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ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS


ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

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Núcleo de Educação a Distância

PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira.


ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para
a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho.
O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por
fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem.

GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO


Diagramação: Rhanya Vitória M. R. Cupertino
Revisão Ortográfica: Mariana Moreira de Carvalho

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Prezado(a) Pós-Graduando(a),

Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional!


Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança
em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se
decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as
suas expectativas.
A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma
nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra-
dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a
ascensão social e econômica da população de um país.
Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida-
de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos.
Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas
pessoais e profissionais.
Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são
outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi-
ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver
um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atu-
ação no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo
importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe-
rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de
ensino.
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E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a)


nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial.
Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos
conhecimentos.

Um abraço,

Grupo Prominas - Educação e Tecnologia

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Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas!

É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha


é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo-
sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é
você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve-
rança, disciplina e organização.
Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como
as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua
preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo
foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de
qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho.

Estude bastante e um grande abraço!

Professora: Fabiana Matos da Silva


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O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao
longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc-
nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela
conhecimento.
Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes
importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in-
formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao
seu sucesso profisisional.

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Uma das principais disciplinas necessárias ao engenheiro
que trabalha com controle e automação no contexto industrial é a ele-
trônica, a qual pode ser dividida em analógica e digital. A eletrônica
analógica permite infinitos níveis de tensão e é conceitualmente mais
complexa, enquanto a eletrônica analógica é mais simples e práti-
ca (em muitos aspectos) no entanto, uma não é melhor que a outra,
ambas são importantes e mais adequadas em situações específicas.
Dentro da analógica existem os diodos, que são semicondutores do-
pados, que podem ou não conduzir corrente, além deles existem os
transistores, que são uma espécie de “tríodo”, pois, possuem 3 termi-
nais, sendo que um deles controla a corrente nos outros dois, e isso os
torna muito interessantes e importantes. Existem também os Amplifi-
cadores Operacionais, esse são amplamente utilizados quando há ne-
cessidade de realizar operações com tensões, como somar, subtrair,
diferenciar, integrar e etc. Já na eletrônica digital, trabalha-se com a
Álgebra Booleana, que é uma algebrização de uma lógica chamada
binária, ela é fundamental para computação e automação industrial.
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Diodo. Transistores. Amplificadores Operacionais. Eletrônica Digital. Álgebra


Booleana.

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Apresentação do Módulo ______________________________________ 12

CAPÍTULO 01
SEMIDONDUTORES E DIODOS

Condutividade e Semicondutores ______________________________ 13

Diodo de Junção ________________________________________________ 18

Modelo do Diodo Ideal _________________________________________ 20

Modelo do Diodo Semi-Ideal ___________________________________ 21

Modelo do Diodo Real __________________________________________ 23

Retificador de Meia Onda _______________________________________ 25

Retificador em Ponte (Retificador de Onda Completa) __________ 27

Circuito Limitador de Tensão __________________________________ 30

Resolução de Circuitos com Diodo ______________________________ 32

Diodo Zener ___________________________________________________ 35

LED (Light Emissor Diode) _____________________________________ 38


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Recapitulando ________________________________________________ 42

CAPÍTULO 02
TRANSISTORES

Transistores Unipolares e Bipolares _____________________________ 49

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BJT (Bipolar Junction Transistor) ________________________________ 49

Zonas (ou Regiões) de Operação do Transistor ____________________ 53

Amplificador Transistorizado EC (Emissor Comum) _______________ 55

MOSFET: Estrutura e Funcionamento ____________________________ 62

Regiões de Operação do MOSFET ______________________________ 65

Recapitulando __________________________________________________ 68

CAPÍTULO 03
AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

Introdução e Funcionamento __________________________________ 74

Amplificador Operacional Ideal _________________________________ 76

Amplificador Operacional Real _________________________________ 77

Modos de Operação do AMP-OP ______________________________ 78

Amplificador Inversor e Não-Inversor ___________________________ 80

Amplificadores Somador e Subtrator _____________________________ 82

Amplificador Diferenciador e Integrador ________________________ 84


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Recapitulando _________________________________________________ 87

CAPÍTULO 04
CIRCUITOS LÓGICOS DIGITAIS E O CLP(CONTROLADOR LÓGICO
PROGRAMÁVEL)

Sistema e Lógica Binária _______________________________________ 91


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Conceitos da Álgebra Booleana __________________________________ 94

Portas Lógicas __________________________________________________ 96

Circuitos Combinacionais _______________________________________ 101

Simplificação de Expressões Booleanas __________________________ 104

Controlador Lógico Programável (CLP) ___________________________ 108

Recapitulando __________________________________________________ 110

Fechando a Unidade ____________________________________________ 115

Considerações Finais ____________________________________________ 119

Referências _____________________________________________________ 120

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A eletrônica é uma área da ciência e da engenharia fundamen-
tal na vida moderna, ela está presente em inúmeros eletrodomésticos,
celulares e outros equipamentos do dia a dia.
Além disso, a eletrônica é amplamente aplicada na indústria,
tendo inúmeras funções, como controlar e automatizar processos, além
de amplificar sinais elétricos e etc.
Essa apostila tem como objetivo introduzir alguns dos princi-
pais tópicos da eletrônica, em que dividimos em analógica e digital. Os
três primeiros capítulos são tópicos de eletrônica analógica e o último
tópico traz uma introdução à eletrônica digital.
Dentro da eletrônica analógica serão estudados os semicon-
dutores, com uma descrição física qualitativa e introdutória, em seguida
os diodos, que são uma aplicação direta dos semicondutores. Também
será estudado os transistores, que também são semicondutores, no en-
tanto, sua vantagem é a possibilidade de controlar corrente elétrica em
um circuito. O último tópico de eletrônica analógica será sobre os ampli-
ficadores operacionais, esses são estudados no capítulo 3.
Já no que diz respeito a eletrônica digital, é abordado o sistema
numérico binário, bem como a Álgebra Booleana, as portas lógicas e os
circuitos lógicos combinacionais. Por fim, será discutido brevemente os
CLP, apenas com finalidade introdutória (visto que no módulo 3 já foi
estudado em mais detalhes).
É importante deixar claro que o bom acompanhamento dessa
unidade pressupõe alguns pré-requisitos, é fundamental que se domine
matemática básica bem como equações de primeiro e segundo grau,
trigonometria, cálculo de uma variável real, equações diferenciais ordi-
nárias, análise de circuitos elétricos, incluindo transformadores, divisor
de tensão e Teorema de Thévenin. É importante conhecer física básica
também como ondulatória e eletromagnetismo.
Cada capítulo será encerrado com valiosas dicas de leitura e
exercícios que servem como parâmetro para o estudante saber se está
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acompanhando a matéria.

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SEMICONDUTORES E DIODOS

Nesse capítulo será discuta a física por trás dos diodos e, prin-
cipalmente, da função desse componente nos circuitos elétricos e sua
aplicação na eletrônica. Começaremos com uma breve revisão do con-
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ceito de condutividade e uma discussão acerca dos semicondutores,


em seguida, discutiremos a natureza física, representação e modelo
matemático dos diodos. Será abordada também a aplicação dos diodos,
analisaremos alguns circuitos com diodos e, por fim, serão discutidos
dois tipos especiais de diodos, o Zener e o LED.

CONDUTIVIDADE E SEMICONDUTORES

Um aspecto muito relevante a respeito das características fí-


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sicas de um material é como ele se comporta na presença de uma di-
ferença de potencial. Nesse sentido, dividimos os materiais em quatro
tipos, com relação a sua capacidade de conduzir corrente elétrica: iso-
lantes, condutores, semicondutores e supercondutores.
No dia a dia é comum encontrarmos os três primeiros, os super-
condutores são mais raros na natureza e existem em condições físicas
muito específicas como baixa temperatura, apesar de existirem pesqui-
sas no sentido de produzir supercondutores a temperatura ambiente. A
respeito dos condutores e isolantes, vamos discutir sucintamente e, em
seguida, serão discutidos com mais detalhes os semicondutores, que
são o interesse dessa seção.

a) Condutores

São materiais que possuem elétrons livres, ou seja, fracamen-


te ligados ao núcleo dos átomos. É importante saber que esses elétrons
se encontram nas ultimas camadas do átomo e, por isso, sua ligação é
fraca, pois, a força de Coulomb é inversamente proporcional ao quadra-
do da distância, além disso, ocorre repulsão dos elétrons das camadas
anteriores. Essa descrição para os condutores é clássica, ou seja, não
leva em conta Mecânica Quântica e nem Relatividade. Para os fins des-
se material, essa descrição é suficiente.

Alguns bons exemplos de condutores são: “os metais, a


água contendo ácidos, bases ou sais em solução, o corpo humano
[...]” (NUSSENZVEIG, 2015, p.14).

Figura 1.1.1 – Condutor sujeito a uma diferença de potencial.


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Fonte: Autor, 2023

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Na Figura 1.1.1, é aplicada uma diferença de potencial entre
as extremidades do condutor, dessa forma, um campo elétrico é gera-
do dentro do condutor e a interação dos elétrons com esse campo irá
acelerá-los, passando a ter energia cinética. Lembre-se que é conven-
cionado que o sentido da corrente é inverso ao movimento dos elétrons.
Existe uma grandeza física para medir o quão um material é
bom condutor, essa grandeza chama-se condutividade e é designada
pela letra grega σ.

b) Isolantes

São materiais onde os elétrons estão fortemente ligados aos


núcleos atômicos. Materiais isolantes possuem baixa condutividade,
mas se aplicada uma diferença de potencial muito grande, então ele
passa a conduzir corrente elétrica, ou seja, um material a princípio
isolante pode se tornar condutor nas condições adequadas. Damos o
nome de Tensão de Rompimento a diferença de potencial necessária
para tornar-se um material isolante em condutor
Algo interessante é que a posição geográfica do Brasil faz com
que experimentos com isolantes sejam difíceis “em virtude do elevado grau
de umidade na atmosfera, que tende a recobrir os objetos com uma fina
camada de água, tornando-os condutores” (NUSSENZVEIG, 2015, p.14).
Alguns materiais isolantes são: “O âmbar, o quartzo, o vidro, a
água destilada, os gases em condições normais (em particular o ar seco),
a borracha e a maioria dos plásticos [...]” (NUSSENZVEIG, 2015, p.14).

c) Semicondutores

O nome já induz que esse é um caso entre os isolantes e os


condutores. São materiais cujos elétrons não estão tão fortemente liga-
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dos aos núcleos atômicos (como no caso dos isolantes), mas também
não há elétrons livres (como no caso dos condutores. A condutividade
nesses materiais é média, chega a ser 1010 vezes maior que a de iso-
lantes de acordo com Nussenzveig (2015). Como não há elétrons livres
é comum, mas não conceitualmente rigoroso dizer que semicondutores
são isolantes com uma Tensão de Rompimento baixa.
Mas se um semicondutor não é um isolante e nem um condutor,
para que ele serve? Ele não conduz bem corrente elétrica e nem é bom
isolante. A resposta a essa boa pergunta reside no processo de dopagem.
Para compreender esse processo, vamos começar discutin-
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do os dois principais elementos químicos nessa categoria: o Germânio
(Ge) e o Silício (Si), ambos possuem 4 elétrons na camada de valência.
O processo de dopagem consiste em adicionar um elemento em cada
10 milhões (aproximadamente) com um elétron a mais ou a menos. Di-
vidimos a dopagem em 2 tipos: P e N.
A dopagem do tipo N consiste em inserir átomos com um elétron
sobrando, esse elétron sobrando irá se deslocar para as camadas do ele-
mento semicondutor gerando uma corrente elétrica de poucos elétrons.
A dopagem do tipo P consiste em inserir átomos com um elé-
tron faltando. O fenômeno aqui é diferente, pois, agora o que existe é
uma “corrente de portadores positivos”, vamos interpretar essa analogia
para não gerar erros conceituais.

É sabido que os prótons estão “aprisionados” no núcleo e


não se movem livremente como os elétrons nos condutores, esse
aprisionamento é devido a Força Nuclear Forte que compensa a
repulsão eletrostática.

Essa corrente de portadores positivos que foi mencionada não


é o movimento de prótons, mas sim de lacunas, ou seja, falta de elétron.
A figura 1.1.2 mostra um átomo de Si que perdeu um elétron, portanto,
ficou com excesso de cargas positivas, a região onde o elétron estava
é agora uma lacuna, essa lacuna pode se movimentar o que na prática
significa dizer que um elétron de um outro átomo ocupa essa lacuna e
esse outro átomo fica com a lacuna.

Figura 1.1.2 – Elétron ocupando lacuna do átomo vizinho.


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Fonte: Autor, 2023

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A fim de proporcionar um conhecimento sólido, é importan-
te mencionar que uma descrição clássica é inadequada para esses
três materiais em um aspecto microscópico. Como já foi dito, para o
conteúdo discutido nesse material, um modelo de condução funda-
mentado na Mecânica Quântica não é necessário, no entanto, vale
ressaltar que o tratamento que os Físicos e Engenheiros Elétricos
fazem para esses materiais é quântico, chama-se Teoria de Bandas.
Na Mecânica Quântica, nem todos os valores de energia são aceitos,
apenas alguns, pois, a energia é quantizada, assim como a carga
elétrica que tem um valor elementar (e ≈ 1,6.10(-19) C) e todas as de-
mais cargas são múltiplos dessa. A Teoria de Bandas afirma que,
os elétrons em um isolante precisam de um grande ganho (Gap)
de energia para “saltar” ao próximo nível de energia permitido, nos
condutores, as bandas estão muito próximas em termos de energia
e os semicondutores são caso intermediário.

Figura 1.1.3 – Bandas de energia

Fonte:https://sites.google.com/site/marcioperon/ufscar/pesquisa/semicondutores
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Os átomos dos semicondutores se organizam em cristais.


As impurezas advindas do processo de dopagem não alteram a
periodicidade da rede cristalina, mas alteram a condutividade (e a
resistividade que é o inverso da condutividade) do material.

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DIODO DE JUNÇÃO

Esse é o diodo gerado pela junção de dois semicondutores, um


do tipo P e outro do tipo N como mostra a Figura 1.2.1.

Figura 1.2.1 – Diodo de Junção.

Fonte: Autor, 2023

O semicondutor do tipo P possui lacunas e o do tipo N elétrons


em excesso então haverá atração de alguns elétrons de N para P crian-
do a zona de depleção como mostra a Figura 1.2.2.

Figura 1.2.2 – Zona de depleção

Fonte: Autor, 2023

A zona de depleção costuma ser muito pequena, ela cria


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uma barreira de potencial, de tal maneira que outros elétrons em


excesso de N não consigam passar para P, pois, são repelidos pelos
elétrons da zona de depleção, o que evita o surgimento de novas
lacunas em N. Essa barreira de potencial é por conta de uma dife-
rença de potencial gerada pelos dois lados da zona de depleção.
Chamaremos essa diferença de potencial de Vγ. Vale ressaltar que a
extremidade de P costuma ser chamada de anodo (designado pela
letra A) e a extremidade de N, de catodo (designado pela letra K).

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A Figura 1.2.3 mostra a representação de um diodo que se
costuma usar em circuitos.

Figura 1.2.3 – Representação do diodo

Fonte: Autor, 2023

Existem duas formas de polarizar esses diodos, a Polarização


Direta e a Inversa, a seguir será discutida cada uma dessas.

d) Polarização Direta

Essa polarização ocorre quando pegamos um diodo de junção


e aplicamos uma diferença de potencial, de tal maneira que o potencial
positivo fique no semicondutor P e o negativo no N.

Figura 1.2.4 – Diodo polarizado diretamente

Fonte: Autor, 2023

Com a diferença de potencial, os elétrons de N receberão ener-


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gia cinética se movimentando no sentido de P, caso V+ > Vγ os elétrons


terão energia suficiente para atravessar a barreira de potencial e o dio-
do se torna um condutor, enquanto V+ < Vγ o diodo não é capaz de con-
duzir corrente elétrica e quando V+ = Vγ o diodo está na iminência de se
tornar um condutor.

e) Polarização Inversa

A configuração do diodo nesse caso é o inverso, ao invés do po-


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tencial positivo ser aplicado no semicondutor P, ele será aplicado no semi-
condutor N, dessa forma, os elétrons e as lacunas se afastarão da zona
de depleção, isso faz com que a zona de depleção aumente, e gera um
aumento no valor de Vγ. Nesse caso o diodo não se torna um condutor.

MODELO DO DIODO IDEAL

Nesse modelo, os diodos têm apenas duas possibilidades, ou


conduzem ou não conduzem corrente elétrica. Conduzem quando estão
polarizados diretamente e V+ > Vγ, e não conduzem caso contrário. Além
disso, nesse modelo ignoramos a sensibilidade do diodo a mudanças
de temperatura, e também ignoramos a resistência interna do diodo.
Dessa forma, ou o diodo produz um curto circuito ou impede
a corrente de passar (aberto). Acompanhe o seguinte exemplo abaixo.
Exemplo: Um circuito é composto por uma bateria de tensão 12
V, um resistor de 6Ω e um diodo polarizado diretamente.
Nesse caso, a corrente no circuito será dada pela própria Lei
de Ohm , isso se deve ao fato do diodo estar polarizado di-
retamente, dessa forma, causa um curto circuito. A tensão nesse diodo é
zero, pois, pela segunda Lei de Kirchhoff 12V - 6Ω • 2A+ Vd = 0→Vd= 0.

A Figura 1.3.1 mostra como fica o gráfico de tensão por corren-


te nesse modelo do diodo ideal.

Figura 1.3.1 – Gráfico de um diodo ideal


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Fonte: Autor, 2023


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MODELO DO DIODO SEMI-IDEAL

A distinção desse modelo, com relação ao anterior é que agora


são consideradas a zona de depleção e a barreira de potencial. Se no
caso anterior, o diodo conduzia corrente para V > 0 e não conduzia para
V ≤ 0, agora o diodo conduz para V > Vγ e não conduz para V ≤ Vγ, nes-
se caso, dizemos que o circuito está aberto ou tem um corte.
Nesse modelo, o diodo pode ser entendido como uma segun-
da fonte com tensão Vγ. A Figura 1.4.1 mostra o gráfico para um diodo
nesse modelo.

Figura 1.4.1 – Gráfico de um diodo semi-ideal com Vγ =0.7.

Fonte: Autor, 2023

Exemplo: Um circuito é composto por uma fonte de 5 V, um


resistor de 1 Ω e um diodo semi-ideal. Sabendo que Vγ = 0,5V podemos
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encontrar a corrente nesse circuito.


Pela segunda Lei de Kirchhoff temos que 5V - 1Ω • i - 0,5 V=
0→ i= 4,5 A.

Podemos aprimorar mais ainda esse modelo e incluir o fato de


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o diodo ser composto por elementos semicondutores, ou seja, não pos-
suem condutividade tão alta. Dessa forma, podemos entender o diodo
semi-ideal como uma fonte e uma resistência, a fonte que provoca uma
queda de tensão Vγ e um resistor que limita a passagem de corrente.
Observe que quanto menor Vγ e quanto menor a resistência interna do
diodo, mais próximo ele é do diodo real.

Para V < 0 ocorre uma corrente de saturação, embora na po-


larização reversa não deva haver corrente, nesse modelo precisamos
levar em conta uma corrente de saturação, pois, estamos entendendo
o diodo como uma fonte com uma resistência que será ligado a outra
fonte, essa segunda fonte, se estiver ligada ao semicondutor de tipo
N, serão 2 fontes associadas em série. A Figura 1.4.2 relaciona os grá-
ficos do modelo semi-ideal com e sem resistência interna.

Esse modelo, levando em conta a resistência interna, é muito


útil na prática, resolve muitos casos práticos de circuitos que envolvem
diodos, sua vantagem é a simplicidade.

Figura 1.4.2 – Gráfico comparativo do modelo, levando em conta ou não a


resistência interna do diodo, com Vγ = 0.7.
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Fonte: Autor,2023
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MODELO DO DIODO REAL

Esse modelo será discutido e apresentada a maneira de se equa-


cionar, no entanto, nos exercícios e muitos problemas práticos é mais sim-
ples utilizar o modelo anterior, levando em conta a resistência interna.
Nesse modelo, levamos em conta tudo do anterior, acrescido
do fator temperatura e da ruptura, com 0 ≤ V ≤ Vγ continua sem haver
corrente, para V > Vγ passa a ser condutor, mas agora não é mais uma
reta vertical ou inclinada, e sim uma curva. A essa região de curva dá-se
o nome de joelho. Além disso, para Vr ≤ V < 0 ocorrerá uma corrente
de saturação que é aproximadamente uma reta, para V < Vr (que é a
tensão de ruptura) o diodo não consegue mais segurar a corrente, e
passa a conduzir corrente na polarização inversa. A Figura 1.5.1 mostra
o comportamento gráfico desse modelo do diodo real.

Figura 1.5.1 – Gráfico do Modelo do Diodo Real

Fonte: https://www.researchgate.net/figure/Figura-2-Curva-caracteristica-do-
-diodo-Fonte-2-Para-boa-parte-dos-diodos-trabalhar_fig2_309644229

Matematicamente podemos descrever o diodo segundo a


equação (1.5.1), ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

onde , k = 1,38.10(-23) J/K, q = 1,6.10(-19) C, Vd é a tensão


no diodo, Id a corrente no diodo, Is a corrente de saturação e n é o fator
de idealidade, o qual varia entre 1 e 2.
A equação (1.5.1) admite aproximações para algumas regiões.
No caso da região de condução, 1 e, portanto,

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Já na região de corte, onde existe a corrente de saturação,
temos que 1 e, portanto,

Falta analisarmos o papel da temperatura nesse modelo, a Figu-


ra 1.5.2 compara um diodo em duas temperaturas diferentes. A cada grau
Celsius que se diminui a temperatura do diodo, a tensão diminui de 2mV.

Figura 1.5.2 – Gráfico do Diodo Real em duas temperaturas distintas sendo


T1 > T2.

Fonte: Autor, 2023


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Em nível de pós-graduação é interessante que o engenheiro,


tecnólogo ou cientista já domine trabalhar com o diodo real quando for
exigido, mas na prática, o modelo semi-ideal, considerando a resistên-
cia interna, é o mais utilizado.

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Os diodos costumam não suportar correntes muito altas
por muito tempo, o “1N914(ou 1N4148) pode dissipar cerca de 250
mW em condução direta sem se danificar”, de acordo com Magon
(2016, p.164). Por isso, tomar cuidado ao trabalhar com diodos, os
acidentes térmicos com diodos, em sua maior parte, são rápidos,
eles parecem ter sido destruídos em um instante, mesmo o diodo
1N4148 aguenta por volta de 500 mA por pouco tempo.

Vejamos algumas aplicações de diodos em circuitos:

RETIFICADOR DE MEIA ONDA

Primeiramente, é necessário saber o que são retificadores. Um


retificador tem a função de transformar uma corrente alternada em uma
corrente contínua (mas apenas com sinal positivo). Um dos usos mais
básicos do diodo é como um retificador, a Figura 1.6.1 mostra um circui-
to com uma fonte alternada, cuja tensão de pico é Vp =1 V, o sinal dessa
fonte é senoidal (V=Vp sen ((1 Hz) • t)), consideramos um diodo ideal e
um resistor cuja resistência é R =1 Ω.

Figura 1.6.1 – Circuito Retificador de Meia Onda

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Fonte: Autor, 2023

Além da tensão de entrada fornecida pela fonte, temos uma


tensão de saída dada pela diferença de potencial entre as extremidades
do resistor. A Figura 1.6.2 mostra como é a tensão de entrada.
Dado que o resistor é ideal, quando V > 0 ele se comporta como
fio, então a tensão de saída fica igual a de entrada, quando V < 0, o dio-
do fica na polarização inversa e não conduz, deixando o circuito aberto,
portanto, não há tensão de saída. A Figura 1.6.3 mostra como é o gráfico
da tensão de saída.
25
Agora vamos investigar o mesmo problema com uma descrição
mais realista, vamos levar em conta a queda de tensão do diodo, utilizan-
do o modelo semi-ideal, mas sem levar em conta a resistência interna.
A tensão de entrada continua sendo a da Figura 1.6.2, mas a tensão de
saída sofre um decréscimo no pico, pois, houve uma queda de tensão
no diodo e, além disso, agora precisamos levar em conta o Vγ e, por isso,
apenas quando V > Vγ haverá corrente de saída. A Figura 1.6.4 mostra
uma comparação entre o sinal de entrada e saída para esse caso.

Figura 1.6.2 – Tensão de entrada no Retificador de Meia Onda.

Fonte: Autor, 2023

Figura 1.6.3 – Tensão de saída no Retificador de Meia Onda.


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Fonte: Autor, 2023


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Figura 1.6.4 – Gráficos comparativos da tensão de entrada e saída no Retifi-
cador de Meia Onda utilizando o modelo do diodo semi-ideal.

Fonte: Autor, 2023

Existem também os modelos levando em conta a resis-


tência interna do diodo e a temperatura, mas esses são demasia-
damente complexos. Observe que, quanto mais distante do diodo
ideal, mais longe você fica de obter o retificador desejado.

RETIFICADOR EM PONTE (OU RETIFICADOR DE ONDA COMPLETA)

Essa é uma outra maneira de se usar o diodo como retificador,


embora o circuito seja um pouco mais complexo, ele tem suas van-
tagens. Essa é uma aplicação muito comum de diodos em situações
práticas, não é incomum achar aparelhos eletrônicos utilizando o diodo
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dessa maneira. A Figura 1.7.1 abaixo mostra como é o circuito com o


qual trabalharemos. Novamente faremos Vp = 1V e R = 1Ω e considera-
remos o diodo ideal para facilitar a análise.

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Figura 1.7.1 – Retificador em Ponte

Fonte: Autor, 2023

Vamos analisar qualitativamente a corrente nesse circuito e,


em seguida, analisar graficamente a tensão de saída no resistor R. O
sinal emitido pela fonte continua sendo dado pela Figura 1.6.2, quando
a tensão é positiva haverá uma corrente saindo da fonte em direção
ao nó que separa D1 e D4. Essa corrente não pode ir para D4, pois,
esse diodo está polarizado inversamente e não permite passagem de
corrente, logo, a corrente percorrerá o diodo D1, encontrando um novo
nó. A corrente não poderá ir para D2, pois, esse também está polarizado
inversamente e, portanto, irá para o resistor e nele haverá uma queda
de tensão. Após passar pelo resistor, a corrente encontrará um novo nó
e terá duas opções, D4 ou D3, no entanto, como houve uma queda de
tensão o potencial após D4 é maior que o potencial no nó e, portanto, a
corrente só poderá progredir por D3. A corrente encontrará um novo nó
mas não poderá ir por D2, pois, o potencial após ele será maior (nova-
mente por conta da queda de tensão no resistor), a consequência desse
fato é que a corrente retornará à fonte, terminado assim o circuito.
Vamos analisar agora o momento em que o sinal da fonte é ne-
gativo. Nesse caso a corrente irá para baixo da fonte, de acordo com a Fi-
gura 1.7.1 e irá se deparar com um nó. Nesse nó a corrente só pode ir por
D2, pois, D3 está polarizado inversamente. Após passar por D2 haverá
um outro nó e a corrente seguirá para o resistor, pois, o diodo D1 está po-
larizado inversamente. É importante perceber, nesse caso, que a corren-
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

te chega pela mesma extremidade do resistor, portando, a diferença de


potencial entre os terminais do resistor é a mesma que no caso da tensão
da fonte positiva, então a tensão de saída no resistor será positiva. Após
percorrer o resistor haverá outro nó, a corrente só pode ir no sentido de
D4, pois, houve uma queda de potencial no resistor e o potencial após D3
é maior. A corrente encontra mais um nó e, nesse caso, retornará à fonte,
pois, o potencial após D1 é maior, já que houve uma queda de potencial
no resistor. A Figura 1.7.2 mostra o gráfico da tensão de saída no resistor.

28
Figura 1.7.2 – Gráfico da Tensão de Saída no Retificador em Ponte.

Fonte: Autor, 2023

A diferença entre o retificador de meia onda (Figura 1.6.3) e


o retificador em ponte (Figura 1.7.2) é que o segundo não tem o inter-
valo em que a tensão de saída é zero, então ele retifica toda a onda.

Podemos melhorar um pouco mais o resultado, permitindo que


a corrente seja muito próxima de contínua e essa é uma utilização co-
mum desse retificador. O profissional da área pode se deparar com va-
rias situações, em que necessite retificar um sinal, de tal maneira que a
saída seja continua, essa é uma opção prática de se fazer isso.
Vamos adicionar um filtro Capacitivo ao circuito da Figura 1.7.1
paralelo ao resistor, o novo circuito é representado na Figura 1.7.3 abaixo.
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

Figura 1.7.3 – Retificador em Ponte com Filtro

Fonte: Autor, 2023


29
A função do capacitor é não permitir variações bruscas de
tensão. Com ele eliminaremos os bicos no gráfico da Figura 1.7.2.
Nesse caso, quando a tensão da fonte for positiva, a corrente se
dividirá entre o resistor e o capacitor e carregará um pouco o capa-
citor (ou completamente, dependendo do caso), quando a corrente
inverter, demorará um pouco para descarregar o capacitor, então o
gráfico ficará como na Figura 1.7.3.

Figura 1.7.3 – Gráfico da Tensão de saída de um Retificador em Ponte com


Filtro Capacitivo

Fonte: https://athoselectronics.com/circuitos-retificadores/

CIRCUITO LIMITADOR DE TENSÃO

Outra aplicação muito utilizada dos diodos é o chamado Cir-


cuito Limitador de Tensão, o nome é autoexplicativo, a função desse
circuito é limitar a tensão. O circuito está representado na Figura 1.8.1
abaixo. Nesse circuito, V1 e V2 são menores que o pico de tensão da
fonte, a resistência do resistor é R, a tensão de entrada é dada por V=-
Vpsin(wt) e novamente consideramos o diodo ideal.
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

Figura 1.8.1 – Circuito Limitador de Tensão.

Fonte: Autor, 2023


30
O que estamos interessados é na tensão de saída representa-
da pelos dois potenciais sinalizados como positivo e negativo. Vamos
começar analisando a situação onde a tensão da fonte é positiva, nesse
caso, haverá uma queda de tensão no resistor, e se a tensão no pri-
meiro nó for superior a V1, o diodo irá conduzir. Após o diodo, haverá
outra queda de tensão por conta de uma fonte em sentido contrário da
primeira, e a corrente retorna à primeira fonte, fechando o circuito. Vale
ressaltar que nesse caso a corrente não pode seguir para D2, pois, esse
diodo está em corte (polarizado inversamente). Dessa forma, podemos
substituir o circuito pelo da Figura 1.8.2.

Figura 1.8.2 – Circuito Limitador de Tensão equivalente no caso V>0 e V>V1.

Fonte: Autor, 2023

A tensão de saída será igual a V1, pois, essa é exatamente a


diferença de potencial nos polos da bateria (que é constante), ou seja,
a tensão de saída é constante.
Nesse mesmo exemplo, se V1 > Vp ocorrerá que o diodo D1
também estará em corte. O resultado é dado na Figura 1.8.3 a seguir.

Figura 1.8.3 - Circuito Limitador de Tensão equivalente no caso V>0 com V1 > Vp.

ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

Fonte: Autor, 2023

Então a tensão de saída nesse caso é igual a de entrada. A


síntese fica a seguinte: enquanto V < V1 o diodo não conduz e a tensão
de saída é igual a de entrada, e no momento em que V > V1 a tensão de
saída será constante e igual a V1, após isso a tensão de entrada volta
a ser menor que V1 e a tensão de saída volta a ser igual a de entrada.
Analisando agora a parte em que a tensão de entrada é nega-
tiva, a corrente parte por baixo da fonte, de acordo com a Figura 1.8.1
31
e encontra um nó, contudo, ela não pode ir em direção a D1, pois, esse
agora está em corte (polarizado inversamente) e, portanto, não conduz.
A corrente irá em direção a fonte V2, novamente existirão duas situa-
ções, uma em que V < V1 e outra em que V > V1. Ou seja, o problema
é análogo ao caso de a tensão de entrada ser positiva. O gráfico da
Figura 1.8.4 mostra como será a tensão de saída desse circuito. Com
ele se entende o nome do circuito, ele impede que a tensão de saída
supere um dado valor escolhido através de duas fontes.

Figura 1.8.4 – Gráfico da tensão de saída de um Circuito Limitador de Tensão


com Vp =1 V, V1 = 0,5 V, V2 = 0,4 V, w = 1 Hz.

Fonte: Autor, 2023


ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

Diodos são amplamente utilizados com essa função de li-


mitar tensão. Nas profissões de engenheiro ou cientista, que lidam
com eletrônica, não faltam situações em que um componente ele-
trônico não pode receber um pico de tensão muito alto.

RESOLUÇÃO DE CIRCUITOS COM DIODO

Para começar a resolver circuitos com diodos precisamos de


um “guia”, não é um algoritmo perfeito e infalível que possibilita sozinho
32
resolver todo e qualquer circuito, mas é uma linha de pensamento que
permite organizar o problema, para então começar a resolvê-lo. Essa
competência de organizar o problema antes de atacá-lo é fundamental
para o engenheiro contemporâneo, os problemas práticos estão cada
vez mais complexos e difíceis de resolver.
De início é importante que se saiba qual modelo usará para
descrever o diodo. Se seu problema exige precisão é melhor utilizar o
modelo do diodo semi-ideal, considerando a resistência interna. Se seu
problema é mais qualitativo e você precisa entender o que seu circuito
está gerando na saída, então o modelo do diodo ideal basta.
Em seguida você deve mentalizar o caminho da corrente no
circuito e ver quais diodos estão em corte e quais estão em condução,
ou seja, quais estão polarizados inversamente e quais estão polariza-
dos diretamente. Isso nem sempre é possível fazer. Um procedimento
lógico é supor que o diodo está em condução (ou corte) e ver se isso
leva a alguma contradição. Se você supor que está em corte e chegar
em uma contradição é porque na verdade o diodo está em condução.
Em geral, quando se assume que o diodo está em condução,
a contradição encontrada é uma corrente em sentido contrário. Quando
se assume que o diodo está em corte, a contradição encontrada é uma
diferença de potencial invertida entre as extremidades do diodo.

Dado que existem duas possibilidades para um diodo, um


circuito com n diodos possui 2n possibilidades, ou seja, esse mé-
todo é útil, mas não faz mágica, em circuitos muito complexos é
trabalhoso e talvez uma simulação em algum software seja uma
boa opção. A seguir faremos um exemplo para treinar a resolução
de circuitos com diodo.
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

Exemplo: Encontre as correntes em cada um dos resistores no


circuito a seguir, do lado esquerdo, as resistências estão em quilo-ohms
e as tensões em volts.
Embora o circuito seja simples, vamos testar o método de reso-
lução discutido. Vamos assumir que ambos os diodos estão em corte, o
circuito pode então ser resumido ao do lado direito a seguir.

33
Lembre-se que não há corrente, por isso, não há queda de
tensão nos resistores. Nesse circuito observe que as extremidades de
onde antes havia D2 possuem potencial +10 V no anodo e -10 V no ca-
todo, ora, isso é uma contradição, pois, se o diodo está em corte, então
a tensão no anodo deveria ser menor que a tensão no catodo. Portanto,
essa configuração não é válida.

Vamos agora supor que o D2 está em condução e D1 em corte.


Nesse caso o circuito fica exemplificado abaixo do lado esquerdo.
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

Agora haverá uma corrente percorrendo D2 e terminando no


potencial -10 V. Mas ainda há um problema onde antes havia o diodo
D1, pois, se esse está em corte, o potencial no anodo (0 V) não deveria
ser maior que o potencial no catodo (-10 V).
Vamos supor então que ambos estão em condução e substitui-
remos ambos os diodos por fios. O circuito que resulta dessa suposição
se encontra ao lado direito.
Agora podemos usar a lei dos nós, I3 = I1 + I2. Além disso,
temos que nesse nó o potencial é zero, pois, ele está aterrado. Dessa
forma, a diferença de potencial entre as extremidades do resistor de 5
34
kΩ é de 10 V em módulo. Assim sendo, . No caso
do resistor de 5 kΩ, a diferença de potencial também é de 10 V, portanto
. Concluímos então que I1 = 1mA.

DIODO ZENER

A grande diferença do zener para o diodo “tradicional” que já


estudamos é na polarização reversa, ele aguenta uma tensão reversa
até aproximadamente 6V (chamada de Vz) e ao invés de ocorrer o rom-
pimento e o diodo se danificar, o zener passa a conduzir em sentido
contrário, havendo um “joelho” também na polarização reversa. O gráfi-
co da Figura 1.10.1 mostra o comportamento do diodo zener.

Figura 1.10.1 – Gráfico do comportamento do Diodo Zener

Fonte: http://eletronica-analogica2015.blogspot.com/2015/11/diodo-zener.html

Observe pela Figura 1.10.1 que entre as correntes Izmin e Izmáz a


tensão Vz é praticamente constante. Essa é chamada também de zona
de trabalho, que é onde o diodo zener é capaz de conduzir na polari-
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

zação reversa. Se ultrapassarmos a corrente máxima, o diodo queima


e esse detalhe é importante. Podemos calcular a corrente máxima pela
seguinte equação:

Onde PzM é uma potência especificada no diodo, ela é a máxi-


ma potência que o diodo consegue dissipar sem se danificar. Vale res-
35
saltar que a rigor Vz não é constante, ele varia em uma faixa de máximo
e mínimo, mas a faixa é muito estreita e podemos fazer essa aproxima-
ção de Vz constante sem problemas. Em geral, Izmin, Izmáz e Vz também
são especificados pelo fabricante.
O Quadro 1.10.1 a seguir mostra os principais modelos para
descrição do diodo zener.

Quadro 1.10.1 – Modelos para o Diodo Zener

Fonte: Autor, 2023

Uma das principais aplicações do zener é como regulador de


tensão. Para essa função ele é mais próximo do ideal do que uma fonte
reguladora de tensão (pilhas, baterias, tomadas). Na Figura 1.10.2 abai-
xo é apresentado um circuito regulador de tensão, vamos analisá-lo.

Figura 1.10.2 – Circuito Regulador de Tensão


ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

Fonte: Autor, 2023

Nesse circuito, RL é o que chamamos de “carga”, é a tensão


nesse resistor a qual estamos interessados e é nele que o engenheiro
deve se basear para fazer seu projeto, qual corrente precisamos que
passe ali? Além disso, Vf > Vz para que o zener possa conduzir inversa-
mente e vamos assumir Vz constante com base no que já foi discutido.
Chamaremos a corrente que passa por Rregde I1, a que passa pelo ze-
36
ner de Iz e a que passa por RL de IL, assim sendo, I1 = Iz + IL. Além disso,
vemos que a diferença de potencial das extremidades do resistor RL é
exatamente Vz, portanto e por fim, usando a segunda Lei de Kir-
chhoff passando por Rreg e pelo zener temos: .
Sabemos então que a corrente no diodo será . Te-
mos que calcular também as potências, essas são fáceis, pois, já temos
as 3 correntes:

Já as potências no diodo e no resistor RL serão:

Em um projeto que se utilize reguladores de tensão é neces-


sário levar em conta o máximo e o mínimo de cada parâmetro. Os va-
lores máximo e mínimo de Vze também o valor de RL são conhecidos
de início, o que um projeto deve se preocupar é com o diodo zener e a
resistência Rreg.
Um projeto desse tipo tem como condições as correntes míni-
ma e máxima permitidas no zener (essas correntes já foram discutidas
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

anteriormente), a corrente mínima nos dá a regulação mínima, e a cor-


rente máxima nos dá a segurança do diodo, lembrando que se supe-
rarmos essa corrente, certamente iremos danificar o equipamento. Na
situação da mínima corrente no zener temos:

Ou seja, a corrente no zener será mínima, quando a tensão de


37
entrada é mínima e a resistência Rreg é máxima. Já no caso da máxima
corrente no zener, temos:

Ou seja, a corrente no zener será máxima, quando a tensão de


entrada é máxima e a resistência Rreg é mínima. Podemos reescrever
as equações (1.10.4) e (1.10.5) isolando as resistências Rreg:

Lembrando que Izmin e Izmáx são dados fornecidos pelo fabri-


cante, geralmente Izmin é estimado na ordem de 10% do Izmáx. Com isso
podemos calcular as resistências máximas e mínimas do Rreg para os
máximos ou mínimos de tensão aplicada, assim sendo, ao projetar um
circuito desse tipo precisamos escolher Rreg de tal maneira que Rregmin
≤ Rreg ≤ Rregmáx.

Se for escolhido um Rreg próximo do máximo, diminuirá a


corrente no zener, aumentando o rendimento do sistema (diminui
a potência dissipada no zener) e diminuindo a regulação. Se for
escolhido um Rreg próximo do mínimo, aumentará a corrente no
zener, diminuindo o rendimento do sistema (aumenta a potência
dissipada no zener) mas aumentando a regulação.
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

LED (LIGHT EMISSOR DIODE)

Atualmente os LEDs têm alcançado muito espaço na indústria


de eletroeletrônicos e outras em geral, é usado em televisões, lâmpa-
das e vários aparelhos eletrônicos, além disso, ainda é objeto de estudo
cientifico, rendendo Prêmio Nobel nos últimos anos. LEDs são diodos
emissores de luz, eles são fabricados em várias cores do espectro lumi-
noso, desde o azul ao vermelho. Para discutir o LED precisamos antes
38
discutir a natureza da luz.
A Mecânica Quântica nos diz que a Luz tem uma natureza dual,
ela se comporta tanto como onda, como partícula, dependendo de como
tentamos medi-la. Max Plank em meados de 1900 propôs que a energia
não era contínua, mas sim quantizada na forma de “pacotes” (ou quanta),
essa hipótese possibilitou a solução da famosa “Catástrofe do Ultravioleta”,
que era uma falha teórica na descrição da emissão de radiação eletromag-
nética por um corpo negro. Além disso, em 1905 Albert Einstein utilizou a
hipótese de Plank aplicada a luz, afirmando que a mesma era quantizada
na forma de partículas chamadas fótons e, assim, resolveu outro grande
problema da física da época, que é o Efeito fotoelétrico, que ocorre em me-
tais, quando metais são iluminados com Luz na frequência correta passa a
emitir elétrons. A energia do fóton pode ser calculada como:

Onde ν é a frequência do fóton e h = 6,62607004 • 10(-34) m2


kg/s é a constante de Plank, ou seja, a energia de uma fonte luminosa
depende apenas de sua frequência ou comprimento de onda, pois, eles
se relacionam da seguinte maneira:

Onde c = 299792458 m/s é a velocidade da luz no vácuo (cons-


tante de acordo com a Relatividade Restrita) e λ é o comprimento de
onda. Observe que pela equação 1.11.2 quanto maior é o comprimento
de onda, menor será a frequência, e vice-versa, assim sendo, quando
menos o comprimento de onda, maior a energia dessa onda. A Figura
1.11.1 abaixo mostra o espectro luminoso, com ele é possível concluir
que a luz é mais enérgica quando tende ao azul ou violeta, e menos
energética quando tende ao vermelho.
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

39
Figura 1.11.1 – Espectro luminoso

Fonte: https://www.todamateria.com.br/espectro-eletromagnetico/

Agora que já dominamos um pouco da física por trás da luz,


vamos discutir o LED em si. Outros diodos tendem a dissipar a maior
parte da energia em forma de calor e isso os diferencia dos LEDs, o
processo de interação dos elétrons no interior do LED que possibilita a
emissão de luz é chamado de eletroluminescência, a luz emitida pelo
LED não é monocromática (apenas um comprimento de onda) como
do laser mas sua banda espectral é pequena, o que significa que emite
comprimentos de onda próximos aos da sua cor. A cor do LED é definida
pelo comprimento de onda que o LED mais emite. Uma semelhança do
LED com os diodos já estudados é que ele também é formado por uma
junção P-N e toda discussão de Teoria de Bandas que foi feita no início
do capítulo também vale para o LED.
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

A cor da luz emitida é dada pelo comprimento da onda


emitida e esse, por sua vez, depende do material usado como se-
micondutor na confecção do LED e também da impureza usada
no processo de dopagem. O arsenieto de gálio gera uma emissão
infravermelha, dopando-se com fósforo pode ficar vermelho ou
amarelo, dependendo da concentração. O fosfeto de gálio dopado
com nitrogênio pode emitir luz verde ou amarela, dependendo da
40
concentração da impureza. Também existem os LEDs brancos que,
em geral, são azuis revestidos com uma camada que absorve a luz
azul emitindo apenas branco.

A tensão com que os LEDs operam depende de sua cor, os


vermelhos em geral possuem tensão 1,7V enquanto os azuis e violetas
necessitam mais de 3V. Eles não suportam correntes reversas como o
zener, danificando fácil. Para impedir que o LED se danifique é comum
usar outro diodo como retificador antiparalelo, esse irá conduzir a cor-
rente quando a tensão estiver no semiciclo negativo, limitando a tensão
reversa a 0,7V que já é suficiente para não queimar o LED.
Um aspecto muito importante do LED é que eles permitem que
físicos obtenham o valor experimental da constante de Plank, pois, a
energia da luz emitida será igual a energia eletrostática do elétron exci-
tado que a emitiu, assim sendo: , e então

Temos que tomar um cuidado técnico ao utilizarmos LEDs,


precisamos reconhecer o anodo e o catodo para não ligá-lo na polari-
zação reversa, pois, nesse caso, ele certamente irá queimar! O anodo
é o terminal mais longo, enquanto o catodo é o mais curto, é impor-
tante também reconhecer o catodo pelo chanfro (Figura 1.11.2 ).

Figura 1.11.2
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

Fonte: http://testandoeletronica.blogspot.com/2013/01/como-testar-e-identifi-
car-os-terminais.html
41
QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Prova: CEFET-MG - 2023 - CEFET-MG - Técnico Laboratório - Área
Eletrotécnica
A figura abaixo representa um retificador não controlado.

Imagem associada para resolução da questão


Considere que uma tensão senoidal V p = VmSenωt seja aplicada
ao primário do transformador com relação de transformação de
0,1 e que todos os elementos do circuito estejam dimensionados
corretamente, sem apresentar perdas.
Sobre esse circuito, assinale (V) para as afirmativas verdadeiras e
(F) para as falsas.
( ) A topologia do circuito corresponde a um retificador de onda
completa que utiliza um transformador com derivação central.
( ) Quando a tensão de entrada Vp for positiva, os diodos D2 e D4
estarão em condução.
( ) A tensão reversa máxima sobre o diodo ocorre quando a tensão
aplicada ao primário do transformador está no seu pico negativo e
é igual a 0,1Vm.
( ) Se o diodo D1 for desconectado, esse circuito se comportará
como um retificador de meia onda.
A sequência correta é
a) F, V, F, V.
b) V, F, V, V.
c) V, F, V, F.
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

d) F, V, F, F.
e) F, V, V, V.

QUESTÃO 2
Prova: FUNCERN - 2023 - Câmara de Natal - RN - Técnico Legislati-
vo (TLNM) - Técnico em Eletrônica
Circuitos retificadores são responsáveis por converter energia elé-
trica de natureza alternada para contínua. Uma das topologias mais
utilizadas é a associação do “Retificador de Onda Completa do Tipo
Ponte” à saída de um transformador, como mostra a figura abaixo.
42
Imagem associada para resolução da questão
Nessa representação, considere que a fonte V1 é de natureza al-
ternada, seu valor eficaz é de 220 volts e sua frequência é de 60
Hz; que o transformador é ideal e possui relação de transformação
de 30:1; que os diodos são de silício e, portanto, apresentam uma
queda de tensão de 0.7 volts, cada; que o capacitor possui uma ca-
pacitância suficiente para remover qualquer oscilação de tensão;
e que a resistência de carga, R1, possui 10k ohms. A partir dessas
especificações, a corrente contínua na saída será igual a
a) 733 µA.
b) 897 µA.
c) 593 µA.
d) 1037 µA.

QUESTÃO 3
Prova: FGV - 2022 - Senado Federal - Analista Legislativo - Enge-
nharia Eletrônica e Telecomunicações
Nos circuitos abaixo, os diodos são ideais, as fontes de tensão são
senoidais com 1 Hz e os resistores R são dimensionados para que,
quando houver corrente no circuito, os respectivos leds acendam. ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

Imagem associada para resolução da questão


43
A esse respeito, assinale a afirmativa correta.
a) O led B piscará 1 vezes por segundo e o led C piscará 2 vezes por
segundo.
b) O led A e o led C piscarão 2 vezes por segundo.
c) O led B permanecerá desligado e o led D piscará 2 vezes por segundo.
d) O led A piscará 2 vezes por segundo e o led C piscará 4 vezes por
segundo.
e) O led A piscará 1 vez por segundo e o led D permanecerá desligado.

QUESTÃO 4
Prova: CEFET-MG - 2022 - CEFET-MG - Técnico Laboratório - Área
Eletrotécnica
Considere o circuito abaixo, no qual os diodos são ideais e a ten-
são de alimentação é senoidal, com amplitude V.

O esboço que apresenta as formas de onda de tensão Vo e Vd1,


respectivamente, são:
a)
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

b)

44
c)

d)

e)

QUESTÃO 5
Prova: FUNDATEC - 2023 - IF-SC - Técnico de Laboratório - Área:
Eletromecânica
Os diodos são componentes eletrônicos amplamente utilizados em
circuitos eletrônicos. Sobre as características desse componente,
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

analise as seguintes assertivas:


I. Em um diodo real, quando a diferença de tensão entre ânodo e
cátodo é positiva, o diodo apresenta apenas o comportamento de
condução.
II. Diferentemente do diodo real, o diodo ideal não apresenta um li-
mite de tensão de ruptura, conhecida como tensão reversa máxima.
III. O diodo pode ser utilizado como um retificador simples, que
converte uma tensão alternada em uma tensão contínua constante.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
45
b) Apenas II.
c) Apenas I e II.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE


No circuito abaixo encontre a corrente I1. O diodo é semi-ideal, possui
resistência interna igual a α e a barreira de potencial da zona de deple-
ção do diodo é Vγ. Além disso, supõe-se que a tensão V é suficiente
para o diodo estar em condução. Encontre a condição que V deve assu-
mir para validar essa hipótese.

TREINO INÉDITO
Um LED está ligado em polarização inversa, nessa situação, é cor-
reto afirmar:
a) O LED não irá se danificar.
b) É perigoso que o LED se danifique mesmo estando ele aceso.
c) O LED estará aceso e não se danificará.
d) O LED não acenderá e provavelmente será danificado rapidamente.
e) O LED não acenderá, mas não se danificará rapidamente, isso pode
levar alguns minutos ou horas.

NA MÍDIA
A ECONOMIA DE ENERGIA ELÉTRICA NA ILUMINAÇÃO PÚBLICA
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

COM O USO DE LÂMPADAS LED: ESTUDO DE CASO DA AVENIDA


RECIFE
Este artigo expõe dados da iluminação pública usada em uma avenida
de Recife, Pernambuco. Buscou determinar indicadores de economia
de energia e impacto ambiental das tecnologias de iluminação a Light
Emitting Diode (LED) em uso relacionada com a vapor de sódio usada
anteriormente. Observou-se o gasto com energia elétrica e a quantifica-
ção dos resíduos. O estudo de caso foi realizado num trecho de 8kme-
destacou a importância de atender as normas legais vigentes. Demons-
trou-se que, no mesmo período, gastou-se 2,27vezes menos lâmpadase
46
os resíduos caíram64%. Economizou-se: energia (282.852kWh), nos
gastos anuais (R$130.111,76), representando uma redução de38,47%.
Os dados analisados neste trabalho indicam que ailuminação LED é a
tecnologia mais apropriada, no momento, para a redução de gastos e a
preservação do meio ambiente.
Fonte: Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação
Data: 30/11/2021
Leia a notícia na íntegra:
https://periodicorease.pro.br/rease/article/view/2989

NA PRÁTICA
O uso de diodos dos diversos tipos está em todos os lugares, indústrias,
eletrodomésticos, eletroeletrônicos, brinquedos e etc. LEDs, por exem-
plo, estão sendo usados em telas de televisão, computadores e celula-
res, além de serem viáveis até na iluminação pública (veja o exemplo
da cidade de São Paulo).
Além disso, retificadores estão sendo usados em carregadores de vá-
rios eletroeletrônicos, como celulares, cuja função é transformar a cor-
rente alternada em contínua. Os reguladores de tensão são usados em
estabilizadores, úteis desde eletrodomésticos até na indústria. Há tam-
bém um interesse científico nos estudos de semicondutores para com-
ponentes em microeletrônica e até nanotecnologia, que serão recursos
tecnológicos para o engenheiro do futuro.

ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

47
TRANSISTORES

Esses componentes são formados por 3 regiões semiconduto-


ras (e não duas, como no caso do diodo), então toda discussão acerca
dos semicondutores feita no capítulo anterior continua válida. Nesse
capítulo veremos as características, o funcionamento, o equacionamen-
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

to e aplicações desse componente eletrônico.

É comum utilizarmos o termo circuito eletrônico para cir-


cuitos que podem controlar a passagem de corrente elétrica (dife-
rente de circuitos elétricos), nesse sentido, podemos dizer que os
transistores “inauguram” a eletrônica. (MAGON, 2016)
48
TRANSISTORES UNIPOLARES E BIPOLARES

Podemos dividir os transistores em 2 tipos, de acordo com o


quadro a seguir. Discutiremos primeiramente o BJT e, em seguida, ha-
verá uma breve discussão acerca do MOSFET.

Quadro 2.1.1 – Tipos de transistores.

Fonte: Autor, 2023

BJT (BIPOLAR JUNCTION TRANSISTOR)

O transistor desse tipo é formado por 3 regiões semicondutoras


com dopagem do tipo N ou P alternadas, portanto, pode ser PNP ou NPN.
Como existem 3 regiões, ele terá três pontos, a base, o coletor e o emissor.

a) NPN

Nessa configuração, a corrente chega pelo coletor, é controla-


da pela base (chama de corrente baixa) cuja corrente também entra e
sai pelo emissor, o símbolo usado para representar esse componente é
representado pela Figura 2.2.1.

Figura 2.2.1 – Transistor NPN e PNP.


ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

Fonte: https://study.com/academy/lesson/pnp-transistor-definition-equations.html

49
Podemos usar a primeira Lei de Kirchhoff para equacionar as
correntes desse componente, chamaremos de Ib a corrente da base, Ic
a do coletor e Ie a do emissor, então:

“A tensão do coletor deve ser positiva com relação à da


base e a do emissor” (MAGON, 2016, p. 208)

b) PNP

A representação desse componente está na Figura 2.2.1. Nes-


se caso, a corrente chega pelo emissor e sai pelo coletor e pela base. A
equação 2.2.1 continua válida, pois, embora o emissor esteja chegando
ao transistor, tanto a corrente da base, quanto do coletor, está saindo
Os transistores do tipo BJT (tanto NPN como PNP) possuem
2 parâmetros muito importantes, o β também chamado de ganho do
transistor e o α. Eles relacionam as correntes em 2 dos 3 pontos do
transistor da seguinte forma:

Usando as equações 2.2.1, 2.2.2 e 2.2.3 podemos encontrar


as relações entre α e β.
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

Em geral α é muito pequeno e por isso pode ser usada a


seguinte aproximação Ic ≈ Ie enquanto β costuma ser muito grande.
50
No que diz respeito às tensões no transistor NPN, chamare-
mos de Vce a tensão entre o coletor e o emissor, Vcb a tensão entre o
coletor e a base e Vbe a tensão entre a base e o emissor. A seguinte
relação decorre da segunda Lei de Kirchhoff:

Já no caso do PNP, chamaremos de Vec a tensão entre o emissor


e o coletor, Vbc a tensão entre a base e o coletor e Veb a tensão entre o
emissor e a base. A seguinte relação decorre da segunda Lei de Kirchhoff:

A respeito da potência dissipada no transistor,

A aproximação é possível graças aIc ≈ Ie, a tensão deve ser


entre o coletor e o emissor, pois, é essa a tensão total no transistor, o
mesmo vale para a corrente, a corrente que sai do emissor é a total,
esses argumentos se justificam pelas equações 2.2.1 e 2.2.6.

Cada transistor tem um material o qual informa a potência


máxima que o transistor aguenta, se um circuito exigir uma dissi-
pação superior de potência, o transistor se danificará. É comum
colocar dissipadores (ventoinhas, por exemplo) no transistor para
que ele possa dissipar uma potência maior.
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

Um instrumento muito importante para visualizar ou obter informa-


ções do transistor de maneira rápida e precisa é a curva do coletor, um grá-
fico que apresenta relações entre as 3 grandezas principais do transistor:
Vce, Ic e Ib. A Figura 2.2.2 apresenta um exemplo de uma curva desse tipo.

51
Figura 2.2.2 – Curva do Coletor

Fonte: http://monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10003301.pdf

Observe que para cada valor de Ib (Ibase no gráfico) existe uma


curva, o ponto de uma dessas curvas terá suas coordenadas em Ic e
Vce (VCE no gráfico). Pelo gráfico podemos calcular também o ganho do
transistor β que é simplesmente a relação Ic/Ib na faixa onde Ic é contínua.

Existem 4 zonas de operação de um transistor: Ativa, Corte,


Saturação e Disrupção. O funcionamento da zona ativa é aplicado
quando se pretende a amplificação de sinais, as outras duas zonas,
a saturação e o corte, são úteis em circuitos digitais na comutação
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

de sinais [...]” (DUARTE, 2008, p.7). E a última, zona de disrupção,


deve ser evitada, pois, há grande risco de danificar o transistor, ela
ocorre após a zona ativa e é caracterizada por uma brusca elevação
nos valores da corrente do coletor. Na região de saturação, a corren-
te no coletor é proporcional à tensão Vce, ela corresponde a região
entre zero e alguns décimos de volts. A região ativa é onde a cor-
rente no coletor é praticamente constante com relação a tensão e é
proporcional a corrente na base (equação 2.2.2). Já a zona de corte,
a corrente na base é igual a zero, mas ainda existe uma corrente no
coletor, chamada de corrente de corte do coletor.
52
ZONAS (OU REGIÕES) DE OPERAÇÃO DO TRANSISTOR

Ainda estamos no contexto dos BJT e agora discutiremos as


zonas ou regiões mencionadas anteriormente, para isso, utilizaremos o
seguinte circuito representado na Figura 2.3.1.

Figura 2.3.1 – Circuito para discutir Zonas de Operação do Transistor.

Fonte: Autor, 2023

Zona de Corte

Nesse caso, a corrente na base é zero e a corrente no coletor


é praticamente zero, logo. A corrente no emissor também é desprezível,
nesse caso, o transistor se comporta como uma chave aberta. No en-
tanto, fique atento com o fato de ainda existir tensão entre as extremida-
des do transistor, se fizermos uma malha partindo da fonte Vcc, passan-
do por Rc e pelo transistor (do coletor para o emissor) a segunda Lei de
Kirchhoff nos informa que: Vcc - Vce = 0→ Vcc = Vce, ou seja, Vce = 4,5V.

Zona Ativa (Linear)

Se começarmos a aumentar a tensão em Vbb para valores


abaixo de 0,7V (aproximadamente) nada acontecerá, ao passar dessa
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

tensão, o transistor começara a conduzir uma corrente bem pequena


(até porque a resistência é de 1MΩ) entre a base e o emissor. Pela
equação 2.2.2 também haverá uma corrente no coletor (bem maior do
que a que chega pela base) então todo o circuito estará “ativo”, no sen-
tido de ser percorrido por uma corrente. Nesse caso, o circuito estará
funcionando como um amplificador de corrente, pois, o transistor ampli-
fica a corrente da base (por isso costuma-se dizer que a base controla
a corrente). A tensão do resistor Rce Vce serão menores que Vcc. Cada
ponto da área ativa é um ponto onde o transistor está atuando em uma
determinada situação, chamamos esse ponto de Ponto de Operação ou
53
Ponto Quiescente (ou simplesmente Ponto Q)

Zona de Saturação

Se continuarmos a aumentar Vbb aumentará ainda mais a cor-


rente no coletor, com isso, aumentará o valor da tensão no resistor Rc.
Como Vcc - VRc - Vce = 0, ocorrerá uma diminuição em Vce, quando esse
assumir valores baixos (alguns décimos de volts) estaremos na região
conhecida como Zona de Saturação. Nessa situação quase não haverá
queda de tensão no transistor, então ele se comporta como uma chave
fechada, a corrente será máxima e Vcc ≈ VRc.

Reta de Carga

Nessa seção, será apresentada a Reta de Carga de um tran-


sistor BJT, para isso consideremos o circuito da Figura 2.4.1 abaixo
onde o transistor tem β=100 (ganho).

Figura 2.4.1 – Circuito modelo para obter a Reta de Carga

Fonte: Autor, 2023

Primeiramente, assume-se a chave S aberta, nesse caso não


haverá corrente na base e, por consequência, não haverá corrente no
coletor, portanto, não há queda de tensão no resistor Rc e Vce = 14V, ou
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

seja, o transistor está em corte e se comporta como uma chave aberta.


Se pegarmos a curva do coletor (Figura 2.2.2) podemos marcar um pon-
to no gráfico. Agora, se pegarmos a zona de saturação, podemos obter
outro ponto e traçar uma reta, a qual chamamos de Reta de Carga.
Assim sendo, vamos obter o ponto de saturação, para isso,
deve-se assumir que Vce = 0V, então o transistor se comporta como uma
chave fechada, logo 14V - 350Ic = 0 e então Ic = 40mA (vale ressaltar
que, nesse caso, a chave S deve estar fechada).

54
Figura 2.4.2 – Reta de Carga do Transistor

Fonte: Autor, 2023

É fundamental interpretar a reta de carga, o que ela informa


são todos os pontos de operação (ou quiescente) possíveis para o re-
sistor nesse circuito. Além disso, é importante ressaltar que os pontos a
esquerda do gráfico são os de saturação, enquanto os pontos próximos
ao eixo x são os de corte.

Um mesmo transistor ligado em circuitos distintos pode


apresentar retas de carga distintas, pois, cada reta de carga depen-
de do transistor e do circuito, no qual ele está inserido.
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

É interessante que o aluno escolha alguns valores para Rb, e


resolva o circuito, para obter pontos de operação e observar que todos
pertencem a Reta de Carga.

AMPLIFICADOR TRANSISTORIZADO EC (EMISSOR COMUM)

Uma das aplicações dos transistores é exatamente como ampli-


ficadores de corrente. Os amplificadores desse tipo são muito usados na
construção de circuitos integrados. Para analisarmos esse tipo de aplica-
55
ção dividiremos em 2 casos: corrente contínua e corrente alternada. Para
o caso da corrente contínua utilizaremos o circuito da Figura 2.5.1.
No caso desse circuito, sabemos também que Vbe = 0,7V. Para
resolver esse circuito podemos utilizar o método do divisor de tensão o
qual nos informa que

Assim sendo, utilizando a segunda Lei de Kirchhoff, cuja malha


escolhida começa na tensão da base, passa pelo transistor (queda de
tensão V_be), pela resistência de 1K e termina aterrado, assim sendo:

1,62 - 0,7 - 1K • Ie = 0.

Figura 2.5.1 – Circuito do Amplificador Transistorizado EC no caso de Corren-


te Contínua

Fonte: Autor, 2023

Sabe-se também que Ie ≈ Ic = 200Ib, portanto,

1,62 - 0,7 - 1K • 200 • Ib = 0,


ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

isso implica que

Ib = 2,42 μA.

Se um cálculo mais preciso for necessário é possível utilizar Ie =


201Ib, mas não há tanta diferença numérica. É possível utilizar também o
Teorema de Thevenin para encontrar Ib, nesse caso, a tensão de Thevenin
é o próprio Divisor de Tensão e a resistência de Thevenin é calculada pela
resistência equivalente entre os resistores de 1M e 220K em paralelo, as-
sim sendo, RTh = 182,238 KΩ. O novo circuito é mostrado na Figura 2.5.2.
56
Figura 2.5.2 – Circuito usando o Teorema de Thevenin

Fonte: Autor

Resolvendo essa malha teremos:

1,62V - 182,238K • Ib - 0,7V - 1K • 200 • Ib = 0

portanto,

Ib = 2,42 μA.

O fato de ambos os métodos terem dado o mesmo resultado


não é verdade sempre, em geral o Teorema de Thevenin dá resultados
mais precisos. Amplificadores bem projetados tendem a dar resultados
semelhantes pelos 2 métodos.
Sabendo a corrente da base, podemos obter a corrente no co-
letor e no emissor,

e dessa forma obter Vce fazendo a malha no circuito da Figura


2.5.1 partindo da fonte, passando por 10K, pelo transistor e pelo resistor
de 1K, assim sendo:
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

2V - 10K • 483 μA - Vce - 1K • 486,4 μA = 0

logo, Vce = 3,68V, assim sendo, obtivemos todas as informa-


ções do transistor nesse circuito (lembrando que Vcb pode ser obtido
pela equação 2.2.6).
Já no caso da corrente contínua, utilizaremos o circuito da Fi-
gura 2.5.3, perceba agora a presença de capacitores, no caso da cor-
rente contínua, eles não fazem sentido, pois, uma vez carregados, en-
cerraria boa parte das atividades do circuito.
57
Figura 2.5.3 – Amplificador Transistorizado EC no caso de corrente alternada.

Fonte: Autor, 2023

Podemos curto-circuitar os capacitores e a fonte de tensão 9V


constante, pois, na presença de corrente alternada não fazem diferen-
ça, vale ressaltar que podemos desprezar a reatância capacitiva dos
capacitores, pois, esse tipo de circuito é construído para que essas rea-
tâncias sejam muito pequenas. Além disso, temos que R5 é a resistên-
cia do emissor, R3 é a resistência da base 1, R2 é a resistência da base
2, R6 é a carga, R1 é a resistência interna da fonte e R4 é a resistência
do coletor. Com isso, podemos reduzir o circuito ao da Figura 2.5.4.

Figura 2.5.4 – Amplificador Transistorizado EC no caso de corrente alternada


simplificado.

Fonte: Autor, 2023


ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

A carga (aquilo que queremos alimentar) deve ser conec-


tada sempre no coletor do transistor, e isso ocorre, pois, se conec-
tarmos a carga no emissor, a tensão nessa ficará sempre limitada à
tensão da malha da base, e não poderá receber a tensão da malha
do coletor integralmente.
Para saber mais: https://www.youtube.com/watch?v=a6HoEtG-
58
GFG0&index=21&list=PLFfpdsnO_HS_h-1s1VCFPuFrC-P9btyfb&t=0s.

Será apresentado agora o modelo π do transistor, com o qual


simplificaremos o circuito apresentado, tendo como referência o circuito
da base. Façamos a malha saindo da fonte alternada. No primeiro nó
existirão 3 opções para a corrente, então a corrente se dividira em R2,
R3 e base do transistor, nessa última, chegará corrente na base e sairá
pelo emissor. A corrente que sai do emissor encontra um nó, mas um
dos caminhos possíveis não possui resistência, portanto, a corrente não
irá para o resistor R5. A Figura 2.5.5 resume a discussão.

Figura 2.5.6 – Circuito da Base

Fonte: Autor, 2023

Nesse caso, r' e.β(resistência interna do emissor multiplicado


pelo ganho do transistor) é uma resistência que temos que considerar
no trecho que entra pela base do transistor, sai pelo emissor e termina
aterrado, o β aparece, pois, estamos vendo o circuito no referencial da
base. A fórmula para se calcular essa resistência interna do emissor é

onde a corrente no emissor nós calculamos, no caso, sem consi-


ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

derar a fonte de tensão alternada e o resultado continua válido, portanto,

r' e.β=10,27 KΩ.

Observe na Figura 2.5.6 em que os 3 resistores estão em para-


lelo, portanto, podemos simplificar ainda mais o circuito, substituindo-os
por um resistor equivalente, o qual será chamado de Zent (impedância
de entrada). Para calcular o Zent basta calcular a resistência equivalen-
te cujo valor é 9,72 KΩ.

59
Figura 2.5.7 – Circuito da Base com Resistor Equivalente

Fonte: Autor, 2023

Podemos usar o divisor de tensão para obter o valor da tensão


após R1 e antes de Zent. Como Zent está aterrado, essa será a queda
de tensão no Zent, a qual chamaremos de Vent, assim sendo

e esse será o pico da queda de tensão no Zent. Voltemos ago-


ra a Figura 2.5.6, os 3 resistores estão em paralelo, portanto, estão
sujeitos a mesma diferença de potencial, cujo pico é dado pelo Vent,
assim sendo, podemos calcular I_b que é a corrente que passa pela
resistência interna do emissor, utilizando a lei de Ohm, fazendo a conta

Agora é fácil obtermos a tensão no coletor utilizando a equação


2.2.2, sabemos que o ganho é 200 então

Ic = βIb = 200.183,4 nA =36,68 µA.


ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

Retornando a Figura 2.5.4, é possível modelar o circuito com


relação ao coletor, e haverá apenas um nó com duas opções, passar
por R4 e aterrar ou passar por R6 e aterrar.

60
Figura 2.5.8 – Circuito do Coletor

Fonte: Autor, 2023

Colocamos um amperímetro apenas para representar onde


passa a corrente Ic, ele não está de fato no circuito, é apenas para fim
didático. Deve-se ressaltar também que, a corrente que passa pelo am-
perímetro hipotético está no sentido de aterrar. Como os 3 terminais estão
aterrados, é como se eles estivessem conectados por um fio, assim fica
fácil enxergar que essa corrente será dividida entre os resistores. O que
interessa nesse caso é saber quanto dessa corrente vai para carga a
queda de tensão nessa. Podemos utilizar o mesmo método que fizemos
anteriormente, achar a diferença de potencial entre as extremidades dos
resistores, utilizando a resistência equivalente, e com isso, obteremos
diretamente a queda de tensão na carga, o que possibilitará saber a cor-
rente na carga. Então, o circuito será simplificado para o da Figura 2.5.9.

Figura 2.5.9 – Circuito do Coletor com Resistor Equivalente.

Fonte: Autor, 2023


ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

Sabemos a corrente Ic e a resistência equivalente, portanto VL


= Req • Ic = 909Ω • 36,68µA = 33,3mV, onde VL é a tensão na carga,
com isso,

Essa aplicação dos transistores é muito comum para sinais de


baixa voltagem, como por exemplo, sinais de rádio fracos captados por
antenas, entre outros, por isso são utilizados na área de telecomunica-
61
ções, por exemplo.

MOSFET: ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO

Como já foi mencionado, esse é um outro tipo de transistor


muito utilizado atualmente e além desse, existem alguns outros que não
serão trabalhados, mas contarão com indicações bibliográficas ao final
do capítulo.
A sigla MOSFET significa Metal Oxide Semiconductor Field Ef-
fect Transistor, cuja tradução é Transistor de Efeito de Campo Metal-óxido
semicondutor, é composto por um substrato e outras duas regiões de se-
micondutores e uma região isolante, geralmente feita de Dióxido de Silício.
Os terminais desse transistor recebem outro nome, ao invés de
base chamamos de Gate (portão), ao invés de coletor chama-se Drain
(dreno) e no lugar de emissor temos o Source (Fonte).
A principal distinção entre o MOSFET e os BJT é que no segun-
do, a corrente no coletor é controlada pela corrente que entra na base,
já o primeiro, a corrente é controlada por uma tensão vinda pelo Gate.

Apesar de existir uma tensão no Gate, a corrente será mui-


to pequena ou até desprezível, pois, ele possui uma resistência
muito grande, na ordem de Giga ou Tera. Isso é uma vantagem do
MOSFET, pois, ele não precisa de um resistor em série para limitar
a corrente (o que não significa que você não pode ligar uma resis-
tência em série para utilizar um divisor de tensão por exemplo).

Figura 2.6.1 – Estrutura Física do MOSFET tipo N.


ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

62
Fonte: Autor, 2023

O n+ indica uma região fortemente dopada do tipo n. Poderia


ser do tipo p e, nesse caso, o substrato seria do tipo n, e teríamos o
MOSFET do tipo P, ou seja, existem 2 tipos de MOSFET, o tipo N e
o tipo P, que podem ser chamados também de NMOS e PMOS, res-
pectivamente. A região do canal tem dimensão considerável e, a cada
dia busca-se diminuir esse tamanho para que mais transistores possam
caber em um circuito integrado, por exemplo, diminuindo o tamanho de
componentes eletrônicos, mas aumentado a capacidade de processa-
mento. O L é o comprimento do canal e o W é a largura do canal.

Algumas vantagens do MOSFET são o pouco espaço ocu-


pado na construção de circuitos integrados, a facilidade em se fa-
bricar e pelo fato de podermos construir circuitos digitais unica-
mente com ele. Além disso, o tipo de fabricação vai depender das
dimensões do canal.

Existem algumas formas de representar o MOSFET do tipo N


(Canal N) e do tipo P (Canal P), sendo a primeira característica que pre-
cisamos frisar é que, na Figura 2.6.1 existem 4 terminais, mas na prática
o Body estará curto circuitado com o Source.

Figura 2.6.2 – Representações do NMOS.


ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

Fonte: Autor

Algumas considerações devem ser feitas a respeito dessas re-


presentações, primeiro que a seta está sempre no Source (assim como
no BJT estava sempre no emissor), o Gate é o terminal a esquerda e
o terminal de cima é o Drain. É visível uma região onde não há contato
entre o Gate e os outros dois terminais. Essa região é para representar
o Dióxido de Silício, que é um isolante. Dividimos o NMOS (o mesmo
63
para o PMOS) em dois tipos, os de enriquecimento (ENH) e os de de-
pleção (DEP) e temos representações para cada um deles. Acima estão
3 das principais maneiras de representá-los, na prática é muito comum
a última representação, e ela é usada de forma genérica, tanto para
enriquecimento, como para depleção.

Nos transistores do tipo depleção, há um canal construído


para conduzir a corrente entre os terminais, já no tipo enriqueci-
mento, o canal é induzido através de uma tensão de indução.

A corrente, no caso do NMOS entra pelo Drain e sai pelo Sour-


ce, além disso, entra uma corrente desprezível pelo Gate, assim sendo:
IS = ID + IG, mas como Ig é desprezível temos que:

Figura 2.6.3 – Representações do PMOS.

Fonte: Autor, 2023

As considerações feitas no caso do NMOS permanecem válidas,


a diferença agora é que a corrente entra pelo Source e sai pelo Drain.
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

É importante você não confundir as setas na última repre-


sentação dessas duas figuras. A última representação diz o senti-
do preferencial de corrente e, por isso, muda das duas representa-
ções anteriores.

Como já foi dito, a tensão no Gate controla a corrente no MOS-


64
FET, portanto, devemos aplicar uma tensão no Gate a qual representa-
mos por VGS (tensão entre o Gate e o Source), essa tensão deve supe-
rar uma tensão mínima para induzir portadores de carga na região que
chamamos de região de canal. Essa tensão mínima recebe o nome de
Tensão de Limiar e é representada por VT (Threshold voltage). Perceba
que nesse caso estamos induzindo um canal, ou seja, temos um Canal
Induzido e se trata de um MOSFET de enriquecimento. Além disso, para
fazer o controle da corrente entre Drain e Source é utilizada uma outra
fonte no Drain, para que exista uma tensão e atraia os elétrons, essa
tensão representamos por VDS.
Agora é possível entender a razão desse transistor ser cha-
mado de “efeito de campo”, ocorre que a tensão no Gate irá gerar um
acumulo de cargas positivas e na região de canal, um acumulo de car-
gas negativas, portanto, comporta-se como um capacitor de placas pa-
ralelas, com um material isolante no meio (Dióxido de Silício), portanto,
haverá um campo elétrico nesse material isolante.

REGIÕES DE OPERAÇÃO DO MOSFET

Assim como o BJT o MOSFET tem sua Curva Característica,


nessa curva há um certo valor de tensão, o qual chamamos de V(DS SAT),
valores de VDS acima dessa tensão de saturação o MOSFET se encon-
tra saturado, abaixo disso se encontra na região de tríodo e quando a
corrente no Drain é nula se encontra na região de corte. Tanto na região
de corte, como de tríodo, o MOSFET pode ser usado como chave e, por
isso, é tão aplicado em circuitos digitais. Já na região de saturação, o
MOSFET funciona como Amplificador ou Fonte de Corrente. É possível
calcular V(DS SAT) pela equação 2.7.1, ela nos diz que para cada valor de
tensão VGS teremos um valor de tensão de saturação. ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

Na Figura 2.7.1 a parte em amarelo representa a região de trí-


odo, e a parte azul, a região de saturação. Além disso, podemos traçar
a curva da corrente no Drain, com relação a Tensão entre o Gate e o
Source, essa chamamos de Curva de Transferência.

65
Figura 2.7.1 – Curva Característica do NMOS de Enriquecimento

Fonte: http://macao.communications.museum/por/exhibition/secondfloor/mo-
reinfo/2_10_4_howfetworks.html

As Curvas Característica e de Transferência do MOSFET


são um pouco diferentes, se esse for de enriquecimento ou de de-
pleção, e se for do tipo N ou do tipo P.
O link a seguir mostra como são as 4 curvas possíveis. ht-
tps://www.researchgate.net/figure/Estrutura-curvas-caracteristicas-
-e-simbolo-dos-4-tipos-de-MOSFETs-a-nMOS-de_fig7_237809447.
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

Vamos discutir um pouco cada uma das regiões do NMOS do


tipo enriquecimento.
a) Corte: Nesse caso temos VGS < VT e ID = 0A, portanto, não
há indução no canal.
b) Saturação: Nesse caso haverá indução no canal e teremos
VGS > VT, VDS ≥ VGS - VTe

66
O termo k'n é o Parâmetro de Transcondutância do Processo e
é calculado multiplicando a mobilidade dos elétrons pela capacitância
por unidade de área do óxido isolante.
c) Tríodo: Nesse caso, VGS > VT portanto, há indução no canal,
mas VDS < VGS - VT e

Vale ressaltar que se tivermos VDS2 ≈ 0 a equação 2.7.3 se reduz a

e, nesse caso, definimos uma resistência entre o Drain


e o Source, chamada de Resistência de Controle designada por
, por isso, essa região também é chamada de

Região Linear ou Ôhmica.


No caso do NMOS de depleção a corrente pode ser calculada
pela equação (2.7.5)

onde IDDS é a corrente quando VGS = 0V, ou seja, no ponto onde


a curva VGS × ID intercepta o eixo y, ela é a maior corrente antes de en-
trar na região de saturação e Vp é onde intercepta o eixo x, na Figura
2.7.2 Vp = -3,5V (o valor de Vp é negativo em regra).

Figura 2.7.2 – Gráfico VGS × ID do NMOS de Depleção ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

Fonte: Autor, 2023


67
QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2022 Banca: FCC Órgão: TRT - 5ª Região (BA) Prova: FCC -
2022 - TRT - 5ª Região (BA) - Analista Judiciário - Engenharia Elétrica
Considere a seguinte figura.

56.png (361×252)

Para montar o circuito de acionamento do motor CC acima, inicial-


mente foi feito o teste do motor à plena carga, obtendo-se a corren-
te de 200 mA, seguido do cálculo do resistor de base do transistor.
No entanto, ao testar o motor à plena carga com acionamento da
tensão de 5 V (Vin), observou-se que a rotação do motor estava
muito mais baixa que o esperado, porque
a) o valor do resistor de base mais adequado seria 220 kΩ, e não 22 kΩ.
b) o diodo de proteção está polarizado reversamente.
c) o transistor está com a junção base-coletor rompida.
d) o transistor está com a junção base-emissor rompida.
e) o valor do resistor de base mais adequado seria 2k2 Ω, e não 22 kΩ.
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

QUESTÃO 2
Ano: 2023 Banca: IF-MG Órgão: IF-MG Prova: IF-MG - 2023 - IF-MG
- Técnico de Laboratório - Área Eletroeletrônica
Observe atentamente a figura a seguir. Ela mostra o circuito de con-
trole de nível de água em um tanque com as seguintes características:
• O cursor do potenciômetro VR1 (1k Ohm) está mecanicamente
acoplado à boia do tanque de forma que a subida do nível de água
aumenta a tensão em TP2. Do contrário, a diminuição do nível de
água diminui a tensão em TP2.
• A válvula solenoide SL1 quando acionada libera a passagem de
68
água e desligada fecha a entrada de água no tanque. A saída de
água do tanque é manual.
•R4 está dimensionado para levar o transistor para a região de sa-
turação.
• Considere o amplificador operacional como ideal, energizado por
+12V e -12V.

Com relação ao funcionamento do circuito é incorreto se afirmar que:


a) IC1 é um amplificador operacional que faz a comparação de tensão
entre TP1 (tensão de referência de 5,1 volts) com a tensão TP2 entre
R2 e do potenciômetro VR1.
b) VR1 modifica sua resistência de acordo com a posição da boia dentro
do tanque. Acima ou abaixo do nível ajustado para se obter 5,1 volts no
divisor de tensão (TP2) ocorrerão as trocas da tensão de saída de IC1.
c) O nível do tanque, abaixo do limite ajustado, faz com que a válvula
SL1 seja acionada permitindo a entrada de água, ocorrendo o contrário
quando o nível está acima do desejado.
d) O desligamento de SL1 ocorre quando o transistor Q1 está em corte
o LED D1 ficará aceso e o LED D2 ficará apagado.
e) O acionamento da válvula solenoide SL1 é feito quando o transistor Q1
está em saturação. O LED D1 ficará aceso e o LED D2 ficará apagado.

QUESTÃO 3
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

Ano: 2012 Banca: IF/MG Órgão: IF/MG Prova: Técnico em Eletrôni-


ca Nível: Médio.
Dado o circuito abaixo, calcule a corrente IC.

69
a) 9,9 mA
b) 3,3 mA
c) 0,99 mA
d) 0,33 mA
e) N.d.a.

QUESTÃO 4
Prova: FUNDATEC - 2023 - IF-SC - Técnico de Laboratório - Área:
Eletromecânica
Transistores são componentes eletrônicos que permitem o contro-
le de uma corrente elétrica maior a partir de uma corrente menor.
Sobre esse assunto, analise as seguintes assertivas e assinale a
alternativa correta.
I. O transistor TBJ é um dispositivo unipolar, e o transistor FET é
bipolar.
II. O transistor TBJ pode ser utilizado como chave ou como ampli-
ficador.
III. Comparando os transistores FET e TBJ, o primeiro fornece uma
maior impedância de entrada.
a) Todas as assertivas estão corretas.
b) Todas as assertivas estão incorretas.
c) Apenas a assertiva I está correta.
d) Apenas as assertivas I e II estão corretas.
e) Apenas as assertivas II e III estão corretas.

QUESTÃO 5
Prova: UFMG - 2023 - UFMG - Engeheiro Eletricista
Considere o circuito do conversor controlado apresentado abaixo:
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

Considerando o ângulo de atraso (disparo) dos tiristores igual a


90º e o valor eficaz da fonte de tensão vs de 220 V, é CORRETO
afirmar que o valor médio da tensão de saída Vd vale
70
a) 140 V.
b) 127 V.
c) 0 V.
d) 380 V.

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE


Quais devem ser as resistências RD e RS para que VD =1V e ID = 0,4 mA.
Sabe-se que o transistor está na região de saturação, que o potencial
na fonte (Source) é negativo, .

TREINO INÉDITO
Acerca do MOSFET, assinale a alternativa verdadeira.
a) É um diodo que pode ser utilizado como chave para construção de
circuitos lógicos.
b) É um transistor que NÃO pode ser utilizado na construção de circui-
tos lógicos.
c) Pode ser dividido em Canal N e Canal P, o MOSFET Canal N (NMOS)
pode ser de enriquecimento ou depleção, já o MOSFET Canal P (PMOS)
só pode ser de depleção.
d) No caso do NMOS de enriquecimento, a região de tríodo pode ser
aproximada pela lei de Ohm e, por isso, recebe o nome de região Ôh-
mica (desde que VGS2 ≈ 0).
e) Eles são transistores de efeito de campo e NÃO possuem uma região
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

isolante.

NA MÍDIA
CRIADO UM TRANSÍSTOR QUE APRENDE
Sinapse transistorizada
Parece realmente estar se formando uma massa crítica que nos permiti-
rá passar da computação eletrônica tradicional para a computação neu-
romórfica, na qual os processadores funcionam de forma mais parecida
com o cérebro humano.
Depois de avanços importantes no campo dos já tradicionais memoris-
71
tores e do surgimento de um capacitor com memória analógica, ago-
ra foi fabricado o primeiro transístor capaz de também funcionar como
uma sinapse artificial.
Jennifer Gerasimov, da Universidade Linkoping, na Suécia, construiu o
transístor neuromórfico usando materiais orgânicos - à base de carbono
-, o que significa que os circuitos poderão ser fabricados por impressão
em substratos finos e flexíveis.
Transístor neuromórfico
Um transístor normal funciona como uma "válvula" que amplifica ou
amortece o sinal de saída, dependendo das características do sinal de
entrada ou de um sinal de controle.
No transístor eletroquímico orgânico construído por Jennifer, o canal
de passagem da corrente é feito de um plástico condutor eletropolime-
rizado. O canal pode ser formado, crescido ou encolhido, ou mesmo
completamente eliminado, em tempo de operação, o que permite que
a saída não seja simplesmente um sinal (1) ou um "não-sinal" (0), mas
uma infinidade de valores entre dois extremos.
O transístor neuromórfico pode ser treinado para reagir a um certo es-
tímulo, um determinado sinal de entrada, de modo que o canal do com-
ponente se torne mais condutor e o sinal de saída maior, ou vice-versa,
criando uma conexão dinâmica entre uma entrada e uma saída.
A equipe demonstrou esse funcionamento incorporando o transístor em
um circuito eletrônico que aprende como associar um certo estímulo a
um determinado sinal de saída, da mesma forma que um cão aprende
que o som de uma tigela de comida sendo preparada significa que o
jantar está a caminho.
"É a primeira vez que a formação em tempo real de novos componentes
eletrônicos é mostrada em dispositivos neuromórficos," disse o profes-
sor Simone Fabiano, cuja equipe havia desenvolvido recentemente um
transístor que funciona com calor e um chip bioeletrônico que funciona
dentro d'água.
Inteligência artificial em hardware
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

O transístor neuromórfico é um passo importante para o aprendizado


de máquina em hardware, e ainda com a vantagem de usar eletrônica
orgânica.
As redes neurais artificiais baseadas em software são usadas atual-
mente no que é conhecido como "aprendizado profundo". O software
requer que os sinais sejam transmitidos entre um grande número de nós
para simular uma única sinapse, o que consome um considerável poder
computacional e, portanto, muita energia.
Fonte: Inovação tecnológica
Data: 07/02/2019
72
Leia a notícia na íntegra: https://www.inovacaotecnologica.com.br/noti-
cias/noticia.php?artigo=transistor-que-aprende&id=010110190207

NA PRÁTICA
Transistores exercendo a função de chaves eletrônicas são a base da
eletrônica digital (que será introduzida no último capítulo), são fortemen-
te utilizados em computadores, calculadoras, celulares e muitos outros
aparelhos, permitindo portas lógicas, por exemplo.
Eles também têm aplicações como amplificadores, que podem ser úteis
desde a indústria musical, até eletrodomésticos e na automação indus-
trial como um todo.
O transistor tem forte importância acadêmica e científica também, sen-
do usado em inúmeros equipamentos de laboratórios de física, química,
engenharia e computação. É tema de muitos trabalhos científicos e ino-
vações tecnológicas.
Também é aplicado em inúmeros equipamentos hospitalares com fun-
cionamento eletrônico.

ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

73
AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

Nesse capítulo estudaremos os Amplificadores Operacionais


ou AMP-OP, e serão abordados o seu funcionamento, os modelos e
algumas aplicações.
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

INTRODUÇÃO E FUNCIONAMENTO

Os AMP-OP são representados pelo Figura 3.1.1, na realidade,


dentro deles existe um circuito muito complexo. Esse capítulo pretende
discutir o funcionamento do AMP-OP em circuitos e não sua estrutura
física interna, que é bem mais complicada.

74
Figura 3.1.1 – Representação do Amplificador Operacional

Fonte: Autor, 2023

Os dois terminais a esquerda são chamados de inversor (ne-


gativo) e não inversor (positivo). O terminal do lado direito é chamado
de saída. O outros dois serão a alimentação do amplificador. Em geral,
as duas alimentações são simétricas, ou seja, iguais em módulo, mas
distintas em sinal, sendo o de baixo positivo e o de cima negativo. Essa
alimentação costuma valer em módulo de 5 a 10 volts.

Os AMP-OP permitem a realização de operações matemá-


ticas com sinais: adição, subtração, multiplicação, integração, di-
ferenciação, entre outros, por isso, recebe o nome de operacional.

Acerca do funcionamento, a tensão de saída chamamos de


Vo, as entradas chamaremos de V+ e V-, temos a seguinte relação entre
essas tensões:
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

onde A é uma constante de valor muito alta e está relacionada


com a amplificação do AMP-OP.

A equação 3.1.1 é válida na Região Linear do AMP-OP, na


realidade, Vo está limitada pela alimentação, ou seja, - Vcc ≤ Vo ≤ +
Vcc. Quando Vo vale ± Vcc dizemos que o AMP-OP está na região
75
saturada, assim sendo, podemos construir o gráfico representado
na Figura 3.1.2.

Figura 3.1.2 – Gráfico da tensão de saída do AMP-OP com Vcc = 15V e A = 15


(valor baixo e meramente ilustrativo).

Fonte: Autor, 2023

AMPLIFICADOR OPERACIONAL IDEAL

Embora simples, esse modelo serve para muitos fins práticos,


muitos circuitos são resolvidos utilizando apenas esse modelo ideal.
Pela Figura 3.1.1, os AMP-OP possuem dois terminais de alimen-
tação, nesse modelo ideal desconsideramos esses dois terminais, conec-
tamos a saída em uma fonte que está aterrada, a tensão nessa fonte é
dada pela equação 3.1.1. Ilustramos esse modelo na Figura 3.2.1 abaixo.
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

Figura 3.2.1 – Ilustração do AMP-OP ideal

Fonte: Autor, 2023


76
Como o circuito entre os potenciais positivo e negativo é aberto
não há corrente, então

além disso, a resistência de entrada é muito alta, por isso, con-


sideramos um circuito aberto, dessa forma,

No que diz respeito à saída, a corrente de saída (I_o) não tem


restrição, pois,

Nesse modelo desconsideramos ruídos e alterações provenientes


de mudanças térmicas, a constante A de amplificação é infinito portanto,

AMPLIFICADOR OPERACIONAL REAL

Agora passamos a considerar alguns aspectos a mais, por


exemplo, a Tensão de Offset (VOS), essa tensão no caso ideal é nula,
pois, ela é devida aos terminais de alimentação, na realidade ela é da
ordem de micro a mili volts.
Outros pontos a serem considerados são o ganho (A) e as
resistências. O quadro abaixo faz um comparativo das características
constatadas entre o AMP-OP ideal e o real.

Quadro 3.3.1 – Comparação entre o AMP-OP Ideal e o AMP-OP Real.


ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

Fonte: Autor, 2023

Outro aspecto importante são as correntes de polarização.


Consideramos anteriormente que não entram correntes no AMP-OP –
77
equação (3.2.1) – mas na realidade existe o que chamamos de corrente
de polarização, ela é necessária para que o AMP-OP funcione.

Suponha que coloquemos capacitores para filtrar a cor-


rente, que passará pelos terminais de entrada do AMP-OP, nesse
caso, o AMP-OP não irá funcionar.

Outro aspecto é o Slew Rate que é um “atraso” na resposta


da tensão de saída com relação a de entrada. De acordo com Junior
(2003, p. 36): “Defini-seslew rate (SR) de um amplificador como sendo
a máxima taxa de variação da tensão de saída por unidade de tempo.
Normalmente o SR é dado em V/µs.” Em linguagem matemática

MODOS DE OPERAÇÃO DO AMP-OP

Os AMP-OP possuem 3 modos de operação: sem realimenta-


ção, realimentação positiva e realimentação negativa.

Figura 3.4.1 – AMP-OP sem realimentação


ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

Fonte: Autor, 2023

Nesse caso, o ganho do AMP-OP é informado pelo fabricante,


é muito utilizado como comparador. Também conhecemos esse modo
como Operação em Malha Aberta.

78
Figura 3.4.2 – AMP-OP com realimentação positiva

Fonte: Autor, 2023

Nesse caso, o AMP-OP não trabalha como amplificador, pois,


sua resposta é não linear, o circuito é instável e utilizado como oscilador.
Também conhecemos esse modo como Operação em Malha Fechada.

Figura 3.4.3 – AMP-OP com realimentação negativa

Fonte: Autor, 2023

Também é conhecida como Operação em Malha fechada, mas,


nesse caso, a resposta é linear e o ganho pode ser controlado pelo proje-
tista do circuito. A aplicação desse modo é vasta: amplificador não-inversor
e inversor, somador, subtrator, diferenciador, integrador, filtros ativos entre
outros. Chamaremos a realimentação negativa de RN para simplificar.
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

Outras vantagens da RN são: o aumento da impedância


de entrada que aproxima o AMP-OP do ideal; a diminuição da im-
pedância de saída novamente aproximando o AMP-OP do ideal; a
possibilidade de minimizar ruídos acrescentando capacitores nas
alimentações do AMP-OP.

79
Em seguida, serão discutidas algumas aplicações dos AMP-
-OP, alguns aspectos mais específicos acerca dos AMP-OP, que serão
sugeridos nas indicações bibliográficas.

AMPLIFICADOR INVERSOR E NÃO-INVERSOR

Esse amplificador ocorre no modo de RN, na realidade, o cir-


cuito que será resolvido é exatamente o contido na Figura 3.4.3. Vamos
encontrar a relação entre a tensão de saída e a tensão de entrada, para
isso, assumiremos o AMP-OP ideal, isso significa que i+ = i- = 0 e que V+
= V-, assim sendo, a corrente que passa por R é a mesma que passa por
Rf, chamaremos essa corrente de i, sendo assim,

Portanto,

mas sabemos que V+ = V- = 0 pois V+ está aterrado, assim sendo:

A equação 3.5.1 mostra que a tensão de saída é o oposto da


ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

de entrada, por isso, esse circuito recebe o nome de inversor. Além dis-
so, perceba que podemos controlar o módulo da tensão de saída, atra-
vés do valor das resistências, em módulo, quanto maior a resistência de
realimentação Rf maior será a tensão de saída.

Em nenhum momento assumimos qualquer forma para a


80
tensão de entrada, portanto, Vi pode ser constante, pode ser senoi-
dal, pode ser uma função de Heaviside (degrau) entre outros.

Existe também o Amplificador não-inversor, esse será dado por


um circuito como o da Figura 3.5.1.

Figura 3.5.1 – AMP-OP não-Inversor.

Fonte: Autor, 2023

Nesse caso, o amplificador continua sendo ideal e, portanto, a


corrente em R é igual a corrente em Rf (chamamos essa corrente de i)
e, além disso, os potenciais nos terminais positivo e negativo são iguais,
assim sendo:

Assim sendo, podemos reduzir essas duas equações

ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

Com isso, podemos controlar o sinal de saída, escolhendo as


resistências, quando maior a resistência de realimentação, maior será
o sinal de saída.

81
Fizemos a conta escolhendo um sentido de corrente sain-
do do terra e percorrendo o fio até a saída do circuito. Se você fizer
o inverso obterá o mesmo resultado, isso é importante, pois, pode-
ríamos ter uma tensão de entrada negativa ou até senoidal.

AMPLIFICADOR SOMADOR E SUBTRATOR

Como já foi mencionado, podemos utilizar os AMP-OP para so-


mar ou subtrair sinais. Vamos começar somando 2 sinais, em seguida, o
resultado será generalizado para n, é possível fazer um Somador Inver-
sor ou não-Inversor, nesse momento será resolvido o Somador Inversor.

Figura 3.6.1 – Circuito de um AMP-OP Somador Inversor

Fonte: Autor, 2023

Existirão correntes distintas em R1 e R2, mas após chegarem


ao nó, irão se “juntar” por conta da primeira Lei de Kirchhoff, essa nova
corrente passará por Rf. Assim sendo teremos que:
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

e pela Lei de Ohm teremos que , com isso

A equação (3.6.1) pode ser generalizada para várias tensões


82
de entrada

observe que se as resistências forem iguais a equação 3.6.2


irá literalmente somar as tensões de entrada, amplificá-las e inverter o
sinal, por isso, o nome de Somador Inversor.
Além do somador, temos também o circuito subtrator, a Figura
3.6.2 abaixo mostra o circuito que será resolvido.

Figura 3.6.2 – Circuito de um AMP-OP Subtrator

Fonte: Autor, 2023

Considerando o AMP-OP sabemos que não haverá corrente


nos terminais positivo e negativo. Dessa forma, a corrente que passa
por R1 é também a que passa por Rf e a que passa por R2 é também a
que passa por R3, assim sendo:

e também
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

Sabemos também que os potenciais nos terminais positivo e


negativo do AMP-OP são iguais, portanto,

A equação (3.6.3) mostra que a tensão de saída é uma sub-


tração das tensões de entrada, multiplicadas por constantes, definidas
83
pelos valores das resistências.

Em um projeto, você pode controlar como quer subtrair as


tensões, escolhendo as resistências.

AMPLIFICADOR DIFERENCIADOR E INTEGRADOR

Além de resistores, podemos incluir capacitores na análise dos


AMP-OP, isso possibilitará realizar diferenciação e integração de sinais
de entrada. Vamos começar pelo diferenciador. Abaixo está representa-
do o circuito o qual iremos resolver.

Figura 3.7.1 – Circuito com AMP-OP Diferenciador

Fonte: Autor, 2023

Assumindo o AMP-OP ideal e sabendo que o terminal positivo


está aterrado, teremos que a diferença de potencial nos terminais do
capacitor é Vi - 0 = Vi = Q/C. Além disso, analisando o resistor Rf temos
que 0 - Vo → Vo = -Rfi, ora, mas se Vi = Q/C então ,
dessa forma:
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

Ou seja, a tensão de saída é o oposto de uma constante multi-


plicada pela derivada da tensão entrada.

84
Note que se a tensão de entrada é constante não haverá
tensão de saída.

Há também o circuito integrador, a Figura 3.7.2 abaixo mostra


o circuito que será resolvido nesse caso.
Novamente, o AMP-OP é suposto ideal e, por isso, o potencial
do terminal negativo também é zero, e a corrente que chega em ambos
os terminais é zero, a consequência é que a corrente que passa por R é
integralmente levada ao capacitor para carregá-lo. Pela Lei de Ohm te-
mos , além disso, a carga no capacitor será Q= - CVo, ora,

se então , portanto:

Figura 3.7.2 – Circuito do AMP-OP integrador.

Fonte: Autor, 2023


ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

A integral da equação (3.7.2) é indefinida, em uma situação


prática a integral deve ser definida ou então devemos acrescentar
uma constante arbitraria ao final da equação. Vale ressaltar também
que o circuito da Figura 3.7.2 possui um grave defeito, caso a tensão
de entrada seja constante, a corrente também será, e isso sobrecarre-
gará o capacitor até que ele se danifique, tal problema também ocorre
85
se o sinal for ondulatório, mas com um período muito longo. Uma
maneira de resolver esse problema é com um limitador de ganho para
baixas frequências, que é um resistor em paralelo ao capacitor.
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

86
QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Prova: OBJETIVA - 2023 - Prefeitura de Lavras do Sul - RS - Enge-
nheiro Eletricista
Um transformador apresenta uma tensão de entrada de 13,8kV e
uma tensão de saída de 440V. Caso o valor da corrente de entrada
seja de 5 A, o valor da corrente de saída no transformador será,
aproximadamente, de:
a) (271/√2) A
b) (1084/√5) A
c) (271/√3 ) A
d) (348/√7) A

QUESTÃO 2
Prova: FUMARC - 2023 - AL-MG - Técnico de Apoio Legislativo -
Técnico em Eletrônica
Reguladores de tensão são uma classe de circuitos integrados (CI)
largamente utilizados em fontes de alimentação. As afirmativas
abaixo referem-se a circuitos integrados reguladores de tensão:
I) Dropout é o valor mínimo de tensão entre os terminais de entrada
e saída do CI regulador, que garante a sua atuação.
II) A série 78XX é formada por reguladores de tensão negativa.
III) Regulação de carga é a medida da variação de tensão na saída
para uma determinada variação da tensão de entrada.
IV) O CI LM317 é um exemplo de um regulador que pode operar
com tensão de saída ajustável.
Está CORRETO apenas o que se afirma em:
a) I e III.
b) I e IV.
c) II e III.
d) II e IV.
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

QUESTÃO 3
Prova: VUNESP - 2020 - Prefeitura de Cananéia - SP - Operador de
Raios-X e Ultrassom
Qual é o dispositivo responsável por aumentar a tensão de saída
do autotransformador para a tensão de pico necessária para a pro-
dução de raios X?
a) Gerador de alta tensão.
b) Transformador de alta tensão.
c) Transformador de filamentos.
87
d) Diodo retificador.
e) Capacitor.

QUESTÃO 4
Prova: UFSC - 2023 - UFSC - Tecnólogo/Mecatrônica Industrial
Considere o circuito da figura a seguir. Sabendo que a tensão de
entrada é 9 V, qual é o valor da tensão de saída vo?

a) 1,8 V.
b) 3,6 V.
c) −1,8 V.
d) −3,6 V.
e) −0,9 V.

QUESTÃO 5
Prova: FCC - 2023 - Copergás - PE - Engenheiro Eletricista
Sobre o ESP32, a tensão de operação (nível lógico alto) e o trans-
dutor que ele possui que altera a tensão de saída ao interagir com
um campo magnético são, respectivamente,
a) 3,3 V e efeito Hall.
b) 5 V e efeito capacitivo.
c) 12 V e efeito Hall.
d) 3,3 V e efeito Skin.
e) 5 V e efeito Lenz.
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE


Dado o circuito abaixo, encontre a expressão para Vo em função das re-
sistências e das tensões de entrada. Assuma o AMP-OP ideal e interprete
o desenho, não como 3 resistências em paralelo, mas sim n resistência
das quais apenas a primeira, a segunda e a última foram representadas.
OBS: Uma dica para resolver é primeiro fazer o caso n=2 e depois gene-
ralizar para um n qualquer, tal como foi feito ao longo do capítulo.

88
TREINO INÉDITO
Um amplificador integrador possui sinal de entrada dado pela se-
guinte função:

Qual será o sinal de saída sabendo que o capacitor vale 10 µF e a


resistência 100 kΩ? Desconsidere possíveis constantes.
a)Vo=1V
b)Vo=10(-3)V.
c) Vo=10(-6)V.
d) Vo=103V.
e)Vo=10mV.

NA MÍDIA
FALANDO EM AMPLIFICAÇÃO COM A DB SERIES
A DB Series, sediada em Nova Prata (RS), iniciou nos anos 1980 fabrican-
do e consertando aparelhos eletrônicos. Seu fundador, Leonel Ivo Kruger,
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

músico e apaixonado pela eletrônica, fabricou órgãos eletrônicos, amplifi-


cadores para instrumentos musicais e para uso profissional, entre outros
equipamentos, sempre se destacando com soluções para seus clientes.
Em 2009, a empresa aprimorou seu corpo técnico e com uma equipe
comprometida com o desenvolvimento de novas tecnologias, quebrou
alguns paradigmas e desenvolveu uma linha de amplificadores basea-
dos na classe de amplificação D e com fonte linear, expandindo seu
catálogo e alcance no mercado.
O sócio e proprietário Pedro Gehring, que adquiriu a empresa com Cris-
tian Reginatto das mãos do primeiro dono, Leonel Kruger, conta mais
89
sobre o desenvolvimento da tecnologia e dos produtos.
M&M: A DB Series têm desenvolvimento próprio?
Pedro Gehring: Nós desenvolvemos nossa tecnologia, tanto que no co-
meço usávamos componentes que limitavam os nossos produtos a 600-
700 watts e hoje estamos com 12.000 watts, depois de muita engenharia.
M&M: O que define um bom amplificador para vocês da DB Series?
Pedro: O projeto de construção, os componentes e o conceito. Tem
de ter uma seleção muito específica dos componentes para respeitar
o espectro de áudio; ter bons amplificadores operacionais que deem
resposta de frequência e velocidade rápida; a fonte precisa ter bastante
capacitância; um bom conector, o que determina muito o desempenho
do aparelho; o layout de placa — esses são alguns fatores.
Fonte: Música e mercado
Data: 29/12/2021
Leia a notícia na íntegra: https://musicaemercado.org/falando-em-am-
plificacao-com-db-series/

NA PRÁTICA
As aplicações dos AMP-OP são vastas, não é raro que em um proje-
to, o engenheiro necessite somar, subtrair, diferenciar e integrar sinais,
as vezes sua entrada precisa ser senoidal, mas a saída precisa ser
cossenoidal, dessa forma, um Amplificador Diferenciador ou Integrador
resolve o problema.
Também é comum utilizar Amplificadores Operacionais simplesmente
para amplificar ou inverter sinais, o que é muito fácil visto os Circuitos
Inversor e não-Inversor os quais é possível inclusive controlar a ampli-
tude do sinal escolhendo a resistência de realimentação.
Existem também os chamados Filtros Ativos (Veja a Indicação Biblio-
gráfica), desde os cursos mais básicos de Circuitos Elétricos se estuda
a utilização de capacitores como filtros para passar baixas ou altas fre-
quências. Os AMP-OP podem ser utilizados com mesma função, contu-
do, possuem a enorme vantagem de serem ativos, ou seja, temos mais
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

controle sobre eles, os capacitores (assim como resistor e indutor) per-


tencem a uma categoria chamada de “passivos” exatamente por essa
falta de controle sobre sua atividade.
AMP-OP são vastamente utilizados na indústria musical para constru-
ção de equipamentos de som como pedais, caixas de som, amplifica-
dores e etc.

90
CIRCUITOS LÓGICOS DIGITAIS E O
CLP (CONTROLADOR LÓGICO PRO-
GRAMÁVEL)

Esse capítulo irá se dedicar a introduzir a Eletrônica Digital,


até então foi estudada apenas a Eletrônica Analógica. Começaremos
discutindo o Sistema Numérico e a lógica decimal, em seguida a Lógica
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

e Álgebra Booleana, esses são os dois requisitos básicos para se com-


preender as Portas Lógicas e, assim resolver os chamados Circuitos
Lógicos Digitais, por fim, haverá uma discussão a respeito do CLP.

SISTEMA E LÓGICA BINÁRIA

Em geral, utilizamos um sistema numérico chamado de Deci-


mal, ou seja, na base 10, ele utiliza 10 símbolos: 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8,
9. Qualquer número natural em uma base decimal pode ser escrito por
91
meio da equação (4.1.1):

onde ai é um algarismo qualquer. Se desenvolvermos o soma-


tório, vemos que na realidade estamos somando um algarismo multi-
plicado pela unidade, com um algarismo multiplicado pela dezena, e
assim por diante.
Um outro sistema numérico muito importante, em especial para
computação, eletrônica digital, informática, entre outros, é o sistema Bi-
nário, seu nome é autoexplicativo, o prefixo “bi” significa “2”, dessa forma,
a base dos números nesse sistema é 2. Dessa forma, qualquer número
nesse sistema é escrito utilizando apenas dois algarismos, o 1 e o 0. A ele-
trônica digital se baseia tanto no sistema binário, quanto na lógica binária.

A eletrônica pode ser classificada em duas grandes áreas: analógica e digital.


A eletrônica analógica é aquela que trabalha com sinais elétricos de infinitos
valores de tensão e corrente. Já, a eletrônica digital trabalha apenas com
dois níveis de sinais elétricos: alto e baixo, cujos valores dependem do tipo
de tecnologia empregado. (LOURENÇO, et al, 2012, p. 11)

No sistema binário não utilizamos os termos: unidade, dezena,


centena... Utilizamos o conceito de bit (binarydigit), em que cada dígito
ou algarismo de um número binário é um bit, ainda sim, existe paridade
em números binários, os impares terminam em 0 e os pares em 1.
Para converter um número binário em decimal basta substituir
o 10 na equação (4.1.1) por 2. Por exemplo, vamos escrever o número
1001 na base decimal, para isso observe que n=3 pois, existem 4 al-
garismos, mas a contagem começa por zero e não por 1, dessa forma:

Ndecimal = a323 + a2 22 + a121 + a020 = 1.8 + 0.4 + 0.2 + 1.1 = 8 + 1 = 9.


ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

Para converter um número, na base decimal em um número


binário, devemos dividir o número decimal por 2, até que o quociente
da divisão seja zero. O número binário será formado pelos restos da
divisão. Como exemplo, vamos encontrar o número 81 na base decimal.

81÷2=40 e resto 1
40÷2=20 e resto 0
20÷2=10 e resto 0
10÷2=5 e resto 0
92
5÷2=2 e resto 1
2÷2=1 e resto 0
1÷2=0 e resto 1
o número 81 na base binário será:1010001

O quadro 4.1.1 mostra a equivalência do sistema decimal em


binário.

Quadro 4.1.1 – Equivalência dos números escritos em sistema decimal e


binário

Fonte: Autor. 2023

Outros sistemas numéricos importantes são os Hexadeci-


mais e os Octais.

No que diz respeito à lógica binária, é a lógica formada por sim


(1) ou não (0), ou seja, vale o princípio do terceiro excluído, segundo
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

o qual não há uma terceira opção, ou algo é verdade (1) ou falso (0).
Nessa lógica é como se fosse uma chave aberta ou fechada, ela está
fechada (portanto 0) ou está aberta (portanto 1).
A lógica é um ramo da filosofia e da matemática, com origem
na Grécia. Nos escritos de Platão encontramos alguns prelúdios do que
viria a ser a lógica nos momentos em que Sócrates buscava contradições
nos discursos das pessoas. Outra importante figura, é Parmênides, cuja
ideia pode ser considerada uma versão antiga do princípio do terceiro
excluído, segundo Parmênides “O ser é e o não ser não é”. Contudo, foi
Aristóteles que formalizou as ideias desses pensadores (e outros mais) e
93
criou a chamada lógica clássica, nos dias atuais existem outros sistemas
lógicos como a lógica modal e a paraconsistente. Essa lógica possui 3
princípios: Identidade, terceiro excluído e não contradição.

CONCEITOS DA ÁLGEBRA BOOLEANA

Gerge Boole foi um matemático que sistematizou a lógica dis-


cutida na seção anterior, em uma álgebra que passou a ser conhecida
como Álgebra Booleana, que passou a ser utilizada em massa, a partir
da década de 30. Inclusive, foi Boole que apresentou a lógica binária
que citamos anteriormente.
Para iniciar os estudos dos circuitos lógicos precisamos primeiro
compreender os fundamentos da Álgebra Booleana, os 3 assuntos funda-
mentais necessários são: variáveis lógicas, tabela-verdade e níveis lógicos.

a) Variáveis Lógicas:

São variáveis que podem assumir apenas 2 valores, 0 ou 1.


Em geral são representadas por letras e são manipuladas ma-
tematicamente através das regras da Álgebra Booleana. Essas variáveis
são utilizadas na modelagem e descrição de sistemas, em especial de
circuitos digitais onde 1 representa que o elemento está ativo (ligado ou
acionado) e 0 que está inativo (desligado ou desacionado). A Figura 4.2.1
mostra um circuito simples, formado por uma bateria, uma chave e uma
lâmpada, vamos modelar esse sistema utilizando a Álgebra Booleana.

Figura 4.2.1 – Circuito Formado por uma Bateria, uma Chave e uma Lâmpada.
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

Fonte: Autor

Podemos modelar o circuito da seguinte maneira: C representa


a variável Lógica que corresponde a chave e L a lâmpada, dessa forma:

94
portanto L = C, pois C = 1 → L = 1, ou seja, quando a chave
está fechada a lâmpada está acesa. Outra forma de escrever esse pro-
blema é utilizando funções, L = f(C), ou seja, a variável L é uma função
da variável C.

b) Tabela Verdade:

Muitas vezes as funções lógicas são extremamente comple-


xas, e uma maneira de facilitar a solução delas é por meio da chamada
Tabela Verdade, ela simplifica o problema organizando todas as possi-
bilidades dos valores de entrada das variáveis lógicas.
Por exemplo, na Figura 2.4.2 temos um circuito com duas cha-
ves, essa pode ser entendida como uma porta lógica AND (veremos
na próxima seção o que isso significa). Embora ainda seja um circuito
simples vamos descrevê-lo utilizando uma tabela lógica.

Figura 2.4.2 – Circuito com duas Chaves e uma Lâmpada.

Fonte: Autor
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

Nesse caso, convencionamos que as chaves recebem valor 1,


quando fechadas, e 0 quando abertas, além disso, a lâmpada recebe 0
quando apagada e 1 quando acesa. Dessa forma a tabela verdade fica:

95
A quantidade de colunas é exatamente a quantidade de va-
riáveis lógicas, já a quantidade de linhas, é 2 elevado a quantidade
de variáveis lógicas, pois, cada uma dessas variáveis tem 2 opções.

c) Níveis Lógicos:

Um nível lógico é um valor que uma variável lógica pode assu-


mir, como a Álgebra Booleana se fundamenta na lógica binária, então
existem apenas dois níveis lógicos, o nível lógico 0 (pode ser represen-
tado por uma chave aberta) e o nível lógico 1 (chave fechada).

PORTAS LÓGICAS

De acordo com Lourenço et al (2012, p. 57), as portas lógicas


são “os dispositivos básicos dos circuitos digitais e têm como objetivo a
implementação de funções lógicas. Existem 3 funções lógicas básicas
(AND, OR e NOT) e outras que derivam dessas (NAND, NOR, XOR,
XNOR), podemos compreender uma função lógica como uma operação
dentro da álgebra booleana aplicada a uma ou mais variáveis lógicas.

a) Porta Lógica AND:

É a porta lógica que faz o papel do conectivo lógico E, como no


ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

circuito estudado na Figura 4.2.4, pois, para a lâmpada acender C1 E


C2 devem estar fechadas.
A porta lógica AND é usada em um circuito para executar a fun-
ção lógica AND, ou seja, produzir o efeito do conectivo lógico E comen-
tado acima. Para a função lógica AND receber o valor 1 precisamos que
todas as variáveis lógicas recebam valor 1, ou seja, a função é verdadeira
se, e somente se, todas as variáveis de entrada forem verdadeiras. Para
representar a operação AND utilizamos como símbolo um ponto (.), por
exemplo: S = A.B significa que S é igual a A AND B, ou seja, para S ser
1 precisamos que A e B sejam 1, ou seja, A AND B é verdadeira. Nova-
96
mente, se retomarmos a Figura 4.2.4 podemos escrever a função AND do
circuito como L = C1.C2. A Figura 4.3.1 abaixo mostra a representação e
a Tabela Verdade Característica dessa porta lógica.

Figura 4.3.1 – Representação e Tabela Verdade da Porta Lógica AND.

Fonte: Autor, 2023

Vale ressaltar a importância de representações simplificadas


das portas lógicas pois elas podem ser muito complexas dentro de
um circuito, um exemplo pode ser visto em Lourenço (2012, p. 59).

b) Porta Lógica OR:

É a porta lógica que faz o papel do conectivo lógico OU, ela é


usada em um circuito para executar a função lógica OR. Para a função
lógica OR receber o valor 1 precisamos que pelo menos uma das vari-
áveis de entrada receba o valor 1, utilizamos o símbolo (+) para repre-
sentar a operação OR, temos o exemplo de um circuito desse tipo na
Figura 4.3.2 abaixo.
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

Figura 4.3.2 – Circuito com duas Chaves paralelas e uma Lâmpada.

97
Fonte: Autor, 2023

Observe que basta uma das duas chaves estar fechada para a
lâmpada funcionar, dessa forma descrevemos o circuito da seguinte ma-
neira: L = C1 + C2, ou seja, basta que C1 ou C2 seja 1 para que L seja 1.
Representamos o símbolo dessa porta lógica e sua tabela ver-
dade característica pela Figura 4.3.3 abaixo.

Figura 4.3.3 – Representação e Tabela Verdade da Porta Lógica OR.

Fonte: Autor, 2023

c) Porta Lógica NOT:

Também é conhecida como porta inversora ou inversor, ela


executa a função Lógica NOT, essa função, por sua vez, executa a ope-
ração de inversão, ou seja, converte um sinal 1 em um sinal 0 e vi-
ce-versa. Existem algumas notações para essa operação, utilizaremos
uma barra em cima da variável lógica, a Figura 4.3.4 mostra um circuito
que realiza a função lógica NOT utilizando uma chave.

Figura 4.3.4 – Circuito com uma chave paralela a uma Lâmpada.


ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

Fonte: Autor, 2023

Nesse circuito fica nítido que, para a Lâmpada ascender a cha-


ve deve estar aberta. Vale ressaltar que a única função da resistência é
98
evitar uma corrente muito grande passando pela chave. Descrevemos o
circuito por , a representação dessa porta, assim como sua tabela
verdade característica é mostrada na Figura 4.3.5 abaixo.

Figura 4.3.5 – Representação e Tabela Verdade da Porta Lógica NOT.

Fonte: Autor, 2023

d) Porta Lógica NAND:

Essa porta executa o inverso da função lógica AND, portanto, a


saída assume o nível lógico 1 se pelo menos uma das variáveis de entra-
da assumir o valor 0, escreve-se a operação dessa função lógica como
, a representação e tabela verdade encontram-se na figura abaixo.

Figura 4.3.6 – Representação e Tabela Verdade da Porta Lógica NAND

Fonte: Autor, 2023

e) Porta Lógica NOR:


ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

Essa porta executa o inverso da função lógica OR, portanto, a


saída assume o nível lógico 1 se todas as variáveis de entrada assumirem
o valor 0, escreve-se a operação dessa função lógica como a
representação e tabela verdade encontram-se na figura abaixo.

99
Figura 4.3.7 – Representação e Tabela Verdade da Porta Lógica NOR

Fonte: Autor, 2023

f) Porta Lógica XOR:

Essa porta lógica executa a função de OU EXCLUSIVO, nesse


tipo de OU apenas uma das duas variáveis de entrada pode receber o
nível lógico 1 para que a saída seja 1. Escreve-se a operação dessa
função lógica como , a representação e tabela verdade encon-
tram-se na figura abaixo.

Figura 4.3.8 -Representação e Tabela Verdade da Porta Lógica XOR

Fonte: Autor, 2023


ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

“A função XOR pode ser também representada por uma


soma de produto obtido através da análise da tabela verdade”.
(LOURENÇO, 2012, p. 66)

100
g) Porta lógica XNOR:

Essa porta lógica executa a função lógica que possui saída 1


no caso do nível lógico das variáveis de entrada serem iguais. A opera-
ção lógica dessa função é , a representação e tabela verdade
encontram-se na figura abaixo.

Figura 4.3.9 - Representação e Tabela Verdade da Porta Lógica XNOR

Fonte: Autor, 2023

É possível observar pela tabela verdade da Figura 4.3.9


que , além disso, essa função também pode ser es-
crita através de uma soma: .

CIRCUITOS COMBINACIONAIS

Circuitos formados por combinações de portas lógicas chama-


ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

mos de combinacionais, para eles podemos encontrar expressões que


relacionam as entradas e saídas do sistema. Por exemplo, podemos uti-
lizar a álgebra booleana para descrever o circuito da Figura 4.4.1 abaixo.

Figura 4.4.1 – Circuito formado por 4 chaves, uma Bateria e uma Lâmpada.

101
Fonte: Autor, 2023

A variável L recebe o nível lógico 1 (lâmpada acesa) quando S1


e S2 ou S3 e S4 estão fechados (nível lógico 1), dessa forma:

L = S1 • S2 + S3 • S4.

Podemos também representar essa expressão por meio de


portas lógicas em um circuito lógico, como o da Figura 4.4.2 abaixo.

Figura 4.4.2 – Circuito Lógico equivalente ao circuito da Figura 4.4.1.

Fonte: Autor, 2023

Essa linguagem matemática pode ser usada para descre-


ver uma grande variedade de sistemas, nas páginas 71, 72 e 73 de
Lourenço et al (2012) você encontrará uma modelagem para o con-
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

trole de Bombeamento de Água, é interessante para sua formação


ter contato com esse tipo de problema prático.

Partindo de uma expressão booleana é possível implementar o


circuito combinacional, alguns exemplos abaixo retirados de Lourenço
et al (2012, p. 78).

102
a) :

Essa expressão possui um sinal de adição, o que significa o


conectivo lógico OU, dessa forma precisamos de uma porta lógica OR,
onde uma das entradas é a variável X e a outra a variável , dessa
forma precisamos de uma porta lógica AND, com uma das entradas Z,
e outra com um inversor com entrada Y, portanto:

b) :

Essa expressão possui uma porta OR, e então temos duas op-
ções, para teremos uma porta AND com um inversor na entrada A, e
para temos uma porta AND com B em uma entrada e em
outra. Nessa última entrada temos uma porta lógica NOR, pois, temos a
negação da porta OR. Assim sendo:

Também é possível fazer o inverso, dado um circuito lógico


podemos encontrar sua expressão, seguem dois exemplos retirados de
Lourenço et al (2012, p. 79). ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

a) Para encontrar a expressão do circuito convém iniciar a aná-


lise pela porta cuja saída é S, partindo dessa porta vemos suas duas
(ou mais) entradas, nesse caso, a porta lógica cuja saída é S tem B em
uma de suas entradas, na outra existe uma porta lógica OR e nessa
porta há uma entrada C e outra porta lógica dessa vez sendo NAND
a qual possui A e B como entrada, essa última porta lógica possuirá a
expressão , já a porta OR possuíra expressão . Dessa forma
. Podemos construir a tabela verdade dessa expressão.

103
b) Nesse caso, a saída está em uma porta lógica OR, uma das
entradas é uma porta lógica NOR de entradas X e Y cuja expressão é
. A outra entrada está conectada a uma porta AND, por sua vez,
essa porta tem uma entrada ligada a um inversor com entrada Z, a
outra entrada é uma porta AND, essa porta tem como uma das
entradas e um inversor com entrada W na outra entrada. Assim sendo:
.

Em circuitos combinacionais é comum substituir um in-


versor por uma pequena circunferência na entrada na porta lógica,
isso será importante na resolução de alguns exercícios.
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

SIMPLIFICAÇÕES DE EXPRESSÕES BOOLEANAS

Algumas expressões booleanas são demasiadamente comple-


xas e possuem informação em excesso, ou seja, podem ser simplifica-
das, para isso, dispõe-se das regras de operação da álgebra booleana.
Abaixo temos a lista de axiomas da álgebra booleana.

104
Quadro 4.5.1 – Axiomas da Álgebra Booleana

Fonte: Lourenço et al (2012, p. 89)

Além desses axiomas existem algumas propriedades que essa


álgebra satisfaz apresentadas no Quadro 4.5.2 abaixo.

Quadro 4.5.3 – Propriedades da Álgebra Booleana

Fonte: Lourenço et al (2012, p. 90)


ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

Por fim, temos os principais teoremas dessa álgebra no quadro


abaixo.

Quadro 4.5.3 – Teoremas da Álgebra Booleana

105
Fonte: Lourenço et al (2012, p. 90)

A maneira mais rápida de demonstrar esses teoremas é por


meio da tabela verdade, a seguir será demonstrado o primeiro Teorema
de De Morgan, a demonstração dos demais é análoga.

É importante que o leitor demonstre os outros 3 teoremas,


tanto para treinar a construção da tabela verdade, quanto por um
exercício de honestidade intelectual, pois, não é intelectualmente
honesto utilizar teoremas sem saber se são verdadeiros.

Abaixo serão apresentados alguns exemplos de como simplifi-


car expressões booleanas utilizando os axiomas, as propriedades e os
teoremas.

a)

Simplificar essa expressão não é difícil, pois, no segundo ter-


mo pode-se utilizar a distributiva.
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

além disso sabemos que

Ou seja, essa expressão é uma tautologia, se fizéssemos a ta-


bela verdade a saída seria 1 seja lá qual forem as entradas. O próximo
exemplo é retirado de Lourenço et al (2012, p. 92).

106
b)

então pelo segundo teorema da absorção:

É possível também simplificar o circuito combinacional, para


isso, primeiro deve-se escrever a expressão do circuito, então simplifi-
camos essa expressão e, por fim, implementamos o novo circuito. Por
exemplo: dado o circuito combinacional abaixo vamos encontrar um cir-
cuito equivalente mais simples.

Simplificando essa expressão teremos:

Para resolver esse último passo precisamos utilizar o seguinte


ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

resultado (ele pode ser facilmente deduzido pela sua tabela


verdade), dessa forma

como 1 é elemento neutro do produto mesma na álgebra boo-


leana temos que

107
Dessa forma, aquele circuito combinacional complexo pode ser
substituído por um inversor.

Esse processo de reduzir a complexidade do circuito é


importantíssimo, pois, otimiza o projeto, gastando menos tempo,
material e energia. Contudo, nada impede que em algum caso es-
pecífico, seja necessário manter o circuito complexo.

CONTROLADOR LÓGICO PROGRAMÁVEL (CLP)

O CLP nada mais é que um computador que pode ser progra-


mado para automatizar e controlar processos industriais. Ele utiliza uma
lógica programável para isso. O CLP é hoje um dos principais meios
pelo qual se automatiza processos industriais.
Podemos compreender o CLP como um equipamento eletrô-
nico digital, munido de uma memória interna capaz de armazenas va-
riáveis de entrada, bem como instruções para realizar funções lógicas.
Dentre as vantagens do CLP, podemos citar: flexibilidade, con-
fiabilidade, utiliza pouco espaço e energia, fácil de programar e repro-
gramar, reutilizável, rápido na elaboração de projetos, facilidade de ma-
nutenção, facilidade no diagnóstico de problemas e capacidade de se
comunicar com outros dispositivos. Com o CLP o usuário pode acompa-
nhar o processo em tempo real.
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

Os CLP também podem possuir desvantagens, um exem-


plo é sua alimentação independente.

A descrição básica do funcionamento do CLP é receber variá-


veis de entrada, em seguida passa por uma unidade de processamento
central e gera as saídas. A estrutura interna do CLP possui dispositivos
responsáveis pelo armazenamento de memória e implementação de
processos lógicos.
Como o próprio nome diz, o CLP precisa ser programado, para
108
isso existem algumas linguagens de programação, são 3 linguagens
gráficas e 2 textuais. As gráficas são: Ladder, FBD (diagrama de blo-
cos) e SFC (GRAFCET) e as textuais são: LI (Lista de instruções) e ST
(Texto Estruturado). Nas textuais escreve-se o código, assim como na
programação de um computador.

ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

109
QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Prova: FAU - 2023 - UNIOESTE - Técnico em Laboratório (Eletrome-
cânica, Eletrotécnica, Eletricidade, Eletroeletrônica ou Eletrônica)
O circuito digital abaixo representa um circuito composto por três
portas lógicas com quatro entradas A, B, C e D e uma saída S:

Qual é a expressão booleana da saída S?


a)
b)
c)
d)
e)

QUESTÃO 2
Prova: FUNDATEC - 2022 - Prefeitura de Esteio - RS - Engenheiro
Eletricista - Edital nº 02
Determine a expressão booleana para o circuito a seguir:
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

a) ( ((A . B) . (A + B + C)) + ( /(/A . D))


b) /( ((A . B) . (A + B + C)) + ( (/A . D))
110
c) /( ((A . B) . (A + B + C)) + ( /(A . D))
d) /( ((/A . B) . (A + B + C)) + ( (A . D))
e) /( ((/A . B) . (A + B + C)) + ( /(/A . D))

QUESTÃO 3
Prova: FUNDATEC - 2022 - SPGG - RS - Analista Engenheiro - En-
genharia Elétrica
Determine a expressão Booleana que representa o circuito da figu-
ra a seguir.

a) /( (AB)+(/B+C) . /( (C+D) + E) )
b) /( (AB)+(/B+C) . ( /(C+D) + E) )
c) /( (AB)+(/B+C) . /( /(C+D) + E) )
d) ( (AB)+(/B+C) . /( (C+D) + E) )
e) /( (AB)+(/B+C) . /( /(C+D + E) )

QUESTÃO 4
Prova: FUNDATEC - 2022 - Prefeitura de Esteio - RS - Engenheiro
Eletricista - Edital nº 02
Determine a expressão booleana simplificada equivalente.
Y = /(A+B) . ABC + A/B . /(/A/C)
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

a) AB.
b) /AB.
c) A/B.
d) /A/B.
e) 1.

QUESTÃO 5
Prova: FUNDATEC - 2023 - Eletrocar - Engenheiro Eletricista
Para o circuito a seguir, identifique a expressão booleana equiva-
lente e assinale a alternativa correta.
111
a) AB . CD + /(AB)
b) AB . CD + /AB
c) /((A+B) . /(C+D)) . /(AB)
d) (AB + /(CD)) + /AB
e) /(AB)(CD + 1)

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE

Dado o circuito lógico digital ao lado, encontre a expressão booleana e


a tabela verdade.

TREINO INÉDITO
O número binário 110111011 é corretamente representado na base
decimal pela alternativa:
a) 440
b) 443
c) 434
d) 433
e) 444
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

NA MÍDIA
STARTUPS DE CHIPS QUE USAM LUZ NO LUGAR DE FIOS ATRAEM
INVESTIDORES
Computadores que usam luz em vez de corrente elétrica para processa-
mento estão ganhando força e startups que solucionaram o desafio de en-
genharia de usar fótons em chips estão recebendo grandes investimentos.
A Ayar Labs, startup que desenvolve essa tecnologia chamada fotônica
de silício, disse nesta terça-feira que levantou 130 milhões de dólares
de investidores, incluindo a gigante de chips Nvidia.
112
Embora o chip de silício com base em transitores tenha crescido expo-
nencialmente o poder de computação nas últimas décadas, os transis-
tores atingiram a largura de vários átomos e reduzi-los ainda mais é um
desafio. Não só é difícil fazer algo tão minúsculo, mas à medida que
ficam menores, os sinais podem vazar entre eles.
Assim, a lei de Moore, que dizia que a cada dois anos a densidade dos
transistores em um chip dobraria e reduziria os custos, está desacelerando,
levando a indústria a buscar novas soluções para lidar com as necessida-
des cada vez mais complexas de computação de inteligência artificial.
De acordo com a empresa de dados PitchBook, no ano passado as
startups de fotônica de silício captaram mais de 750 milhões de dólares,
dobrando o montante em relação a 2020. Em 2016, foram cerca de 18
milhões de dólares.
“A inteligência artificial está crescendo muito e assumindo grande parte
do data center”, disse o presidente-executivo da Ayar Labs, Charles Wuis-
chpard, à Reuters. “O desafio da movimentação de dados e o consumo de
energia nessa movimentação de dados é uma grande, grande questão”.
O desafio é que muitos grandes algoritmos de ‘machine learning’
(aprendizado de máquina) podem usar centenas ou milhares de chips
para processamento e há um gargalo na velocidade de transmissão de
dados entre chips ou servidores usando os métodos elétricos atuais.
A luz tem sido usada por décadas para transmitir dados através de ca-
bos de fibra ótica, incluindo cabos submarinos, mas trazê-lo para o nível
do chip foi difícil, pois os dispositivos usados para criar luz ou controlá-la
não são fáceis de encolher.
Além de conectar chips de transistor, startups que usam fotônica de silí-
cio para construir computadores quânticos, supercomputadores e chips
para veículos autônomos também estão levantando grandes cifras.
A PsiQuantum, por exemplo, arrecadou cerca de 665 milhões de dóla-
res até agora, embora a promessa de computadores quânticos mudan-
do o mundo ainda esteja a anos de distância.
Fonte: MoneyTimes
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

Data: 26/04/2022
Leia a notícia na íntegra: https://www.moneytimes.com.br/startups-de-
-chips-que-usam-luz-no-lugar-de-fios-atraem-investidores/

NA PRÁTICA
O sistema binário de numeração é muito importante em toda computa-
ção moderna, está presente desde a parte eletrônica até no armazena-
mento de memória e em softwares.
As portas lógicas são base para os circuitos combinacionais, os quais
fazem parte de todo circuito digital complexo, são amplamente utilizados
113
nos eletroeletrônicos, computadores e inúmeros outros eletrodomésti-
cos. As portas lógicas também são base para os circuitos sequenciais
como FlipFlops e também no armazenamento de memória, contadores
e registradores.
A álgebra booleana é uma ferramenta muito útil para modelar inúmeros
problemas práticos no dia a dia de um engenheiro, pode ser utilizada
para descrever o funcionamento de bombas hidráulicas entre outras.
Ela pode ser utilizada para modelar o controle e a automação de pro-
cessos industriais. É fundamental que o Engenheiro de Controle e Au-
tomação domine a utilização de portas lógicas e da álgebra booleana.
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

114
GABARITOS

CAPÍTULO 01

QUESTÕES DE CONCURSOS

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO


DE RESPOSTA

Pela lei dos nós I1=I2+I3, além disso, utilizando a segunda Lei de Kir-
chhoff podemos equacionar duas malhas, uma passando pelo diodo
(pois ele está nitidamente em condução) e outra por R2. Assim sendo:

O sistema possui 3 equações e 3 incógnitas (as 3 correntes) e, portanto,


tem solução (é possível verificar que o determinante da matriz dos coefi-
cientes é diferente de 0). Vamos isolar I2 na primeira equação (I2=I1-I3)
e substituir na segunda equação, obtemos assim:

Agora isolemos I3 na segunda equação e obteremos , subs-


tituímos agora na primeira equação e chegamos que ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

por fim, isolamos I1 e obteremos que:

A condição para o diodo estar em condução é .

TREINO INÉDITO
Gabarito: D
115
CAPÍTULO 02

QUESTÕES DE CONCURSOS

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO


DE RESPOSTA

TREINO INÉDITO
Gabarito: D
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

116
CAPÍTULO 03

QUESTÕES DE CONCURSOS

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO


DE RESPOSTA

Existem duas formas de resolver essa questão, uma é resolver para


n=2 e em seguida generalizar, aqui será exposta outra forma de solu-
cionar, que é desde o começo assumir um n arbitrário. Se observarmos
bem, todos os n resistores estão ligados em um potencial de entrada e,
em seguida, no potencial do terminal positivo do AMP-OP, dessa forma,
todas as n correntes que atravessam os n resistores vão se unir em um
nó e percorrerão o resistor Ri. Dessa forma:

Agora peguemos a outra malha, a corrente que passa por Rf e R é a


mesma (assumimos ausência de corrente nos terminais do AMP-OP),
dessa forma:

Além disso sabemos que V+ = V- portanto:


ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

TREINO INÉDITO
Gabarito: A

117
CAPÍTULO 04

QUESTÕES DE CONCURSOS

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO


DE RESPOSTA

De início, a porta lógica com saída S é do tipo NAND, portanto, será um


produto de outras duas variáveis lógicas, com uma barra em cima. Uma
dessas variáveis vem de uma porta lógica OR com variáveis A e B. Na
outra entrada tem uma porta lógica NOR com uma entrada D e outra
entrada conectada a uma porta OR, essa porta OR, por sua vez, tem
como entradas B e um inversor conectado a C, logo:

Já a tabela verdade ficará:


ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

TREINO INÉDITO
Gabarito: B

118
É possível concluir a importância da eletrônica na vida cotidiana
e na prática do engenheiro, principalmente no que diz respeito aos pro-
cessos industriais. Na Engenharia de Controle e Automação industrial a
eletrônica é um tópico indispensável e o conhecimento nessa área, soma-
do aos demais módulos, possibilita uma formação sólida e concisa para
o aperfeiçoamento, tanto profissional, quanto acadêmico do engenheiro.

ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

119
ALMEIDA, J. L. A. de. Eletrônica Industrial: Conceitos e Aplicações com
SCRs e TRIACs. 1ª edição. São Paulo: Érica, 2014.

JUNIOR, A. P. Eletrônica Analógica: Amplificadores Operacionais e Fil-


tros Ativos: teoria projetos, aplicações e laboratório. 5ª edição. Porto
Alegre: Bookman, 2003.

LOURENÇO, A. C. de, et al. Circuitos Digitais. 9ª edição, 6ª reimpres-


são. São Paulo: Érica, 2012.

MAGON, C.J. Conceitos básicos da Eletrônica: teoria e prática. Apostila


do Curso de Introdução a Eletrônica do Instituto de Física de São Carlos
da Universidade de São Paulo (USP). São Carlos, 2016.

NUSSENZVEIG, H. M.Curso de Física Básica, 3: eletromagnetismo. 2ª


edição. São Paulo: Blucher, 2015.

NUSSENZVEIG, H. M. Curso de Física Básica, 4: ótica, relatividade e


física quântica. 2ª edição. São Paulo: Blucher, 2015.

SEDRA, A. S; SMITH, K. C. Microeletrônica. 5ª edição. Rio de Janeiro:


Makron Books, 2005.
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

120
121
ELETRÔNICA - GRUPO PROMINAS

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