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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES - CFP


UNIDADE ACADÊMICA DAS CIÊNCIAS DA VIDA - UACV
CURSO DE BACHARELADO EM MEDICINA
UNIDADE CURRICULAR: NEUROLOGIA INFANTIL
DOCENTE: DR. CARLOS KENNEDY TAVARES LIMA

Anna Carolina Vieira de Oliveira (221120210) - 5° Período

Portfólio avaliativo referente à disciplina de Neurologia Infantil

Cajazeiras - PB
2023
SUMÁRIO
1 AULA 24/07.......................................................................................................................... 3
1.1 Exame Neurológico no Adulto......................................................................................3
1.2 Exame Neurológico na Criança...................................................................................12
2 AULA 07/08........................................................................................................................ 20
2.1 Autismo....................................................................................................................... 20
2.2 TDAH..........................................................................................................................25
2.3 Deficiência Intelectual.................................................................................................28
3 AULA 04/09........................................................................................................................ 31
3.1 Ambulatório................................................................................................................ 31
4 AULA 16/10........................................................................................................................ 32
4.1 Ambulatório................................................................................................................ 32
4.2 Crise Febril..................................................................................................................33
5 AULA 30/10........................................................................................................................ 33
5.1 Ambulatório................................................................................................................ 33
6 AULA 06/11.........................................................................................................................33
6.1 Crises epilépticas na infância...................................................................................... 33
REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 35
1 AULA 24/07
Na manhã de segunda-feira, houve uma aula dedicada à exploração do exame
neurológico aplicado em pacientes adultos. No entanto, a complexidade da neurologia se
estende para além desse domínio, abrangendo também o fascinante universo da neurologia
infantil.
Durante a aula, não só discutimos etapas do exame neurológico em adultos, mas
também foi lançado o desafio aos estudantes de estender seus conhecimentos ao universo
pediátrico. O destaque foi a ênfase na importância de compreender as nuances específicas ao
lidar com o sistema nervoso em desenvolvimento.
Como complemento a essa aula enriquecedora, foi proposta a leitura de um artigo
especializado sobre o exame neurológico em crianças. Essa tarefa visa proporcionar uma
compreensão mais holística da neurologia, abordando os desafios únicos e as abordagens
diferenciadas necessárias ao lidar com pacientes pediátricos.

1.1 Exame Neurológico no Adulto

Definição
É de extrema importância que todo médico, independentemente de sua especialidade,
possua habilidades sólidas em realizar um exame neurológico abrangente. Este
conhecimento é essencial tanto para o diagnóstico de emergências neurológicas quanto para
a identificação de lesões neurológicas associadas a condições clínicas em avaliação. O
exame neurológico envolve avaliações sistemáticas das respostas cognitivas, sensoriais e
motoras, que permitem identificar possíveis doenças do sistema nervoso. Ele desempenha
um papel fundamental na localização de lesões neurológicas e na afinação do diagnóstico
diferencial.

O exame neurológico clássico é composto por seis etapas essenciais: estágio mental, força
motora, coordenação, reflexos, sensibilidade pares de nervos cranianos

● Estágio Mental: Inicialmente, a avaliação do estado mental do paciente é crucial,


incluindo a consciência, orientação temporal e espacial, memória e funções cognitivas gerais. É
a avaliação da capacidade mental atual de um sujeito com base em alguns fatores: aparência,
orientação, atenção, concentração, orientação espacial, status motor geral, discurso, processo de
pensamento, conteúdo do pensamento, memória (retrógrada e imediata), raciocínio abstrato,
percepção, intelecto, entendimento, julgamento, aprendizado.

Aparência: Inicie observando a aparência geral do paciente. Note sinais de angústia,


desconforto ou desordem, que podem sugerir problemas psicológicos ou
neurológicos.

Orientação Temporal e Espacial: Pergunte ao paciente sobre a data atual, o local


em que se encontra e seu próprio nome. Avalie se o paciente está ciente do tempo e
do espaço que o cerca.

Atenção e Concentração: Teste a capacidade do paciente de se concentrar em


tarefas específicas, como contar de 1 a 10 em ordem reversa, para avaliar a atenção e
concentração.

Orientação Espacial: Solicite ao paciente que desenhe um esboço simples de um


relógio, identificando os números e os ponteiros das horas e dos minutos, o que pode
revelar problemas de orientação espacial.

Status Motor Geral: Observe o paciente em busca de anormalidades no movimento,


descoordenação, tremores ou movimentos involuntários, que podem indicar
distúrbios neuromotores.

Discurso: Avalie a fluência do discurso, observando a articulação, o ritmo e a


compreensibilidade da fala do paciente.

Processo de Pensamento: Converse com o paciente para avaliar a clareza e a lógica


de seu raciocínio. Procure por pensamentos desorganizados ou incoerentes.

Conteúdo do Pensamento: Explore o conteúdo dos pensamentos do paciente,


procurando por ideias delirantes, obsessões, compulsões ou preocupações anormais.

Memória (Retrógrada e Imediata): Teste a memória do paciente fazendo perguntas


sobre eventos recentes e passados para avaliar a memória retrógrada e imediata.
Raciocínio Abstrato: Apresente ao paciente questões que requerem pensamento
abstrato, como analogias ou resolução de problemas complexos.

Percepção, Intelecto e Entendimento: Observe a percepção do paciente em relação


ao ambiente e avalie sua compreensão geral das informações fornecidas.

Julgamento: Avalie a capacidade do paciente de tomar decisões racionais e


prudentes com base em situações hipotéticas.

Aprendizado: Teste a habilidade do paciente de aprender novas informações,


apresentando-lhe dados e verificando sua capacidade de reter e aplicar essas
informações em um contexto imediato.

Nesse passo pode ser aplicado o mini exame do estado mental:

● Força Motora: A mensuração da força muscular é realizada em diferentes grupos


musculares para identificar fraquezas, assimetrias ou paresias, fornecendo pistas importantes
sobre distúrbios neuromusculares.

Inspeção:
Comece observando o paciente em repouso. Note qualquer assimetria, atrofia
muscular, fasciculações (movimentos musculares involuntários), deformidades ou
anormalidades visíveis.

Movimento Ativo:
Peça ao paciente que realize movimentos específicos, como flexionar e estender os
membros, levantar os braços, empurrar contra a resistência e realizar movimentos
similares em diferentes partes do corpo.
Observe a força, a amplitude de movimento e a coordenação durante essas ações.
Anote qualquer fraqueza, assimetria ou dificuldade em realizar os movimentos.

Movimento Passivo (Tônus Muscular):


Avalie o tônus muscular passivamente ao movimentar as articulações do paciente de
forma lenta e controlada. Observe se há resistência excessiva ou flacidez anormal.
O aumento do tônus pode ser indicativo de espasticidade, que é comum em condições
como esclerose múltipla.
A diminuição do tônus pode ser observada em condições que afetam o neurônio motor
superior, como a esclerose lateral amiotrófica (ELA).
São classificadas em Atonia, hipotonia, hipertonia e contratura.

Marchas atípicas
As marchas atípicas podem ser indicativas de várias condições neurológicas, mas o
diagnóstico deve ser feito com base em uma avaliação completa, incluindo outros
aspectos do exame neurológico e exames complementares. A identificação de marchas
anormais é um componente importante na identificação de distúrbios neurológicos e no
planejamento do tratamento adequado.

Marcha Atáxica: Caracterizada por movimentos descoordenados e instáveis, com um


padrão de andar semelhante ao de alguém embriagado. Pode estar associada à ataxia
cerebelar causada, por exemplo, pela atrofia cerebelar.

Marcha Escavante: O paciente parece arrastar os pés e tem dificuldade em levantá-los


do chão. Isso pode ser visto em pacientes com fraqueza dos músculos dorsiflexores do
pé, como na polineuropatia.

Marcha Anserina: Caracterizada por pequenos passos, como os de um pato. Pode ser
observada em doenças que afetam a região frontal do cérebro, como a demência
frontotemporal.

Marcha Ceifante: O paciente oscila de um lado para o outro, como um pêndulo, ao


caminhar. Isso pode ocorrer em casos de lesões da medula espinhal, como a esclerose
lateral amiotrófica.
Marcha Parkinsoniana: Apresenta passos curtos, arrastados e lentos, frequentemente
associados à doença de Parkinson.

● Coordenação: A coordenação motora é avaliada para detectar anormalidades, como


ataxia, disdiadococinesia e outros sinais de disfunção cerebelar. Testes, como o dedo-nariz e o
teste de riscar o pentagrama, são frequentemente utilizados.

Teste do Dedo-Nariz: Peça ao paciente para tocar o dedo do nariz com o dedo
indicador, primeiro com os olhos abertos e, em seguida, com os olhos fechados.
Repita o processo várias vezes para avaliar a precisão dos movimentos e observar se
há oscilações ou tremores.

Teste de Risca Pentagrama (Dibujar un Pentágono): Solicite ao paciente que


desenhe um pentágono (um polígono de cinco lados) com uma caneta ou lápis.
Observe a fluidez, a simetria e a coordenação na realização deste desenho.

Exemplos de Doenças Relacionadas à Coordenação Anormal:

Ataxia Cerebelar: Pode ser causada por condições como a atrofia cerebelar,
esclerose múltipla ou acidente vascular cerebral (AVC), resultando em movimentos
descoordenados.

Disdiadococinesia: Pode ser observada em pacientes com lesões cerebelares, como


na esclerose lateral amiotrófica (ELA) ou distúrbios cerebelares degenerativos.

● Reflexos: A avaliação dos reflexos, como o reflexo patelar, o reflexo bicipital e o


reflexo aquileu, auxilia na identificação de anormalidades do sistema nervoso central e
periférico. Esses reflexos são controlados por circuitos neurais que envolvem a medula espinhal
e segmentos específicos do tronco cerebral. Existem dois tipos de testes que podem ser
realizados durante a avaliação dos reflexos: os reflexos profundos e os reflexos superficiais.

Reflexos Profundos:
Os reflexos profundos são mediados por uma resposta involuntária a um estímulo
adequado. Eles podem ser classificados de acordo com o nível da medula espinhal ou
do segmento do tronco cerebral envolvido. Os reflexos profundos são obtidos
batendo-se com um martelo apropriado no tendão do músculo, sua distensão rápida
leva à contração reflexa e ao relaxamento simultâneo dos músculos antagonistas.
Orbicular das pálpebras (ponte). Orbicular dos lábios (ponte). Mandibular (ponte).
Peitoral (C8- T2). Bicipital (C5 -6). Tricipital (C6 - 8). Estilorradial - resposta
proximal (C5 - 6) distal (C7 - 8). Flexor dos dedos: (C7-8-T1). Costoabdominal
(T6-9). Médio-púbico (T6-12). Adutor da coxa (L2-4). Patelar (L2 4) Aquileu (S1-2).
Flexor dos dedos dos pés (S1-2). Alguns exemplos de reflexos profundos e as áreas
correspondentes são:

-Reflexo Bicipital (C5): Este reflexo é avaliado batendo suavemente com um


martelo de reflexos no tendão do bíceps, geralmente na parte interna do cotovelo.
Uma resposta normal resulta na flexão do antebraço.

-Reflexo Braquiorradial (C6): Para testar este reflexo, o martelo de reflexos é


utilizado para atingir o tendão do músculo braquiorradial na parte externa do
antebraço. A resposta normal é a flexão do antebraço.

-Reflexo Tricipital (C7): O reflexo tricipital é avaliado batendo no tendão do tríceps


na parte de trás do cotovelo. A resposta normal é a extensão do antebraço.

-Reflexo Patelar (L4): Este reflexo é testado ao atingir o tendão patelar, localizado
logo abaixo da patela, com o martelo de reflexos. A resposta normal é a extensão da
perna no joelho.

-Reflexo Aquileu (S1-S2): O reflexo aquileu é avaliado aplicando um golpe suave


no tendão de Aquiles, na parte de trás do tornozelo. A resposta normal é a flexão do
pé para baixo.

Reflexos Superficiais:
Os reflexos superficiais envolvem a estimulação da pele ou outras estruturas
superficiais para avaliar as respostas neurológicas. Nos reflexos superficiais
(cutâneos e mucosos) o estímulo provocador do reflexo é superficial, feito, em geral,
com um estilete de ponta romba (palito de fósforo) e a resposta é a contração de um
grupo muscular. Cutâneos abdominais: superior (T7-9), médio (T9-11), inferior
(T11-12). Cremastéricos (L1-2). Cutâneo-plantar (L5-S1-2). Anal. Palmo - mentual
(Marinesco). Sinal de Babinski e equivalentes (Oppennheim, Gordon, Chaddoc,
Schaeffer). Alguns exemplos de reflexos superficiais incluem:

-Reflexo Plantar: Este reflexo é obtido passando um objeto pontiagudo, como uma
chave, na sola do pé do paciente. Uma resposta normal é a flexão dos dedos do pé
(resposta plantar).

-Reflexo de Chaddock: Semelhante ao reflexo plantar, o reflexo de Chaddock


envolve a estimulação da parte lateral da planta do pé. Uma resposta anormal pode
resultar em uma extensão dos dedos e é conhecida como o sinal de Babinski.

-Reflexo de Oppenheim: Neste teste, o examinador aplica pressão ao longo da tíbia


do paciente. Uma resposta anormal pode levar a uma extensão dos dedos dos pés.
● Sensibilidade: Testes de sensibilidade, como a discriminação tátil, propriocepção e
nocicepção, são realizados para identificar alterações sensoriais relacionadas a lesões
neurológicas. A sensibilidade pode ser avaliada em duas categorias principais: sensibilidade
superficial e sensibilidade profunda. Cada uma delas envolve testes específicos para avaliar
diferentes aspectos das funções sensoriais. Antes de iniciar o exame, é importante perguntar ao
paciente se ele apresenta alguma região do corpo com anestesia (perda de sensibilidade) ou
parestesia (sensações anormais, como formigamento ou dormência).

Sensibilidade Superficial:
A sensibilidade superficial envolve a avaliação dos tipos de sensações que são
percebidos na pele e nas camadas superficiais do corpo. Os principais tipos de
sensibilidade superficial incluem:

Tátil: Para testar a sensibilidade tátil, o examinador pode utilizar um objeto suave,
como algodão seco, gaze ou um pedaço de lenço de papel. Esses materiais são
aplicados em várias áreas da pele para avaliar a capacidade do paciente de sentir o
toque.

Térmica: Para testar a sensibilidade térmica, dois tubos de ensaio cheios são
utilizados, um contendo água fria (aproximadamente 10°C) e outro contendo água
quente (aproximadamente 45°C). Os tubos são aplicados de forma aleatória nas áreas
a serem testadas. O paciente é questionado sobre a percepção de temperatura e a
capacidade de distinguir entre frio e calor.

Dolorosa: O teste de sensibilidade dolorosa envolve o uso de um objeto pontiagudo,


como um alfinete que provoca dor, mas não penetra na pele. O examinador, antes de
realizar o teste no paciente, testa em si mesmo a força a ser aplicada. Em seguida, o
paciente é examinado para avaliar sua capacidade de perceber a dor.

Sensibilidade Profunda:
A sensibilidade profunda envolve a avaliação de sensações que se originam em
estruturas mais profundas do corpo, como músculos, articulações e tendões. Os
principais tipos de sensibilidade profunda incluem:

-Sensibilidade Sinestésica (Propriocepção): A sensibilidade proprioceptiva envolve


a percepção da posição das partes do corpo sem depender da visão. Um teste comum
envolve colocar um membro do paciente em uma determinada posição com os olhos
fechados e pedir que ele coloque o membro homólogo na mesma posição. Esse teste
é realizado para verificar a integridade da sensibilidade profunda. Além disso, uma
manobra comum é balançar os dedos das mãos ou dos pés, segurando o primeiro
dedo pelas bordas laterais e pedindo ao paciente para identificar a posição (se o dedo
está para cima ou para baixo) com os olhos fechados.

-Sensibilidade Postural: A sensibilidade postural avalia a capacidade do paciente de


manter o equilíbrio e a posição do corpo, bem como de perceber mudanças na
posição das partes do corpo em relação à gravidade. Pode ser avaliada pedindo ao
paciente para manter a posição ereta com os olhos fechados.
-Sensibilidade Vibratória:
A sensibilidade vibratória é avaliada utilizando um diapasão, que pode ter
frequências de 128 Hz ou 258 Hz. Dois testes comuns que utilizam o diapasão são o
teste de Rinne e o teste de Weber. Durante o teste, o médico observa a capacidade do
paciente de perceber e distinguir a vibração, bem como a duração da sensação.
Alterações na sensibilidade vibratória podem indicar distúrbios neurológicos, como
neuropatias periféricas ou lesões da medula espinhal.

Teste de Rinne: Este teste envolve o uso de um diapasão que é colocado em vibração
e mantido próximo ao ouvido do paciente. O paciente é instruído a indicar quando
não consegue mais ouvir a vibração (teste aéreo) e quando não pode mais senti-la na
mastoide (teste ósseo). Comparando as respostas, o médico pode determinar se a
condução do som é normal (positivo para o teste aéreo) ou se há uma perda de
condução óssea (negativo para o teste aéreo).

Teste de Weber: Neste teste, o diapasão é colocado em vibração e aplicado no topo


da cabeça do paciente. O paciente deve indicar em qual ouvido ele ouve a vibração
com mais intensidade, no ouvido direito, no ouvido esquerdo ou se a percepção é
igual em ambos os ouvidos. Este teste ajuda a identificar a presença de perdas
auditivas unilaterais.

● Avaliação dos Pares de Nervos Cranianos: A análise dos pares de nervos cranianos
envolve a observação de funções como visão, audição, olfato, paladar e movimentos oculares,
fornecendo informações cruciais sobre possíveis disfunções neurológicas na cabeça e no
pescoço.

Nervo Craniano I - Olfatório:


O nervo olfatório está relacionado ao olfato. Para avaliá-lo, peça ao paciente para
fechar os olhos e utilize substâncias com odores diferentes, uma narina de cada vez.
Pergunte ao paciente se ele sente o cheiro, se o odor é desagradável e se consegue
identificar o cheiro.

Nervo Craniano II - Óptico:


Este nervo está relacionado à visão. A avaliação inclui:
Fundoscopia: Use um oftalmoscópio para verificar a retina, papila óptica e vasos
retinianos.
Acuidade Visual: Peça ao paciente para ler tabelas como a de Snellen ou Rosenbaum
com um olho de cada vez. Registre a menor linha que o paciente consegue ler.
Campimetria por Confrontação: Posicione-se a uma distância de um braço à frente do
paciente e mova os dedos em diferentes direções enquanto o paciente olha fixamente
nos seus olhos. Teste os quatro quadrantes.

Nervos Cranianos III, IV e VI - Oculomotor, Troclear e Abducente:


Esses nervos controlam os movimentos oculares e a reação pupilar à luz. A avaliação
envolve:

Verificar a simetria das fendas palpebrais e a protusão ocular.


Teste de movimentação ocular: Peça ao paciente para seguir com o olhar o seu dedo
em diferentes direções e observe nistagmo, assimetria na movimentação e queixas de
diplopia.
Reação pupilar à luz: Use uma lanterna para iluminar cada pupila alternadamente,
observando a reação pupilar direta e consensual.

Nervo Craniano V - Trigêmeo:


Este nervo é responsável pela sensibilidade de face e reflexo corneano. A avaliação
inclui:

Sensibilidade de face: Utilize um objeto pontiagudo para tocar as regiões frontal,


malar e mandibular, comparando a sensação dolorosa entre os lados e as regiões
estimuladas.
Reflexo corneano: Peça ao paciente para olhar para o lado e para cima, toque a
córnea com algodão e observe a reação de piscamento em ambos os olhos.

Nervo Craniano VII - Facial:


Este nervo controla a mobilidade da face. A avaliação envolve:

Mobilidade da face: Peça ao paciente para enrugue a testa, feche os olhos com força,
mostre os dentes e dê um sorriso. Observe a presença de assimetrias e ausência de
pregas faciais.

Nervo Craniano VIII - Vestibulococlear:


Este nervo está relacionado à audição e equilíbrio. Avalie a audição do paciente em
um ambiente silencioso e utilize o diapasão para realizar as provas de Rinne e Weber.
Na prova de Rinne, coloque o diapasão sobre o mastoideo até que o paciente não
escute mais som algum, e então coloque-o a 2 cm do ouvido do paciente e pergunte
se ele escuta algo. Na prova de Weber, coloque o diapasão na região frontal do
paciente e observe de que lado o som é percebido melhor.

Nervos Cranianos IX e X - Glossofaríngeo e Vago:


Esses nervos estão relacionados à voz e deglutição. Avalie se o paciente apresenta
dificuldade de deglutição ou alteração de voz. Peça para que o paciente mantenha a
boca aberta e diga "AHHHHHHHHHHH," observando a elevação do palato.
Nervo Craniano XI - Acessório:
Este nervo controla a força dos músculos trapézio e esternocleidomastóideo. Avalie a
força pedindo ao paciente que mantenha os ombros elevados, abaixe-os e vire a
cabeça para os lados, fazendo resistência no queixo.

Nervo Craniano XII - Hipoglosso:


Este nervo controla a motilidade da língua. Observe a língua dentro e fora da boca
quanto a assimetrias, desvios e atrofia.

1.2 Exame Neurológico na Criança


À medida que os avanços tecnológicos em medicina proporcionam maior precisão
nos diagnósticos, a necessidade de aprofundar o conhecimento em semiologia clínica
torna-se ainda mais crucial. Essa aprofundamento não apenas visa garantir uma indicação
precisa de exames, mas também reduzir o tempo necessário para estabelecer diagnósticos,
promovendo prescrições terapêuticas mais rápidas e acessíveis aos pacientes.
A semiologia clínica neurológica em crianças é destacada pela sua complexidade,
moldada por modificações ao longo do desenvolvimento. Essa abordagem busca identificar
não apenas sinais de lesões localizatórias, mas também enriquece a compreensão das
aquisições sensitivas, motoras, sensoriais e cognitivas. O objetivo central é integrar dados
provenientes de diversas avaliações em um protocolo unificado, proporcionando aos
médicos uma apreciação completa do perfil neurológico e de outros aspectos do
desenvolvimento, tudo em uma única consulta.
Ao longo do século XX, a semiologia clínica neurológica evoluiu consideravelmente,
com contribuições valiosas de pesquisadores em diversos países, incluindo o Brasil.
Profissionais como Antônio Branco Lefèvre e Aron Diament, destacados por suas atuações
na cidade de São Paulo, desempenharam papéis significativos na padronização do exame
neurológico em recém-nascidos.
O texto proposto pelo professor também aborda desafios contemporâneos, como o
estudo da semiologia das funções corticais superiores, levando em consideração a
plasticidade funcional ao longo da maturação e os estágios do desenvolvimento da
aprendizagem. Destaca-se o esforço colaborativo de especialistas na proposição de testes
para avaliação das funções corticais em crianças desde 1989.
Para alcançar um exame satisfatório em crianças, é recomendável criar condições
ideais, como um ambiente com temperatura amena, o bebê acordado e tranquilo,
preferencialmente uma hora e meia após a mamada. Em situações de consulta, nem sempre é
possível seguir essas condições à risca, mas esforços podem ser feitos para melhorar as
condições. Durante o exame neurológico, técnicas de manipulação mínima são
aconselháveis, começando com a avaliação da cabeça e, se possível, sem despir a criança.
Essa abordagem inclui manobras progressivas, do decúbito dorsal à posição sentada, até a
suspensão ventral e, por fim, a avaliação em decúbito ventral.
A descrição da semiologia normal da criança, desde o período neonatal até os 7 anos,
inclui considerações específicas para avaliação de prematuros, levando em conta a idade
concepcional.

● Avaliação do contato com o meio


A Avaliação do Contato com o Meio é uma análise cuidadosa e abrangente das
interações de uma criança com o ambiente ao seu redor. Esse processo avaliativo observa
diversos aspectos do desenvolvimento, considerando desde a fase neonatal até os primeiros
anos de vida.

Recém-Nascidos (Até 32 Semanas Concepcionais): Desde muito cedo, por volta de


32 semanas concepcionais, os recém-nascidos (RN) revelam habilidades notáveis, como a
fixação do olhar na mãe durante a alimentação. Essa precocidade na sucção efetiva,
associada à expectativa de reações ao ambiente e ao examinador, assim como a identificação
do choro relacionado a necessidades fisiológicas ou desconforto durante o exame, oferece
um panorama abrangente do desenvolvimento inicial.

2 Meses: Aos 2 meses, a experiência do bebê se enriquece com o início do sorriso


social. Dos 3 aos 6 meses, a vocalização inicial se manifesta por meio de sons guturais e
balbucios, respondendo a estímulos da mãe ou do examinador. Essa fase destaca a crescente
interação emocional e sensorial.

Até o Final do Primeiro Ano: Durante o primeiro ano de vida, o bebê avança na
expressão linguística, elaborando palavras de duas sílabas com significado, como "mama" ou
"papa". A partir dos 18 meses, inicia a expressão de palavras em frases curtas, como "água"
ou "dá água", demonstrando uma evolução notável na comunicação.

Até 24 Meses: Ao atingir os 24 meses, o bebê dá um passo significativo ao formar


frases agramaticais, como "dá água" ou "nenê quer bola". Esse estágio representa uma
consolidação ainda maior das habilidades linguísticas.

3 Anos: O terceiro ano de vida é marcado pela introdução de pronomes e preposições


nas frases, incluindo o pronome "eu". Esse passo crucial na distinção entre "eu" e "outro"
revela uma compreensão mais profunda da identidade. Desde o primeiro ano, o bebê
demonstra capacidade de reação aos estímulos, tanto positiva quanto negativamente,
realizando tarefas simples por imitação sob comando no final do primeiro ano. A dinâmica
da movimentação do bebê, com variações posturais espontâneas, oferece uma avaliação
abrangente da qualidade, quantidade e simetria dos movimentos, proporcionando insights
essenciais sobre o desenvolvimento motor.

● Exame do segmento cefálico

Inspeção e Medidas do Crânio


Medição do Perímetro Craniano: Além de monitorar o crescimento do crânio, a
medição do perímetro craniano proporciona insights sobre a saúde cerebral da criança.
Variações significativas, como microcefalia ou macrocefalia, podem indicar possíveis
anormalidades neurológicas, demandando atenção e investigação clínica detalhada.
Formato do Crânio: Observar o formato do crânio vai além da estética, sendo uma
ferramenta valiosa na identificação de anomalias cranianas. Anormalidades como
braquicefalia (crânio mais largo) ou dolicocéfalo (crânio mais estreito) podem ser
indicadores precoces de problemas neurológicos ou alterações nas suturas cranianas.
Fontanelas: Além do fechamento adequado das fontanelas, a análise dessas áreas
molles é crucial para diagnosticar possíveis distúrbios de pressão intracraniana. A fontanela
anterior, que normalmente se fecha entre 9 a 18 meses, e a fontanela posterior, fechando
aproximadamente no primeiro mês, oferecem informações sobre o desenvolvimento craniano
e hidratação.
Suturas Cranianas: A avaliação das suturas cranianas é sensível à detecção de
precocidade ou patologia no fechamento. A sobreposição ou separação dessas suturas,
especialmente em recém-nascidos pré-termo, pode ser um indicativo vital para investigações
neurológicas adicionais.

Nervos Cranianos
Nervo Olfatório (I): O exame do olfato, embora desafiador em idades mais jovens, é
fundamental após os 4 ou 5 anos. Estímulos específicos, como café ou piche, são utilizados
para avaliar a função olfatória, proporcionando informações sobre a integridade dessa via
sensorial.
Nervo Óptico (II): Além do exame do fundo do olho e do reflexo de piscamento, a
análise minuciosa do nervo óptico é crucial para identificar possíveis comprometimentos.
Alterações nesse nervo podem ser indicativas de condições oftalmológicas e neurológicas.
Respostas Parassimpáticas (III, VII): A avaliação do tamanho das pupilas e dos
reflexos fotomotor, consensual e de acomodação não apenas identifica possíveis
anormalidades, mas também fornece informações sobre a integridade do sistema nervoso
autônomo, aspecto essencial na compreensão do quadro clínico global.
Nervos Oculomotor (III), Patético (IV), Abducente (VI): A motricidade ocular é
minuciosamente avaliada para garantir a coordenação e simetria dos movimentos. A
capacidade de fixação de objetos distantes e próximos é examinada, contribuindo para a
detecção precoce de disfunções oculares e neuromotoras.
Nervo Trigêmeo (V): O teste da sensibilidade da face a estímulos táteis e dolorosos é
um componente crucial, revelando informações sobre possíveis anormalidades sensoriais na
região facial.
Nervos Facial (VII), Glossofaríngeo (IX), Vago (X): A avaliação abrangente da
motricidade facial, gustação e reflexos autonômicos é essencial para compreender a saúde
neurológica global. As respostas faciais, como choro, sorriso e reflexo de sucção, fornecem
insights valiosos sobre a função motora e sensorial da face.
Nervos Acessório (XI) e Hipoglosso (XII): Examinar a tonicidade dos músculos
esternocleidomastóideos e a motricidade da língua é uma abordagem refinada para
identificar desvios que podem indicar anormalidades nos nervos responsáveis. A avaliação
do movimento, força muscular e centralização da língua é crucial para uma análise
abrangente.
Reflexos Próprios do Recém-Nascido: Os reflexos próprios do recém-nascido são
mais do que meros indicadores de maturação neurológica. Além de avaliar o reflexo de
sucção e os pontos cardeais, a análise do reflexo de endireitamento é fundamental para
verificar o desenvolvimento do sistema nervoso no recém-nascido, proporcionando uma
visão abrangente do estado neuromotor.

● Reflexos na Avaliação Neurológica:


A avaliação dos reflexos do bebê é uma ferramenta essencial para compreender o
desenvolvimento neurológico e o tônus muscular. Organizada de acordo com a posição da
criança durante o exame, essa análise proporciona insights valiosos em diferentes estágios do
crescimento.
Bebê em Decúbito Dorsal e Despido:
Reflexo de Moro: Desencadeado por estímulos cervicais, acústicos ou vestibulares, o
Reflexo de Moro se manifesta com a abdução dos membros superiores e abertura das mãos
em resposta a estímulos súbitos. Presente desde as 32 semanas gestacionais, sua observação
contribui para a compreensão do desenvolvimento neuromotor, desaparecendo por volta do
sexto mês.
Reflexo de Preensão Palmar: Envolvendo as raízes C6, C7 e C8, este reflexo é
evidenciado quando o dedo mínimo do examinador é colocado na palma do bebê.
Inicialmente reflexivo, aos seis meses, a transição para uma fase voluntária ocorre, indicando
marcos no desenvolvimento motor.
Reflexo Tônico-cervical Assimétrico (RTCA): Ao girar a cabeça do bebê, o RTCA
provoca abdução e flexão do membro superior do lado da nuca e abdução e extensão do
membro superior do lado facial. Sua presença ou ausência até o terceiro mês pós-termo
oferece insights sobre o tônus muscular cervical.
Reflexo de Preensão Plantar: Relacionado a raízes em S1, este reflexo se manifesta
com a flexão dos dedos quando o dedo mínimo do examinador é colocado na base dos
artelhos. Presente desde as 25 semanas gestacionais, desaparece no final do primeiro ano,
contribuindo para a avaliação neuromotora.
Reflexo Cutâneo-Plantar: A estimulação tátil na lateral do pé resulta na extensão do
hálux em recém-nascidos, com inversão desse reflexo ocorrendo em 80% dos lactentes por
volta dos doze meses. Sua análise fornece informações sobre a maturação neuromuscular.

Criança na Posição Sentada:


Exame do Tônus Cervical: A manobra de tração é empregada para verificar o tono
cervical, com a avaliação da posição da cabeça indicando hipotonia cervical anterior
fisiológica até o terceiro mês. A extensão cervical imediata quando mantido sentado
demonstra tonicidade normal no grupo muscular posterior.
Reflexo de Encurvamento do Tronco: Envolvendo nervos intercostais, este reflexo
é desencadeado por estímulos táteis horizontais, promovendo o encurvamento do tronco. Sua
presença até o oitavo mês e a reação de Galant, associada ao encurvamento lateral, oferecem
informações sobre o desenvolvimento neuromotor.

● Coordenação Motora
Na análise da coordenação motora infantil, diversos marcos e testes oferecem insights
sobre o desenvolvimento neuromotor:

Preensão Palmar: A preensão palmar, inicialmente reflexa, torna-se voluntária por


volta dos 4 meses, evoluindo para uma preensão em pinça até o final do primeiro ano. Essa
progressão é vital para a manipulação precisa de objetos.
Eumetria: A capacidade de agarrar um objeto com precisão (Eumetria) amadurece
nos primeiros dois anos. O processo de tentativa e erro ao realizar tarefas específicas, como
levar uma colher à boca, é esperado nessa fase sem a presença de tremores.
Prova Index-Nariz: A habilidade de tocar o nariz com o dedo indicador, conhecida
como prova index-nariz, torna-se confiável a partir dos 4 anos, demonstrando a coordenação
crescente.
Eudiadococinesia: Até os 7 anos, é esperada uma eudiadococinesia perfeita,
indicando a habilidade de movimentar alternadamente a mão estendida, realizando pronação
e supinação do antebraço.
Prova Calcanhar-Joelho: Embora não tenha sido testada em crianças, a prova
calcanhar-joelho avalia a coordenação entre os movimentos do calcanhar e do joelho,
podendo ser considerada em avaliações mais abrangentes.
Prova de Coordenação Tronco-Membros: Aos 7 anos, a prova de coordenação
tronco-membros pode ser aplicada. Nessa prova, a criança, em decúbito dorsal e com os
braços cruzados, deve conseguir se sentar sem apoio e sem elevar o calcanhar, indicando um
nível avançado de coordenação entre o tronco e os membros.

Criança na Posição Ortostática (Em Pé):


Reflexo de Sustentação dos Membros Inferiores e Global (Reflexo Postural):
Com o apoio plantar, a criança realiza extensões que indicam o desenvolvimento
neuromuscular. Sua persistência após os quatro meses pode demandar investigação
adicional.
Reflexo de Colocação ("Placing") ou "da Escada" (Integração
Córtico-Cerebelar): Ao roçar o dorso do pé sob a borda de uma mesa, a criança coloca o pé
sobre ela. Presente em 100% dos bebês, sua integração córtico-cerebelar não desaparece com
a idade, fornecendo informações sobre a função neuromotora.
Reflexo de Marcha (Reflexo Postural): Incompleto no recém-nascido pré-termo,
atinge a manifestação máxima nas 37 semanas e desaparece até o terceiro mês após o termo.
Sua análise contribui para a avaliação da capacidade de sustentação e marcha, essenciais
para o desenvolvimento motor.

Criança em Suspensão Ventral


Teste do Tônus: Elevar o bebê em posição ventral permite testar o tônus extensor do
tronco e cervical, diferenciando hipotonia patológica da fisiológica no primeiro ano de vida.
Reflexo de Landau: Caracterizado por respostas extensoras máximas, o Reflexo de
Landau, dividido em Landau I e Landau II, permanece presente na criança, oferecendo
insights sobre tônicos posturais e labirínticos.

Criança em Decúbito Ventral:


Reflexo do Arrastre (R. Postural): Ao colocar o bebê em decúbito ventral, alguns
iniciam movimentos reflexos de reptação, indicando maturação neuromuscular. A ausência
de informações precisas sobre seu desaparecimento demanda cautela na interpretação.
Reflexo de Passagem do Braço: Ao estender os membros superiores do bebê em
decúbito ventral e rotacionar a cabeça, a criança realiza abdução e flexão do membro
superior em direção à face. Esse reflexo oferece informações sobre o desenvolvimento
neuromotor e respostas posturais.
Exame do Tônus: Em decúbito ventral, o bebê é avaliado quanto ao tono cervical
posterior, abdominal e paravertebral. A "reação de fuga à asfixia", associada ao tono normal
da musculatura cervical posterior, fornece indícios do desenvolvimento muscular.

● Explorando a Sensibilidade e Funções Corticais Superiores na Infância


Reflexos Cutâneos: Os reflexos cutâneos oferecem uma janela para a avaliação da
sensibilidade superficial em diferentes segmentos do corpo. Testes específicos, como o
córneo-palpebral e os pontos cardeais na face, além de reflexos na região paravertebral e
abdominais, contribuem para a compreensão da integridade do sistema nervoso periférico.
Sensibilidade Superficial: A maturação da sensibilidade superficial termalgésica e
tátil grosseira atinge estágios avançados nos recém-nascidos a termo, continuando
qualitativamente até os 5 anos. Durante esse período, a criança fornece informações mais
confiáveis sobre suas experiências sensoriais.
Desenvolvimento de Habilidades Visuomotoras:O desenvolvimento motor se
manifesta à medida que o bebê segue os próprios membros com o olhar, movimenta-se e
manipula objetos. Entre o quinto e oitavo mês, a criança adquire a capacidade de buscar
objetos voluntariamente, transferindo-os de uma mão para outra e revelando um progresso
notável nas habilidades visuomotoras.
Funções Corticais Superiores: Além das dimensões motoras e sensitivas, o
desenvolvimento de funções corticais superiores, como praxias e gnosias, emerge como uma
faceta crucial. As praxias, envolvendo habilidades motoras complexas, e as gnosias,
relacionadas ao reconhecimento sensorial discriminativo, evoluem ao longo do tempo,
refletindo o amadurecimento cognitivo.

Marcos do Desenvolvimento Neurológico (0 a 7 Anos):


Até um Mês: Respostas a estímulos visuais, sonoros e reflexos, incluindo sucção,
voracidade, preensão palmar e plantar.
Três Meses: Sorriso reativo, sustentação breve da cabeça e interação crescente com o
ambiente.
Seis Meses: Início de vocalizações, exploração ativa de objetos e interesse em sons.
Nove Meses: Desenvolvimento da linguagem, habilidades motoras sentado, recusa a
estranhos e exploração de objetos ocultos.
Doze Meses: Primeiras palavras, aprimoramento da preensão em pinça, ficar em pé
com apoio e sentar-se sem ajuda.
Dezoito Meses: Construção de frases simples, maior curiosidade, e habilidades
motoras avançadas como torre de cubos.
2 Anos: Associação de ideias, execução de tarefas caseiras básicas, nomeação de
objetos e atividades motoras iniciais.
3 Anos: Desenvolvimento de fala mais elaborada, habilidades motoras refinadas,
imitação de tarefas domésticas e equilíbrio estático.
4 Anos: Controle do esfíncter, frases elaboradas, senso de humor, precisão motora, e
desenvolvimento inicial de escrita e leitura.
5 Anos: Compreensão espacial e temporal, desenho de figuras complexas,
identificação de letras e início da amarração de cadarços.
6 e 7 Anos: Aprimoramento da coordenação motora fina, compreensão e habilidades
sociais, desenho de figuras elaboradas, conhecimento de conceitos complexos e autonomia
na comunicação e vestimenta.

2 AULA 07/08

2.1 Autismo
O transtorno do espectro autista (TEA) é um complexo quadro neurobiológico que
engloba uma diversidade de desafios comportamentais e cognitivos. Este transtorno
manifesta-se nos primeiros anos de vida e afeta a interação social, comunicação verbal e não
verbal, além de padrões restritos e repetitivos de comportamento. A etiologia do autismo é
multifatorial, envolvendo fatores genéticos, neurobiológicos e ambientais.
A trama do autismo começa a se desenrolar nos estágios iniciais do desenvolvimento
cerebral. Embora a compreensão seja ainda incompleta, pesquisas indicam uma combinação
complexa de fatores genéticos. Certas variantes genéticas estão associadas a um risco
aumentado de desenvolver TEA, mas o quadro é complicado pela interação entre
predisposição genética e influências ambientais.
A prevalência do autismo tem aumentado, e as pesquisas contemporâneas destacam a
importância de uma compreensão mais profunda de seus mecanismos subjacentes. Regiões
cerebrais, como o córtex pré-frontal e a amígdala, mostram alterações estruturais e
funcionais em pessoas com TEA. Essas mudanças podem impactar as habilidades sociais,
emocionais e de comunicação.
Os sinais clínicos do autismo são variados e podem incluir dificuldades na interação
social, desafios na comunicação verbal e não verbal, comportamentos repetitivos e interesses
restritos. A intensidade e a natureza desses sintomas podem variar amplamente, dando ao
TEA sua característica de "espectro".
O diagnóstico do autismo envolve uma avaliação abrangente, considerando o
histórico de desenvolvimento, observações clínicas e instrumentos específicos de avaliação.
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) é uma ferramenta
comumente usada para esse fim.
A abordagem terapêutica para o autismo é ampla e variada, adaptando-se às
necessidades individuais. Intervenções comportamentais, terapia ocupacional,
fonoaudiologia e educação especial são componentes frequentes do plano de tratamento.
Terapias medicamentosas podem ser consideradas para sintomas específicos.
Conforme o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-V
(APA, 2014), as características do transtorno espectro autista são:
• dificuldades persistentes na interação social, isto é, dificuldades de apresentar
reciprocidade social e emocional;
• dificuldades na expressão da comunicação não verbal;
• apresenta dificuldade para desenvolver, manter e compreender relacionamentos;
• apresenta movimentos motores repetidos e estereotipados;
• tendência a sempre querer as mesmas coisas ou que sejam do mesmo jeito;
• demonstram apego excessivo a objetos incomuns.
O transtorno do espectro autista é subdividido em graus:

De acordo com o DMS V os graus de autismo são associados à funcionalidade e


ao nível de dependência. Sendo assim, uma das características que auxiliam na
definição do nível do transtorno do espectro autista (possibilidade de ser nível 1, 2 ou 3) é o
quanto a pessoa necessita de apoio de outras pessoas (nível de dependência).

• Nível 1 – A pessoa com TEA exige pouco apoio, isto é, requer auxílio de outra pessoa
com menos frequência do que nos outros níveis.
• Nível 2 – A pessoa com TEA necessita de considerável ajuda de outra pessoa, isto é,
precisa ser ajudada com certa frequência.
• Nível 3 – A pessoa com TEA necessita de muita e constante ajuda de outra pessoa,
requerendo suporte substancial. Ou seja, é mais dependente de outrem porque tem
dificuldade para fazer várias coisas sozinha.
Vejamos os sintomas que uma pessoa com transtorno do espectro autista apresenta:
• usa as pessoas como ferramentas;
• resiste a mudanças de rotina;
• não se mistura com outras crianças;
• não mantém contato visual;
• age como se fosse surda;
• resiste ao aprendizado;
• apresenta apego não apropriado a objetos;
• não demonstra medo de perigos;
• gira objetos de maneira bizarra e peculiar;
• apresenta riscos e movimentos não apropriados;
• resiste ao contato físico;
• acentuada hiperatividade física;
• às vezes pode ser agressiva e destrutiva;
• apresenta modo e comportamento indiferentes e arredio.
Segundo os critérios do DSM-IV-TR, para que a criança seja diagnosticada com transtorno
autista, ela deve apresentar pelo menos seis da lista de doze sintomas sendo que pelo menos
dois dos sintomas devem ser na área de interação social, pelo menos um na área de
comunicação, e pelo menos um na área de comportamentos restritos, repetitivos e
estereotipados.
A avaliação precoce do autismo é crucial para a intervenção e o suporte adequados às
crianças que apresentam sinais do transtorno. A Escala de Avaliação do Autismo na Primeira
Infância (ESAAPI) é uma ferramenta que visa identificar precocemente comportamentos
indicativos do espectro autista.
A ESAAPI é uma escala específica, desenvolvida para ser utilizada em crianças com
idades entre 12 e 36 meses. Ela se concentra em comportamentos socialmente atípicos e
marcadores que podem sugerir a presença de características autistas. Esses comportamentos
incluem dificuldades na interação social, atrasos na linguagem e comunicação, bem como
padrões restritos e repetitivos de comportamento.
O tratamento do Transtorno do Espectro Autista (TEA) é abrangente e muitas vezes
requer uma abordagem multidisciplinar, envolvendo diferentes profissionais de saúde e
educadores. Tanto as opções medicamentosas quanto as não medicamentosas desempenham
papéis importantes no manejo do TEA, visando melhorar a qualidade de vida da pessoa
afetada.
Os medicamentos são frequentemente prescritos para tratar sintomas específicos
associados ao TEA, como agressividade, impulsividade, ansiedade e transtornos de humor.
Dois medicamentos aprovados pela FDA para uso em TEA são a Risperidona e o
Aripiprazol. No entanto, é crucial ressaltar que a decisão de utilizar medicamentos deve ser
cuidadosamente avaliada, considerando os potenciais riscos e benefícios para cada paciente.
Risperidona: É um antipsicótico atípico utilizado para tratar irritabilidade associada
ao TEA em crianças e adolescentes.
Aripiprazol: Outro antipsicótico atípico, aprovado para tratar irritabilidade em
crianças e adolescentes com TEA.
Tratamento Não Medicamentoso
● Intervenções Comportamentais:
Análise do Comportamento Aplicada (ABA): Uma abordagem terapêutica que se
concentra em melhorar comportamentos socialmente significativos, utilizando técnicas de
reforço.
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): Pode ser adaptada para tratar
sintomas específicos, como ansiedade e comportamentos repetitivos.

● Intervenções Educacionais:
Educação Estruturada: Crianças com TEA muitas vezes se beneficiam de
ambientes educacionais estruturados, com rotinas consistentes e apoio individualizado.
Comunicação Suplementar e Alternativa (CSA): Estratégias que auxiliam na
comunicação para aqueles com dificuldades na linguagem verbal.

● Intervenções Psicossociais
Treinamento de Habilidades Sociais: Ajuda a melhorar as interações sociais e a
compreensão das pistas sociais.
Intervenções Familiares: Envolvimento da família em terapias e estratégias para
proporcionar um ambiente de suporte.
Terapias Integrativas: Musicoterapia, Arteterapia: Podem ser utilizadas para
melhorar a expressão emocional e a interação social.

2.2 TDAH
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma peça complexa
do desenvolvimento cerebral, com atenção, impulsividade e hiperatividade como
protagonistas nesse palco neurobiológico. A trama começa aos 7 anos, quando o córtex
pré-frontal testemunha um aumento exponencial de sinapses, uma espécie de abertura do
primeiro ato.
Na adolescência, uma virada de página crucial ocorre. Metade das sinapses formadas
na infância é eliminada, orquestrando uma coreografia única de poda sináptica. Essa poda,
longe de ser cruel, permite a criação de novas conexões e eliminação das obsoletas,
desencadeando uma dança cerebral fundamental.
No enredo do TDAH, a dopamina (DA) e a noradrenalina (NA) emergem como
personagens centrais, regulando atenção, controle inibitório e humor. A alteração em seus
níveis desempenha um papel direto nos sintomas do transtorno.
Genética e neurologia entram como elementos fundamentais na trama. A forte
hereditariedade do TDAH e as nuances na estrutura cerebral, funcionamento e conectividade
neuronal são peças-chave desse quebra-cabeça.

Os sintomas - desatenção, impulsividade e hiperatividade - ganham vida no palco


cerebral. Desafios em manter o foco, ações impulsivas e uma energia incessante se
manifestam, criando uma narrativa única para cada indivíduo.
Apesar dos avanços, o TDAH permanece como uma narrativa em aberto. A sinfonia
complexa do transtorno, com múltiplos atores como genes, neurotransmissores e estruturas
cerebrais, continua a ser desvendada.
À medida que exploramos as camadas mais profundas da fisiopatologia do TDAH,
surge a esperança de abordagens terapêuticas mais precisas. A pesquisa incessante promete
lançar luz sobre esse mistério neurobiológico, oferecendo esperança àqueles que vivem sob a
influência do TDAH.
O transtorno do déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) é formado por
características de desatenção ou por excesso de atividades motoras (hiperatividade), além da
impulsividade (FORLENZA; MIGUEL, 2014).
Segundo o DSM-V, o TDAH é dividido em dois tipos: transtorno do déficit de
atenção por desatenção excessiva ou transtorno do défi cit de atenção por hiperatividade e
impulsividade excessivas (APA, 2014).
É um erro considerar que o déficit de atenção é apenas por excesso de agitação ou
impulsividade, isto é, a famosa “hiperatividade”; mas o elemento principal do transtorno é
exatamente como o próprio nome da patologia indica: DESATENÇÃO. Muitas vezes, as
crianças tidas como calmas e quietas podem apresentar o TDAH e não recebem o devido
acompanhamento.O TDAH também pode ser diagnosticado pelo médico considerando o
nível de gravidade: leve, moderada ou grave
O tratamento do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é
abordado de maneira abrangente, considerando intervenções medicamentosas e não
medicamentosas para proporcionar uma abordagem holística e eficaz.
Os medicamentos desempenham um papel significativo no controle dos sintomas
específicos associados ao TDAH, como desatenção, impulsividade e hiperatividade. Dois
medicamentos amplamente utilizados e aprovados pela FDA (Administração de Alimentos e
Medicamentos dos EUA) para o tratamento do TDAH são a Risperidona e o Aripiprazol.
Esses medicamentos ajudam a modular os neurotransmissores, especialmente a dopamina e a
noradrenalina, contribuindo para a regulação da atenção e do comportamento.
É crucial realizar uma avaliação cuidadosa do equilíbrio entre os riscos e benefícios
de medicamentos para cada paciente, considerando fatores como histórico médico, idade e
possíveis efeitos colaterais. O acompanhamento médico regular é essencial para ajustar a
dosagem e monitorar a resposta ao tratamento.
Além do tratamento farmacológico, intervenções comportamentais, educacionais e
psicossociais desempenham um papel crucial no manejo eficaz do TDAH. Estas
intervenções visam melhorar as habilidades sociais, de comunicação e de vida diária,
proporcionando estratégias práticas para lidar com os desafios diários associados ao
transtorno.
Intervenções Comportamentais: Terapias comportamentais, como terapia
cognitivo-comportamental (TCC), são eficazes para ajudar os pacientes a desenvolver
habilidades de autorregulação, melhorar o foco e gerenciar impulsividade.
Intervenções Educacionais: Adaptações no ambiente escolar, como salas de aula
estruturadas, apoio individualizado e estratégias de ensino específicas, são fundamentais para
otimizar o desempenho acadêmico e facilitar a participação do aluno.
Intervenções Psicossociais: Terapias familiares e suporte psicossocial não apenas
ajudam o indivíduo com TDAH, mas também capacitam a família e o ambiente social a
compreender e lidar efetivamente com os desafios do transtorno.
A abordagem combinada de tratamento medicamentoso e não medicamentoso é
muitas vezes a mais eficaz. A personalização do plano de tratamento, levando em
consideração as necessidades específicas de cada indivíduo, é essencial para promover
resultados positivos e melhorar a qualidade de vida para aqueles que vivem com TDAH.

2.3 Deficiência Intelectual


A Deficiência Intelectual (DI), anteriormente denominada retardo mental, é
caracterizada por uma limitação substancial na capacidade de compreender informações
novas ou complexas, bem como de aprender e aplicar novas habilidades. Essa condição,
identificada antes dos 18 anos, evidencia-se pela presença de um Quociente de Inteligência
(QI) abaixo da média, resultando em desafios significativos nas áreas de comunicação,
aprendizado, raciocínio e resolução de problemas.
A etiologia da deficiência intelectual é multifacetada, envolvendo diversos fatores
que impactam o desenvolvimento cognitivo e intelectual. Esses fatores abrangem:
1. Fatores Genéticos: Certas condições genéticas, como síndromes genéticas ou
anomalias cromossômicas, podem contribuir para o desenvolvimento da deficiência
intelectual.
2. Condições Pré-natais: Diversos eventos e situações durante a gestação podem
influenciar o desenvolvimento do feto, incluindo infecções virais contraídas pela mãe,
desnutrição materna e exposição a toxinas ou substâncias nocivas durante a gravidez.
3. Fatores Ambientais Adversos no Início da Vida: Após o nascimento, o ambiente
em que a criança cresce desempenha um papel crucial no desenvolvimento intelectual, sendo
afetado por condições desfavoráveis, nutrição inadequada, exposição a substâncias tóxicas,
entre outros.
Conforme o Manual Estatístico de Diagnóstico dos Transtornos Mentais, a
deficiência intelectual é um transtorno que se inicia no desenvolvimento infantil (idades
iniciais) e inclui déficits funcionais (APA, 2014). “Deficiência intelectual é um transtorno do
desenvolvimento que inclui prejuízos intelectuais e adaptativos, nos domínios conceitual,
social e prático” (TOMAZ; et al, 2017, p. 2).
São apresentados os critérios que devem ser preenchidos para o diagnóstico:
1. A existência de déficits cognitivos: os déficits cognitivos são prejuízos nas funções
cerebrais relacionados ao raciocínio, planejamento, pensamento abstrato, juízo,
aprendizagem.
2. Déficits nas funções adaptativas: dificuldades em atingir padrões de
desenvolvimento e padrões socioculturais, por exemplo, impedimentos em estabelecer
comunicação clara e adequada; dificuldades em desenvolver e manter vínculos com outras
pessoas; e, até mesmo, dificuldades em realizar ações diárias de higiene, trabalho e
alimentação. Observa-se também limitações quanto à independência pessoal e
responsabilidade social.
3. E, por fim, é critério também que os déficits cognitivos e os déficits nas funções
adaptativas tenham início no período do desenvolvimento infantil (idades iniciais).
É importante mencionar que a deficiência intelectual possui quatro níveis de
gravidade: leve, moderada, grave e profunda.

a) Deficiência intelectual leve:


• Nas crianças pré-escolares, as diferenças podem não ser tão evidentes.
• Já nas crianças em idade escolar e também nos adultos, observa-se: dificuldade na
escrita, leitura, cálculos, contagem de dinheiro, contagem do tempo.
• Apresenta imaturidade no relacionamento com outras pessoas.
• Apresenta dificuldade em compreender contextos sociais, tais como: assuntos
adequados a falar e o momento destes, ações e comportamentos cabíveis a cada
situação social.
• Normalmente precisa de apoio para realizar cuidados pessoais, em grau bem menor
comparado aos outros níveis, mas mesmo assim necessita de ajuda.

b) Deficiência intelectual moderada:


• O desenvolvimento das habilidades é retrógrado quando comparado a outras
crianças.
• Necessita de assistência para realizar as atividades.
• A linguagem falada acaba sendo o principal meio de comunicação, porém é de
vocabulário limitado.
• Consegue realizar necessidades pessoais com dificuldades, apenas necessita
investimento maior ao aprender.

c) Deficiência intelectual profunda:


• Impossibilidade de desenvolver aspectos simbólicos.
• Apresenta limitação no entendimento da linguagem e até mesmo na emissão da fala,
escrita e sinais.
• Dependência em realizar todas as atividades do dia a dia.
• Não consegue ter senso de segurança e autopreservação.

d) Deficiência intelectual grave:


• Apresenta baixa compreensão quanto à linguagem (escrita, oral ou sinais) e na
emissão.
• Necessita de apoio constante para ações que envolvam raciocínio, planejamento
mental, abstração do pensamento (imaginação).
• Necessita de apoio em todas as atividades básicas do dia a dia, como alimentação,
cuidados de higiene pessoal e, inclusive, ir ao banheiro para evacuação.
• Apresenta grande dificuldade em aprender, na aquisição e manutenção do domínio
de habilidades.

Pode-se observar com clareza que a deficiência intelectual apresenta níveis de


gravidade e cada um apresentará suas limitações e necessidades, apesar de apresentarem
características muito próximas.
Algumas características podem ser similares entre os tipos de deficiência intelectual,
contudo difere-se o nível de dependência existente em cada tipo. Desta maneira, verificamos
a importância de iniciar a investigação médica e psicológica desde cedo: A educação
psicomotora, quando estimulada desde a tenra idade, pode amenizar os déficits mentais das
crianças com este transtorno. As instituições que assistem a crianças portadoras de
deficiência mental, por meio da observação das condutas motoras durante o desenvolvimento
infantil, possibilitam a reabilitação precoce na presença de desvios evolutivos que, se forem
desconsiderados, podem se tornar incapacitantes ao indivíduo.

3 AULA 04/09

3.1 Ambulatório
Caso de L.V.S
Queixa Principal: Há um ano, a mãe relata "atraso na fala."
História da doença atual: A mãe percebeu alterações no comportamento do filho,
incluindo dificuldades na fala e interação social. Movimentos estereotipados, como ranger
dos dentes diariamente, foram observados. O paciente apresenta aversão a mudanças na
rotina, comportamento de isolamento social, empilhamento de objetos e preferência por
brincar com itens não convencionais. Há também dificuldade em compartilhar brinquedos,
além de episódios de agressividade com o irmão. Na comunicação com os pais, o paciente
responde a comandos e ao chamado pelo nome, mas evita o contato visual. Outras
características incluem ecolalia imediata, expressões faciais fixas e ausência de seletividade
alimentar.
Histórico Médico Prévio: Não há histórico de internações, infecções ou outras
condições relevantes, exceto por uma queda de uma cadeira resultando em um corte no olho,
que exigiu pontos.
Histórico Familiar: Mencionou um tio de 58 anos com TDAH não diagnosticado.
Revisão dos Sistemas: Recentemente, apresentou um quadro de coriza e tosse com
expectoração clara, melhorando com o uso de Ambroxol e Amoxicilina (5 ml).
Perfil Psicossocial: Vive com a mãe e um irmão mais velho em Poço Zé de Moura,
com visitas ao pai nos finais de semana no Sítio Tapera. Anteriormente, residia com os pais
no Sítio Tapera.
Exame Físico: Ausculta pulmonar revelou murmúrios vesiculares presentes em
ambos os hemitórax, sem ruídos adventícios. Bulhas normofonéticas em dois tempos, sem
sopros. Circunferência cefálica de 51 cm. Reflexo pupilar presente bilateralmente.
Possíveis Diagnósticos Iniciais: Autismo e Déficit de Atenção.
Plano de Ação: Encaminhamento ao fonoaudiólogo devido ao atraso na
fala.Encaminhamento ao psicólogo para avaliação global do desenvolvimento
neuropsicomotor. Encaminhamento ao psicopedagogo para avaliação da aprendizagem.
4 AULA 16/10

4.1 Ambulatório
Caso de C.A.B.
Queixa Principal: Diagnóstico de "autismo" há 1 ano.
Histórico da Atual Condição:Criança de 4 anos com relato de falta de interação
social na escola, dificuldades na fala e comportamento seletivo na alimentação. Não
apresenta ecolalia, não empilha objetos, mas possui um padrão de sinalização com as mãos.
Apresenta um padrão de comportamento ao desmontar brinquedos e não costuma brincar
com outras crianças. Professores o descrevem como "agitado, prefere ficar sozinho em
alguns dias, mas não demonstra agressividade." Ele apresenta dificuldades de comunicação
em conjunto com outras crianças, não usa celular, assiste à televisão e não demonstra
interesse por atividades específicas. Relata aversão ao toque, falta de contato visual, não
responde ao seu nome e não varia expressões faciais.
Histórico Médico Prévio: Mãe teve uma gravidez de risco, com parto cesariano às
39 semanas devido a deslocamento de placenta na 8ª semana, fazendo uso de progesterona.
A mãe tinha 36 anos na época do parto. O paciente é acompanhado por psicóloga e
neuropedagoga. Apresentou quadro gripal e está atualmente em tratamento com
Acetilcisteína (20mg/ml - 5ml), administrada a cada 8 horas durante 5 dias.
Histórico Familiar: Três primos diagnosticados com autismo.
Perfil Psicossocial: Não utiliza celular, assiste à televisão, encontra dificuldades em
interagir com outras crianças, apresenta aversão ao toque e não mantém contato visual.
Possíveis Diagnósticos Iniciais: Investigação de Transtorno do Espectro Autista
(TEA) - CID 84.9.
Plano de Ação: Solicitar relatório escolar sobre linguagem, interação social,
comportamento e aprendizagem. Solicitar relatório à neuropedagoga para avaliação da
aprendizagem. Solicitar relatório à psicóloga sobre avaliação de comportamento e
linguagem. Solicitar à mãe documentação visual para registrar os padrões comportamentais
da criança. Encaminhamento ao fonoaudiólogo para desenvolvimento da fala.

4.2 Crise Febril


A crise febril é um fenômeno que afeta predominantemente crianças na faixa etária
de 6 meses a 5 anos, sendo ligeiramente mais comum em meninos. É crucial compreender
que não se trata de epilepsia, e sua ocorrência não está associada a infeções no Sistema
Nervoso Central (SNC), como meningite ou encefalite. Essas crises surgem devido à
fragilidade no desenvolvimento do sistema nervoso central diante dos efeitos da febre,
combinada com predisposição genética e fatores ambientais.
A etiologia das convulsões febris está relacionada a diversos elementos, incluindo o
predomínio de neurotransmissores excitatórios, hipertermia e predisposição genética. Essas
crises podem ser classificadas em dois tipos: Crise Febril Simples, o mais comum, com
duração inferior a 15 minutos e não recorrência em 24 horas; e Crise Febril Complicada,
menos frequente, caracterizada por crises prolongadas ou recorrentes em 24 horas.
Quanto ao risco de recorrência, aproximadamente 1/3 dos casos apresentam essa
probabilidade, sendo influenciados por fatores como a idade da primeira crise, temperatura
baixa, curto período de febre antes da crise e história familiar de crise febril.
É essencial diferenciar os tipos de crise febril, pois a probabilidade de desenvolver
epilepsia no futuro varia. Enquanto a Crise Febril Simples tem uma probabilidade de apenas
2%, a Crise Febril Complicada apresenta uma probabilidade maior, entre 5% e 13%. Fatores
de risco que contribuem para esse desfecho incluem crise febril focal, duração superior a 15
minutos, recorrência em 24 horas, história familiar de epilepsia e estado de mal epiléptico
febril.
A investigação dessas crises envolve um exame clínico e neurológico minucioso,
podendo ser complementada com exames laboratoriais, líquor, neuroimagem e EEG,
dependendo do estado do paciente. No entanto, é importante ressaltar que a neuroimagem e o
EEG não devem ser realizados rotineiramente.
Quanto ao tratamento, na maioria dos casos, não é necessário, pois a convulsão
geralmente reverte espontaneamente junto com a febre. No entanto, em situações que exigem
tratamento farmacológico, antitérmicos podem ser utilizados. Em casos mais complexos,
como crises prolongadas ou falta de acesso a serviços de saúde, o diazepam retal ou
midazolam intranasal pode ser oferecido. Para pacientes com alto risco de recorrência, há
opções de tratamento profilático, incluindo a profilaxia intermitente com diazepam ou a
profilaxia contínua com ácido valproico ou fenobarbital.
Na investigação das crises febris, é crucial realizar uma avaliação abrangente,
utilizando exames específicos quando necessário. Os exames complementares desempenham
um papel importante na diferenciação entre convulsões febris simples e complicadas, bem
como na identificação de possíveis causas subjacentes. Os principais exames incluem:
1. Exames Laboratoriais:
- Hemograma (HMG): Ajuda a identificar sinais de infecção.
- Glicemia: Avalia os níveis de glicose no sangue.
- Eletrólitos (cálcio, fósforo, magnésio): Podem ser avaliados para descartar
desequilíbrios eletrolíticos.
2. Líquor: - Em casos de crianças com menos de 12 meses, a coleta de líquor deve
ser fortemente considerada, principalmente se houver suspeita de infecção do SNC.
- Entre 12 e 18 meses, a coleta de líquor deve ser considerada.
- Acima de 18 meses, não é indicado a menos que haja sinais de infecção do SNC.
3. Neuroimagem: - Não é recomendada rotineiramente, mas pode ser realizada se
houver sinais neurológicos focais, anormalidades no exame neurológico ou se as crises
forem atípicas.
4. EEG (Eletroencefalograma):- Não é indicado na primeira crise febril em crianças
saudáveis.- Pode ser considerado em casos de crises recorrentes, atípicas ou quando há
preocupações sobre atividade epiléptica.
Na maioria dos casos, as convulsões febris não requerem tratamento farmacológico.
O foco é tratar a febre subjacente. É importante manter a criança confortável e administrar
antitérmicos, como paracetamol ou ibuprofeno, para controlar a febre e orientar os pais sobre
o manejo da febre e monitorar sinais de complicações.
Se o tratamento farmacológico for necessário, benzodiazepínicos, como diazepam
retal ou midazolam intranasal, podem ser administrados. Isso é especialmente considerado
em casos de crises prolongadas ou quando não há acesso imediato aos serviços de saúde.
Em casos de alto risco de recorrência, a terapia profilática pode ser considerada.
- Profilaxia intermitente: Uso de diazepam em caso de febre, até 24 horas sem
febre.
- Profilaxia contínua: Uso de medicamentos como ácido valproico ou fenobarbital.
A decisão de iniciar o tratamento profilático deve ser individualizada, considerando
os fatores de risco específicos de cada paciente e discutida em detalhes com os pais ou
responsáveis.
5 AULA 30/10

5.1 Ambulatório
● Paciente J.M.B.O.
Queixa principal: “Acompanhamento de microcefalia” por 7 anos
História da doença atual: Criança do sexo masculino, 7 anos, apresenta
microcefalia congênita decorrente de infecção por Zika durante a gestação, ocorrida na 8ª
semana. Nasceu a termo, sem complicações, porém com alimentação pastosa e sem consumo
de líquidos. Não possui fala ou locomoção, mas responde a estímulos verbais. Recebe
tratamento de fisioterapia duas vezes por semana e acompanhamento fonoaudiológico a cada
15 dias.
Histórico médico: Apresentou epilepsia, sendo a última crise há 3 anos.
Medicações: Levetiracetam (Keppra) 5ml, Oxcarbamazepina (Trileptal) 5ml,
Gardenal 40mg
Histórico familiar: Não há antecedentes de microcefalia.
Exame físico: Ruídos bilaterais e sibilos na base do hemitórax direito, Perímetro
cefálico de 47 cm, Reflexo pupilar bilateral presente
Possíveis diagnósticos: Paciente clinicamente estável, precisando de aumento da
frequência no atendimento fonoaudiológico e atualização das dosagens medicamentosas.
Conduta: Atualização das doses dos medicamentos em relação ao peso: 7
Levetiracetam mantido em 5ml; Oxcarbamazepina (Trileptal) mantido em 5ml; Gardenal
ajustado para 45mg.

● Paciente N.A.B.S.
Queixa principal: “Agressivo e agitado”
História da doença atual: Criança de 5 anos com atraso na fala e locomoção.
Sensibilidade auditiva aumentada a sons altos e barulhos específicos. Apresenta
agressividade inesperada e prefere ficar sozinho. Mantém contato visual, andava na ponta
dos pés e é seletivo com alimentos. Sensibilidade sensorial e uso excessivo de aparelho
celular com repetição de conteúdo. Comportamentos incomuns, como brincar com cabides,
girar sozinho e medo de altura. Boa interação social. Incômodo com o próprio pênis.
Histórico médico: Mãe teve chikungunya entre o 5º e 6º mês de gestação. Uso de
Risperidona (1mg/ml) 0,5ml 1 vez ao dia. Acompanhamento psiquiátrico mensal. Sofreu
pancada na cabeça sucedida por síncope aos 2 anos de idade.
Histórico familiar: Primo diagnosticado com autismo.
Exame físico: Perímetro cefálico de 51cm, Reatividade e interação social, Nervos
cranianos preservados, Sensibilidade preservada, Testes de índex/dedo-nariz e marcha
normais., Babinski e Brudzinski negativos., Sem rigidez nucal, Propriocepção e força motora
normais., Reflexo pupilar bilateral presente.
Possíveis diagnósticos: Uso excessivo de celular, Falta de atenção familiar
Conduta:Avaliação com psicóloga, Avaliação escolar: socialização, linguagem,
aprendizado e atenção, Retorno previsto para abril de 2024

● Paciente R.V.G.D.
Queixa principal: “Sono perturbardo desde sempre”
História da doença atual: Mãe relata que a criança possui distúrbios do sono com
sonambulismo e sonolência prolongada, há um bom tempo. Horário regular de sono,
iniciando às 7 horas e acordando às 5 horas, melhorado com o uso de Risperidona (0,5ml)
durante a noite, iniciado há 4-5 meses. Dificuldades de concentração e aprendizado na
escola, preferência seletiva por roupas e acessórios. Resistência ao toque no cotidiano e
isolamento social. Parou o uso de telas há 1 mês. Sinais positivos para autismo: seletividade
alimentar e roupas. Sinais negativos para autismo: boa sociabilidade e fala na idade
esperada. Sinais positivos para TDAH: dificuldade de atenção, impulsividade, dificuldade de
aprendizagem e hiperatividade.
Histórico médico:Parto natural em casa, História de queda da cama aos 3 anos de
idade, sem vômitos ou perda de consciência, Andou com 1 ano e 3 meses e começou a falar
com 1 ano e alguns meses, História de frenotomia há 2 anos, sendo acompanhamento com
fisioterapeuta e fonoaudiólogo. Entretanto, desde então só conseguiu uma avaliação com
fonoaudiólogo
Histórico familiar: Prima com autismo Pai com histórico de sonambulismo
Exame físico: Perímetro cefálico: 54 cm, Reflexo pupilar presente bilateralmente,
Babinski negativo
Possíveis diagnósticos: TDAH com distúrbio do sono associado
Conduta: Encaminhamento ao fonoaudiólogo para estímulo de linguagem devido à
história de frenotomia, solicitação de relatório escola, avaliação com psicopedagogo devido
à dificuldade de concentração e aprendizado, avaliação com psicólogo para avaliação de
agitação e impulsividade, encaminhado para Terapia Ocupacional com Integração Sensorial,
renovação de receituário de Risperidona (0,5ml) à noite, retorno previsto para abril de 2024

6 AULA 06/11

6.1 Crises epilépticas na infância


A crise epiléptica na infância é uma manifestação clínica resultante de uma descarga
anormal, excessiva e sincrônica de neurônios localizados principalmente no córtex cerebral.
Essa atividade paroxística é intermitente e, em geral, autolimitada, variando de segundos a
poucos minutos. Quando prolongada ou recorrente, pode evoluir para o que é caracterizado
como estado epiléptico.
O termo "estado epiléptico" refere-se a uma condição em que a crise epiléptica se
estende por um período prolongado ou ocorre de forma recorrente. Por outro lado, a
epilepsia é definida como a repetição de duas ou mais crises epilépticas não provocadas. A
designação "não provocada" indica que a crise epiléptica não foi desencadeada por fatores
como febre, traumatismo craniano, desequilíbrios hidroeletrolíticos ou condições médicas
concomitantes.
É importante distinguir entre crises convulsivas provocadas e não provocadas. As
crises provocadas ocorrem na presença de um estímulo definido e tendem a cessar quando a
causa aguda é resolvida, não sendo classificadas como epilepsia. Por outro lado, as crises
não provocadas, quando recorrentes, podem indicar um quadro de epilepsia.
As crises epilépticas podem ser categorizadas como generalizadas ou focais. As
crises generalizadas têm origem em algum ponto do encéfalo e rapidamente envolvem redes
distribuídas bilateralmente. Já as crises focais têm início em redes limitadas a um hemisfério
cerebral.
O entendimento preciso desses conceitos é crucial para o diagnóstico e o manejo
adequado das crises epilépticas na infância, permitindo abordagens terapêuticas mais
direcionadas e eficazes para melhorar a qualidade de vida das crianças afetadas.
As epilepsias da infância são um grupo heterogêneo de doenças com uma grande
variedade de causas e uma variedade igualmente grande de apresentações. A maioria dos
pacientes se livra das crises com tratamento com base em um único AED [em inglês,
Antiepileptic drugs - tratamento com medicamento antiepiléptico] porém ele deve ser
escolhido adequadamente.
O tratamento bem-sucedido precisa ser destacado por uma abordagem estruturada ao
diagnóstico, que deve ser uma abordagem multiaxial. Os recentes avanços em nosso
entendimento da etiologia e da fisiopatologia da epilepsia resultaram em uma
reconceitualização de como classificamos as epilepsias.
Apesar dos avanços científicos e do número de novos AEDs que estão entrando no
mercado, ainda há uma lacuna significativa no tratamento, com uma proporção de pacientes
com doença refratária. No que diz respeito a alguns pacientes cuidadosamente selecionados,
a cirurgia pode levar a remissão, porém uma cirurgia bem-sucedida pode ter como base uma
avaliação pré-cirúrgica abrangente. Uma abordagem personalizada aos medicamentos com o
uso de esquemas estratificados de tratamento pode ajudar a gerar melhores resultados no
futuro, mas, para isso, devem ser envidados esforços globais para formar uma forte base de
evidências
Existem quatro tipos de crises de epilepsias: focais, tônicas, atônitas e clônicas.
• CRISES FOCAIS: a criança gira involuntariamente toda a cabeça e olhos para um
lado e ocorre movimentação intensa espontânea, iniciada no rosto e depois nos demais
membros do corpo (braços e pernas).
• CRISES TÔNICAS: a criança apresenta aumento excessivo do tônus e rigidez
involuntária em todo o corpo.
• CRISES ATÔNITAS: a criança apresenta intenso relaxamento muscular em todo o
corpo.
• CRISES CLÔNICAS: a criança em crise clônica de epilepsia tem fases de
contração e relaxamento do corpo.

Para iniciar tratamento farmacológico é necessário considerar:a partir de 2 crises epilépticas


ou vive sob muitas atividades diárias perigosas (dirige muito, mergulha sozinho…), em que
uma crise pode trazer risco de morte
A medicação deve ser reavaliada a cada 6 meses.
OBS.: Topiramato e Fenobarbital possuem efeito adverso de causar déficit cognitivo.
Fenitoína não é muito indicada para gestante, pois está associada a aumento de peso. A
decisão de iniciar o tratamento profilático deve ser individualizada, considerando os fatores
de risco específicos de cada paciente e discutida em detalhes com os pais ou responsáveis.
REFERÊNCIAS

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Excepcional: Deficiência Física, Mental e Sensorial – Cap. I: Deficiência, Incapacidade e
Desvantagem: Conceitos Básicos. Nogueira Júnior, T. B./ Cap. XI: Inclusão e Integração em
Busca de uma Sociedade mais Inclusiva: Construções e Contradições. Nogueira Júnior, T. B.
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Barbosa, Priscila M. R.; Autismo. Educação Pública, 2014. Acesso em:


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Dan B, Mayston M, Paneth N, Rosembloom L, eds. Cerebral Palsy: Science and Clinical
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