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Ficha de Trabalho

1. Centra a tua atenção na primeira estrofe.

1.1. Comenta a expressividade da metáfora que abre o poema e infere, a partir dela,
a temática do mesmo.

1.2. Caracteriza os dois tempos que estruturam a reflexão do sujeito poético.

2. Demonstra que os versos da segunda estrofe ilustram o estado emotivo do sujeito lírico.

3. No dois tercetos, o sujeito poético prossegue a sua reflexão, na busca incessante de se


compreendeer. Aponta um sentido possível para a compreensão destas estrofes.
1.1 De entre os vários recursos de estilo do poema, destacamos a metáfora que o inicia: «A
criança que fui chora na estrada.»
A sua expressividade reside na consciência presente de que o tempo de infância do sujeito
poético acabou e a infância foi assim abandonada («Deixei-a ali…») devido à passagem para a
idade adulta («…quando vim a ser quem sou»). Na «estrada», metáfora da vida, o choro da
criança poderá ser identificado com a dor e inquietação adultas pelo fim de um tempo de
felicidade e unidade irrecuperáveis.

1.2 Os dois tempos que estruturam a reflexão do sujeito poético são o passado («fui», «deixei-
a») e o presente («hoje» «sou», «quero»).
O passado é o tempo da infância, já perdido: «Deixei-a ali... ». O presente é o tempo da
perturbação, do conhecimento de si e da angustiada constatação niilista (vazia) da existência
(«vendo que o que sou é nada») e, também, do desejo quase irracional de voltar a ser quem
era: a criança inconsciente («Quero ir buscar quem fui onde ficou»).

2. A interjeição e a interrogação retórica que iniciam a segunda estrofe expressam a


emotividade do sujeito lírico, que busca o caminho da felicidade perdida. Porém, esse desejo
está imerso na inquietação do «eu» consciente, que sabe da impossibilidade desse regresso.
Assim, o presente de autoconhecimento é um tempo de dor e perplexidade — «Já não sei de
onde vim nem onde estou.». É também um tempo vazio, de angústia existencial, expresso pela
«alma parada».

3. A memória parece ser o único recurso possível para aceder à infância perdida, ao
conhecimento verdadeiro de si, ao que o sujeito lírico foi e perdeu («atingir neste lugar/ Um
alto monte, de onde possa enfim/ O que esqueci, olhando-o, relembrar»).
A busca da sua identidade acontece «ao longe», «na ausência», através de lembranças diluídas
no tempo. Essas recordações são o único lenitivo que o presente permite, a única fuga à
frustração, à dor e tédio existenciais.

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