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DESCRIÇÃO

Abordagem da prática profissional, combinando conhecimentos práticos e teóricos adquiridos no decorrer do curso, com a vivência prática na área de
Nutrição clínica hospitalar.

PROPÓSITO
Compreender as estratégias de promoção, prevenção, manutenção e recuperação da saúde, juntamente, fornecendo condutas nutricionais
apropriadas às condições fisiológicas e patológicas do paciente na área de Nutrição clínica hospitalar, o que proporcionará uma aprendizagem
relevante e consistente para o desenvolvimento das competências profissionais.

PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo, tenha à mão um livro da área de Nutrição clínica, bem como manuais, diretrizes e guias específicos para a compreensão
dos tópicos específicos desta área.

OBJETIVOS

MÓDULO 1

Reconhecer a aplicação da terapia nutricional, os fatores fisiopatológicos e o risco nutricional

MÓDULO 2

Implementar o cálculo das necessidades energéticas e as modificações da composição da dieta adequadas às necessidades nutricionais do indivíduo
enfermo
MÓDULO 3

Identificar as doenças de base comuns na prática hospitalar, sua fisiopatologia, os métodos de avaliação e classificação do estado nutricional e a
integração da equipe multiprofissional

INTRODUÇÃO
Por meio deste material, propiciaremos ao aluno embasamento teórico-prático a respeito das enfermidades estudadas, favorecendo tanto a
proatividade, a autoaprendizagem e o interesse contínuo na sua formação, como a relação com a equipe multiprofissional, além da fundamental
vivência profissional, focando na prática de Nutrição clínica hospitalar. O aluno também será orientado a realizar uma pesquisa científica de campo
(com os dados coletados na prática clínica), a fim de elaborar o trabalho de conclusão de estágio (TCE), conforme descrito no Regulamento para
Estágio Curricular Supervisionado do Curso de Graduação em Nutrição.

MÓDULO 1

 Reconhecer a aplicação da terapia nutricional, os fatores fisiopatológicos e o risco nutricional

Neste módulo, abordaremos a triagem nutricional e os parâmetros adotados na Nutrição clínica para uma adequada avaliação nutricional dos pacientes
com deficiência nutricional ou desnutridos. Antes disso, vejamos alguns importantes conceitos que irão nos nortear em nosso estudo.

CONCEITOS

TERAPIA NUTRICIONAL

A terapia nutricional (TN) refere-se a um conjunto de procedimentos visando reconstruir ou manter o estado nutricional de um indivíduo por meio da
oferta de alimentos ou nutrientes para fins especiais. Pode ser empregada por via digestiva, denominada TN enteral, ou por via venosa, denominada
TN parenteral (WAITZBERG, 2017).

PLANEJAMENTO E METAS DA TERAPIA NUTRICIONAL

As metas da TN se iniciam com a triagem nutricional e passam por diferentes etapas até o final do tratamento nutricional, são algumas delas
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016):

Triagem nutricional.

Avaliação nutricional dos pacientes em risco nutricional ou desnutridos.

Cálculo das necessidades nutricionais.

Indicação da TN a ser instituída e sua via de administração.


Imagem: Shutterstock.com

TRIAGEM OU RASTREAMENTO NUTRICIONAL


O diagnóstico precoce da desnutrição intra-hospitalar é necessário, a fim de impedir sua instalação e agravo. Recomenda-se que ocorra em até 72h da
admissão do paciente no hospital (DITEN, 2018; WAITZBERG et al ., 2017).

 SAIBA MAIS

Através da triagem, pode-se prever uma possível desnutrição do paciente (exemplo: histórico alimentar, exames laboratoriais, estado nutricional).

Em 2003, a ESPEN recomendou o uso de duas ferramentas de triagem: a Malnutrition Universal Screening Tool (MUST) , podendo ser usada em
hospitais, casas de repouso e comunidade, e a Nutritional Risk Screening (NRS) – 2002 para hospitalização. Para idosos, recomenda-se a
Miniavaliação Nutricional (MNA, em inglês) , que resultou na MNA-SF (também em inglês), forma reduzida (WAITZBERG et al ., 2017; MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2016).

MUST

MUST

IMC (kg/ m2) Perda de peso em 3-6 meses Efeito da doença

IMC (kg/ m2) Perda de peso em 3-6 meses Efeito da doença

Pontos Pontos

0 = > 20 0 = < 5% Adicionar 2 pontos se houve ou há possibilidade de

1 = 18,5 – 20,0 1 = 5 – 10% ausência de ingestão alimentar por > 5 dias.

2 = < 18,5 2 = > 10%

Somar todos os pontos

Risco de desnutrição e guias para manejo

0 = baixo risco 1 = risco médio > 2 = risco alto

Cuidados clínicos de rotina Observar: Tratar:


Repetir a triagem em:
Hospital e casas de repouso: Informar nutricionista e equipe multiprofissional
documentar a ingestão alimentar e de terapia nutricional.
Hospital: semanalmente
hídrica por 3 dias.
Repetir avaliação semanalmente.
Casas de repouso:
Comunidade: documentar a
mensalmente
ingestão alimentar e hídrica pelo
menos a cada 2–3 meses.
Comunidade: anualmente para
grupos especiais (ex.: idade >
75 anos)

Todas as categorias de risco:


Obesidade:
Tratar a condição associada e fornecer ajuda e aconselhamento nas escolhas
alimentares, comidas e bebidas quando necessário. Registrar a presença de obesidade (para aqueles com
condições associadas, essas são geralmente
Registrar categoria de risco de desnutrição.
controladas antes do tratamento).
Registrar necessidade de dieta especial e seguir política local.

 Quadro: Adaptado de Waitzberg et al ., 2017.

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NRS 2002

NRS 2002

Parte 1 – Triagem inicial

Sim Não

1 IMC < 20,5?

2 O paciente teve perda de peso nos últimos 3 meses?

O paciente teve redução na ingestão alimentar na última


3
semana?

O paciente está gravemente doente, em mau estado


4
geral ou em UTI?

Sim: se a resposta é “sim” para qualquer questão, realizar triagem na Parte 2

Não: se a resposta é “não” para todas as questões, o paciente é novamente investigado semanalmente. Se o paciente está agendado para
grande cirurgia, um plano de cuidado nutricional é considerado para evitar estado de risco associado.
Parte 2 – Triagem final

Estresse metabólico da doença (aumento das


Estado nutricional prejudicado
necessidades)

Ausente Ausente

Pontuação Estado nutricional normal Pontuação Necessidades nutricionais normais

0 0

Brando Perda de peso > 5% em 3 meses ou ingestão alimentar Brando Fratura de quadril, pacientes crônicos, em

Pontuação menor que 50-75% da necessidade normal na última Pontuação particular com condições agudas: cirrose,

1 semana 1 DPOC, hemodiálise crônica, diabetes, câncer

Moderado Perda de peso > 5% em 2 meses ou IMC 18,5-20,5 + Moderado Cirurgia abdominal de grande porte, infarto,

Pontuação condição geral comprometida ou ingestão alimentar 25- Pontuação fraturas, pneumonia grave, leucemias e

2 60% da necessidade normal na última semana 2 linfomas

Perda de peso > 5% em 1 mês (> 15% em meses) ou


Grave Grave Trauma craniano, transplante de medula
IMC 18,5 + condição geral comprometida ou ingestão
Pontuação Pontuação óssea, pacientes em cuidados intensivos
alimentar 0-25% da necessidade normal na última
3 3 (APACHE > 10)
semana

Pontuação: + = pontuação total

Se > 70 anos: adicionar 1 ponto no total = pontuação total ajustada à idade

Pontuação > 3: o paciente está em risco nutricional e um plano nutricional é iniciado

Pontuação < 3: reavaliar paciente semanalmente

Se o paciente for realizar grande cirurgia, um plano de cuidado nutricional deve ser considerado para evitar estado de risco associado

 Quadro: Adaptado de Waitzberg et al ., 2017.

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MNA-SF

MNA-SF

MNA, forma reduzida Pontos


O consumo alimentar decaiu nos últimos 3 meses devido à perda de apetite, a problemas digestivos, à dificuldade em
mastigação e à deglutição?

A 0 = diminuição grave da ingestão alimentar

1 = diminuição moderada da ingestão alimentar

2 = sem diminuição da ingestão alimentar

Houve perda de peso nos últimos 3 meses?

0 = perda maior que 3kg

B 1 = não sabe informar

2 =perda entre 1 e 3kg

3 = não houve perda

Mobilidade?

0 = restrito ao leito ou à cadeira de rodas


C
1 = deambula, mas não é capaz de sair de casa

2 = normal

Passou por algum estresse psicológico ou doença aguda nos últimos 3 meses?

D 0 = sim

2 = não

Tem problemas neurofisiológicos?

0 = demência ou depressão grave


E
1 = demência leve

2 = sem problemas psicológicos

Qual o IMC (Índice de Massa Corporal = peso / altura m2)?

0 = IMC < 19

F 1 = IMC 19 a < 21

2 = IMC 21 a < 23

3 = IMC > 23

Pontuação da triagem (total máximo de 14 pontos):

12 pontos ou mais: normal, não está em risco. Não precisa de avaliação complementar.

11 pontos ou abaixo: possível desnutrição.

 Quadro: Adaptado de Waitzberg et al ., 2017.

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AVALIAÇÃO NUTRICIONAL

AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA: PESO

É aferido por balança corretamente calibrada, mas também pode ser estimado a partir de equações específicas.

São considerações sobre o peso:

Peso atual (PA) Aquele aferido no momento da avaliação nutricional.

Peso habitual (PH) Aquele que o indivíduo costumava apresentar.

Obtido a partir da correção do peso ideal para a determinação das necessidades energéticas e de nutrientes do
Peso ajustado (PAJ)
indivíduo, quando a adequação do peso for inferior a 95% ou superior a 115%.

Peso ideal (PI) ou


Aquele considerado saudável e de acordo com as características do paciente.
desejável (PD)

Peso ideal para


Peso ideal corrigido ao subtrair a porcentagem de peso relativa ao membro amputado.
amputados

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No cálculo do PI, o IMC médio de homens a ser considerado é 22kg/m2>, e, para mulheres, 21kg/m2. Em idosos, em decorrência das alterações

fisiológicas do envelhecimento, a estimativa do PI é realizada a partir do IMC médio de 24,5kg/m2 e a altura ao quadrado (A2).

PI

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A porcentagem de adequação do PA em relação ao PI ou PD pode ser calculado com a seguinte fórmula:

Adequação do peso = PA x 100


PI

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Após o cálculo, os valores encontrados são confrontados com o quadro a seguir, e observamos a classificação do estado nutricional com base na
adequação do peso.

Adequação do peso (%) Adequação

< 70 Desnutrição grave


70,1 a 80 Desnutrição moderada

80,1 a 90 Desnutrição leve

90,1 a 110 Eutrofia

110,1 a 120 Sobrepeso

> 120 Obesidade

 Quadro: Adaptado de Blackburn et al ., 1979.

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É possível calcular a perda de peso (PP), e esta é a variação de peso atual em relação ao habitual.

(Peso habitual - Peso atual) x 100


% da PP = Peso habitual

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Período Perda moderada (%) Perda grave (%)

1 semana < 2,0 > 2,0

1 mês < 5,0 > 5,0

3 meses < 7,5 > 7,5

6 meses ou + < 10,0 > 10,0

 Tabela: Adaptado de Blackburn et al ., 1977.

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O valor de líquidos acumulados (edema e ascite) deve ser descontado do peso atual, obtendo-se, assim, o “peso seco”.

Grau de ascite Peso ascítico (kg) Edema periférico (kg)

Leve 2,2 1,0

Moderado 6 5,0
Grave 14 10,0

 Quadro: Adaptado de James, 1989.

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Grau de edema Local Quantidade em kg a ser subtraída

+ Tornozelo 1

++ Joelho 3-4

+++ Raiz da coxa 5-6

++++ Anasarca 10-12

 Quadro: Adaptado de Martins, 2013.

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Para indivíduos amputados, conforme vimos, deve-se desconsiderar a parte amputada para cálculo de peso corporal corrigido e do IMC corrigido,
conforme equação e figura.

Peso ideal para amputados = Peso ideal (IMC) - % do peso do membro amputado

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Imagem: Extraído de Osterkamp, 1995, p. 217.


 Modelo proposto por Osterkamp, 1995.

É calculado o peso ajustado (PAJ) ou corrigido para estimar as necessidades energéticas dos indivíduos que possuem a adequação do peso inferior a

95% ou superior a 115% (SAMPAIO, 2012). Também pode ser utilizado quando o IMC do paciente for maior que 30kg/m2 (WAITZBERG, 2017).
Utilizamos a seguinte equação:
PAJ = (PI – PA) x 0, 25 + PA

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É possível estimar o peso para os pacientes que estão impedidos de aferição (CHUMLEA, 1985):

Homem: (0, 98 x CP) + (1, 16 x AJ) + (1, 73 x CB) + (0, 37 x PCSE) – 81, 6
Mulher: (1, 27 x CP) + (0, 87 x AJ) + (0, 98 x CB) + (0, 40 x PCSE) – 62, 35

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Onde:

CP = circunferência da panturrilha (cm)

AJ = altura do joelho (cm)

CB = circunferência do braço (cm)

PCSE = prega cutânea subescapular (mm)

ESTATURA OU ALTURA

Pode ser aferida diretamente pelo estadiômetro ou estimada por meio de equações.

SEMIENVERGADURA DO BRAÇO (SE)


Distância entre a fúrcula esternal até a ponta do dedo médio. Essa distância é colocada na equação seguinte para se estimar a altura.

Altura (cm) = [0,73 x (2 x SE (m)) + 0,43]

ENVERGADURA DO BRAÇO
Distância medida de um dedo médio até o outro, com os braços do paciente fazendo um ângulo de 90o com o corpo.

ALTURA DO JOELHO (AJ)


Para aferição deve-se dobrar a perna esquerda do paciente em um ângulo de 90o com o joelho e, com o antropômetro, medir a distância entre a rótula
e o calcanhar. Em seguida, a altura é calculada conforme equação a seguir (CHUMLEA, 1985).

Homens (cm): 64,19 – (0,04 x idade) + (2,02 x altura do joelho (cm))

Mulheres (cm): 84,88 – (0,24 x idade) + (1,83 x altura do joelho (cm))

ESTATURA RECUMBENTE
Estatura do paciente deitado, que deve estar da forma mais ereta possível a distância entre a parte mais alta da cabeça e o calcâneo (CHUMLEA et
al ., 1984).
Imagem: Maximino, 2014, p. 87.
 Estatura recumbente.

ÍNDICE DE MASSA CORPORAL

A classificação para adultos e idosos encontra-se a seguir.

IMC = Peso (kg)


Altura (m²)

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IMC (kg/m2) Classificação do estado nutricional

< 16kg /m2 Desnutrição grau III

16-16,9kg/m2 Desnutrição grau II

17-18,4kg/m2 Desnutrição grau I

18,5-24,9kg/m2 Eutrofia

25-29,9kg/m2 Sobrepeso

30-34,9kg/m2 Obesidade grau I

35-39,9kg/m2 Obesidade grau II

≥ 40kg/m2 Obesidade grau III


 Quadro: Adaptado de WHO, 1997.

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IMC (kg/m2) Classificação do estado nutricional

≤ 22 Baixo peso

> 22 e < 27 Adequado ou eutrófico

≥ 27 Sobrepeso

 Quadro: Adaptado de Lipschitz, 1994.

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INDICADORES DE COMPOSIÇÃO CORPORAL

Diversos parâmetros são utilizados para avaliação nutricional e são primordiais como indicadores da composição corporal, permitindo a identificação
dos agravos e a prevenção dos riscos à saúde, tais como:

CIRCUNFERÊNCIA DA PANTURRILHA

Parâmetro sensível para avaliação da massa muscular em idosos. A medida é tomada em posição supina, joelho dobrado formando um ângulo de 90o,
medindo a maior circunferência.

Circunferência da panturrilha Classificação do estado nutricional

> 31cm Eutrofia

< 31cm Desnutrição

 Quadro: Adaptado de Waitzberg et al ., 2017.

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CIRCUNFERÊNCIA DA CINTURA OU ABDOMINAL

Associada ao desenvolvimento de hiperglicemia, hiperlipidemia e hiperinsulinemia.

Gênero Sem risco Risco moderado Alto risco

Homem < 94cm 94 a 102cm > 102cm


Mulher < 80cm 80 a 88cm > 88cm

 Tabela: Adaptado de WHO, 1998.

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CIRCUNFERÊNCIA DO BRAÇO

Representa a soma das áreas constituídas pelos tecidos ósseo, gorduroso e muscular do braço. É possível mensurar o grau de adequação da CB.

CB atual (cm)
ADEQUAÇÃO DA CB (CB % ) = CB P50 x 100

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Desnutrição grave Desnutrição moderada Desnutrição leve Eutrofia Sobrepeso Obesidade

CB < 70% 70% a 80% 80% a 90% 90% a 110% 110% a 120% > 120%

 Tabela: Adaptado de Blackburn, 1979.

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CIRCUNFERÊNCIA MUSCULAR DO BRAÇO

Em combinação com a PCT, permite calcular a CMB e a AMB, utilizadas para diagnosticar distúrbios da massa muscular. As equações para o cálculo
da CMB e da AMB são (WAITZBERG, 2017):

CMB = CB – (∏ x PCT)

(CB – ( ∏ x PCT))2
AMB = 4∏

Onde ∏ (pi) corresponde a 0,314.

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Esta medida comparada à CMB recomendada (percentil 50) permite mensurar a adequação da CMB:

𝐶𝑀𝐵 𝑎𝑡𝑢𝑎𝑙 (𝑐𝑚)


𝐴𝐷𝐸𝑄𝑈𝐴ÇÃ𝑂 𝐷𝐴 𝐶𝑀𝐵 (𝐶𝑀𝐵 % ) = 𝐶𝑀𝐵 𝑃50 𝑥 100

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Desnutrição grave Desnutrição moderada Desnutrição leve Eutrofia


CMB < 70% 70% a 80% 80% a 90% 90%

 Tabela: Adaptado de Blackburn, 1979.

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PREGAS CUTÂNEAS

As pregas cutâneas são importantes indicadores da quantidade de gordura e sua distribuição no organismo.

PREGA CUTÂNEA TRICIPTAL

Esta medida compara a PCT recomendada (percentil 50) para a idade e sexo, permitindo mensurar a adequação da PCT:

atual (cm)
ADEQUAÇÃO DA PCT (PCT % ) = PCT PCT P50 x 100

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Desnutrição grave Desnutrição moderada Desnutrição leve Eutrofia Sobrepeso Obesidade

PCT < 70% 70% a 80% 80% a 90% 90% a 110% 110% a 120% > 120%

 Tabela: Adaptado de Blackburn, 1979.

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Nos quadros seguintes, observamos o padrão de normalidade (segundo o percentil 50) da PCT, CB e CMB.

PADRÃO DE NORMALIDADE PARA HOMENS NO PERCENTIL 50

Idade DCT (mm) CB (cm) CMB (cm)

19-24,9 10 30,8 27,3

25-34,9 12 31,9 27,9

35-44,9 12 32,6 28,6

45-54,9 12 32,2 28,1

55-64,9 11 31,7 27,8


65-74,9 11 30,7 26,8

 Tabela: Adaptado de Frisancho, 1981.

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PADRÃO DE NORMALIDADE PARA MULHERES NO PERCENTIL 50

Idade DCT (mm) CB (cm) CMB (cm)

19-24,9 18 26,5 20,7

25-34,9 21 27,7 21,2

35-44,9 23 29 21,8

45-54,9 25 29,9 22

55-64,9 25 30,3 22,5

65-74,9 24 29,9 22,5

 Tabela: Adaptado de Frisancho, 1981.

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AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE PROTEÍNAS

É fundamental a avaliação do estado nutricional de proteínas devido a sua correlação com desnutrição proteica. Dessa forma, alguns parâmetros são
avaliados para reduzir os riscos atrelados à saúde e à preservação dentro do possível da massa muscular.

ALBUMINA

É a mais abundante proteína circulante do plasma, com importância ímpar em sua pressão oncótica. Exerce também função no transporte do cálcio,
cobre, ácidos graxos de cadeia longa, drogas etc. Sua vida média é de 18 a 20 dias.

Classificação Concentração (mg/dL)

Normal > 3,5 - 5,0

Depleção leve 3,0 – 3,5


Depleção moderada 2,4 – 2,9

Depleção grave < 2,4

 Quadro: Adaptado de Blackburn, 1979.

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BALANÇO NITROGENADO (BN)

É a diferença entre a quantidade de proteína ingerida e excretada pelo organismo para avaliação do estresse metabólico. Quando a ingestão supre as
perdas, temos um BN positivo (ex.: fase anabólica), e se as perdas de nitrogênio superam a ingestão, encontramos um BN negativo (ex.: trauma,
sepse, queimaduras etc.) (DUARTE, 2007).

BN = N ingerido – N excretado

Onde:
N ingerido: PTN dieta (g)/ 6,25
N excretado: NNN* de 24h + 4g (fecal + suor + N2 não proteico)

* nitrogênio ureico urinário

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BN Valores

Normal 0 ou +

Depleção leve -5 a -10

Depleção moderada -10 a -15

Depleção grave > 15

 Quadro: daptado de Sampaio, 2012.

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Classificação do BN

BN negativo Ingestão < Excreção Catabolismo

BN positivo Ingestão > Excreção Anabolismo


BN em equilíbrio Ingestão = Excreção Manutenção

 Quadro: Adaptado de Sampaio, 2012.

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INDICAÇÃO DA TN A SER INSTITUÍDA E SUA VIA DE


ADMINISTRAÇÃO
Na imagem a seguir, encontramos o algoritmo de escolha da via de TN e, a seguir, as suas indicações e a seleção da via de administração de
nutrientes.

Fluxograma: Patrícia Passos Simões


 Indicação da TN a ser instituída e sua via de administração.

Imagem: shutterstock.com

NUTRIÇÃO ENTERAL

Em geral, indicada para indivíduos com ingestão via oral < 60% da recomendação.
Imagem: shutterstock.com

NUTRIÇÃO PARENTERAL

Indicada quando há contraindicação para o uso do TGI. Exemplos: obstrução intestinal, síndrome de intestino curto (insuficiência intestinal), fístulas
enterocutâneas de alto débito, desnutrição moderada ou grave e, quando, após 24-72 horas, a oferta por via enteral for insuficiente.

Decisões clínicas para indicação de nutrição enteral e parenteral

NE NP

Sonda nasogástrica
(sem risco de broncoaspiração, sem intolerância à administração da dieta no NP periférica
estômago)

Período < 15
Curto prazo Sonda nasojejunal ou nasoduodenal dias
(com risco de broncoaspiração, com intolerância à administração da dieta no
estômago)
Osmolaridade:
< 700mOsm/L
Período < 6 semanas

Gastrostomia
(sem risco de broncoaspiração, sem intolerância à administração da dieta no NP central
estômago)

Período > 15
Longo prazo Jejunostomia dias
(com risco de broncoaspiração, com intolerância à administração da dieta no
estômago)
Osmolaridade:
> 700mOsm/L
Período > 6 semanas

Função gastrointestinal normal Nutrientes intactos


Função gastrointestinal
Formulações especiais
comprometida

Tolerância de nutrientes adequada Progredir NE ou alimentação por via oral

Tolerância de nutrientes
Suplementação com NP
inadequada

 Quadro: Adaptado de DITEN, 2018; Waitzberg et al ., 2017.

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Há contraindicações à TN enteral que devem ser observadas, bem como à NP periférica e à central:

Contraindicações Razões e condições

Doença terminal As complicações superam os benefícios.

Síndrome do intestino
Do tipo maciço ou em fase inicial de reabilitação intestinal.
curto

Obstrução intestinal Ausência de trânsito intestinal total ou localizada.

Sangramento
Requer intervenção, ocasiona náusea, vômito e melena ou enterorragia.
gastrointestinal

Vômitos Dificultam a manutenção da sonda nasoenteral.

Diarreia Avaliar a causa, considerar drogas e perdas hidroeletrolíticas.

Fístulas gastrointestinais Especialmente jejunais e de alto débito.

Pacientes críticos, com sepse, disfunção de múltiplos órgãos, instabilidade cardiopulmonar, síndromes de
Isquemia gastrointestinal
compressão ou oclusivas crônicas.

Peritonites, hemorragia intraperitoneal, perfuração intestinal, de causa sistêmica (uremia, diabetes graves, lesão
Íleo paralítico intestinal
nervosa central, hipocalemia).

Enterites graves por doença inflamatória grave de cólon, enterite actínica intensa por quimioterapia, pancreatite
Inflamação do TGI
grave.
Hiperêmese gravídica

Fase de ressuscitação volêmica

Pacientes hipotensos (pressão arterial média < 60mmHg)

Pacientes iniciando o uso de droga vasoativa ou naqueles em que a dose de droga vasoativa está em ascensão.

Acidose lática pode indicar a existência de instabilidade hemodinâmica e comprometimento da microperfusão tecidual.

 Quadro: Adaptado de DITEN, 2018; Waitzberg et al ., 2017.

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NP periférica NP central

Possibilidade de ingerir e absorver quantidades suficientes de nutrientes por via oral ou NE


Vias periféricas inadequadas.
(suprindo mais de 60% das necessidades calóricas).

Paciente com restrição de líquidos. Quando não se pode definir claramente o objetivo da terapia.

História de alergia a ovos ou emulsões


Instabilidade hemodinâmica.
lipídicas intravenosas.

Indicação de uso de NP por longos


Distúrbio hidroeletrolítico grave.
períodos (> 15 dias).

Possibilidade do uso de NE de forma


Hiperglicemia (> 300).
efetiva.

Disfunção hepática importante.

 Quadro: Adaptado de Waitzberg et al ., 2017.

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 RESUMINDO

Podemos observar que a TN de pacientes hospitalizados envolve um conjunto de procedimentos que indicam o risco de desnutrição, o estado
nutricional do paciente e a tomada de decisão sobre a escolha da via de alimentação, sendo possível ter uma conduta assertiva em relação à
recomendação nutricional, contribuindo para manutenção ou recuperação do estado nutricional, reduzindo a morbimortalidade hospitalar.
COMO INICIAR A COLETA DOS DADOS DO MEU TCE?
A especialista Camila Costa abordará a importância da coleta de dados no estágio supervisionado em Nutrição clínica para realização do TCE.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. UM HOMEM DE 34 ANOS É ADMITIDO NA EMERGÊNCIA COM FRATURA NA MANDÍBULA APÓS ACIDENTE


AUTOMOBILÍSTICO. ENCONTRA-SE HEMODINAMICAMENTE ESTÁVEL, COM PERISTALSE PRESENTE. APÓS UM
ROUND CLÍNICO, O MÉDICO-ASSISTENTE E O BUCO-MAXILO-FACIAL DECIDEM PELO TRATAMENTO CIRÚRGICO, E
O NUTRICIONISTA DA EQUIPE É INFORMADO QUE O PACIENTE NÃO PODERÁ SE ALIMENTAR PELA VIA ORAL POR
ATÉ 21 DIAS. QUAL A MELHOR CONDUTA A SER TOMADA PELO PROFISSIONAL?

A) Iniciar terapia de nutrição enteral, tendo como como via de acesso a nasal, e com posicionamento gástrico.

B) Iniciar terapia nutricional parenteral, tendo como via de acesso a central.

C) Iniciar terapia nutricional mista, tendo como vias de acessos a gastrostomia e a parenteral central de curto prazo.

D) Iniciar terapia nutricional mista, tendo como vias de acessos o posicionamento nasogástrico e a nutrição parenteral periférica de curto prazo.

E) Iniciar terapia nutricional enteral, tendo como via de acesso o posicionamento nasojejunal.

2. UMA MULHER DE 57 ANOS ESTÁ INTERNADA HÁ 48 HORAS EM UM HOSPITAL. APÓS A REALIZAÇÃO DA


TRIAGEM NUTRICIONAL, VERIFICOU-SE QUE ELA APRESENTAVA RISCO DE DESNUTRIÇÃO, SENDO INDICADA
UMA AVALIAÇÃO NUTRICIONAL MAIS COMPLETA PARA INSTITUIR A TERAPIA NUTRICIONAL. QUAL MÉTODO DE
TRIAGEM NUTRICIONAL ESTARIA SENDO APLICADO PELO NUTRICIONISTA?
A) Avaliação subjetiva global

B) Rastreamento de risco nutricional

C) NRS-2002

D) Miniavaliação nutricional

E) O tempo de admissão contraindica o uso de ferramentas de triagem nutricional

GABARITO

1. Um homem de 34 anos é admitido na emergência com fratura na mandíbula após acidente automobilístico. Encontra-se
hemodinamicamente estável, com peristalse presente. Após um round clínico, o médico-assistente e o buco-maxilo-facial decidem pelo
tratamento cirúrgico, e o nutricionista da equipe é informado que o paciente não poderá se alimentar pela via oral por até 21 dias. Qual a
melhor conduta a ser tomada pelo profissional?

A alternativa "A " está correta.

Recomendada a NE enteral, pois o paciente se encontra com peristalse. A via de acesso indicada é por sonda nasogástrica, pois a alimentação
ocorrerá por um período inferior a 6 semanas.

2. Uma mulher de 57 anos está internada há 48 horas em um hospital. Após a realização da triagem nutricional, verificou-se que ela
apresentava risco de desnutrição, sendo indicada uma avaliação nutricional mais completa para instituir a terapia nutricional. Qual método
de triagem nutricional estaria sendo aplicado pelo nutricionista?

A alternativa "C " está correta.

Como se trata de uma paciente adulta, o método indicado seria a NRS 2002, ferramenta de triagem recomendada para pacientes hospitalizados com
admissão em até 72 horas.

MÓDULO 2

 Implementar o cálculo das necessidades energéticas e as modificações da composição da dieta adequadas às necessidades nutricionais
do indivíduo enfermo

CONCEITOS
O plano terapêutico nutricional, identificando os requerimentos calóricos e proteicos, será estabelecido após a avaliação nutricional, a seleção da via de
alimentação do paciente e o tipo de dieta a ser administrada (WAITZBERG et al ., 2017).

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CÁLCULO DAS NECESSIDADES ENERGÉTICAS

CALORIMETRIA INDIRETA

Consiste em medir, por meio de um monitor de medição metabólica, que é mais encontrado em UTI, a quantidade de oxigênio e a produção de dióxido
de carbono durante um determinado período (MAHAN et al ., 2012).

CALORIAS POR QUILO DE PESO CORPORAL – REGRA DE BOLSO

Método no qual as calorias são computadas por quilo de peso corporal atual (ou ajustado, quando temos esta indicação).

VET = Peso x kcal/kg/peso

Condição clínica Kcal/ Kg/ peso

Trauma 25 a 30

Sepse 20 a 25

Obeso crítico (IMC: 30-50 kg/m2) 11 a 14 kcal/kg/dia do peso real

Obeso crítico (IMC > 50kg/m2) 22 a 25kcal/kg/dia do peso ideal para IMC eutrófico

Paciente crítico 15-20 Kcal/kg/dia 25-30kcal/kg/dia (após o 4º dia dos pacientes em recuperação)

Lesão renal aguda 25-30kcal/kg/dia

Condição clínica Fator injúria

Paciente não complicado 1,0

Transplante de medula óssea 1,2-1,3

Pequena cirurgia 1,2

Cirurgia eletiva 1,0-1,1


Fraturas múltiplas 1,2-1,35

Pós-operatório de cirurgia torácica 1,2-1,5

20% de SCQ (superfície corporal queimada) : 1,0-1,5

30-50% SCQ: 1,7

Queimaduras 50-70% SCQ: 1,8

70-90% SCQ: 2,0

100% SCQ: 2,1

Câncer 1,1-1,45

Peritonite 1,4

Sepse 1,4-1,6

Pancreatite 1,3-1,6

Desnutrição 1,5

Fratura 1,2

Pós-operatório de cirurgia geral 1,0-1,5

Infecção grave 1,3-1,35

Transplante de fígado 1,2-1,5

Trauma esquelético 1,35

Multitrauma + sepse 1,6

Insuficiência renal aguda 1,3

Insuficiência cardíaca 1,3-1,5


Insuficiência hepática 1,3-1,55

 Quadro: Adaptado de Mahan et al ., 2012; Waitzberg et al ., 2017; DITEN, 2018; Maximinio, 2013.

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NECESSIDADES ENERGÉTICAS: EQUAÇÃO DE HARRIS BENEDICT

A taxa metabólica basal (TMB) pode ser calculada pela equação seguinte e, por meio do produto dos fatores injúria (FI), atividade (FA) e térmico (FT),
estimamos o gasto energético total (GET):

TMB (homem): 66, 5 + 13, 7 x peso (kg) + 5 x altura (cm) – 6, 8 x idade (ano
TMB (mulher): 65, 5 + 9, 6 x peso (kg) + 1, 8 x altura (cm) – 4, 7 x idade (an

GET: TMB x FA x FI x FT

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Injúria Fator

Cirurgia 1,2

Fraturas 1,33

Trauma 1,35

Trauma + infecção 1,79

 Quadro: Adaptado de Waitzberg et al ., 2017.

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Atividade Fator

Confinado no leito 1,2

Fora do leito 1,33

 Quadro: Adaptado de Waitzberg et al ., 2017.

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Temperatura Fator
38 °C 1,1

39 °C 1,2

40 °C 1,3

41 °C 1,4

 Tabela: Adaptado de Long, 1979.

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MODIFICAÇÕES DA DIETA DE PACIENTES HOSPITALIZADOS

DIETAS MODIFICADAS EM RELAÇÃO AO VALOR CALÓRICO

DIETAS HIPOCALÓRICAS
Aporte energético reduzido em consequência da redução da quantidade de alimentos ingeridos. Esse tipo de dieta é comumente indicado para
pacientes que necessitam de perda de peso.

DIETAS HIPERCALÓRICAS
Tem como objetivo aumentar a quantidade de alimentos ingeridos e são indicadas para pacientes em estados catabólicos (ex.: queimaduras, câncer,
doenças infecciosas etc.).

DIETAS MODIFICADAS EM RELAÇÃO À PROPORÇÃO DE MACRONUTRIENTES

NORMOGLICÍDICA
55 a 75% das calorias

NORMOLIPÍDICA
15 a 30% de lipídeos

NORMOPROTEICA
10 a 15% de proteínas

Valores acima ou abaixo dos descritos sugerem modificações das proporções de macronutrientes. Ex.: dietas hipolipídicas, hiperproteicas,
hipoglicídicas etc.
DIETAS MODIFICADAS EM RELAÇÃO À RESTRIÇÃO DE NUTRIENTES

Destacam-se a dieta hipossódica (indicada para hipertensos, edemaciados e portadores de doença renal) e a dieta isenta de glúten (destinada à
pacientes celíacos). Outros exemplos são as dietas ricas em fibras (para pacientes dislipidêmicos).

DIETAS MODIFICADAS EM RELAÇÃO À CONSISTÊNCIA

Tipo de dieta Características

Adequada em macro e micronutrientes, atendendo a todas as necessidades nutricionais do indivíduo.

Fracionamento: 5 a 6 refeições/dia
Normal, geral
Valor calórico: 2000 a 2200kcal/dia
ou livre
Alimentos recomendados: cereais, pães, tubérculos e raízes; hortaliças; frutas; leite e produtos lácteos; carnes e ovos;
leguminosas; oleaginosas etc.

Possui valor nutricional similar à dieta normal. A característica principal é a atenuação da textura por meio da cocção das
fibras das hortaliças e tecido conjuntivo das carnes, facilitando o trabalho digestivo (mastigação, deglutição, digestão e
absorção).

Fracionamento: 5 a 6 refeições/dia
Branda
Valor calórico: 1800 a 2200kcal/dia

Alimentos recomendados: pães, bolo simples, biscoito; leite e derivados; chá, café, sucos, vitaminas; frutas cozidas ou
assadas (sem casca), hortaliças cozidas, assadas ou refogadas; arroz, macarrão, pirão, polenta; caldo de leguminosas;
carnes assadas, cozidas ou ensopadas; ovo poché, cozido ou omelete etc.

Indicada para o repouso digestivo. Fornece quantidade adequada de nutrientes semelhante à dieta branda, mas a textura
é menos sólida. Normalmente, os alimentos apresentam-se em forma de purês, cremes, papas e carnes subdivididas
(moídas, trituradas ou desfiadas) e suflês

Fracionamento: 5 a 6 refeições/dia
Pastosa
Valor calórico: 1800 a 2200kcal/dia

Alimentos recomendados: pães macios, bisnagas, biscoitos, bolo simples, mingaus (feitos com farinha refinada); suflês,
purês; caldo de leguminosas; frutas cozidas, em purês e sucos; leite, iogurtes e queijos cremosos; arroz papa; carnes
moídas ou desfiadas; ovo cozido, mexido; sopas; pudim, manjar, flan, cremes, doces em pasta, geleias, gelatina etc.

Preparações de consistência espessada com a presença de farináceos ou espessantes artificiais, constituídas de líquidos
e alimentos semissólidos cujos pedaços se encontram em suspensão ou emulsão. Permite o repouso digestivo. Apresenta
valor nutricional reduzido, podendo ser necessária suplementação.

Fracionamento: 5 a 6 refeições/dia
Leve ou
Valor calórico: 1300 a 1500kcal/dia
semilíquida
Alimentos indicados: água, chá, café com açúcar, água de coco, sucos de frutas coados; grãos e farinhas de cereais
refinados cozidos em sopas ou mingaus; pão sem casca e biscoitos; leite, iogurte, creme de leite, queijos cremosos; purês,
verduras cozidas e liquidificadas; sopas espessadas, liquidificadas ou sopas-cremes; caldo de leguminosas; frutas cozidas,
cruas (sem casca) em papa ou liquidificadas; carnes cozidas e cortadas em pedaços pequenos, purês ou caldos etc.
Apresenta todos os alimentos/preparações na forma líquida e é indicada para pacientes que necessitam de mínimo esforço
digestivo e pouco resíduo. Em função do seu valor calórico reduzido, recomenda-se a oferta de suplementos alimentares,
visando melhorar os aportes energéticos, proteicos e de micronutrientes, devendo-se evoluir o mais brevemente possível.
Caso não seja possível, recomenda-se a TN.
Líquida ou
Fracionamento: a cada 2 horas ou intervalo menor
líquida
Valor calórico: 750 a 1500kcal/dia
completa
Alimentos recomendados: papa ou farinha de cereais refinados e cozidos podem ser adicionados às bases líquidas;
caldos, sopas liquidificadas e peneiradas de hortaliças, ovos e carnes; leite, bebidas lácteas, iogurte, creme de leite e
suplementos alimentares à base de leite; cremes, sorvetes, gelatina; água, chá, café, água de coco, sucos de frutas
coados, bebidas não gaseificadas

Também conhecida como dieta de líquidos claros, caracteriza-se pela presença de água, líquidos límpidos e carboidratos,
tendo como finalidade a hidratação e a redução na formação de resíduos, conferindo repouso do sistema digestivo. Pelo
seu baixo valor nutricional, devendo ser evoluída o quanto antes, caso não seja possível, recomenda-se a TN.
Líquida
Fracionamento: a cada 2 horas ou a intervalo menor
restrita
Valor calórico: 375 a 600kcal/dia

Alimentos recomendados: água, chás, café descafeinado, água de coco, sucos de frutas coados, caldos coados de
legumes, verduras e carnes, gelatinas, bebidas isotônicas

Também denominada de “jejum”, caracteriza-se pela ausência da ingestão de alimentos por via oral.

Zero Valor calórico: 0kcal (via oral)

Alimentos recomendados: nenhum

 Quadro: Adaptado de Waitzberg et al ., 2017; Maximino, 2013; Mahan et al ., 2012.

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UMA VISÃO PRÁTICA: O CÁLCULO DE UMA DIETA PARA UM


INDIVÍDUO ENFERMO E HOSPITALIZADO
A especialista Camila Costa abordará como prescrever uma dieta para um paciente hospitalizado.
VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. EM RELAÇÃO AO CÁLCULO QUE ENVOLVE A RECOMENDAÇÃO ENERGÉTICA DE PACIENTES HOSPITALIZADOS,


JULGUE AS PROPOSIÇÕES ABAIXO EM V (VERDADEIRO) OU F (FALSO):

A CALORIMETRIA INDIRETA É UM MÉTODO SEGURO PARA CÁLCULO DAS NECESSIDADES CALÓRICAS


APENAS EM ADULTOS, E CONSISTE EM MEDIR A QUANTIDADE DE OXIGÊNIO E A PRODUÇÃO DE DIÓXIDO DE
CARBONO DOS PACIENTES DURANTE UM PERÍODO DETERMINADO.

A FÓRMULA DE BOLSO CONSISTE EM UM MÉTODO NO QUAL AS CALORIAS SÃO COMPUTADAS POR QUILO
DE PESO CORPORAL ATUAL (OU AJUSTADO, SE HOUVER ESTA INDICAÇÃO).

A ESTIMATIVA DO GASTO ENERGÉTICO TOTAL (GET) POR MEIO DA EQUAÇÃO DE HARRIS-BENEDICT É


REALIZADA A PARTIR DO PRODUTO DA TAXA METABÓLICA BASAL (TMB) PELOS FATORES INJÚRIA (FI),
ATIVIDADE (FA) E TÉRMICO (FT).

PODEMOS AFIRMAR QUE AS PROPOSIÇÕES CORRETAS SÃO:

A) I e II

B) I e III

C) II e III

D) Apenas a II

E) Apenas a III

2. AS DIETAS HOSPITALARES DE ROTINA SÃO CLASSIFICADAS QUANTO À CONSISTÊNCIA EM: GERAL, LIVRE OU
NORMAL; LÍQUIDA OU LÍQUIDA COMPLETA; LÍQUIDA RESTRITA; PASTOSA; BRANDA; SEMILÍQUIDA OU LEVE.
SOBRE AS DIETAS, ASSINALE A ALTERNATIVA INCORRETA:

A) A dieta normal é indicada para pacientes que não têm restrição de nutrientes.

B) A dieta líquida não necessita de suplementação com vitaminas e minerais, pois suprem todas as necessidades nutricionais dos pacientes.

C) A dieta branda é utilizada para os pacientes que possuem problemas de mastigação e deglutição, bem como para facilitar a digestão no período
pós-operatório.

D) A consistência da dieta pastosa é abrandada pela cocção e processos mecânicos, com alimentos moídos, liquidificados e em forma de purê.

E) A dieta líquida restrita se caracteriza pela presença de água, líquidos límpidos e carboidratos, tendo como finalidade a hidratação e a redução na
formação de resíduos, conferindo repouso ao sistema digestivo.
GABARITO

1. Em relação ao cálculo que envolve a recomendação energética de pacientes hospitalizados, julgue as proposições abaixo em V
(verdadeiro) ou F (falso):

A calorimetria indireta é um método seguro para cálculo das necessidades calóricas apenas em adultos, e consiste em medir a
quantidade de oxigênio e a produção de dióxido de carbono dos pacientes durante um período determinado.

A fórmula de bolso consiste em um método no qual as calorias são computadas por quilo de peso corporal atual (ou ajustado, se
houver esta indicação).

A estimativa do gasto energético total (GET) por meio da equação de Harris-Benedict é realizada a partir do produto da taxa metabólica
basal (TMB) pelos fatores injúria (FI), atividade (FA) e térmico (FT).

Podemos afirmar que as proposições corretas são:

A alternativa "C " está correta.

A calorimetria indireta é um método seguro para cálculo das necessidades calóricas em adultos e idosos.

2. As dietas hospitalares de rotina são classificadas quanto à consistência em: geral, livre ou normal; líquida ou líquida completa; líquida
restrita; pastosa; branda; semilíquida ou leve. Sobre as dietas, assinale a alternativa incorreta:

A alternativa "B " está correta.

A dieta líquida, por possuir um valor calórico baixo, tem a indicação de suplementação nutricional, melhorando a oferta calórica e de micronutrientes.

MÓDULO 3

 Identificar as doenças de base comuns na prática hospitalar, sua fisiopatologia, os métodos de avaliação e classificação do estado
nutricional e a integração da equipe multiprofissional

CONCEITOS
Neste conteúdo, vamos identificar as doenças de base mais comuns na prática hospitalar, bem como a sua fisiopatologia, os métodos de avaliação
indicados e a classificação do estado nutricional. Também iremos reconhecer a importância da integração da equipe multiprofissional de TN para o
atendimento ao enfermo e as atribuições que competem ao profissional de nutrição.

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DOENÇAS DE BASES MAIS COMUNS NA PRÁTICA HOSPITALAR E
SEUS RESPECTIVOS TRATAMENTOS

TERAPIA NUTRICIONAL NO DIABETES MELLITUS

OBJETIVOS

Alcançar e manter estado nutricional adequado.

Atingir metas individualizadas de glicemia, pressão arterial e lipídios.

Retardar ou prevenir as complicações do diabetes (SBNPE, 2020).

DIAGNÓSTICO

Exame Normal Pré-diabetes Diabetes

Glicemia de jejum (mg/dL) < 100 100 a 125 ≥ 126

Glicemia 2 horas após TOTG com 75 g de glicose (mg/dL) < 140 140 a 199 ≥ 200

Hemoglobina glicada (%) < 5,7 5,7 a 6,4 ≥ 6,5

 Quadro: Adaptado de SBD, 2019.

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DIABETES MELLITUS TIPO 2

Fisiopatologia

Possui etiologia complexa e multifatorial, envolvendo componentes genético e ambiental, principalmente a obesidade, que leva à resistência à insulina
e, consequentemente, à hiperglicemia (SBD, 2019; WAITZBERG et al ., 2017; MAHAN et al ., 2012).

DIABETES MELLITUS TIPO 1

Fisiopatologia

É uma doença autoimune, poligênica, decorrente da destruição das células β pancreáticas, ocasionando deficiência completa na produção de insulina.
O DM1 é bem mais frequente na infância e na adolescência, mas pode ser diagnosticado em adultos, que podem desenvolver uma forma lentamente
progressiva da doença, denominada latent autoimmune diabetes in adults (LADA, s.d.) (SBD, 2019).

Glicemia (mg/ dL) Adultos com DM1

Jejum ou pré-prandial 70 a 130

Pós-prandial < 180

 Quadro: Adaptado de SBD, 2019.

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RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS

Macronutriente Ingestão diária recomendada

Carboidratos (CHO) ≥ 130g de carboidrato/dia e 45 a 60%, priorizando carboidratos complexos

Sacarose Não ultrapassar 10% do VET

Frutose Evitar consumir alimentos com frutose livre

Fibra alimentar Mínimo 20g/ dia ou 14g/ 1000Kcal

até 30% do VET:

Ácidos graxos saturados: < 7%

Ácidos graxos trans: < 1%

Ácidos graxos poli-insaturados: até 10%


Gordura total
Colesterol: < 200mg/dia

Esteróis: 2g/dia

Ômega 3: > 2 porções de peixe por semana e DCV: 500mg/dia para prevenção primária da DCV e 1.000mg/dia na
prevenção secundária

Proteínas - 15-20% do VET ou 0,8-1,0g/ kg/dia


Proteína
Na presença de doença renal crônica: 0,6g/kg peso/dia

< 2,4 g de sódio/ dia ou 6g de sal/dia


Sódio
HAS: 1,5g/dia
Vitaminas e
Manter a recomendação de acordo com idade e sexo
minerais

 Quadro: Adaptado de et al ., 2017.

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A SBD (2019) propõe a seguinte composição nutricional do plano alimentar para pessoas com diabetes mellitus :

Macronutriente Ingestão diária recomendada

Carboidratos (CHO) 45 a 60%

Máximo de 5 a 10% do VET


Sacarose
5% do VET*

Frutose Não se recomenda adição aos alimentos

Fibra alimentar Mínimo 14 g/1.000 kcal, 20 g/1.000kcal para DM2

20 a 35% do VET; dar preferência para ácidos graxos monoinsaturados e poli-insaturados; saturados em até 10% e
Gordura total
isenta de trans

Proteína 15 a 20% do VET

Vitaminas e
Seguem as recomendações da população sem diabetes
minerais

 Quadro: Adaptado de SBD, 2019. SBNPE, 2020.

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A seguir, estão as recomendações das metas calórica e proteica de portadores de DM frente às diferentes condições clínicas (SBNPE, 2020).

Condição clínica Meta calórica Meta proteica

Hospitalização ou TN domiciliar 25-35kcal/kg 1-1,5g/kg/dia

Paciente crítico Fase aguda precoce (1-3 1º - 2º dia: < 0,7 g/kg/dia
< 70% do GET 12-18kcal/kg/dia
dias) 3 º dia: ≥ 7g/kg/dia

Fase aguda tardia (4-7 dias) 80-100% do GET 20-25kcal/kg/dia ≥ 1,3g/kg/dia


Lesão renal aguda 20-30kcal/kg/dia TRS: 1,5-2,0g/kg/dia

Ideal – 60-70% do GET por CI Ideal - Manter o BN positivo

IMC 30-50: 11-14 kcal/kg de IMC 30-40: 2,0 g/kg de


Obesos
PA/dia PI/dia

IMC >50:22-25 kcal/kg de PI/dia IMC > 40: 2,5g/kg de PI/dia

Doença renal crônica não Diálise 1,2-1,4 g/kg/dia


30-35kcal/kg
crítica Sem diálise: 0,8g/kg/dia

 Quadro: Adaptado de SBNPE, 2020.

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MICRONUTRIENTES
Diabéticos em tratamento farmacológico com metformina apresentam maior risco de deficiência de vitamina B12, com rastreamento anual.

SUPLEMENTAÇÃO
Pacientes portadores de baixo peso, risco nutricional ou consumo alimentar insuficiente têm a recomendação do uso de suplemento nutricional oral
para reduzir os riscos à saúde, pelo menos de 2 a 3 vezes/dia, longe das refeições, para melhorar o estado nutricional e o controle glicêmico (SBNPE,
2020).

DIETA LOW CARB


Apesar dos resultados não conclusivos, há consenso sobre o impacto da quantidade de carboidratos nos níveis glicêmicos pós-prandiais. A adesão a
longo prazo parece ser um fator limitador das dietas low-carb , e uma revisão sistemática recente, que incluiu estudos randomizados, relatou controle
adequado entre 3 e 6 meses de dieta e perda de adesão após 12 e 24 meses (SBNPE, 2020).

CONTAGEM DE CARBOIDRATOS
É um método de planejamento nutricional para pacientes com DM e deve fazer parte das estratégias nutricionais, sempre que possível (SBNPE, 2020).

AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA
Glicemia de jejum, teste de tolerância à glicose, resistência à insulina (HOMA-IR), hemoglobina glicada, automonitoramento da insulina capilar.

Lipídeos séricos: identificação de maior risco cardiovascular.

TERAPIA NUTRICIONAL NAS QUEIMADURAS

OBJETIVOS

Fornecer calorias em quantidades adequadas para atender às necessidades de energia.

Reduzir as complicações metabólicas associadas.

Prevenir ou corrigir a deficiência de nutrientes específicos.

Realizar o controle hídrico e eletrolítico para manter o débito urinário adequado e uma homeostase normal.
FISIOPATOLOGIA

Imediatamente após o trauma tecidual causado pela queimadura, ocorre a liberação maciça de mediadores inflamatórios, que evoluem e atingem uma
resposta sistêmica inflamatória máxima em torno de 3 a 5 dias, podendo levar à hipovolemia, insuficiência renal, afetar a função pulmonar, alterar a
permeabilidade intestinal a moléculas de grande tamanho e suprimir o sistema imunológico. A TN é indicada nas 12 primeiras horas, desde que haja
estabilidade hemodinâmica. Nestes quadros, a preferência é pela via gástrica para a administração da TN enteral (WAITZBERG et al ., 2017).

RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS

ENERGIA

Fórmula de Curreri:

Energia = (25kcal/kg x peso habitual) + (40kcal x %ASCT*)

Fórmula de bolso:

25kcal/kg/dia

*Área de superfície corporal total

PROTEÍNAS 1,5 a 2,0g/kg/dia.

CARBOIDRATOS 55 a 60% do VET.

LIPÍDEOS Pacientes queimados são sensíveis à carga lipídica.

VITAMINAS Vitamina C e E. Dose de 1,5 a 3 acima da DRI mostrou benefícios na cicatrização e redução do estresse oxidativo.

OLIGOELEMENTOS Cobre, selênio e zinco em doses superiores a RDA ou DRI.

IMUNONUTRIÇÃO Glutamina: 0,3g/kg/dia por 5 a 10 dias – uso ainda contraditório em pacientes críticos.

 Quadro: Adaptado de Waitzberg et al ., 2017; SBNPE, 2011.

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TERAPIA NUTRICIONAL NA SEPSE

OBJETIVOS

A TN deve se adequar, fundamentalmente, às necessidades endócrino-metabólicas e, conjuntamente, estimular a proteção estrutural e funcional do
tubo digestivo.
FISIOPATOLOGIA

O conjunto das alterações orgânicas resultantes da agressão é denominado de síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SRIS). Essa síndrome é
resultante da expressão simultânea ― em intensidade variada ― das vias endócrinas, metabólicas e imunológicas, e estará presente toda vez que o
organismo sofrer uma agressão. No caso da sepse, o gatilho para a SRIS é a infecção (WAITZBERG et al ., 2017).

RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS

ENERGIA
O cálculo do gasto energético idealmente deve ser feito pela calorimetria indireta, em razão da imprecisão das equações nesta população. Se não for
possível, deve ser estimado (AMB, 2011).

ÔMEGA 3
Não se recomenda suplementação enteral contendo ácido eicosapentaenoico (EPA), ácido gama-linolênico e antioxidantes em pacientes sépticos
(AMB, 2011).

GLUTAMINA E ARGININA
Recomenda-se 15 a 40 gramas/dia (0,2-0,5g/kg/dia), no intervalo entre 4 e 24h, preferencialmente, via central (devido à alta osmolaridade). Na terapia
dialítica contínua, a dose de glutamina deve sofrer incremento de 3,6 ± 1,9g/24h. Não se recomenda a suplementação com arginina (AMB, 2011). Seu
benefício está relacionado à melhora da proteção tecidual e redução da mortalidade (WAITZBERG et al ., 2017).

NUTRIÇÃO ENTERAL
Deve ser precoce no paciente crítico (nas primeiras 48h) e reduz de 8 a 12% a mortalidade. Pacientes instáveis hemodinamicamente não devem
receber nutrição enteral (WAITZBERG et al ., 2017; AMB, 2011).

NUTRIÇÃO PARENTERAL
Recomenda-se sua utilização no caso da impossibilidade gastrointestinal após 24h de tratamento intensivo. Pacientes instáveis hemodinamicamente
não devem receber aporte nutricional parenteral (ou enteral) até que a perfusão esteja restabelecida (AMB, 2011).

Sociedade Oferta proteica Observação

1,3 a 1,5* + 0,2g proteína/kg peso ideal, se trauma, obesidade ou terapia de nefrossubstituição

ESPEN

1,5* Sepse

1,2 a 2,0** Se IMC < 30; sepse

≥ 2,0* Se IMC 30-40

ASPEN ≥ 2,5* Se IMC > 40

1,5 a 2,0** Grande queimado

1,5 a 2,5** Trauma de crânio

DITEN 1,2 a 2,0**

* g/kg peso ideal/dia


** g/kg peso atual (seco)/dia
 Quadro: Adaptado de Waitzberg et al ., 2017.
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TERAPIA NUTRICIONAL NAS PANCREATITES

FISIOPATOLOGIA

Pode ser classificada em aguda ou crônica, sendo essa última com destruição pancreática extensa, comprometendo as funções exócrina e endócrina,
levando à má digestão e à diabetes.

PANCREATITE AGUDA

OBJETIVOS DA TN

Minimizar a perda de massa magra (catabolismo).

Fornecer energia para o organismo.

Imunomodulação.

DIRETRIZES PARA NUTRIÇÃO NAS PANCREATITES

Pacientes com pancreatite estão sob risco nutricional e devem ser examinados.

Indicação para TN
Para doença leve a moderada, empregue analgésicos, líquidos intravenosos e dieta zero, com avanço gradual
para a dieta.

A necessidade de TN por via oral, enteral e parenteral deve ser baseada na gravidade da doença e do estado nutricional do paciente.

TN geralmente não é indicada para a doença leve a moderada, a menos que haja complicações.

TN deve ser usada em qualquer paciente cuja nutrição inadequada é esperada por mais 5-7 dias.

TN é necessária para doença leve a moderada se tiverem ficado mais de 5-7 dias em dieta zero.

TN é útil em pacientes que apresentam complicações da cirurgia.


Geralmente, é preferível em detrimento da NP, devendo ser iniciada primeiro, caso viável.

Pode ser usada na presença de complicações pancreáticas como fístulas, ascites e pseudocistos.

Nutrição enteral A NE contínua é preferível em detrimento de administração em bolus ou cíclica.


(NE)
Sondas nasogástricas podem ser usadas para administração de NE. A administração pós-pilórica não é
necessariamente exigida.

Para NE considere uma fórmula com TCM à base de pequenos polipeptídeos, para melhorar a tolerância.

Usar NP caso a TN seja indicada e a NE seja contraindicada ou tolerada.

Emulsões de gordura intravenosas, em geral, são mais seguras e bem toleradas, desde que os triglicerídeos
estejam abaixo de 400mg/dL e não haja história anterior de hiperlipidemia.
Nutrição
parenteral (NP) O controle da glicemia próximo do normal é preferido.

Considerar o uso da glutamina (0,3g/kg).

Não há complicações específicas de NP exclusivas da pancreatite.

Atender às exigências de macronutrientes com TN:

NE e NP ✓ Calorias: 25-30/kg/dia

✓ Proteínas: 1,2-1,5g/kg/dia

 Quadro: Adaptado de Waitzberg et al ., 2017.

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PANCREATITE AGUDA GRAVE

RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA PANCREATITE AGUDA GRAVE

Energia 25 a 30kcal/kg/dia.

Proteínas 1,5 a 2,0g/kg/dia (desde que não haja aumento da ureia plasmática).

Carboidratos 35 a 65% do VET.


Lipídeos 1,0 a 1,5g/kg/dia, optando por emulsões que contenham TCM ou azeite de oliva.

Micronutrientes Embora seja provável que a necessidade de micronutrientes esteja aumentada, as doses não estão estabelecidas.

Probióticos Não está recomendada a administração, pois seu uso ainda é controverso.

Glutamina 0,3g/kg de peso quando a TN parenteral (TNP) for indicada.

Não há evidência suficiente para a recomendação do uso de TNE contendo imunonutrientes (arginina, ômega-3 e
Imunomoduladores
nucleotídeos) para pacientes com pancreatite aguda grave.

Quando a NE é viável, fórmulas elementares ou semielementares são bem toleradas e o posicionamento nasojejunal
Nutrição enteral
tem sido bem-sucedido.

Indicada nos casos de obstrução do intestino delgado, íleo persistente, se a TNE não for possível.

Recomendação: proteína: 1,2-1,5g/kg/dia; carboidrato (dextrose): 5-6g/kg/dia (taxa de infusão não superior a 4-
Nutrição parenteral 5mg/kg/min.

Emulsão lipídica não exacerba os sintomas da pancreatite (exceto em pacientes com histórico de hipertrigliceridemia –
triglicerídeos devem ser mantidos abaixo de 400mg/dL).

 Quadro: Adaptado de Waitzberg et al ., 2017; AMB, 2011; Chemin, Mura, 2011.

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PANCREATITE AGUDA LEVE

Repouso do TGI de 2 a 5 dias é o suficiente para que haja resolução da dor abdominal e diminuição das enzimas pancreáticas (amilase e lipase);

Quando indicada por via oral deve ser hipolipídica, consistência líquida, evoluindo de acordo com a tolerância.

PANCREATITE CRÔNICA

OBJETIVOS DA TN

Controlar a dor, corrigir a má-absorção, controlar as complicações.

Propiciar melhor ingestão energética.

Evitar a perda de peso e o surgimento da desnutrição proteico-energética.


Avaliação e correção das deficiências nutricionais (vitaminas lipossolúveis, B12, cálcio, folato, zinco, cobre, magnésio).

Reduzir ou abolir consumo de bebida alcoólica.

RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS

Mais de 80% dos pacientes com pancreatite crônica são tratados com alimentação por via oral e com suplementação de enzimas pancreáticas
exógenas.

30 a 35kcal/kg/dia

Energia Quando o paciente apresentar desnutrição grave (IMC < 16), há risco de síndrome de realimentação. Nesses casos, é
indicado iniciar o tratamento com uma oferta calórica menor (20kcal/kg/dia do peso atual), com progressão gradativa.

Proteínas 1,0 a 1,5g/kg/dia.

Dieta normoglicídica. Pode haver intolerância à glicose em virtude de insuficiência endócrina, sendo importante
Carboidratos
acompanhar a glicemia. No diabetes é indicado o controle na oferta de mono e dissacarídeos.

30% do VET (avaliar tolerância)

Lipídeos Se não houver ganho de peso e persistência na esteatorreia, é indicada a restrição a 20%, com TCM. Deve-se
acompanhar a ingestão alimentar em virtude da palatabilidade. Pode ser usada gordura do coco ou TCM.

Pode necessitar de suplementação das vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K).

O etilismo crônico também pode ocasionar a deficiência de ácido fólico, vitamina C, riboflavina, tiamina e ácido nicotínico,
Micronutrientes
portanto é recomendada reposição nesses casos.

Em casos de esteatorreia pode haver a necessidade de reposição de vitamina B12, tiamina, cálcio, magnésio e zinco.

 Quadro: Adaptado de Waitzberg et al ., 2017.

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PACIENTE OBESO CRÍTICO

A obesidade em pacientes de UTI acarreta um maior risco para o desenvolvimento de complicações, como alterações respiratórias, úlceras de
decúbito, trombose venosa profunda, aumento do risco infeccioso e dificuldade para a cicatrização de feridas.

RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS

Início da terapia
Iniciar TNE entre 24 e 48h de admissão para pacientes impossibilitados de ser alimentar por via oral.
nutricional
Peso atual, habitual e ideal, IMC, circunferência da cintura (se possível). Avaliar biomarcadores de síndrome
Avaliação nutricional
metabólica, presença de comorbidades e nível de inflamação.

Dieta hipocalórica e hiperproteica com o objetivo de mobilizar tecido adiposo, minimizar complicações e
Oferta calórica e proteica
preservar massa magra.

Na ausência de calorimetria indireta, utilizar fórmula de bolso: 11 a 14kcal/kg de peso atual para pacientes com

Cálculo das necessidades IMC entre 30 e 50kg/m2, e 22 a 25kcal/kg de peso ideal/ dia para aqueles com IMC acima de 50kg/m2.

nutricionais
Proteínas: 2,0g/kg de peso ideal/dia para pacientes com IMC entre 30 e 40kg/m2, e 2,5g/kg de peso ideal/dia

para pacientes com IMC > 40kg/m2.

Preferencialmente fórmulas de baixa densidade calórica e baixa relação calorias não proteicas/grama de
Escolha da dieta enteral
nitrogênio.

Monitorizações Alterações glicêmicas, lipídios plasmáticos, acúmulo de gordura hepática, presença de hipercaptania e
necessárias sobrecarga de fluidos.

 Quadro: Adaptado de Waitzberg et al ., 2017.

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TERAPIA NUTRICIONAL NO CÂNCER

OBJETIVOS DA TN

Prevenção e tratamento da desnutrição.

Modulação da resposta orgânica ao tratamento oncológico.

Controle dos efeitos adversos do tratamento oncológico (SBNPE, 2011).

TERAPIA NUTRICIONAL

VIA ORAL

Suplementação oral é indicada a pacientes que não conseguem atingir suas metas nutricionais por meio da dieta oral exclusiva (SBNPE, 2019; MS
2016).
VIA ENTERAL

Recomendada se a ingestão oral não for possível. Deve ocorrer preferencialmente de forma precoce (dentro de 48h) ou inadequada (< 60% das
necessidades nutricionais por 3 dias consecutivos), na presença de TGI funcionante (MS, 2016; SBNPE, 2019).

VIA PARENTERAL

Indicada naqueles que não toleram, não atingem suas necessidades por via digestiva ou possuem contraindicação ao uso do TGI (SBNPE, 2019). São
indicações do uso da NP (MS, INCA, 2016):

Disfunção gastrointestinal prolongada

Obstrução intestinal

Má absorção

Fístulas múltiplas de alto débito

Isquemia intestinal

Choque grave com prejuízo na perfusão esplênica

Sepse fulminante

O quadro a seguir apresenta a tomada de decisão em relação à TN de acordo com o prognóstico.

Expectativa de vida: meses ou mais Esperança de vida: dias a semanas


Condições do TGI e ingestão alimentar (tratamentos ativos de câncer (câncer progressivo sem opções de
considerados/estado pré-caquexia/caquexia) tratamento padrão, caquexia refratária)

TGI funcionante com redução da Manter a via oral e avaliar a necessidade de TN Manter a via oral e avaliar a necessidade
ingestão oral. oral. de TN oral.

TGI funcionante e ingestão oral TN não recomendada.

significativamente comprometida (por Considerar a TN enteral. Adotar medidas conservadoras, considerar


exemplo, disfagia, mucosite grave). a hidratação endovenosa.

Absorção significativamente TN não recomendada.

comprometida (por exemplo, obstrução Considerar a TN parenteral. Adotar medidas conservadoras, considerar
intestinal) ou falha na nutrição enteral. a hidratação endovenosa.

 Quadro: Adaptado de SBNPE, 2019.

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RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS
Paciente adulto ou idoso com
Oferta energética semelhante a indivíduos saudáveis. Geralmente, entre 25 e
câncer, em tratamento
30kcal/kg/dia.
antineoplásico

Paciente idoso com câncer idoso


Oferta energética de 32 a 38kcal/kg/dia.
com IMC < 18,5kg/m

Considerar a mesma recomendação para o paciente adulto ou idoso com câncer em


Paciente com câncer em
tratamento antineoplásico, mas na impossibilidade de atingir a meta, adequar a
tratamento paliativo
Energia oferta calórica que melhor conforte o paciente.

(kcal/kg/dia)

Pacientes sobreviventes do
Entre 25 e 30kcal/kg/dia, em eutrófico.
câncer

Pacientes com câncer e


Entre 20 a 25kcal/kg/dia.
obesidade

Pacientes com câncer e caquexia


Entre 30 a 35kcal/kg/dia.
ou desnutridos

Paciente adulto ou idoso com


> 1,0g/kg/dia. Na inflamação sistêmica: 1,2-2,0g/kg/dia. Na desnutrição: 1,2 a
câncer em tratamento
1,5g/kg/dia.
antineoplásico

Proteínas Mesma recomendação para o paciente adulto ou idoso com câncer em tratamento
Paciente com câncer em
(g/kg/dia) antineoplásico, porém não estabelecer metas nutricionais e sim trabalhar com oferta
tratamento paliativo
proteica que melhor conforte o paciente.

Pacientes sobreviventes do
Semelhante a indivíduos saudáveis, geralmente variando entre 0,8-1,0g/kg/dia.
câncer

 Quadro: Adaptado de SBNPE, 2019.

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Em relação ao paciente oncológico crítico, temos as seguintes recomendações nutricionais:

1º ao 4º dia: 15 a 20kcal/kg/dia 1,5 a 2,0g/Kg peso real/dia


IMC < 30kg/m2 1,5 a 2,0g/kg peso real/dia
Após: 25 a 30kcal/kg/dia

IMC > 30 a 50kg/m2 IMC < 40 = 2,0g/kg peso ideal/dia


11 a 14kcal/kg peso real/dia ou 22 a 25kcal/kg peso ideal/dia
IMC > 50kg/m2 IMC ≥ 40 = 2,5g/kg peso ideal/dia
 Tabela: Adaptado de SBNPE, 2019.

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IMUNOMODULADORES
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL

IMUNOMODULADORES

Naqueles submetidos à cirurgia, desnutridos ou em risco de desnutrição, candidatos à cirurgia de médio ou grande porte, recomenda-se o uso de
fórmulas hiperproteicas com imunonutrientes (arginina, ácidos graxos, ômega-3 e nucleotídeos), por via oral ou enteral na quantidade mínima de 500
ml/dia no período perioperatório, 5 a 7 dias antes da cirurgia (SBNPE, 2019).

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL

Deve ser realizada em todos que foram identificados em risco nutricional (SBNPE, 2019).

TERAPIA NUTRICIONAL NO TRAUMA

OBJETIVOS

Minimizar os efeitos do catabolismo (perda de massa magra).

Fornecer calorias para o organismo.

Imunomodulação.

FISIOPATOLOGIA

A situação mais comum em pacientes traumatizados é que evoluem com múltiplas intercorrências, principalmente de natureza infecciosa. Outro ponto
importante é em razão do acentuado catabolismo proteico, decorrente de modificações específicas do trauma, ingestão inadequada de nutrientes e
aumento da demanda energética, estes pacientes podem evoluir para um estado de deficiência nutricional em curto espaço de tempo (WAITZBERG et
al ., 2017; SBNPE, 2011).

RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS

Em casos selecionados, a TN oral pode ser indicada. Pela facilidade de colocação da sonda na posição gástrica, esta deve ser escolhida, pois a
precocidade da TNE é mais importante. Em situações de gastroparesia, paciente com refluxo gastroesofágico e risco de aspiração, a via preferida deve
ser a jejunal. A TNE deve ser precoce (nas primeiras 48h, preferencialmente nas primeiras 24h) após o trauma, desde que o paciente esteja
hemodinamicamente estável (SBNPE, 2011). As recomendações nutricionais podem ser observadas a seguir.

Energia Fórmula de bolso


20 e 25kcal/kg/dia: maioria dos pacientes críticos com trauma moderado a grave, nos primeiros dias, quando a resposta
pró-inflamatória (SIRS) é sobrepujante.

25-30kcal/kg/dia: pacientes mais estáveis (fase anabólica).

Harris-Benedict

GEB (homem): 66 + 13,7 x peso (kg) + 5 x altura (cm) – 6,8 x idade (anos)

GEB (mulher): 655 + 9,6 x peso (kg) + 1,7 x altura (cm) – 4,7 x idade (anos)

Fator “trauma”

Cirurgia: 1,20 Fator atividade

Fraturas: 1,33 Confinado no leito: 1,20

Trauma: 1,35 Fora do leito: 1,30

Trauma + infecção: 1,79

Proteína 1,2 a 2,0g/kg/dia

Carboidratos Não deve ultrapassar 3 a 4g/kg/dia (40% a 55% do valor energético total)

Lipídios De 25% a 30% das calorias calculadas ou não mais que 1,0g/kg de peso corporal/dia.

Glutamina, arginina, ácidos graxos ômega-3 e os nucleotídeos: beneficiam o paciente vítima de trauma moderado a grave

Imunonutrientes e devem ser prescritos precocemente na TN.

Glutamina: 0,5g/kg/dia

Pode reduzir o número de infecções, tempo de ventilação mecânica e internação em pacientes com TCE, mas necessita
Probióticos
de melhor sistematização da terapêutica.

 Quadro: Adaptado de Waitzberg et al ., 2017; SBNPE, 2011

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TERAPIA NA DOENÇA RENAL CRÔNICA (DRC)

OBJETIVOS

Retardar a progressão da doença.

Reduzir uremia, decorrente do acúmulo de produtos nitrogenados.


Prevenir e corrigir alterações hormonais (hiperparatireoidismo secundário), metabólicas (hiperfosfatemia, hiperpotassemia, acidose metabólica,
dislipidemia) e eletrolíticas.

Prevenir ou tratar as alterações nutricionais como desnutrição energética proteica e obesidade.

RECOMENDAÇÃO NUTRICIONAL

TRATAMENTO CONSERVADOR – FASE NÃO DIALÍTICA

Energia 30 a 35kcal/kg de peso ideal/dia

Proteína 0,6 a 0,8g/kg de peso atual/dia

Fósforo Em torno de 800mg ou 10 a 12mg/kg/dia

Cálcio 1000 a 1200mg – individualizado para cálcio, fósforo e PTH séricos

Sódio 1000 a 2300mg

Potássio Individualizado – geralmente, não restringido ou de 1000 a 3000mg

 Quadro: Adaptado de WAITZBERG et al ., 2017.

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HEMODIÁLISE

Energia 30 a 35kcal/kg de peso atual ou ideal (em caso de obesidade ou muito baixo peso)/dia

Proteína 1,0 a 1,2g/kg de peso atual/dia

Fósforo 800 a 1000 mg ou < 17mg/kg

Cálcio < 1000mg

Sódio 1000 a 2300mg

Potássio 1000 a 3000mg ou 40 mg/kg de peso atual


Ferro Homens: 8mg / Mulheres: 15mg

Líquidos 500 a 700 ml + volume urinário de 24h (750 a 1000 ml, se anúria)

 Quadro: Adaptado de WAITZBERG et al ., 2017.

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DIÁLISE PERITONEAL

30 a 35kcal/kg*/dia (dieta + dialisato)


Energia
* Kg de peso atual ou ideal, em caso de obesidade ou muito baixo peso

Proteína 1,2 a 1,3g/kg de peso atual/dia

Fósforo 1000 a 1200mg ou < 17mg/kg

Cálcio < 1000mg

Sódio 1000 a 4000mg

Ferro Homens: 8mg / Mulheres: 15mg

Carboidratos Em torno de 35 (dieta)

 Quadro: Adaptado de WAITZBERG et al ., 2017.

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TERAPIA NUTRICIONAL NAS DOENÇAS INFLAMATÓRIAS INTESTINAIS (DII)

São desordens inflamatórias gastrointestinais crônicas que se caracterizam por diarreia crônica, má-absorção, síndrome do intestino curto, disfunção
na barreira mucosa e processo inflamatório intestinal. São elas: Doença de Chron (DC) e a Retocolite Ulcerativa (RCU). No quadro a seguir
observamos a comparação quanto às características das DII (WAITZBERG et al., 2017; SBNPE, 2011; CHEMIN, MURA 2011).

Característica DC RCU

Localização Todo TGI (da boca ao ânus) Cólon e reto

Distribuição Lesões salteadas Lesões contínuas


Parede intestinal Espessada Espessura normal

Estenose Sim Rara

Profundidade Transmural Mucosa e submucosa

Úlceras Profundas Superficiais

Fibrose Sim Leve ou ausente

Granulomas Sim, malformados Não

Fístulas Sim Não

Pseudopólipos Raros Sim

Megacólon tóxico Incomum Sim

Potencial de malignidade Envolvimento colônico Sim

 Quadro: Adaptado de Burgos et al ., 2008.

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DOENÇA DE CHRON (DC)

Seu manejo nutricional dependerá da fase da doença. A diferenciação entre doença ativa e em remissão pode ser feita com base no Índice de Harvey-
Bradshaw (IHB) (Indicado pelo Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Doença de Crohn) e possui boa correlação com o Índice de Atividade da
DC (IADC ― Crohn´s Disease Activity Index ), que é o padrão-ouro para a caracterização dos estágios da doença (BRASIL, 2014).

Variável Descrição Escore

0= muito bem

1= levemente comprometido

1 Bem-estar geral 2= ruim

3= muito ruim

4= péssimo
0= nenhuma

1= leve
2 Dor abdominal
2= moderada

3= acentuada

3 Número de evacuações líquidas por dia 1 ponto para cada evacuação

0= ausente

1= duvidosa
4 Massa abdominal
2= definida

3= definida e dolorosa

1 ponto por item:

artralgia

uveíte

eritema nodoso

úlceras aftosas
5 Complicações

pioderma gangrenoso

fissura anal

nova fístula

abscesso

Total Soma dos escores das variáveis de 1 a 5

 Quadro: Adaptado de BRASIL, 2014.

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Classificação Observação

Remissão sintomática
Pacientes que necessitam de corticoide para permanecerem assintomáticos não são considerados em remissão,
IHB ≤ 4 (sem uso de
mas sim corticodependentes, devido ao risco de toxicidade pelo uso prolongado.
corticoides)
Doença leve a Costumam ser atendidos ambulatorialmente.
moderada
Toleram bem a alimentação, bem hidratados, não apresentam perda de peso superior a 10%, sinais de toxicidade,
IHB 5, 6 ou 7 massas dolorosas à palpação ou sinais de obstrução intestinal.

Estado geral bastante comprometido e apresentam um ou mais dos seguintes sintomas:

febre

Doença moderada a perda de peso

grave
dor abdominal acentuada
IHB ≥ 8

anemia

diarreia frequente (3 ou mais evacuações/dia).

Doença grave/
Sem sucesso no tratamento ambulatorial ou apresentam febre alta, vômitos persistentes, sinais obstrutivos
fulminante
intestinais, sinais de caquexia, sinais de irritação peritoneal ou com abscessos intra-abdominais.
IHB certamente > 8

 Quadro: Adaptado de BRASIL, 2014.

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Resposta clínica significativa equivale a uma redução de 3 pontos ou mais na escala IHB, com uma margem de erro de 16%, usualmente em favor de
uma maior sensibilidade no diagnóstico de resposta clínica ao utilizar-se o IHB (BRASIL, 2014).

TERAPIA NUTRICIONAL NAS DII

É considerada tratamento de suporte quando visa corrigir a desnutrição, repor deficiências de macro e micronutrientes, além de reverter suas
consequências metabólicas e patológicas (WAITZBERG et al ., 2017). Também visa induzir e manter a remissão da doença.

OBJETIVOS DA TERAPIA NUTRICIONAL NAS DII

Restaurar ou manter o estado nutricional.

Melhorar a qualidade de vida do paciente.

Corrigir deficiências de micronutrientes.

Controlar os sintomas, induzindo a remissão da doença.

Modulação da resposta imune.

Manejar as complicações.

Reduzir as indicações cirúrgicas (WAITZBERG et al ., 2017; CHEMIN, MURA, 2011).


A seguir, observamos alguns problemas associados à DII que podem levar à desnutrição.

Devido à dor ou medo da dor abdominal, diarreia, náusea, anorexia, sensação de paladar alterado, podendo
Ingestão inadequada
também ser influenciada por restrições alimentares que têm por finalidade o controle dos sintomas.

Aumento das
necessidades Em resposta à febre, infecção, formação de abscesso e fístula que podem aumentar o gasto energético.
nutricionais

A má absorção de carboidratos pode estar associada à absorção de D-xilose alterada. Os ácidos biliares são
absorvidos no íleo terminal e sua ressecção ou lesão podem resultar em má absorção de gorduras e vitaminas
Má absorção
lipossolúveis. Deficiência de B12 associada à ressecção do íleo terminal, assim como magnésio, zinco e cálcio
(devido à esteatorreia).

O cálcio tem a absorção intestinal inibida pela utilização de corticoides. O folato, pela utilização de sulfassalazina, e
Medicamentos
vitaminas lipossolúveis, pela colestiramina.

Perda entérica de proteínas, sangue, minerais, eletrólitos, elementos-traço do intestino durante período de
Aumento das perdas
inflamação ativa.

 Quadro: Adaptado de Chemin, Mura, 2011.

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RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NAS DII

35 a 40kcal/kg de peso ideal/dia. Podendo chegar a 45kcal/kg de peso ideal/ dia. A oferta de 25 a 35kcal/kg de peso
Calorias
ideal/dia pode ser usada como meta na manutenção ou ganho de peso, respectivamente.

Proteínas 1,0 a 1,5g/kg de peso ideal/dia ou 1,2 a 1,5g/kg de peso ideal/dia.

Deve ser a mais liberal possível nos períodos de remissão da doença. Durante as crises, deve-se evitar apenas o
Nutrição por via
desconforto do paciente. Entretanto, algumas restrições são obrigatórias: leite e derivados; alimentos ricos em
oral
resíduos; sacarose e gordura, até melhora dos sintomas.

Indicada para pacientes com TGI funcionante, mas que não querem, não podem ou não devem se alimentar por via
Nutrição enteral
oral.

Indicada na fase aguda da doença, em casos em que a TNE não é possível: obstrução intestinal, intestino curto com
mal absorção grave, distúrbios hidroeletrolíticos graves, dismotilidade intestinal grave, fístulas de alto débito ou
Nutrição parenteral
deiscências de anastomose. A TNP também pode ser usada quando ocorrer intolerância à TNE ou impossibilidade de
manutenção adequada de dieta oral associada à ausência de via de acesso para TNE.
Ácidos graxos de cadeia curta (AGCC): produzidos pela fermentação bacteriana de fibras solúveis. Estimulam o
crescimento da mucosa, aumentam o fluxo sanguíneo, são as fontes energéticas preferidas pelas células epiteliais
colônicas, e aumentam a absorção de água e sódio para o lúmen intestinal

Ômega 3: efeitos anti-inflamatórios sobre a RCU, reduzindo os sintomas, corticosteroides, promovendo melhora
Imunomoduladores
colônica.

Probióticos: produzem AGCC, amenizam a intolerância à lactose, controlam a diarreia aguda, melhoram a atividade
clínica da doença e previnem as recidivas.

Glutamina: melhora a integridade intestinal, reduz a translocação bacteriana e preserva o nível de imunoglobulina.

Vitamina B12: deve ser medida regularmente nos portadores de DC com ou sem ressecção do íleo distal.

Cálcio: pacientes em uso de corticosteroides devem receber de 1.500 a 2.000 mg de cálcio elementar.
Suplementação
Vitamina D: Deve ser medida e suplementada (25.000 a 50.000 UI/semana) se estiver abaixo do normal em caso de
intestino curto por ressecções múltiplas e extensas.

 Quadro: Adaptado de Waitzberg et al ., 2017; Chemin, Mura, 2011; SBNPE, 2011.

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TRATAMENTO DE MANUTENÇÃO

Pacientes com inflamação intestinal persistente, como naqueles dependentes de corticoidoterapia, é recomendado o uso de suplemento
nutricional oral.

A TNE suplementar pode ser efetiva na manutenção da remissão na DC.

A TNP não é recomendada para manutenção da remissão (SBNPE, 2011).

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TERAPIA NUTRICIONAL NA INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA

DOENÇAS HEPÁTICAS CRÔNICAS

A cirrose representa o resultado de uma agressão crônica ao fígado, apresentando fibrose e formação nodular difusa, com desorganização da
arquitetura do órgão. As causas estão relacionadas (CHEMIN, MURA, 2011):

Ao vírus (vírus B e C)

Às questões metabólicas (ex.: erros inatos do metabolismo)

Ao alcoolismo
À indução por fármacos (ex.: metotrexato, isoniazida, etc.)

Às questões biliares (cirrose biliar) e cripotênicas (causas indeterminadas).

Pacientes hepatopatas podem ser classificados em compensados e descompensados (presença de ascite, encefalopatia e/ou icterícia).

HIPERTENSÃO PORTAL
Caracterizada pelo aumento crônico da pressão venosa portal pela interferência no fluxo sanguíneo venoso hepático, ocasionado por
hepatoesplenomegalia, ascite e vasos visíveis na parede abdominal. Varizes esofageanas representam a complicação mais comum da hipertensão
portal, sendo uma das principais causas de óbitos (CHEMIN, MURA, 2011).

ENCEFALOPATIA HEPÁTICA
São alterações neuropsíquicas de origem metabólica e reversível que estão relacionadas com agravamento funcional do fígado. Costuma ser
classificada em 4 estágios.

Grau I:

Alteração do comportamento e do ritmo sono-vigília. Pode haver sonolência ou euforia.

Grau II:

Igual ao grau anterior, com maior predomínio de sonolência e aparecimento de flapping ou asterixe.

Grau III:

Paciente dorme a maior parte do tempo, mas responde a estímulos verbais. Confuso, voz arrastada. Asterixe evidente.

Grau IV:

Paciente comatoso, podendo responder ou não a estímulos dolorosos. Asterixe ausente.

 Quadro: Adaptado de Chemin, Mura, 2011.

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ASCITE
O acúmulo de líquidos na cavidade peritoneal nos portadores de cirrose decorre da grande retenção renal de sódio em consequência da hipertensão
portal, ocasionando várias alterações hemodinâmicas e predispondo a complicações. Retenção hídrica não deve ser implementada, exceto em
pacientes com quadro avançado. Sódio restrito em 2g/dia (CHEMIN, MURA, 2011; MAHAN et al ., 2012). A ascite eleva o GEB em 10%.

TRANSPLANTE HEPÁTICO
A desnutrição proteico-calórica é uma das variáveis mais graves no pré-operatório, ocasionando severas complicações nos primeiros meses do pós-
transplante, bem como contribuindo para o aparecimento de complicações (infecções, rejeições e alterações metabólicas) (CHEMIN, MURA, 2011).

RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NAS DOENÇAS HEPÁTICAS

Energia Proteína Carboidratos


Doença hepática Lipídios (%)
(kcal/kg/ dia) (g/kg/dia) (%)

Hepatite aguda ou crônica 30-40 1,0-1,5 67-80 20-33


Cirrose compensada 30-40 1,2-1,5 67-80 20-33

Cirrose descompensada 40-50 1,2-1,8 72 30

Colestase 30-40 1,0-1,5 73-80 20-27

Encefalopatia hepática 25-40 0,5-1,5 60-75 25-30

Pré-transplante

Manutenção 30-50 1,0-1,2

Desnutrição 40-45 1,2-1,5 60-75 25-30

40 1,4 60-75 25-30


Leve
45 1,5
Moderada/grave

Pós-transplante imediato (DPC (DPC: depleção


40-45 1,0-2,0 50-80 20-30
proteico-calórica.) )

30% com redução do


Pós transplante tardio 30-35 1,0-1,2 50-70
colesterol

 Quadro: Adaptado de Chemin, Mura, 2011.

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AMINOÁCIDOS DE CADEIA RAMIFICADA (AACR)

A suplementação de AACR via oral e/ou enteral é indicada no tratamento daqueles gravemente enfermos, com infecções importantes ou em
recuperação de hemorragia digestiva grave.

AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA

Durante a avaliação bioquímica do estado nutricional, marcadores séricos como albumina e pré-albumina devem ser utilizados com cautela em
pacientes com DHC.
NUTRIÇÃO CLÍNICA: CONSTRUINDO O TRABALHO DE CONCLUSÃO
DO ESTÁGIO COM BASE NOS RESULTADOS OBTIDOS COM
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DO PACIENTE
HOSPITALIZADO
A especialista Camila Costa abordará a construção do trabalho de conclusão do estágio com base na análise dos dados do paciente hospitalizado.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. EM RELAÇÃO ÀS AFIRMATIVAS SEGUINTES, JULGUE COMO V (VERDADEIRO) OU F (FALSO) E, EM SEGUIDA,


ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA.

EM PACIENTES COM DOENÇA HEPÁTICA CRÔNICA, MARCADORES SÉRICOS COMO ALBUMINA E PRÉ-
ALBUMINA DEVEM SER UTILIZADOS COM CAUTELA NAQUELES COM DHC, DURANTE A AVALIAÇÃO
BIOQUÍMICA DO ESTADO NUTRICIONAL.

NA TERAPIA NUTRICIONAL DAS DOENÇAS INFLAMATÓRIAS INTESTINAIS, NOS PORTADORES DE DOENÇA DE


CHRON, A VITAMINA B12 DEVE SER MEDIDA COM REGULARIDADE NAQUELES QUE TIVERAM A RESSECÇÃO
DO JEJUNO.
EM SITUAÇÕES DE TRAUMA, IMUNODULADORES COMO GLUTAMINA, ARGININA, ÁCIDOS GRAXOS ÔMEGA-3
E NUCLEOTÍDEOS NÃO BENEFICIAM O PACIENTE VÍTIMA DE TRAUMA MODERADO E GRAVE, E NÃO DEVEM
SER PRESCRITOS PRECOCEMENTE NA TERAPIA NUTRICIONAL.

NO PACIENTE OBESO CRÍTICO, EM RELAÇÃO À OFERTA CALÓRICA E PROTEICA, SUA ALIMENTAÇÃO DEVE
SER COMPOSTA DE DIETA HIPOCALÓRICA E HIPERPROTEICA, COM O OBJETIVO DE MOBILIZAR TECIDO
ADIPOSO, MINIMIZAR COMPLICAÇÕES E PRESERVAR MASSA MAGRA.

A) I e IV

B) II e III

C) III e IV

D) I e III

E) II e V

2. NO PACIENTE PORTADOR DE TRAUMA CIRÚRGICO, A SEPSE ESTÁ RELACIONADA COM ALTA MORTALIDADE E
FREQUENTEMENTE HÁ NECESSIDADE DE INTERNAÇÃO DESSES PACIENTES EM UNIDADES DE TERAPIA
INTENSIVA.

A RESPEITO DESSA PATOLOGIA, ASSINALE A ALTERNATIVA INCORRETA.

A) A proteína deve compor 1,2 a 2,0g/kg/dia.

B) Recomendação de 25% a 30% na forma de lipídios.

C) Glutamina e arginina não beneficiam o paciente, devendo-se evitar sua prescrição.

D) Ômega-3 e os nucleotídeos são indicados no trauma moderado.

E) Probióticos podem reduzir o número de infecções, mas com pouco evidência na sua terapêutica.

GABARITO

1. Em relação às afirmativas seguintes, julgue como V (verdadeiro) ou F (falso) e, em seguida, assinale a alternativa correta.

Em pacientes com doença hepática crônica, marcadores séricos como albumina e pré-albumina devem ser utilizados com cautela
naqueles com DHC, durante a avaliação bioquímica do estado nutricional.

Na terapia nutricional das doenças inflamatórias intestinais, nos portadores de Doença de Chron, a vitamina B12 deve ser medida com
regularidade naqueles que tiveram a ressecção do jejuno.

Em situações de trauma, imunoduladores como glutamina, arginina, ácidos graxos ômega-3 e nucleotídeos não beneficiam o paciente
vítima de trauma moderado e grave, e não devem ser prescritos precocemente na terapia nutricional.

No paciente obeso crítico, em relação à oferta calórica e proteica, sua alimentação deve ser composta de dieta hipocalórica e
hiperproteica, com o objetivo de mobilizar tecido adiposo, minimizar complicações e preservar massa magra.

A alternativa "A " está correta.

Em relação à afirmativa “III”, o acompanhamento da vitamina B12 deve ocorrer sempre que houver ressecção do íleo terminal e, em relação à
afirmativa “IV”, os imunomoduladores devem ser prescritos precocemente na terapia nutricional do trauma, pois conseguem beneficiar pacientes que o
sofreram.
2. No paciente portador de trauma cirúrgico, a sepse está relacionada com alta mortalidade e frequentemente há necessidade de internação
desses pacientes em Unidades de Terapia Intensiva.

A respeito dessa patologia, assinale a alternativa INCORRETA.

A alternativa "C " está correta.

A glutamina e arginina apresentam efeitos benéficos em pacientes portadores de trauma, e são indicados na TN.

CONCLUSÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo destes módulos, podemos visitar os principais assuntos relacionados à Nutrição clínica. Iniciamos o percurso relembrando os passos da
terapia nutricional, desde a triagem nutricional, passando pela avaliação nutricional, cálculos energéticos para as diferentes situações, modificações na
composição das dietas hospitalares, e chegamos às principais patologias encontradas no ambiente hospitalar, enfatizando a sua fisiopatologia,
avaliação nutricional e a terapia nutricional recomendada.

AVALIAÇÃO DO TEMA:

REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA. AMB. Agência Nacional de Saúde Suplementar. Diretrizes clínicas na saúde suplementar. Sepse: Nutrição,
2011.

ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA. AMB. Conselho Federal de Medicina (CFM). Terapia nutricional na pancreatite aguda, 2011.

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BLACKBURN, G. L.; THORNTON, P. A. Nutritional Assessment of the Hospitalized Patient. Journal Parenter Enteral Nutrition, [S.l.], n. 1, p. 11-22,
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BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Aprova o protocolo clínico e diretrizes terapêuticas da doença de Crohn. (Portaria nNº 996, 2014).

BURGOS, M. G. P. A.; SALVIANO F. N.; BELO, G. M. S.; BION, F. M. Doenças inflamatórias intestinais: o que há de novo em terapia nutricional?
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CHEMIN, S. M.; MURA, J. D. P. Tratado de alimentação, nutrição & dietoterapia. 2. ed. São Paulo: Roca, 2011.

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CHUMLEA, W. C.; ROCHE, A. F.; STEINBAUGH, M. L. Estimating Stature from Knee Height for Persons 60 to 90 years of age. J Am Geriatr Soc.,
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CURRERI, P. W. Nutritional Support of Burn Patient. World J Surg. 1978.

DETSKY, A. S.; McLAGHLIN et al . What Is Subjective Global Assessment of Nutritional Status? JPEN J Parenter Enteral Nutr., 1987.

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FRISANCHO, A. R. New Norms of Upper Limb Fat and Muscle Areas for Assessment of Nutritional Status. American Journal of Clinical Nutrition,
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LIPSCHITZ, D. A. Screening for Nutritional Status in the Elderly. Prim Care, p. 55-67, 1994.

MAHAN, L. K. et al . Alimentos, nutrição e dietoterapia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.

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MINISTERIO DA SAUDE. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada e Temática. Manual de terapia nutricional na
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SOCIEDADE BRASILEIRA DE NUTRIÇÃO PARENTERAL E ENTERAL. SBNPE. Diretriz Braspen de Terapia Nutricional no Paciente com Câncer
e BRASPEN recomenda: Indicadores de Qualidade em Terapia Nutricional. 1º suplemento, 2019.

WAITEZBERG, D. L. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica. 5. ed. São Paulo: Atheneu, 2017.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. WHO. Obesity: Preventing and Managing the Global epidemic. Genebra: WHO, 1997.

EXPLORE+

A Brazilian Society of Parenteral and Enteral Nutrition (BRASPEN) aborda de uma forma interessante e cuidadosa uma abordagem sobre a
Terapia Nutricional (TN) do Diabetes em sua Diretriz BRASPEN de TN no Diabetes Mellitus (2020), por isso, sugerimos que a pesquise.

Na página do Instituto Nacional do Câncer (INCA), encontramos o Consenso sobre nutrição oncológica (2009 e 2011) e os Anais de 2009,
que são extremamente úteis para que você os pesquise.

Pesquise a página da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), onde encontramos diversas publicações relevantes: manuais e diretrizes.

Assista, no YouTube, ao evento "A atuação do Nutricionista em EMTN e abordagem nutricional nas doenças renais", realizado em 2018 pelo
Conselho Regional de Nutricionistas da 3ª região (CRN-3).

CONTEUDISTA
Patrícia Passos Simões

 CURRÍCULO LATTES

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