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DIREITO ADMINISTRATIVO

LICITAÇÕES E CONTRATOS

Licitação nada mais é do que um procedimento administrativo prévio às contratações do


poder público. Quando a Administração contrata, primeiro, ela deve realizar um prévio
procedimento licitatório.

Para que ela precisa licitar? A lei prevê três finalidades da licitação. A primeira grande
justificativa da licitação é a busca pela proposta mais vantajosa. Por meio da licitação, a
Administração consegue encontrar a melhor proposta.

A licitação também existe como garantia de isonomia das contratações públicas. Qualquer um
que queira pode contratar com o poder público. Basta que seja vencedor no procedimento
licitatório. Isso é igualdade: é a Administração Pública contratar com aquele que foi vencedor
no procedimento licitatório.

Além da busca pela proposta mais vantajosa e pela isonomia, a licitação existe para a garantia
do desenvolvimento nacional sustentável. Por isso, nós temos privilégios para micro e
pequenas empresas, preferencias para produtos manufaturados... tudo como forma de
garantia desse desenvolvimento nacional sustentável.

Nós temos quatro princípios básicos da licitação. A lei traz alguns princípios setoriais da
licitação.

A licitação respeita o princípio da publicidade. Cuidado para não confundir publicidade com
publicação. A publicação é uma das formas de se fazer publicidade, mas a expressão
publicidade é muito mais ampla do que “publicação”. Existem modalidades de licitação em que
não haverá publicação, mas mesmo assim haverá publicidade. Então, a publicidade é um
gênero e é um princípio que deve ser respeitado em qualquer modalidade, mesmo que não
haja publicação de edital.

Além disso, nós temos o princípio do sigilo das propostas. Esse princípio não é incompatível
com a publicidade. Na verdade, no momento em que o edital é publicado, marca-se uma data
em que os envelopes serão abertos. Até essa data, um licitante não deve saber da proposta do
outro. Então, quando a gente fala do sigilo das propostas, estamos dizendo que as propostas
dos licitantes são sigilosas até a data marcada para abertura delas em conjunto, ao mesmo
tempo. Antes disso, um licitante não deve saber da proposta do outro, senão eles não vão
apresentar a melhor proposta (vão apresentar a do outro menos um pouco) e não vai haver
isonomia.

Ainda, temos o princípio da vinculação ao instrumento convocatório. Como regra, esse


instrumento é o edital. Então, a gente vai ver que no convite não tem edital, mas como regra é
o edital. E aí, é muito comum ouvir que “o edital é a lei da licitação”. Edital não é lei (é ato
administrativo infralegal), mas o que queremos dizer com essa frase é que todas as regras do
edital obrigam os licitantes e obrigam a própria administração pública. Então, o edital dispõe
acerca de todas as normas que serão observadas no procedimento licitatório, inclusive o
critério de escolha do vencedor, que é o que a gente vai chamar de julgamento objetivo.

Não adianta nada fazer uma licitação e no final escolher quem você quiser. O critério de
escolha do vencedor tem que estar previamente estabelecido no edital com critérios objetivos.
Então, esse julgamento objetivo é um princípio básico que garante a isonomia. O edital deve
estabelecer todos os critérios que serão utilizados para selecionar o vencedor. E a gente chama
esses critérios de tipos de licitação. Não é modalidade. São tipos que vão determinar o critério
de escolha do vencedor. Então, a licitação pode ser dos tipos:

 Menor preço;
 Melhor técnica;
 Técnica e preço;
 Maior lance.

IMPORTANTE: se houver empate no preenchimento dos critérios, eu não posso me valer de


diferenciais que um produto trouxe e o outro não trouxe e que não estavam no edital.

E quando empata a licitação faz o que? O art. 3º, § 2º, da Lei 8.666/93, estabelecem os
critérios sucessivos de desempate da licitação. Ao falar em critérios sucessivos, a lei obriga a
observar a ordem em que esses critérios aparecem:

1º) Bens produzidos no país;


2º) Bens produzidos por empresa brasileira;
3º) Bens produzidos por empresa que investe em tecnologia e pesquisa no país;
4º) Bens produzido por empresa que respeita cota para portadores de deficiência ou para
reabilitados da previdência social;
5º) Sorteio.

Se a questão estiver tratando de microempresa ou empresa de pequeno porte, a lei estabelece


que essas micro e pequenas empresas terão preferência no desempate (LC 123/2006). Essas
micro e pequenas empresas terão preferência no desempate. Ser micro e pequena empresa
não é critério de desempate. A ideia é que a micro e pequena empresa tenha preferência no
desempate. Ela pode reduzir a proposta e desempatar, se houver empate.

Além disso, as microempresas e empresas de pequeno porte têm um benefício a mais nas
licitações da Lei 8.666: se elas apresentarem uma proposta até 10% a mais do que a
vencedora, é considerado empate. No pregão, esse benefício é menor: se elas apresentarem
uma proposta até 5% maior do que a vencedora, é considerado empate.

Intervalo mínimo

O que é o intervalo mínimo? Se o prazo entre a publicação do edital e a data de apresentar os


documentos e a proposta for muito curto, você pode impedir que empresas consigam
participar, estimulando fraudes (prefeito avisar antes uma determinada empresa para se
preparar, por exemplo). A lei diz que entre a publicação do edital e data marcada para
abertura dos envelopes de documentação e proposta deve-se respeitar um prazo mínimo.
Então, o intervalo mínimo nada mais é do que o prazo mínimo a ser respeitado pela
Administração entre a publicação do edital e a data marcada para abertura dos envelopes de
documentação e proposta. A Administração pode dar mais prazo do que a lei, mas não menos.

Cada modalidade de licitação tem um prazo diferente. Daqui a pouco a gente vai ver cada um
deles dentro de cada modalidade.

Comissão licitante
A autoridade máxima do órgão não realiza o procedimento licitatório. Ele designa uma
comissão que ficará responsável pela licitação. É essa comissão quem vai abrir documentação,
depois vai abrir propostas... Ela fica responsável por todo o procedimento.

De acordo com a lei, essa comissão deve ser composta por, no mínimo, três membros, sendo
que, desses três, pelo menos dois devem ser servidores efetivos do órgão. Atenção: a lei não
fala em “estável”, mas em efetivo. Estável é requisito para a comissão do processo disciplinar.

Os membros da comissão respondem solidariamente pelos atos praticados pela comissão.


Solidariamente não se presume. A lei determina expressamente essa solidariedade. Todos os
membros respondem solidariamente. Mesmo que o presidente, por exemplo, pratique um
ato, todos respondem solidariamente.

Essa responsabilidade solidária pode ser afastada caso o sujeito seja voto vencido em uma
decisão e deixe isso expressamente consignado em ata.

A comissão licitante pode ser uma comissão especial ou uma comissão permanente. A
composição dela é a mesma. Isso não muda. O que muda é o seguinte: a comissão especial é
designada especialmente para cada licitação. Ao final dela, a comissão é dissolvida. A comissão
permanente, por outro lado, é designada para o órgão, ficando responsável por todos os
procedimentos licitatórios do órgão no período de um ano. Depois de um ano, muda a
comissão.

Depois de um ano é vedada a recondução de todos os membros da comissão permanente (ou


seja, tem que mudar pelo menos um dos membros).

Obrigatoriedade de licitação

De acordo com a lei, estão obrigados a licitar as entidades da administração direta e indireta.
Além disso, devem licitar também os chamados fundos especiais (fundo de combate à
pobreza, por exemplo). E, além desses, devem licitar também as entidades privadas que
recebem dinheiro público para a celebração de seus contratos. Então, as entidades privadas
que são mantidas e/ou controladas pela Administração Pública (entidades do terceiro setor,
por exemplo), ainda que não integram a administração direta ou indireta, devem realizar
procedimento licitatório.

Modalidades de licitação

Nós temos seis modalidades licitatórias gerais: concorrência, tomada de preço, convite,
concurso, leilão e pregão (Lei 10.520).

Dessas seis, as três primeiras são definidas em razão do valor do contrato:

 Concorrência – valores mais altos;


 Tomada de preço – valores médios;
 Convite – valores mais baixos.

À medida que a gente vai descendo as modalidades licitatórias, a própria lei vai restringindo a
competição. Então, como ela restringe a competição, ela também limita valores. Por isso, em
licitação, quem pode o mais, pode o menos. Ou seja, eu posso utilizar a concorrência, que é
mais ampla, para uma contratação de valor mais baixo. O que eu não posso é o contrário: usar
uma modalidade restrita, como o convite, para uma contratação de valor mais alto.

Concorrência

A concorrência é a modalidade mais ampla de todas. Qualquer pessoa pode participar. Não
precisa ser cadastrado, não precisa de convite...

Por isso, a concorrência é obrigatória para contratação de valores mais altos. Então, é
obrigatória a concorrência para:

 Obras e serviços de engenharia acima de R$ 1.500.000,00; e


 Aquisição de bens e outros serviços acima de R$ 650.000,00.

Abaixo desses valores, eu posso fazer concorrência. Mas acima desses valores eu não posso
fazer outras modalidades.

Só que a gente tem exceções. Existem situações em que a lei considera o contrato tão
importante que ela exige a concorrência independentemente do valor do contrato. Quais são?

1) Contrato de concessão de serviço público – a Lei 8.987 exige que essa licitação seja
feita na modalidade concorrência. A concessão de serviço público deve ser precedida
de licitação na modalidade concorrência, independentemente do valor do contrato a
ser celebrado.

2) Contratos de concessão de direito real de uso – são aqueles contratos nos quais se
transfere a um particular o direito real de uso sobre um determinado bem público.
Esses contratos exigem concorrência independentemente do valor.

3) Aquisição e alienação de bens imóveis – a lei regulamenta que se a Administração


quiser adquirir ou alienar imóveis, ela só pode fazer mediante concorrência. É
obrigatória a concorrência para aquisição e alienação de bens imóveis, não
importando o valor do contrato.

Só que aqui a gente tem exceção da exceção: existem situações de ALIENAÇÃO em que
a concorrência não é obrigatória. Se a administração quiser alienar um imóvel
adquirido por dação em pagamento ou imóvel adquirido por decisão judicial, nesse
caso, pode fazer concorrência ou leilão.

4) Contratos de empreitada integral – empreitada integral é uma contratação de obra na


qual o empreiteiro fica responsável por executar todas as etapas da obra, devendo
entregar o bem ao Estado pronto para o uso. Nesses casos, esses contratos de
empreitada integral, a contratação depende de licitação na modalidade concorrência,
independentemente do valor da obra.

5) Licitação internacional – se exige a concorrência quando se tratar de licitação


internacional, independentemente do valor. Licitações internacionais são aquelas que
permitem a participação de empresas estrangeiras que não tenham sede no país.

Nesse caso, nós temos duas exceções também: (1) se o órgão tiver cadastro
internacional de licitantes, ele pode fazer licitação internacional por tomada de preços,
desde que respeitados os limites dessa modalidade (e não por concorrência); (2) se
não tiver fornecedor do bem ou serviço no país, ele pode fazer licitação internacional
na modalidade convite, desde que respeitados os limites dessa modalidade.
E qual é o prazo de intervalo mínimo da concorrência? Entre a publicação do edital e o início
da licitação, deve-se respeitar um prazo mínimo:

 Se for concorrência do tipo melhor técnica, técnica e preço ou contrato de empreitada


integral, o intervalo mínimo é de 45 dias;
 Nos demais casos, o intervalo mínimo é de 30 dias.

Esse prazo é o mínimo. A Administração pode dar mais prazo, mas não pode dar menos prazo.

Tomada de preços

Na tomada de preços, a gente tem uma limitação da competição e, por isso, a lei limita
valores. Não é qualquer pessoa que pode participar. Participam da tomada de preços os
licitantes que estejam cadastrados no órgão e também aqueles que cumpram os requisitos
para o cadastro com pelo menos três dias de antecedência à data marcada para o início da
licitação.

Quando a gente fala em tomada de preço, você precisa se lembrar que esse cadastro tem
validade de 1 ano. Então, as empresas podem se cadastrar nos órgãos públicos, levando os
documentos de habilitação sem que haja uma licitação vigente. Esse cadastro tem vigência de
1 ano. A cada ano, a administração precisa renovar esse cadastro, sendo necessário que a
empresa apresente novos documentos.

Como nós estamos limitando a participação, a lei limita valores. Então, eu posso fazer tomada
de preço para:

 Obras e serviços de engenharia até R$ 1.500.000,00;


 Aquisição de bens e outros serviços até R$ 650.000,00.

Acima desses valores, a gente sabe que a concorrência é modalidade obrigatória.

O intervalo mínimo da tomada de preço é o seguinte:

 Se for do tipo melhor técnica ou técnica e preço, o intervalo mínimo é de 30 dias;


 Nos outros casos, o intervalo mínimo é de 15 dias.

Convite

A última modalidade dessas modalidades que são definidas em razão do valor é o convite. O
convite é a modalidade mais restrita, que é utilizada para contratos de valores mais baixos.
Dessas três modalidades, o convite é a modalidade em que se limita mais a competição.

Quem participa do convite? Os convidados. A lei estabelece que participam do convite os


licitantes convidados, no mínimo três, sejam eles cadastrados ou não. A própria lei diz que
esses convidados devem ser no mínimo três, salvo comprovada restrição de mercado (nesse
caso, é necessário justificar).
Além dos convidados, participam do convite também os licitantes que estejam cadastrados no
órgão e que cumpram o requisito de manifestar por escrito o interesse em participar do
convite pelo menos 24 horas antes da data marcada para abertura dos envelopes.

Aqui, se restringe muito mais a competição. Por isso, nós vamos limitar bastante os valores no
convite.

O convite só pode ser usado para:

 Obras e serviços de engenharia até R$ 150.000,00;


 Aquisição de outros bens e serviços até R$ 80.000,00.

É claro, que nesses casos, a gente pode utilizar também tomada e concorrência, porque quem
pode o mais, pode o menos.

Atenção: não se pode permitir o fracionamento do objeto da licitação para fraudar modalidade
licitatória. Eu não posso contratar por partes aquilo que pode ser contratado de uma vez só só
para escolher o convite. Isso é fraude à licitação.

O convite tem um procedimento muito mais simples. Inclusive, ele não tem edital. Não há
edital de licitação no convite. O instrumento convocatório do convite recebe o nome de carta
convite. É um instrumento convocatório simplificado. A carta-convite substitui o edital.

Essa carta-convite não é publicada. Não há publicação da carta-convite. Veja que não é que ele
não tenha publicidade. Ele tem publicidade. Ele só não é publicado em diário oficial ou em
jornal de grande circulação. A publicação é apenas uma das formas de se fazer publicidade. A
publicidade da carta-convite é feita por meio do envio da carta-convite aos convidados e da
posterior fixação, no átrio da repartição, em um local visível ao público.

O procedimento licitatório do convite acaba sendo mais simples. Inclusive, o intervalo mínimo
será de 5 dias úteis, independentemente do tipo de licitação. Atenção: aqui o intervalo mínimo
é em dias úteis (nos outros, era em dias corridos). Além disso, a lei pode dispensar a comissão
do convite. Ou seja, a regra é ter comissão como todas as outras modalidades e com as
mesmas regras. Mas é possível, no convite, que se dispense a comissão e se faça o convite com
apenas um servidor efetivo. Se o órgão justificar a necessidade de não ter comissão,
excepcionalmente, pode-se abrir mão da comissão e fazer o convite com apenas um servidor,
desde que seja um servidor efetivo.

Concorrência, tomada de preço e convite são baseadas no valor do contrato celebrado.

As outras três modalidades (concurso, leilão e pregão) não tomam por base o valor, mas o
objeto a ser contratado. Então, com base no objeto que será contratado é que a Administração
Pública vai optar entre concurso, leilão e pregão.

Concurso

O concurso é uma modalidade licitatória para escolha de trabalho técnico, artístico ou


científico.

Você não pode confundir concurso licitação com concurso público para provimento de cargos!
O concurso público visa a nomear um servidor público ou contratar um empregado público. Na
licitação concurso não há contratação de pessoas, mas aquisição de trabalho, seja técnico,
artístico ou científico. Exemplo: concurso de monografias.

Inclusive, o procedimento licitatório do concurso licitação é definido em regulamento próprio.


Não está na lei. Por isso, a prova não vai lhe perguntar sobre esse procedimento. O que a
prova vai perguntar sobre concurso são três pontos.

O primeiro ponto é o conceito. O concurso é modalidade licitatória por meio da qual a


Administração faz escolha de um trabalho técnico, artístico ou científico, mediante pagamento
de prêmio (ou remuneração) ao vencedor.

O concurso tem um intervalo mínimo de 45 dias. Esse é o segundo ponto que a prova pode
perguntar. Então, entre a publicação do edital e a realização do evento, deve-se respeitar um
prazo mínimo de 45 dias.

O terceiro ponto importante é a comissão do concurso. Temos aqui uma comissão


diferenciada, chamada comissão especial do concurso. A comissão é composta por três
membros, mas eles não precisam ser servidores públicos. De acordo com a lei, a comissão do
concurso tem que ser constituída por no mínimo três membros, que sejam pessoas idôneas,
com conhecimento na área do concurso. Então, não precisa ser um servidor público que vai
compor a comissão. Pode ser, mas não precisa.

Leilão

O leilão é modalidade licitatória para alienação de bens. Então, se utiliza leilão quando a
administração quiser vender bens.

O leilão pode ser utilizado para alienação de bens MÓVEIS ou IMÓVEIS.

Quais são os bens imóveis que podem ser alienados mediante leilão? Apenas os bens imóveis
que tenham sido adquiridos por dação em pagamento ou por decisão judicial,
independentemente do valor. Por quê? Porque, como regra, tanto a aquisição quanto a
alienação de imóveis devem ser feitas obrigatoriamente na modalidade concorrência.

Além disso, o leilão é utilizado para alienação de bens móveis inservíveis, apreendidos ou
penhorados até o máximo de R$ 650.000,00 conjuntamente ou separadamente (acima disso,
tem que fazer concorrência). Atenção: não pode fazer bazar para alienar bem apreendido. Tem
que ser por leilão.

O intervalo mínimo do leilão é de 15 dias. Entre a publicação do edital e a realização do


evento, deve-se respeitar um prazo mínimo de 15 dias.

O leilão não tem comissão licitante. A regra no leilão é a ausência de comissão. Quem faz o
leilão é o leiloeiro. Então, quem fica responsável pelo procedimento licitatório do leilão é o
leiloeiro. A lei diz que esse leiloeiro pode ser um leiloeiro oficial ou um servidor público
designado como leiloeiro. Não esqueça: não há comissão licitante no leilão.

O leilão é sempre do tipo maior lance. Então, vence a licitação aquele que oferecer o maior
lance, igual ou superior ao valor da avaliação. Ele não admite nenhum outro critério de escolha
que não seja o maior lance. Não pode ser valor inferior ao valor que tinha sido avaliado pela
administração pública.
Cuidado: o leilão administrativo não se confunde com o leilão judicial (que é espécie de hasta
pública – leilão ou praça).

Pregão

A última modalidade licitatória é o pregão (Lei 10.520/02). O pregão já foi aplicável apenas a
agências reguladoras e à União, mas hoje em dia ele é uma modalidade licitatória geral. Ele se
aplica a todo mundo. Então, todas as entidades da administração pública direta ou indireta,
federal, estadual, municipal ou distrital, podem ser valer de qualquer das seis modalidades
licitatórias, inclusive do pregão.

A gente costuma chamar o pregão de leilão reverso. O leilão é uma modalidade licitatória para
alienação de bens. O pregão é para aquisição.

O pregão é a modalidade licitatória a ser utilizada no caso de aquisição de bens e serviços


comuns. Então, a administração pública utiliza o procedimento licitatório do pregão toda vez
que ela quiser adquirir bens e serviços comuns. A aquisição de bens e serviços comuns pelo
poder público deve obrigatoriamente ser feita por meio de pregão.

O que é bem comum? Segundo a lei, bens e serviços comuns são aqueles que podem ser
designados no edital com expressão usual de mercado. Se eu quiser comprar uma caneta, eu
não preciso dizer que eu quero um objeto com tampa, com tinta, cilíndrico... basta falar
“caneta” que o mercado entende. Na verdade, quase todo bem e serviço é comum, de modo
que o pregão é a modalidade mais utilizada, até porque é menos burocrática do que as
demais.

Atenção: Não se admite pregão para obras, mas apenas para aquisição de bens e serviços.

Havendo regulamentação, o pregão pode ser feito na via eletrônica. O Decreto 5.450/05
regulamenta o pregão eletrônico no âmbito federal.

O intervalo mínimo do pregão é de 8 dias úteis. Entre a publicação do edital e o início do


certame, deve-se respeitar um prazo mínimo de 8 dias úteis. Assim como no convite, o
intervalo mínimo do pregão é contado em dias úteis.

O pregão não admite critérios de técnica para a seleção. Se a modalidade escolhida for pregão,
a licitação vai ser sempre do tipo menor preço. Vence o pregão aquele que, respeitando os
requisitos do edital, oferecer o melhor preço.

Além disso, o pregão também não tem comissão. Quem faz o pregão é o pregoeiro. O
pregoeiro é responsável pela condução do procedimento licitatório do pregão. Esse pregoeiro
é sempre um servidor público. Ele faz um curso para ser pregoeiro, é designado para a função
e fica responsável pelo pregão. A lei até prevê a chamada comissão de apoio ao pregoeiro.
Mas cuidado: a comissão de apoio ao pregoeiro não é comissão licitante. É uma comissão de
apoio. Ela é criada para auxiliar o pregoeiro. A comissão de apoio não é comissão de licitação!
Quem responde pelo pregão é o pregoeiro!

Procedimento

Vamos começar falando da concorrência, que é o mais amplo de todos, porque tem todas as
fases. Se você entender o procedimento da concorrência, os outros ficam mais fáceis.
Procedimento da concorrência

A licitação se inicia com a fase interna. A fase interna da licitação nada mais é do que a
preparação do poder público para o início da licitação. Na verdade, é uma fase preparatória,
pré-procedimental. Não é o procedimento licitatório propriamente dito, mas a gente considera
fase da licitação porque já existe um processo administrativo aberto e em trâmite.

Nesse momento, a administração pública começa fazendo a justificativa da contratação. Esse


é o primeiro passo: demonstrar o interesse público e justificar a necessidade de contratação.
Depois que ela faz a justificativa da contratação, ela vai ter que elaborar a minuta do edital e a
minuta do contrato (que é de adesão), porque a minuta do contrato é publicada como anexo
ao edital.

Depois disso, vai ser designada a comissão especial ou informar quem é a comissão
permanente (que, nesse caso, já foi designada). Depois que justificar, elaborar minutas e
designar comissão, é necessário fazer uma declaração de adequação orçamentária. A
declaração de adequação orçamentaria nada mais é do que uma declaração de
responsabilização do gestor de que a despesa que está sendo efetuada está adequada ao
orçamento. Ele não tem que informar qual é a rubrica orçamentária e nem se existe
disponibilidade orçamentária... Ele apenas faz uma declaração informando que a despesa está
adequada com o orçamento, que existe uma disponibilização de orçamento para aquela
despesa futura que será realizada.

Tudo isso é encaminhado para a consultoria jurídica do órgão, que vai emitir um parecer. Esse
parecer é obrigatório, mas não é vinculante. Nesse parecer, a CONJUR opina pela publicação
ou não do edital.

Com o parecer apresentado, passa-se à fase externa. A licitação propriamente dita se inicia
com a fase externa. É aqui que todos passam a ter conhecimento da licitação.

A fase externa é inaugurada com a publicação do edital. O art. 21 da Lei 8.666/93 diz que o
edital será publicado no diário oficial e em jornal de grande circulação (é “e” e não “ou”). Na
prática, publica-se o aviso de licitação. Você não publica o edital inteiro. Faz-se um resumo do
edital e se publica esse aviso, tanto no DO quando em jornal de grande circulação.

No edital, já se prevê as datas de abertura dos envelopes, que, na concorrência, serão primeiro
os envelopes de habilitação e depois os envelopes de proposta.

Nesse momento, qualquer cidadão pode impugnar o edital na via administrativa.


Administrativamente, qualquer cidadão pode impugnar o edital. E a lei diz que esse cidadão
pode impugnar o edital desde que ele faça até o 5º dia útil anterior à data marcada para
abertura dos envelopes. Então, até o 5º dia útil anterior ao início da licitação, qualquer cidadão
pode impugnar o edital. Se ele for licitante, o prazo dele é maior: o licitante pode impugnar o
edital até o 2º dia útil anterior à data marcada para abertura dos envelopes.

Mesmo que ninguém impugne o edital, a administração pode alterá-lo de ofício, por conta do
princípio da autotutela (Súmula 573 do STF). O edital é ato administrativo. E a Administração
tem o poder de rever os seus próprios atos independentemente de provocação.

A questão é: alterou o edital, com ou sem impugnação... tem que publicar de novo? Tem que
reabrir o prazo de intervalo mínimo?
a) Tem que publicar novamente? Tem. De acordo com a lei, qualquer alteração enseja
nova publicação. Não tem exceção. Então, vai ser feita publicação da parte alterada,
que a gente chama de errata, e essa errata vai ser publicada nos mesmos moldes da
publicação originária (em diário oficial, em jornal de grande circulação...).

b) Tem que reabrir o prazo de intervalo mínimo? Tem, salvo se a alteração não modificar
o conteúdo das propostas. Ou seja, alterado o edital, tem que reabrir o prazo de
intervalo mínimo, salvo se a alteração não modificar o conteúdo das propostas.

Cuidado: mesmo que a alteração não modifique o conteúdo das propostas, a nova publicação
tem que ser feita, embora nesse caso não seja necessária a reabertura do intervalo mínimo.

Publicado o edital e marcada a data para abrir os envelopes, respeitando o intervalo mínimo,
passa-se à fase de habilitação. O primeiro envelope que vai ser aberto, no caso de
concorrência, é o envelope que contém a documentação do licitante. Então, na fase de
habilitação, serão analisadas as documentações do licitante. Vai se analisar se o sujeito tem
idoneidade para contratar com a administração.

Não se pode exigir nenhum requisito de habilitação que não seja indispensável à execução do
contrato e que não esteja expressamente definido em lei. Então, os requisitos de habilitação
são aqueles que estão definidos em lei e que sejam necessários à boa execução do contrato.
Se exigir requisito que não esteja enquadrado aqui, é fraude à licitação. Esses requisitos
necessários à execução do contrato são somente aqueles definidos no art. 27 da Lei 8.666/93.

Segundo o art. 27, para que o licitante esteja habilitado, ele primeiro tem que ter habilitação
jurídica. A habilitação jurídica é a existência no mundo jurídico. Não basta que ele exista de
fato, devendo ter CNPJ, registro... Ou seja, é a existência dele no mundo jurídico.

Além da habilitação jurídica, a lei exige a qualificação técnica. Não é possível estabelecer nem
mais técnica nem menos técnica do que o necessário para a execução do contrato. Então,
quando eu falo de habilitação técnica, eu estou falando em técnica compatível com a execução
do contrato. A qualificação técnica pode ser feita pela comprovação de que a empresa tem
experiência anterior no objeto do contrato, mas desde que seja compatível com a sua
execução.

Além da habilitação jurídica e da qualificação técnica, a lei fala em habilitação econômico-


financeira, que é a comprovação de que ela tem dinheiro para executar o contrato. A
administração não paga ninguém antes. Primeiro a empresa executa o contrato e depois
recebe.

Além disso, a lei diz que a empresa tem que respeitar o art. 7º, XXXIII, da CF. Esse artigo diz
que não é possível se exigir dos trabalhadores menores de 18 anos trabalho insalubre,
perigoso e penoso, e também que não é possível nenhum trabalho ao menor de 16 anos, salvo
na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos. Ou seja, é a vedação da exploração de trabalho
infantil. Normalmente, a empresa apresenta uma declaração sob responsabilidade pessoal de
que se adequa a esses dispositivos.

A empresa também tem que comprovar regularidade fiscal, por meio de uma certidão negativa
de débitos, ou por meio de uma certidão positiva com efeito de negativa. Ou seja, ou a
empresa não tem débito ou tem débito com exigibilidade suspensa para com a administração
pública.
Ademais, a empresa tem que demonstrar a regularidade trabalhista. Desde 2012, passou-se a
exigir também a regularidade trabalhista, por meio da certidão negativa de débitos
trabalhistas, que é expedida pela justiça do trabalho. Também aqui é possível a certidão
positiva com efeitos de negativa, no caso da justiça do trabalho, desde que a empresa não
tenha débito em sede de execução trabalhista.

Se a empresa cumprir todos esses requisitos, ela está habilitada. Faltando um requisito, ela
está inabilitada.

As microempresas e empresas de pequeno porte, contudo, podem participar da licitação


mesmo que não tenham regularidade fiscal ou trabalhista. O benefício aqui vale apenas para
essas duas regularidades. Elas podem juntar certidão positiva de débito (sem efeito de
negativa) e ainda assim participar. Ao final do procedimento licitatório, se declarada
vencedora, ela vai ter um prazo de 5 dias úteis, prorrogáveis por igual período, para se
regularizar com o fisco/justiça do trabalho. Nesse caso, a gente tem uma situação excepcional,
em que a regularidade só será exigida posteriormente, para fins de celebração do contrato.

Concluída a habilitação, abre-se prazo para recurso. A lei diz que o prazo para recurso na fase
de habilitação será de 5 dias úteis. E esse recurso tem efeito suspensivo, o que é uma situação
excepcional, porque normalmente recursos administrativos não têm efeito suspensivo
(suspende a decisão).

O prazo para recurso não é prazo para trazer documento obrigatório. Então, ele não pode no
prazo para recurso trazer certidão negativa de débito que ele não tinha trazido antes. O prazo
para recurso é um prazo para discutir se a decisão foi justa ou injusta.

Agora, a lei diz que se todos os licitantes forem inabilitados, a administração pode abrir um
prazo de 8 dias úteis para que eles se adequem ao edital. Nesse caso, sim, é um novo prazo
para apresentar documentos.

Passam para a fase seguinte da licitação apenas as empresas habilitadas. Aquelas que não
foram habilitadas não continuam e recebem de volta os envelopes de proposta lacrados.
Passam para a fase de classificação apenas os licitantes habilitados.

A fase seguinte é a fase de classificação e julgamento das propostas. Nessa fase seguinte serão
abertos os envelopes que contêm as propostas dos licitantes. Então, eu não vou mais analisar
documentação, mas apenas as propostas.

Quando a gente fala da classificação e julgamento, o critério de escolha e julgamento é aquele


que já estava previsto no edital (menor preço, melhor técnica, técnica e preço ou maior lance).
É um critério objetivamente estabelecido no edital.

Depois que a lei foi alterada em 2010, passou a estabelece que, desde que estabeleça
previamente à licitação, a administração pode regulamentar um critério de preferência para
aquisição de produtos manufaturados e para aquisição de serviços nacionais que obedeçam às
normas técnicas. Então, a administração pública pode dar preferência à aquisição de produtos
manufaturados e serviços nacionais que obedeçam às normas técnicas, desde que isso tenha
sido previamente estabelecido, sendo que essa preferência poderá ser de até 25%. A
administração pode preferir o mais caro, pelo fato de atender a esses requisitos. É a ideia de
desenvolvimento nacional sustentável.
Já que a busca é pelo desenvolvimento nacional, a lei prevê que é possível ainda se prever uma
preferência adicional para produtos manufaturados e serviços nacionais que decorram de
inovação tecnológica criada no país.

Se houver preferência e preferência adicional, a soma dessas preferências não pode


ultrapassar 25%. Então, 25% é o máximo que se pode chegar mesmo que somadas essas
preferências.

Classificadas as propostas, com ou sem os critérios de preferência estabelecidos, abre-se prazo


para recurso. O prazo para recurso também será de 5 dias úteis e também tem efeito
suspensivo.

Assim como na fase de habilitação, se forem todos os licitantes desclassificados, a


administração pode abrir um prazo de 8 dias úteis para que eles se adequem ao edital, para
evitar o fracasso da licitação.

Depois que os licitantes têm as suas propostas classificadas, acabou o trabalho da comissão.
Nesse momento, ela pega todo o procedimento e entrega para a autoridade máxima do órgão,
que vai homologar.

A fase seguinte é a fase de homologação. É a autoridade máxima dizendo que concorda com
tudo que foi feito pela comissão. Então, o que a gente tem é uma chancela do procedimento
licitatório.

É claro que é possível que o procedimento não seja homologado. O ideal, portanto, é chamar
de fase de verificação. Na verdade, o que a gente tem é a verificação do procedimento
licitatório. Pode ser que ele seja homologado ou não.

A lei ainda diz que é possível a anulação do procedimento licitatório se for verificado vício de
legalidade em qualquer de suas fases. Então, verificada ilegalidade no procedimento, em
qualquer de suas fases, ele será anulado.

É possível que não haja vício e mesmo assim ele não seja homologado. A lei prevê a
possibilidade de revogação do procedimento licitatório, sendo que essa revogação depende de
uma situação de interesse público superveniente. Se revoga o procedimento licitatório por
motivo de interesse público superveniente devidamente comprovado. Por que superveniente?
Porque no início da licitação, a administração justificou dizendo que havia interesse público na
contratação. Ela agora vai ter que demonstrar que essa situação de interesse público mudou.

Terminada a anulação ou revogação, a lei abre prazo para recurso. Se homologar, a lei não
prevê recurso. A homologação é a regra, não havendo previsão de recurso administrativo para
a homologação. Contudo, se anular ou revogar o procedimento, abre-se prazo para recurso de
5 dias úteis. Nesse caso, a lei não atribui efeito suspensivo ao recurso. No entanto, a
autoridade julgadora poderá atribuir efeito suspensivo a esse recurso caso a caso, mas a lei
não o faz. Então, o prazo para recurso aqui é de 5 dias úteis sem efeito suspensivo legal.

Depois que a autoridade máxima homologa o procedimento licitatório, então, passa-se à fase
de adjudicação. Adjudicar não é contratar. Adjudicar é dar ao vencedor o título de vencedor.
Então, na adjudicação nós não temos contratação, mas sim a declaração de que o sujeito foi o
vencedor da licitação. É uma declaração de que o sujeito é o vencedor da licitação.
Nessa adjudicação, entenda que depois que a administração adjudica, ela não está obrigada a
contratar. Pode ser que não haja interesse público e ela não contrate. Então, adjudicação
vincula o poder público? Vincula! Não vincula porque o poder público fica obrigado a
contratar, não, mas sim porque, depois que ele adjudica, caso a administração decida
contratar, ela só pode contratar com o vencedor da licitação. Então, a adjudicação é
vinculante!

E o vencedor da licitação é obrigado a celebrar o contrato, caso a administração queira? Sim.


Ele é obrigado a celebrar o contrato, desde que seja convocado dentro do prazo de 60 dias
contados da abertura da proposta, sob pena de sofrer as sanções legais. Se o vencedor não
contratar, a administração convoca o segundo colocado, mas com a proposta do primeiro. É
claro que o segundo não é obrigado a cumprir a proposta do primeiro, mas é assim a condição.
Se o segundo recusar, os demais serão chamados na ordem de classificação, e sempre na
proposta do primeiro.

Concurso e leilão têm procedimentos específicos, que não interessam pra nós.

Procedimento da tomada de preços

Em relação à tomada de preços, não muda nada em relação à concorrência, a não ser que a
gente não tem aquela fase de habilitação com todos aqueles requisitos. Se houver uma fase de
habilitação, vai ser apenas para juntada de alguns documentos específicos, para a
comprovação de alguma regra específica... Enfim, não há a juntada de todos aqueles
requisitos, porque os licitantes já estão previamente cadastrados. Os requisitos de habilitação
já estão comprovados por meio do cadastro. Só pode participar da tomada de preço se
cumprir essas exigências para cadastro pelo menos três dias antes.

Procedimento do convite

No convite, além de não haver a fase de habilitação, a gente tem que tomar cuidado em
relação aos prazos, que são menores, em relação aos prazos da concorrência e da tomada de
preços. O procedimento do convite é mais célere. A regra é que, em casos de recurso, no
convite, ao invés de 5 dias úteis, nós temos 2 dias úteis (a parte do efeito suspensivo é igual).

Além disso, nós vimos que na concorrência se todos os licitantes fossem desclassificados,
poderia ser adotado um prazo de 8 dias úteis para eles se adequarem ao edital. No convite,
sendo todos os licitantes desclassificados, a administração poderá conceder um prazo de 3
dias úteis para que eles apresentem novas propostas e se adequem ao edital.

No convite, também não há fase de publicação do edital. O que existe é a carta-convite, que é
um instrumento convocatório simplificado, que não é publicado. Não há publicação da carta-
convite. O que existe é a publicidade por meio do envio aos convidados e a fixação no átrio da
repartição, em local visível ao público.

Procedimento do pregão

Em relação ao pregão, a mudança do procedimento é grande. O pregão sempre vai buscar


celeridade e menor preço. Essas são as duas grandes características do pregão.

Por isso, o pregão tem o seu procedimento caracterizado por uma inversão de fases. Na
concorrência, depois da fase interna, publica-se o edital, abre-se um prazo para habilitação dos
licitantes, depois classificam-se as propostas, homologa-se e, ao final, adjudica-se.
No pregão, as fases são invertidas. Depois que o edital do pregam é publicado, primeiro
classificam-se as propostas, para depois habilitar. Em seguida, adjudica-se, para somente ao
final homologar-se.

Então, o pregão é caracterizado por essa inversão nas fases do procedimento licitatório. Isso
dá uma celeridade maior ao procedimento licitatório.

Além da celeridade, o pregão tem a busca pelo menor preço como característica. E, como
forma de se buscar esse menor preço, a fase classificatória é diferenciada. Nós temos o
princípio da oralidade no pregão. Esse princípio regulamenta que não basta apresentarem
propostas lacradas. A Administração recebe as propostas e classifica essas propostas não para
fins de contratação, mas para saber quais das propostas passam para a fase de lances verbais.
As mais bem classificadas passam para os lances verbais. De acordo com a Lei 10.520, passam
para os lances verbais a melhor proposta e todas as outras que não ultrapassem 10% da
melhor proposta (não tem número máximo de propostas que passam para a fase seguinte,
desde que estejam nessa faixa). A melhor proposta aqui é sempre o menor preço, como você
deve lembrar.

Não tem máximo de propostas que passam para os lances verbais, mas tem um mínimo de 3
propostas, conforme a lei. Então, se eu não tiver 3 propostas dentro dos 10%, eu vou ter que
buscar propostas acima dos 10%, para garantir o mínimo.

Aí, eles vão diminuir as suas propostas, por meio dos lances verbais, e, ao final, a proposta
mais baixa durante os lances verbais vai ser a vencedora.

Em seguida, apenas o licitante vencedor vai ser habilitado. Se ele não passar na habilitação,
chama-se o segundo colocado para negociar o preço. Não dá para chamar o segundo na
proposta do primeiro aqui, não. A lei diz que se chama o segundo colocado para fins de
negociação de preço.

Depois que se habilita o vencedor, passa-se para a fase de adjudicação. O próprio pregoeiro é
quem adjudica. Então, a adjudicação no pregão não é feita pela autoridade máxima do órgão,
mas sim pelo próprio pregoeiro.

Depois que ele adjudica, ele encaminha o procedimento para a autoridade superior
homologar. Veja que a autoridade superior fica responsável somente pela homologação do
procedimento.

Além disso tem um detalhe... o pregão, por ser mais célere, não deve parar. A intenção é que
ele seja feito em um único ato. Não se deve permitir interrupções no seu andamento. Por isso,
não cabe recurso entre as fases. O pregão só admite um recurso. Depois da adjudicação, abre-
se prazo para recurso, que deve ser apresentado de imediato. Se você recorrer de imediato, a
lei estabelece que você terá um prazo de 3 dias para elaborar e apresentar as razões do
recurso.

O pregão é muito mais simples e pode ser feito até na via eletrônica. No âmbito federal, o
Decreto 5.450 regulamenta o pregão eletrônico. O pregão eletrônico segue exatamente a
mesma ordem do pregão normal. A diferença é que ao invés de as pessoas estarem presentes,
estão todas ligadas pela rede. Mas os princípios de celeridade e busca do menor preço
continua se aplicando.

Registro de preços

Em algumas situações, a administração licita para contratar. Em outras, ela licita para registrar
os preços no órgão. Então, é possível que seja feita uma licitação para registro de preços.
Muitas vezes, a administração não sabe se terá dinheiro para contratar de imediato, mas, no
final do ano, sobra orçamento, mas o prazo é muito curto para preparar a licitação antes de
vencer o orçamento do ano. Então, a administração realiza um procedimento licitatório para
registro de preços de 20 carros, por exemplo. Na própria licitação, eu já digo que a licitação é
para registrar preços para uma eventual necessidade posterior. E aí, se aparecer dinheiro, eu
posso comprar com o vencedor do registro de preços. Vai ser formalizada uma ata de registro
de preço que fica arquivada no órgão e tem validade de 1 ano. Isso significa que dentro desse
período, eu posso comprar até 20 carros (mas pode ser que eu adquira menos, se desejar).

Exceções ao dever de licitar

Esse ponto é o que mais cai na prova. São duas hipóteses: são as situações de dispensa e de
inexigibilidade de licitação. Nos dois casos, a administração contrata sem licita, embora sejam
coisas diferentes.

A inexigibilidade de licitação está regulamentada no art. 25 da Lei 8.666/93. A lei diz que é
inexigível a licitação sempre que for inviável a competição. A ideia de inexigibilidade é bem
lógica. Se a competição é inviável, a licitação é inexigível. É o caso de eu querer adquirir um
bem que tem um único fornecedor. A inviabilidade de competição enseja inexigibilidade de
licitação.

A lei traz um rol de casos em que a licitação é inexigível:

I) Bem singular (único) ou quando se tratar de fornecedor exclusivo;


II) Serviços técnicos especializados de natureza singular com profissionais de notória
especialização;
III) Artistas consagrados pela mídia.

Esse rol é MERAMENTE EXEMPLIFICATIVO (e não taxativo). Então, a inexigibilidade decorre da


inviabilidade de competição, independentemente de estar necessariamente dentro desses três
exemplos.

O art. 25, II, regulamenta que é vedada a inexigibilidade de licitação para serviços de
divulgação e para serviços de publicidade.

A dispensa da licitação não tem uma lógica que abarque todas as hipóteses. A dispensa está
prevista em lei. São situações em que é possível competir, mas a lei dispensa. O art. 17 e o art.
24 da Lei 8.666/93 estabelecem o ROL TAXATIVO de dispensa.

O professor recomenda ler umas três vezes cada um desses artigos.

Os exemplos mais comuns de dispensa de licitação são os seguintes:

1) Dispensa em razão do valor – para contratações de até 10% do valor do convite, a


administração pública não precisa licitar (obras até 15.000 reais e bens e serviços até
8.000 reais). A licitação é viável, mas a lei dispensa. Mas temos exceções:

a. Consórcios públicos e agências executivas têm dispensa de licitação em dobro,


ou seja, até 20% do valor do convite;

b. Empresas públicas e sociedades de economia mista têm dispensa de licitação


para execução de obras até 100 mil reais e aquisição de bens e serviços até 50
mil. Nesse caso, a lei não trata de percentuais do convite, mas sim de valor
absoluto.

2) Dispensa em caso de guerra e grave perturbação da ordem ou situações de urgência –


na dispensa de licitação envolvendo contratação emergencial, essa contratação não
pode ultrapassar 180 dias, improrrogáveis. Então, se o contrato decorrer de uma
dispensa de licitação em razão de urgência, ele não pode ultrapassar 180 dias
improrrogáveis.

3) Dispensa quando não acudirem interessados à licitação anterior e esta não puder ser
repetida sem prejuízos para a administração (licitação deserta) – a licitação deserta
ocorre quando não aparecem interessados para licitar. A administração inicia o
procedimento licitatório, publica o edital e não aparece ninguém. Então, se não
acudirem interessados à licitação anterior e esta não puder ser repetida sem prejuízo
para a administração, nós temos uma hipótese de dispensa de licitação. A dispensa,
nesse caso, decorre do fato de que a licitação foi deserta. Detalhe: não confunda
licitação deserta com licitação fracassada. A licitação deserta é quando não aparece
ninguém para licitar. Já a licitação fracassada é quando os licitantes aparecem, mas
eles são todos inabilitados ou desclassificados. A licitação fracassada gera necessidade
da realização do procedimento licitatório, não sendo caso de dispensa.

Tanto nas hipóteses de dispensa quanto nas hipóteses de inexigibilidade, a chamada


contratação direta não é tão direta assim. O art. 26 da lei diz que deve ser instaurado um
procedimento para o qual seja feita uma justificativa da dispensa ou da inexigibilidade. Então,
se instaura um procedimento e, nesse procedimento, a administração justifica a dispensa de
licitação ou a inexigibilidade. Então, vai haver uma justificativa da contratação direta.

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