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CARTILHA DO ESTAGIÁ RIO

GUIA PRÁTICO - ACESSO VENOSO EM CÃ ES E GATOS

INTRODUÇÃ O

O sangue é a amostra mais utilizada para testes analíticos, pois, como circula por todo o
corpo, influenciado por vá rias enfermidades. A coleta de amostra de sangue é um método
relativamente nã o invasivo de avaliaçã o das contagens de hemá cias e leucó citos, bem como da
atividade das enzimas e das concentraçõ es de lipídios, fatores de coagulaçã o, hormô nios e
anticorpos.
O sangue representa cerca de 8 % do peso corporal de um animal. As aná lises do
sangue sã o importante apoio ao diagnó stico clínico. Pode ser colhido com seringa e agulha e
transferido para recipientes de diferentes capacidades, com ou sem anticoagulante, ou colhido
em tubos a vá cuo que, por serem herméticos, garantem a esterilidade da amostra, o que é
desejável em toda punçã o venosa.
Para serem representativas, as amostras de sangue devem ter sua composiçã o e
integridade mantidas durante as fases pré-analíticas de colheita, manuseio, transporte e
eventual armazenagem. Antes da colheita de sangue para a realizaçã o de exames laboratoriais,
é importante conhecer, controlar e, se possível, evitar algumas variáveis que podem interferir
na exatidã o dos resultados.
Classicamente, sã o referidas como condiçõ es pré-analíticas variaçã o na dieta e uso de
medicamentos. Outros aspectos, como o uso de gel separador, anticoagulantes e conservantes
e a hemó lise podem também ser causa de variaçã o dos resultados.

COLETA E MANUSEIO

Para qualquer teste diagnó stico, independente da técnica ou do laborató rio utilizado, a
obtençã o de resultados confiáveis inicia-se com a coleta e o manuseio adequados da amostra.
A coleta, o processamento, a aná lise e a interpretaçã o da amostra devem ser realizados
adequadamente em uma série de eventos sequenciais para que o resultado diagnó stico tenha
seu valor pretendido.
Antes da coleta de sangue para a realizaçã o de exames laboratoriais, é importante
conhecer, controlar e, se possível, evitar algumas variáveis que possam interferir com a
exatidã o dos resultados. Classicamente, sã o referidas como condiçõ es pré-analíticas: variaçã o
cronobioló gica, gênero, idade, espécie, jejum, dieta, uso de fá rmacos para fins terapêuticos ou
nã o e a aplicaçã o de torniquete.
Numa abordagem mais ampla, outras condiçõ es devem ser consideradas, como
procedimentos terapêuticos ou diagnó sticos, cirurgias, transfusã o de sangue e infusã o de
soluçõ es. Alguns aspectos do tubo de coleta utilizado, como o uso de gel separador,
anticoagulantes e conservantes e características da amostra, como hemó lise, lipemia e
icterícia, também podem ser causa de variaçã o dos resultados.
Variaçã o Cronobioló gica: alteraçõ es cíclicas da concentraçã o de uma variável laboratorial em
funçã o do tempo.
Variaçã o circadiana acontece, por exemplo, nas concentraçõ es do cortisol no soro, em que as
coletas realizadas no período da tarde apresentam resultados com valores mais baixos do que
nas amostras da manhã . Alteraçõ es hormonais do ciclo estral também podem ser
acompanhadas de variaçõ es em outras substâ ncias.
Também há de se considerar variaçõ es nas concentraçõ es de algumas substâ ncias, em
razã o de alteraçõ es do meio ambiente. Em dias de temperaturas mais elevadas, por exemplo, a
concentraçã o sérica das proteínas é mais elevada em amostras colhidas no período da tarde,
quando comparadas as obtidas pela manhã , em razã o da hemoconcentraçã o.

Gênero: além das diferenças hormonais específicas e características de cada sexo, alguns
outros parâ metros sanguíneos se apresentam em concentraçõ es distintas entre machos e
fêmeas, em decorrência das diferenças metabó licas e da massa muscular, entre outros fatores.
Em geral, os intervalos de referência sã o específicos para cada gênero.
Idade: alguns parâ metros hematoló gicos e bioquímicos possuem concentraçã o sérica
dependente da idade do indivíduo devido a fatores como maturidade funcional dos ó rgã os e
sistemas, conteú do hídrico e massa corporal. Em situaçõ es específicas, até os intervalos de
referência devem considerar essas diferenças.

Espécie: cada uma possui um valor de referência diferenciado e uma variaçã o bioló gica e
celularidade completamente diferentes na realizaçã o do exame e interpretaçã o.

Jejum: é preconizado um período de jejum para a coleta. Em situaçõ es pó s-prandiais, em geral,


causam turbidez do soro, o que pode interferir em algumas metodologias.
Devem ser evitadas coletas de sangue apó s períodos muito prolongados de jejum, acima de 16
horas. O período de jejum habitual para a coleta de sangue de rotina é de 8 horas, podendo ser
reduzido a 4 horas, para a maioria dos exames e, em situaçõ es especiais, sempre devendo
consultar o médico veteriná rio para possíveis exceçõ es, como pacientes diabéticos, filhotes,
animais debilitados entre outros.

Torniquete: ao se aplicar por um tempo de 1 a 2 minutos, ocorre aumento da pressã o


intravascular no territó rio venoso, facilitando a saída de líquido e de moléculas pequenas para
o espaço intersticial, resultando em hemoconcentraçã o relativa. Se o torniquete permanecer
por mais tempo, a estase venosa fará com que alteraçõ es metabó licas, tais como glicó lise
anaeró bica elevem a concentraçã o de lactato, com reduçã o do p H.

Procedimentos Diagnó sticos e/ou Terapêuticos: devem ser lembrados alguns procedimentos
diagnó sticos (a administraçã o de contrastes para exames de imagem) e procedimentos
terapêuticos como: hemodiá lise, diá lise peritoneal, cirurgias, transfusã o sanguínea e infusã o
de fá rmacos.

Infusã o de Fá rmacos: a coleta de sangue deve ser realizada sempre em local distante da
instalaçã o do cateter. Mesmo realizando a coleta em outro local, se possível, deve-se aguardar
pelo menos uma hora apó s o final da infusã o para a realizaçã o da coleta.
Gel Separador: algumas vezes, o sangue é colhido em tubos contendo uma substâ ncia
gelatinosa com a finalidade de funcionar como barreira física entre as hemá cias e o plasma ou
soro, apó s a centrifugaçã o. Este gel é um polímero com densidade específica contendo um
acelerador da coagulaçã o e pode, eventualmente, liberar partículas que interferem com
eletrodos seletivos e membranas de diá lise. Em alguns casos, pode causar variaçã o no volume
da amostra e interferir em determinadas dosagens.

Hemó lise: intensidade significante pode causar aumento na atividade plasmá tica de algumas
enzimas. Em relaçã o aos valores aumentados da concentraçã o de potá ssio nos casos de
hemó lise deve-se considerar a espécie em estudo, um exemplo clá ssico é a grande
concentraçã o que os cavalos têm de potá ssio em seus eritró citos, o que nã o ocorre em cã es e
gatos, nã o se observando valores muito aumentados nos casos de hemó lise, com exceçõ es a
algumas raças caninas como Akita e Shiba.

Lipemia: também pode interferir na realizaçã o de exames que usam metodologias


colorimétricas ou turbidimétricas. A elevaçã o significativa dos níveis de triglicérides pode
ocorrer apenas no período pó s- prandial ou de forma contínua, nos pacientes portadores de
algumas dislipidemias e faz com que o aspecto do soro ou do plasma se altere de límpido para
algum grau variado de turbidez, podendo chegar a ser leitoso. Uma vez que amostras normais
colhidas dentro das especificaçõ es de jejum apresentam- se sem turvaçã o, a observaçã o de
turbidez tem relevâ ncia clínica e deve ser avaliada e relatada pelo laborató rio. Ela pode ser
resultado da presença de hipertrigliceridemia, ou do aumento nos quilomícrons, nas
lipoproteínas, ou de ambos.

PROCEDIMENTOS E TUBOS DE COLETA

O material coletado deve ser identificado o mais breve possível. Nos sistemas manuais,
isto pode ser feito pela colocaçã o, nos tubos de coleta, de etiquetas com o nome do animal, a
data e horá rio da coleta e o nú mero sequencial de atendimento. Este nú mero deve constar em
todos os documentos, amostras, mapas de trabalho, relató rios e laudo final.
Antes da flebotomia, deve-se ter disponível o material necessá rio, inclusive tubos de
ensaio adequados aos testes desejados, antisséptico cutâ neo e formulá rios de requisiçã o de
exames laboratoriais. Vá rios laborató rios de referência fornecem um manual com diretrizes de
coleta e armazenamento, porém, se nã o houver informaçõ es sobre um determinado exame,
entre em contato com um representante do laborató rio para obter instruçõ es específicas.
Dependendo do exame, podem ser necessá rios procedimentos especiais antes ou apó s
a coleta da amostra, condiçã o que demanda planejamento prévio. Por exemplo, hemoculturas
exigem assepsia cutâ nea específica antes da flebotomia, a fim de reduzir o risco de
contaminaçã o da amostra com microrganismos comuns da pele.
Recomenda-se jejum ao animal para diversos exames. Alguns exames exigem que as
amostras sejam logo centrifugadas, separando-se as hemá cias, ou colocando-as
imediatamente em gelo e/ou congelando-as, enquanto outros exames sã o influenciados
negativamente pelo contato com vidro ou tampa de borracha do tubo.
Muitos testes de medicamentos nã o devem ser realizados em soro obtido de tubos com
gel separador de soro, pois o gel interfere na recuperaçã o acurada do medicamento. A lista de
necessidades específicas para os exames é extensa e específica, mas esses poucos exemplos
reforçam a necessidade de compreensã o de cada procedimento antes da punçã o venosa (ou
flebotomia).

TUBOS DE COLETA

Uma variedade de tubos comercialmente disponíveis é utilizada para a coleta de


sangue. Esses tubos contêm o anticoagulante apropriado para os vá rios tipos de
procedimentos diagnó sticos e vá cuo para a obtençã o de um volume adequado de sangue.
É imprescindível amostra de sangue coletada sem anticoagulante para qualquer exame
que envolva a contagem de células ou isolamento de leucó citos ou de seu DNA. O plasma,
obtido desses mesmos tubos, também é a amostra necessá ria para alguns exames (p. ex.,
testes para avaliaçã o de proteínas da coagulaçã o, que sã o consumidas durante a reaçã o de
coagulaçã o). O soro é obtido do sangue total que coagulou.

Tubo de tampa vermelha ou para coleta de soro:


Nã o contém anticoagulante. O sangue que é colocado nesse tubo é
deixado em repouso até coagular para que, assim, possa ser coletado o
soro, a fim de evitar a contaminaçã o com produtos da degradaçã o das
hemá cias. Apó s a centrifugaçã o, o soro deve ser transferido para um
tubo de tampa vermelha limpo.
Perfil bioquímico.
Provas soroló gicas.
Teste com medicamento.
Aná lise de líquido.

Tubo de tampa lilá s/ roxa:


O tubo de tampa lilá s/ roxa contém o anticoagulante á cido
etilenodiaminotetracético (EDTA). Esse tubo é utilizado na coleta de
sangue para determinaçõ es hematoló gicas. O EDTA provoca a
preservaçã o mais consistente do volume celular e das características
morfoló gicas em esfregaços sanguíneos corados.
Hemograma, contagem de plaquetas, contagem de reticuló citos,
PCR, Teste de Coombs,
Tipagem sanguínea e reaçã o cruzada.
Aná lise de líquido.
Tubo de tampa verde ou com heparina:
Contém heparina lítica. Esse anticoagulante é utilizado para alguns
testes bioquímicos especiais. O plasma pode ser separado
imediatamente para testes, sendo que os resultados da maioria das
substâ ncias analisadas sã o equivalentes no soro e no plasma. Existem
duas exceçõ es.
Amostra de escolha para algumas espécies de aves ou répteis.
Perfil bioquímico plasmá tico. Hemograma no sangue total.

Tubo de tampa azul ou com citrato:


O tubo de tampa azul contém citrato de só dio. Ele é utilizado para
determinaçõ es bioquímicas de coagulaçã o. Em tubo nã o preenchido por
completo ocorre efeito de diluiçã o e, assim, tempo de coagulaçã o
falsamente prolongado. Em tubo preenchido em excesso pode haver
diluiçã o do anticoagulante e formaçã o prematura do coá gulo, com
consumo de fatores de coagulaçã o; também pode ocasionar tempo de
coagulaçã o prolongado.
Coagulograma.
TP, TPP, D-dímero, fibrinogênio.

Tubo de separaçã o de soro:


É uma variaçã o do tubo de tampa vermelha, nã o contendo
anticoagulante. A tampa é vermelha com um marmoreado preto. O tubo
contém um gel que separa a fraçã o globular do soro quando submetido
à centrifugaçã o. Conveniente para situaçõ es em que se desejam a
centrifugaçã o no local da coleta e o transporte até o laborató rio sem a
necessidade de transferir o soro para um tubo separado. O gel separa
fisicamente as células do soro, prevenindo, dessa maneira, a ocorrência
do metabolismo da substâ ncia analisada na interface célula/ líquido.
SST.
Perfil bioquímico. Provas soroló gicas.

Tubo de tampa cinza com fluoreto:


O tubo de tampa cinza contém fluoreto de só dio. No entanto, o fluoreto
nã o é um anticoagulante. Em vez disso, ele inibe as enzimas da via
glicolítica e evita que os eritró citos metabolizem a glicose enquanto o
sangue total é transportado ao laborató rio. Nã o é utilizado
rotineiramente.
Plasma.
Teste de tolerâ ncia à glicose.
Soro sanguíneo ( Etiqueta amarela):
É o sobrenadante do sangue apó s centrifugaçã o das células do sangue
animal com anticoagulante. É indicado para determinar os fatores de
coagulaçã o e certos metabó litos. Ativador de coá gulo com gel.
Bioquímica e Imunologia.
Apó s centrifugaçã o, somente tubo VERMELHO e AMARELO utilizam
soro.

TUBOS DE COLETA – RESUMO

RECOMENDAÇÕ ES PARA UMA BOA COLETA

Verificar sempre, antes da coleta, a necessidade ou nã o de anticoagulante e o


anticoagulante a ser utilizado.
Verifique sempre o volume recomendado de material para realizaçã o de cada exame e
procure enviar uma quantidade maior que a necessá ria, para possíveis repetiçõ es ou
transtorno no transporte.
Evite o estresse do paciente. É importante verificar se o animal está em condiçõ es
adequadas para a coleta, especialmente no que se refere ao jejum e ao uso de eventuais
medicaçõ es. Jejum de 6 horas, é indicado para filhotes e fêmeas prenhas. Jejum de 8-12 horas
é indicado nos demais casos.
Caso o paciente esteja sendo medicado, é aconselhável anotar na requisiçã o os nomes
destes medicamentos, pois assim se pode saber porque há resultado alterado sem que haja um
quadro clínico compatível.
A contençã o adequada do paciente é importante para que se possa obter uma punçã o
venosa bem sucedida, mantendo-o sempre confortável. A á rea da veia deve ser contida sem
movimento, a pele firmemente distendida para manter a veia fixa, e a pressã o exercida na
parte proximal do local da punçã o para ocluir o fluxo sanguíneo, seja pelo uso de um
torniquete ou uma pressã o manual.
Para a coleta de sangue sugere-se que seja realizada a tricotomia na regiã o adjacente a
á rea em que será realizada a punçã o ou apenas os pelos podem ser separados ou afastados do
local. É necessá rio que a pele seja limpa e a aplicaçã o de um antisséptico eficaz com uma
gaze contendo soluçã o de á lcool isopropílico ou etílico 70 %. Permitir a secagem da á rea por
30 segundos, para evitar hemó lise da amostra, e também a sensaçã o de ardência quando for
puncionado. Nã o assoprar, nã o abanar e nã o colocar nada no local. Nã o tocar novamente na
regiã o apó s a antissepsia.

COLETA PARA EXAMES HEMATOLÓ GICOS

Hemograma:
O hemograma é realizado na amostra de sangue com anticoagulante (EDTA). O volume de
sangue de 3 a 5 m L é suficiente para a avaliaçã o hematoló gica. Deve-se retirar a agulha antes
de colocar o sangue no tubo e deixar escorrer pela parede do tubo, para evitar hemó lise. O
sangue deve ser homogeneizado (durante 30 segundos) com o anticoagulante, suavemente,
para evitar a coagulaçã o. A presença de coá gulos na amostra prejudica as contagens de células
e plaquetas.

Pesquisa de Hematozoá rios:


Para pesquisa de hematozoá rios deve-se fazer a extensã o sanguínea com sangue
capilar, da ponta da orelha (em fase febril), devido ao maior nú mero de eritró citos
parasitados. As lâ minas devem ser secas ao ar e acondicionadas em caixas plá sticas
apropriadas. Cuidado para as lâ minas nã o grudarem.

Esfregaço sanguíneo:
Usado para pesquisa de hemoparasitos (Anaplasma, Babésia, Filaria, Ehrlichia e
Trypanossoma), deve-se colher sangue periférico. Realizados ainda para verificar as
características morfoló gicas dos eritró citos, para contagem diferencial de leucó citos,
contagem de plaquetas, eritroblastos.

Sangue total:
Indicado para hemograma completo (contagem global de hemá cias, leucó citos,
plaquetas, determinaçã o do hemató crito, VCM, HCM, CHCM, e dosagem de hemoglobina),
presença quantitativa de algum metal (chumbo, zinco, manganês, molibdênio, e cá dmio).
Utilizar sangue com EDTA. Colher por punçã o venosa utilizando o frasco a vá cuo ou puncionar
a veia com seringa e colher de 1,5 a 3,0 m L de sangue. Este procedimento pendular por no
mínimo 30 segundos.

MÉ TODOS PARA PUNÇÃ O VENOSA

Coleta de Sangue pelo Sistema à vá cuo:


Para o sistema a vá cuo é utilizado uma agulha e um acoplador para o tubo.
Possui em seu interior um espaço morto proporcional ao volume de sangue em sua
etiqueta externa, ou seja, quando o sangue parar de f luir para dentro do tubo, o operador terá
a certeza de que o volume de sangue correto foi colhido. A quantidade de anticoagulante/
ativador de coá gulo proporcional ao volume de sangue a ser coletado, proporcionando uma
amostra de qualidade para ser processada ou analisada.
Com uma ú nica punçã o venosa pode-se colher vá rios tubos.
Ao puncionar a veia do paciente, o sangue flui diretamente para o tubo de coleta a
vá cuo, isto proporciona ao operador maior segurança, pois nã o há necessidade do manuseio
da amostra de sangue.
Nã o pode ser usado em veias de pequeno calibre, pois a parede da veia se colaba e as
amostras nã o sã o obtidas. Possui custo mais elevado.

Coleta de Sangue com Seringa e Agulha:


Pode ser utilizada para qualquer calibre de veia, desde que utilizada uma pressã o
negativa adequada na seringa. Possui custo mais baixo. Sã o materiais facilmente acessíveis em
clínicas, hospitais e laborató rios.
Na etapa de transferência do sangue para o tubo pode se alterar a proporçã o sangue/
aditivo. Deve-se ter maior cuidado e atençã o do operador pelo maior contato com material
bioló gico.
Na maioria dos casos recomenda-se que a introduçã o da agulha seja realizada na pele
adjacente a veia. A agulha é entã o avançada para puncionar a veia de lado.
Um fluxo inadequado na seringa pode ser causado pela sucçã o em excesso, que colapsa
a veia; oclusã o parcial da agulha; falha circulató ria; formaçã o de hematoma; ou puncionando a
parede da veia sem que haja a penetraçã o para o interior do lú men.

Gotejamento por cateter:


Alguns médicos veteriná rios optam por coletar sangue através de um catéter, em que se
deixa gotejar o sangue dentro do tubo de coleta.

Técnica de coleta de sangue por gotejamento. A - venopunçã o da veia cefá lica de um felino com cateter
venoso periférico n. 22 . B, C - Retirada do mandril. D - gotejamento de sangue direto no tubo coletor.
Há aqueles também que gostam de puncionar com Scalp e seringa ou com coleta a vá cuo, mas
nã o é muito utilizado rotineiramente.

PUNÇÃ O VENOSA EM CÃ ES

Veia jugular, veia safena do membro pélvico ou veia cefálica do membro torácico.
Para realizar a contençã o física de um cã o para a punçã o da veia cefá lica, coloque-o
sobre a mesa em decú bito esternal. Caso seja para puncionar a veia do lado direito, o
assistente deve permanecer no lado esquerdo do cã o, colocando o seu braço esquerdo sob a
mandíbula pró ximo ao plano nasal do paciente, para imobilizar a cabeça e o pescoço,
abraçando- o, e segurando o membro torá cico direito na regiã o distal à articulaçã o do
cotovelo.
O polegar gira a veia lateralmente enquanto a mã o imobiliza o membro parcialmente
distendido. É importante manter o cã o pressionando sobre a mesa, caso ocorra reaçã o. A
pessoa destinada a realizar a punçã o procura mobilizar o membro na altura dos metacarpos e,
assim, inicia-se a punçã o da pele na parte medial da veia, um pouco abaixo do carpo.
Para a punçã o da veia safena lateral, o animal deve ser contido em decú bito lateral. O
assistente deve mobilizar o membro torá cico que se encontra ventralmente na posiçã o
mencionada (pressã o para baixo) e, concomitantemente, realizar a contençã o da regiã o
cervical sobre a mesa ou superfície com o antebraço do operador ou assistente, realizando
uma pressã o.
O membro pélvico que se encontra na posiçã o dorsal deve ser mobilizado, segurando-
se a regiã o acima da articulaçã o fêmur-tíbio-patelar e mantendo-o em extensã o. A veia pode
nã o ser facilmente visualizada em alguns animais, a menos que os pelos sejam cortados;
também a veia pode apresentar mobilidade, o que pode causar dificuldade na introduçã o da
agulha.

A veia jugular é a mais utilizada e o posicionamento correto é importante para o


sucesso do procedimento desde que a veia seja facilmente visualizada, especialmente para os
filhotes de cã es e gatos. Raças pequenas ou filhotes de cã es, com os pés pendendo livremente,
sã o imobilizadas pelo assistente, que posiciona o seu braço direito debaixo da regiã o esternal
do cã o e o coloca pró ximo ao seu lado.
A mã o direita mobiliza uma ou ambos os membros torá cicos do animal na regiã o das
articulaçõ es ú mero- carpo radial. A mã o esquerda do assistente é utilizada para erguer o
queixo do cã o para cima e para trá s, estendendo- se assim o pescoço. Realizando- se o
movimento de rotaçã o discreto, as veias serã o visualizadas mais facilmente. A pessoa ou
indivíduo encarregado de realizar a punçã o posiciona o seu polegar da mã o esquerda no sulco
da jugular na entrada do tó rax. A mã o direita manipula a seringa para fazer a punçã o. Cã es de
porte grande sã o contidos em decú bito lateral sobre a mesa, com o pescoço em extensã o
dorsal.

PUNÇÃ O VENOSA EM GATOS

Veia jugular e cefálica.


A primeira opçã o de abordagem para a colheita é a veia Jugular, no entanto pode-se
utilizar a cefá lica ou a femoral com o animal contido quimicamente e utilizando a canulaçã o.
A punçã o da veia jugular no gato adulto e filhote sã o realizados de maneira semelhante
aquela usualmente preconizada em cã es.
Observar o calibre da agulha a ser utilizada com o calibre do vaso a ser puncionado.
Retirar a pressã o da seringa antes da colheita, para evitar colabamento das paredes do vaso a
ser puncionado. Realizar a tricotomia e assepsia locais com á lcool iodado a 70 %. Introduzir a
agulha, já acoplada à seringa, com o bisel voltado para cima, num â ngulo de aproximadamente
30°.
Evitar garroteamento prolongado e bombeamento do sangue. Deixar o sangue fluir com
o mínimo de vá cuo; caso o sangue nã o flua, rotacionar a agulha com a seringa delicadamente,
procurando melhor posicionamento.
PUNÇÃ O VENOSA ADEQUADA

O â ngulo oblíquo de 30 ° da agulha em


relaçã o à pele do paciente foi respeitado, agulha
penetrou centralmente na veia e o bisel da
agulha foi inserido voltado para cima. Deve-se
tomar cuidado quando o sangue nã o for obtido
logo na primeira punçã o, para evitar
complicaçõ es.

Interrupçã o do Fluxo Sanguíneo: O bisel


está encostado na parede superior da veia. O
ideal é inclinar um pouco para cima e avançar um
pouco com a agulha, permitindo a passagem do
fluxo sangü íneo para dentro da agulha.

Interrupçã o do Fluxo Sanguíneo: Neste


caso a parte posterior da agulha está encostada
na parede da veia. Deve-se entã o retroceder um
pouco com a agulha e girar sutilmente o
adaptador ou seringa para permitir a retomada
do f luxo sanguíneo.

A Agulha Transfixou a Veia: Neste caso


deve-se retroceder um pouco a agulha,
observando a retomada do f luxo.

O bisel de Agulha Penetrou Parcialmente a Veia:


É eminente a formaçã o de hematoma neste caso.
Vemos o extravasamento de sangue abaixo da
pele. Para evitar que seja feita uma segunda
punçã o, deve-se introduzir um pouco mais a
agulha na pele do paciente, apó s o término da
coleta, fazer compressa com gelo.

Processo de Estenose Venosa: Retirar ou


afrouxar o torniquete para permitir o
restabelecimento da circulaçã o.
Retroceder um pouco a agulha para permitir que
o fluxo sangü íneo desobstrua. Utilizar a marca
guia do adaptador de coleta de sangue a vá cuo.
Ela serve como orientaçã o, quando no meio de
uma punçã o sem fluxo, e o tubo já inserido no
sistema de coleta a vá cuo, o flebotomista
necessite desobstruir a veia colabada,
retrocedendo um pouco o tubo. O tubo perderá o
vá cuo, caso este retrocesso seja apó s a marca
guia.

ANATOMIA DOS LOCAIS DE ACESSO VENOSO

VEIA CEFÁ LICA:


Os afluentes da veia axilar formam o sistema venoso profundo do membro, enquanto a
veia cefá lica é a ú nica grande veia superficial. Ela é formada pela uniã o das veias metacarpais
profundas na face medial do carpo e recebe a veia cefá lica acessó ria que emerge de uma rede
venosa na face dorsal do carpo, no meio do antebraço. A veia cefá lica prossegue
proximalmente em uma posiçã o subcutâ nea para se unir à veia jugular externa na parte
inferior do pescoço.
Na altura da articulaçã o do cotovelo e do joelho, a veia cefá lica forma anastomose com
a veia intermédia do cotovelo. A veia cefá lica é a opçã o mais comum para punçã o venosa em
cã es e em gatos. Ela segue a margem cranial do antebraço, onde pode ser palpada quando
elevada ao se aplicar pressã o sobre o cotovelo.
VEIA CEFÁ LICA:
A veia cefá lica se situa no sulco peitoral. Tanto a veia cefá lica quanto a veia cervical
superficial da regiã o pré-escapular desembocam na veia jugular externa na fossa jugular. Nas
seçõ es cranial e proximal dessa regiã o no cã o, um ramo da veia cefá lica – a veia axilobraquial –
conecta a veia cefá lica com a veia braquial do sistema venoso mais profundo. A partir do lado
flexor da articulaçã o do cotovelo, a veia cefá lica prossegue para o sulco peitoral em direçã o à
veia jugular externa.
VEIA JUGULAR:

A veia jugular externa é formada nas proximidades do â ngulo da mandíbula pela uniã o
das veias linguofacial e maxilar. Ela percorre a extensã o do pescoço, ocupando o sulco jugular
entre o mú sculo braquiocefá lico dorsalmente e o mú sculo esternocefá lico ventralmente.
Nos terços cranial e médio do pescoço, ela é subcutâ nea, portanto, é a primeira opçã o
para coleta de amostras de sangue e punçõ es intravenosas na maioria dos animais. No cã o, as
veias jugulares externas esquerda e direita se comunicam pelo arco venoso hió ideo, uma veia
ímpar que conecta as veias direita e esquerda da l íngua ventralmente ao osso basi-hioide.
Em todos os mamíferos domésticos, com exceçã o do equino e dos pequenos
ruminantes (ovino e caprino), há dois pares de veias jugulares. Além da veia jugular externa,
esses animais possuem uma veia jugular interna (profunda) que corre entre a artéria caró tida
comum e a traqueia para se unir com a veia jugular externa na base do pescoço.
VEIA SAFENA:

Cada veia safena se origina de um ramo caudal e cranial do tarso, e se unem na metade
da perna. Na altura do tarso, se comunicam com as veias metatarsais profundas. Na perna, as
veias safenas correm medial e lateralmente entre o tendã o calcanear e a massa muscular
caudal. A veia medial é a maior das duas em todos os animais domésticos, com exceçã o do cã o,
e cruza a face femoral medial para se abrir na veia femoral. A veia lateral se une à veia femoral
profunda no joelho. No gato, a veia safena medial pode ser usada para injeçõ es intravenosas,
especialmente durante anestesia. No cã o, a veia safena lateral pode ser usada para punçã o
venosa acima do tarso.
O nervo safeno prossegue distalmente, paralelo à artéria de mesmo nome e à veia
safena medial para inervar a pele sobre a face medial da perna, prolongando-se da coxa até o
tarso.
Na regiã o mediofemoral, o nervo tibial dá origem ao nervo sural caudal, o qual passa
caudalmente, juntamente com a veia safena lateral, para alcançar uma posiçã o subcutâ nea na
face caudal da perna.

1- Patela.
4- Tibial cranial.
5- Bíceps femoral.
6- Linfonodo poplíteo.
7- Nervo fibular comum.
8- Cabeça lateral do
gastrocnêmio.
9- Veia safena lateral.
10 - flexor digital profundo.
11 - Nervo f ibular superficial.
Vista medial do Membro Pélvico de um Cão
CATÉ TER VENOSO PARA ADMINISTRAÇÃ O DE FLUIDOS

Os casos mais comuns de indicaçã o para fluidoterapia sã o para correçã o de:


Desidrataçã o; Hipocalemia; Acidose metabó lica.
Porém também pode ser indicada para correçã o específica de: Hipernatremia; Hiponatremia;
Hipercalemia; Alcalose metabó lica; Hipocalcemia; Hipercalcemia.
Sendo ainda indicada para nutriçã o parenteral e para repor perdas concomitantes ou prévias
devido a diarréias, vô mitos, pneumonias, queimaduras, feridas extensas ou acú mulo de fluido
em terceiro espaço.
A via intravenosa é a via escolhida para perdas agudas de líquidos, desequilíbrios
eletrolíticos moderados a graves, prostraçã o intensa em que o animal nã o se alimenta ou nã o
ingere á gua, nos casos de choque e para infusã o de fluidos nã o isotô nicos.
Os cateteres sã o introduzidos nas veias periféricas (ex. safena ou cefá lica) para administraçã o
de fluidos. É necessá ria técnica de assepsia e realizaçã o de tricotomia local. É uma das vias de
acesso mais caras, porém mais efetivas e com efeito imediato. Para estes acessos é necessá rio
utilizar fluidoterapia estéril, e o paciente deve ser monitorado com frequência.
Complicaçõ es comuns deste acesso sã o inflamaçã o local, risco de trombose, falta de
assepsia adequada, além de alguns animais nã o aceitarem o acesso e morderem o catéter.
Tricotomia e assepsia da regiã o. Localizaçã o da veia cefá lica e introduçã o.
Manter a agulha no lugar, avançar com o cateter.

Retirar agulha e câ mara traseira e conectar a tampa ou a equipo.


Fixaçã o com esparadrapo ou micropole

Colocar injetor lateral para administraçã o de medicamentos IV.

Tipos de Soros:
Ringer com Lactato: usado na reidrataçã o e reposiçã o de só dio, potá ssio, cloreto e
cá lcio, e no tratamento de acidoses.
Glicosado: reposiçã o dos níveis de glicose no sangue e quando se tem desnutriçã o
excessiva.
Fisioló gico: diminuiçã o de líquidos ou de sal no organismo.

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