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Aula TP DUE - Apontamentos aulas práticas

Direito da União Europeia (Universidade do Minho)

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Aula nº2 TP:


Acórdão Carbonate Apuani: tem na sua base a aplicação de uma
taxa num município a mercadorias de mármore que saíam desse
município. O município taxava o mármore que saísse de lá. Neste caso
foram taxadas 2 mercadorias que saíam desse município para Itália
sendo a carbonati notificada para pagamento e esta impugnou a decisão
invocando a livre circulação de mercadorias protegida pela ordem jurídica
europeia. A Comissão europeia nas suas justificações veio dar conta ao
TJ que o caso estava fora do âmbito de aplicação do Direito da EU, na
medida em que em concreto as mercadorias só circularam dentro do
mesmo estado membro. No entanto, o TJ discorda desta tomada de
decisão considerando por um lado que o estabelecimento de um
mercado interno assente nas liberdades de circulação de pessoas,
mercadorias, capitais e serviços tinha determinado que uma situação
como a presente. O facto de termos um mercado interno assente nas
liberdades de circulação veio determinar que situações como esta se
subsumissem ao DUE pelo facto de a taxa se aplicar indistintamente às
mercadorias quer as mesmas tivessem como destino o mesmo Estado
membro ou um outro Estado membro. A taxa enquanto tal tinha a
suscetibilidade de perturbar o bom funcionamento do MI, ainda que neste
caso em concreto as mercadorias não circulassem entre EM. Para uma
EU que se quer de direito, este acórdão permite concluir que o MI está
ao serviço do processo de integração político porque os pais fundadores
(como Jean Monnet) acreditavam que o MI seria um instrumento de
transformação com impacte psicológico porque a lógica passou a ser
diferente quando passaram a ser abrangidas pelo âmbito da União,
deixando de ter uma lógica estritamente nacional para assumir uma
função europeia. As normas ainda que nacionais quanto à fonte
passaram a ser europeias quanto ao fim, o que transforma as ordens
jurídicas nacionais em ordens jurídicas parciais porque assumidas pelo
projeto europeu e por ele orientadas. Através deste acórdão considera-se
que se deu uma constitucionalização das liberdades económicas que
deixaram de ser económicas para serem liberdades fundamentais
expressas quanto tal na CDFUE.
Princípios gerais do Direito da União:
Princípio da interpretação conforme, do efeito direto, da efetividade
do Direito da União e da responsabilidade dos Estados por violação do
Direito da União.
Acórdão Maribel Dominguez: este acórdão aborda dois destes
princípios: principio da interpretação conforme e o princípio do efeito
direto. Estes dois princípios são dois princípios gerais do Direito da União

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europeia na medida em que resultam das especificidades desta ordem


jurídica, ou seja, não são princípios com que nos deparemos à luz de
uma ordem jurídica nacional, isto porque estes vão explicar como é que
perante normas nacionais e normas europeias nós vamos aplicar as
soluções jurídicas europeias, sempre que possa existir uma
desconformidade da norma nacional com a norma jurídica europeia.
Neste pressuposto o principio da interpretação conforme visa determinar
que as normas nacionais deverão ser objeto de uma interpretação
compatível com aquilo que o DUE estabelece para a mesma
circunstancia. Cabe, portanto, realizar esta interpretação em
conformidade observando algumas regras desde logo o interprete, o
aplicador do direito poderá realizar uma interpretação conforme até que
um dos seguintes limites seja alcançado:
1. Interpretação conduzida redundar numa interpretação contra
legem
2. Essa interpretação possa questionar algum princípio geral de
direito, ou seja, ao promover a interpretação em conformidade do
DI à luz do DUE o aplicar do direito estará a violar um principio
geral de direito quer de natureza interna quer de natureza europeia
Esta interpretação deverá ser realizada através dos mecanismos de
interpretação previstos no direito interno de cada EM.
Por outro lado, temos o princípio do efeito direto que historicamente
surge na jurisprudência do TJ antes da interpretação conforme ser
teorizada e diz respeito a suscetibilidade de invocação de uma
disposição de DUE em juízo, ou seja, perante um tribunal. Este principio
foi desenvolvido de forma a dar resposta a determinadas finitudes
associada ao cumprimento das diretivas. A ordem jurídica europeia
explica-se a partir da existência de direito originário, aquele que resulta
dos tratados e depois do Tratado de Lisboa, da CDFUE, por conta da
mesma ter assumido força juridicamente vinculativa e por força do art.º
6/1 do tratado da união se assumir hoje como tendo o mesmo valor
jurídico que os tratados. Para além disto, a norma jurídica europeia cria
as suas próprias normas jurídicas, que nos termos do art.º 288 do TFUE
se poderão categorizar como atos vinculativos e atos não vinculativos.
São vinculativos os regulamentos, as diretivas e as decisões e são atos
não vinculativos as recomendações e os pareceres. Os regulamentos
são atos jurídicos legislativos europeus, através dos quais se impõe uma
regra, se criam obrigações e se conferem direitos, sendo que estes se
caracterizam por primeiro terem caráter geral, segundo por ser
obrigatório em todos os seus elementos e por ser diretamente aplicado.
Isto significa que gozam de caráter geral porque têm a suscetibilidade de
se aplicar às categorias que os próprios nomeiam, podendo vincular em

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abstrato todos os EM e/ou todos os particulares. Por sua vez é


obrigatório em todos os sues elementos porque contrariamente aos atos
vinculativos, tal determina que para os EM estes não pode aplicar os
regulamentos de forma seletiva
(TABLET- continuação)
Aula nº 3 TP:
No acórdão Berlusconi estavam em causa três processos de natureza
penal em Itália a propósito de comportamentos fraudulentos na gestão de
empresas, uns associados à falsificação da contabilidade, outros pela
realização de balanços contabilísticos falsos e a falsificação de
determinadas operações aduaneiras relativas a importações e
exportações. O DUE é mobilizado no caso porque tinham sido adotadas
um conjunto de diretivas chamadas diretivas sociedade que
relativamente a estes comportamentos instavam os EM a adotar
molduras penais mais gravosas, sanções mais efetivas para aqueles
comportamentos, no entanto o Estado italiano fez exatamente o
contrário. Relativamente a alguns destes comportamentos despenalizou,
noutros descriminalizou e noutros ainda mexeu na moldura prescricional.
O MP italiano foi então confrontado por estes arguidos nacionalmente
com um pedido para aplicar a lei penal mais favorável em cada um dos
seus processos. O procurador usou as disposições das diretivas para
consubstanciar a sua acusação e a manutenção do tratamento daqueles
comportamentos como criminosos. então feito o envio prejudicial pelo
tribunal competente no sentido de aferir a possibilidade de este sentido
do efeito direto (Estado contra particulares) poder ser aceite pela ordem
jurídica europeia. No considerando 44 começa por se esclarecer que
uma diretiva não pode por si criar obrigações para um particular, pois não
pode ter como efeito por si, e independentemente de uma lei interna e
determinar o agravamento da responsabilidade penal das pessoas.
Neste pressuposto, portanto, os considerandos 72 a 74 esclarecem a tal
proibição do efeito direto vertical invertido- uma diretiva não pode ser
invocada contra um particular, não podendo agravar a sua
responsabilidade sobretudo se for o Estado a proceder a essa invocação
na medida em que isso abriria a possibilidade do Estado beneficiar do
seu próprio incumprimento na medida em que é o Estado o destinatário
da norma da diretiva tendo tido oportunidade de a traspor.
A dinâmica de articulação entre o princípio da interpretação
conforme e o princípio do Estado de direito está particularmente
evidentes nos acórdãos Maribel Dominguez e Poplawski.
Neste pressuposto como a senhora Maribel teve um acidente… não lhe
foi reconhecido o direito a férias remuneradas porque este acidente não

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era equiparável à luz da legislação nacional a um acidente de trabalho o


que fez com que a mesma agisse judicialmente invocando a disposição
da diretiva que lhe reconhecia o direito a férias anuais remuneradas.
Este acórdão estabelece uma aproximação à metodologia a adotar
relativamente à observância da ordem jurídica europeia nos litígios que
têm de ser dirimidos nacionalmente. Para o efeito o TJ começa por
esclarecer que a primeira aproximação ao caso deverá pautar-se por
uma interpretação conforme da norma nacional à luz da norma europeia
designadamente no caso as normas da diretiva, o que poderia passar por
uma interpretação extensiva do conceito de acidente de trabalho
nacionalmente consagrado como também integrante das situações de
acidente…. Circunstância que desta forma acautelaria a situação jurídica
de Maribel. Tal poderia ser possível porque parece não ultrapassar os
limites impostos à interpretação conforme pois não conduziria a uma
interpretação contra legem do direito francês e por outro lado não
chocaria com nenhum princípio geral de direito no caso em concreto. No
entanto, caso o juiz nacional considere que isto não é possível teria de
verificar se a disposição da diretiva invocada pela senhora Maribel
preenche os requisitos cumulativos para gozar de efeitos diretos. Em
primeiro, a norma em causa confere direitos a particulares (direito a
férias anuais remuneradas() em segundo fá-lo de forma clara, precisa na
medida em que conseguimos compreender qual o direito e suas
consequências jurídicas e fá-lo de forma incondicionada, sem ter de
observar ou preencher uma condição prévia e em terceiro a diretiva rm
causa já teria de ter sido transposta para o ordenamento jurídico interno
tendo já decorrido o prazo de transposição e por ultimo atendendo a que
a entidade patronal do caso atuava no âmbito da SS poderia reportar-se
como tendo estatuto público e nessa medida também o sentido da
invocação é possível que se trataria de invocar a disposição da diretiva
por um particular contra o Estado. O TJ não tendo, no entanto, elementos
suficientes para caracterizar o Cicoa como ente público ainda esclarece
que na base da norma da diretiva estava uma prossecução de um
principio com dimensão social e como tal não declarando o efeito direto
horizontal esclarece que este direito de carater social podia ser
convocado para proteger a Sra. Maribel na relação com o outro
particular.

Acórdão Gumterfub e acórdão ferreira da silva: quanto ao princípio


da responsabilidade do Estado por.
Responsabilidade do Estado: o princípio da responsabilidade dos
Estados é também ele um corolário do principio da lealdade europeia na

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medida em que quando os Estados não cumprem as obrigações que


sobre si impendem por força do direito da união estes terão de poder ser
acionados, responsabilizados pelos danos que causam na esfera jurídica
de qualquer ente ou pessoa afetada e foi por isso que a partir da
lealdade europeia ou da cooperação leal se desenvolveu uma figura que
imputasse aos Estados uma responsabilidade extracontratual. As
potencialidades desta figura são relevantes para a esfera jurídica do
afetado porque lhe permite obter as consequências de uma
responsabilidade extracontratual ou a reconstituição do status coandi ou
o pagamento de uma indemnização. A emergência desta
responsabilidade baseia-se no preenchimento cumulativo dos três
pressupostos:
1. norma de DUE que confere direitos ter sido violada
2. essa violação tem de ser suficientemente caracterizada e
3. tem de existir um nexo de causalidade entre a violação e o dano.
Caso Gunterfub: trabalhador que trabalhou mais horas semanalmente
mais do que o que era legalmente estabelecido. Trabalhava em média
54h quando o limite máximo fixado legalmente era 48 incluindo horas
extraordinárias. Dirigiu um pedido a sua entidade patronal, município de
Hamburgo, para não trabalhar mais que o limite e estes deram-lhe
represálias transferindo-o de unidade e qua o este fez um pedido de
compensação pelas horas amais que havia trabalhado o município
também o indeferiu. Nesta circunstância o senhor iniciou uma ação por
responsabilidade do Estado, sempre movida no tribunal nacional,
invocando para o efeito a violação de uma norma de uma diretiva que
fixava o tempo máximo do trabalho cuja jurisprudência do TJ já tinha
reconhecido efeito direto da disposição. Nos considerandos 38 a 40 o Tj
esclarece que a pretensão do sr. se baseava numa disposição de uma
diretiva cujo efeito direito já havia sido reconhecido pela jurisprudência
constante do TJ e em concreto demonstrava que este efeito direto era
possível porque o sr. a estava a invocar contra um empregador de
natureza publica, o município. O TJ esclarece que esta norma conferia
direitos, quanto ao segundo critério o TJ vem especificar o que é uma
violação suficientemente caracterizada nos considerandos 50 a 60. O TJ
entende que as duas condições da responsabilidade do Estado estão
preenchidas especificamente quanto à segunda o TJ esclareceu que
para aferir a suficiência da caracterização de uma violação se terá por
um lado de atender ao grau de clareza e precisão da norma violada e por
outro ao âmbito da margem de apreciação que a norma europeia deixa
as autoridades nacionais. Portanto, quanto maior o grau de precisão e
clareza da norma e menor a margem de apreciação/ discricionariedade
mais perto estamos de caracterizar uma violação como sendo

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suficientemente caracterizada. Por ultimo, a jurisprudência do TJ


normalmente não se pronuncia sobre o preenchimento do terceiro critério
por causa da produção de prova. Este não se pronuncia em concreto
sobre este critério pelo seu caráter mais casuístico e mais dependente da
produção de prova, o que está reservado ao tribunal nacional.
Acórdão Ferreira da Silva: este acórdão é paradigmático porque
inaugura a jurisprudência do TJUE em concreto ao reconhecer que o
Estado na sua veste de juiz poderá ser responsabilizado pela violação do
Direito da União. Concretamente estávamos perante um caso em que o
STJ Português, órgão jurisdicional que em regra decide em última
instância não fez o reenvio prejudicial quando a isso estava obrigado
tendo-se auxiliado de forma equivocada da doutrina do ato claro de
forma a isentar-se dessa obrigação de reenviar. Com este acórdão o
TJUE continua a flexibilizar o que é uma violação suficientemente
caracterizada. Este teve também a virtualidade de demonstrar uma outra
situação que quando observada flexibiliza o preenchimento da
responsabilidade do Estado por violação do DUE, o relativo à violação
ser suficientemente caracterizada especificamente quando há uma
situação que determina o reenvio obrigatório e o mesmo não é realizado
pelo Tribunal nacional, não existindo em concreto a possibilidade de se
auxiliar por exemplo da doutrina no ato claro.

A tutela jurisdicional efetiva diz respeito à suscetibilidade de obter o


acautelamento de determinados direitos conferidos pela ordem jurídica
europeia através dos seus tribunais que poderão ser funcionalmente
europeus, os tribunais nacionais, e organicamente europeus, aqueles
que integram a instituição TJUE. Este princípio geral foi concretizado nas
suas diversas dimensões enquanto direito fundamental no art.º 47 da
CDFUE em que no 1º paragrafo encontramos o direito à ação, ou seja,
suscetibilidade de mover uma ação perante um tribunal. No 2º paragrafo,
1ª parte encontramos a dimensão do exercício dos direitos de defesa que
refere a suscetibilidade de contraditar numa ação judicial os argumentos
que foram contra si invocados. A terceira dimensão resulta da 2ª parte
que diz respeito ao tribunal independente, imparcial e que decide em
prazo razoável- suscetibilidade de qualquer interveniente processual
exercer os seus direitos perante um tribunal que interna e externamente
se encontra despojado de quaisquer influências. Quarta dimensão, parte
final do 2ºparágrafo: direito a ser representado em juízo que se prende
com a suscetibilidade de querendo as partes constituírem mandatário. No
art.º 47, 2º paragrafo o direito a apoio em situações de carência
económica. O acórdão LM assim como o AK prendem-se com a
consubstanciação do direito a um tribunal independente e imparcial

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inerentes à tutela jurisdicional efetivas. No LM estávamos perante um


mandado de detenção europeu emitido por um juiz polaco para que fosse
apresentado a esse tribunal e pudesse ser julgado por crimes cometidos
nesse ordenamento jurídico. O senhor LM é então encontrado na irlanda
e invocou a inexecução do mandado porque os tribunais polacos não
eram capazes de assegurar que fosse julgado por um tribunal
independente e imparcial. O TJ no acórdão LM por conta da
independência e da imparcialidade esclarece que uma causa de
inexecução do mandado de detenção se poderia prender precisamente
com as situações em que houvesse dúvidas que nesse EM a pessoa
pudesse ser julgada por um tribunal que não cumprisse os requisitos de
independência e imparcialidade. Com este acórdão o TJ concretiza a
relação simbiótica entre a tutela jurisdicional efetiva enquanto principio
geral e direito fundamental porque auxilia-se na sua argumentação do
acórdão associação sindical, concretiza a tutela enquanto principio geral
para interpretar o direito fundamental à tutela na sua dimensão de
tribunal independente e imparcial, tal como ele resulta do art.º 47 da
CDFUE. O acórdão AK revisita novamente os problemas associados ao
EM polaco especificamente opondo um conjunto de juízes afetados pelas
medidas que afetavam a independência e imparcialidade.
A partir da leitura do art.º 19/- 2ºpararafo do TUE percebemos que
entre a tutela jurisdicional efetiva e a autonomia processual dos Estados-
membros, existe uma relação umbilical especificamente nos casos em
que a tutela tem de ser assegurada pelos tribunais nacionais, porque
quando é assim o Direito da União vai-se auxiliar das normas
processuais nacionais do EM, por isso que se diz que os EM gozam de
uma autonomia processual. Cabe aos EM no âmbito da autonomia
processual criar as vias recursorias adequadas e normas de processo
tendentes à efetivação do Direito da União. Esta faculdade surge para
dar resposta a titela jurisdicional efetiva do Direito da União e se este
determina que se use o processo nacional, este sendo testado tem de
ser suficientemente adequando para assegurar que o Direito da união é
acautelado e para isso há dois testes cumulativos em sentido positivo: o
teste da equivalência e o teste da efetividade. A equivalência visa testar
se a norma processual nacional acarreta um tratamento menos favorável
para o litigio que envolve Direito da União relativamente aquele que não
envolve, exige uma comparabilidade de situações, não exige uma
identidade. Não havendo possibilidade de promover a comparação o
teste da equivalência é dado por ultrapassado restando conduzir o juízo
a luz da efetividade em sentido estrito. A efetividade em sentido estrito
visa testar se uma norma processual nacional torna excessivamente
difícil ou impossível na prática o exercício dos direitos decorrentes da
ordem jurídica europeia. Como se trata de um conceito indeterminado o

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TJ esclareceu que para o efeito cabe olhar para a norma nacional e


perceber o seu papel no cometo global no processo e se mesmo assim
não formos capazes de chegar a conclusão cabe aferir se na base da
norma processual reside uma vocação de efetivar algum princípio geral.

Tramitação prejudicial:
A tramitação prejudicial pode ser arrumada segundo duas
categorias: tramitação prejudicial comum ou então uma tramitação
especial que se subdivide em tramitação especial urgente e tramitação
especial acelerada cujo regime jurídico resulta dos artigos 107 e 105 do
regulamento do processo e do art.º 23- A do estatuto do tribunal de
justiça da união europeia. Ambas as tramitações foram pensadas para
reduzir o tempo que o TJ tem para decidir. A tramitação acelerada tem
em vista abreviar o processo de reenvio prejudicial cabendo ao TN que
faz o reenvio prejudicial em regra requerer ao TJ que decrete esta
tramitação, pois só excecionalmente o TJ a decretará oficiosamente. O
que acontece aqui é que os prazos para apresentação de observação
escritas é comprimido já que, enquanto na tramitação comum é de 2
meses aqui não pode ser inferior a 15 dias, mas poderá cifrar-se muito a
quem desses 2 meses e ela será decretada se se demonstrar um
particular interesse e alguma urgência em que o TJ decida rapidamente e
foi o que aconteceu no acórdão Jippes. Na tramitação urgente para além
da demonstração casuística da urgência tem de existir uma circunstância
relativa ao espaço de liberdade, segurança e justiça, ou seja, as matérias
incorporadas no art.º 67 e ss. Do TFUE. Exemplo: cooperação judiciária
em matéria civil como acontece no acórdão McB. Para esta tramitação
ser rápida os prazos das apresenteções de observações escritas e orais
são reduzidas, não estando fixados e o Tj fixa um prazo breve e em
circunstancias de extrema urgência poderá prescindir-se da sua
elaboração e da própria audição do advogado-geral.
Como vimos, o acórdão Gomes Valente demonstra a alteração de
paradigma associada ao reenvio prejudicial na medida em que apesar de
ser o STA português, aquele que gozava de competências para realizar o
reenvio, ele poderá ser sensibilizado para a sua realização a partir das
partes, inclusivamente nos seus articulados poderão minutar a questão
prejudicial, o que aconteceu no caso concreto. Isto demonstra a
dimensão. aquela que releva para a tutela jurisdicional efetiva ao colocar
em evidencia o papel que os litigantes têm para o desenvolvimento
efetivo da União. No caso a necessidade do reenvio e o seu próprio
conteúdo foram sugeridas pela parte tendo o STA adotado as questões
dadas pela parte.

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O acórdão Comissão contra República Francesa (considerandos


105 e ss.) caracteriza-se qual o tribunal obrigado a reenviar, ou seja, nos
reenvios de interpretação como é que se afere que um tribunal decide
em ultima instância ou seja das suas decisões não cabe recurso interno.
Tendo o TJ explicado que quando se chega a conclusão de que daquele
tribunal nacional não cabe recurso ele estará em regra obrigado a enviar
exceto nos casos de auxilio da doutrina do ato claro que o TJ explica no
considerando 110

1ª abordagem: caracterizar a União Europeia como União de Direito


2ª: identificar o ato normativo em causa: diretiva, regulamento ou decisão
e caracterizá-los á luz do art.º 288 do TFUE; se for de regulamento temos
de falar de aplicabilidade direta; diretivas: se for diretiva temos de
explicar que há 2 princípios estritamente relacionados com estas-
interpretação conforme e efeito direto; primeiro tenta-se a interpretação
conforme e se esta não for possível vai-se ao efeito direto uma vez que a
interpretação conforme é menos intrusiva. Dentro da interpretação
conforme temos de explicar o conceito e depois os seus limites e como
se faz a interpretação conforme (à luz dos padrões nacionais), se se
observar algum dos limites tentamos testar o efeito direto; efeito direto:
pressupostos (direitos, forma clara precisa e incondicionada, passar o
prazo de transposição e no sentido particular vs. Estado- efeito direto
vertical); efeito direto horizontal nunca foi declarado explicar;
3º responsabilidade do Estado por violação de direito da união
Reenvio prejudicial: admissível ou não, interpretação ou validade,
obrigatório ou facultativo, ver a tramitação é comum, especial ou
acelerada
Aula TP de 20 de abril:
Liberdade de prestação de serviços
Corresponde à possibilidade de pessoas singulares ou coletivas
poderem exercer ou receber serviços oriundos de Estados diferentes
daquele que é o seu de origem- Está previsto nos art.º 56 e art.º 57
TFUE + diretiva 2006/123.

Estamos diante de 3 elementos:


Serviços – atividade económica realizada mediante remuneração; (O
próprio art.º 57 determina o que se compreende por serviços)

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Contrapartida financeira – troca de remuneração. Ocorre no âmbito de


natureza pecuniária. Está afastada qualquer atividade que tenha um
cunho gratuito.
Caráter temporário – Essa livre prestação de serviços ocorre de forma
pontual.
Esta liberdade é residual. Só é exercida se nenhuma outra liberdade
estiver em causa. Porque em diversas situações podemos ter diversas
liberdades a incidir sobre os mesmos factos – Art.º 57/1. O caráter
transnacional é necessário para aplicar esta liberdade. Observamos este
caráter: observando o prestador do serviço, o procurador da prestação,
ou o serviço em si.
É possível verificar-se determinadas restrições –art.º 52- à liberdade de
prestação de serviços, justificadas em razão da ordem e segurança
publica (ameaça real e suficientemente grave), ou saúde publica
(doenças epidemiológicas).
Razoes imperiosas do interesse geral – identificadas pelo TJ ao longo da
jurisprudência. São, por exemplo, a proteção do consumidor, a proteção
do interesse do menor, o combate à fraude, a proteção do património, a
proteção do ambiente.
As restrições têm de estar de acordo com o princípio da não
discriminação – não pode discriminar o prestador ou o consumidor com
base na nacionalidade e tem de estar adstrita aos requisitos do princípio
da proporcionalidade.

Liberdade ou Direito de Estabelecimento:


Direito de Estabelecimento – art.º 49 e ss. TFUE.
A liberdade de estabelecimento consiste na pessoa singular (trabalhador
autónomo) poder circular, participar na vida económica de outro Estado
membro.
3 caraterísticas:
 Instalação de um centro de atividade comercial ou profissional num
EM diferente de onde é originaria;
 Exercer a atividade ou aceder a uma atividade de forma estável e
continua;
 E por tempo indefinido.
Nas pessoas coletivas pode acontecer de forma integral (transfere-se
para outro EM) – atividade primordial -, ou de forma secundária (quando

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a sede mãe não sai do seu Estado de origem, mas coliga-se ou abre
uma filial em outro EM).
Esta liberdade de estabelecimento, para além da presença permanente
noutro estado, também pressupõe que a atividade prosseguida deve ser
uma atividade genuína – se a atividade da filial for acessória ou
secundaria não deve poder ser encaixada no Direito de Estabelecimento.
As restrições estão presentes no art.º 62 com remissão para o 52º. São
proibidas a não ser que fundamentadas pelos mesmos motivos que a
liberdade anterior. Não pode violar o Princípio da não discriminação e da
proporcionalidade.
Acórdão Gebhard, processo 55/94
Traça o parâmetro de distinção entre a liberdade de
estabelecimento e a liberdade de prestação de serviços:
Devemos observar 3 caraterísticas: Instalação de um centro de
atividade comercial ou profissional num EM diferente de onde é
originaria; exercer a atividade ou aceder a uma atividade de forma
estável e continua; E por tempo indefinido.
O Direito de Estabelecimento – este acórdão diz que estamos diante uma
entidade com instalação duradoura, clientes indeterminados e que se
encontram no novo EM e exercem a atividade de forma continua e
estável.
Livre prestação de serviços – não implica a existência de uma instalação
duradoura, entretanto a existência de se arrendar um escritório ou
espaço físico de forma temporária não significa necessariamente a
configuração de um domicílio profissional. Os clientes são previamente já
identificados e atividade exercida temporariamente que se afere através
da duração, frequência, periodicidade e continuidade da prestação de
serviços.

Acórdão Liga Portuguesa de Futebol/Bwin International, de 8 de


setembro de 2009, Processo C-42/07:
Recurso de reenvio prejudicial reenviado pelo Tribunal do Porto.
Processo tem por um lado a liga portuguesa de futebol nacional a Bwin
internacional, e a Santa casa da Misericórdia.

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Bwin oferece uma variedade de jogos de sorte como nos casinos e o


pagamento é feito por cartão de crédito. Em 2005, a Liga e a Bwin
realizam contrato em que a Bwin passa a ser o patrocinador oficial da
liga portuguesa de futebol. A Bwin queria o seu logotipo nos uniformes
dos jogadores e nos estádios. Em Portugal esses jogos de fortuna estão
adstritos ao princípio geral de proibição pelo que o Estado é que tem o
poder de atribuir a uma entidade a possibilidade de promover a
exploração desses jogos. O Gov concedeu autorização à Santa Casa no
que toca à competência de organizar os jogos de fortuna ou azar
relativos a futebol (totobola e apostas online) – uso de exploração
exclusivo.
Como a Bwin também oferecia apostas, a Santa Casa aplica-lhes uma
coima. A Liga e a Bwin apresentam uma ação que pede a anulação da
decisão da Santa Casa e o T Porto reenvia para o TJ. Pois as entidades
indicam que está em causa o DUE.
Pode estar em causa a liberdade de prestação de serviços e circulação
de capitais. O 63º/1 TFUE e o número 2 falam sobre essas liberdades
respetivamente. Âmbito da livre circulação de capitais – investimento
direto, investimento imobiliário, etc. pagamentos feitos por cartões de
crédito estão ligados a esta circulação.
Está, para além dessas 2 liberdades, em causa, o D Estabelecimento –
diz o TJ. 267º/a) – reenvio prejudicial.
São levantas então 3 liberdades – de prestação de serviços, de
circulação de capitais e de D Estabelecimento. O TJ poderia logo excluir
2 delas, e fê-lo. Excluindo a liberdade de estabelecimento e a liberdade
de circulação de capitais – porquê?
O TJ explica que a sua posição de exclusão dessas liberdades porque se
observarmos os requisitos da liberdade de Estabelecimento, ela exige
fixação de forma permanente, exercício de uma atividade de forma
contínua; a Bwin alega que a sua atividade está a ser proibida de ser
exercida em Portugal. Em nenhum momento se nos diz que a empresa
pretende mudar a sua sede ou marcar presença numa filial ou sucursal
em Portugal. Não existe intenção de ter domicílio de forma permanente,
de exercer a sua atividade fisicamente em Portugal.
Relativamente à livre circulação de capitais o TJ alega que de facto
poderíamos dizer que as questões do pagamento dos prémios e das
apostas poderia ser limitado, todavia isso só acontece de forma
secundaria porque é uma consequência da restrição à liberdade da
prestação de serviços. Se essa liberdade não fosse restrita os dinheiros
também não seriam.

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Quando diante de duas ou mais liberdades económicas quando uma


medida nacional diga respeito a várias liberdades económicas
fundamentais, o TJ deve observar se uma dessas liberdades é
preponderante em relação as outras. Se as demais forem secundárias
em relação a uma delas, analisa-se apenas o regime da liberdade
preponderante (Ac Fidium Finanz).
Em função desta regra o TJ exclui o Direito de estabelecimento e a livre
circulação de capitais, preponderando apenas a livre prestação de
serviços. Então é necessário analisar o art.º 56, se é possível a
legislação nacional proibir a Bwin de fornecer jogos de apostas online em
Portugal. Exige-se que seja eliminada qualquer restrição a esta liberdade
– os EM não podem ter legislação que impeça que essa liberdade possa
ser exercida. Nesse sentido, Portugal tem a legislação que estabelece
que essa atividade seja exercida apenas pela Santa Casa. Assim
estamos perante uma norma nacional que faz uma restrição à livres
prestação de serviços. Essa restrição é justificada? –art.º 62 com
remissão ao 52º. Pode ser justificada por razão de ordem publica,
segurança publica, saúde publica, ou razões imperiosas de interesses
geral.
Justificativa que o Estado Português deu para a restrição – o objetivo
principal seria salvaguardar relativamente ao combate à criminalidade e
proteção dos consumidores porque Portugal alega que no âmbito de
apostas online uma vez que o consumidor não tem ligação direta com a
entidade que realiza as apostas o consumidor poderia ser defraudado.
Alega também que falamos de uma entidade que oferece um serviço de
apostas, mas ela mesma patrocina os jogos ao qual estão ligados o que
poderia levar a Bwin a influenciar os jogos para seu benefício. Combate à
criminalidade e proteção do consumidor são razoes imperiosas que
justificam a restrição da liberdade.
Esta restrição está de acordo com a não discriminação? – Sim. Concede
apenas a possibilidade de exploração da atividade à Santa Casa não
discriminando qualquer outra entidade com base na nacionalidade.
E a restrição é proporcional?
Adequação – TJ considera que ao circunscrever a entidade que possa
exercer aquela atividade estará mesmo salvaguardando o risco de
fraude.
Necessidade – também considera preenchido, porque é necessária a
restrição exatamente para a proteção do consumidor e para evitar a
criminalidade.
Proporcionalidade em sentido estrito não se levanta

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O TJ responde que a restrição pode ser justificada em razão da proteção


dos consumidores e do combate à criminalidade. E se o D Comunitário
se opõe de forma contraria a um regime nacional que permite apenas a
uma entidade realizar um serviço – a livre circulação de serviços não se
opõe a que a legislação nacional o faça.

Acórdão Impacto Azul, de 20 de junho de 2013, Processo C-186/12


Impacto Azul vs. BPSA, SGPS, e Bouygues Immobilier S. A.
A Impacto Azul é uma empresa com atividade económica no ramo da
compra e venda de imoveis. A segunda é uma entidade possuída pela
terceira sendo que as duas têm sede em Portugal e ambas estão
submetidas à quarta, do ramo imobiliário, com sede em FR. Foi
estabelecido entre todos a compra de um imóvel, mas em função da
crise, a Bouygues não cumpriu. A Impacto Azul aciona judicialmente um
processo contra as 3, alegando que a Bouygues deveria responder visto
ser a sociedade mãe e o código português estabelece que havendo um
incumprimento o lesado pode solicitar responsabilidade à sociedade
mãe, à sociedade superior.
A responsabilidade solidária só pode ser arguida quando a
sociedade mãe tem sede em território nacional. A liberdade em causa
neste caso seria o Direito de estabelecimento. A permanência é uma das
caraterísticas para sabermos se estamos perante um caso em que está
em causa a liberdade de estabelecimento.
Pretende-se saber se o regime de solidariedade é contrário ou não
ao DUE sobre o tratamento da distinção – a empresa mãe só pode ser
responsabilizada por solidariedade com sede nacional, e a sua sede era
em FR. Neste âmbito específico da matéria das sociedades comerciais
não havia ainda uma harmonização europeia pelo que, cada EM tinha
competência para regular estas matérias. Estamos de facto perante uma
restrição, mas considera o TJ, que não é no sentido negativo. Não
promove um entrave ao Direito de estabelecimento sendo até positiva,
porque nesse caso uma sociedade noutro EM verá como positiva a sua
posição o ato de não poder responder de forma solidária ao
incumprimento de uma sucursal em território nacional.
Se um EM tiver uma legislação que não se justifique ser restritiva de uma
liberdade económica – poderemos ter uma ação por incumprimento.
Livre prestação pautar-se por uma autonomia no exercício das funções,
quer uma independência temporal quer de vinculação à vontade de um
superior laboral. Enquanto na livre circulação de pessoas concretizada

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na livre circulação de trabalhadores, os trabalhadores estão


subordinados à relação de trabalho, à vontade da sua entidade patronal,
na livre prestação de serviços, a atividade é exercida com autonomia e
independência, vinculando-se quanto aos fins a atingir, mas havendo
flexibilidade quanto aos meios para prestar o serviço contratado. A
liberdade de estabelecimento é aplicável caso se trate de uma pessoa
singular ou coletiva, nas singulares depende do exercício de outra
liberdade e nas pessoas coletivas prende-se com uma opção de politica
empresarial que pode passar por determinar a domiciliação a titulo
principal no território do novo estado membro como pode passar pela
criação de um estabelecimento (filial) a qual ficará sempre dependente
da vontade da empresa mãe, a vinculação àquilo que esta determinar.
Em regra, a uma empresa filial aplica-se a legislação nacional (desde
compatível com a liberdade de estabelecimento, violando em caso de
desrespeito, o DUE).
Aula TP 27 de abril:
Enquanto na livre circulação de pessoas concretizada na livre
circulação de trabalhadores, o trabalhador se qualifica como subordinado
à relação de trabalho, à vontade da sua entidade patronal, na livre
prestação de serviços a atividade e exercida com autonomia e
independência vinculando-se quanto aos fins a atingir, mas havendo
mabiabilidade quanto aos meios. A liberdade de estabelecimento por sua
vez é aplicável quer de trate de pessoas singulares ou PC, nas pessoas
singulares normalmente depende do exercício de outra liberdade e nas
coletivas prende-se com uma opção de politica empresarial que pode
passar por determinar a domiciliação a titulo principal no território do
novo estado membro e pode passar pela criação de um estabelecimento,
de uma filial, sempre dependente de vontade da empresa mãe e
vinculação aquilo que esta determinar.
A cidadania e direitos fundamentais:
A cidadania consagrada hoje nos tratados designadamente nos
art.º 18 e ss. do TFUE sendo que o Art.º 20 esclarece que a cidadania
europeia se aduz a cidadania nacional não se substituindo a ela. Tendo a
cidadania de um EM isso acarreta automaticamente a cidadania
europeia. Neste artigo encontramos um catálogo não exaustivo de
direitos reconhecidos aos cidadãos europeus: direitos inerentes ao
mercado interno que se prendem com o exercício das liberdades
económicas, direitos de natureza civil como é o caso de eleger e ser
eleitos para instituições europeias e bem assim por conta do princípio da
não descriminação em razão da nacionalidade (art.º 18 TFUE) a
suscetibilidade de ser eleito para órgãos de soberania dos órgãos de

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residência exatamente nos mesmos termos de um nacional desse


mesmo Estado. Este artigo também consagra direitos diplomáticos e
consulares, ou seja, o facto de gozar de cidadania europeia, permite a
um cidadão de um EM procurar e obter proteção consular ou diplomática
perante a embaixada ou consolado de outro EM quando se encontre num
estado terceiro. Reconhecem-se ainda direitos de queixa e petição a
instituições, órgãos e organismos da EU (Ex: direito de dirigir petições ao
parlamento europeu, apresentar queixa ao provedor de justiça europeu e
ainda por conta da diversidade linguística da ordem jurídica europeia o
direito de qualquer cidadão se dirigir a qualquer instituição órgão ou
organismo da união na sua língua oficial, independentemente da língua
de trabalho adotada por essa instituição). Estes direitos são não
taxativos. No que diz respeito a observância da concessão de direitos
fundamentais vamos encontrar alguns direitos exclusivos ínsitos à
cidadania europeia. Um direito fundamental que tem vocação universal é
o direito à tutela jurisdicional efetiva (art.º 47). Esta vocação universal é
devida ao objetivo de proteger cidadãos e não cidadãos e tanto pessoas
singulares como pessoas coletivas.
Acórdão Coleman, de 17 de julho de 2008, Processo C-303/06:
Este acórdão vai estender a proteção da proibição de
descriminação em razão de deficiência aos trabalhadores que não sendo
eles próprios portadores de deficiência acabam por ser sujeitos a um
tratamento menos favorável pela sua relação com a pessoa portadora de
deficiência. No caso temos um reenvio prejudicial que visa a
interpretação de uma disposição de uma diretiva que visa um quadro
geral da igualdade de tratamento no emprego e na atividade profissional,
onde se estabelece que a igualdade de tratamento configura a ausência
de qualquer descriminação direta ou indireta, considera-se existir uma
discriminação direta quando uma pessoa seja objeto de um tratamento
menos favorável do que aquele que é dado, possa ser ou tenha sido
dado a outra pessoa uma situação comparável. Já por seu lado a
discriminação indireta surge quando estamos perante uma disposição um
critério ou uma prática aparentemente neutra que seja suscetível de
colocar numa situação de desvantagem uma pessoa por referência a um
critério que a caracteriza: sua opção religiosa, sua situação física ou
psíquica, a sua idade, etc.
Por conta também desta mesma diretiva proclamava-se proibição
de descriminação em razão de deficiência, proclamando-se a
necessidade de promover adaptações razoáveis por parte da entidade
patronal para que a pessoa possa ter acesso ao emprego, o possa
exercer e nele possa progredir desde que essas medidas a adotar sejam
suficientemente proporcionadas à finalidade. A senhora Coleman era

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uma pessoa que prestava o essencial dos cuidados inerentes à condição


de uma pessoa deficiente. Por conta desta circunstância a senhora
Coleman faltou inúmeras vezes ao trabalho que desenvolvia como
administrativa num escritório de advogados. As relações laborais foram-
se degradando designadamente por conta de considerações menos
amistosas realizadas pela entidade patronal em relação á condição do
filho, tendo culminado no despedimento da senhora que inconformada
entende o seu despedimento como ilícito assentando numa
descriminação em razão de deficiência e impugna esse despedimento
nos TN invocando as disposições da diretiva, considerando ser
discriminada diretamente em virtude da deficiência do seu filho. A diretiva
em causa visa promover um quadro geral de igualdade no emprego e na
atividade profissional, tendo o juiz nacional no reenvio prejudicial
demonstrado que se o direito da EU não pudesse salvaguardar a
senhora que à luz do DN ele não teria como acautelar a sua posição
(considerandos 24 e 25) e é por isso que se diz que o DUE +e capaz de
facultar ao cidadão um nível de proteção mais elevado do que o DI. O
problema que se colocava era que literalmente a disposição da diretiva
parecia ter sido pensada para proteger o próprio portador de deficiência e
não um terceiro impactado pela deficiência de outrem. O TJ
relativamente a isto no considerando 38 esclarece que da diretiva não
resulta que apenas os portadores podem sair protegidos já que a diretiva
visa lutar contra todas as formas de descriminação em razão da
deficiência, aliás uma leitura nesse sentido acarretara uma interpretação
demasiadamente restritiva do princípio da igualdade, especificamente
porque a diretiva em vários dos seus segmentos esclarece que luta
contra todas a formas de descriminação. Nesta circunstância o TJ não
podendo reconhecer a suscetibilidade de invocação da disposição da
diretiva diretamente contra outro particular reconhece que na base da
diretiva encontramos um direito á igualdade (art.º 20) e não
descriminação (art.º 21), um direito fundamental e um princípio geral da
promoção do princípio da igualdade- art.º 18 TFUE. À luz disto o TJ
decide interpretar o princípio da igualdade de tratamento esclarecendo
que o princípio que a diretiva visava concretizar, não se aplica a uma
determinada categoria de pessoas, mas em função das razões
elencadas no art.º 1 da diretiva que são a religião, deficiência,
convicções politicas, gémeo, orientação sexual, etc. Assim, embora a
pessoa alvo de descriminação, não seja ela própria portadora de
deficiência é essa deficiência que determina um tratamento menos
favorável e portanto a proibição de descriminação em razão de
deficiência consta no art.º 21 da Carta e a integração destas resulta do
art.º 26 da Carta e portanto quando está em causa o DUE o padrão de
jusfundamnetalidade aplicável é o europeu e portanto a proibição de

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descriminação não se limita ao próprio, mas sim a todos aqueles que


possam ser impactados por tal categoria.
Acórdão Byankov, de 4 de outubro de 2012, Processo C-249/11:
Este acórdão diz respeito à ligação entre a construção de uma
cidadania europeia, por conta dos exercícios da liberdade de circulação:
livre circulação de pessoas e liberdade de estabelecimento. No caso, o
senhor Byanvcov moveu uma ação contra a AP húngara de forma a obter
a abertura de um procedimento administrativo porque visava que uma
medida administrativa que lhe tinha sido aplicada fosse objeto de
revogação ainda que já decorridos todos os prazos nacionalmente
previstos para tal, visava a revogação de um ato administrativo definitivo.
No caso, o senhor no âmbito desse procedimento administrativo que
visava reabrir tinha sido proibido de sair do território para todo o sempre.
Em concreto, anos antes este nacional búlgaro, como não tinha pago
uma divida que tinha adquirido, foi proibido de sair do território e na altura
não recorreu da decisão tendo esta se tornado definitiva. No entanto,
anos mais tarde vinha a alegar, à luz do DUE, que essa decisão deveria
ser objeto de revogação por conta do seu estatuto de cidadão europeu,
porque este estatuto se consubstanciava num direito de circular
livremente em qualquer território da EU- livre circulação de pessoas e
liberdade de estabelecimento. Invocava ainda uma diretiva que
concretizava a livre circulação de pessoas. Este entendia que a medida
em causa porque não previa qualquer revisão de tempo ou uma vigência
temporal determinada, não operava uma mera restrição, mas uma
proibição dessas liberdades. Nesta circunstância o senhor viu o seu
pedido indeferido e, portanto a AP búlgara recusou-se a revogar um ato
administrativo definitivo que alegadamente era contrário ao DUE e o TN
tendo duvidas reenviou prejudicialmente, concretamente querendo saber
se uma restrição à livre circulação de pessoas e liberdade de residência
se poderia justificar no facto dessa pessoa ser devedora de determinado
valor de montante significativo e por outro lado se á luz do estatuto de
cidadania europeia cabia à AP búlgara conduzir um reexame da sua
decisão definitiva- reapreciação e se também por conta DUE estaria
legitimada a revogar aquela decisão. O TJ começa por esclarecer que
como está em causa uma decisão administrativa que restringe o
exercício de uma liberdade fundamental inerente ao estatuto de
cidadania e proíbe a deslocação do cidadão da união entre EM o que
está em causa é que a liberdade de circulação de pessoas e o direito de
residência associado ficariam privados de qualquer sentido útil se os EM
pudessem sem justificação válida proibir nacionais de sair do território.
Isto não é uma restrição, mas proibição absoluta sendo incompatível com
o DUE desde logo porque apesar do Estado dizer que a medida foi

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adotada por razões de ordem publica o que resta na base é uma


motivação económica. Em segundo lugar, à luz da proporcionalidade a
proteção dos credores pode ser assegurada por medidas menos
onerosas do que uma restrição absolta de circulação. Em terceiro lugar a
decisão em causa não tem em conta o comportamento pessoal e por
ultimo a luz da proporcionalidade em sentido estrito a proibição adotada
assume um caráter absoluto pois não é suscetível de revisão periódica.
Por outro lado, o tribunal de justiça ainda esclarece que não poderia
justificar-se por questões associadas a segurança jurídica porque a
solução nacional impedia que o senhor Byancov pudesse obter uma
reapreciação da situação apesar de ser claro que a medida aplicada era
contrária ao DUE. Por tudo isto o TJ decidiu que apesar de ser sensível
ao facto de uma proibição de saída de território não ser suscetível de
revisão a realidade é que na prática ela não constitui uma mera restrição,
mas efetiva negação à liberdade de circulação e residência pelo que se
impunha a sua revisão atendendo a importância do estatuto de cidadão
europeu, já que este tende a ser o estatuto fundamental dos cidadãos
dos Estados-Membros

Aula TP 4 de maio:
Contencioso de legalidade
Ação por incumprimento: art.º 258 a art.º 260
A ação por incumprimento representa um mecanismo de reação
adequado a reagir às violações de DUE imputáveis aos Estados
membros. Os artigos não definem incumprimento tendo sido o TJUE que
foi na sua jurisprudência densificando, entendo e concretizando como
sendo mais amplo do que uma mera violação do tratado podendo
também consubstanciar-se na violação de normas de direito derivado
que os concretizem e esse incumprimento pode dar-se por duas razões:
ação imputável ao EM ou uma omissão.
A ação resulta de uma conduta estadual tendente à adoção de um
ato legislativo, administrativo ou judicial contrário ao Direito da União e
por sua vez a omissão consubstancia o incumprimento e resulta
normalmente da inação do Estado em adequar o seu ornamento jurídico,
algo que resulta de uma obrigação imposta pelo Direito da União: pode
ser inação absoluta ou temporária. O exemplo paradigmático disto é a
não transposição de diretivas. Este contencioso foi durante anos
grandemente vocacionado a retificar incumprimentos do direito da união
decorrentes de não transposição de diretivas.

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Com o tratado de Lisboa densificou-se a característica deste ser


um processo de plena disposição. Este vai tramitar de forma diferente
(tem fases diferente) consoante a entidade que inicie a ação e existem
dois entes com legitimidade ativa: Comissão Europeia (art.º 258 TFUE)
ou um Estado Membro (1 ou vários) - art.º 259 TFUE.
1. Comissão Europeia vs. Estado Membro
2. Estado-membro queixoso VS. Estado-Membro pretensamente
incumpridor

A tramitação será diferente consoante a entidade que inicie o


processo. A primeira tipologia de tramitação, Comissão Europeia vs.
Estado Membro, assentará em duas fases: fase pré-contenciosa e fase
contenciosa
A fase pré-contenciosa assenta numa dinâmica mais informal que
visa dar ao EM incumpridor uma possibilidade de se consciencializar do
seu incumprimento e de cumprir antes do processo chegar ao
conhecimento do TJUE. Esta é também uma fase que se pauta por uma
plena discricionariedade da Comissão Europeia. Esta fase marca-se por
dois momentos formais: um que a inicia: Carta de modificação e um
momento que a finda: Parecer fundamentado. No entanto, antes da
emissão da Carta de modificação a Comissão europeia faz aproximações
informais ao Estado já existindo oportunidade de o EM dialogar com esta.
Quando a partir destas aproximações informais o EM não responde ou
desvaloriza a Comissão Europeia emana a Carta de modificação que vai
dar a conhecer ao EM as razoes de facto e de direito que baseiam a sua
convicção inicial de que poderemos estar perante um incumprimento.
Esta é vital para desde o primeiro momento se salvaguarde o princípio da
tutela jurisdicional efetiva porque com a sua receção o Estado Membro
tem a possibilidade de responder dentro de um determinado prazo ou
querendo, de cumprir acabando, desde logo, com a ação. A Comissão
Europeia inicia a ação por incumprimento com base em 1 de 2 cenários
que o levam ao seu conhecimento: através dos seus próprios meios
(conhecimento oficioso) ou através de uma queixa que pode ser
deduzida online, anonimamente por qualquer particular na sua língua
oficial. A partir de 2013 este mecanismo tornou-se muito mais
transparente e apelativo aos particulares porque a Comissão Europeia
obrigou-se a acusar o recebimento das queixas e até ao prazo do ano
informar o queixoso se entende existir um fundo válido de incumprimento
na sua queixa. Depois de expedida a carta de modificação o EM tem a
suscetibilidade de responder ou de cumprir. Se a Comissão Europeia,
com base nestas considerações, entender que o incumprimento se

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mantem irá imitir o parecer fundamentado onde já descreve de forma


incompleta os factos que consubstanciam o incumprimento e o direito
violado. Neste é fixado um prazo para o EM cumprir que depende de um
juízo de adequação levado a cabo pela Comissão Europeia. Para além
de fixar o prazo vai identificar o conjunto de medidas que a comissão
reputa adequadas para o EM adotar de forma a suplantar o seu
incumprimento. Se o EM não cumprir ou só cumprir parcialmente pode
dar origem a que a Comissão Europeia inicie a fase contenciosa no
TJUE por meio de uma petição inicial contra o EM. Nesta petição inicial
não pode inovar em termos de facto ou de direito em relação ao que
disse no parecer fundamentado e por isso se diz que com o parecer
fundamentado se estabiliza o objeto do processo.
Segunda tipologia de tramitação: Estado-Membro queixoso vs.
Estado Membro pretensamente incumpridor:
Nos termos do art.º 259 esta tramitação também se iniciará com
uma fase pré-contenciosa que determina que o EM queixoso dirija á
comissão europeia uma queixa dando conta dos factos e do direito que
julga estarem na base de um incumprimento imputável ao outro EM,
dispondo a comissão de 3 meses para se quiser, imitir um parecer
fundamentado. Aqui o Estado-Membro queixoso tem de levar ao
conhecimento da Comissão Europeia que acha que estamos perante um
incumprimento. Se após o prazo de 3 meses a Comissão Europeia
emanar o parecer fundamentado podemos deparar-nos com 2 cenários:
Estado-Membro queixoso recua e deixa a Comissão Europeia assumir a
tramitação ou então o EM irá acompanhar a Comissão Europeia nos
argumentos que esta tenha aproveitado da sua queixa, nada o impedindo
de naquilo que a Comissão Europeia não aproveitou o poder invocar
perante o TJUE. Pode ainda acontecer que decorrido o prazo de 3
meses a CE não emanar parecer fundamentado podendo o Estado-
Membro iniciar a ação junto do TJUE (acontecimento raro).
Cabe compreender os efeitos de um acórdão declarativo de
incumprimento e as circunstancias em que este acórdão pode assumir
um caráter condenatório. O acórdão é sempre declarativo do
incumprimento do Estado, embora existam duas circunstâncias em que
seja possível aduzir à decoração um caráter condenatório. A primeira
circunstancia ocorre nos casos em que o EM não comunicou
atempadamente as medidas de transposição de uma diretiva, nos termos
do art.º 260/3 do TFUE, circunstancia em que a Comissão Europeia
pode, se considerar adequado na sua petição inicial indicar o montante
de sanção pecuniária fixa ou progressiva a pagar pelo Estado, sendo que
o TJ poderá condenar o Estado ao pagamento dessa sanção no limite do
montante indiciado pela Comissão- art.º 260/3, 2º parágrafo. A outra

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circunstância prende-se com os casos em que o Estado-Membro


incumpridor tendo visto declarado o seu incumprimento pelo TJ não
adotou as medidas necessárias a executar o acórdão dando origem a
uma segunda ação por incumprimento também conhecida por ação de
incumprimento reiterado, podendo aqui a Comissão Europeia indicar um
montante de ação pecuniária fixa ou progressiva embora aqui o TJ não
fique limitado ao montante máximo indicado pela Comissão ou sequer ao
facto de a Comissão peticionar essa condenação- art.º 260/2
Exemplo desta nova característica Constitucional: Acórdão Comissão
contra Polónia, de 5 de novembro de 2019, Processo C-192/18
Este acórdão demonstra uma vocação jurídico constitucional da
ação por incumprimento na medida em que trata da declaração do
incumprimento polaco em virtude da violação do valor Estado de Direito,
na medida em que adotou legislação nacional que violava a
independência e imparcialidade judiciárias, desde logo, ao fixar idades de
aposentações diferentes para mulheres e homens que igualmente
desempenhavam cargos de magistrados nos tribunais comuns e por
outro lado por ter adotado uma legislação nacional que designava o
ministro da justiça polaco a autorizar ou não o exercício de funções de
magistrado para além da nova idade de reforma

Recurso de anulação: art.º 263 e art.º 264


A partir do momento em que proclamamos a União Europeia como
União de Direito reconheceu-se que todos os atos e omissões dos
organismos da união estão submetidos ao Direito sendo possível
questionar a sua modalidade com base em fundamentos assentes na
incompetência interna e externa ou com base em desvios de poder (art.º
263, 2º parágrafo do TFUE). Perante estas circunstancias o recurso de
anulação visa que o TJ anule o ato da instituição, órgão ou organismo da
União que seja inválido. Há, no entanto, três requisitos para o recurso de
anulação ser admissível, para que este possa ser conhecido pelo TJ
teremos de olhar para:
1. Se o recurso é interposto no prazo fixado para o efeito: prazo de 2
meses, prazo contado ou da data de publicação do ato (quando
tenha de ser objeto de publicação nos termos do art.º 297 TFUE)
ou prazo contado da data da sua notificação ao recorrente ou,
quando não tenha ocorrido essa notificação, do dia em que o
recorrente tomou conhecimento do ato. Se o prazo não for

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cumprido o recurso não é julgado admissível independentemente


do conteúdo
2. Se o recurso é interposto com base num ato recorrível: para que
um ato praticado por instituição órgão ou organismo da EU seja
objeto de recurso de anulação ele tem de ser um ato de natureza
vinculativa (não abrange parecer e recomendações) ou seja, exige-
se de acordo com o art.º 263, que nos atos o ato recorrido seja
destinado a produzir efeitos jurídicos em relação a terceiros.
3. Se o recurso é interposto cumprindo as regras inerentes à
legitimidade ativa, ou seja, cumprindo as exigências que se
colocam aos recorrentes e suas diferentes categorias: diz respeito
á pessoa do recorrente, que pode ser de três tipos: recorrentes
institucionais privilegiados, recorrentes institucionais semi
privilegiados e recorrentes ordinários ou não privilegiados.
 Recorrentes institucionais privilegiados: Comissão Europeia,
Conselho, Parlamento Europeu e Estados Membros- art.º
263, 2º parágrafo; dizem-se privilegiados porque gozam de
um direito de recurso incondicionado podendo impugnar
qualquer ato sem ter de demonstrar o interesse que têm em
obter a anulação.
 Recorrentes institucionais semi-privilegiados: Tribunal de
Contas, Banco central europeu e o Comité das Regiões, nos
termos do art.º 263, 3º parágrafo; dizem-se semi
privilegiados porque a sua legitimidade está limitada á
salvaguarda das respetivas prerrogativas
 Recorrentes ordinários: particulares- pessoas singulares e
pessoas coletivas, cuja legitimidade está no 4º parágrafo e
que se dizem ordinários porque têm de demonstrar o seu
interesse em agir. Podem ter de demonstrar o seu interesse
por serem destinatários do ato, mas há problema quando o
ato a impugnar é dirigido a outra pessoa ou outra entidade,
mas o particular consegue demonstrar que ele lhe diz direta
e individualmente respeito- critério da afetação direta e
individual, significa que isto que há afetação direta quando
ao ato jurídico a impugnar produza ou possa produzir efeitos
na esfera jurídica daquele particular que o prejudicam e há
afetação individual quando ainda que não seja destinatário
do ato seja capaz e demonstrar que este foi adotado para o
afetar. Os recorrentes ordinários podem ainda obter a
anulação de atos regulamentares se por um lado
conseguirem demonstrar que esses os afetam diretamente

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por outro lado se conseguirem demonstrar que estes não


dependem de medidas de execução- Acórdão Woonlinie, de
27 de fevereiro de 2014, Processo C-133/12 P

Ação por omissão: Art.º 265


Esta ação visa a reposição da legalidade europeia violada de
forma a reagir a omissões imputáveis a instituições, órgãos ou
organismos da união contrárias aos tratados ou a normas que os
concretizam. Existem também aqui 2 tipos de autores: autores
privilegiados (todas as instituições, órgãos e organismos da EU e os EM
da União- art.º 265) e autores ordinários pelo critério do interesse de agir.
No art.º 265, 3º parágrafo estabelece que os particulares são os autores
ordinários relativamente a atos que essas instituições deveriam ter
adotados e seriam destinatários.
Há a existência de uma fase pré-contenciosa, concretamente, por
força do 2º parágrafo quer o autor privilegiado quer ordinário tem de
demonstrar antes de da entrada da ação que dirigiu um convite para agir
à instituição, órgão ou organismo que se encontrava em omissão e que
esta, decorrido um prazo de 2 meses nada disse, mantendo a omissão.
Por força do art.º 266 do TFUE a instituição, órgão ou organismo
que seja responsável pelo ato anulado ou pela abstenção declarada
existente como sendo contrária aso tratados, está obrigada a adotar
todas as medidas necessárias a dar cumprimento ao acórdão e caso não
o faça por força da leitura combinada do art.º 266, 2º parágrafo e art.º
340/2, a União poderá incorrer em responsabilidade extracontratual.

Aula TP 11 de maio:
Com o Tratado de lisboa a CDFUE ganhou força vinculativa
e assume-se hoje como tendo o mesmo valor que os outros Tratados. É
assim que surge na EU um catálogo de DF que não se confunde com a
proteção de direitos humanos de caráter regional propiciada pela
Convenção Europeia dos Direitos do Homem, aplicada pelo TEDH, no
entanto, como iremos ver, apesar de ambas as ordens jurídicas não se
confundirem, a proteção de Direitos Humanos de caráter … irá atuar
como referencial interpretativo da Carta ajudando a entender qual o
padrão de proteção. Do mesmo modo, também as tradições
constitucionais comuns aos Estados membros irão atuar como esse
referencial interpretativo das disposições da Carta, sendo que é da
mobilização destes padrões e da própria proteção jus fundamental

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anteriormente conseguida na ordem jurídica europeia, que esta pode


afirmar, à luz do art.º 53 da Carta, que visa promover o standard de
aplicação mais elevado.
A aplicação da Carta depende da necessidade de estabelecer se
estamos desde logo no seu âmbito de aplicação. Por força do art.º 51 da
CDFUE é estabelecido que estaremos automaticamente no seu âmbito
de aplicação quando nos depararmos com uma atividade de uma
instituição, órgão ou organismo da EU. A Carta também será aplicada
aos Estados-Membros quando apliquem direito da União, ou seja,
teremos situações profundamente intuitivas, aquelas em que o EM está a
atuar no âmbito de direito originário ou direito derivado da EU. A segunda
situação é quando não temos um ato jurídico da união aplicável
intuitivamente, tal como no Acórdão Siragusa, que estabelece que
poderemos estar no âmbito de aplicação da Carta se houver a
possibilidade de estabelecer entre a situação do caso e o Direito da
União um nexo de ligação suficiente. Através deste acórdão o TJ foi
chamado a pronunciar-se sobre o que significa à luz do art.º 51 “âmbito
de aplicação do DU” que é o critério usado para os EM, sendo que no
caso, o senhor Siragusa tentava obter a aplicação de normas europeias
em matéria de proteção ambiental a uma situação que se prendia com o
ordenamento do território, tendo o TJ entendido que naquele caso ele
não tinha sido capaz de demonstrar o tal nexo de ligação suficiente.
Concretamente nos considerandos 24, 25 e 26 o TJ começa por
esclarecer que o conceito do art.º 51 “aplicação do DU” impõe a
existência de um nexo de ligação de certo grau que deve ultrapassar a
mera proximidade das matérias ou as incidências indiretas de uma na
outra. No considerando 25, o TJ dá-nos pistas para concretizar no caso
em concreto o que poderá revelar o tal nexo de ligação exigido,
concretamente para se perceber se uma norma nacional pertence ao
âmbito de aplicação do DU, cabe verificar, entre outros elementos, se ela
tem objetivo de aplicar uma disposição de direito da União, qual o caráter
dessa legislação e se essa norma visa objetivos iguais ou diferentes com
o DU e se existe ou não regulação de DU especifica para aquela matéria,
tendo o TJ entendido que no caso esse nexo de ligação suficiente não
tinha sido suficientemente explicado, não estando portanto no âmbito de
aplicação da CDFUE.
1. Explicar o caráter vinculativo da Carta
2. Explicar art.º 51
3. Identificar o DF em causa ou os DF em conflito
4. Testar a restrição ou resolver o conflito de DF à luz do art.º 52
Para que uma restrição seja admissível é preciso que esta se encontre
em lei, que respeite o conteúdo essencial do direito ou da liberdade

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fundamental em causa e ainda ultrapasse os testes do princípio da


proporcionalidade.
É a dignidade da pessoa humana que vai servir de referencial para
compreendermos se está a ser posto em causa o núcleo essencial
daquele direito.
a) Exista em lei
b) Respeite o conteúdo essencial do direito ou liberdade fundamental
c) Passe os testes da proporcionalidade

5. Interpretação das disposições da carta: como interpretar um ou


vários direitos consagrados na carta; interpretação essa que deve
visar promover o princípio do standard mais elevado de proteção o
que determina que este princípio seja concretizado por força dos
art.º 52/3/4 e 5 e art.º 53 da Carta. À luz do art.º 52/3 4 e 5 é
determinada a forma de interpretar os direitos fundamentais
estabelecendo-se que há a necessidade de atender ao sentido e
ao âmbito que esses direitos assumem à luz da Convenção
europeia dos DH, à luz das tradições constitucionais comuns aos
EM e aos princípios gerais do DUE que previamente serviram para
proclamar DF. Determinando-se por isto que, desde logo, um
padrão mínimo de proteção é garantido, estando, portanto, a EU
na posição de atingir um padrão de proteção mais elevado tal
como resulta do art.º 53. (influência reciproca das ordens jurídicas,
fertilização cruzada)

Acórdão Hans Fransson: este é um acórdão em que está presente o


princípio ne bis in iden que se insere no âmbito da proteção de direitos
fundamentais de particulares nos domínios abrangidos pelo direito penal
europeu e define-se por aquele que impede que um sujeito seja julgado
ou punido criminalmente por um crime pelo qual já tenha sido absolvido
ou condenado. Este princípio também tem consagração no ordenamento
jurídico internacional à luz do art.º 4 do protocolo 7 da Convenção
Europeia dos direitos do homem e na EU está consagrado
expressamente no art.º 50 CDFUE.
Neste caso o sr. Fransson estava acusado de dois crimes de
fraude fiscal agravada porque nas suas declarações fiscais de dois anos
civis (2004 e 32005) tinha fornecido informações inexatas que
expuseram a fazenda pública no domínio do imposto e no domínio do
IVA. Como os valores em causa eram avultados e a atividade criminosa
era sistemática e não estava adstrita a um único momento, o MP
entendia que o crime devia ser promovido na sua forma agravada. Ao

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mesmo tempo o órgão fiscal competente aplicou-lhe sobretaxas das


quais o senhor não reagiu tendo estas tornando-se definitivas, sendo
que, os argumentos que fundamentavam a sua aplicação eram os
mesmo que o MP utilizou para o acusar. E, portanto, o senhor Fransson
invocava no âmbito do processo penal que já tinha sido punido à ordem
de outro processo já tendo sido condenado ao pagamento da tal
sobretaxa fiscal. O caso recai no âmbito de aplicação de DUE porque as
disposições da Carta podem ter como destinatários os EM quando estes
apliquem Direito da União- art.º 51 da CDFUE, pelo que a ação dos EM
tem de se conformar com a observância da Carta, no entanto a leitura
combinada do art.º 51/2 e do art.º 6/1 TUE determina que a Carta não
pode alargar a competência da União. O que acontece é que as
sobretaxas fiscais e os processos crimes relacionam-se em parte com
incumprimentos em matérias de IVA e a realidade é que resulta do DUE
que cabe a cada EM a obrigação de adotar todas as medidas
necessárias a assegurar a cobrança da totalidade dos montantes de IVA,
lutando contra fraudes e combatendo atividades lesivas dos interesses
financeiros da União, já que os recursos próprios do Direito da União
Europeia advenham do IVA, portanto, apesar das disposições internas
não terem transposto o DUE, na realidade o processo fiscal prossegue
os fins da União, visando dar execução às obrigações que os Estados
assumiram em matéria de IVA. Naturalisticamente, neste caso, foi
possível atribuir um nexo de ligação suficiente.

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