Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
INTRODUÇÃ O
O sangue é a amostra mais utilizada para testes analíticos, pois, como circula por todo o
corpo, influenciado por vá rias enfermidades. A coleta de amostra de sangue é um método
relativamente nã o invasivo de avaliaçã o das contagens de hemá cias e leucó citos, bem como da
atividade das enzimas e das concentraçõ es de lipídios, fatores de coagulaçã o, hormô nios e
anticorpos.
O sangue representa cerca de 8 % do peso corporal de um animal. As aná lises do
sangue sã o importante apoio ao diagnó stico clínico. Pode ser colhido com seringa e agulha e
transferido para recipientes de diferentes capacidades, com ou sem anticoagulante, ou colhido
em tubos a vá cuo que, por serem herméticos, garantem a esterilidade da amostra, o que é
desejável em toda punçã o venosa.
Para serem representativas, as amostras de sangue devem ter sua composiçã o e
integridade mantidas durante as fases pré-analíticas de colheita, manuseio, transporte e
eventual armazenagem. Antes da colheita de sangue para a realizaçã o de exames laboratoriais,
é importante conhecer, controlar e, se possível, evitar algumas variáveis que podem interferir
na exatidã o dos resultados.
Classicamente, sã o referidas como condiçõ es pré-analíticas variaçã o na dieta e uso de
medicamentos. Outros aspectos, como o uso de gel separador, anticoagulantes e conservantes
e a hemó lise podem também ser causa de variaçã o dos resultados.
COLETA E MANUSEIO
Para qualquer teste diagnó stico, independente da técnica ou do laborató rio utilizado, a
obtençã o de resultados confiáveis inicia-se com a coleta e o manuseio adequados da amostra.
A coleta, o processamento, a aná lise e a interpretaçã o da amostra devem ser realizados
adequadamente em uma série de eventos sequenciais para que o resultado diagnó stico tenha
seu valor pretendido.
Antes da coleta de sangue para a realizaçã o de exames laboratoriais, é importante
conhecer, controlar e, se possível, evitar algumas variáveis que possam interferir com a
exatidã o dos resultados. Classicamente, sã o referidas como condiçõ es pré-analíticas: variaçã o
cronobioló gica, gênero, idade, espécie, jejum, dieta, uso de fá rmacos para fins terapêuticos ou
nã o e a aplicaçã o de torniquete.
Numa abordagem mais ampla, outras condiçõ es devem ser consideradas, como
procedimentos terapêuticos ou diagnó sticos, cirurgias, transfusã o de sangue e infusã o de
soluçõ es. Alguns aspectos do tubo de coleta utilizado, como o uso de gel separador,
anticoagulantes e conservantes e características da amostra, como hemó lise, lipemia e
icterícia, também podem ser causa de variaçã o dos resultados.
Variaçã o Cronobioló gica: alteraçõ es cíclicas da concentraçã o de uma variável laboratorial em
funçã o do tempo.
Variaçã o circadiana acontece, por exemplo, nas concentraçõ es do cortisol no soro, em que as
coletas realizadas no período da tarde apresentam resultados com valores mais baixos do que
nas amostras da manhã . Alteraçõ es hormonais do ciclo estral também podem ser
acompanhadas de variaçõ es em outras substâ ncias.
Também há de se considerar variaçõ es nas concentraçõ es de algumas substâ ncias, em
razã o de alteraçõ es do meio ambiente. Em dias de temperaturas mais elevadas, por exemplo, a
concentraçã o sérica das proteínas é mais elevada em amostras colhidas no período da tarde,
quando comparadas as obtidas pela manhã , em razã o da hemoconcentraçã o.
Gênero: além das diferenças hormonais específicas e características de cada sexo, alguns
outros parâ metros sanguíneos se apresentam em concentraçõ es distintas entre machos e
fêmeas, em decorrência das diferenças metabó licas e da massa muscular, entre outros fatores.
Em geral, os intervalos de referência sã o específicos para cada gênero.
Idade: alguns parâ metros hematoló gicos e bioquímicos possuem concentraçã o sérica
dependente da idade do indivíduo devido a fatores como maturidade funcional dos ó rgã os e
sistemas, conteú do hídrico e massa corporal. Em situaçõ es específicas, até os intervalos de
referência devem considerar essas diferenças.
Espécie: cada uma possui um valor de referência diferenciado e uma variaçã o bioló gica e
celularidade completamente diferentes na realizaçã o do exame e interpretaçã o.
Procedimentos Diagnó sticos e/ou Terapêuticos: devem ser lembrados alguns procedimentos
diagnó sticos (a administraçã o de contrastes para exames de imagem) e procedimentos
terapêuticos como: hemodiá lise, diá lise peritoneal, cirurgias, transfusã o sanguínea e infusã o
de fá rmacos.
Infusã o de Fá rmacos: a coleta de sangue deve ser realizada sempre em local distante da
instalaçã o do cateter. Mesmo realizando a coleta em outro local, se possível, deve-se aguardar
pelo menos uma hora apó s o final da infusã o para a realizaçã o da coleta.
Gel Separador: algumas vezes, o sangue é colhido em tubos contendo uma substâ ncia
gelatinosa com a finalidade de funcionar como barreira física entre as hemá cias e o plasma ou
soro, apó s a centrifugaçã o. Este gel é um polímero com densidade específica contendo um
acelerador da coagulaçã o e pode, eventualmente, liberar partículas que interferem com
eletrodos seletivos e membranas de diá lise. Em alguns casos, pode causar variaçã o no volume
da amostra e interferir em determinadas dosagens.
Hemó lise: intensidade significante pode causar aumento na atividade plasmá tica de algumas
enzimas. Em relaçã o aos valores aumentados da concentraçã o de potá ssio nos casos de
hemó lise deve-se considerar a espécie em estudo, um exemplo clá ssico é a grande
concentraçã o que os cavalos têm de potá ssio em seus eritró citos, o que nã o ocorre em cã es e
gatos, nã o se observando valores muito aumentados nos casos de hemó lise, com exceçõ es a
algumas raças caninas como Akita e Shiba.
O material coletado deve ser identificado o mais breve possível. Nos sistemas manuais,
isto pode ser feito pela colocaçã o, nos tubos de coleta, de etiquetas com o nome do animal, a
data e horá rio da coleta e o nú mero sequencial de atendimento. Este nú mero deve constar em
todos os documentos, amostras, mapas de trabalho, relató rios e laudo final.
Antes da flebotomia, deve-se ter disponível o material necessá rio, inclusive tubos de
ensaio adequados aos testes desejados, antisséptico cutâ neo e formulá rios de requisiçã o de
exames laboratoriais. Vá rios laborató rios de referência fornecem um manual com diretrizes de
coleta e armazenamento, porém, se nã o houver informaçõ es sobre um determinado exame,
entre em contato com um representante do laborató rio para obter instruçõ es específicas.
Dependendo do exame, podem ser necessá rios procedimentos especiais antes ou apó s
a coleta da amostra, condiçã o que demanda planejamento prévio. Por exemplo, hemoculturas
exigem assepsia cutâ nea específica antes da flebotomia, a fim de reduzir o risco de
contaminaçã o da amostra com microrganismos comuns da pele.
Recomenda-se jejum ao animal para diversos exames. Alguns exames exigem que as
amostras sejam logo centrifugadas, separando-se as hemá cias, ou colocando-as
imediatamente em gelo e/ou congelando-as, enquanto outros exames sã o influenciados
negativamente pelo contato com vidro ou tampa de borracha do tubo.
Muitos testes de medicamentos nã o devem ser realizados em soro obtido de tubos com
gel separador de soro, pois o gel interfere na recuperaçã o acurada do medicamento. A lista de
necessidades específicas para os exames é extensa e específica, mas esses poucos exemplos
reforçam a necessidade de compreensã o de cada procedimento antes da punçã o venosa (ou
flebotomia).
TUBOS DE COLETA
Hemograma:
O hemograma é realizado na amostra de sangue com anticoagulante (EDTA). O volume de
sangue de 3 a 5 m L é suficiente para a avaliaçã o hematoló gica. Deve-se retirar a agulha antes
de colocar o sangue no tubo e deixar escorrer pela parede do tubo, para evitar hemó lise. O
sangue deve ser homogeneizado (durante 30 segundos) com o anticoagulante, suavemente,
para evitar a coagulaçã o. A presença de coá gulos na amostra prejudica as contagens de células
e plaquetas.
Esfregaço sanguíneo:
Usado para pesquisa de hemoparasitos (Anaplasma, Babésia, Filaria, Ehrlichia e
Trypanossoma), deve-se colher sangue periférico. Realizados ainda para verificar as
características morfoló gicas dos eritró citos, para contagem diferencial de leucó citos,
contagem de plaquetas, eritroblastos.
Sangue total:
Indicado para hemograma completo (contagem global de hemá cias, leucó citos,
plaquetas, determinaçã o do hemató crito, VCM, HCM, CHCM, e dosagem de hemoglobina),
presença quantitativa de algum metal (chumbo, zinco, manganês, molibdênio, e cá dmio).
Utilizar sangue com EDTA. Colher por punçã o venosa utilizando o frasco a vá cuo ou puncionar
a veia com seringa e colher de 1,5 a 3,0 m L de sangue. Este procedimento pendular por no
mínimo 30 segundos.
Técnica de coleta de sangue por gotejamento. A - venopunçã o da veia cefá lica de um felino com cateter
venoso periférico n. 22 . B, C - Retirada do mandril. D - gotejamento de sangue direto no tubo coletor.
Há aqueles também que gostam de puncionar com Scalp e seringa ou com coleta a vá cuo, mas
nã o é muito utilizado rotineiramente.
PUNÇÃ O VENOSA EM CÃ ES
Veia jugular, veia safena do membro pélvico ou veia cefálica do membro torácico.
Para realizar a contençã o física de um cã o para a punçã o da veia cefá lica, coloque-o
sobre a mesa em decú bito esternal. Caso seja para puncionar a veia do lado direito, o
assistente deve permanecer no lado esquerdo do cã o, colocando o seu braço esquerdo sob a
mandíbula pró ximo ao plano nasal do paciente, para imobilizar a cabeça e o pescoço,
abraçando- o, e segurando o membro torá cico direito na regiã o distal à articulaçã o do
cotovelo.
O polegar gira a veia lateralmente enquanto a mã o imobiliza o membro parcialmente
distendido. É importante manter o cã o pressionando sobre a mesa, caso ocorra reaçã o. A
pessoa destinada a realizar a punçã o procura mobilizar o membro na altura dos metacarpos e,
assim, inicia-se a punçã o da pele na parte medial da veia, um pouco abaixo do carpo.
Para a punçã o da veia safena lateral, o animal deve ser contido em decú bito lateral. O
assistente deve mobilizar o membro torá cico que se encontra ventralmente na posiçã o
mencionada (pressã o para baixo) e, concomitantemente, realizar a contençã o da regiã o
cervical sobre a mesa ou superfície com o antebraço do operador ou assistente, realizando
uma pressã o.
O membro pélvico que se encontra na posiçã o dorsal deve ser mobilizado, segurando-
se a regiã o acima da articulaçã o fêmur-tíbio-patelar e mantendo-o em extensã o. A veia pode
nã o ser facilmente visualizada em alguns animais, a menos que os pelos sejam cortados;
também a veia pode apresentar mobilidade, o que pode causar dificuldade na introduçã o da
agulha.
A veia jugular externa é formada nas proximidades do â ngulo da mandíbula pela uniã o
das veias linguofacial e maxilar. Ela percorre a extensã o do pescoço, ocupando o sulco jugular
entre o mú sculo braquiocefá lico dorsalmente e o mú sculo esternocefá lico ventralmente.
Nos terços cranial e médio do pescoço, ela é subcutâ nea, portanto, é a primeira opçã o
para coleta de amostras de sangue e punçõ es intravenosas na maioria dos animais. No cã o, as
veias jugulares externas esquerda e direita se comunicam pelo arco venoso hió ideo, uma veia
ímpar que conecta as veias direita e esquerda da l íngua ventralmente ao osso basi-hioide.
Em todos os mamíferos domésticos, com exceçã o do equino e dos pequenos
ruminantes (ovino e caprino), há dois pares de veias jugulares. Além da veia jugular externa,
esses animais possuem uma veia jugular interna (profunda) que corre entre a artéria caró tida
comum e a traqueia para se unir com a veia jugular externa na base do pescoço.
VEIA SAFENA:
Cada veia safena se origina de um ramo caudal e cranial do tarso, e se unem na metade
da perna. Na altura do tarso, se comunicam com as veias metatarsais profundas. Na perna, as
veias safenas correm medial e lateralmente entre o tendã o calcanear e a massa muscular
caudal. A veia medial é a maior das duas em todos os animais domésticos, com exceçã o do cã o,
e cruza a face femoral medial para se abrir na veia femoral. A veia lateral se une à veia femoral
profunda no joelho. No gato, a veia safena medial pode ser usada para injeçõ es intravenosas,
especialmente durante anestesia. No cã o, a veia safena lateral pode ser usada para punçã o
venosa acima do tarso.
O nervo safeno prossegue distalmente, paralelo à artéria de mesmo nome e à veia
safena medial para inervar a pele sobre a face medial da perna, prolongando-se da coxa até o
tarso.
Na regiã o mediofemoral, o nervo tibial dá origem ao nervo sural caudal, o qual passa
caudalmente, juntamente com a veia safena lateral, para alcançar uma posiçã o subcutâ nea na
face caudal da perna.
1- Patela.
4- Tibial cranial.
5- Bíceps femoral.
6- Linfonodo poplíteo.
7- Nervo fibular comum.
8- Cabeça lateral do
gastrocnêmio.
9- Veia safena lateral.
10 - flexor digital profundo.
11 - Nervo f ibular superficial.
Vista medial do Membro Pélvico de um Cão
CATÉ TER VENOSO PARA ADMINISTRAÇÃ O DE FLUIDOS
Tipos de Soros:
Ringer com Lactato: usado na reidrataçã o e reposiçã o de só dio, potá ssio, cloreto e
cá lcio, e no tratamento de acidoses.
Glicosado: reposiçã o dos níveis de glicose no sangue e quando se tem desnutriçã o
excessiva.
Fisioló gico: diminuiçã o de líquidos ou de sal no organismo.