Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Cajazeiras - PB
2023
SUMÁRIO
1 AULA 24/07.......................................................................................................................... 3
1.1 Exame Neurológico no Adulto......................................................................................3
1.2 Exame Neurológico na Criança...................................................................................12
2 AULA 07/08........................................................................................................................ 20
2.1 Autismo....................................................................................................................... 20
2.2 TDAH..........................................................................................................................25
2.3 Deficiência Intelectual.................................................................................................28
3 AULA 04/09........................................................................................................................ 31
3.1 Ambulatório................................................................................................................ 31
4 AULA 16/10........................................................................................................................ 32
4.1 Ambulatório................................................................................................................ 32
4.2 Crise Febril..................................................................................................................33
5 AULA 30/10........................................................................................................................ 33
5.1 Ambulatório................................................................................................................ 33
6 AULA 06/11.........................................................................................................................33
6.1 Crises epilépticas na infância...................................................................................... 33
REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 35
1 AULA 24/07
Na manhã de segunda-feira, houve uma aula dedicada à exploração do exame
neurológico aplicado em pacientes adultos. No entanto, a complexidade da neurologia se
estende para além desse domínio, abrangendo também o fascinante universo da neurologia
infantil.
Durante a aula, não só discutimos etapas do exame neurológico em adultos, mas
também foi lançado o desafio aos estudantes de estender seus conhecimentos ao universo
pediátrico. O destaque foi a ênfase na importância de compreender as nuances específicas ao
lidar com o sistema nervoso em desenvolvimento.
Como complemento a essa aula enriquecedora, foi proposta a leitura de um artigo
especializado sobre o exame neurológico em crianças. Essa tarefa visa proporcionar uma
compreensão mais holística da neurologia, abordando os desafios únicos e as abordagens
diferenciadas necessárias ao lidar com pacientes pediátricos.
Definição
É de extrema importância que todo médico, independentemente de sua especialidade,
possua habilidades sólidas em realizar um exame neurológico abrangente. Este
conhecimento é essencial tanto para o diagnóstico de emergências neurológicas quanto para
a identificação de lesões neurológicas associadas a condições clínicas em avaliação. O
exame neurológico envolve avaliações sistemáticas das respostas cognitivas, sensoriais e
motoras, que permitem identificar possíveis doenças do sistema nervoso. Ele desempenha
um papel fundamental na localização de lesões neurológicas e na afinação do diagnóstico
diferencial.
O exame neurológico clássico é composto por seis etapas essenciais: estágio mental, força
motora, coordenação, reflexos, sensibilidade pares de nervos cranianos
Inspeção:
Comece observando o paciente em repouso. Note qualquer assimetria, atrofia
muscular, fasciculações (movimentos musculares involuntários), deformidades ou
anormalidades visíveis.
Movimento Ativo:
Peça ao paciente que realize movimentos específicos, como flexionar e estender os
membros, levantar os braços, empurrar contra a resistência e realizar movimentos
similares em diferentes partes do corpo.
Observe a força, a amplitude de movimento e a coordenação durante essas ações.
Anote qualquer fraqueza, assimetria ou dificuldade em realizar os movimentos.
Marchas atípicas
As marchas atípicas podem ser indicativas de várias condições neurológicas, mas o
diagnóstico deve ser feito com base em uma avaliação completa, incluindo outros
aspectos do exame neurológico e exames complementares. A identificação de marchas
anormais é um componente importante na identificação de distúrbios neurológicos e no
planejamento do tratamento adequado.
Marcha Anserina: Caracterizada por pequenos passos, como os de um pato. Pode ser
observada em doenças que afetam a região frontal do cérebro, como a demência
frontotemporal.
Teste do Dedo-Nariz: Peça ao paciente para tocar o dedo do nariz com o dedo
indicador, primeiro com os olhos abertos e, em seguida, com os olhos fechados.
Repita o processo várias vezes para avaliar a precisão dos movimentos e observar se
há oscilações ou tremores.
Ataxia Cerebelar: Pode ser causada por condições como a atrofia cerebelar,
esclerose múltipla ou acidente vascular cerebral (AVC), resultando em movimentos
descoordenados.
Reflexos Profundos:
Os reflexos profundos são mediados por uma resposta involuntária a um estímulo
adequado. Eles podem ser classificados de acordo com o nível da medula espinhal ou
do segmento do tronco cerebral envolvido. Os reflexos profundos são obtidos
batendo-se com um martelo apropriado no tendão do músculo, sua distensão rápida
leva à contração reflexa e ao relaxamento simultâneo dos músculos antagonistas.
Orbicular das pálpebras (ponte). Orbicular dos lábios (ponte). Mandibular (ponte).
Peitoral (C8- T2). Bicipital (C5 -6). Tricipital (C6 - 8). Estilorradial - resposta
proximal (C5 - 6) distal (C7 - 8). Flexor dos dedos: (C7-8-T1). Costoabdominal
(T6-9). Médio-púbico (T6-12). Adutor da coxa (L2-4). Patelar (L2 4) Aquileu (S1-2).
Flexor dos dedos dos pés (S1-2). Alguns exemplos de reflexos profundos e as áreas
correspondentes são:
-Reflexo Patelar (L4): Este reflexo é testado ao atingir o tendão patelar, localizado
logo abaixo da patela, com o martelo de reflexos. A resposta normal é a extensão da
perna no joelho.
Reflexos Superficiais:
Os reflexos superficiais envolvem a estimulação da pele ou outras estruturas
superficiais para avaliar as respostas neurológicas. Nos reflexos superficiais
(cutâneos e mucosos) o estímulo provocador do reflexo é superficial, feito, em geral,
com um estilete de ponta romba (palito de fósforo) e a resposta é a contração de um
grupo muscular. Cutâneos abdominais: superior (T7-9), médio (T9-11), inferior
(T11-12). Cremastéricos (L1-2). Cutâneo-plantar (L5-S1-2). Anal. Palmo - mentual
(Marinesco). Sinal de Babinski e equivalentes (Oppennheim, Gordon, Chaddoc,
Schaeffer). Alguns exemplos de reflexos superficiais incluem:
-Reflexo Plantar: Este reflexo é obtido passando um objeto pontiagudo, como uma
chave, na sola do pé do paciente. Uma resposta normal é a flexão dos dedos do pé
(resposta plantar).
Sensibilidade Superficial:
A sensibilidade superficial envolve a avaliação dos tipos de sensações que são
percebidos na pele e nas camadas superficiais do corpo. Os principais tipos de
sensibilidade superficial incluem:
Tátil: Para testar a sensibilidade tátil, o examinador pode utilizar um objeto suave,
como algodão seco, gaze ou um pedaço de lenço de papel. Esses materiais são
aplicados em várias áreas da pele para avaliar a capacidade do paciente de sentir o
toque.
Térmica: Para testar a sensibilidade térmica, dois tubos de ensaio cheios são
utilizados, um contendo água fria (aproximadamente 10°C) e outro contendo água
quente (aproximadamente 45°C). Os tubos são aplicados de forma aleatória nas áreas
a serem testadas. O paciente é questionado sobre a percepção de temperatura e a
capacidade de distinguir entre frio e calor.
Sensibilidade Profunda:
A sensibilidade profunda envolve a avaliação de sensações que se originam em
estruturas mais profundas do corpo, como músculos, articulações e tendões. Os
principais tipos de sensibilidade profunda incluem:
Teste de Rinne: Este teste envolve o uso de um diapasão que é colocado em vibração
e mantido próximo ao ouvido do paciente. O paciente é instruído a indicar quando
não consegue mais ouvir a vibração (teste aéreo) e quando não pode mais senti-la na
mastoide (teste ósseo). Comparando as respostas, o médico pode determinar se a
condução do som é normal (positivo para o teste aéreo) ou se há uma perda de
condução óssea (negativo para o teste aéreo).
● Avaliação dos Pares de Nervos Cranianos: A análise dos pares de nervos cranianos
envolve a observação de funções como visão, audição, olfato, paladar e movimentos oculares,
fornecendo informações cruciais sobre possíveis disfunções neurológicas na cabeça e no
pescoço.
Mobilidade da face: Peça ao paciente para enrugue a testa, feche os olhos com força,
mostre os dentes e dê um sorriso. Observe a presença de assimetrias e ausência de
pregas faciais.
Até o Final do Primeiro Ano: Durante o primeiro ano de vida, o bebê avança na
expressão linguística, elaborando palavras de duas sílabas com significado, como "mama" ou
"papa". A partir dos 18 meses, inicia a expressão de palavras em frases curtas, como "água"
ou "dá água", demonstrando uma evolução notável na comunicação.
Nervos Cranianos
Nervo Olfatório (I): O exame do olfato, embora desafiador em idades mais jovens, é
fundamental após os 4 ou 5 anos. Estímulos específicos, como café ou piche, são utilizados
para avaliar a função olfatória, proporcionando informações sobre a integridade dessa via
sensorial.
Nervo Óptico (II): Além do exame do fundo do olho e do reflexo de piscamento, a
análise minuciosa do nervo óptico é crucial para identificar possíveis comprometimentos.
Alterações nesse nervo podem ser indicativas de condições oftalmológicas e neurológicas.
Respostas Parassimpáticas (III, VII): A avaliação do tamanho das pupilas e dos
reflexos fotomotor, consensual e de acomodação não apenas identifica possíveis
anormalidades, mas também fornece informações sobre a integridade do sistema nervoso
autônomo, aspecto essencial na compreensão do quadro clínico global.
Nervos Oculomotor (III), Patético (IV), Abducente (VI): A motricidade ocular é
minuciosamente avaliada para garantir a coordenação e simetria dos movimentos. A
capacidade de fixação de objetos distantes e próximos é examinada, contribuindo para a
detecção precoce de disfunções oculares e neuromotoras.
Nervo Trigêmeo (V): O teste da sensibilidade da face a estímulos táteis e dolorosos é
um componente crucial, revelando informações sobre possíveis anormalidades sensoriais na
região facial.
Nervos Facial (VII), Glossofaríngeo (IX), Vago (X): A avaliação abrangente da
motricidade facial, gustação e reflexos autonômicos é essencial para compreender a saúde
neurológica global. As respostas faciais, como choro, sorriso e reflexo de sucção, fornecem
insights valiosos sobre a função motora e sensorial da face.
Nervos Acessório (XI) e Hipoglosso (XII): Examinar a tonicidade dos músculos
esternocleidomastóideos e a motricidade da língua é uma abordagem refinada para
identificar desvios que podem indicar anormalidades nos nervos responsáveis. A avaliação
do movimento, força muscular e centralização da língua é crucial para uma análise
abrangente.
Reflexos Próprios do Recém-Nascido: Os reflexos próprios do recém-nascido são
mais do que meros indicadores de maturação neurológica. Além de avaliar o reflexo de
sucção e os pontos cardeais, a análise do reflexo de endireitamento é fundamental para
verificar o desenvolvimento do sistema nervoso no recém-nascido, proporcionando uma
visão abrangente do estado neuromotor.
● Coordenação Motora
Na análise da coordenação motora infantil, diversos marcos e testes oferecem insights
sobre o desenvolvimento neuromotor:
2 AULA 07/08
2.1 Autismo
O transtorno do espectro autista (TEA) é um complexo quadro neurobiológico que
engloba uma diversidade de desafios comportamentais e cognitivos. Este transtorno
manifesta-se nos primeiros anos de vida e afeta a interação social, comunicação verbal e não
verbal, além de padrões restritos e repetitivos de comportamento. A etiologia do autismo é
multifatorial, envolvendo fatores genéticos, neurobiológicos e ambientais.
A trama do autismo começa a se desenrolar nos estágios iniciais do desenvolvimento
cerebral. Embora a compreensão seja ainda incompleta, pesquisas indicam uma combinação
complexa de fatores genéticos. Certas variantes genéticas estão associadas a um risco
aumentado de desenvolver TEA, mas o quadro é complicado pela interação entre
predisposição genética e influências ambientais.
A prevalência do autismo tem aumentado, e as pesquisas contemporâneas destacam a
importância de uma compreensão mais profunda de seus mecanismos subjacentes. Regiões
cerebrais, como o córtex pré-frontal e a amígdala, mostram alterações estruturais e
funcionais em pessoas com TEA. Essas mudanças podem impactar as habilidades sociais,
emocionais e de comunicação.
Os sinais clínicos do autismo são variados e podem incluir dificuldades na interação
social, desafios na comunicação verbal e não verbal, comportamentos repetitivos e interesses
restritos. A intensidade e a natureza desses sintomas podem variar amplamente, dando ao
TEA sua característica de "espectro".
O diagnóstico do autismo envolve uma avaliação abrangente, considerando o
histórico de desenvolvimento, observações clínicas e instrumentos específicos de avaliação.
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) é uma ferramenta
comumente usada para esse fim.
A abordagem terapêutica para o autismo é ampla e variada, adaptando-se às
necessidades individuais. Intervenções comportamentais, terapia ocupacional,
fonoaudiologia e educação especial são componentes frequentes do plano de tratamento.
Terapias medicamentosas podem ser consideradas para sintomas específicos.
Conforme o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-V
(APA, 2014), as características do transtorno espectro autista são:
• dificuldades persistentes na interação social, isto é, dificuldades de apresentar
reciprocidade social e emocional;
• dificuldades na expressão da comunicação não verbal;
• apresenta dificuldade para desenvolver, manter e compreender relacionamentos;
• apresenta movimentos motores repetidos e estereotipados;
• tendência a sempre querer as mesmas coisas ou que sejam do mesmo jeito;
• demonstram apego excessivo a objetos incomuns.
O transtorno do espectro autista é subdividido em graus:
• Nível 1 – A pessoa com TEA exige pouco apoio, isto é, requer auxílio de outra pessoa
com menos frequência do que nos outros níveis.
• Nível 2 – A pessoa com TEA necessita de considerável ajuda de outra pessoa, isto é,
precisa ser ajudada com certa frequência.
• Nível 3 – A pessoa com TEA necessita de muita e constante ajuda de outra pessoa,
requerendo suporte substancial. Ou seja, é mais dependente de outrem porque tem
dificuldade para fazer várias coisas sozinha.
Vejamos os sintomas que uma pessoa com transtorno do espectro autista apresenta:
• usa as pessoas como ferramentas;
• resiste a mudanças de rotina;
• não se mistura com outras crianças;
• não mantém contato visual;
• age como se fosse surda;
• resiste ao aprendizado;
• apresenta apego não apropriado a objetos;
• não demonstra medo de perigos;
• gira objetos de maneira bizarra e peculiar;
• apresenta riscos e movimentos não apropriados;
• resiste ao contato físico;
• acentuada hiperatividade física;
• às vezes pode ser agressiva e destrutiva;
• apresenta modo e comportamento indiferentes e arredio.
Segundo os critérios do DSM-IV-TR, para que a criança seja diagnosticada com transtorno
autista, ela deve apresentar pelo menos seis da lista de doze sintomas sendo que pelo menos
dois dos sintomas devem ser na área de interação social, pelo menos um na área de
comunicação, e pelo menos um na área de comportamentos restritos, repetitivos e
estereotipados.
A avaliação precoce do autismo é crucial para a intervenção e o suporte adequados às
crianças que apresentam sinais do transtorno. A Escala de Avaliação do Autismo na Primeira
Infância (ESAAPI) é uma ferramenta que visa identificar precocemente comportamentos
indicativos do espectro autista.
A ESAAPI é uma escala específica, desenvolvida para ser utilizada em crianças com
idades entre 12 e 36 meses. Ela se concentra em comportamentos socialmente atípicos e
marcadores que podem sugerir a presença de características autistas. Esses comportamentos
incluem dificuldades na interação social, atrasos na linguagem e comunicação, bem como
padrões restritos e repetitivos de comportamento.
O tratamento do Transtorno do Espectro Autista (TEA) é abrangente e muitas vezes
requer uma abordagem multidisciplinar, envolvendo diferentes profissionais de saúde e
educadores. Tanto as opções medicamentosas quanto as não medicamentosas desempenham
papéis importantes no manejo do TEA, visando melhorar a qualidade de vida da pessoa
afetada.
Os medicamentos são frequentemente prescritos para tratar sintomas específicos
associados ao TEA, como agressividade, impulsividade, ansiedade e transtornos de humor.
Dois medicamentos aprovados pela FDA para uso em TEA são a Risperidona e o
Aripiprazol. No entanto, é crucial ressaltar que a decisão de utilizar medicamentos deve ser
cuidadosamente avaliada, considerando os potenciais riscos e benefícios para cada paciente.
Risperidona: É um antipsicótico atípico utilizado para tratar irritabilidade associada
ao TEA em crianças e adolescentes.
Aripiprazol: Outro antipsicótico atípico, aprovado para tratar irritabilidade em
crianças e adolescentes com TEA.
Tratamento Não Medicamentoso
● Intervenções Comportamentais:
Análise do Comportamento Aplicada (ABA): Uma abordagem terapêutica que se
concentra em melhorar comportamentos socialmente significativos, utilizando técnicas de
reforço.
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): Pode ser adaptada para tratar
sintomas específicos, como ansiedade e comportamentos repetitivos.
● Intervenções Educacionais:
Educação Estruturada: Crianças com TEA muitas vezes se beneficiam de
ambientes educacionais estruturados, com rotinas consistentes e apoio individualizado.
Comunicação Suplementar e Alternativa (CSA): Estratégias que auxiliam na
comunicação para aqueles com dificuldades na linguagem verbal.
● Intervenções Psicossociais
Treinamento de Habilidades Sociais: Ajuda a melhorar as interações sociais e a
compreensão das pistas sociais.
Intervenções Familiares: Envolvimento da família em terapias e estratégias para
proporcionar um ambiente de suporte.
Terapias Integrativas: Musicoterapia, Arteterapia: Podem ser utilizadas para
melhorar a expressão emocional e a interação social.
2.2 TDAH
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma peça complexa
do desenvolvimento cerebral, com atenção, impulsividade e hiperatividade como
protagonistas nesse palco neurobiológico. A trama começa aos 7 anos, quando o córtex
pré-frontal testemunha um aumento exponencial de sinapses, uma espécie de abertura do
primeiro ato.
Na adolescência, uma virada de página crucial ocorre. Metade das sinapses formadas
na infância é eliminada, orquestrando uma coreografia única de poda sináptica. Essa poda,
longe de ser cruel, permite a criação de novas conexões e eliminação das obsoletas,
desencadeando uma dança cerebral fundamental.
No enredo do TDAH, a dopamina (DA) e a noradrenalina (NA) emergem como
personagens centrais, regulando atenção, controle inibitório e humor. A alteração em seus
níveis desempenha um papel direto nos sintomas do transtorno.
Genética e neurologia entram como elementos fundamentais na trama. A forte
hereditariedade do TDAH e as nuances na estrutura cerebral, funcionamento e conectividade
neuronal são peças-chave desse quebra-cabeça.
3 AULA 04/09
3.1 Ambulatório
Caso de L.V.S
Queixa Principal: Há um ano, a mãe relata "atraso na fala."
História da doença atual: A mãe percebeu alterações no comportamento do filho,
incluindo dificuldades na fala e interação social. Movimentos estereotipados, como ranger
dos dentes diariamente, foram observados. O paciente apresenta aversão a mudanças na
rotina, comportamento de isolamento social, empilhamento de objetos e preferência por
brincar com itens não convencionais. Há também dificuldade em compartilhar brinquedos,
além de episódios de agressividade com o irmão. Na comunicação com os pais, o paciente
responde a comandos e ao chamado pelo nome, mas evita o contato visual. Outras
características incluem ecolalia imediata, expressões faciais fixas e ausência de seletividade
alimentar.
Histórico Médico Prévio: Não há histórico de internações, infecções ou outras
condições relevantes, exceto por uma queda de uma cadeira resultando em um corte no olho,
que exigiu pontos.
Histórico Familiar: Mencionou um tio de 58 anos com TDAH não diagnosticado.
Revisão dos Sistemas: Recentemente, apresentou um quadro de coriza e tosse com
expectoração clara, melhorando com o uso de Ambroxol e Amoxicilina (5 ml).
Perfil Psicossocial: Vive com a mãe e um irmão mais velho em Poço Zé de Moura,
com visitas ao pai nos finais de semana no Sítio Tapera. Anteriormente, residia com os pais
no Sítio Tapera.
Exame Físico: Ausculta pulmonar revelou murmúrios vesiculares presentes em
ambos os hemitórax, sem ruídos adventícios. Bulhas normofonéticas em dois tempos, sem
sopros. Circunferência cefálica de 51 cm. Reflexo pupilar presente bilateralmente.
Possíveis Diagnósticos Iniciais: Autismo e Déficit de Atenção.
Plano de Ação: Encaminhamento ao fonoaudiólogo devido ao atraso na
fala.Encaminhamento ao psicólogo para avaliação global do desenvolvimento
neuropsicomotor. Encaminhamento ao psicopedagogo para avaliação da aprendizagem.
4 AULA 16/10
4.1 Ambulatório
Caso de C.A.B.
Queixa Principal: Diagnóstico de "autismo" há 1 ano.
Histórico da Atual Condição:Criança de 4 anos com relato de falta de interação
social na escola, dificuldades na fala e comportamento seletivo na alimentação. Não
apresenta ecolalia, não empilha objetos, mas possui um padrão de sinalização com as mãos.
Apresenta um padrão de comportamento ao desmontar brinquedos e não costuma brincar
com outras crianças. Professores o descrevem como "agitado, prefere ficar sozinho em
alguns dias, mas não demonstra agressividade." Ele apresenta dificuldades de comunicação
em conjunto com outras crianças, não usa celular, assiste à televisão e não demonstra
interesse por atividades específicas. Relata aversão ao toque, falta de contato visual, não
responde ao seu nome e não varia expressões faciais.
Histórico Médico Prévio: Mãe teve uma gravidez de risco, com parto cesariano às
39 semanas devido a deslocamento de placenta na 8ª semana, fazendo uso de progesterona.
A mãe tinha 36 anos na época do parto. O paciente é acompanhado por psicóloga e
neuropedagoga. Apresentou quadro gripal e está atualmente em tratamento com
Acetilcisteína (20mg/ml - 5ml), administrada a cada 8 horas durante 5 dias.
Histórico Familiar: Três primos diagnosticados com autismo.
Perfil Psicossocial: Não utiliza celular, assiste à televisão, encontra dificuldades em
interagir com outras crianças, apresenta aversão ao toque e não mantém contato visual.
Possíveis Diagnósticos Iniciais: Investigação de Transtorno do Espectro Autista
(TEA) - CID 84.9.
Plano de Ação: Solicitar relatório escolar sobre linguagem, interação social,
comportamento e aprendizagem. Solicitar relatório à neuropedagoga para avaliação da
aprendizagem. Solicitar relatório à psicóloga sobre avaliação de comportamento e
linguagem. Solicitar à mãe documentação visual para registrar os padrões comportamentais
da criança. Encaminhamento ao fonoaudiólogo para desenvolvimento da fala.
5.1 Ambulatório
● Paciente J.M.B.O.
Queixa principal: “Acompanhamento de microcefalia” por 7 anos
História da doença atual: Criança do sexo masculino, 7 anos, apresenta
microcefalia congênita decorrente de infecção por Zika durante a gestação, ocorrida na 8ª
semana. Nasceu a termo, sem complicações, porém com alimentação pastosa e sem consumo
de líquidos. Não possui fala ou locomoção, mas responde a estímulos verbais. Recebe
tratamento de fisioterapia duas vezes por semana e acompanhamento fonoaudiológico a cada
15 dias.
Histórico médico: Apresentou epilepsia, sendo a última crise há 3 anos.
Medicações: Levetiracetam (Keppra) 5ml, Oxcarbamazepina (Trileptal) 5ml,
Gardenal 40mg
Histórico familiar: Não há antecedentes de microcefalia.
Exame físico: Ruídos bilaterais e sibilos na base do hemitórax direito, Perímetro
cefálico de 47 cm, Reflexo pupilar bilateral presente
Possíveis diagnósticos: Paciente clinicamente estável, precisando de aumento da
frequência no atendimento fonoaudiológico e atualização das dosagens medicamentosas.
Conduta: Atualização das doses dos medicamentos em relação ao peso: 7
Levetiracetam mantido em 5ml; Oxcarbamazepina (Trileptal) mantido em 5ml; Gardenal
ajustado para 45mg.
● Paciente N.A.B.S.
Queixa principal: “Agressivo e agitado”
História da doença atual: Criança de 5 anos com atraso na fala e locomoção.
Sensibilidade auditiva aumentada a sons altos e barulhos específicos. Apresenta
agressividade inesperada e prefere ficar sozinho. Mantém contato visual, andava na ponta
dos pés e é seletivo com alimentos. Sensibilidade sensorial e uso excessivo de aparelho
celular com repetição de conteúdo. Comportamentos incomuns, como brincar com cabides,
girar sozinho e medo de altura. Boa interação social. Incômodo com o próprio pênis.
Histórico médico: Mãe teve chikungunya entre o 5º e 6º mês de gestação. Uso de
Risperidona (1mg/ml) 0,5ml 1 vez ao dia. Acompanhamento psiquiátrico mensal. Sofreu
pancada na cabeça sucedida por síncope aos 2 anos de idade.
Histórico familiar: Primo diagnosticado com autismo.
Exame físico: Perímetro cefálico de 51cm, Reatividade e interação social, Nervos
cranianos preservados, Sensibilidade preservada, Testes de índex/dedo-nariz e marcha
normais., Babinski e Brudzinski negativos., Sem rigidez nucal, Propriocepção e força motora
normais., Reflexo pupilar bilateral presente.
Possíveis diagnósticos: Uso excessivo de celular, Falta de atenção familiar
Conduta:Avaliação com psicóloga, Avaliação escolar: socialização, linguagem,
aprendizado e atenção, Retorno previsto para abril de 2024
● Paciente R.V.G.D.
Queixa principal: “Sono perturbardo desde sempre”
História da doença atual: Mãe relata que a criança possui distúrbios do sono com
sonambulismo e sonolência prolongada, há um bom tempo. Horário regular de sono,
iniciando às 7 horas e acordando às 5 horas, melhorado com o uso de Risperidona (0,5ml)
durante a noite, iniciado há 4-5 meses. Dificuldades de concentração e aprendizado na
escola, preferência seletiva por roupas e acessórios. Resistência ao toque no cotidiano e
isolamento social. Parou o uso de telas há 1 mês. Sinais positivos para autismo: seletividade
alimentar e roupas. Sinais negativos para autismo: boa sociabilidade e fala na idade
esperada. Sinais positivos para TDAH: dificuldade de atenção, impulsividade, dificuldade de
aprendizagem e hiperatividade.
Histórico médico:Parto natural em casa, História de queda da cama aos 3 anos de
idade, sem vômitos ou perda de consciência, Andou com 1 ano e 3 meses e começou a falar
com 1 ano e alguns meses, História de frenotomia há 2 anos, sendo acompanhamento com
fisioterapeuta e fonoaudiólogo. Entretanto, desde então só conseguiu uma avaliação com
fonoaudiólogo
Histórico familiar: Prima com autismo Pai com histórico de sonambulismo
Exame físico: Perímetro cefálico: 54 cm, Reflexo pupilar presente bilateralmente,
Babinski negativo
Possíveis diagnósticos: TDAH com distúrbio do sono associado
Conduta: Encaminhamento ao fonoaudiólogo para estímulo de linguagem devido à
história de frenotomia, solicitação de relatório escola, avaliação com psicopedagogo devido
à dificuldade de concentração e aprendizado, avaliação com psicólogo para avaliação de
agitação e impulsividade, encaminhado para Terapia Ocupacional com Integração Sensorial,
renovação de receituário de Risperidona (0,5ml) à noite, retorno previsto para abril de 2024
6 AULA 06/11
Dan B, Mayston M, Paneth N, Rosembloom L, eds. Cerebral Palsy: Science and Clinical
practice. New York: Wiley; 2015
DING, Jiangwei; WANG, Lei; LI, Wenchao; WANG, Yangyang; JIANG, Shucai; XIAO,
Lifei; ZHU, Changliang; HAO, Xiaoyan; ZHAO, Jiali; KONG, Xuerui. Up to What Extent
Does Dravet Syndrome Benefit From Neurostimulation Techniques? Frontiers In Neurology,
[S.L.], v. 13, p. 18-34, 13 abr. 2022. Frontiers Media SA.
http://dx.doi.org/10.3389/fneur.2022.843975.
FELT, Barbara T. et al. Diagnosis and management of ADHD in children. American Family
Physician, v. 90, n. 7, p. 456-464, 2014.
PORTO, Celmo Celeno. Exame clínico: bases para a prática médica. 5. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2004.
HOOGMAN, Martine et al. Subcortical brain volume differences in participants with attention
deficit hyperactivity disorder in children and adults: a cross-sectional mega-analysis. The
Lancet Psychiatry, v. 4, n. 4, p. 310-319, 2017.
Leung AK, Hon KL, Leung TN. Febrile seizures: an overview. Drugs Context. 2018 Jul
16;7:212536.