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DERMATOPATIAS

BACTERIANAS

Adriana Chaves
Por onde começar ?

Diagnóstico e tratamento das infecções bacterianas Foliculite bacteriana

São as grandes diretrizes mundiais para se falar desse assunto.


• O comum são pacientes que chegam todos os dias e o médico veterinário
precisa controlar as infecções bacterianas.

• Saber reconhecer e lidar com a doença primária. Sem dúvidas a doença


alérgica é a mais comum.

• Assim melhor será o controle das infecções e suas recidivas.


• Por que essa discussão envolvendo a antibioticoterapia?

• Aumento dos casos de resistência bacteriana aflorou essa discussão.

• Uso racional de antibiótico.

• Adoção de medidas semelhante a medicina humana (necessidade de receita).


• Infecção bacteriana em épocas de resistência bacteriana

• É um crime prescrever antibiótico?

• Antibioticoterapia racional

• Tratar os pacientes com foco na enfermidade primária tentando controlar a


enfermidade básica que faz a quebra da barreira cutânea e a instalação da
enfermidade bacteriana como consequência.
PIODERMITES

▪ É uma infecção bacteriana da pele, geralmente causada por microrganismos


pertencentes à microbiota residente, devido a alguma enfermidade cutânea
previamente existente.

▪ A bactéria pode atingir diferentes profundidades e locais na pele.

▪ São classificadas em: externas/de superfície, superficiais e profundas.

▪ Staphylococcus pseudointermedius é a bactéria mais comumente isolada


As doenças bacterianas da pele são observadas com uma maior frequencia
em cães do que em qualquer outro mamífero

▪ A pele canina possui estrato córneo delgado composto por 3-5 camadas de células
queratinizadas (pele humana 25 a 30 camadas).

▪ O material intercelular lipídico do estrato córneo da pele canina é relativamente pouco


compacto e pouco denso, quando comparado ao das demais espécies, representando
uma barreira epidérmica pouco eficiente contra o potencial invasor bacteriano.
▪ O óstio do folículo piloso nos cães não possui tampão lipídico, tornando o folículo uma
porta de entrada as infecções bacterianas.

▪ O pH da pele canina é 7,5, pouco efetivo como inibidor do crescimento bacteriano (da
pele humana é 5,5).
PIODERMITES NOS CÃES

• Infecções bacterianas altamente frequentes;

• Principal agente: Staphylococcus pseudointermedius. Não é o único, nem o


único capaz de induzir lesão, porém mais frequente.

• É o mais frequente e ocorre em função da disbiose, que é o desequilíbrio


dentro do bioma cutâneo dos cães.
O processo inflamatório favorece a multiplicação exacerbada de bactérias mais
patogênicas e o subsequente uso de antibióticos com frequencia também faz
uma seleção de bactérias e há ainda uma redução na diversidade de bactérias
no bioma cutâneo e o aumento dessa espécie de bactéria gera mais infecções
de repetição. O processo inflamatório é o que gera o favorecimento do
crescimento bacteriano.
PIODERMITES NOS GATOS

• O gato tem menos infecções bacterianas na pele do que o cão;


• Doenças bacterianas atípicas (não faz impetigo, foliculite bacteriana como
ocorre regularmente na cão);
• Abscessos são mais frequentes,;
• Mais inflamações com infecções bacterianas que se oportunizam, que são
controladas quando controlamos o processo inflamatório;
• Principal agente: Staphylococcus pseudointermedius
CLASSIFICAÇÃO DAS PIODERMITES

▪ Piodermite de superfície/externa: acomete apenas a superfície tegumentar, sem


invasão da camada epidérmica. Ex: dermatite piotraumática e o intertrigo.

▪ Piodermite superficial: acomete a camada epidérmica e seus anexos cutâneos:


impetigo, a foliculite bacteriana, e as piodermites mucocutânea e esfoliativa.

▪ Piodermite profunda: acomete as camadas mais profundas da pele, a derme,


levando a foliculite e/ou furunculose, podendo acometer o tecido subcutâneo
sendo, nesse caso, denominada celulite.
PIODERMITES DE SUPERFICIE/EXTERNAS
DERMATITE SUPERFICIAL ÚMIDA AGUDA

Sinonímia: mancha quente, dermatite piotraumática. Ocorre por auto traumatismo devido a
um processo pruriginoso ou doloroso.

Causas: Agentes físicos (queimaduras, atrito)


Agentes químicos
Traumas (automutilação)
Alergias
Doenças parasitárias
Imunodeficiência
Sinais Clínicos:

▪ Superficial
▪ Lesão alopécica, única, circunscrita, eritematosa, espessada e erosiva
▪ Lesão úmida com halo avermelhado em volta
▪ Camada de exsudato na superfície
▪ Se instala em até 12 horas
▪ A lesão surge bruscamente e esse estende de maneira rápida
▪ Febre
INTERTRIGOS
Sinonímia: Pioderma das dobras cutâneas

Etiologia: Dobras cutâneas em que a pele esfrega-se sobre si mesma causando irritação e
maceração. Essas dobras originam um ambiente quente, escuro e úmido, com deficiente
circulação de ar, retendo secreção e queraratinócitos descamados que favorecem inflamação
e crescimento de bactérias e leveduras.

Sinais Clínicos: Inflamação e exsudação discreta, odor fétido.

Quanto a localização: dobras cutâneas, facial, labial, vulvar, caudal.


PIODERMITES SUPERFICIAIS
Representa uma invasão bacteriana que pode ocorrer de duas maneiras:

Quando a bactéria penetra na camada córnea com subsequente formação


de pústulas subcorneanas, o que é denominado impetigo (piodermite de
filhotes).
Quando a bactéria invade a abertura do folículo piloso causando
inflamação, o que é denominado foliculite.
IMPETIGO
▪ Autolimitante
▪ Processo benigno não contagioso
▪ Comum em animais jovens (antes da puberdade)
▪ Infecção secundária a parasitismo, infecções virais, ambiente sujo, doença
imunomediada, má nutrição

Sinais clínicos:

▪ É caracterizado por pústulas epidérmicas sem envolvimento folicular, pápulas


eritematosas, crostas melicéricas e colarinhos epidérmicos.
▪ Se apresenta na forma de pústulas na região inguinal e abdomen ventral e
ocasionalmente na região axillar
▪ Não dolorosas e de fácil ruptura
▪ Ausência de prurido
FOLICULITE SUPERFICIAL
Sinais Clínicos:
▪ Se assemelha ao impetigo, apresentando formações pustulares que se propagam para a região
axilar e ventrolateral do tórax.

▪ Presença de pápulas e máculas alopécicas mal delimitadas, que resultam em aspecto de “roedura
de traça”, podendo levar a alopecia multifocal, colarinhos epidérmicos, crostas, escamas,
hiperpigmentação, pústulas com folículo piloso em seu centro.

▪ A base da pústula é geralmente eritematosa

▪ O prurido varia de inexistente a intenso

▪ Geralmente está localizada em áreas de rarefação pilosa (regiões meso e hipogástrica ventral,
axilares, torácica lateral e dorsal, interdigital), podendo até ser generalizada.
Cães de pelos curtos:

Múltiplas áreas de pequenas elevações nodulares, múltiplas áreas de alopecia, áreas de


alopecia circulares, eritema, colaretes epidérmicos, hiperpigmentação, escoriações,
descamação, crostas (aspecto do roído ou roedura de traça).

Cães de pelos longos:

Lesões discretas, perda de brilho localizado, descamação, hipotricose, eritema e colaretes.

Gatos:

Rara, erupção pápulo-crostosa, cabeça e pescoço.

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Causa e Patogenia:

▪ Falta de higiene
▪ Parasitismo
▪ Fatores hormonais
▪ Irritantes locais
▪ Alergias

Progressão:

▪ Foliculite profunda
▪ Furunculose
▪ Celulite
IMPETIGO x FOLICULITE
PIODERMITES PROFUNDAS
Foliculite e Furunculose
De acordo com a localização:
Fístula dermal
Celulite
Paniculite
Furunculose
Foliculite Piotraumática
Pododermatite
Furunculose nasal
Furunculose dos calos
• Foliculite/furunculose, celulite, piodermite nasal,
piodermite interdigital (pododermatite). Estas formas de
piodermite profunda geralmente originam-se a partir de
uma piodermite superficial, podendo coexistir com esse
quadro.

• O complexo foliculite/furunculose está associado com


inflamação e ruptura de folículos e liberação de seu
conteúdo na derme, criando uma reação de corpo
estranho e infecção localizada na derme e tecido
subcutâneo.

• Ao contrário do que acontece nas superficiais, é


frequente a invasão de outras bactérias aeróbias e
anaeróbias como Pseudomonas spp, Proteus spp e E.
coli.

• Evolução de quadros superficiais.


FURUNCULOSE E FOLICULITE PROFUNDA

Sinais clínicos:

▪ As pápulas e pústulas tornam-se maiores e nodulares a palpação.


▪ Exsudação e formação de crostas base da pústula é geralmente eritematosa
▪ Úlceras, fístulas e bolhas hemorrágicas podem desenvolver
▪ Pode generalizar
▪ Lesões doloridas e/ou pruriginosas
▪ Pode haver sinais de doença sistêmica (anorexia, depressão, perda de peso)
▪ Febre
OUTRAS PIODERMITES PROFUNDAS
PIODERMITE INTERDIGITAL

Sinonímeas: Pododermatite

Causas: corpos estranhos,traumas, material irritante, processos alérgicos, parasitários,


micóticos, auto-imunes, complicados por infecção bacteriana (Staphylococus intermedius) e
por lambedura

Sinais clínicos:
Micro abscessos entre os dedos
Sangramento no espaço interdigital
Prurido/úlceras/bolhas /alopecia/umidade /edema local/claudicação/dor
DERMATITE PIOTRAUMÁTICA

Processo inflamatório ulcerativo superficial ou profundo


Foliculite supurativa e necrotizante
Evolução aguda
Pruriginosa e dolorosa
Labrador Retriever
Bochecha e pescoço
Animais jovens
Trauma auto induzido pulgas e carrapatos

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A celulite é uma inflamação e infecção que acomete
as camadas profundas da derme e tecido
subcutâneo, geralmente localizada, porém pouco
delimitada. A lesão apresenta-se edemaciada,
dolorida, drenando líquido purulento ou
sanguinolento e os pacientes acometidos
apresentam sinais sistêmicos, como febre e
prostração.
PIODERMITE DE CALO DE APOIO

❖ Infecção secundária do calo de apoio por traumas repetidos ou ruptura da epiderme


❖ Inicialmente superficial
❖ Animais pesados e de grande porte

Exame Físico:

Região dos membros ou esternal


Calo inflamado, ulcerado, fistulado com exsudato purulento, hiperqueratose, infecção
crônica.
DIAGNÓSTICO DAS DERMATOPATIAS
BACTERIANAS

❖ O diagnóstico das piodermites pode, na maioria das vezes, ser realizado apenas pela
anamnese e exame físico e dermatológico detalhado.

❖ A avaliação dos padrões e topografias lesionais são de imenso valor diagnóstico,


porém alguns exames complementares podem ser necessários para auxiliar na
exclusão de diagnósticos diferenciais.

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EXAMES COMPLEMENTARES

❖ Exame citológico (Neutrófilos em variados estágios de degeneração, cocos e


fagocitoses)

❖ Cultura e antibiograma

❖ Biópsia

❖ Além dos demais exames necessários para a pequisa da doença de base


EXAME CITOLÓGICO

❖ Para confirmar que existe uma bactérias envolvida;

❖ Tentar identifica-la pela morfologia;

❖ E avaliar a resposta terapêutica (antes e depois dos pacientes)

❖ A presença da bactéria: sugestiva.

❖ A presença de fagocitose em pústula íntegra: confirma.

❖ A ausência: não exclui.


❖ Em piodermites superficiais, encontram-se grande quantidade de neutrófilos e figuras
cocóides basofílicas, representando principalmente bactérias do gênero
Staphylococcus spp., que podem se apresentar em localização intra ou extracelular.

❖ Os neutrófilos podem estar íntegros ou degenerados.

❖ Neutrófilos degenerados com presença de cocos intracelulares confirmam a presença


de infecção ativa.
Citologia cutânea de cão corada
com Wright-Giemsa modificado.
Aumento x 1000. Vários neutrófilos
degenerados, bactérias cocóides
azuladas extracelulares e
intracelulares fagocitadas por
neutrófilos. Fonte: Beco et al.
(2013).
❖ Além de cocos, bacilos acidófilos podem estar presentes, indicando a presença de bactérias dos
prováveis gêneros Pseudomonas spp., Proteus spp. e coliformes

❖ Além disso, nas citologias cutâneas podem-se observar os queratinócitos anucleados


(corneócitos), queratinócitos nucleados indicando paraqueratose (intensa reposição das camadas
cutâneas devido à lesão), grânulos de querato-hialina e até células acantolíticas (queratinócitos de
camadas mais profundas que perderam adesão a outros queratinócitos), que podem ser
encontradas em casos de furunculose, por exemplo.
Citologia cutânea por imprinting
de furunculose de cão corada com
Wright-Giemsa modificado.
Aumento de x 1000. Presença de
grandes macrófagos ativados,
debris celulares, neutrófilos
degenerados. Além de linfócitos,
plasmócitos e eritrócitos. Figuras
bacterianas esparsas. Fonte: Beco
et al. (2013).
EXAME HISTOPATOLÓGICO

▪ Não é rotineiramente utilizado para o diagnóstico definitivo das piodermites, pois o


exame clínico juntamente com o exame citológico, costumam ser suficientes.
▪ Essencial em alguns casos para diagnosticar as doenças de base que predispõem à
infecção secundária.
▪ Geralmente recomenda-se tratar a piodermite primeiro, pois pode prejudicar a
identificação de lesões causadas por outras doenças e na diferenciação com
doenças imunomediadas que possuam os mesmos padrões lesionais.
▪ Mais solicitados nas pododermatites.

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Microscopia ótica de colarinho
epidérmico de cão diagnosticado
com piodermite esfoliativa
superficial. Presença de pústula
subcorneal com alguns neutrófilos.
Fonte: Olivry, T.; Linder, K. E. (2009).
CULTURA E ANTIBIOGRAMA

❖ Nunca é contra indicada!


❖ Mas quando é mandatória:
❖ Sempre que a resposta ao tratamento for inadequada ( menos que 50% de resposta pós 2 sem de
atb sistêmico, novas lesões 2 sem após o início de atb sistêmico, presença de lesão após 6 sem de
atb sistêmico)
❖ Presença de bastonetes intracelular,
❖ História de resistência bacteriana.
❖ Cuidado com a região escolhida

Teste de antibiograma de difusão em disco Kirby-Bauer. Fonte: Beco et al.


(2013).

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DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS

❖ Considerar dermatoses que possuam o mesmo padrão lesional dos diferentes tipos de piodermites,
além de sempre investigar quais são as causas predisponentes para aquela infecção secundária.

❖ Nas piodermites de superfície: deve-se diferenciar de doenças como demodiciose, farmacodermia,


dermatite psicogênica, dermatite de contato ou até neoplasias, embora menos frequente. Todas
elas apresentam como principal manifestação prurido e dor local.

❖ Nas piodermites superficiais: deve-se diferenciar o impetigo de dermatite alérgica à picada de


pulgas e foliculite bacteriana, sendo que o padrão das pústulas pode trazer maiores informações. A
foliculite bacteriana é muito semelhante à dermatofitose, porém também pode ser confundida com
demodiciose ou até pênfigo foliáceo.

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❖ Nas piodermites profundas: deve-se diferenciar de demodiciose, farmacodermia e
enfermidades imunomediadas como pênfigo e lúpus eritematoso. Na piodermite nasal
considerar furunculose eosinofílica de face, dermatite actínica, carcinoma espinocelular e
lúpus eritematoso discóide. Na localização mentoniana, considerar demodiciose, dermatite
de contato por plástico e acne (pouco frequente).
❖ A pododermatite ou piodermite interdigital tem uma variedade de diagnósticos diferenciais e
dermatoses predisponentes, como alergopatias, demodiciose, malasseziose, dermatofitose,
esporotricose, criptococose, neoplasias (linfoma epiteliotrópico, carcinoma de células
escamosas), dermatoses endócrinas e síndrome do piogranuloma estéril.
TRATAMENTO DAS DERMATOPATIAS BACTERIANAS

❖ Frequentemente multimodal, com diversos ativos antissépticos, antimicrobianos e


corticosteróides em variadas formas farmacêuticas para terapia tópica, isolada ou
combinadas com terapia sistêmica, dependendo do quadro do paciente.

❖ Preconiza-se hoje, cada vez mais, os tratamentos tópicos.

❖ Com a ação localizada, o princípio ativo age majoritariamente a pele evitando a morte
de bactérias sensíveis e sobrevivência de bactérias que são encontradas em outros
órgãos, como intestinos, vesícula urinária e trato genital por exemplo, mantendo a
microbiota destes locais equilibrada.

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TERAPIA TÓPICA

Vantagens:

❖ Diminuição do tempo de administração de antibióticos orais quando necessários.


❖ Efeitos adversos mínimos ou inexistentes e eliminação de alérgenos, microrganismos e debris da
superfície da pele com a ação dos banhos.

Limitações:

❖ Incluem o comprometimento e disponibilidade do proprietário, pois a terapia tópica necessita de mais


tempo e dedicação, dada a frequência de aplicações e/ou banhos,
❖ Cooperação e temperamento do paciente
❖ Extensão da área a ser tratada, o que pode elevar o custo dos produtos utilizados

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Somente o tópico ----- Em quem usar?

❖ Lesões localizadas
❖ Estágios iniciais de foliculite
❖ Impetigos
❖ Piodermites superficiais em cães de pelo curto
Xampu de Clorexidina 0,5 a 4%

▪ Redução de contagem bacteriana em piodermites superficiais e/ou de superfície


▪ Possui afinidade maior pela parede celular de bactérias Gram positivas, porém, agindo
também em gram-negativas.
▪ Possui ação bacteriostática, penetrando e rompendo a membrana citoplasmática das
bactérias e causando extravasamento de seu conteúdo.
▪ Em concentrações bactericidas, forma precipitados intracelulares irreversíveis,
causando a lise bacteriana.
▪ Possui ação fungicida, fungistática e viricida para alguns tipos de vírus

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Xampu Peróxido de Benzoíla 2,5 a 5%
▪ Tratamento de piodermites superficiais devido ao seu amplo espectro de ação, abrangendo bactérias
gram-positivas, gram-negativas e leveduras.

▪ Quando em contato com a pele, o peróxido de benzoíla é metabolizado em ácido benzóico e radicais
livres de oxigênio, causando oxidação e rompimento da membrana celular bacteriana.

▪ Também tem efeito queratolítico, comedolítico, desengordurante, clareador e antipruriginoso, diminui


a concentração lipídica da pele e a quantidade de corneócitos, diminui a atividade das glândulas
sebáceas e reduz a contagem bacteriana nos folículos.

▪ A maioria dos estudos demonstrou que o peróxido de benzoíla tem eficácia de boa a excelente para
quadros de piodermite superficial, diminuindo a contagem bacteriana, todavia, quando comparado
com a clorexidina, esta última ainda apresenta maior eficácia.
TERAPIA SISTÊMICA

❖ É indicada em algumas situações específicas, como por exemplo, padrão generalizado e/ou
grave das lesões, piodermites profundas e pacientes com baixa resposta à terapia tópica
isolada.

❖ Piodermite Superficial: Ao menos 3 semanas. Continuar por mais 2 semanas após a


resolução total das lesões

❖ Piodermite Profunda: Ao menos 6 semanas. Continuar por mais 3 semanas após a resolução
total das lesões

❖ Em casos específicos, como piodermites recorrentes e piodermites profundas, é indicada a


introdução de um antibiótico de amplo espectro em um primeiro momento e realização de
cultura e antibiograma para adequar o tratamento posteriormente, evitando assim indução
de resistência bacteriana.

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❖ Nos casos não complicados, geralmente de ocorrência primária, recomenda-se a escolha de
um antibiótico com espectro de ação em cocos gram-positivos, devido ao fato de serem os
agentes etiológicos mais frequentes na piodermite canina. Os antibióticos de primeira escolha
seriam os beta-lactâmicos, com destaque para cefalosporinas de primeira geração e
aminopenicilinas.

❖ A cefalexina é uma cefalosporina de primeira geração empregada amplamente em infecções


cutâneas. Seu mecanismo de ação é a inibição da síntese de parede bacteriana, sendo
bactericida.

❖ Utiliza-se a dose de 22 a 30 mg/kg a cada 12 horas.

❖ Seus efeitos adversos mais comuns são êmese e diarreia.


❖ Amoxicilina potencializada com clavulanato de potássio, também é amplamente utilizada. Seu
modo de ação consiste em inibição da síntese de parede celular, sendo então considerada
bactericida.

❖ Utiliza-se a dose de 20 a 25 mg/kg a cada 12 horas (ou 8 horas, dependendo do caso).

❖ Antibióticos de segunda escolha: são as cefalosporinas de terceira geração e as quinolonas.

❖ Antibióticos de terceira escolha: cefadroxila, ceftiofur, clindamicina, cloranfenicol, doxiciclina,


rifampicina, sulfonamidas potencializadas, aminoglicosídeos, entre outros.
PROGNÓSTICO

Piodermites Superficiais: BOM, as lesões não são graves e causam pouco mal estar ao
paciente.

Piodermites profundas: RESERVADO, as lesões são mais dolorosas e a qualidade de vida é


prejudicada e também é dependente da doença de base que predispõe às infecções
cutâneas, além da resposta ao tratamento

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ATIVIDADE PRÁTICA

Cadela da raça Shih-tzu, 4 anos de idade, castrada, alimentação caseira


sem instrução veterinária, passeios pela rua. A tutora informou que os
sintomas apareceram há mais de um ano e meio e tiveram uma evolução
lenta.

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Anamnese
Exames complementares
Diagnóstico
Diagnósticos diferenciais
Ao exame físico observou-se eritema, alopecia, hiperpigmentação, pústulas, prurido, rarefação pilosa
e odor fétido em regiões ventrais de pescoço, tórax, abdômen e virilha (Fig.1). Presença também de
otite externa com secreção purulenta, eritema, edema em ouvidos e secreções oculares fétidas
(Fig.2.), além de apresentar linfonodos submandibulares reativos. Demais parâmetros de exame
físico estavam dentro da normalidade.

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