familiares
e, consequentemente, na qualidade de vida dessas famílias.
2.3 Técnica De Amamentação
Apesar de a sucção do bebê ser um ato reflexo, ele precisa aprender a retirar o leite do peito
de forma eficiente. Quando o bebê pega a mama adequadamente – o que requer uma abertura
ampla da boca, abocanhando não apenas o mamilo, mas também parte da aréola –, forma-se
um lacre perfeito entre a boca e a mama, garantindo a formação do vácuo, indispensável para
que o mamilo e a aréola se mantenham dentro da boca do bebê.
A língua eleva suas bordas laterais e a ponta, formando uma concha (canolamento) que leva o
leite até a faringe posterior e esôfago, ativando o reflexo de deglutição. A retirada do leite
(ordenha) é feita pela língua, graças a um movimento peristáltico rítmico da ponta da língua
para trás, que comprime suavemente o mamilo. Enquanto mama no peito, o bebê respira pelo
nariz, estabelecendo o padrão normal de respiração nasal.
2.3.1 Produção do leite materno
As mulheres adultas possuem, em cada mama, entre 15 e 25 lobos mamários, que 19 são
glândulas túbulo-alveolares constituídas, cada uma, por 20 a 40 lóbulos. Estes, por sua vez,
são formados por 10 a 100 alvéolos. Envolvendo os alvéolos, estão as células mioepiteliais e,
entre os lobos mamários, há tecido adiposo, tecido conjuntivo, vasos sanguíneos, tecido
nervoso e tecido linfático. O leite produzido nos alvéolos é levado até os seios lactíferos por
uma rede de ductos.
2.4 Manutenção da amamentação
2.4.1 Alimentação da nutriz
Para a produção do leite, é necessária a ingestão de calorias e de líquidos além do habitual.
Por isso, durante o período de amamentação, costuma haver um aumento do apetite e da sede
da mulher e também algumas mudanças nas preferências alimentares. Acredita-se que um

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consumo extra de 500 calorias por dia seja o suficiente, pois a maioria das mulheres
armazena, durante a gravidez, de 2kg a 4kg para serem usados na lactação.
Fazem parte das recomendações para uma alimentação adequada durante a lactação os
seguintes itens:
 Consumir dieta variada, incluindo pães e cereais, frutas, legumes, verduras, derivados
do leite e carnes;
 Consumir três ou mais porções de derivados do leite por dia;
 Esforçar-se para consumir frutas e vegetais ricos em vitamina A;
 Certificar-se de que a sede está sendo saciada;
 Evitar dietas e medicamentos que promovam rápida perda de peso (mais de 500g por
semana);
 Consumir com moderação café e outros produtos cafeinados.
A alimentação ideal de uma nutriz pode não ser acessível para muitas mulheres de famílias
com baixa renda, o que pode desestimulá-las a amamentar seus filhos. Por isso, a orientação
alimentar de cada nutriz deve ser feita levando-se em consideração, além das preferências e
dos hábitos culturais, a acessibilidade aos alimentos.
2.4.2 Características e funções do leite materno
Apesar de a alimentação variar enormemente, o leite materno, surpreendentemente, apresenta
composição semelhante para todas as mulheres que amamentam do mundo. Apenas as com
desnutrição grave podem ter o seu leite afetado na sua qualidade e quantidade.
Nos primeiros dias, o leite materno é chamado colostro, que contém mais proteínas e menos
gorduras do que o leite maduro, ou seja, o leite secretado a partir do sétimo ao décimo dia
pós-parto. O leite de mães de recém-nascidos prematuros é diferente do de mães de bebês a
termo.
2.5 Alimentação complementar
A alimentação complementar, também conhecida como introdução alimentar ou
diversificação alimentar, é o processo pelo qual se introduzem alimentos sólidos ou semi-
sólidos na dieta de um bebê, além do leite materno ou da fórmula infantil. Essa transição
geralmente ocorre por volta dos 6 meses de idade, embora possa variar de acordo com o
desenvolvimento individual da criança.
O objetivo principal da alimentação complementar é fornecer os nutrientes necessários para o
crescimento e desenvolvimento saudável do bebê, além de habituá-lo gradualmente a
diferentes texturas e sabores alimentares. Ao longo desse processo, o leite materno ou a

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fórmula infantil continuam sendo uma fonte importante de nutrientes, mas os alimentos
complementares gradualmente assumem um papel mais significativo na dieta da criança.
É importante que a introdução dos alimentos complementares seja feita de forma gradual e
cuidadosa, respeitando as necessidades e a aceitação individual do bebê. Os alimentos devem
ser adequados à idade e à capacidade de mastigação do bebê, além de serem nutritivos e
seguros. É recomendável iniciar com alimentos amassados ou em purê, e posteriormente
introduzir alimentos em pedaços, conforme o bebê desenvolve habilidades de mastigação.
Durante o processo de alimentação complementar, os pais ou cuidadores devem ficar atentos
a sinais de alergias alimentares ou intolerâncias, bem como garantir uma variedade de
alimentos para promover uma alimentação equilibrada e saudável. É aconselhável buscar
orientação de profissionais de saúde, como pediatras ou nutricionistas, para auxiliar nesse
processo e esclarecer dúvidas específicas relacionadas à alimentação complementar do bebê.

2.5.1 Os atributos da alimentação saudável


A alimentação saudável deve contemplar os seguintes pontos básicos, são eles:
Acessibilidade física e financeira: ao contrário do que tem sido construída socialmente, por
meio de informação equivocada, veiculada principalmente pela média, a alimentação saudável
não é cara, pois se baseia em alimentos in natura e produzidos regionalmente. A alimentação
das crianças deve ser composta por alimentos básicos e devem ser evitados alimentos
processados nos primeiros anos de vida.
Sabor: o argumento da ausência de sabor da alimentação saudável é outro tabu a ser
desmistificado, pois é e precisa ser necessariamente saborosa. As crianças, ao receberem a
alimentação complementar, tendem a se acostumar com os alimentos na forma como são
inicialmente oferecidos. A família deve resgatar o sabor como um atributo fundamental para a
promoção da alimentação saudável.
Variedade: o consumo de vários tipos de alimentos fornece os diferentes nutrientes
necessários, evitando a monotonia alimentar, que limita a disponibilidade de nutrientes
necessários para atender a uma alimentação adequada; as crianças devem ser expostas a
diferentes alimentos, sendo necessárias, às vezes, diversas exposições ao mesmo alimento
para a sua aceitação.
Cor: a alimentação saudável contempla uma ampla variedade de grupos de alimentos com
múltiplas colorações. Sabe-se que quanto mais colorida é a alimentação, mais rica é em

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termos de vitaminas e minerais. Essa variedade de coloração torna a refeição atrativa, o que
agrada aos sentidos e estimula o consumo de alimentos saudáveis, como frutas, legumes e
verduras, grãos e tubérculos em geral.
Harmonia: essa característica da alimentação se refere especificamente à garantia do
equilíbrio em quantidade e em qualidade dos alimentos consumidos para o alcance de uma
nutrição adequada, considerando que tais fatores variam de acordo com a fase do curso da
vida e outros fatores, como estado nutricional, estado de saúde, idade, sexo, grau de atividade
física, estado fisiológico.
Segurança sanitária: os alimentos devem ser seguros para o consumo, ou seja, não devem
apresentar contaminantes de natureza biológica, física ou química ou outros perigos que
comprometam a saúde do indivíduo ou da população.

2.5.2 Alimentação complementar para crianças menores de dois anos


A introdução de alimentos na dieta da criança após os seis meses de idade deve complementar
as numerosas qualidades e funções do leite materno, que deve ser mantido preferencialmente
até os dois anos de vida ou mais. Além de suprir as necessidades nutricionais, a partir dos seis
meses a introdução da alimentação complementar aproxima progressivamente a criança aos
hábitos alimentares de quem cuida dela e exige todo um esforço adaptativo a uma nova fase
do ciclo de vida, na qual lhe são apresentados novos sabores, cores, aromas, texturas e
saberes.
O grande desafio do profissional de saúde é conduzir adequadamente esse processo,
auxiliando a mãe e os cuidadores da criança de forma adequada, e estar atento às necessidades
da criança, da mãe e da família, acolhendo dúvidas, preocupações, dificuldades,
conhecimentos prévios e também os êxitos, que são tão importantes quanto o conhecimento
técnico para garantir o sucesso de uma alimentação complementar saudável. Para tal, a
empatia e a disponibilidade do profissional são decisivas, já que muitas inseguranças no
cuidado com a criança não têm “hora agendada” para ocorrer e isso exige sensibilidade e
vigilância adicional não só do profissional procurado, mas de todos os profissionais da equipe,
para garantir o vínculo e a continuidade do cuidado.
O sucesso da alimentação complementar depende de muita paciência, afeto e suporte por
parte da mãe e de todos os cuidadores da criança. Toda a família deve ser estimulada a
contribuir positivamente nessa fase. Se durante o aleitamento materno exclusivo a criança é
mais intensamente ligada à mãe, a alimentação complementar permite maior interação do pai,

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dos avôs e avós, dos outros irmãos e familiares, situação em que não só a criança aprende a
comer, mas também toda a família aprende a cuidar. Tal interação deve ser ainda mais
valorizada em situações em que a mãe, por qualquer motivo, não é a principal provedora da
alimentação à criança.
A alimentação complementar deve prover suficientes quantidades de água, energia, proteínas,
gorduras, vitaminas e minerais, por meio de alimentos seguros, culturalmente aceitos,
economicamente acessíveis e que sejam agradáveis à criança.
As práticas alimentares no primeiro ano de vida constituem marco importante na formação
dos hábitos alimentares da criança. Esse período pode ser dividido em duas fases: antes dos
seis meses e após os seis meses. No primeiro semestre de vida objetiva-se que a criança mame
por seis meses exclusivamente ou que, pelo menos, retarde pelo maior tempo possível a
introdução de outros alimentos. A partir de seis meses a criança deve receber outros
alimentos, além do leite materno.
2.5.3 Problemas nutricionais mais prevalentes na infância
A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou a estratégia global para alimentação de
lactentes e crianças pequenas, que visa a revitalizar os esforços no sentido de promover,
proteger e apoiar adequadamente a alimentação das crianças. Em todo o mundo cerca de 30%
das crianças menores de cinco anos apresentam baixo peso, como consequência da má
alimentação e repetidas infecções. Nas últimas décadas, avançou-se muito nas evidências das
necessidades biológicas das crianças, o que possibilita recomendar práticas alimentares que
propiciam o crescimento adequado das crianças (WORLD HEALTH ORGANIZATION,
2003).
A partir dos seis meses de idade, a alimentação complementar, conforme o nome sugere, tem
a função de complementar a energia e micronutrientes necessários para o crescimento
saudável e pleno desenvolvimento das crianças. As situações mais comuns relacionadas à
alimentação complementar oferecida de forma inadequada são: anemia, excesso de peso e
desnutrição.
3. Dieta familiar
Em uma sociedade onde a vida cotidiana muitas vezes é agitada e repleta de compromissos, a
alimentação pode facilmente se tornar uma reflexão tardia. No entanto, a importância de uma
dieta saudável para o bem-estar físico e mental de toda a família não pode ser subestimada.
Uma dieta familiar equilibrada não apenas fornece os nutrientes necessários para o

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crescimento e desenvolvimento, mas também promove hábitos alimentares saudáveis que
podem durar toda a vida.
1. Conhecendo os Fundamentos da Nutrição
Antes de começar qualquer dieta familiar, é fundamental compreender os princípios básicos
da nutrição. Isso inclui entender os diferentes grupos de alimentos e suas funções no corpo
humano, bem como a importância de uma ingestão equilibrada de carboidratos, proteínas,
gorduras, vitaminas e minerais.
2. Planejamento é a Chave
O planejamento é essencial para uma dieta familiar bem-sucedida. Reserve um tempo
regularmente para planejar as refeições da semana, levando em consideração as preferências
individuais de cada membro da família.
Mantenha uma lista de compras atualizada e faça compras regulares para garantir que você
tenha ingredientes frescos e saudáveis à disposição.

3. Envolva Toda a Família


Envolver toda a família no processo de planejamento e preparação das refeições pode
aumentar a probabilidade de sucesso. Incentive as crianças a ajudarem na cozinha, permitindo
que escolham ingredientes saudáveis e participem da preparação das refeições.
4. Seja um Modelo a Seguir
Como pais ou responsáveis, vocês desempenham um papel fundamental na formação dos
hábitos alimentares de seus filhos. Seja um modelo a seguir ao fazer escolhas alimentares
saudáveis e demonstrar uma atitude positiva em relação à comida.
5. Equilíbrio e Moderação
Lembre-se de que uma dieta saudável é baseada no equilíbrio e na moderação. Permita que
sua família desfrute de seus alimentos favoritos ocasionalmente, mas sempre com moderação.
4. Distúrbios Nutricionais em Crianças e Adolescentes
A desnutrição é um distúrbio nutricional comum em crianças e adolescentes e refere-se à
condição na qual há uma ingestão insuficiente de nutrientes essenciais para atender às
necessidades do organismo. Isso pode resultar de uma dieta pobre em nutrientes, falta de
acesso a alimentos adequados, condições socioeconômicas desfavoráveis, ou mesmo
problemas de saúde que interferem na absorção dos nutrientes.

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4.1 Tipos de Desnutrição
4.1.2 Desnutrição Aguda
Este tipo de desnutrição é caracterizado pela falta aguda de nutrientes essenciais por um
período relativamente curto. Pode ocorrer devido a situações como crises alimentares,
desastres naturais, ou doenças graves que causam perda de apetite.
4.1.3 Desnutrição Crônica
Também conhecida como desnutrição estacional ou subnutrição crônica, este tipo de
desnutrição ocorre ao longo do tempo, resultando da ingestão insuficiente de nutrientes
essenciais. Pode ser causada por fatores socioeconômicos, falta de acesso a alimentos
nutritivos, ou práticas alimentares inadequadas.
4.1.4 Desnutrição Global
Refere-se à combinação de desnutrição aguda e crônica. Este tipo de desnutrição pode levar a
complicações graves e afetar significativamente o crescimento, desenvolvimento e saúde geral
da criança ou adolescente.
4.1.4.1 Causas e Fatores de Risco
4.1.4.2 Ingestão Insuficiente de Alimentos
Uma dieta pobre em nutrientes essenciais, incluindo proteínas, vitaminas e minerais, é uma
das principais causas de desnutrição.
4.1.4.3 Condições Socioeconômicas Desfavoráveis
Famílias de baixa renda podem ter dificuldade em acessar alimentos nutritivos devido ao
custo elevado ou à falta de recursos.
4.1.4.4 Doenças Crônicas
Algumas condições de saúde, como infecções crônicas, doenças gastrointestinais e distúrbios
metabólicos, podem interferir na absorção de nutrientes e contribuir para a desnutrição.
4.2 Práticas Alimentares Inadequadas
Hábitos alimentares inadequados, como consumo excessivo de alimentos processados, falta
de diversidade na dieta e pular refeições, podem aumentar o risco de desnutrição.
4.3 Impacto da Desnutrição
Atraso no Crescimento e Desenvolvimento: A desnutrição pode afetar o crescimento físico
e o desenvolvimento cognitivo, resultando em estatura baixa, baixo peso corporal e
comprometimento das habilidades cognitivas.
Fraqueza e Fadiga: Crianças e adolescentes desnutridos podem sentir-se constantemente
cansados, fracos e com falta de energia devido à falta de nutrientes essenciais.

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Comprometimento do Sistema Imunológico: A desnutrição pode enfraquecer o sistema
imunológico, aumentando o risco de infecções e doenças.
4.4 Prevenção e Tratamento
Promoção de Dietas Balanceadas: É fundamental promover uma alimentação equilibrada e
nutritiva, rica em frutas, vegetais, proteínas magras e grãos integrais.
Acesso a Alimentos Nutritivos: Políticas públicas que visam garantir o acesso universal a
alimentos nutritivos podem ajudar a prevenir a desnutrição em comunidades vulneráveis.
Intervenção Médica e Nutricional: Crianças e adolescentes identificados como desnutridos
podem necessitar de intervenção médica e nutricional para corrigir deficiências nutricionais e
promover o crescimento e desenvolvimento adequados.
5. Obesidade
O sobrepeso e a obesidade surgiram como uma crise de saúde pública nas últimas décadas.
Por todo o mundo, estima-se que mais de 340 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 19
anos de idade são obesas ou possuem sobrepeso, enquanto no Brasil, segundo o Ministério da
Saúde (2021), a estimativa é que 6,4 milhões de crianças tenham excesso de peso e 3,1
milhões obesidade. A prevalência dessa patologia sofreu um aumento de 4%, em 1975, para
18%, em 2016, na população infantil global (GREYDANUS DE, 2018).
A obesidade é definida como multifatorial, estando associada a fatores genéticos, perinatais e
ambientais. Em relação aos fatores perinatais, destaca-se a obesidade materna e o ganho de
peso exacerbado durante a gestação, o que leva a um crescimento excessivo do feto devido ao
aumento do fator de crescimento semelhante à insulina (IGF-1). Os genes também têm grande
relação causal com a obesidade devido a sua capacidade de influenciar processos como gasto
energético, saciedade e apetite. Assim, o diagnóstico da obesidade em um dos pais amplia em
até três vezes o risco de desenvolvimento do quadro no seu filho e este risco aumenta para 15
vezes se ambos os pais possuírem esta condição (CAMACHO WJM,et al., 2019).
Em relação aos fatores ambientais, observa-se que o estado nutricional pode ser visto como
reflexo da realidade social vivenciada pelo indivíduo. Nesse sentido, a globalização refletiu na
crescente dinâmica envolvendo fast food, gerando uma dieta rica em sódio, açúcares e
gordura poli insaturada. Dessa forma, essas características das refeições juntamente com uma
vida sedentária torna o balanço energético positivo, constituindo, assim, a principal causa da
obesidade infantil (CAMACHO WJM,et al., 2019).
6. Transtornos Alimentares

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Os transtornos alimentares, como anorexia nervosa, bulimia nervosa e transtorno da
compulsão alimentar periódica (TCAP), são distúrbios graves que afetam a alimentação e a
saúde mental dos jovens.
6.1 Anorexia Nervosa
Pacientes diagnosticados com anorexia nervosa se autoavaliam com excesso de peso – ainda
que estejam abaixo do peso ideal. Exercício físicos exagerados, uso indevido de laxantes,
diuréticos, entre outros, fazem parte da rotina do portador de anorexia nervosa.
6.1.1 Sintomas
 Peso corporal extremamente baixo (perda de massa e gordura);
 Restrição alimentar severa;
 Falta de vontade para manter um peso normal e saudável;
 Preocupação em não ganhar peso;
 Distorção da imagem corporal;
 No caso das mulheres, inibição do ciclo menstrual;
 Gastrite;
 Descamação e pele seca;
 Hipotermia;
 Anemia.
6.1.2 Tratamento
O primeiro passo é hidratar organismo. A Assistência de um bom psicólogo, um nutricionista
e terapias, além de medicamentos, faz parte das indicações de tratamentos para a anorexia
nervosa. A participação e apoio da família é fundamental para um bom resultado.
6.1.3 Bulimia Nervosa
Pessoas diagnosticadas com bulimia nervosa comem em grande quantidade. Vômitos
forçados, uso de laxantes e diuréticos, jejum e exercícios físicos excessivos, está na rotina de
quem é portador desse transtorno alimentar. Esses comportamentos podem ocorrer em
qualquer lugar e em várias vezes na semana e ao dia.
O que diferencia a bulimia da anorexia nervosa é que uma boa parte dos pacientes conseguem
preservar o peso que é considerado saudável pelo Índice de Massa Corporal (IMC).
6.1.3.1 Sintomas
 Crônica inflamada e dor de garganta;
 Problemas nas glândulas salivares, como inchaço na região do pescoço e da
mandíbula;

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 Erosão do esmalte dentário devido ao ácido do estômago, em decorrência dos vômitos;
 Descomodidade intestinal e irritação devido ao abuso de laxante;
 Desidratação grave da purga de fluidos;
 Desequilíbrio de eletrólitos (níveis muito altos ou muito baixos de sódio, cálcio,
potássio, entre outros);
 Sangramento retal, quando utilizado laxantes
6.1.3.2 Tratamento
A participação da família também é indispensável. O paciente precisa sentir que não está
sozinho e que sua família não sente vergonha da situação e quer ajudá-lo a sair dessa
vitorioso. Os especialistas indicados são clínicos, psicólogos, psiquiatras e nutricionistas,
além de terapias individuais de grupo ou com a família. A terapia cognitivo comportamental
costuma ser muito recomendada.
6.2 Nutrição durante a Gravidez e Lactação
6.2.1 Nutrição durante a Gravidez
Durante a gravidez, o corpo da mulher passa por mudanças significativas para sustentar o
crescimento e desenvolvimento do feto. Uma dieta bem equilibrada, composta por uma
variedade de alimentos nutritivos, é fundamental para atender às necessidades crescentes de
ambos.
6.2.2 Ácido Fólico e Ferro
O ácido fólico desempenha um papel vital na prevenção de defeitos no tubo neural do bebê.
Fontes alimentares incluem folhas verde-escuras, legumes e grãos enriquecidos.
O ferro é essencial para prevenir a anemia materna e fetal, além de apoiar o aumento do
volume sanguíneo durante a gravidez. Carnes magras, leguminosas e alimentos fortificados
são boas fontes de ferro.
6.2.3 Cálcio
O cálcio é essencial para a saúde óssea da mãe e do bebê em desenvolvimento. Leite e
derivados, tofu, sardinha e vegetais de folhas verdes são boas fontes de cálcio.
6.2.4 Ômega-3
Os ácidos graxos ômega-3, especialmente o DHA, são importantes para o desenvolvimento
cerebral e visual do bebê. Peixes gordurosos, como salmão e sardinha, são excelentes fontes
de ômega-3.

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6.2.5 Proteínas
As proteínas são blocos de construção essenciais para o crescimento e desenvolvimento do
bebê, bem como para o reparo do tecido materno. Fontes de proteína incluem carnes magras,
aves, peixes, ovos, laticínios, leguminosas e nozes.
6.2.6 Vitaminas e Minerais
Além do ácido fólico e do ferro, outras vitaminas e minerais, como vitamina D, vitamina C,
zinco e magnésio, desempenham papéis importantes durante a gravidez. Uma dieta variada
que inclui frutas, vegetais, grãos integrais, proteínas magras e laticínios geralmente oferece
uma ampla gama desses nutrientes.
6.2.7 Hidratação
Manter-se bem hidratada é essencial durante a gravidez para apoiar o aumento do volume
sanguíneo, a função renal e outras funções corporais. Beber água regularmente ao longo do
dia é fundamental.
6.3 Nutrição durante a Lactação
Durante a lactação, a qualidade e quantidade da dieta da mãe continuam a ser vitais para
garantir a saúde e o crescimento adequado do bebê através do leite materno.
6.3.1 Hidratação
Assim como durante a gravidez, é importante que as mães que amamentam permaneçam bem
hidratadas. Beber água suficiente ao longo do dia é essencial para apoiar a produção de leite
materno.
6.3.2 Calorias Extras
As mães que amamentam necessitam de calorias extras para sustentar a produção de leite
materno. No entanto, essas calorias devem vir de alimentos nutritivos para garantir uma dieta
equilibrada.
6.3.3 Continuar a Suplementação
Em alguns casos, a suplementação com ácido fólico, ferro e outros nutrientes pode ser
recomendada durante a lactação, especialmente se houver deficiências nutricionais.
6.3.4 Alimentos Ricos em DHA
Consumir alimentos ricos em ômega-3, especialmente DHA, pode beneficiar o
desenvolvimento do bebê durante a amamentação. Peixes gordurosos, nozes e sementes são
boas fontes de ômega-3.

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6.3.5 Evitar Alérgenos
Se o bebê apresentar sinais de alergia a certos alimentos através do leite materno, pode ser
necessário que a mãe evite esses alimentos em sua dieta.
6.3.6 Moderação na Cafeína e Álcool
Consumir cafeína e álcool com moderação é importante durante a amamentação, pois essas
substâncias podem passar para o leite materno em quantidades que podem afetar o bebê.
7. Nos idosos: Necessidades nutricional geriatrica especiais
A saúde em muitas áreas, como a cardiovascular, nervosa, cognitiva, metabólica e óssea,
depende, parcialmente, de medidas nutricionais mínimas ou em alguns aspetos, também
restritas. Nas idades avançadas as pessoas tendem a ter hábitos fixos; e os hábitos ligados à
alimentação são dos mais enraizados – muito condicionados por aprendizagens de infância e
criados ao longo da vida, que variam em conformidade com a cultura, o clima e o ambiente.
Por ser, a alimentação, uma grande determinante para um envelhecimento com saúde física e
mental, iremos debruçar-nos sobre alguns aspetos de interesse.

7.1 Necessidades/Erros Nutricionais Comuns Do Idoso


Em adultos a partir de 50-60 anos a atividade física diminui e com ela a necessidade de
calorias. Nos homens a necessidade situa-se em 2000 kcal/dia e nas mulheres 1800 kcal/dia;
e, em conformidade com os diferentes níveis de atividade física, este valor deve ser
multiplicado por 1,4-1,8 do índice de massa corporal (IMC) para obter o valor das
necessidades energéticas. A nutrição terá que se adaptar às novas condições: Necessidade de
menos energia – menos calorias – e metabolismo mais lento. E se estes se tornam menos
ativos fisicamente, e ainda consomem menos energia, mais necessidade existe de uma melhor
adequação. Queremos dizer, que os idosos têm de consumir alimentos de grande valor
nutritivo, mas com poucas calorias.
Os doentes idosos, muitas vezes, praticam uma má nutrição ou abusam nutricionalmente. Para
prevenir ou lidar com doenças crónicas metabólicas (p.ex. diabetes), há necessidade de avaliar
o estado nutricional do paciente e de repor o estado nutricional adequado.
Mesmo precisando de menos calorias, os idosos precisam também de uma alimentação
adequada que contorne o risco de mal nutrição.
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Por exemplo a sarcopenia, muitas vezes associada a deficiências de vitaminas do complexo B
e E, que também causam danos neurológicos e stresse oxidativo, pode ser parcialmente
alterada através de uma nutrição adequada. Na doença de Alzheimer (AD) o declínio
cognitivo pode ser promovido com o alto consumo de ácido linoleico, enquanto os ácidos
gordos ómega-3 polinsaturados (PUFA), a vitamina E, o betacaroteno e a vitamina C podem
combater o declínio cognitivo.
A função imunitária também diminui com o envelhecimento; mas, com os elementos
vestigiais (Selénio, Zinco Ferro; vitaminas A, E e C, gorduras ómega-3-PUFA), é possível
proteger as células imunitárias contra as espécies reativas de oxigênio e nitrogênio que
surgem no combate a agentes patogênicos e diminuir os danos do sistema imunológico.
7.2 Recomendações nutricionais
Uma nutrição variada e equilibrada recomenda-se tanto a velhos como a novos. É necessário
ingerir diariamente um mínimo de calorias, para obter todos os benefícios em termo
nutricionais.
Quem tem dificuldade em ter uma nutrição adequada pode sempre melhorá-la recorrendo a
suplementos de baixa dose.
Devem fazer-se 5 a 6 refeições ligeiras durante o dia: 3 principais e 2-3 intercalares. Assim,
pode variar-se os alimentos e não acumular gordura, continuando normais, os níveis de
glicose e lípidos no sangue.
É de evitar o uso frequente de refeições copiosas, doces e fritos.
Refeições mais volumosas durante o dia e mais leves ao final do dia. Beber água regularmente
(mínimo 1.5 l /dia) e, preferir alimentos com alto teor de água. A necessidade de água é
maior, devido à menor capacidade dos rins de concentrar urina.
7.2.1 Hidratos de carbono
A tolerância aos hidratos de carbono diminui ligeiramente com a idade, mas os hidratos de
carbono complexos devem ser fornecidos. Estes possuem um baixo índice glicémico (IG), não
fazendo subir os níveis de glicose no sangue tão rapidamente como as comidas de IG alto.
7.2.2 Lípidos
As gorduras podem representar 30% do consumo energético de pessoas sedentárias e 35% em
pessoas ativas.
A ingestão de grande quantidade de gordura saturada provoca o envelhecimento cerebral,
como é o caso da demência.

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A substituição de ácidos gordos saturados por polinsaturados é preferível à substituição por
monoinsaturados, para prevenir a doença coronária.
Durante o envelhecimento, as membranas apresentam alterações estruturais: perdendo a maior
parte dos seus antioxidantes (como vitamina E e coenzima Q), perdem até 75-80% dos seus
ácidos gordos (na maior parte ácido oleico), o que causa uma grande mudança no aspeto
clássico da membrana.
7.2.3 Proteínas
Nos idosos a síntese proteica é até 20% menor que nos adultos jovens. Além disso existe
menor eficiência na absorção. Para contrariar o desenvolvimento de sarcopenia e osteoporose
e compensar a pior eficiência de absorção, alguns autores defendem um aporte proteico de:
1-1.25 g /kg/dia.
As proteínas só chegam a exercer o seu efeito acompanhado por hidratos de carbono. A
proporção hidratos de carbono/proteínas deve ser pelo menos 2,5:1. Suplementos de
glutamina podem ser úteis para quem não consegue aumentar a ingestão proteica pois
estimula a síntese de proteínas.
7.2.4 Vitaminas
A vitamina C e outras vitaminas antioxidantes, promovem a saúde vascular, preservam a
função cognitiva e previnem a doença de Alzheimer.
Segundo outro estudo, o sistema imunitário beneficia com a administração diária de 1 g de
vitamina C, sendo que diminui as infeções recorrentes e melhora a função imunitária. Foi
estudada também a relação entre vitamina C e infeções do aparelho respiratório superior e
constatou-se que a frequência de constipações tomando diariamente 500 de vitamina C era
66 % menor que a de quem tomava a dose diária recomendada.
A vitamina E protege a LDL da oxidação, e muitos estudos epidemiológicos sugeriram que o
consumo elevado de vitamina E reduz a ocorrência de doença cardíaca ou morte de causa
cardiovascular.
A vitamina E pode também melhorar a função imunitária. Suplementos de 200-800 UI
(unidades internacionais) reduzem as infeções respiratórias em pessoas mais velhas. Contudo
é importante conhecer a dosagem mais adequada, pois grandes doses já prejudicam as
respostas imunitárias.
As vitaminas C e E, e outros nutrientes reduzem o risco de degeneração macular relacionada
com a idade (DMA). Outros antioxidantes e carotenoides podem também ajudar na DMA,

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como a luteína e o ácido alfa-lipoico. É ainda de salientar que, caso já existisse doença, havia
evidência de melhoria.
7.2.5 Minerais
Na velhice perde-se sobretudo cálcio, por desmineralização dos ossos, que se agrava se o
consumo é menor que 500 mg/dia; pela síntese reduzida de 1.25-(OH)2 colecalciferol; pela
absorção reduzida de fósforo ou por hipercalciúria induzida por causas nutricionais (excesso
de proteína, hidratos de carbono ou sódio).
Numa alimentação satisfatória em vitamina D existe uma dose recomendada diária de cálcio
de 800 a 1200 mg/dia, que deve ser incrementada no caso de perda óssea na menopausa.
Contudo é necessária moderação: um abuso de cálcio pode levar à calcificação vascular e
contribuir para o envelhecimento, nomeadamente cerebral e para a degeneração neuronal.
7.2.6 Fibra
Tendo em conta uma tendência mais alta de fenómenos de estase intestinal, em idosos,
recomenda-se de 25-30 g/dia. Por outro lado, existe inerente o risco de quelação de minerais
ou perda de nutrientes.

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8. Conclusão
Ao finalizarmos com presente trabalho de pesquisa concluímos que é importante consumir
uma variedade de alimentos para garantir que todas as necessidades nutricionais sejam
atendidas. Uma dieta equilibrada e variada, rica em frutas, legumes, cereais integrais,
proteínas magras e gorduras saudáveis, é essencial para manter a saúde e o bem-estar a longo
prazo. Além disso, é recomendável consultar um profissional de saúde, como um nutricionista
ou médico, para orientação personalizada sobre as necessidades nutricionais individuais.

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9. Referencia Bibliográfica
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