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UNIVERSIDADE SÃO TOMAS DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE ÉTICA, CIÊNCIA HUMANAS E JURÍDICAS

DOUTORAMENTO EM EDUCAÇÃO E TIC

INTEGRAÇÃO DAS TICs NA EDUCAÇÃO

JOSÉ ALBERTINA MUNGUAMBE

DA EDUCAÇÃO ANALÓGICA PARA A EDUCAÇÃO DIGITAL

Resumo apresentado à Universidade São Tomás de


Moçambique (USTM), Faculdade de Ética, Ciência
Humanas e Jurídicas, como requisito para a obtenção do
aproveitamento parcial, na cadeira de Integração das
TICs na Educação, no curso de Doutoramento em
Ciências de Educação e TIC, sob orientação do
Professor:

Franco Bernardo Simbine (PhD).

Maputo, Fevereiro de 2024


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1. INTRODUÇÃO

A transição da educação analógica para a educação digital é um fenômeno intrinsecamente


ligado ao avanço tecnológico que caracteriza a sociedade contemporânea. Ao longo das
últimas décadas, testemunhamos uma revolução nas formas de comunicação, acesso à
informação e interação humana impulsionada pelas inovações digitais.

Na era da educação analógica, os métodos tradicionais de ensino predominavam, com o uso


de materiais impressos, aulas presenciais e recursos limitados de interatividade. No entanto, o
surgimento da internet e a proliferação de dispositivos eletrônicos trouxeram consigo uma
transformação significativa no cenário educacional. A educação digital representa uma
mudança para abordagens mais dinâmicas, interativas e personalizadas, que aproveitam as
potencialidades das tecnologias digitais para aprimorar o processo de aprendizagem.

Essa transição não se resume apenas à adoção de ferramentas tecnológicas no ensino, mas
também implica uma revisão profunda nos métodos pedagógicos, na dinâmica da sala de aula
e na relação entre educadores e aprendizes. A educação digital busca proporcionar maior
flexibilidade, adaptabilidade e inclusão, permitindo o acesso ao conhecimento de maneira
mais democrática e global.

Contudo, essa mudança não ocorre sem desafios. Questões como a disparidade no acesso a
recursos tecnológicos, a necessidade de capacitação docente para a integração eficaz da
tecnologia e a avaliação da qualidade do aprendizado digital são considerações cruciais.
Além disso, é essencial abordar a questão da segurança digital e promover ambientes virtuais
de aprendizagem saudáveis.

O presente texto tem como objectivo reflectir em torno dos desafios que a evolução
tecnológica coloca à educação na transição analógica para digital. A elaboração do ensaio
seguiu a metodologia de revisão bibliográfica baseada na busca de livros e artigos científicos
que abordam sobre a temática.
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2. DA EDUCAÇÃO ANALÓGICA A EDUCAÇÃO DIGITAL

Ao mergulhar nas obras acadêmicas, estudos e pesquisas, podemos compreender melhor as


complexidades da transição da educação analógica a educação digital, identificar as melhores
práticas e explorar as implicações para alunos, professores e instituições educacionais,
lançando luz sobre o caminho percorrido até agora, os desafios enfrentados e as
oportunidades que se apresentam no horizonte desta transição.

2.1. Processo histórico

O processo histórico de transição da educação analógica para a educação digital é marcado


por uma série de marcos significativos que refletem avanços tecnológicos, mudanças sociais
e transformações nas práticas educacionais. Morreira (2020), apresenta o processo histórico:

(i) Décadas de 1950-1970 - Início da Tecnologia Educacional, (ii) Década de 1980 -


Computadores nas Escolas, (iii), Década de 1990 - Crescimento da Internet e Educação
Online, (v), Década de 2000 - Expansão das Tecnologias Móveis, (vi) Década de 2010 - A
Ascensão das Plataformas de Aprendizagem Online, (vii) Década de 2020 - Pandemia e
Aceleração Digital, (viii) Tendências Emergentes - Inteligência Artificial e Realidade Virtual.

Ao longo desse processo histórico, a transição da educação analógica para a educação digital
foi influenciada por uma interação complexa entre avanços tecnológicos, mudanças sociais e
a necessidade de preparar os alunos para um mundo cada vez mais digitalizado. O cenário
continua a evoluir, com desafios e oportunidades que moldam a forma como a educação é
concebida e implementada.

2.2. Educação Analógica

Segundo Da Conceição (2005), o termo "analógico" refere-se à representação direta e


contínua de informações, em contraste com a representação digital, que é discreta e baseada
em números binários. Na educação analógica, o processo de ensino é linear e muitas vezes
unidirecional, com ênfase na transmissão de informações de professor para aluno.

A "Educação Analógica" representa o paradigma tradicional de ensino, caracterizado pelo


uso predominante de métodos convencionais e materiais físicos. Nesse contexto, a
aprendizagem é facilitada por meio de recursos analógicos, como livros impressos, quadro-
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negro, fichas, e outras ferramentas não digitais. A interação entre professores e alunos ocorre
principalmente em ambientes físicos, como salas de aula, e o acesso ao conhecimento é
limitado aos materiais tangíveis disponíveis.

O autor apresenta as seguintes características da Educação Analógica: Materiais Impressos,


Interação Presencial, Limitações Espaciais e Temporais, Abordagem Unidirecional e
Avaliação Convencional

2.3. Educação Digital

Segundo Morreira (2020), a "Educação Digital" refere-se a um paradigma educacional que


incorpora ativamente as tecnologias digitais no processo de ensino e aprendizagem. Ao
contrário da educação analógica, a educação digital explora e utiliza ferramentas, dispositivos
e recursos digitais para aprimorar a entrega do conteúdo, a interação entre educadores e
alunos e a experiência de aprendizagem como um todo.

De acordo com o autor, a Educação Digital apresenta as seguintes caracteristicas: (i)


Tecnologias Digitais, (ii) Aprendizagem Online, (iii) Interatividade e Multimídia, (iv)
Colaboração Virtual, (v) Adaptação Personalizada, (vi) Avaliação Digital, (vii) Acesso
Global ao Conhecimento, (viii) Desafios Éticos e de Segurança.

2.3.1. Aprendizagem por meio de jogos digitais

Segundo Ramalho (2014), a aprendizagem por meio de jogos digitais, também conhecida
como "educação lúdica" ou "gamificação educacional", refere-se à utilização de jogos
eletrônicos e, princípios de design de jogos no contexto educacional com o objetivo de
promover a aprendizagem significativa. Essa abordagem busca aproveitar a natureza
envolvente e motivadora dos jogos para criar experiências educacionais mais dinâmicas e
interativas.

Segundo o autor, a aprendizagem por jogos digitais apresenta as seguintes Características: (i)
Engajamento e Motivação, (ii) Interatividade e Colaboração, (iii) Feedback Imediato, (iv)
Adaptação ao Ritmo do Aluno, (v) Contextualização do Conteúdo, (vi) Desenvolvimento de
Habilidades, (vii) Aprendizagem Experiencial, (viii) Personalização da Aprendizagem, (viii)
Avaliação Formativa.
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A aprendizagem por jogos digitais representa uma abordagem inovadora que capitaliza a
popularidade e a eficácia dos jogos para promover um ambiente educacional mais dinâmico e
participativo. Quando implementada de maneira eficaz, essa estratégia pode transformar a
experiência de aprendizagem, tornando-a mais cativante e relevante para os alunos.

2.3.2. Artifícios Digitais e Mediação Colaborativa

Segundo Karhawi (2017), "Artifícios Digitais" refere-se a elementos, ferramentas ou recursos


digitais utilizados para criar ou aprimorar experiências de aprendizagem. Esses elementos
podem incluir uma variedade de recursos tecnológicos, como simulações, jogos educacionais,
realidade aumentada, vídeos interativos, entre outros. Artifícios digitais são projetados para
engajar os alunos, oferecer recursos multimídia e facilitar a compreensão de conceitos
complexos. Eles desempenham um papel crucial na transformação da educação,
proporcionando experiências mais interativas e dinâmicas.

Segundo Oliveira (2021), a "Mediação Colaborativa" refere-se ao processo de facilitar a


comunicação e a colaboração entre os membros de um grupo ou equipe. No contexto
educacional, a mediação colaborativa pode ocorrer por meio de ferramentas digitais que
permitem a interação entre alunos, professores e colegas. Isso inclui plataformas de
colaboração online, fóruns de discussão, ambientes virtuais de aprendizagem e outras
ferramentas que facilitam a troca de ideias, a resolução conjunta de problemas e a construção
coletiva do conhecimento.

Ao combinar "Artifícios Digitais" e "Mediação Colaborativa" na educação, os educadores


podem criar ambientes de aprendizagem envolventes e participativos. O uso de recursos
digitais pode enriquecer a colaboração, oferecendo suporte visual, interativo e dinâmico para
as interações entre os alunos. A mediação colaborativa, quando combinada com artifícios
digitais, promove a construção coletiva do conhecimento, incentivando a participação ativa e
a troca de ideias em um ambiente digital.

2.4. Desafios na transição

A transição da Educação Analógica para a Educação Digital não ocorre sem desafios
significativos. Esses desafios abrangem diversas áreas e exigem abordagens cuidadosas para
garantir uma transição eficaz. Santos (2024) apresenta alguns dos desafios comuns associados
a essa mudança de paradigma:
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(i) Equidade no Acesso Tecnológico, (ii) Capacitação Docente, (iii) Adaptação Curricular,
(iv) Segurança Digital e Privacidade, (v) Resistência à Mudança, (vi) Desconexão entre
Gerações, (vii) Avaliação Autêntica, (viii) Gestão de Mudanças Institucionais (iv).

Compreender e abordar esses desafios é essencial para garantir uma transição bem-sucedida
da educação analógica para a digital, promovendo uma experiência de aprendizado eficaz e
inclusive para todos os alunos.

2.5. Construções pela Evolução Tecnológica

Segundo De Paiva (2018), "construções pela evolução tecnológica" refere-se às mudanças e


desenvolvimentos na sociedade, na educação e em outras áreas, impulsionadas pelo avanço
contínuo da tecnologia. A evolução tecnológica não apenas influencia a forma como vivemos
e trabalhamos, mas também molda a maneira como concebemos e implementamos práticas
educacionais, estruturas sociais e outros aspectos da vida cotidiana.

Segundo o autor, as construções pela evolução tecnológica incluem: (i) Transformação de


Práticas Educacionais, (ii) Globalização do Conhecimento, (iii) Inovação em Metodologias
de Ensino, (iv) Ambientes de Aprendizagem Digital, (v) Desafios Éticos e Sociais, (vi)
Mudanças na Dinâmica Social.

Ao explorar as construções pela evolução tecnológica, é fundamental considerar como essas


mudanças afetam a educação, a cultura e a sociedade em geral. Isso inclui a necessidade de
adaptação constante, desenvolvimento de habilidades digitais e reflexão sobre os impactos
sociais e éticos dessas transformações.

3. PONTOS DE REFLEXÃO

A transição da educação analógica para a educação digital é um tema complexo que suscita
uma série de discussões sobre como a tecnologia está impactando e transformando o cenário
educacional. A seguir alguns pontos de discussão que refletem diferentes perspectivas sobre
esse tema: (i) Oportunidades de Acesso e Globalização, (ii) Engajamento e Interatividade,
(iii) Transformação no Papel do Educador, (iv) Desenvolvimento de Habilidades para o
Século XXI e, (v) Impacto na Avaliação e Medição do Desempenho.
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A transição da educação analógica para a educação digital representa uma evolução profunda
e multifacetada no cenário educacional. Este movimento oferece oportunidades significativas,
como acesso global ao conhecimento, maior engajamento dos alunos e desenvolvimento de
habilidades essenciais para o século XXI. No entanto, também apresenta desafios, incluindo a
necessidade de equidade no acesso tecnológico, adaptação dos educadores, e a constant
evolução das habilidades necessárias para os alunos.

A transformação no papel do educador, inovações nas metodologias de ensino e as mudanças


na avaliação e medição do desempenho destacam a necessidade de uma abordagem
equilibrada e reflexiva na integração da tecnologia na educação. O desenvolvimento
profissional contínuo para educadores e a consideração cuidadosa dos impactos sociais e
emocionais da tecnologia são cruciais para garantir uma transição bem-sucedida.

Em última análise, a transição para a educação digital representa uma jornada dinâmica, onde
a otimização do potencial transformador da tecnologia deve ser equilibrada com a
preservação dos princípios fundamentais da educação e a garantia de igualdade de
oportunidades para todos os alunos.
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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Da Conceição Duarte, M. (2005). Analogias na educação em ciências contributos e


desafios. Investigações em ensino de ciências, 10(1), 7-29.

De Paiva, D. C., & Alves, H. V. (2018). Evolução Tecnológica e as Diferentes Gerações.

Karhawi, I. (2017). Influenciadores digitais: conceitos e práticas em


discussão. Communicare, 17(12), 46-6.

Moreira, J. A., Henriques, S., & Barros, D. M. V. (2020). Transitando de um ensino remoto
emergencial para uma educação digital em rede, em tempos de pandemia. Dialogia, 351-364.

Oliveira, A. T. P. D., Silva, G. A. D., & Guizardi, F. L. (2021). Aprendizagem colaborativa:


fundamentos teóricos e caracteristicas. Rede UNIDA.

Ramalho, J. E., Simão, F., & Paulo, A. B. D. (2014). Aprendizagem por meio de jogos
digitais: um estudo de caso do jogo animal crossing. Ensaios Pedagógicos-Revista Eletrônica
Do Curso de Pedagogia Das Faculdades OPET.

Santos, S. M. A. V., dos Santos, F. M., Júnior, H. G. M., Medeiros, J. M., de Melo Penha, M.
C. S., de Andrade Ramalho, R., ... & de Oliveira, Z. M. (2024). EDUCAÇÃO PARA A
GERAÇÃO DIGITAL: DESAFIOS E ESTRATÉGIAS. REVISTA FOCO, 17(1), e4072-
e4072.

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