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Como Saber se Você é Insensível

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Coescrito por Rebecca Kason, PsyD

Referências

Neste Artigo:
Avaliando o próprio comportamento
Adquirindo autoconsciência e empatia
Considerando possíveis causas psiquiátricas
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Referências

A falta de sensibilidade pode prejudicar nossa capacidade de envolvimento com os


demais, causando solidão e isolamento social. Realizar um julgamento objetivo de si
mesmo é difícil, portanto, talvez você tenha dificuldade para determinar se é alguém
insensível, mas prestar bastante atenção nas próprias reações emocionais e na forma
como as pessoas interagem com você poderá ajudar. Além disso, considere a possível
existência de algum transtorno psiquiátrico que afete sua capacidade de sentir empatia.

Método 1

Avaliando o próprio comportamento

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1.

1
Pergunte-se: "Eu me importo de verdade com os outros?". Uma das
principais características da insensibilidade é a falta de empatia. Embora esse
sentimento exista em diversos graus diferentes e algumas pessoas sejam apenas
mais sensíveis do que outras, a ausência de empatia pode fazer com você seja
visto como alguém frio ou indiferente.

o Existem dois tipos de empatia: a cognitiva e a emocional. A cognitiva


abrange a capacidade de compreender a perspectiva alheia de forma
lógica, vendo as coisas a partir do ponto de vista da outra pessoa. Talvez
você não apresente uma forte reação emocional à perspectiva alheia, mas
pelo menos deveria ser capaz de compreendê-la até um certo ponto. A
empatia emocional é a capacidade de captarmos as emoções dos demais.
Você poderia se sentir triste quando alguém recebe uma má notícia, por
exemplo.[1]
o Considere se possui qualquer um dois tipos de empatia. Você busca
compreender o ponto de vista da outra pessoa quando ela está explicando
alguma coisa? Faz um esforço consciente para ouvir, compreender o que
está sendo dito e fazer perguntas a respeito do assunto? Quando alguém
se sente triste ou frustrado, você vivencia emoções semelhantes? Você
consegue captar facilmente os sentimentos alheios? Sente a necessidade
de perguntar o que está acontecendo quando um colega de trabalho
parece chateado?[2]
o Muitas vezes, as pessoas insensíveis não estão em sintonia com as
necessidades e os sentimentos dos demais. Pense na frequência com que
você tenta, ativamente, compreender o ponto de vista de alguém. Caso
passe a maior parte do tempo pensando em si mesmo, talvez você seja
insensível.
2.

Observe como os outros falam com você. As pessoas tentem a desenvolver


antipatia por indivíduos insensíveis, portanto, muitas vezes podemos descobrir
se somos ou não insensíveis ao observarmos a forma como os demais nos
respondem.

o Nos eventos e situações sociais, outras pessoas costumam puxar conversa


com você? Caso seja sempre o primeiro a puxar assunto, talvez os outros
evitem sua companhia devido à forma como o enxergam. Eles
demonstram interesse em continuar conversando ou costumam dar
desculpas para se retirarem da conversa?
o As pessoas riem das suas piadas? Muitas vezes, indivíduos insensíveis
fazem piadas que soam inapropriadas para os demais. Talvez você não
tenha sensibilidade se suas tentativas de humor são sempre recebidas
com silêncio ou com risos silenciosos ou nervosos.
o Os outros o procuram quando precisam de alguma coisa? As pessoas
podem ter receio de pedir ajuda e desabafarem sobre problemas pessoais
com indivíduos insensíveis. Se você é sempre a última pessoa a ouvir
sobre o divórcio de um amigo ou a perda de emprego de um familiar,
talvez sempre diga coisas inapropriadas nesses tipos de momento e esse é
um sinal de insensibilidade.
o Você já foi chamado diretamente de insensível? Embora possa parecer
algo óbvio, muitas pessoas ignoram esse tipo de crítica e colocam a culpa
no excesso de sensibilidade alheia. No entanto, talvez você realmente
seja assim se uma ou mais pessoas já apontaram tal comportamento.
3.

Pense na forma como se comporta. Embora os comportamentos insensíveis


variem de pessoa para pessoa, existem certos padrões comportamentais que
costumam ser considerados rudes ou grosseiros. Você pode ser alguém
insensível caso faça algumas dessas coisas:

o Falar de um assunto que os outros não entendem ou consideram tedioso.


Por exemplo, falar sem parar dos detalhes do seu doutorado, mesmo
sabendo que as outras pessoas envolvidas na conversa não tem nenhum
conhecimento sobre o assunto.[3]
o Dar opiniões em momentos inoportunos, como reclamar em voz alta
sobre a epidemia de obesidade na frente de um colega de trabalho
sabendo que ele tem enfrentado dificuldades para emagrecer.[4]
o Abordar assuntos inadequados para um determinado grupo ou audiência.
Por exemplo: contar histórias envolvendo o uso de drogas bem na frente
dos seus sogros.[5]
o Ficar irritado caso alguém não compreenda um assunto que você esteja
explicando. [6]
o Julgar os erros ou circunstâncias das outras pessoas sem levar a origem e
os problemas pessoais de cada um em consideração.[7]
o Ser grosso e autoritário com os funcionários de um restaurante.[8]
o Ser muito franco ou crítico com os outros. Por exemplo, quando não
gosta da roupa de alguém, uma pessoa insensível pode dizer: "Você fica
gordo nesta roupa", em vez de evitar opinar ou de oferecer um conselho
mais delicado, como, "Acho que outra cor cairia melhor".[9]

Método 2

Adquirindo autoconsciência e empatia


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1.

Pratique a interpretação das emoções alheias. Talvez você tenha dificuldade


para identificar os sinais físicos que expressam diferentes emoções, mas todos os
seres humanos nascem com tal habilidade. Como em qualquer outra habilidade,
você vai se aperfeiçoar se tomar o tempo necessário para praticar a compreensão
das emoções alheias.[10]

o Observe as pessoas em um lugar lotado (como uma balada, parque ou


shopping center) e tente identificar o que elas estão sentindo. Tente usar
o contexto, a linguagem corporal e as expressões faciais para saber quem
está se sentindo envergonhado, estressado, animado, e assim por diante.
[11]

o Estude a linguagem corporal, principalmente as expressões faciais, e a


forma como ela transmite diferentes emoções. A tristeza, por exemplo, é
caracterizada por pálpebras caídas, o canto dos lábios apontando
levemente para baixo e a parte interna das sobrancelhas levantada.[12]
o Assista a uma novela e tente identificar as diferentes emoções
interpretadas pelos atores. Use o contexto, as expressões faciais e a
linguagem corporal como pistas. Tire o som da televisão para não pegar
nenhuma dica do diálogo. Quando sentir que dominou as emoções das
novelas, comece a assistir dramas mais refinados nos quais os atores
usem mudanças sutis de expressão para transmitir os sentimentos das
personagens.[13]
2.

2
Aprenda a demonstrar preocupação. Talvez você pareça insensível porque se
sente desconfortável ou constrangido sempre que tenta demonstrar alguma
emoção. Em vez de falar algo que soe forçado ou insincero quando vir alguém
chateado, permaneça em silêncio. Entenda que talvez você soe falso ao oferecer
condolências para um amigo ("Sinto muito em ouvir isso..."), mas passará a soar
cada vez mais natural caso se esforce e continue tentando.[14]

3.

Compreenda a importância das emoções. Talvez você encare a tristeza como


um sentimento autoindulgente, sem lógica e sentido, e se pergunte por que os
outros não tentam simplesmente refletir sobre uma situação e encontrar uma
solução para se sentirem melhor. No entanto, assim como a lógica, as emoções
são uma parte essencial do processo de tomada de decisão e podem motivar
alguém a mudar de vida, já que muitas vezes o desconforto emocional funciona
como um impulso para sairmos da rotina.[15]

o Os sentimentos são essenciais no desenvolvimento de conexões e de


interações sociais saudáveis e bem-sucedidas.[16]
o Lembre-se de que as emoções são parte do ser humano. Mesmo que você
não as compreenda ou as considere inúteis, tenha em mente que a
maioria das pessoas não encara as coisas dessa forma.[17]
o Às vezes, fingir é aceitável. Talvez você não compreenda por que
alguém está chateado ou muito feliz, mas, de vez em quando, entrar na
onda da outra pessoa é a coisa mais sensível a se fazer. Não custa nada
parabenizar e sorrir para uma colega de trabalho que acabou de descobrir
que será tia, mesmo que pessoalmente você não se sinta nenhum pouco
feliz com a novidade.[18]
4.

Adquira consciência das próprias emoções. Os sentimentos causam


desconforto ou confusão em algumas pessoas, enquanto outras foram ensinadas
a esconder e reprimir as emoções ou talvez só tenham a capacidade de ouvir o
lado lógico do cérebro. Independentemente do motivo, talvez você tenha
bloqueado os próprios sentimentos e por isso enfrente dificuldades para
desenvolver empatia.[19]
o Talvez você precise contar com a ajuda de um conselheiro ou terapeuta
para trabalhar com seus sentimentos se estiver suprimindo as emoções
para conseguir lidar com um trauma ou por estar propenso a ataques de
ansiedade.[20]
o Comece se perguntando, "Como me sinto agora?", várias vezes ao longo
do dia. Tomar um momento para saber como estamos pode nos ajudar a
identificar os sentimentos assim que surgirem.[21]
o Identifique todos os truques que usa para evitar suas emoções, como:
distrair-se com jogos de videogame ou assistindo à televisão, concentrar-
se somente no trabalho, beber ou fazer uso de outras substâncias, ser
racional demais a respeito de uma situação ou fazer piadas sobre ela.[22]
o Permita-se vivenciar as emoções. Não reprima os sentimentos quando
estiver em um local seguro e privado, deixe que cada emoção venha à
tona e tentar observar a reação do seu corpo. Tomar notas das mudanças
físicas (como as sobrancelhas se unindo e os lábios se contraindo quando
você sente raiva) poderá ajudá-lo a identificar um sentimento quando ele
surgir novamente — tanto em você quanto nos outros.[23]

Método 3

Considerando possíveis causas psiquiátricas

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1.

Compreenda os sintomas do narcisismo. O transtorno de personalidade


narcisista é uma condição psiquiátrica na qual um indivíduo apresenta ausência
de empatia e se considera excessivamente importante. O transtorno é
relativamente raro, já que sua prevalência apresenta uma variação de 0% a 6,2%
em amostras populacionais.[24] Entre as pessoas diagnosticadas com o distúrbio,
50% a 75% são homens.[25]

o Os sintomas do transtorno de personalidade narcisista incluem um


grande senso de importância, uma necessidade de reconhecimento ou
admiração e de exagerar as próprias realizações ou talentos, a inveja do
sucesso alheio ou a crença de que as outras pessoas sentem inveja de
você, e a ideia de que os outros lhe devem favores especiais. Os
indivíduos narcisistas acham que o mundo gira ao redor das necessidades
deles.[26]
o Críticas ou contratempos simples podem provocar grandes episódios
depressivos nas pessoas que sofrem com o transtorno. De fato, muitas
vezes são esses episódios de depressão que levam um paciente a buscar
ajuda, mas você não precisa esperar tanto tempo. Caso esteja preocupado
com a possível presença de alguns sintomas do narcisismo, agende uma
consulta com um terapeuta.[27]
2.

Considere a existência da Síndrome de Asperger. Este é um estado altamente


funcional do espectro do autismo e, muitas vezes, seus portadores são vistos
como pessoas insensíveis, já que diversos sinais de insensibilidade são também
sintomas da síndrome.

o As pessoas com Asperger têm dificuldade para reagir emocionalmente às


situações e costumam ser obcecadas por determinados assuntos. Você
poderá ter dificuldade para perceber quando um assunto é desinteressante
para os demais caso sofra com o transtorno. Além disso, os portadores da
síndrome costumam seguir rotinas rígidas e ficam irritados quando os
rituais do cotidiano são interrompidos ou modificados.[28]
o A linguagem corporal também poderá ajudá-lo a detectar a presença do
transtorno: lentidão, inquietação anormal, ausência de contato visual e
uma falta natural de traquejo são todos sintomas do Asperger. Se você já
ouviu que tem uma linguagem corporal “esquisita”, talvez esse seja um
sinal da doença.[29]
o Embora o Asperger seja mais comumente identificado nos primeiros
anos de vida, algumas pessoas posicionadas na extremidade de alto
desempenho do espectro podem passar vários anos sem perceber que
sofrem com a síndrome. Converse com um terapeuta se suspeitar do
problema.[30]
3.

Leia sobre vários transtornos de personalidade. Muitos distúrbios de


personalidade provocam insensibilidade com as emoções alheias, e esse grupo
de doenças mentais provoca padrões duradouros e prejudiciais de pensamento e
comportamento. Embora quase todos os transtornos de personalidade possam
causar algum grau de insensibilidade, as seguintes condições estão mais
associadas à ausência de empatia:[31]

o Transtorno de personalidade antissocial: envolve a incapacidade de


distinguir o certo do errado, comportamentos hostis, agressivos e
violentos, ausência de relacionamentos duradouros, a adoção
desnecessária de comportamentos de risco e um senso de superioridade.
[32]

o Transtorno de personalidade limítrofe: provoca dificuldade para regular


as emoções ou pensamentos, a adoção frequente de comportamentos
impulsivos e imprudentes e a incapacidade de manter relações estáveis e
duradouras.[33]
o Transtornos de personalidade esquizoide e esquizotípica: são
caracterizados pela falta de relações sociais e pela manifestação de
padrões de pensamento delirantes e de ansiedade social excessiva.[34]
4.

Consulte um terapeuta se necessário. Caso desconfie de algum dos distúrbios


acima, compartilhe suas preocupações com um psiquiatra ou terapeuta
profissional. Embora muitos questionários online possam indicar a presença de
sintomas de certas doenças, somente um profissional qualificado poderá
diagnosticá-lo corretamente. Para encontrar um bom terapeuta, verifique a lista
de clínicas e profissionais cobertos por seu plano de saúde ou solicite um
encaminhamento do seu clínico geral. Além disso, talvez sua faculdade ofereça
aconselhamento gratuito se você for um estudante universitário.

Dicas
 Pergunte a um amigo de confiança se você passa a impressão de ser uma pessoa
insensível.

Avisos
 Nunca tente se autodiagnosticar com qualquer transtorno psiquiátrico, nem se
automedicar. Procure ajuda profissional caso suspeite que a insensibilidade
esteja associada a um problema psiquiátrico.

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